Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV
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Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV
Um “imbroglio” genealógico, uma caterva de erros que se podem (devem) corrigir e um mistério que perdura.
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 1
Ambas nasceram em Portugal, ambas casaram e viveram simultaneamente em Inglaterra, ambas usaram armas reais de Portugal, ... a confusão era inevitável!
Apenas uma deixou descendência mas essa, além de vários ramos ingleses, inclui o célebre Thomas Dudley (1576-1653) governador da colónia da Baía de Massachussets, fundador de Cambridge e signatário da carta de fundação do Harvard College.
http://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Dudley
Thomas Dudley tem enorme relevância pois teve uma vasta descendência e é assim para larguíssimos milhares de americanos um “gateway” isto é, um “portal” que dá acesso genealógico a Inglaterra, à sua realeza e, naturalmente a Carlos Magno. Isto exemplifica-se na excelente “Genealogics” de Leo van de Pas, onde foi inscrito na sua página:
“Gateway England - USA Royal - Charlemagne”
Quem tiver a curiosidade de visitar essa página em
http://www.genealogics.org/getperson.php?personID=I00297339&tree=LEO
poderá ver como fontes três livros de Frederick Lewis Weis (em co-autoria), David Faris e Gary Boyd Roberts, autores que seriam dos primeiros e os maiores no âmbito do que admito representar ainda hoje mais de 95% da genealogia americana: descendência de “colonists” os primeiros colonos de origem britânica e a identificação de antepassados reais de personalidades célebres, políticos, autores, actores, etc.., aqui já sem exclusividade britânica desde que conduzam a sangue real.
Nunca houve dúvidas de que a antepassada do governador Dudley, casou com Thomas Fettiplace, Esq. que de “Esquire” se viu por vezes promovido a cavaleiro “Sir” mas a barafunda começa com os casamentos anteriores de “Beatrice of Portugal” e alarga-se à sua filiação. Toda esta barafunda foi discutida à saciedade em “fora” americanos, ingleses e portugueses e este “nosso” Geneall não foi excepção pois Beatriz de Portugal/Beatrice Fettiplace foram tema em
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=193194
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=88411
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=88410
e ainda mencionada em
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=105613
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=24512
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 1
Com a vossa licença, comecemos, então, por corrigir as duas Beatriz:
Duas Beatrizes!
Assim é que se ensinava e se dizia na instrução primária do meu tempo.
Lá, aprendi também, que o caso em apreço, além de ter umas barbas muito antigas, foi devidamente estudado, deslindado e solucionado pelo Conde de Sabugosa, há mais de 100 anos. Que era um sujeito deveras culto, fidedigno, e, ajuizado.
Mas, neste lugar de freiras, frades, anjinhos & sábios L.dos, onde se resolve e promulga tudo o que se discute, sem se levantar, jamais, o traseiro da internet, parece que ninguém se interessa ou sabe disso!
Silva
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV -2
A filiação da primeira Beatriz, ao contrário da segunda, é matéria assente: filha legitimada de D. João I, rei de Portugal e de Inês Peres.
D. Beatriz de Portugal é assim irmã germana de D. Afonso, 1º duque de Bragança. De diferente apenas D. Afonso ter nascido quando o pai era ainda Mestre de Aviz e D. Beatriz ter nascido quando o pai era já Rei. Há dúvidas quanto ao local de nascimento, admitindo-se que possa ter sido Veiros e a data é imprecisa mas sempre antes do casamento de D. João I com Filipa de Lancastre em 1387, pelo que D. Beatriz é filha natural, sem o estigma da bastardia sacrílega que maculou o nascimento do irmão mais velho. Ambos compartilham a possibilidade da ascendência judaica, pois há motivos para admitir, embora sem nenhuma prova, que Inês Peres pudesse ter essa ascendência. Pessoalmente, considero-o provável.
Por simples utilidade funcional, vou utilizar uma dicotomia entre a versão portuguesa, que é apenas uma, e a anglo-americana que melhor convier pois, como se verá a seu tempo, são várias.
Segundo o “Geneall” que espelha a versão portuguesa
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=1386
D. Beatriz casou I com o conde de Arundel e, enviuvando, casou II com o barão Talbot; e veio a morrer em Inglaterra em 1447.
Já na versão inglesa - que escolhi - Beatrice of Portugal casa I com o conde de Arundel, casa II com o conde de Huntingdon e vem a morrer em Bordéus em 1439, como pode ser visto em
http://www.genealogics.org/getperson.php?personID=I00279436&tree=LEO
Constata-se que “Genealogics” tem como fonte “CP” (The Complete Peerage) na edição inicial de Cokayne, enquanto “Geneall” tem duas edições posteriores da mesma obra, revista e reeditada por diferentes autores. Só isso, permitiria já otar pela versão de “Geneall” mas este ainda se reforça com “HGCRP” (História Genealógica da Casa Real Portuguesa) de D. António Caetano de Sousa.
(a continuar)
A. Luciano
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Resposta ao (para alguns) Quim da Silba
“Duas Beatrizes!”
Num veículo informal, entendi escrever “Duas Beatriz de Portugal” e logo o confrade Silva, entendeu polemizar, começando por questão de forma. Mas, se teria toda a razão em corrigir as duas Beatrizes, já não a tem - pelo menos toda - em corrigir as duas “Beatriz de Portugal”.
Sabe o confrade Silva - ou não sabe mas enfim - que a língua além de ser uma coisa viva é uma realidade complexa e o mais importante neste veículo informal e inovador, é a comunicação. Ora para a ideia que queria transmitir “Beatriz de Portugal” constituía uma unidade semântica que saíria quebrada por “Beatrizes”.
Pessoalmente entendo ser estulto e arrogante pretender exigir perfeição formal num “fórum” com as características deste ou aliás, doutro qualquer. E não posso deixar de anotar que, a pretender corrigir erros de linguagem, teria certamente muito mais e melhores oportunidades do que com estas minhas “duas Beatriz de Portugal”, o que abre duas possibilidades:
a) Ou me tem em tão alta conta que me exige muito mais do que à generalidade dos participantes;
b) Ou não me aprecia, e pretende polemizar comigo ou meramente rebaixar-me.
A favor da primeira o silêncio em casos bem mais graves; a favor da segunda o não ser a primeira vez que acontece. Não tenho assim elementos para decidir mas nem é importante, porque tanto se me faz como se me fez.
Voltando às “duas Beatriz de Portugal” vou ler em voz alta:
- Duas Beatriz de Portugal
- Duas Beatrizes de Portugal
A segunda soa-me mal.
Acontece que este som “(t)rizes” é já de si desagradável - a ouvidos com bom gosto o que talvez não seja universal - e, talvez também por isso se veja e oiça com alguma frequência substituir actrizes e embaixatrizes por actoras e embaixadoras (apesar ...). Já quando o vocábulo é intrínsecamente desagradável, ninguém procura alternativas, como será o caso de varizes ou até, quando o sentido é depreciativo, como por vezes ocorre com narizes.
Por outro lado a cacofonia inevitável no correcto plural de nomes, vem neste caso agravar o que já era mau, isto é, Beatrizes já seria mau mas duas Beatrizes seria pior.
Se fosse possível e noutro veículo - livro, artigo, etc - seria desejável procurar uma outra forma de dizer o mesmo ainda que com prejuízo da economia de palavras. Agora entre a correcção formal de “duas Beatrizes” e a melhor eufonia de “duas Beatriz” num veículo como este “fórum” já seria de hesitar; tratando-se de “duas Beatriz de Portugal” nem sequer hesitei.
Claro que não pretendo defender que a minha escolha é a “única” correcta. Eu entendi ser a preferível mas nisto de ideias transmitidas por mensagens, há quem apreenda e quem o não consiga; e então no que a bom gosto respeita, há quem tenha e quem não tenha e, pior do que tudo, quem não o tenha mas imagina que sim.
Sobre questões de estilo de linguagem e de equilíbrio entre correcção gramatical e eufonia, recomendava a “Estilística da Língua Portuguesa” de Rodrigues Lapa, livro já muito desactualizado em relação, por exemplo, à linguagem dos meus filhos mas que ainda lhe poderia mostrar que existem no mundo outras ideias, para além das da sua professora primária, ... e de Andrieux.
“Lá, aprendi também, que o caso em apreço, além de ter umas barbas muito antigas, foi devidamente estudado, deslindado e solucionado pelo Conde de Sabugosa, há mais de 100 anos. Que era um sujeito deveras culto, fidedigno, e, ajuizado.”
Começo por me permitir duvidar de que o conde de Sabugosa fosse estudado na sua escola primária, aliás de que fosse estudado fosse em que escola fosse.
Incidentalmente, não é correcto escrever Conde de Sabugosa mas sim conde de Sabugosa, da mesma maneira que se deveria - e digo deveria porque uma das conquistas do 25 de Abril foi democratizar a ignorância - escrever ministro da Agricultura, mas já secretário de Estado da Agricultura.
Não duvido de que o conde fosse culto, fidedigno e ajuizado mas o caso NÃO FOI “devidamente estudado” nem “deslindado e solucionado”.
Começando pela última, é certo que o conde seguiu a solução correcta e que publicou há mais de 100 anos (101 se quiser ser preciso) mas essa solução era então já conhecida há mais de meio século (52 anos para ser exacto).
É assim também correcto dizer que o caso tem umas barbas muito antigas mas o que não vejo é a pertinência dessa antiguidade e isto por duas razões:
- Em primeiro lugar, o facto do caso estar em parte solucionado não invalida que tenha ocorrido uma prolongada confusão e a narrativa desse percurso poderá ter interesse “de per si”.
- Em segundo e muito mais importante lugar, porque essa solução não teve divulgação ou aceitação universal e, como exemplo mais imediato, não é a seguida por “Geneall”.
Parecia assim bem mais curial partilhar essa sua ciência da escola primária com o dr. Luís Amaral do que vir ao “fórum” polemizar comigo.
E o conde não “estudou devidamente”. O seu tratamento de pormenores como a identidade do avô de D. Beatriz e outros, claramente mostram que não existiu um estudo aprofundado. Nenhum autor e nenhum documento é citado pelo conde - excepto, salvo erro, a propósito de pormenores do casamento de D. Beatriz - e o texto do conde será tudo menos um artigo científico. O que ele fez foi descrever longamente paisagens e construções, com sensibilidade estética e cultura histórica mas quem quer que o leia logo verá que nunca um texto com essas características poderia influenciar a comunidade genealógica, como de facto não influenciou. O que me leva ao ponto final.
“Mas, neste lugar de freiras, frades, anjinhos & sábios L.dos, onde se resolve e promulga tudo o que se discute, sem se levantar, jamais, o traseiro da internet, parece que ninguém se interessa ou sabe disso!”
Eu lera já as 24 páginas do conde de Sabugosa na sua colectânea “Donas de tempos idos” e posso por isso afirmar que nunca esse texto poderia ter influenciado a comunidade genealógica, ao contrário do artigo muito mais conciso de Planché, publicado em 1860 numa prestigiada revista de arqueologia. Ao contrário, o confrade Silva parece que nem isso leu; ou, alternativamente, não apreendeu a natureza do que leu. Contextualizar não é para todos ...
E repare que nem seria necessário “levantar o traseiro da internet” como fraseia com muito discutível elegância.
http://archive.org/stream/donasdetemposido00sabu#page/60/mode/2up
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 1
Caro Jdas/Silva,
este A. Luciano já é conhecido pelas suas teorias extemporâneas e delirantes, uma das quais foi contrariada de forma definitiva há dois meses:
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=332344#lista [ver em baixo]
Nunca se deu por achado, meteu o rabo entre as pernas, e aproveitou o período de férias para passar entre os pingos da chuva.
Depois de dois meses de "travessia do deserto", regressa com novas teorias ...
Cumprimentos,
Coelho
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Jacob/Giacomo/Diego só após Colombo - Fim de mais uma teoria delirante (entupiram?) 12-07-2013, 12:24
Autor: coelho [responder para o fórum]
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Caros confrades,
foi este tópico creado para debater se o nome castelhano Diego (português Diogo) poderia ter sido usado como tradução adequada para o nome italiano Giacomo. É que Giacomo Colombo, irmão de Cristóvão Colombo, ficou em Espanha conhecido como Diego Colombo. Ora, se a tradução ou equivalência Giacomo/Diego não fosse legítima, estariamos perante mais uma inconsistência na história oficial de Cristóvão Colombo.
Sabe-se que Giacomo é uma das muitas formas originadas no nome hebraico Jacob: Jacobus, Jaume, Jaime, James, Jacques, Iaco.
Sabe-se que o apóstolo Jacob ficou conhecido como Iaco ou Yago, e portanto como Sant'Iago, que evoluiu para Santiago e San Tiago, dando origem à forma Tiago. A partir daqui, a evolução de Tiago para Diego é perfeitamente plausível.
Análise estatística mostra que a onomástica pessoal incluiu a partir do século XIII o nome Diego (antes disso, a documentação é em latim, escondendo portanto a forma vernácula), enquanto que a forma Tiago pura simplesmente não aparece. A explicação mais simples, imediatamente rejeitada por alguns, é que Diego era a forma corrente de Jacob no Portugal medieval, dado não ser compreensível que o apóstolo compostelano não estivesse representado na nossa onomástica.
A equivalência Jacob/Diego está amplamente registada na documentação moderna (a partir do século XVI), e nada leva a crer que essa equivalência não fosse a original.
Nada levar a crer ... para 99% das pessoas. Alguns, no entanto, explicam a equivalência moderna Jacob/Diego pela "forçada" e "falsa" correspondência entre Diego Colon (irmão de Cristobal Colon) e Giacomo Colombo (irmão do Cristoforo Colombo que 99% das pessoas identifica com o dito Cristobal) (ver citações em baixo [1][2][3]). A equivalência Jacob/Diego não existiria antes da época colombina.
Esta delirante teoria cai por terra com os seguintes contra-exemplos:
Contra-exemplo 1:
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Um exemplo cristalino e inquestionável, cerca de um século anterior à época colombina, tirado de Viterbo, ver "Feira":
"Ajuntemos ainda o alvará d'ElRei D. João I, de 1408, que se guarda original, e com sello pendente, na Camera de Aguiar da Beira, e diz assim: "Dom Joham pola graça de Deos, Rei de Portugal, ... Dante em a cidade d'Evora XXVI dias do mez d'Abril. El Rey o mandou por Diego Martins, Doutor em Lex, e por Vasco Gil de Pedroso, lecenceado em Lex, seus vassalos, e do seu desembargo. Johanne Annes a fez. Era de 1446 annos. Vallascus legum licenciatus. Jacobus doctor legum."
Aqui, claramente, o vassalo do rei "Diego Martins, Doutor em Lex" assina "Jacobus doctor legum".
Contra-exemplo 2:
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Diogo Lopes Rebelo, bacharel em Teologia, publicou em 1496, em latim, a obra "De Republica gubernanda per Regem", na qual o seu nome é identificado como Jacobus Lupi, em 1496. Giacomo Colombo tinha chegado a Espanha três anos antes, mas a sua carta de naturalização é de 1504. Não é crível que a suposto efeito de equivalência entre Jacob e Diogo se tivesse produzido em três anos após o início da participação de Giacomo nas viagens de seu irmão almirante.
Perante estes factos, os habituais do club colombino, sempre prontos a responder, calaram-se (entupiram?) e fez-se silêncio sepulcral. ( imagino que um deles, encarnação do diabo, tenha ardido nas suas próprias chamas ... )
Cumprimentos,
Coelho
[1] "1º Para sustentar a falácia do Colombo laneiro genovês, Giacomo Colombo foi "traduzido" por Diego Colón, o que foi com raras excepções, universalmente aceite como verdadeiro. Isto é, após Colombo/Colón, foi esta 1ª equivalência Giacomo/Diego que serviu para generalizar a mesma. Ou seja, inventado o Giacomo Colombo=Diego Colón, muita gente passou a fazer equivaler Giacomo a Diego e isso hoje é um lugar-comum.
Também é já reconhecido por quem esteja esclarecido e não sofra patologias quer por empatias familiares quer por antipatias Rosáceas, Giacomo Colombo difere na idade de D. Diego Colón de cerca de 9 anos com o limite razoável mínimo de 5. Ou seja, não são a mesma pessoa e a hoje generalizada convicção que Giacomo equivale a Diego provém de um erro.
Repare que convicção a nada obriga. Muita gente pode estar convicta porque nada leu de diferente, nunca estudou e apenas repete. O mesmo não se pode dizer de uma opinião, que pressupõe uma escolha."
(A. Luciano, 17-05-2013, 17:13)
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=329269
[2] "Não sendo possível escamotear o Giacomo Colombo, haveria que fazê-lo corresponder a Don Diego Colón. Aceite acriticamente essa correspondência, generalizou-se a convicção de que Giacomo e Diego, já que não tinham compatibilidade vocálica é porque teriam uma origem comum e - em minha opininão já abaixo de acriticamente - aceita-se que Jacob, Tiago, Jacques, James, Diego é tudo a mesma coisa."
(A. Luciano, 19-05-2013, 01:51)
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=329353
[3] "Termino repetindo já pela enésima vez. Depois de Giacomo Colombo ter sido feito equivaler a Don Diego Colón, e dada a falta de qualquer semelhança vocálica, postulou-se que a equivalência seria pela origem etimológica comum em Jacobus, fazendo equivaler Tiago a Diego. Nada mas mesmo nada suporta esta equivalência."
(A. Luciano, 11-06-2013, 10:52)
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=330683
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Alguns, quer queiram ou não, quando morrerem, irão direitinhos para os reinos dos céus.
Tome, no entanto, atenção, que o Quim da Silba está reservado apenas para os meus amigos! E não para aqueles que nem para serem meus inimigos servem.
Enferma de tendenciosidade, presunção e de idêntica falta de discernimento. Sempre nos bicos dos pés e agitando com frenesim os braços esticados ao máximo:
Eu polemizar com alguém cuja importância que tem para mim é igual aquilo que escreve, ou seja, nenhuma!!!!
Mas, o contrário, já não se aplica, como ficou comprovado há relativamente pouco tempo.
Fazendo eco ao pedido de correcções, saí em defesa do meu idioma, que para mim é bem mais importante do que essas Beatrizes!
Qual questão de forma, e mais as outras larachas todas!
O problema era este:
Não sabia como se formava o plural.
Se a senhora se chamasse Maria, é provável, repito, é possível que soubesse; mas, não tenho a certeza.
Toda essa pseudo argumentação para justificar e disfarçar a sua ignorância, não passa de simples foguetada para confundir os papalvos. Não consegue ir além disso. Os estrondos são apenas pirotécnicos ou estão misturados com outros caseiros?
Espremido o invólucro daquilo que escreve, apenas sai uma baforada.
Quando está na sua casa num ambiente informal, etc., come sem talheres, sentado no chão, e que espécie de dialecto usa?
Pois, de acordo com o que para aqui escreveu só se deve respeitar o idioma num ambiente formal!!!!… Fora dele é como se quiser.
O que me ensinaram e qualquer ser racional que se preze sabe, é que o relaxamento, o descuido, o desmazelo e, por aí adiante, são os piores caminhos seja para o que for.
Os fóruns são os sítios ideais para se melhorar e desenvolver as capacidades linguísticas daqueles que os frequentam. São como ginásios das línguas.
Pela forma com alguém se expressa e redige, não é muito difícil conhecê-la psicologicamente, no mínimo.
A língua mesmo depois do "acordo", que a fez aproximar cada vez mais dos seus chinelos que usa para sair, ainda não aboliu, por enquanto, as normas e, uma delas, debruça-se, precisamente, sobre a formação dos plurais.
Quem é para se achar acima de tudo isto pavoneando o que lhe parece bem ou mal!?…
Um medíocre egocêntrico?
Pensando em si e por sua causa, isto é, para evitar que os seu brinquedos fossem sempre mais bonitos do que os dos outros, é que foram criadas as regras gramaticais e outras normas.
Refugiou-se, como fazem frequentemente os ignorantes, pretendendo dar a entender que são intelectuais de excepção, nos macarronismos, nos servilismos de tudo que é estrangeiro, bugiando, neste caso particular, a língua espanhola com os seus “los João, los Canaro” etc..
Tanto palavreado para esconder isto!
Como do costume, “muito parra e pouca uva“.
Terminarei outro dia, se for oportuno, e arranjar paciência para aturar este eneias do presente.
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 3
Da segunda Beatriz, não se sabe quando nem onde nasceu. Por especulação apenas baseada nas armas que usou, admite-se em versões portuguesas que seria Beatriz Pinto ou Beatriz de Sousa, como poder ser visto em
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=185734
http://www.genealogics.org/getperson.php?personID=I00399377&tree=LEO
[abro parêntesis para “sugerir” que seria talvez Beatriz Pinto de Sousa e talvez por isso, tão geradora de trapalhadas como outro Pinto de Sousa, a quem chamavam “engenheiro”]
Quanto a casamentos e como se vê nos mesmos “links”, Beatriz seria na versão portuguesa, casada com Thomas Fettiplace e na inglesa (de Genealogics) casada I com “lord” Talbot e casada II com “Sir” Thomas Fettiplace; a versão portuguesa - pelo menos “Geneall” - não lhe dá a data da morte, enquanto “Genealogics” tem 1448.
Por questão metodológica, não vou agora discutir as origens “Pinto” e “de Sousa” mas explico que ambas são portuguesas ou, se quiserem, luso-brasileiras. Ainda que não fosse o primeiro a ligar Beatriz aos Sousa de Arronches, foi o prof. Francisco António Dória que difundiu em “fora” internacionais a putativa ligação a D. Lopo Dias (1360-1435) Mestre de Cristo que teve nove filhos legitimados mas nenhuma Beatriz. A primeira sugestão foi divulgada por Planché sugerindo que Beatriz poderia ser neta de D. Lopo Dias de Sousa, falecido em 1373 e cuja mulher se chamaria Beatriz. A este ES (Europäischen Stammtafeln) não atribuía filhos mas teve-os e legítimos; só que a sua morte em 1373 gerava uma cronologia impossível. Foram então William Addams Reitwiesner e Francisco Dória que adiantaram a hipótese de ser neta de um seu sobrinho, o referido Mestre de Cristo.
Neste particular “Genealogics” está duplamente “datado” pois ainda não incorpora D. Lopo Dias e mantém o erro de fazer de Thomas Fettiplace cavaleiro, este último derivado de presunção gratuita mas largo tempo aceite, de que lady Talbot, uma baronesa, não iria depois casar com menos do que um “Sir”.
Mais uma vez a versão portuguesa aparece como mais razoável, pois não seria “normal” uma lady viúva e herdada(a), casar abaixo do seu “standing” e “Genealogics” até concede em observações que é dita como pertencendo à ilustre casa de Pinto “She is described as belonging to the illustrious house of Pinto” o que só pode ter origem em ignorantes da realidade portuguesa pois Pintos, nessa época, seriam nobres de terceira categoria.
(a) Após a morte de “lord” Talbot foi reconhecida pelo duque de Bedford, regente de Inglaterra enquanto o rei seu irmão combatia em França, como “lady Strange of Blackmere” e foram-lhe entregues propriedades que permitiam suportar essa posição.
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Alguns, quer queiram ou não, quando morrerem, irão direitinhos para os reinos dos céus.
SABUGOSA, ANTÓNIO MARIA VASCO DE MELO SILVA CÉSAR MENESES, 9.º CONDE DE (1854-1923). Filho primogénito dos 3.os marqueses de Sabugosa (António Maria José da Silva César e Meneses e D. Maria do Carrno da Cunha Portugal e Meneses), nasceu em Lisboa, a 13 de Novembro de 1854, e faleceu a 21 de Maio de (1923). Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi par do Reino por sucesso (17-3-1898) e desempenhou vários cargos palatinos: mordorno-mor da Casa Real, veador e mordomo da rainha D. Amélia. Diplomata de carreira, atingiu a categoria de ministro plenipotenciário, de que se demitiu após o advento da República. Presidente da Sociedade de Bibliófilos de Barbosa Machado, sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa, fez parte da plêiade dos Vencidos da Vida, de entre os quais "era dos elementos mais identificados com o pensamento de elegancia moral que os animava". Historiador, cujos modelos preferidos na construção historiográfica foram Macaulay, Renan, Michelet e Oliveira Martins. Procurou, conforme declara no prólogo das Donas de Tempos Idos (1912), "mostrar a existência das gerações passadas, reconstruir os quadros da sua vida, e nesses quadros colocar os personagens vivos, agitando-se, movendo-se, sofrendo, amando, odiando, criando os factos, gerando as grandes epopeias, os amorosos idílios e as risonhas comédias" (p. 13). As suas obras de mais largo alcance cronológico e maior unidade interna são o Paço de Sintra - Apontamentos Históricos e Arqueológicos (1903) - história do palácio nas suas relações com a história nacional - e A Rainha D. Leonor (1921), biografia da fundadora das Misericórdias, desde a sua infância em Alcochete até à sua viuvez em Xabregas, sua protecção a Gil Vicente, à tipografia e às artes. As outras obras - fundamentalmente colecções de episódios e de perfis, em que a maior parte cabe a figuras fernininas - são as seguintes:
O Minuete (comédia em 1 acto), 1877. Poemetos, 1882. Na Guela do Leão, 1887. De Braço Dado (de colaboração com o conde de Arnoso), 1894. Auto da Festa de Gil Vicente (com urma explicação prévia), 1906. Embrechados, 1908. Historiadores Portugueses (conferência), 1909. Gente d'Algo, 1915. Auto da Natural Invenção de Ribeiro Chiado (com uma explicação prévia), 1917. Neves de Antanho, 1918. Outra Rainha, 1922. Bobos na Corte, 1923, etc..
Agora, a bitola e a craveira académica/intelectual deste frade menor, de plantão, e chegado, pelos vistos, recentemente do deserto:
Nota: terei de lhe dar seguimento noutro dia, uma vez que outras e mais altas exigências me procuram.
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 4
Como antes disse, à versão portuguesa, opõem-se diversas versões inglesas:
- Dugdale escrevera que Beatrice casara I com Gilbert, 5º “lord” Talbot e II com o conde de Arundel;
- Na primeira versão de CP, casava I com o conde de Arundel e II com o conde de Huntingdon;
- Em posterior edição, seria também como acima e aparecia então outra Beatrice of Portugal, casada I com lord Talbot e II com (sir) Thomas Fettiplace;
- Ainda noutra versão posterior a mesma Beatrice of Portugal teria casado I. com Arundel, II com Talbot e III com Fettiplace;
- E em algumas genealogias da família Fettiplace e famílias associadas inglesas, e em muitas das americanas, à versão anterior acrescenta-se um IV casamento com John Holland.
Depois da ignorância anterior - a família de lord Talbot só fôra tratada em “CP” e a única filha do casal, morrera nova - e da confusão posterior - duas confundidas numa só - já não há qualquer dúvida de que são bem duas diferentes; e para a segunda, nas fontes portuguesas apenas persiste a especulação - não mais do que isso - entre a origem Sousa e a origem Pinto. Nas fontes anglo-americanas, além dessa, ainda aparece raramente que seria filha do rei D. Pedro, menos raramente, que seria filha do rei D. Afonso e bem mais de que seria do rei D. João I e mais ainda de que seria descendente de D. Afonso III em muitos casos precisando-se que o seria pelos Sousa.
Uma primeira abordagem - propositadamente limitada - das fontes inglesas, permite verificar que Beatrice, lady Talbot é em várias dita filha do rei de Portugal sem precisar que rei; já Beatrice Fettiplace é por duas vezes referida, em grafias muito variadas com as transcrições publicadas, filha de “Alphoncius Kinge of Portingall”. Em leitura desapaixonada e tendo em conta que o último rei Afonso, D. Afonso IV morrera século e meio antes, seria legítimo concluir que Beatrice Fettiplace era “descendente” de um rei Afonso de Portugal; como seria igualmente legítimo interpretar que “filha do rei de Portugal” sem mais especificação, seria referido ao rei contemporâneo (de Beatrice).
Esta interpretação foi seguida por alguns que, aceitando a evidência de duas diferentes Beatriz, chegaram a propor que D. João I tivera duas diferentes filhas desse nome, a segunda eventualmente por outra mãe e porventura não legitimada. Teria então a filha legitimada do rei casado com Arundel e Talbot ou Arundel, Talbot e Holland, tendo a outra casado com Fettiplace ou seja, excluindo o casamento com Holland, seria a versão portuguesa mas em que Beatriz Pinto ou de Sousa, seria de Portugal, uma ignorada filha bastarda de D. João I.. Note-se que se trataria de bastardia de filha de homem casado pois, com divergências importantes que depois serão referidas, quase todos aceitam que Beatrice Fettiplace seria mais nova do que D. Beatriz de Portugal e muitos especulam que teria vindo para Inglaterra no séquito desta última, como criada, camareira, aia ou dama de companhia. Pessoalmente também o considero provável mas por agora, sem especular sobre a sua situação.
(a continuar)
A. Luciano
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Esclarecimentos a propósito de um trauliteiro e trafulha: "Quim da Silba" (para alguns)
Veio agora o trafulha com um "copy-paste" de artigo enciclopédico sobre o conde de Sabugosa. A intenção é clara e chama-se falácia do homem de palha.
A técnica é conhecida: cria-se um facto, argumento, ideia que nunca existiu - o homem de palha - e demonstra-se então a falsidade/erro desse inventado facto, argumento, ideia ou o que for, para concluir que o antagonista não tem razão.
Ora fique bem claro que eu nunca ataquei, critiquei ou tentei diminuir o conde de Sabugosa. O que afirmei é que o seu citado ensaio sobre D. Beatriz de Portugal não teve qualque impacto na questão genealógica. Poderia acrescentar que o conde foi muito coisa mas não foi genealogista, não é conhecido nem é referido por isso e a sua obra - e não apenas o ensaio sobre D. Beatriz - possa embora ser exactíssima, nunca teve influência em questões genealógicas. O conde não é nem foi fonte de genealogia.
Acrescento ainda que a pessoa do conde só me podia ser simpática. Como muitos sabem sou monárquico e nunca poderia deixar de admirar uma pessoa que se demitiu da sua sinecura - uma categoria profissional de ministro plenipotenciário exercida no gabinete ministerial - logo após a implantação da República, o que poucos fizeram.
A propósito do conde, a única curiosidade - e é mesmo apenas curiosidade - que posso ter, seria saber porque nunca se encartou como marquês e sobretudo, como conde de S. Vicente, de que seria o 11º titular.
Quanto ao trauliteiro que subscreveu a mensagem anterior - a primeira sob a mesma epígrafe imbecil - ainda não decidi se respondo se me limito a puxar duas vezes o autoclismo. Mas, se responder, não vai ser bonito.
A. Luciano
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Ultrapassaste, frade, com o trafulha, todas as barreiras das asneiras e das imprevidências...
“falácia do homem de palha”
Que feliz e que tão inspirado estiveste com essa expressão para te auto retratares!!!
Verdadeiramente assombroso este fruto do acaso!
Só não sei se, ao olhares para ti, não ficarás com certos desejos incontrolados.
Quererás ter a bondade de copiar e colar, significa “copy and past”, um artigo enciclopédico a teu respeito?
Nem que seja obtido de um daqueles de que te serves para vires para aqui, divagar: wikipédico ou desse género?
É que eu não consigo encontrar nada a teu respeito!
Pois, quando meto o teu nome numa barra de endereços, o resultado é este:
http://www.google.com/imgres?imgurl=https://si0.twimg.com/profile_images/378800000313245771/63110c474c0a666512f4fd7076e8cc07.jpeg&imgrefurl=https://twitter.com/EyeLoveLLuci&h=500&w=500&sz=27&tbnid=Fpz1wpAmzKi-0M:&tbnh=90&tbnw=90&zoom=1&usg=__Wt0i4MbOSSkQqlKtpzo1t2-XKDo=&docid=NMv-OYQnzq6BeM&hl=en&sa=X&ei=It8pUrSSO6Wp7QbH7IGQBQ&ved=0CH4Q9QEwDg&dur=572
Não és tu, pois não?
Nem sequer na Biblioteca Nacional nem nos “Livros das Invenções e Descobertas“!
Será culpa da tua modéstia, que tão exemplarmente casa contigo, que escondes tudo do público?
Ou será que os trabalhos ficaram no deserto ou, por outro lado, e plagiando a tua apregoada elegância caseira, arquivaste-os na sala onde está o teu autoclismo, “WC“, este nome talvez seja mais do teu agrado, e depois, por descuido ou não, puseste-o a funcionar e lá se foi tudo por ali abaixo?
Longe vão os tempos em que os comandantes, solidariamente, afundavam-se com os seus navios, lembras-te?
Errata
Onde está “Los João” deve ler-se “Los Joao“.
Onde está “dos seus chinelos que usa para sair” deve ler-se “dos chinelos que, suponho, usa para sair nos dias estivais”
Nota: queres encontrar-te comigo para o que te aprouver ou, dependendo de ti, até para fumarmos o cachimbo da paz?
Como verificas, sou um bom cristão, assim como um cristão bom, não ofendendo, por isso, gratuitamente ninguém.
Tendo-se dado conta da confusão que existia na própria Inglaterra, acerca dessas duas pessoas, onde estava bem relacionado com o meio intelectual e científico, o Conde de Sabugosa foi a esse país para estudar o assunto “in loco“, como fazem as pessoas responsáveis, conscientes e profissionais, dando crédito aos seus pergaminhos e, demonstrando uma vez mais, que era uma pessoa ajuizada e capaz.
Que ligação existirá em se ser ou não monárquico, com o apreço que se tem ou não pela obra do Conde de Sabugosa ou de outro qualquer!
As tontarias puxam tontices… encadeadas, não concordas? Claro que não.
O que vai a seguir não é para ti que tudo sabes e, mais qualquer coisa ainda.
A despropósito, aproveito para referir como curiosidade, que, noutro artigo da “Gente d'Algo”, verifica-se que Isabel a Católica tinha muito pouco de católica:
Usurpou o trono, corou-se a si mesma, mandava envenenar no seu país ou fora dele quem fosse um entrave para os seus desígnios, possuindo ainda no estrangeiro um serviço de espionagem muito eficaz.
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RE: Ultrapassaste, frade, com o trafulha, todas as barreiras das asneiras e das imprevidências...
Errata
Coroou-se e não corou-se
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RE: Ultrapassaste, frade, com o trafulha, todas as barreiras das asneiras e das imprevidências...
Paste e não past.
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 5
O tratamento dos nomes e “styles” embora sem qualquer relevância factual, é mais um elemento perturbador, nesta confusão. Pessoalmente, não hesito em D. Beatriz de Portugal e prefiro Beatrice Fettiplace quer para frisar estar já entrosada na cultura inglesa, como para deixar claro que não me satisfaço com Beatriz Pinto ou Beatriz de Sousa. Embora reconheça ser um disparate, para mim ela seria quando muito Beatrice from Portugal mas muitos e quase todos os descendentes, preferem Beatrice of Portugal, ainda que a remetam para D. Afonso III por ignorado Sousa.
Americanos e alguns ingleses, gostam de Thomas Fizallan, 11th Earl of Arundel, enquanto os portugueses mais tradicionais, dizem Thomas Fitzallan, conde de Arundel e de Surrey. Com o devido respeito e sem duvidar de que os condes de Arundel descendem dos Fitzallan, o que é certo é que desde que foram elevados a condes foram a pouco e pouco abandonando o patronímico e no tempo do 11º conde havia mais de um século que não se encontrava um Arundel mencionado em documentos como Fitzallan.
Também os portugueses mais tradicionais referem Sir Gilbert Talbot, barão de Irchenfield e de Blackmere mas creio que, fora de contexto, relativamente poucos ingleses identificariam o barão de Irchenfield e Blackmere. Para estes é Gilbert, 5th Lord Talbot ou menos vezes 5th Baron Talbot e também o vi como Sir Gilbert, 5th lord Talbot e até Gilbert Talbot, Knight, especialmente em contextos em que a Ordem da Jarreteira era central.
Fettiplace, poucas vezes o vejo como Thomas Fettiplace, Esq., como correcto, sendo mais vulgar apenas Thomas Fettiplace, que é pouco informativo; e também Sir Thomas Fettiplace o que é errado e provavelmente pelo motivo já apontado.
Finalmente John Holland é para portugueses e americanos duque de Exeter e também ou não conde de Huntingdon e de Ivry, enquanto para ingleses é quase sempre conde de Huntingdon, precedido ou não de John Holland e raríssimamente duque de Exeter. Isto significa que raríssimamente seria assim referido em documentos, isto é, que não usava esse título o que pode dever-se ao condade de Huntingdon ser patrimonialmente mais relevante - era mais antigo mas isso não seria curial - ou mais provavelmente ao facto de seu pai, o primeiro duque, ter sido executado por traição.
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 6
Novamente abstraindo das fontes primárias, a versão portuguesa permitia uma “estória” simples e sem sobressaltos. D. Beatriz casa com o conde de Arundel em 1405 e fica viúva dez anos depois. Tem então um casamento curto - só tiveram uma filha - com “lord” Talbot, que morre em 1419. Porque esse casamento foi curto e também pelo superior estatuto do primeiro marido, continua a aparecer em documentos como condessa de Arundel e é depois sepultada junto do primeiro marido.
Pouco depois de enviuvar pela segunda vez, patroniza o casamento de Beatriz, uma portuguesa que com ela viera de Portugal, com o mordomo de uma das propriedades do marido.
Já a versão inglesa apresenta diversas implausibilidades.
D. Beatriz de Portugal, viúva em 1415, casa com John Holland em 1433 após um longuíssimo período de 18 anos de viuvez.
Mais estranho ainda, depois de ser duquesa por 7 anos, morre e é spultada como condessa junto do primeiro marido.
Parece também implausível que “lord” Talbot que, embora de estuto inferior ao do conde de Arundel, casara anteriormente com Joan of Gloucester, filha do 1º duque de Gloucester e neta do rei Eduardo III, fosse fazer um segundo casamento com uma portuguesa de obscura linhagem, como nessa época seria qualquer das portadoras de crescentes, Pinto, Queiroz, Homem e possivelmente outras.
Também seria peculiar - para dizer o mínimo - que a viúva lady Talbot fosse depois casar com o mordomo de uma das propriedades de seu finado marido. De facto, o casamento de uma “lady”, baronesa e bem herdada, embora possivelmente com mais usufruto do que nua-propriedade, com um membro da sua casa, categorizado é certo mas que nem cavaleiro era, dá que pensar.
Esclareço que o “bem herdada” é suficientemente documentado por vários documentos notariais que demonstram que o casal Fettiplace terá aproveitado parte da herança Talbot. É no contexto destes documentos, alguns só recentemente publicados, outros apenas extractados, que seria impossível que, se fosse de facto condessa viúva de Arundel, nunca assim fosse identificada. Como aliás acontece com Beatriz de Portugal, ré em diversos processos (Patent Rolls) que contra ela foram postos, normalmente alegando que sendo ela portuguesa - nascida em Portugal - pelas leis (costumes) não poderia ter adquirido conjuntamente as propriedades adquiridas pelo marido e que à morte deste sem testamento, a elas não teria direito. Parece ter ganho todos os processos e teve mesmo dois privilégios reais a confirmarem-na em determinadas propriedades que foram do marido. Mais tarde, já casada com John Holland, conde de Huntingdon, documenta-se em relação às mesmas propriedades e em mais do que um desses documentos, é explicitamente identificada como anterior condessa de Arundel, o que prejudica definitivamente a versão portuguesa.
É também esclarecedor e igualmente demolidor para a versão portuguesa, que por um IPM (Inquisition post-mortem) de 1419 se pudesse ter provado que “lady” Talbot estava já casada em 1413 e 1414, isto quando D. Beatriz de Portugal se encontrava ainda casada, pois o conde de Arundel apenas morrre em 1415.
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 7
Não queria tornar estas mensagens demasiado “pesadas” mas, pela sua relevância, seleccionei dois extractos.
«...one of the IPMs taken after his death in 1419. That for Shropshire (CIPM xxi.318), taken on 3 Dec 1418, says, inter alia:
‘Jointly with his wife Beatrice, who survives, he held the manors of Black Park and Whitchurch with the advowsons of Whitchurch and Ighfield, by the grant of Roger Thresk, parson of Whitchurch, Edward Sprynghose and John Camvyle, esquires, to them and his heirs and assigns, by their charter shown to the jurors and dated at Black Park on 23 Oct 1413. ...
They also held jointly the manor of Dodington by the grant of Roger Thresk, parson, and others as above by their charter shown to the jurors and dated at Black Park on 9 Apr 1414.’»
[trazido por Matt Tompkins]
Como dito, este IPM mostra que em 23/10/1413, cerca de dois anos antes da morte do conde de Arundel, “lord” Talbot e Beatrice estavam já casados.
«It is not an IPM proper, but is rather Beatrice's Assignments of Dower out of the estates of John Arundel, earl of Arundel (in the counties of Essex, Wilts and Salop), made on the occasion of her re-marriage to John Holand, earl of Huntingdon. The writs de dote assignanda were quite explicit on this point - below are quotes from two of the calendar entries (which include useful cross-references to various relevant CPR and CCR entries - there has always been plenty of evidence available for this marriage).
Matt Tompkins
“[p. 94] "BEATRICE, WIFE OF JOHN, EARL OF HUNTINGDON, WHO WAS WIFE OF THOMAS, EARL OF ARUNDEL
134 Writ de dote assignanda. ‡ 24 February 1437. [Wymbyssh].
Henry V, by his special grace and licence, granted that his beloved Beatrice, who was wife of Thomas, late earl of Arundel, who held of Henry V in chief, might, after the return of the inquisitions [post mortem] to Chancery, sue for livery of her rightful dower from those lands, tenements, knights’ fees, advowsons of churches, franchises, liberties and other possessions in England, Wales, or the Marches, that were of the late earl and taken into the king’s hand, taking the issues from the time of the late earl’s death, as more fully contained in letters patent of Henry V [CPR 1413–16, p. 400]. On 28 April 1416, a writ de dote assignanda was issued to the escheator as clear by inspection of the rolls [CClR 1413–19, p. 313]. The escheator left office before the execution of the writ and on 20 January 1433, we, by our special grace and with assent of our council, granted that Beatrice might marry our beloved kin, John, earl of Huntingdon, as contained in our letters patent [CPR 1429–36, p. 250]. This is the order to assign rightful dower to the earl of Huntingdon and Beatrice, in her right, taking the issues from the time of the late earl’s death [CClR 1435–41, p. 87].”
Como este há diversos outros, provando sem dúvidas que Beatrice, condessa de Arundel, voltou a casar com o conde de Huntingdon, inexistindo qualquer menção a um terceiro casamento no intervalo.
Claro que, agora que sei a verdade, reconheço que poderia ter estado mais atento e ter desconfiado muito mais cedo pois já de discussões anteriores a 2000 e reacendidas em 2002/2003 tinham sido apresentados documentos, aliás extractos, que levantavam fundadas dúvidas sobre a veracidade da versão portuguesa.
Dois extractos de IPM então divulgados:
Arundel, Beatrice, Countess of (1439/40) TNA C 139/98/28
Talbot, Beatrice, who was the wife of Gilbert, kt (1447/8) TNA C 139/130/7
Como depois bem observou Todd A. Farmerie, ocorria haver mais de um IPM para a mesma pessoa mas seria extraordinário que uma pessoa com a categoria (rank) de condessa de Arundel, fosse depois simplesmente identificada como mulher de um cavaleiro.
Aconteceu porém que, além de desconhecedor da documentação inglesa e seu valor probatório, valorizava a uniformidade e coerênciadas fontes portuguesas face à disparidade e implausibilidade das anglo-americanas e só despertei quando Joe (?) publicou um “link” para um artigo primeiro referido por Douglas Richardson.
http://books.google.com/books?id=a_0GAAAAQAAJ
[abrindo o link por copy-paste na barra de endereços, escolher “pré-visualisar” e ir para a pág 87]
Trata-se de um selo de Beatrice Talbot, senhora de Blackmere (baronia de “lord” Talbot) num documento existente no Museu Britânico. Embora sem cores, é um partido de 1. Talbot esquartelado com Strange e 2. Portugal antigo (quinas sem bordadura) esquartelado com um sautor de crescentes ou seja, as mesmas armas que em diversas representações, algumas com pequenas diferenças, deixou Beatrice Fettiplace; e armas que nunca seriam de D. Beatriz de Portugal que nenhum motivo teria para esquartelar crescentes em sautor.
Este selo fora já referido em anteriores discussões mas nessa ocasião o livro ainda não estava disponível “on-line” e lembro-me do prof. Francisco Dória ainda questionar se se trataria de documento coevo se de reconstituição posterior. Como agora revivi, o impacto visual de uma imagem é bem superior a qualquer descrição de conteúdo.
Do “lado” português não houve reacção explícita, nem negação nem aceitação mas Nat Taylor, um americano, colocou “on-line” uma súmula das discussões e afinal a sua principal conclusão repete Planché que já no séc. XIX tinha destrinçado correctamente as duas Beatriz.
http://www.nltaylor.net/pdfs/a_Fettiplace.pdf
[se o “link” não funcionar, introduzir numa “Googlesearch” “Beatrice Fettiplace” (entre aspas) e o “pdf” de Nathaniel Lane Taylor deve ser o primeiro ou dos primeiros resultados]
Desde essa data que a genealogia portuguesa ficou mais uma vez “orgulhosamente só”.
Continua a parecer-me estranho que “lord” Talbot, viúvo de Joan of Gloucester, fosse casar com Beatriz “Pinto de Sousa”; e que esta viesse depois a casar com o mordomo do marido na sua propriedade de Oxfordshire.
Continua a parecer-me estranho que D.Beatriz de Portugal ficasse viúva 18 anos em Inglaterra - sem ingressar num convento nem regressar a Portugal - para depois casar com John Holland; e que depois de duquesa por sete anos, fosse devolvida à sua anterior condição e sepultada como condessa em Arundel.
Mas ainda mais estranho me parece que esta questão, de facto já esclarecida há mais de século e meio, continue tão bloqueada na genealogia portuguesa como estava em finais do séc. XIX, quando foi escrita a carta que como curiosidade, a seguir transcrevo.
«Legation of Portugal,
London,
August 20th, 1887.
Sir,
Pray accept my best thanks for your letter relating to the Fettiplace Tomb. All that I can say in reply to it is that in 1405 an illegitimate daughter of King John I. of Portugal, named Beatrice, married Thomas, Earl of Arundel and Surrey. Left a widow she re-married in 1415 to Gilbert Talbot, Baron of Irchenfield and Blackmere, K.G. She was again left a widow in 1419. I am convinced that she did not marry Sir John (? Thomas) Fettiplace as her third husband. I am sorry that I am unable to give you further information.
Accept, etc.
(Signed) M. D'ANTAS. »
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 8
Podemos já extrair algumas conclusões.
A - D. Beatriz de Portugal
Nasceu cerca de 1386 possivelmente em Veiros, filha do rei D. João I e de Inês Peres.
Casou I com Thomas, 11º conde de Arundel em 26.11.1405 e enviuvou em 13.10.1415.
Casou II com Johan Holland, conde de Huntingdon em 20.1.1433 (data do contrato).
Morreu no estado de casada em 23.10.1439 em Bordéus e foi sepultada com o primeiro marido em Arundel.
B - Beatriz N...
Ignora-se onde nasceu e quem foram os pais. Terá nascido nunca depois de 1397, provavelmente antes de 1392 e possivelmente bastante antes.
Casou I antes de 1413 com Gilbert, 5º barão Talbot e enviuvou em 1419.
Casou II com Thomas Fettiplace, Esq. e enviuvou cerca de 1445/1446.
Morreu no estado de viúva em 25.12.1447 e foi sepultada com o segundo marido em East Shefford, Berkshire.
Recorrendo por comodidade a “Geneall” na página de D. Beatriz
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=1386
constata-se que a informação até ao primeiro casamento está correcta mas os dados seguintes, casamento com Gilbert Talbot e morte, dizem já respeito à outra Beatriz.
De estranhar a data e local da morte pois os dados publicados dizem respeito e Beatrice Fettiplace como certamente constará na fonte de onde foram recolhidos.
Na página da outra Beatriz
http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=185734
a segunda Nota que admite a possibilidade de se tratar de uma filha de D. Álvaro Vaz de Almada, ignora completamente a questão heráldica que torna tal suposição impossível.
A terceita Nota que por comodidade reproduzo ...
“Mas no registo de casamento com Thomas Fettiplace é nomeada Beatriz de Pinto, nascida em Portugal em 1403, filha de Alphoncius Kinge, o que desmente a ascendência que lhe tem sido atribuída e aponta naturalmente para se tratar de uma terceira Beatriz, contemporânea das anteriores, e filha deste enigmático Alphoncius Kinge.”
... demonstra muito má qualidade da fonte de “Geneall”. Em nenhum documento Beatriz é dita “de Pinto” - ou apenas Pinto, nenhum documento diz que nasceu em 1403 e sabe-se que estava já casada am 1413. Mais grave a afirmação sobre o “registo de casamento” numa época em que não existiam tais registos e aliás, nenhum documento coevo - contrato ou outro - é conhecido para qualquer dos casamentos desta Beatriz.
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 9
O artigo de Planché foi publicado no prestigiado “Journal of the British Archaelogical Association” de Março de 1860 e pode ser lido em
http://archive.org/stream/journalbritisha21unkngoog#page/n180/mode/2up
mas também mais facilmente na página de David Nash Ford
http://www.berkshirehistory.com/articles/fettiplace_monument.html
com a vantagem dos escudos terem sido iluminados.
A idade de Beatriz
Afastada a data de 1403 que, entre outros tem “Geneall”, o que se sabe ao certo é que em 23 de Outubro de 1413 estava já casada com “lord Talbot” este já viúvo de Joan Plantagenet (Gloucester). Ora nunca casaria com menos de 16 anos e nunca assim teria nascido depois de 1397 o que é já suficiente para eliminar alguns erros.
Planché que, com alguma razão mas pouca imaginação, se interroga sobre como teria “lord” Talbot conhecido Beatriz e não conhecia o já citado documento que a prova casada antes 23.10.1413, especula que se terão conhecido e casado durante um torneio efectuado em Lisboa em 1414. Não sei em que se baseou Planché para afirmar que “lord” Talbot participou nesse torneio mas, sabendo-se hoje que estariam já casados, poder-se-ia com melhor base especular que foi exactamente o casamento com uma portuguesa que terá levado “lord” Talbot a participar no torneio, eventualmente proporcionando a sua mulher uma oportunidade de rever a terra natal. Mas o que é mais interessante na especulação de Planché - por quem só posso ter admiração pela forma que tratou e deslindou esta confusão - é que, refutando que o casamento possa ter sido tratado pelo pai de “lord” Talbot que esteve anteriormente em Portugal na comitiva do duque de Lancaster, é que admite possível que em 1381 Beatriz ou não teria nascido ou fosse de muito tenra idade. Ou seja, Planché, embora sem o achar provável, admite que Beatriz pudesse ter nascido por 1379.
Também não se conhecendo a data do seu casamento com Thomas Fettiplace, admite-se que terá sido cerca de 1423 e ao filho desse casamento, pode-se por idade constante num qualquer documento, calcular o nascimento em 1423/1424. Não sendo provável, nada teria de impossível o nascimento nessa data limite de 1479 pois teria sido sido mãe com 45 anos e morrido com 68.
Mas especulando que terá vindo para Inglaterra na comitiva de D. Beatriz em 1405, conclui-se que esteve ainda cerca de 8 anos ao serviço desta e casa depois com “lord” Talbot, um viúvo já não muito novo. Pessoalmente, consideraria mais provável que fosse de idade muito aproximada de D. Beatriz o que a faria casada I com 26/27 anos, mãe pela última vez com cerca de 38 anos e falecida com cerca de 61.
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV - 10
Beatriz “de Sousa”
Como se sabe, todas as especulações sobre a família de Beatriz são baseadas na heráldica e em declarações de descendentes em Inglaterra mas estas são muito posteriores pois a primeira, que a diz filha de “Kinge Alphoncius” é de 1556 mais de um século após a sua morte.
O selo de Beatriz, como "lady" Strange de Blackmere, inclui um esquartelado de armas de Portugal antigo (quinas sem a bordadura de castelos) com um sautor de crescentes. Das várias representações de armas de Beatriz Fettiplace, pode-se concluir que se manteve a consistência das linhagens - Portugal antigo e crescentes em sautor - embora por motivo estético em composição com outras armas, o esquartelado tenha sido reduzido a um cortado. E também que, ao contrário da composição das peças em cada partição, houve alguma inconsistência nas iluminuras. Admitindo que as mais frequentes entre as mais antigas seriam as correctas, os crescentes seriam de prata em campo vermelho.
Como se sabe e pode ser relembrado em
http://www.geneall.net/P/fam_page.php?id=876
os Sousas de Arronches, antes de juntarem a bordadura e o filete, usavam um esquartelado de armas do reino com uma caderna de crescentes de ouro em vermelho.
Todas as especulações, neta de D. Lopo Dias de Sousa, filha de D. Lopo Dias se baseiam inteiramente na hipótese de uma caderna (4) de crescentes ter sido representada por/alterada para um sautor (5) de crescentes e o ouro alterado para prata (esta última com menor grau de certeza pois numa das primeiras representações os crescentes eram de ouro).
Mas, com o devido respeito pelos muitos que aceitaram esta hipótese, isto parece-me um rotundo disparate.
Desde já um sautor, típico da armaria portuguesa mas raro na inglesa, não seria um erro provável. Por outro lado, embora hoje muito conhecimento se tenha perdido, a heráldica era tudo menos casual; peças, iluminura e disposição tinham sempre um significado e entendo que uma caderna fechada de crescentes, isto é, com os côncavos virados para o centro, seria profundamente diferente - Carlos Fonte diria semânticamente diferente - de um sautor com os côncavos para cima.
Beatriz “Pinto”
Se Planché não errou, esta hipótese nasceu em Portugal, publicada num romance de um sr. Morais Sarmento, que se terá “apaixonado” pela personagem de D. Beatriz e que observou que as armas dos Pinto eram um sautor de crescentes de vermelho em prata. Mas pelo que me apercebi, a divulgação apenas teve eficácia em Inglaterra e aí dizia-se provavelmente da família “de Pinto” muitas vezes adjectivada de muito ilustre ou equivalente. Já assim consolidada em Inglaterra, foi então reexportada para Portugal com ornamentos que nunca teve, como se vê em “Geneall” que fundamenta o “Pinto” num inexistente registo do casamento de Beatriz com Thomas Fettiplace.
Heraldicamente, seria muito menor disparate do que o Sousa pois uma inversão de cores é muito mais aceitável do que a transmutação de uma caderna num sautor, mas deixaria por explicar as armas reais o que entendo metodologicamente inaceitável. Explicando melhor, se alguém tivesse encontrado um casamento Pinto com família que usasse Portugal antigo - os Sousas ditos de Arronches não eram os únicos - se conseguisse especular em contexto na família assim encontrada uma possível filha em cronologia adequada, melhor ainda, se encontrasse outra(s) ocorrência(s) do nome Beatriz nessa família, então já teria alguma base a presunção da inversão de cores. Mas assim é apenas a conjugação de uma mão cheia de vento com outra cheia de nada.
(a continuar)
A. Luciano
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RE: Duas Beatriz de Portugal - Sécs. XIV/XV 11
Beatriz N...
As duas hipóteses até há pouco admitidas baseavam-se ambas na presunção de erro na representação das armas em Inglaterra, num caso erro no número, disposição e metal das peças - o ouro dos Souzas e a prata de Beatriz - noutro, erro apenas na iluminura com inversão de cores.
Postulado o erro, investigava-se a possibibilidade de existência de uma indocumentada Beatriz que pudesse ter existido na linhagem. Mesmo deixando de fora perfeitos absurdos, como o de alguém que embandeirou em arco por ter descoberto um Sousa que foi senhor de Pinto, parece uma má metodologia.
É certo que para ingleses, o facto das armas reais ocuparem o primeiro quartel era prova bastante de que Beatriz tinha ascendência real por varonia e daí ninguém estranhar o “filha do rei de Portugal” depois “filha do rei Afonso de Portugal” e finalmente “filha do rei João de Portugal”. Convém aqui esclarecer que estas últimas “filiações” não são de documentos notariais nem judiciais mas de “visitations”. Estas “visitações” eram uma espécie de inquirições feitas numa dada localidade ou região por oficiais, os “heralds” que faziam o levantamento dos notáveis e suas famílias, sobretudo os terratenentes e os detentores de ofícios régios. Como era de esperar eram muito precisas na época própria ou pouco recuada mas para gerações anteriores, baseavam-se essencialmente em informação dos próprios, nem sempre corroborada por documentos. Foi assim um descendente de Beatriz e Thomas Fettiplace, em 1623, bem mais de século e meio depois da morte deles, que está na origem do “filha do rei João”. Mas publicado em artigo especializado ou monografia local, quem acedeu à publicação, não teria já conhecimentos suficientes para avaliar a fonte e, de repetição em repetição, acabaria aceite até numa edição de “CP”.
Por seu lado em Portugal, ninguém parece ter observado que muito dificilmente - eu diria que com probabilidade practicamente nula - num casamento entre um Sousa de Arronches e uma Pinto, o modesto sautor destes desalojasse a muito mais prestigiosa caderna dos Sousas. Mas isso já poderia acontecer na hipótese contrária, isto é, o casamento de um Pinto com uma Sousa em que a varonia não seria ignorada mas que a regra da armaria portuguesa que coloca sempre as armas reais no primeiro quartel levasse à composição que se conhece. Note-se que esta regra não existe em Inglaterra e um inglês não a imaginaria.
Também no mesmo sentido, não vi até há pouco preocupação com o elevado estatuto dos Sousas da linha de D. Lopo Dias e que levou a serem conhecidos os seus nove filhos ilegítimos. Isto é, se Beatriz fosse filha de um Sousa e de uma Pinto ou outra, quer por ter casado com um “lord” inglês se porventura o casamento foi contratado em Portugal, quer por ter ido para Inglaterra na comitiva de D. Beatriz de Portugal, haveria grande probabilidade do seu nome ter ficado documentado. Como evidente, essa probabilidade diminuia fortemente no caso de ser filha de um Pinto e de uma Sousa.
Hipótese mais interessante, exactamente no sentido das objecções que veiculei, foi formulada em Outubro de 2008 - em informal troca de mensagens - pelo dr. Manuel Abranches de Soveral. Citando:
“Hipótese mais interessante seria aceitar que as armas estavam correctas e que, portanto, nem eram de Pinto nem de Souza, mas, finalmente!, um exemplar cromado das armas dos Braganções, que pelo selo de D. Pedro Garcia sabemos ser um escudo com cinco crescentes.”
Avançando na hipótese, Soveral, refere uma linha de Braganções que avança até ao século XV por vezes já com o nome de Bragança e tratados nas genealogias por Antas. Dessa linha um Estêvão Anes de Bragança legitima 5 filhos por carta real de 4.7.1399, sendo 4 de Maria Afonso e o mais novo de Margarida de Souza. Poderia assim Estêvão Anes ter depois casado com Margarida de Souza e Beatriz ser já filha do casamento. Infelizmente para tornar possível a hipótese, Beatriz teria de ter nascido após ou meses antes de 1399 o que já vimos ser impossível pois estava já casada em 1413.
Ao jeito de conclusão, pois o mistério perdura, será mesmo Beatriz N....
Muito dificilmente será de varonia Sousa e a sê-lo, seria de ramo secundário, mas já é bastante provável que o seja por linha feminina.
A varonia Pinto é muito improvável.
Sabendo-se que crescentes eram normalmente atribuídos a cavaleiros que se distinguiram nas guerras contra os sarracenos e admitindo como melhor hipótese que a representação inglesa das suas armas esteja correcta, seria então de uma linhagem já extinta ou já sem qualquer importância no reinado de D. Manuel I. Os Braganções-Braganças-Antas são uma boa hipótese e, nesse caso, seria pelas armas de Beatriz que se conheceriam as cores dessas armas, pois o único exemplar conhecido é de um selo sem a policromia.
A sua data de nascimento mais provável, coloca-a com idade próxima de D. Beatriz de Portugal o que, aliado ao facto de não estar documentada, sugere que pudesse ter sido sua criada.
Quer pela representação tumular, quer pelo casamento com “lord” Talbot, seria provavelmente bonita. Já depois de ser reconhecida "lady" Strange de Blackmere o seu casamento com Fettiplace sugere que, ao contrário de D. Beatriz de Portugal, não se adaptava a viver solteira.
Nada se adiantou quanto à sua filiação mas ainda assim, reune mais informação do seria de prever para uma senhora da sua época e nível social.
A. Luciano
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