O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
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O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Sobre o nome de Maçãs de D. Maria encontrei em "Portugal Pitoresco e Ilustrado - Estremadura Portuguesa" de Alberto Pimentel, Lisboa, 1908, 2ª parte. pag 501 e 502, o seguinte:
"...Fixei a minha atenção n'esta «D. Maria», cujo nome me aparecia de repente ligado á povoação.
Tendo tido ocasião de conversar, pouco depois, com o sr. Bispo Conde, D. Manuel de Bastos Pina, pedi-lhe que consultasse o respectivo parocho sobre qualquer tradição local que a este respeito pudesse existir.
A resposta, que não tardou muito, dizia: Um rei portuguez teve uma filha bastarda, D. Maria, a qual foi desterrada para a serra de Santa Helena. Uma prima sua também soffreu desterro na serra de S. Caetano (Pousaflores). D. Maria residia no sitio de Pereiro, onde ha ruinas de uma habitação; consta que o sitio da capella particular da infanta bastarda correspondia ao da capella-mór da actual igreja matriz. As duas primas escreviam-se e presenteavam se. D. Maria mandava á prima as bellas maçãs do seu pomar, e em troca recebia raminhos de flores do campo. Aquelles sitios eram agreses e ainda mal povoados, mas quando algum dos raros camponezes levava maçãs á prima da infanta, ella, para o lisonjear, dizia-lhe — que eram tão lindas como as de D. Maria. D'aqui viria o nome d'esta dama a ligar-se ao de Maçãs, que já era o da terra : de um seu riacho. Refere a lenda que D. Maria casou depois com um nobre senhor, o qual obteve grandes privilégios para a povoação, motivo por que esta floresceu no decorrer dos annos.
Até aqui a lenda, recolhida da tradição oral.
Que infanta D. Maria pôde ter sido desterrada da corte? Que prima pôde ter sido aquella, também desterrada, parece que por um motivo commum ?
Segundo a lenda de Pousaflores, que igualmente recolhi, e que completa esta, a rima chamava-se Flores.
Evidentemente, ha em tudo isto a adulteração de um facto histórico, o qual, segundo a nossa hypothèse, podia muito bem ser a residência temporária de D. Maria Paes em terras suas d'esta região extremenha.
N'outra região da mesma provincia teria nascido o pai.
Ella não fora filha de rei, mas amante de um rei. Ella casou com um nobre senhor. Ela estava aparentada com muitas famílias illustres, e era possível que tivesse ali perto na prima, de nome Frol, Froile. Froilhe, ou Frores.
Não podia ser uma D. Maria qualquer a que completou o nome da localidade; mas uma D. Maria que se houvesse tornado notável a ponto de dispensar appellidos. a «Ribeirinha» foi realmente (sem calembour) a mais notável Maria do seu tempo.
Tendo-me occorrido esta hypothèse, lembrei-me de ir procurar á Torre do Tombo algum documento que pudesse justifical a. Felizmente o encontrei, e integralmente o reproduzi no livro "Telas antigas".
E uma doação da herdade de Almofalla, feita por Sancho I a Dona Maria Paes Ribeira e confirmada por D. Aftonso II D'esta doação nem o doador fala no seu testamento, nem nenhum dos nossos antigos chronistas, que eu saiba. Foi, pois, um achado interessante.O facto mais importante que resulta da leitura da doação é encontar-se n'ella o onoastico "fluminem de masanis", pelo qual se prova que já antes de D. Maria Paes se dava a uma parte d'aquella região o nome de Maçãs, e que apenas se lhe dava 'esse me sem o genitivo que depois lhe foi apposto, o que confirma a nossa hypothèse.
Quanto ás confrontações da herdade de Almofalla, se é difficil achar a equivalência actual da denominação de algumas d'ellas o mesmo não acontece a respeito de outras.
Assim, "fulminem de algia" é a ribeira de Algia (ant.) ou ribeira de Alge (mod)
"Cabezam de netebra" deve ser a serra de Nixebra.
Cabeças "de nadavis" será o logar ainda hoje chamado «Cabeças» e "Culmeneiram" é provável que seja o logar da «Cumeada», ambos em Maçãs.
As cinco villas confinam ao norte com o districto de Coimbra pelo concelho de Penella: «.. - et ferit in stratam colimbrianam*.
Do que fica exposto se conclue sem esforço :
(a) Que D. Maria Paes Ribeira possuiu uma herdade em território das «cinco villas», doada por Sancho I.
(b) Que, antes d'este rei, a parte do mesmo território chamada hoje «Maçãs de D. Maria» apenas se chamava Maçãs.
Tanto quanto n'estes assumptos pôde haver certeza, julgamos provada a nossa hypothèse.
Ainda uma observação.
Ha na estrada de Cabaços, freguezia de Maçãs de D. Maria, uma pequena povoação chamada Vendas de Maria.
É claro que não se trata de uma só Maria commum á venda e ás maçãs, porque o qualificativo—Dona—basta para tirar toda a duvida, mostrando que uma das Marias era dama nobre e a outra uma simples locandeira.
No píncaro da Serra de S. Neuthel, vizinha de Chão de Maçãs, ergue-se sobre rochedos uma capellinha d'aquelle santo, a que se fazem duas romarias annuaes, uma na primavera, outra a 26 e 27 de julho.
A edicula é de difficil accesso, mas o panorama da serra, junto a ella, amplo e bello, abrange dezenas de léguas.
No logar das Cabeças, d'esta freguezia, realisa-se a romaria de S. Braz."
Ora aqui fica o que encontrei, notando que o livro "Telas Antigas" de Alberto Pimentel, edição da Parceria António Maria Pereira, em 1906 existe na BNP, na Biblioteca de Arte da Fund Calouste Gulbenkian e na Fac de Letras da Universidade do Porto (biblioteca Pedro Veiga)
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Ricardo Charters d'Azevedo,
só hoje me foi possível responder, mas quero desde já agradecer-lhe pela abertura deste tópico, bem como pela chamada de atenção no outro.
Devo dizer que conhecia a existência deste texto, embora não conhece-se o conteúdo do mesmo.
Quanto ao autor, acaso sabe se ele teria alguma ligação aos Pimentel Teixeira de Maçãs de D. Maria?
Eu sei que o escritor Alberto Pimentel era natural do Porto, mas também há um ramo dos Pimentéis de Maçãs que passou ao Porto. E depois a ascendência de Alberto Pimentel está pouco desenvolvida aqui no Geneall, alias tal como a descendência.
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=357768
Portanto se o Ricardo, ou outro confrade puder acrescentar algo, desde já agradeço, pois sei apenas que Alberto Pimentel nasceu no Porto em 14.04.1849, onde casou com Ludovina Adelaide Peres da Silva em 11.07.1870 na Cedofeita, onde lhe nasceu a filha Maria Madalena a 08.04.1871.
Teve ainda uma filha Henriqueta nascida 1873, creio que em Lisboa, e o filho Alberto Pimentel, Médico (1875-1949).
Com os melhores cumprimentos,
Henrique Dias
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Henrique Dias
Aqui vai:
Alberto Augusto de Almeida Pimentel, (Cedofeita, 14 de Abril de 1849 — Queluz, 19 de Abril de 1925) foi um escritor e jornalista portuense.
O Dicionário Biográfico Parlamentar (1834- 1910), Vol I (coord de Maria Filomena Monica) tem uma boa biografia sobre ele
Alberto Pimentel nasceu no Porto, em 1849, filho de Fortunato Augusto Pimentel, médico no Porto e acerrimo defensor da causa Miguelista. Casou aos 21 anos com Ludovina Adelaide de quem teve duas filhas. No Porto cidade frequentou a instrução pública, não tendo podido, por motivos económicos, aceder ao ensino superior como era pretensão de seu pai.
Tendo ficado fascinado com o poder da imprensa para, propôs-se ao redactor do Jornal do Porto, e foi ali acolhido como tradutor e revisor, iniciando desta forma a sua carreira no mundo dos Jornais.
Trabalhou no Jornal do Porto como tradutor do noticiário estrangeiro. Por acordo com o editor lisboeta, António Maria Pereira, começa a escrever o romance O testamento de Sangue, mas devido um atraso habitual no folhetim Os dramas de Paris, de Ponson du Terrail, publicado no Jornal do Porto, o editor desse jornal convenceu Alberto Pimentel a publicar o aquele romance como folhetim, e posteriormente em volume.
Entre 1871 e 1872 travou com Alexandre da Conceição uma intensa discussão na forma de cartas ao Jornal do Porto, posteriormente compiladas no livro Nervosos, Linfáticos e Sanguíneos.
Em 1873 muda-se para Lisboa, e publica o romance A porta do Paraíso e a compilação de crónicas Entre o café e o cognac. Inicia, na loja de António Maria Pereira, estreitas relações de amizade com este editor e com o bibliófilo Inocêncio Francisco da Silva, que haveria de ser o responsável pela proposição de Alberto Pimentel a sócio da Academia Real das Ciências. Ainda em 1873 conhece pessoalmente Júlio César Machado, com quem já se correspondia, e de quem se tornou amigo.
Em 1875 esteve em Coimbra, como vogal de uma comissão de exames de instrução pública, onde conheceu o pintor Cristino.
Foi eleito deputado pelo círculo de Cinfães em 1881 e da Póvoa de Varzim em 1890, 1892 e 1894 tendo produzido 90 intervenções
Publicou 98 títulos originais, traduzidos, prefaciados ou em colaboração, por gosto e também por necessidade financeira
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
PS: sobre os Pimenteis deve conhecer o livro de Bernardo Vasconcelos e Sousa, editado pela Imprensa Nacional- Casa da Moeda em 2000
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Ricardo Charters d'Azevedo,
agradeço-lhe a biografia do Alberto Pimentel que aqui nos deixou.
Quanto à sua ascendência, fiquei a saber através de pesquisa em:
https://familysearch.org/#form=advanced-records
que era neto paterno de Fernando de Sousa Pimentel e de Maria Felícia Xavier de Andrade Oliveira Lobo.
Já se vai adquirindo muita coisa por este meio, pois o familysearch já conta com muita informação indexada, nomeadamente de Alvaiázere, Almoster, Pousaflores, Chão de Couce, Ansião, etc, etc.
Cumprimentos,
H. Dias
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Pimentéis do Alvorge
Caro primo Henrique,
Como vais ?
Boas notícias trazes sobre o familysearch !
Lá, encontrei três óbitos de Pimentéis Alvorge, a saber :
- Mónica Pimentel + 29.1.1631, filha de Martim Pimentel e Maria Nunes.
Atendendo à data da morte, pode bem tratar-se da filha de um outro casamento do Martim Pimentel, que sabemos ter casado com Luísa Cordeiro e cujo neto, Rafael de Abreu nasceu, em 1631.
- Marinho (Martinho?) Pimentel Pimentel + a 21.4.1663, filho de Luís de Favia (?) Pimentel e de Maria Ana Pimentel-
- Luís de Faria Pimentel falecido a 29.10.1692.
Um abraço,
Luís Piçarra
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Henrique Dias
Apenas conheço a ascendência da mulher, com a qual partilho avós comuns. Posso apenas acrescentar que Henriqueta nasceu a 31.12.1873 e o Alberto nasceu a 21.11.1875 na Sé, Lisboa. Quem melhor conhece esta família é o tfp.
Cumprimentos
António
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Henrique,
Excluíndo gerações muito recuadas, onde encontramos ligações dos Pimentel Teixeira, com os primeiros Pimentéis, por outros ramos, que não a ascendência de José António Álvares Pimentel Teixeira não encontrei, por ora, relação com os Sousa Pimentel, ascendentes do escritor Alberto Pimentel.
Há Pimentéis Teixeira no Porto, descendentes de José Maria Pimentel Teixeira, mas já depois da 2ª metade do séc. XIX.
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=294977
( atenção que aqui há um erro: António José Copeiro Pimentel Teixeira é neto e não filho de José Maria P. T. Em breve enviarei o pedido de corecção para o Geneall)
Entretanto encontrei, aqui no Fórum, mais alguma coisa sobre os ascendentes de Alberto Pimentel,
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=69711&fview=c#reply e
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=52665&fview=e
Um abraço,
Luís Piçarra
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Henrique Dias,
Os Pimenteis do Alberto Pimentel eram de Aveiro tendo passado de Águeda ao Porto por volta de 1680.
Cumprimentos
Tiago Faro Pedroso
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Olá primo Luís,
cá vamos indo, um pouco atarefado e sem muito tempo para estas coisas que tanto gostamos, mas enfim..., haja saúde!
Ainda não respondi ao teu mail, mas não está esquecido. Olha tens tido notícias do To-Zé? aquilo tem estado mal lá para Brisbane.
Quanto ao familysearch, é preciso ter cuidado, pois este trabalho que eles chamam de indexação pode ser feito por pessoas com pouco conhecimento da língua, ou da região, e por vezes os nomes não estão correctos. Serve apenas como indicação, e como temos as datas não há nada como consultar os documentos originais. Por exemplo os nomes dos baptizados não é seguro aceita-los como correctos, pois o programa coloca automaticamente os apelidos da mãe e do pai, coisa que por vezes não acontecia na prática.
Agora, em relação ao Alberto Pimentel, já estou esclarecido da sua ascendência. Mas como ele escreveu este artigo sobre Maçãs pensei que pudesse ter aí ainda algumas raízes, mas já vi que não.
Bom e por hoje é tudo,
um abraço amigo de
Henrique Dias
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro António,
agradeço.lhe uma vez mais a sua informação, bem como ao Tiago Pedroso, que entretanto também interveio.
Com os melhores cumprimentos,
Henrique Dias
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Tiago Faro Pedroso,
de facto, nos tópicos (para os quais o meu primo Piçarra me alertou), pude encontrar aquilo que procurava saber.
São tópicos já com algum tempo, e talvez por isso, me tenham passado despercebidos.
Agradeço-lhe, no entanto, os dados que aí disponibilizou, bem como a sua resposta.
Com os melhores cumprimentos,
Henrique Dias
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Caro Henrique,
Tens razão no que diz respeito à necessidade de se confirmarem as indicações do familysearch, o que infelizmente no caso das Cinco Vilas, por ora, é difícil uma vez que as freguesias ainda não estão on-line.
Noutros casos, como nas pesquisa no A.D.Porto, essas indicações podem ser muito úteis, sobretudo quando incluem
datas completas ou mesmo o fólio no respectivo livro, o que permite encontrar rapidamente o documento indicado e confrontar a informação com a prova material.
Deste modo consegui, em pouco tempo, localizar vários rps. evitando buscas de horas em freguesias muito populosas.
Um abraço,
Luís Piçarra
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RE: O nome da povoação : Maçãs de D. Maria
Ja estão alguns livros como Avelar
acabei de fazer uma simulação e tudo correu bem.
1- entra no "site" do Arquivo : http://adleiria.pt/
2- clica pesquisa "digitarq" (à direita em cima)
3- entra no menu da pesquisa avançada
5- escolhe o que pretende , por exemplo:
Titulo : paróquia
Localidade : Avelar
e confirma "pesquisa", em baixo
4- entra nos fundos paroquiais (identificados por PRQ) e clica na no código de referencia
5- à esquerda em cima escolhe baptismos, casamentos, ou óbitos e clica
6- escolhe o livro que pretende
7- estando digitalizado, a imagem surge em baixo e só terá que a ampliar
Por exemplo 0001 baptismos já esta
para além dos paroquiais, existem outros fundos com imagens digitalizadas (ex: jornais, Korrodi, etc).
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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