Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
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Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Olá a todos,
Começei nestas lides de genealogia há pouco, mas já deu para me meter a comprar alguns livros. Como as raízes familiares andam pelo Algarve (Faro), Beira Interior (Celorico da Beira) e Açores (Flores), tenho andado à procura de livros que me possam ajudar.
Sobre as Flores consegui comprar os seguintes:
- Casais das Flores e do Corvo de Francisco António Nunes Pimentel Gomes
- Genealogias das Quatro Ilhas de António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz
O primeiro livro comprei-o em versão papel, e por ter recentemente saído uma versão electrónica, também a comprei. Os 4 volumes da segunda obra são um bom exemplo da palavra "volume". Devo confessar que desde que tenho a versão electrónica, nunca mais peguei no Casais em papel. Além de estar comigo em todo o lado, para uma obra deste tipo, é muito mais fácil fazer um Ctrl+F e pesquisar o que quero do que estar a folhear páginas do índice onomástico (que o livro não tem, mas as listagens dentro de cada paróquia são ordenadas pelo nome do noivo).
Os outros livros são impecáveis em qualidade de acabamento e ficam lindos na estante. Mas honestamente, para uma obra de referência, os 10kg ou mais que os ditos pesam não ajudam nada a levá-los para todo o lado. Eu tenho alguns milhares de livros em papel e gosto muito de ler uma boa história folheando as páginas, sentindo um livro como deve ser. No entanto e do mesmo modo que as páginas amarelas nunca foram a minha leitura de cabeceira, também um livro de genealogia tem um enredo complicado.
Além disso, vejo os seguintes problemas:
- Os livros em papel esgotam. Um ebook não esgota nunca.
- O papel custa dinheiro. Uma obra com vários milhares de páginas e com tiragem reduzida terá necessariamente de ser muito caro. Um livro em formato electrónico tem um custo de produção plano, independentemente da tiragem.
- Guardar exemplares não vendidos custa dinheiro ao editor.
- Fazer uma ligação a um site ou a outra página num livro electrónico é simples. Em papel, embora possível, obriga o leitor a colocar marcadores por todo o lado.
E apesar de todas estas vantagens, só conheço o exemplo acima referido de um livro de genealogia em formato electrónico. Será por resistência às novas tecnologias?
E para não me alongar mais.. Que livros recomendariam para completar a minha colecção? Sobretudo no Algarve e na Beira Interior..
Saudações,
João Ventura
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Caro Confrade
Embora reconheça algumas das vantagens enunciadas,
é bom que os livros em papel não acabem!
Eles podem esgotar, mas algum exemplar deve restar
em algum lado.
Quanto aos ebooks daqui a 100 anos de quantos restará
um exemplar?
Venho das "velhas tecnologias" dos computadores que
ocupavam um andar, e tinham a memória do primeiro
Amstrad!
Depois, nas "novas tecnologias" vim das diskettes de 8 polegadas!
Ainda viu alguma? E das últimas de 3 1/2? Quantas vê?
E isto apenas no espaço de 30 anos.
Quantos ficheiros desse tempo foram guardados/convertidos?
É que guardá-los e convertê-los também custa dinheiro/tempo!
Depois, pega num livro e tem curiosidade em abri-lo?
Faz o mesmo quando vê uma diskette? Um CD? ....
Quanto a poupar árvores, preocupa-me muito mais aquelas
que são abatidas para fazer embalagens de produros para
enganar o consumidor, com meio metro de comprimento,
quando o produto que embaalam tem 10 cm!
Mas não invalido o valor da divulgação do conteudo dos
livros em novas tecnologias.... mas apenas aí não!
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Boa tarde, caro João Ventura
Achei muito interessante o título do seu tópico e vim ver o que era.
Confesso que apreciei a sua análise. Está correcta, é lúcida e, quase com toda a certeza, vai ser o futuro dos livros. Mas...e há sempre uma mas, já que fez a sua apreciação, aproveito para também fazer a minha, sem que tal signifique que não esteja de acordo com as suas observações...
Para mim, o livro, apesar de todas as vantagens da edição electrónica, tem um valor diferente. Preciso de o tocar, folhear, cheirar. É uma questão física, mesmo. Faz-me lembrar, num paralelismo idiota, o casamento por conveniência e o casamento por amor. No primeiro, versus edição electrónica, há a racionalidade das vantagens onde entra tudo o que o confrade enumerou e mais ainda a cada vez maior falta de espaço nas nossas casas para os livros que vamos adquirindo; no segundo, o dito casamento por amor, existe a tal química entre nós, o autor, a mensagem, que nos chega numa miscelânea de cheiros -papel, tinta. A textura do livro é variável e é afagado por nós, acariciado.
Vou confidenciar-lhe uma coisa: nunca consegui ler um livro via edição electrónica, precisamente porque necessito do tal contacto físico com ele. Entrar numa livraria é perfume para as minhas narinas e também um descalabro para o meu porta-moedas.
Saudações amistosas
Maria
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Caro Joao Ventura
Li a sua mensagem e vejo que tem a obra Genealogia das quatro ilhas que parece ter quase tudo osbre as Flores. Ando ha tempos a tentar fazer a arvore genealogica do meu neto cujo avo paterno e natural dessa ilha mas(vivo em Moscovo) quando estive em Portugal por pouco temponao a consegui encontrar em qualquer biblioteca. Pode ajudar-me nesta investigacao?
peco desculpa pelo abuso
Cumprimentos
Jose Bessa
josefbessa@sapo.pt
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Olá, Gnunes
Os meios passam, a informação continua.. Eu posso não ter nenhuma disquete, mas tenho muitos dados no meu disco rigido (e nos backups) que estiveram nesses meios (os meus trabalhos da escola de 1990). Do mesmo modo, os ebooks podem neste momento estar num dispositivo e daqui a 100 anos estarem noutro. O formato PDF é de tal forma auto-suficiente e é uma norma internacional de arquivo de informação que daqui a 100 anos ainda será possivel ler um ebook nesse formato.
Do mesmo modo, já ninguém tem os Cartuchos Stereo 8 ou as velhinhas cassetes, e ainda é possivel ouvir música dos anos 70. O mesmo se passa com os filmes do Vasco Santana que hoje me dia é possivel comprar e ter em casa em DVD.
Quanto ao prazer de abrir um livro... concordo plenamente consigo, para uma obra de ficção que é possível ler de uma ponta à outra. Para um livro técnico, para uma obra genealógica ou para a lista telefónica, acho que o papel não faz nenhum sentido.
João
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Maria,
Como disse na minha mensagem, tenho alguns milhares de livro em papel em casa.. E concordo com tudo o que disse. Mas não para livros de genealogia. Neste campo, acho que a edição em papel torna os livros demasiado caros e facilmente esgotáveis, devido às tiragens limitadas.
Impressiona-me ir à Dislivro e ver lá livros caríssimos ou esgotados. E impressiona-me também ver na Guardamor que continuam a ser divulgadas uma imensidão de obras de autor que de certeza "existem" em formato electrónico no computador do autor. Mas por falta de conhecimento ou pela percepção que não existe mercado, ninguém vende essa versão electrónica. Sabendo que cada edição de autor tem de ter uma tiragem mínima, é-me difícil compreender o investimento feito em papel (e árvores mortas) sem que se ofereça a custo quase zero uma versão paralela em formato electrónico.
Com um bom tablet, a experiência de ler um livro electrónico é bastante perto da de um livro em papel. Como dizia Pessoa: "Primeiro estranha-se, depois entranha-se". A Maria ainda estranha. Eu já passei essa fase.
Talvez este tópico sirva para ajudar um pouco a despertar algumas consciências..
João
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Olá, José Bessa
Por tudo o que disse, recomendo-lhe vivamente a compra da versão electrónica do livro "Casais das Flores e do Corvo". Está à venda na Amazon.com, iTunes e outros, mas eu recomendaria comprar na Xinxii:
http://www.xinxii.com/pt/casais-das-flores-do-corvo-p-339506.html
Com este livro, muito mais do que com o Genealogias das Quatro Ilhas será capaz de fazer a árvore genealógica completa até 1675 do outro avô do seu neto. O livro cobre exaustivamente todos os registos de casamentos que sobreviveram ao tempo, entre 1675 a 1910. Caso ainda não os tenha, terá de descobrir por outra via (Registo Civil?) os dados relativos aos registos de baptismo e casamento entre o nascimento desse avô e 1910, mas a partir daí, em menos de uma semana terá a árvore feita.
De certeza que partilhará gente com os antepassados da avó materna da minha mulher (e bisavó de meus filhos). Poderá encontrar mais dados como baptismo e óbito de todos os meus a partir dos seguintes links:
http://venturas.org/familytree/family.php?famid=F12&ged=venturas
http://venturas.org/familytree/family.php?famid=F18&ged=venturas
Tenho a certeza que os seus netos são primos dos meus filhos... :)
Cumprimentos,
João Ventura
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Boa tarde
Obrigado pelas dicas
Realmente aquilo e tao pequeno que devem ser todos parentes)))
Cumprimentos
Jose Bessa
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Caro Confrade
Apesar de já não ser propriamente um jovem, a minha vida profissional sempre me manteve junto daquilo que chamam (nome que detesto) as Novas Tecnologias.
Tive a sorte de ter um PC quase desde a altura em que apareceram e sou um utilizador convicto e experiente.
Contudo...ler um livro, é todo um outro mundo.
Estou de acordo com a facilidade de pesquisa, eu próprio tenho o Felgueiras Gayo em papel e em Word,pesquiso em Word e leio e papel :-)
Permita-me que discorde quando refere que está assegurada a continuidade da possibilidade de leitura de ficheiros informáticos. Sou para lhe dar alguns exemplos uma das primeiras versões do eu CV estava, salvo erro, em WordStar. Sabe o que é? Pois bem, quando precisei de o alterar e imprimir, não foi possível, pois o programa já não existia, não corria nos SO da altura e a única solução foi uma enorme dor de cabeça para recuperar alguma da informação que existia no ficheiro. Outro tanto se passou com ficheiros de Lotus 1,2,3 que deixou de ser possível abrir. Para já não falar em SuperCalc, que corria, salvo erro em C/CPM. E isto em qualquer coisa como 25 anos.
Tenho uma amiga responsável por um arquivo fotográfico, em que todas as imagens estão digitalizadas. A maior parte dos recursos são gastos em operações de leitura e re-escrita dos dados para assegurar a sua integridade e a possibilidade de manutenção e recuperação com novas versões de software.
Deixo-lhe apenas estas ideias porque me preocupa enormemente o que se passa actualmente, em Portugal, com os registos digitais. Se faltar o dinheiro para TI/SI, quem garante que daqui a 100 anos ainda os conseguimos ler? Mas os que temos em papeleou pergaminho, desde o inicio da nacionalidade, ainda estão disponíveis paa consulta.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Caro, João Cardoso
Tem razão em tudo o que diz, mas gostava de identificar os seguintes problemas (e algumas soluções):
1. Todos os formatos que referiu (Wordstar, Lotus, SuperCalc) são proprietários, ou seja a sua manutenção depende da vontade de uma empresa. Como sabemos, os produtos (e as empresas) são efémeras. Hoje em dia existe o ODF que é uma norma internacional e aberta, que permite retirar das mãos dos fabricantes a decisão de suporte ao formato*.
2. O arquivo fotográfico tem o mesmo problema. Para o uso diário, nós usamos JPG que é uma norma internacional (e suficientemente aberta). Um fotógrafo profissional sabe que perde definição e flexibilidade com esses formato, pelo que preferem fotografar no modo RAW. Este formato é mais uma vez proprietário. O problema com a norma para esta solução (a TIFF/EP) é que tem pouca aceitação no mercado. Muito por culpa dos fotógrafos que não se preocupam com esses detalhes.
3. Sobre os registos digitais, depende bastante da capacidade técnica dos responsáveis do IRN, mas acredito que todos esses dados residem em bases de dados Oracle. Apesar de ser a Oracle ser uma empresa, a verdade é que exportar o conteúdo destes dados para uma norma (SQL) é trivial.
4. Acha mesmo que TODOS os papéis ou pergaminhos desde o inicio da nacionalidade ainda se podem ler? Mesmo os que arderam nas várias Torres do Tombo? Ou os que foram extraviados (invasão napoleónica..)? Ou os que foram comidos pelos bichos? Devemos ficar satisfeitos por haver tantos que sobreviveram ao tempo, mas realisticamente a única forma de ter a certeza que os arquivos sobrevivem a qualquer catástrofe imaginável é digitalizar tudo e espalhar as cópias em vários locais.**
João
Notas:
* Infelizmente, em Portugal não existe legislação que exija o uso do ODF por parte da Administração Pública, pelo que a maior parte dos documentos oficiais serão um dia ilegíveis, dependo da caridade da Microsoft.
** Obviamente, à medida que a tecnologia de digitalização evoluir, deve-se repensar em refrescar a digitalização a partir do original em papel. Neste momento, as digitalizações dos registos paroquiais são fornecidas pelos Mórmones a partir de microfilmes com fotografias tiradas nos anos 80. Algumas dessas fotos estão claramente desfocadas, o que as torna quase ilegíveis. Por outro lado, por outro projecto que estou a fazer, sei que os nossos arquivos guardam +/- 400.000 livros paroquiais. Mesmo que custasse só 1€ digitalizar cada um, não me parece que seja algo a que o nosso País se possa dar ao luxo de fazer nesta altura.
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RE: Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Caro João VEntura
Estamos,portanto, basicamente de acordo.
E, é claro, nem todos os documentos em papel sobreviveram, mas os que chegaram aos nossos tempos podem ser lidos. O mesmo não se passa com os formatos digitais, e são bastante mais recentes.
A Open Source tem sido, na minha opinião, uma miragem. Numa sociedade ideal poderia ser uma solução mas, em minha opinião, é preciso muito dinheiro para a impor e, sem retorno, não vejo quem aí queira investir. Lembro-me que há uns anos uma tentativa de obrigar os serviços públicos a usar apenas programas OS, mas a coisa caiu pela base...
Resta-nos usar o que temos e ir, como muito bem fez, apontando alternativas.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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Livros de genealogia: porque é que se matam tantas árvores?
Olá João Ventura!
Estou procurando a obra "Genealogias das quatro ilhas", esgotada, há alguns meses, e me deparei com este tópico. Você ainda tem esta obra em formato digital? poderia compartilhá-la? Ficarei imensamente grato.
Até logo!
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