Ajuda na leitura de assento de Baptismo (1687) - Vieira do Minho (

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Ajuda na leitura de assento de Baptismo (1687) - Vieira do Minho (

#305210 | pianoman | 07 may 2012 17:48

Vieira do Minho / Ruivães / Santa Leocádia com a data de 12 de Janeiro de 1687: http://db.tt/26DJvWyV

eu leio assim:
Aos doze de Janeiro de mil seiscentos e oitenta e sete baptizei a João fiho de Domingos Gonçalves de Santa Leocádia e de sua mulher Domingas Afonso aos nove dias do dito mês(?) foram padrinhos (?) Jacinto pai(?) de João …(?) da Botiqua e (…) (…) de Francisco … (não percebo mais nada…)


Gostava de saber se está correcta a minha interpretação e se o que não percebo é importante.
Queria referir que não sei como andar mais para "trás". Foi aqui que parei a minha pesquisa.

Lanço também mais uma das minhas dúvidas: a Battiqua ou Bottiqua penso que seja uma aldeia de Vieira do Minho (actualmente Botica). Seria possível esta localidade ter-se tornado no apelido Batoca?

Agradeço desde já a atenção,
Nuno Batoca

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RE: Ajuda na leitura de assento de Baptismo (1687) - Vieira do Minho (

#305216 | jpm2353 | 07 may 2012 18:59 | In reply to: #305210

Caro Nuno Batoca,

Aqui vai a minha leitura:
Aos doze de Janeiro de mil e seiscentos e oitenta e sete anos baptizei a João fiho de Domingos Gonçalves de Santa Locaya (certamente actualmente é Leocádia) e de sua mulher Domingas Afonso que nasceu aos nove do dito mês foram padrinhos Jacinto filho de de João Ferreira? (ou João Francisco?) da Botequa e Maria filha de Gonçalo Afonso da freguesia? de Ruivães, dia ut sup.

A imagem é muito pequena e não tem muita definição, copiei-a e ampliei-a mas mesmo assim não se vê muito bem, mas acho que será isto o que está lá escrito...

Quanto a recuar mais, se não houver livros de assentos para datas anteriores, só lhe resta tentar descobrir alguma Inquirição de Génere de algum familiar próximo, que possa conter alguma informação de parentes anteriores. Tente no Arquivo Distrital de Braga, na Torre do Tombo, ou no Arquivo da Univ. de Coimbra, pois pode ser que alguém tenha por lá estudado...
Se tiver sorte pode ser que encontre algum nome referenciado nalgum Nobiliário e aí poderá ter hipótese de recuar algumas gerações...
Quanto à sua última questão, penso que é possível, nesse caso o seu apelido teria origem toponímica...

Cumprimentos,
João de Magahães

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RE: Ajuda na leitura de assento de Baptismo (1687) - Vieira do Minho (

#305222 | pianoman | 07 may 2012 19:39 | In reply to: #305216

Caro João de Magalhães,

Agradeço-lhe a resposta pronta. Ajudou-me bastante a confirmar o que já sabia e a complementar o que me faltava.

Pedindo-lhe já desculpa pela minha (larga) ignorância, o que é uma "Inquirição de Génere"?

Cumprimentos,
Nuno Batoca

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RE: Outro assento de Baptismo (1642) - Vieira do Minho

#305227 | pianoman | 07 may 2012 21:02 | In reply to: #305216

Já agora, mais um assento:
https://familysearch.org/pal:/MM9.3.1/TH-1-16306-68953-53?cc=1913410&wc=MMV2-S6N:1107869004

"Aos vinte e cinco de dezembro (Natal?) de mil seiscentos e quarenta e dois baptizei a Pascoal (Paschual) filho de João Gonçalves de Soutellos (Soutelos) foram padrinhos Matheus(?) de Penna(?) e Catarina(?) Gonçalves filha do Batoca(????) de Santa Leocádia e declaro ser filho do dito João Gonçalves e de sua segunda mulher ???? Gonçalves."

O que significa isto? estou a ler bem ali o Batoca? o que quererá dizer isso?

E que questão é aquela da segunda mulher (de quem não percebo o nome...), ou seja, quem é o filho dela? o Pascoal?

Vamos ver se me explico: eu tenho a informação de João Gonçalves ser casado com uma Catarina Fernandes. Sei que tiveram um filho com apelido Batoca (Manuel Gonçalves), portanto o João Gonçalves seria Batoca também.

O Pascoal a que se refere este assento é filho de quem afinal? João Gonçalves e da sua segunda mulher (????) Gonçalves? o Padre é que se esqueceu de escrever o nome da mãe do Pascoal ao início, não?

E a Catarina referida aqui é quem?
- A filha de João Gonçalves?
- A segunda mulher de João Gonçalves?
- A madrinha de Pascoal (e talvez filha de João Gonçalves também)?

Tanta pergunta...

Obrigado desde já,
Nuno Batoca

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RE: Outro assento de Baptismo (1642) - Vieira do Minho

#305230 | jpm2353 | 07 may 2012 21:48 | In reply to: #305227

Caro Nuno,

Inquirição de Génere, era a inquirição que se realizava nas freguesias da naturalidade dos inquiridos e dos respectivos pais e por vezes avós, de modo a atestar a limpeza de sangue dos mesmos, ou seja para confirmar que não descendiam de nações infectas, isto é: judeus, mouros ou negros, confirmando-se assim que eram cristãos velhos dos quatro costados.
Quem pretendia ser padre, oficial do Santo Ofício, desempenhar um "cargo público" etc, tinha de as pedir, e eram realizadas pelo clero, que deslocava o respectivo inquiridor à freguesia correspondente, de modo a inquirir as pessoas que conheciam os habilitandos, normalmente as mais velhas da freguesia.
Estas IG tem muitas vezes informações preciosas, principalmente nos casos em que os livros dos assentos das freguesias se perderam...

Quanto à transcrição, aqui fica o que consigo ler:
"Aos vinte e oito de Dezembro de mil seiscentos e quarenta e dois, baptizei a Pascoal (Paschoal), filho de João Gonçalves, de Soutelos (Soutellos), foram padrinhos Mateus (Matheus) de Pena (Penna) e Catarina (Cnª) Gonçalves, filha do Batoca de Santa Leocádia, e declaro ser filho do dito João Gonçalves e de sua segunda mulher Domingas Gonçalves.
Amaro Dias."
- As vírgulas são da minha autoria, para mais fácil leitura!

Este Pascoal é filho de João Gonçalves e de sua segunda mulher Domingas Gonçalves, tal como o padre Amaro Dias declara no fim do assento. A madrinha é que é filha do Batoca de Santa Leocádia, e aqui o padre refere-se ao pai da madrinha possivelmente pela alcunha pelo qual era conhecido..., a não ser que Batoca fosse uma profissão...

Espero ter ajudado.

Um abraço,
João de Magalhães

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RE: Outro assento de Baptismo (1642) - Vieira do Minho

#305233 | pianoman | 07 may 2012 21:56 | In reply to: #305230

Caro João,

Ajudou imenso!

Os meus sinceros agradecimentos pelo tempo gasto nestas minhas procuras.

Um abraço,
Nuno Batoca

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RE: Outro assento de Baptismo (1642) - Vieira do Minho

#305240 | HRC1947 | 07 may 2012 22:19 | In reply to: #305233

Caro Nuno;

Os m/ cumprimentos;

Sem querer estar a meter foice em seara alheia, devo acrescentar ,que a Inquirição de Genere chegava até
à 4ª Geração. Não avançavam para a 5ª/6ª G. pois os responsáveis sabiam que se o fizessem, sempre
aparecia um 5º avô que teria sangue Judeu. O motivo de não avançarem prende-se com o facto da Igreja
necessitar de mancebos para os Seminários { por ex. }, e a serem muito rigorosos, corriam o risco destes ficarem vazios, e outros motivos havia com toda a certeza, estou a lembrar-me de determinados indivíduos
que prestavam serviço ao Rei !

atentamente
Ana Simões
.

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contrainformação

#305243 | evieira | 07 may 2012 23:08 | In reply to: #305240

Cara Ana Simões,

Para benefício dos confrades menos informados ou mais crédulos, importa referir que a sua afirmação das 22:19 é, obviamente, absurda.

Cps.
E.Simões

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RE: contrainformação

#305244 | HRC1947 | 07 may 2012 23:15 | In reply to: #305243

Caro E. Simões;

Então explique-se, e mantenha o nível!

Cumpts
Ana Simões

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RE: contrainformação

#305251 | evieira | 08 may 2012 00:07 | In reply to: #305244

Cara Ana Simões,

As inquirições de génere normalmente iam até aos avós - a partir de 1720 aproximadamente (pelo menos para as da Câmara Eclesiástica de Lisboa) torna-se obrigatório incluir cópia dos assentos de baptismos destes avós, pelo que assim chega-se também ao nome dos bisavós. A inquirição era baseada em declarações de testemunhas, pelo que só se podia recuar até onde a memória humana das pessoas do lugar chegasse - os mais idosos normalmente lembram-se ou tinham notícia dos avós do habilitando, mais para trás não havia memória, e esta era a única razão de não se recuar mais.
Mesmo que eventualmente se pudesse recuar umas quantas gerações recorrendo a documentos para os efeitos da inquirição não faria sentido, pois não indicaria nada a respeito da "qualidade" do sangue dos inquiridos - visto que x.n. por ex. recebiam os mesmos sacramentos que os outros - o que as testemunhas dizem é que conta.

Aliás, é de notar que apenas nos casos em que uma inquirição "dá para o torto" - quando não se encontram os assentos paroquiais, quando há más informações sobre os inquiridos, etc - é que se verifica uma preocupação dos inquiridores em tentar recuar / obter melhores informações, muitas vezes a partir da realização de uma nova inquirição e da recolha de assentos paroquiais.

Não sei se consegui abalar as suas certezas.
Cps.
E.Simões

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RE: contrainformação

#305256 | HRC1947 | 08 may 2012 00:30 | In reply to: #305251

Caro Confrade;

Confesso que estava à espera de uma explicação capaz, com fundamentos etc.
Assim, o seu ponto de vista sobre esta matéria está muito " caseiro ".
Não adianta estar a perder tempo.

Os m/ cumprimentos
Ana Simões
.

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RE: contrainformação

#305257 | evieira | 08 may 2012 00:34 | In reply to: #305256

Cara Ana Simões,

O fundamento, como escrevi, é basicamente a impossibilidade de recuar dado a memória das testemunhas ser limitada ao que conheceram /presenciaram. Se este facto óbvio não chega então não sei o que lhe diga.

Cps.
E.Simões

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RE: HAJA INFORMAÇÃO

#305259 | HRC1947 | 08 may 2012 00:55 | In reply to: #305257

Caro E. Simões;

Eu compreendo o que lhe vai na alma.
Mas deixe que lhe diga; sobre esta matéria há bastante literatura.
Ainda há pouco tempo tínhamos um Historiador que quase semanalmente
falava sobre este e outros temas. Que falta ele nos está a fazer.
Se o Confrade ler com calma a sua mensagem, no ultimo parágrafo
está precisamente a colocar-se no meu ponto de vista! [ claro havia casos difíceis ]

Bom, sendo assim termino.
Os m/ melhores cumprimentos
Ana Simões
.

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RE: HAJA INFORMAÇÃO - PEDRO NUNES [1502 - 1578 ]

#305371 | HRC1947 | 09 may 2012 00:30 | In reply to: #305259

Caros Confrades;
Para que conste.
--------------
PEDRO NUNES
Médico, matemático, cosmógrafo: 1502 - 1578
Médico português de ascendência judaica, é tido como um dos mais brilhantes matemáticos e cosmógrafos do século XVI.

QUANDO TUDO ACONTECEU...

1502: Nasce em Alcácer do Sal. - c. 1520: Inicia estudos universitários. - 1523: Casa com D. Guiomar Areas (Aires), filha de castelhano, cristão-velho, vizinho de Salamanca. Aí toma o grau de bacharel médico. - 1527: Regressa de Salamanca e dá aulas a Martim Afonso de Sousa, ao infante D. Luís e a D. João de Castro. - 1529: Nomeado cosmógrafo do reino (a 16 de Novembro). Lente da cadeira de Filosofia Moral (a 4 de Dezembro). - 1531: Lecciona Lógica na Universidade, em Lisboa; em Outubro começa a dar aulas ao Infante D. Henrique. - 1532: Grau de Doutor a 23 de Fevereiro, na capela do Hospital Real. - 1534: Formula o manuscrito do Livro de Álgebra. - 1537: Obtém autorização do rei (27 de Setembro) para mandar imprimir todas as suas obras e a 1 de Dezembro é publicado o "Tratado da Sphera”. - 1542: Sai do prelo "Petri Nonii Salaciensis de Crespusculis libri unu". - 1544: Professor de Matemática na Universidade de Coimbra. - 1546: Publicado em Coimbra "De erratis Orontii Finaei". - 1547: Nomeado a 22 de Dezembro Cosmógrafo-Mor do Reino. - 1548: Nomeado Cavaleiro do Hábito de Cristo. - 1555: Eleito para proceder à Reforma dos Estatutos universitários. - 1557: Morre D. João III, o Piedoso e seu protector. - 1562: Aposenta-se da Universidade. - 1577: Consultado pelo Papa Gregório XIII sobre o projecto de Reforma do Calendário. - 1578: O “Episódio da Cutilada”. Pedro Nunes desaparece do número dos vivos a 11 de Agosto, em Coimbra.
UMA LONGA CAMINHADA
«Os portugueses ousaram cometer o grande mar oceano, descobriram novas ilhas,
novas terras, novos mares, novos povos, e o que mais é: novo céu, novas estrelas.»
Pedro Nunes
Lisboa, Março de mil quinhentos e setenta e dois do ano da Graça de Deus Nosso Senhor:
De uma janela do Paço Real, D. Sebastião, El-Rei de Portugal e dos Algarves, D`Aquém e Além-Mar em África, observa atentamente mais um dia desassossegado em volta da Ribeira das Naus. Por ali deambulam marinheiros, grumetes, artífices e restantes elementos das tripulações, que vão e vêm, muitos à espera de uma oportunidade para embarcarem pela primeira vez, tendo sempre presente na ideia as muitas riquezas situadas mais além na curva do oceano. O rio Tejo, aquela hora continua repleto de naus e caravelas que partem e chegam numa pressa, como se dum espectáculo festivo se tratasse.
De quando em vez elevam-se no ar os novos cheiros de alimentos, exóticas essências e outros condimentos, até aí desconhecidos, e gritam-se mais adiante pregões para atrair clientela.
Ao lado do Paço, a azáfama da casa da Índia demonstra a certeza de que Lisboa é, desde as viagens de Gama e Cabral, e outros bravos capitães e navegadores, a capital europeia do comércio da Índia, das especiarias e outras drogas. Só falta agora ser a nova capital da cristandade.
O rei, “de meam estatura, rosto branco e bem proporcionado”, numa face imberbe, meia adolescente, condiz com a figura de menino-homem, de dezoito anos, dono de um espírito ardente mas instável. Sempre orgulhoso, sempre ausente consigo mesmo (cresceu na convicção de que Deus o predestinara para grandes feitos), sonha com as duas únicas paixões: a guerra contra os infiéis e gentios, e o fervor religioso para libertar a Terra Santa, junto com os seus validos.
A olhar sem ver o rio, nem nota que a seu lado há uns minutos se encontrava, respeitosamente em silêncio, o Cosmógrafo-Mor do Reino, Pedro Nunes, o maior matemático ibérico quinhentista, já com setenta anos.
Por fim lá reparou e disse: - “Mestre, foste mandado chamar ao Paço Real para, no exercício do cargo de Cosmógrafo-Mor do reino, dares novos cursos de cosmografia e náutica aos pilotos das naus portuguesas, além da elaboração de novas e urgentes reformas; pois sempre tenho grandes cometimentos para eles, em especial voltar a romper a estrada do Mediterrâneo para o cristianismo, rumo a Jerusalém”.
À mente do decano matemático logo veio o presságio por si feito e ignorado, por El-Rei, uns anos antes, ao escolher o dia do seu 14.º aniversário para a tomada de posse do Reino “num dia em que os astros estavam de mau agouro”.
Pedro Nunes inquieto aceitou, pois sabia que esse seria sempre o seu dever, mas, ao sentir um tremor involuntário, retira-se resignado, sem antes fazer respeitosamente uma vénia. Cada dia mais só, mal previa o fatídico resultado desse alto prenúncio.
Ao mesmo tempo mergulhava, melancólico, no seu passado distante mas tão presente ainda na memória:
“A trajectória da minha vida descreve a curva simbólica do poderio português, no século de ouro e sua decadência, no tempo em que vivi.
Aprendo as primeiras letras em Portugal, incluindo o latim. Vou para Salamanca, como aluno livre, talvez ainda antes dos vinte. Aí faço os meus estudos em Artes, Matemática e Medicina, de 1520 a 1526, ano em que me torno bacharel. Também frequentei uma outra universidade famosa na altura - Alcalá de Henares, notável pelos estudos teológicos. Era necessário aos estudantes ouvirem Artes e Filosofia e terem exercícios de letras com os artistas e filósofos
Já em Lisboa, sou nomeado, por alvará régio de 16 de Novembro de 1529, cosmógrafo do reino. Através de concurso para a Universidade de Lisboa (4 de Dezembro de 1529) começo a ensinar filosofia moral, vindo posteriormente a assegurar também as cadeiras de lógica e metafísica. Aqui, prossigo os meus estudos em medicina onde, em 1532, recebo o título de Doutor.
Com a transferência da Universidade para Coimbra, em 1537, mudo-me para esta cidade, onde continuo a leccionar, desta vez a cadeira de matemática, que asseguro de 16 de Outubro de 1544 até 4 de Fevereiro de 1562, ano da minha jubilação.
1547 é o ano em que atinjo o lugar de Principal Cosmógrafo Real.”
Cargo que Pedro Nunes irá manter até à sua morte, em 11 de Agosto de 1578, uns dias após a batalha de Alcácer Quibir ou dos Três Reis, a 4 de Agosto. O rei de Portugal, D. Sebastião, o Desejado (1554-1578), ali morrerá com apenas vinte e quatro anos, não deixando descendência direct
“Há quem me considere um génio na matemática aliada à elegância do discurso livre pela nobreza do meu espírito. Não há dúvida de que utilizo na minha linguagem uma prática humanista que além de portuguesa é também europeia”.
Eram os físicos de então, os cultores da ciência médica e da astronomia (ou astrologia), em simultâneo. Os médicos precisavam de conhecer a astronomia (“tanto esta como a matemática sempre me apaixonaram”) para a aplicarem à clínica astrológica. A astronomia e a astrologia eram estudadas em conjunto.
Mas a angústia da pura matemática força a figura do Cosmógrafo-Mor de D. João III (reinado de 1521-1557), seu grande protector, para um lugar esquecido da cultura portuguesa. Do muito que se esqueceu, fica a paixão pela álgebra, geometria e aritmética, registada por autores meus contemporâneos. O valor da obra vai ficar impresso em vários manuscritos dos mais célebres matemáticos europeus, que não se cansam de a referir. Lá fora, o seu nome será dado a uma cratera lunar e a um asteróide.
Entre nós, a sua imagem fica-se pela face das antigas moedas de cem escudos. Até hoje não há nenhum documentário ou filme sobre a sua vida. Do notável salaciense pouco mais de original, então, se poderá ainda ambicionar encontrar.
... anno Domini 1502 ... e a tradição judaico-cristão
Apesar de ascendência judaica, Pedro Nunes nunca será incomodado pelo Santo Ofício; talvez por ter a
protecção do Rei!

CRONOLÓGICA.

São mais as dúvidas que as certezas sobre a sua pessoa; não será certa a sua ascendência ou família, mesmo os seus biógrafos andam em bolandas para descobrir quem foram os seus pais e se teve irmãos, cingidos no nevoeiro da obscuridade e do esquecimento.
“Nasço em Alcácer do Sal (eu próprio o declaro, quando afirmo ... anno Domini 1502 quo ego natus sum...). Penso que a minha origem, Petrus Nonius Salaciensis, possa ser judaica, pois Damião de Góis descreve-me como português de nação, referência habitualmente aplicada a judeus conversos.
Em 1548 sou feito Cavaleiro do Hábito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas os meus críticos sempre alegam que o fiz para esconder o meu judaísmo ancestral.”
Nunca será incomodado pelo medo da sombra do Santo Ofício, talvez por ter a protecção da corte, mas os seus netos serão interrogados, sofrendo os horrores da Inquisição, o que é um forte indício – Matias Pereira é preso de 1623 a 31 e Pedro Nunes Pereira de 1623 a 32; ambos sairão vivos (coisa bem rara para tanta punição), com restituição dos seus bens e honraria
Nenhum dos seus familiares se vai notabilizar, em qualquer ramo das ciências ou das artes, e a sua descendência directa extingue-se à 3.ª geração com os netos.
“Peço ainda a vossa atenção para não me confundirem com outros dois homónimos meus, também doutores, que viveram na mesma época e que nada têm a ver comigo
• Um tal Dr. Pedro Nunes, vedor da Fazenda Pública na Índia em 1522 e reitor na Universidade de Lisboa em 1536.
• Outro, com idêntico nome, inquisidor de Lisboa em 1565.”
--------------

Ana Simões
.

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RE: HAJA INFORMAÇÃO - D. JOÃO II E D. MANUEL I

#305463 | HRC1947 | 09 may 2012 23:03 | In reply to: #305371

Caros Confrades;

Deixo estes dois endereços electrónicos, que ilustram bem o que
foi o nosso Pais no tempo dos Descobrimentos!

http://www.youtube.com/watch?v=JrK9liH6p9A&feature=relmfu

http://www.youtube.com/watch?v=gg7-ffqsC2E&feature=relmfu

Os m/ melhores cumprimentos
Ana Simões
.

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RE: HAJA INFORMAÇÃO - AS NOSSAS RAÌZES

#305496 | HRC1947 | 10 may 2012 02:58 | In reply to: #305463

Caro João Barroca;

Os m/ cumprimentos;

Para sua análise, envio estes endereços electrónicos.

http://www.youtube.com/watch?v=skYbYpgEV9g&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=6JhmjO6jWNo&feature=related

Os m/ melhores cumprimentos
Ana Simões
.

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RE: HAJA INFORMAÇÃO - AS NOSSAS RAÌZES

#305617 | HRC1947 | 11 may 2012 18:07 | In reply to: #305496

Caro Confrade;

... Neste tópico que aqui deixo, pode-se ficar com uma ligeira ideia como era aquela " Teia Polvo " da

"Santa Inquietação ", assim mesmo!!

Já se viu por vários factos que quem precisava de fazer [ prova limpeza sangue ], acabava

por ser roubado, e finalmente queimado-vivo?!!...

Pelo lado da Espanha, estes Reis na altura da expulsão dos Judeus fizeram-no, e passados 60 anos em

Espanha já não se falava disso.

Em Portugal, façam contas e vejam que foi preciso o Marquês de Pombal, [ 1750 {+/-}, acabar com a santa "

Inquisição", senão ainda levaria mais uns séculos a ir embora !!!

" O procedimento da Inquisição em lugar de extirpar Judaísmo o multiplica. Frei Domingos de Santo Tomás,

Deputado do SANTO OFÍCIO, costumava dizer que assim como na Calcetaria { rua de calçada Lisboa },

havia uma Casa onde se fazia Moeda, no Rossio havia outra em que se faziam Judeus "

D. Luís da Cunha, Fidalgo português - { Instr. Inéditas { c.. 1735 }

http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=305607&fview=e#topo

atentamente
Ana Simões
.

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