Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
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Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Caros Confrades
Sou descendente do casamento de Rodrigo Manuel de Siqueira e Aragão que casou com Eusébia Maria de Távora, meus 6ºs avós, pela linha paterna.
Meu avô paterno, Manuel Lopes Aleixo, de Pavia, sabia de memória muito da sua família, sendo curioso que se têm vindo a confirmar parentescos e factos de que nos falava.
Referia muitas vezes que tinha uma tetravó Távora, que sabemos agora tratar-se de Eusébia Maria que, durante a perseguição àquela família, se foi refugiar no convento de Avis onde tinha um irmão ou cunhado, que os protegeu.
Recordo-me que o meu avô dizia que a senhora se fez acompanhar por dois ou três filhos, que vieram a estabelecer-se em Mora, pelo que talvez tenha guardo a ideia de que seria viúva, e que teriam fugido de uma sua quinta, nas bandas de Alenquer, falando sempre em Palhacana e Olhão.
Agradeço aos caros confrades que tenham conhecimento de um frade de nome Távora ou Siqueira de Aragão o favor de me informarem.
João Pereira Lopes
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Caro João Pereira Lopes:
Há mais de uma década investiguei os costados deste seu casal de antepassados, por também o serem de um amigo meu. Aqui vai o que então apurei; segue a lista de costados do casal atribuindo o número 1 ao filho Pedro (foi quem eu investiguei e presumo que seja também o seu antepassado, pois foi o que casou com D. Ana Maria Pereira Coimbra, de Cabeção, Mora) e usando a habitual numeração de Soza-Stradonitz ("2n" é o pai de "n" e "2n+1" a mãe):
1. Pedro Rebello de Siqueira e Aragão, b. 26/5/1736, Aldeia Gavinha, Alenquer, n. Palaios, S. Miguel de Palhacana, Alenquer.
2. Rodrigo Manuel de Siqueira e Aragão, b. 5/1/1705, n. Pallaios, Palhacana, Alenquer (casou em segundas núpcias com D. Teresa Joaquina da Silveira, filha de Manuel Silveira Xara, de Santo André de Estremoz, e de Catarina Gomes dos Anjos, de N. Sra. da Graça de Souzel; dessa segunda mulher teve pelo menos um filho Rodrigo, b. 26/3/1745 em Palha Cana, n. 7/3, e uma filha Violante, b. 19/6/1746, na mesma freguesia, n. 2/6, sendo padrinho de ambos Manuel Gomes de Carvalho, Desembargador do Paço, tocando por ele, no baptismo de Violante, o irmão desta Josá Manuel, provavelmente filho do primeiro casamento do pai)
3. D. Eusébia Maria de Távora, n. Nossa Senhora da Pena, Lisboa.
4. José Rebello de Aragão, b. 14/4/1668 (?), S. Miguel de Palha Cana, Alenquer; solteiro à data de nascimento do filho Rodrigo.
5. Francisca Josefa (ou "dos Santos"), de Pallaios, Palha Cana, Alenquer, solteira à data do nascimento do filho Rodrigo ("...e ela estava na reputação de mossa donzela...", pode ler-se no assento de baptismo desse filho).
6. Dr. Manuel de Távora Correia, advogado da Casa da Suplicação (19/6/1696), Promotor dos resíduos de Lisboa e Procurador Geral dos Cativos (19/6/1697) com direito a 1% "do que fizer vir de rendição dos cativos e 0,5% dos defuntos". Morador na Rua Direita de Santa Anna, fr. da Pena de Lisboa, numas casas em cujo oratório casou uma sua filha D. Ângela Severina de Távora, a 11/2/1736, a qual fora baptizada nessa freguesia a 20/6/1707, tendo por padrinhos D. Afonso Manoel de Menezes e D. Ângela Maria Freire. É curioso notar que na freguesia da Pena, a 21/3/1722 foi baptizado um filho João "do Exmo. Duque D. Jaime, Estribeiro-mór", ou seja, do Duque de Cadaval, e de Josefa de Távora, solteira, sendo padrinho o Conde de Villar Mayor, Manoel Telles da Sylva; não sei se há ligação entre esta Josefa de Távora e o Dr. Manuel de Távora Correia, seu contemporâneo e vizinho.
7. D. Ana Luisa, madrinha de seu neto Pedro Rebello de Sequeira e Aragão; foi primeiramente casada com André de Miranda, de quem teve um filho, João Mendes da Costa, de quem D. Ana Luisa herdou uma tença de 22$500 rs., instituída a favor do avô de seu primeiro marido, António de Miranda, a quem sucedeu o filho deste, António de Miranda Campello e depois o referido bisneto, filho de D. Ana Luisa. A tença acabou a ssim por reverter a favor do Dr. Manuel de Távora Correia, que acabou por a vender a Belchior Felix Rebello e a sua mulher D. Eugénia Maria Soares, que a vinculou ao morgado instituído pelo pai, António Henriques, de quem foi filha única.
8. Vicente Rebello de Aragão (?), n. S. Tiago, Tavira, Faro (?), morador em Pallaios, Palha Cana; um presumível irmão Rodrigo de Siqueira deste Vicente poderá ser o Rodrigo baptizado em Tavira a 2/3/1619, filho dos que adiante se indicam. Com efeito, "Vicente Rabello, da cidade de Tavira do Reino do Algarve" é padrinho de um filho José de certo Rodrigo de Siqueira e de sua mulher D. Ambrósia, baptizado em Palha Cana a 30/10/1656. Este José também poderá ser o nº 4 acima, sendo nesse caso filho de Rodrigo e D. Ambrósia em lugar de Vicente e da abaixo indicada, embora a data de nascimento do José acima indicado pareça mais provável para "pai natural" do Rodrigo nº 2. Dada a origem destes Rebellos de Aragão ser sem dúvida externa à região de Alenquer, e apenas tendo sido detectados nos paroquiais de Palhacana e Aldeia Gavinha dessa época os que aqui se indicam, parece razoável supor que, em qualquer caso, o José nº 4, pai do Rodrigo nº 2 fosse neto ou bisneto dos que abaixo se indicam (nºs 16 e 17).
9. Maria Pereira (?), n. Sueiro Cunhado, Palha Cana, Alenquer, solteira à data do nascimento do filho José.
16. Vicente Rebello de Aragão (?), n. Tavira; herdou do sogro os cargos de tabelião do judicial de Tavira e escrivão da ouvidoria de Castro Marim (c. de 11/11/1616), casou a 25/9/1616, Santa Maria, Tavira. Vicente era provavelmente neto de outro Vicente Rebello de Aragão, Cavaleiro da casa de D. João III, o qual era filho de Violante da Fonseca e, por este lado, neto de Vicente Rebello (e Maria da Fonseca), 2º Alfaqueque-mór de Portugal, por carta de 9/5/1520, filho de Estêvão Rebello, 1º Alfaqueque-mór de Portugal, por carta de 26/4/1478, e de sua mulher Inês Gonçalves Batevias. A grande Enciclopédia Port. e Bras. diz ter sido Estêvão Rebello filho de Rodrigo Rebello, vedor da Infanta D. Filipa, que teria ido de seu solar em Viseu para Lagos, onde possuía bens, talvez por casamento.
17. Brites de Mattos
34. João de Siqueira (tabelião do judicial de Tavira e escrivão da ouvidoria de Castro Marim).
Não consegui apurar, sem margem para dúvidas, a ascendência do Dr. Manuel de Távora Correia; existe a leitura de Bacharéis de um Manuel de Távora, natural da vila de Ervedoza, filho de António de Távora e Maria Brás, neto paterno de Francisco de Távora e Isabel de Távora e materno de António Fernandes de Carvalho e Maria Brás, mas ocorreu a 7/11/1680, o que parece data excessivamente antiga, pois significaria que o referido Doutor teria cerca de 80 anos à data do casamento da filha D. Ângela Severina. É verdade, no entanto, que as nomeações para os cargos acima referidos são de 1696/7, o que parece compatível com a data da leitura de bacharéis; poderia ter casado tardiamente. Da mesma região (Pinhel, neste caso) era um Manuel de Távora que se forma em leis em Coimbra em 23/3/1688, tendo-se matriculado pela primeira vez em Cânones a 15/10/1681, sendo filho de um Filipe de Távora. Havia assim pessoas de apelido Távora na região de Pinhel e alguns formaram-se em Leis em Coimbra; infelizmente o nome "Manuel" já era bastante comum na época, o que nos deixa sem elementos suficientes para podermos identificar o "nosso" apenas através destes indícios, ou sequer formular uma conjectura minimamente sólida.
O Vicente Rebello de Aragão mais antigo, acima referido em 16., Cavaleiro de D. João III e filho de Violante da Fonseca, era irmão de uma Maria da Fonseca casada com Duarte Godinho Pessanha, filho de Lançarote da Franca e Brites Pessanha; ora em Aldeia Gavinha, Alenquer, casa em 18/4/1689 uma Violante Josefa da Franca, filha de Lançarote da Franca e Maria Barbosa, ambos de Aldeia Gavinha (o noivo era um José Álvares da Silva, "de Viana, Braga"); este Lançarote é padrinho a 26/3/1732 de um Rodrigo, filho de Patrício de Oliveira (de Santo Antão, Lisboa) e Maria Teodora Franceza (sic), de Aldeia Gavinha. Assim parece que do Algarve para a região de Alenquer se transferiram diversas personagens ligadas a estas linhagens.
O facto de Rodrigo, nº 2, ter casado segunda vez, parece infirmar a hipótese de D. Eusébia Maria de Távora ter vindo estabelecer-se em Mora já viúva (parece ter sido o seu marido a ficar viúvo, a menos que tivesse um exacto homónimo e contemporâneo no lugar de Pallaios que tivesse tido o casamento acima referido com outra Senhora, o que parece muito pouco provável...). D. Eusébia Maria teria morrido antes de 1745, ou seja, antes do processo dos Távoras; em qualquer caso nada indica que houvesse parentesco entre estes Távoras e os supliciados do famigerado processo, atendendo ao que acima ficou dito acerca da ascendência de D. Eusébia Maria. O apelido existia em diversos locais do país em famílias de níveis sociais muito variados e com origens também diversificadas; embora tivesse sido banido indescriminadamente não houve quaisquer perseguições aos inúmeros Távoras que nada tinham que ver com os sentenciados (nem mesmo aliás a muitos seus familiares próximos).
Devo esclarecer que todos os dados relativos à ascendência algarvia dos referidos no nº 8 me foram comunicados pelo nosso confrade e meu bom amigo Miguel Côrte-Real.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Uma correcção: o Lançarote da Franca acima referido não foi padrinho a 26/3/1732 do referido Rodrigo, mas sim a 10/2/1686 (em Aldeia Gavinha); não tomei nota de mais elementos acerca deste baptismo. Os padrinhos do referido Rodrigo em 1732 foram, sim, "Rodrigo M.el de Siquejra Aragam, tocou p.p. o seu criado Manoel CoRea e D. Euzebia Maria de Tavora sua molher assistentes em Palajos".
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Caro Antonio Bivar,
O Manuel de Távora que refere na sua mensagem não poderá ser o Manuel de Távora Correia. Esse Manuel de Távora tinha sido baptizado a 4.2.1659 e era filho de Antonio de Távora e Maria Brás (essa filha de meus antepassados Antonio Fernandes de Carvalho e Maria Brás, neta paterna de Gaspar Fernandes e Isabel Francisca, neta materna de Antonio Belchior e Maria Brás, todos de Ervedosa do Douro, concelho de S.João da Pesqueira).
Manuel de Távora casou 2 vezes, a primeira com Mécia Guedes de S.João da Pesqueira e a segunda vez a 20.10.1692 em Penela da Beira com Mariana de Seixas, que era dai natural. Não encontrei geração de nenhum desses casamentos.
Távoras houve muitos em várias freguesias do concelho da Pesqueira, incluindo Ervedosa, Pesqueira, Desejosa, Espinhosa, Vilarouco etc ... penso eu todos parentes uns dos outros e descendentes da linhagem dos senhores de Távora/Mogadouro.
Agradeço qualquer outra informação que tiver sobre essas gentes de Ervedosa.
Cumprimentos,
JOAO BRAZ
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Caros Antonio Bivar e João Pereira Lopes,
Deixo aqui umas notas que me foram comunicadas pelo confrade "Oscar Caeiro Pinto" sobre o Filipe de Távora de Pinhel, que era segundo o Oscar pai desse Dr. Manuel de Távora Correia, que refere na sua mensagem.
"Isabel Rodrigues acima referida foi casada em segundas núpcias com António de Távora, natural de Vidigal, (filho de Álvaro Ramalho “que vivia por sua fazenda” e de Ana de Távora, moradores no lugar do Vidigal), viveram na Espinhosa, onde nasceu, em 1607, o único filho deste casal, Filipe de Távora, que teve processo na Inquisição a 16.3.1673 por ser acusado de judaísmo e onde se diz ser cristão-novo de 63 anos (à data da prisão, a 23.6.1670) e viver da sua fazenda, nascido em Espinhosa, mas morador em Pinhel. Este era viúvo de Catarina Coelho, cristã-velha, da qual não teve filhos, porém sendo já viúvo, teve dois filhos de Maria de Aguilar, cristã-velha: Manuel, de 4 anos de idade, e Isabel, de 3 anos de idade, moradores em Pinhel. De referir que o filho foi o Manuel Correia de Távora, que a 27.11.1713 recebeu provisão, concedendo-lhes 1 % do dinheiro para enviar ao cofre do Tesoureiro dos Defuntos e Ausentes. Neste documento vem referido como filho de Filipe de Távora (Registo Geral de Mercês, D.João V, liv. 7, fl.5v). Manuel Correia de Távora, a 10.10.1729 teve nova provisão concedendo-lhes 0,5 % do dinheiro para enviar ao cofre do Tesoureiro dos Defuntos e Ausentes.
De Filipe de Távora foi bisneto José Joaquim Raposo Pestana de Sousa, F.S.O. a 15.7.1766 (maço 106.d.1493), bacharel formado em Leis pela U.C., filho de Lourenço Raposo Pestana de Sousa, também F.S.O. e de sua mulher Ângela de Severim.
A dita Isabel Rodrigues está aqui na base de dados do Genea (http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=564120) e é antepassada do confrade Oscar Caeiro Pinto. Para mais dados sobre essas gentes, contacte o Oscar.
Cumprimentos,
JOAO BRAZ
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Caro António Bivar
Fico grato pelos seus esclarecimentos.
Começa a fazer-se-me alguma luz sobre o assunto.
João Pereira Lopes
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de Avis
Caro João Braz
Agradeço as suas informações
Cunprimento
João Pereira Lopes
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RE: Távora ou Siqueira de Aragão, no Convento de A
Caro João Braz:
Muito obrigado por todas estas informações; nunca supus que esta minha intervenção no fórum levasse tão rapidamente à identificação dos dois Manuéis de Távora com que me tinha deparado a propósito da ascendência de D. Eusébia Maria de Távora! confesso que nem sequer tinha muita esperança de algum dia vir a identificar um deles com o Dr. Manuel de Távora Correia, embora realmente o filho de Filipe de Távora me parecesse ligeiramente melhor candidato que o outro...
Pelos vistos escapou-me o pormenor do documento relativo ao cofre do Tesoureiro dos defuntos e ausentes em que se dá a filiação de Manuel Correia de Távora, pois tinha tomado nota dessas mercês, que referi na outra mensagem, sem ter apontado que o agraciado era filho de Filipe de Távora, embora tivesse obtido a tal informação do Arquivo da Universidade de Coimbra referindo esses pai e filho.
Fiquei curioso quanto à hipótese de ligação destes Távoras da região de Pinhel com os Senhores de Mogadouro; encontrei pelo menos um Távora, Cavaleiro da Ordem de Santiago da Espada e cozinheiro-mór de El-Rei D. Pedro II cujo processo de habilitação para a referida ordem parece esclarecer que tal ligação não existe nesse caso, pois os pais e avós não usavam os apelidos "de Sousa Távora" do referido Cavaleiro (nem nenhuns outros que não fossem patronímicos), sendo no entanto oriundos de localidades que parecem sugerir a razão de ser da adopção esses apelidos (estou a citar de memória e julgo ser Arrifana de Sousa quanto ao apelido "Sousa" e algum topónimo ligado a "Távora" quanto ao outro, mas poderei verificar se houver nisso interesse).
Assim, agradeço quaisquer informações que haja quanto à referida ligação nas referidas linhagens de Pinhel, pois interesso-me muito pela questão da proliferação dos apelidos das antigas linhagens pelas diversas vias possíveis, em particular pela via de linhas de descendência com diversas vicissitudes (quebras de varonia e/ou legitimidade, oscilações sociais, etc.).
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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