Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

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Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21253 | Portuguez | 14 may 2002 12:43

Caros Confrades
Gostaria de saber se alguém tem uma tabela de conversão da moeda portuguesa para 1816, nomeadamente a relação existente para transformar contos em cruzados e cruzados em réis, de maneira a poder estimar as quantias de 4 e de 6000 cruzados, e compará-las com a de 3 contos e duzentos mil réis, respectivamente por parte da noiva e do noivo, somas que figuram em contrato de dotação nupcial insinuado por graça especial de D. João VI no ano referido, mercê régia esta necessária por as quantias excederem o limite legal para doações naquela época. Quanto seriam aproximadamente estes valores actualmente? Obrigado desde já.

Alexandre Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21255 | magalp | 14 may 2002 13:15 | In reply to: #21253

Caro Alexandre

Não é tarefa fácil...
A melhor conversão que vi até hoje, foi a conseguida pelo Prof. Doutor Francisco Ribeiro da Silva, da FLUP, creio que ajudado por um perito em História Económica.
Nesses cálculos, entram o valor médio dum alqueire de farinha, centeio, trigo e cevada. Da onça de ouro e da prata. Ás variações que ocorrem dos bons para os mau anos agrícolas, correspondiam com umas complicadas fórmulas correctivas, de muito difícil explicação por esta via. Também se serviram nesse estudo, dos rendimentos declarados, bem como dessa mesmas escrituras antenupciais. Sei q. puseram alguma reserva a esses informes documentais, pois então como hoje, as declarações não eram exactamente conformes... por exemplo o "dízimo" pago à Igreja era vulgarmente ratado, mesmo com a ameça de pesadas penas no purgatório!
Já vi a obra citada do Doutor Ribeiro da Silva, aqui na internet, não me lembro agora onde, mas vou procurar e logo lhe direi.
Tenho informação dos preços de bens essenciais em 1830, aqui no Porto, se lhe interessa diga.
cmptos.
M.M. Magalhães

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21256 | Portuguez | 14 may 2002 14:30 | In reply to: #21255

Caro Manuel Maria

Obrigado pela ajuda e pela boa vontade... De facto, no meu tópico existem duas questões: a relação legal entre o conto o cruzado e o real em 1816, que é simples e sei que se sabe mas não tenho aqui documentação, e a mais complicada translação dos valores da época para valores actuais em termos de património e de poder de compra. Quanto a esta última salsada, parece-me que foi nos meus tempos de estudante de História, há 20 e tal anos, que salvo erro o Doutor Veríssimo Serrão me deu umas chaves de cálculo aproximadas para conversão, as quais infelizmente perdi. Seriam do Lúcio de Azevedo? Mas se alguém me disser que o conto valia já na época um milhão de réis, e quantos réis valia o cruzado, já fico bem contente, pois quero avaliar melhor o que cada noivo trouxe patrimonialmente na constituição desta Casa.

PS.: Recorrendo aos diccionários velhinhos, no de meu Bisavô Leão, de 1879, encontro o seguinte - "conto: o nº de mil x mil; 1 conto de oiro = a 1 milhão de cruzados. Os antigos diziam contos por contos de réis :)(sic)". "cruzado: antiga moeda de oiro cunhada no tempo em que D. Afonso V tomou a empresa da cruzada; tinha de um lado uma cruz, e do outro o escudo real coroado, mettido na cruz de Aviz. O cruzado velho de oiro valia 400 réis. O cruzado novo de prata valia 480 réis." No Diccº de meu Pai, de 1955, encontro - cruzado: antiga moeda portuguesa de oiro. Quantia de 400 réis. Moeda portuguesa de prata. O mesmo que pinto. Actualmente, ainda se usa por vezes para designar a quantia de 40 centavos". É portanto a dúvida entre o converter os cruzados do contrato de dotação em 400 ou em 480 réis, penso, que gostaria de ver deslindada. E também a confusão de ver escrito em pleno sc. XIX que um conto valeu 1 milhão de cruzados, pois isso equivaleria à paridade real/cruzado, que se me aparenta impossivel, em princípio. Mas quaisquer índices de poder de compra ou valores comparativos de outros contratos da época que tenha à mão e não lhe causem muito trabalho, já se vê, me interessam também.
Cumprimentos
A. Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21257 | JCC | 14 may 2002 14:48 | In reply to: #21256

Caro Alexandre

Uma das suas questões é fácil e a outra nem tanto.

Um conto é um milhão. Ainda hoje os brasileiros usam esta palavra com este signicado. Nós, em Portugal, fomos levados a pensar que significa mil já que um conto eram mil escudos. Mas as minhas tias ainda diziam sempre "um conto de reis" ou seja um milão de reis = a mil escudos.

Quanto ao cruzado ele valeu a maior parte dos tempos 400 reis (ainda me recordo de ir a padaria, em menino, e um papao-seco custar um cruzado - no dizer do padeiro- que eram na altura 40 centavos que, por sua vez correspondiam a 400 reis na Monarquia.

Mas, como voce diz, a partir de certa altura ela vale 480 reis... Vi isso há tempos consultando um catálogo numismático. Por isso não sei mais o que dizer.

Quanto aos valores vou ver se encontro um texto em que "postei" dados obtidos numa monografia de Tavira.

Um abraço

João Cordovil Cardoso~
PS: Como vão os testes do TMG?

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21259 | Portuguez | 14 may 2002 14:56 | In reply to: #21255

Caro Manuel Maria

Em tempo: claro que agradeço o link de que me fala. Acrescentarei apenas que, dos documentos de escritura, doação e cessão de direitos que consultei no meu arquivo e na Chancelaria de D. João VI me pareceu que a obrigação de insinuação do contrato viria antes da necessidade de defender a livre e espontânea vontade com que os interessados procediam no assunto, sobre o qual todos foram individualmente inquiridos pela justiça, sempre declarando não o fazerem coactos, e o muito gosto que faziam no casamento. O próprio facto de ser um juiz a casar-se pode explicar talvez um maior rigor legalista, no entanto além de custas de processo e valores de "selo" (que na altura era um carimbo com armas armiladas do Reino Unido...) não vejo mencionados valores de imposto a pagar. Pode no entanto ainda haver mais documentos na TT, aonde ainda irei pesquisar melhor. Creio que naquela altura o direito à propriedade ainda era totalmente respeitado, não sendo muito onerado por impostos de sucessão, venda e doação, como acontece posteriormente. Mas posso estar enganado, e nesse caso agradeço que me corrija.
Cumptos.
ATF

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21260 | JCC | 14 may 2002 15:30 | In reply to: #21256

Caro Alexandre

Aqui vai o texto a que me referi no outro email, embora as datas possa não ser as adequadas. O texto está em inglês porque foi para uma lista em inglês que o fiz. Espero que não leve a mal:

" Some time ago there were some people wanting to know about the value of the money during the last centuries. During my holidays a read some books and two were genealogy related: "Ricos homens Infanções e cavaleiros" by José Matoso a very well known PhD specialised in Medieval. Another one "Tavira e o seu Termo" by Capt. Anica where I tried to find (and got) information on my wife's family. This last provides lots of information on Tavira, a town in Algarve, maybe the first city in the XV, which gradually lost its importance due to the growth of Faro.
In this book I got some information about the cost of goods, the pay of workers, the rent for land, etc. and this in several years. It's the resume of that that I will post. But, first, some explanation about some of the old names of the money.
The unit was the real (plural reis) and the sign $ was used to separate the thousands. So 1 real would be written $001 and mil reis (one thousand reis) 1$000. There was also the cruzado. Its value was $400 (four hundred reis). After that it came the tostão valuing $100 (one hundred reis). For large amounts there was the "conto" meaning "one million" so "1 conto de reis" would be 1.000$000 (one million reis).
After the republic (1910) the real was abolished and it was created the escudo. One escudo equals 1$000 (one thousand reis) and that's why we use yhe sign $ separating the escudos from the centavos as the escudo was divided in 100 centavos. So 1 tostão was 10 centavos and was written $10.
Neverthless the old designation was still used and even today people say "cem contos de reis" (one hundred million reis) when they intend to say cem mil escudos (one hundred thousand escudos).
Next year (or so) we will have Euros but, who cares? :)No the actual values:
The pay of the "Juiz de Fora" was, in 1478, 12$000 a year. The Juiz de Fora was the judge that the King sent to a city from outside.
Arrendamento da horta de Bela Fria (renting of a piece of land named "Horta de Bela-Fria"):
1633 - 22$000; 1703 - 27$000; 1776 - 40$000; 1842 - 100$000
Em 1976 é vendida por 3.484.000$000 (In 1976 was sold by that amount)
In 1749 the right to catch the tunafish in the Armação do Medo das Cascas was granted for 3 years by 515$000 a year. There were 4 Armações by that time in the area.
Em 1757, construção da Igreja da Fuzeta - 5000 cruzados e 149$900 (2.149$900). Tem 66 palmos de comprimento e 33 palmos de largura bem como 33 palmos de altura até à cimalha.
Building of the church of Fuzeta 2.149$900 in 1757. Dimensions are given in palms (?)
One farm, named "Hortinhola" was sold in 1533 by 30$000 and in 1961 by 310.000$000
1835 In Concelhos with 2000 a 6000 houses - vereadores must have yearly income over 300$000 (they also must be electors and be able to read, write and count). The daily pay of a worker was from $150 to $180 reis for working day (45$000 a 54$000 a year).
In the report of the "Regedor da Freguesia de Santo Estevão", dated 1839:
Transportes de Sto Estevao para Tavira:20-30 reis por saco de alfarroba
15-20 reis por arroba de uva (@)
10-20 reis por alqueire de amendoa, de azeite, etc.Jornas de 160 a 200 reis
Preços:Alfarroba- 500 reis o saco (4 arrobas) 4@
Amendoa - ordinario 300-400 reis o alqueire; coco 500-700 reis (alqueire de Lisboa, cogulada)
Figo - 400-480 reis a arroba (@)
Azeite 600 a 2000 reis - regula entre 960 e 1200 reis o alqueire
Uva 180-240 reis a arroba (@)Lã - 3$600 a 4$800 a arroba (@)

Um abraço

João Cordovil Cardoso

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21261 | Portuguez | 14 may 2002 15:34 | In reply to: #21257

Caro João

Obrigado pelas dicas... e pela procura do seu texto. E tenho que confessar-lhe que concerteza sou mais velho que as suas tias, pois até 31 XII p.p. disse um conto de réis. Pergunto-me de resto se manteremos o conto como E1000, ou como E1.000.000. Não me lembro também de alguma vez ouvir ou usar a palavra centavos, mas sempre os tostões. Lembro bem que em pequeno o eléctrico para as aulas custava 8 tostões, e que a rapaziada da altura punha sobre o carril do dito uma moeda de 2 tostões, quando o dito passava esmagava-a e ficava do tamanho das de 10 tostões... permitindo comprar com elas rebuçados nas máquinas! :) Já chamar cruzado aos 4 tostões, foi hoje a primeira vez que soube.
Quanto aos testes do TMG, tenho um bocado de confusão de lhe confessar, depois da trabalheira que lhe dei, que não me entendi muito bem. De resto, não gosto de trabalhar habitualmente com software em inglês: cansa-me, tal como o castelhano. A não ser em literatura. Será que a parte gráfica, visual e estética do programa se pode configurar ao nosso gosto? Uma das coisas que mais aprecio aqui no GP é a qualidade estética e simplicidade visual da apresentação do sítio. Gostaria só que o Luis Amaral introduzisse se possível as habilidades de circo genealógicas que esses programas fazem, como indicar caminhos entre 2 pessoas, numerar fichar e localizar varias linhas de ascendencia/descendencia, etc.
Outro abraço

Alexandre Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21264 | Portuguez | 14 may 2002 16:12 | In reply to: #21260

Caro João

Obrigado. Apreciei especialmente os valores relativos a finais de setecentos, inícios de oitocentos, época que me ocupa actualmente. Já agora, o rendimento do Juiz de Fora era yearly income ou monthly one? :) Desde que descobri que os deputados nada ganhavam até ao final da monarquia, não podendo acumular o cargo com qualquer outro exercício de funções excepto as de governador civil, e que meu Avô trabalhou quase 20 anos só com despesa, e passagens de comboio gratuitas apenas se em serviço do Estado, fiquei boquiaberto pensando na actual classe politica da actual partidocracia rotativista. Aliás a lei que determina essa gratuitidade da deputação nacional no sc. XIX é muito semelhante no seu teor ao actual discurso do Governo: os oponentes do outro partido rotativo tinham deixado o país financeiramente exausto, pelo que se apelava à consciência cívica e ao patriotismo dos interesssados... que continuaram a candidatar-se! Nesse tempo as economias parece que eram feitas sobre os proventos da classe dirigente, e possidente, e não como agora através de impostos directos e indirectos aos trabalhadores por conta de outrém já esgotados economicamente há muito por uma carga fiscal de IRS desigualissima em relação às receitas provenientes do IRC, caso singular na U.E., sendo que depois se queixam que não há mercado nacional com amplitude e suficiente poder de compra para as empresas nacionais venderem os seus produtos. Enfim, desculpe o desabafo, perante a cega iliteracia no poder, sucedendo à total e frouxa incompetência. Que Deus guarde Portugal, que está a saque com este neo-liberalismo desenfreado e a ausência de qualquer projecto, consciência, valores ou caminho nacional próprio.
Um abraço

Alexandre Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21267 | jpcmt | 14 may 2002 16:32 | In reply to: #21253

Caro Confrade:
O Banco de Portugal publica uma tabela dos factores de correcção monetária desde 1900. Só tenho aqui a de 1992, que segue. Por ela se vê que 1 escudo em 1900 equivalia a 2497 escudos de 1992. A OCDE também publica os factores desde, pelo menos 1974. Para o século XIX e anteriores a comparação é muito mais falível. Creio que há um livro do Prof. David Justino (actual Ministro da Educação) que pode ajudar, mas ainda o não encontrei.
(Se alguém souber onde o conseguir...agradeço).
Não responde ao que quer mas pode ajudar. De 1992 para cá é fácil uma actualização aproximada, usando os valores da inflação que são divulgados em várias publicações.
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira

------CORRECCAO MONETÁRIA---1992---
FACTOR Inflação Infl.acum.
1900 2497.32 1.000
1901 2548.80 0.980 0.980
1902 2548.80 1.000 0.980
1903 2548.80 1.000 0.980
1904 2372.62 1.074 1.053
1905 2372.62 1.000 1.053
1906 2372.62 1.000 1.053
1907 2372.62 1.000 1.053
1908 2372.62 1.000 1.053
1909 2372.62 1.000 1.053
1910 2372.62 1.000 1.053
1911 2275.62 1.043 1.097
1912 2275.62 1.000 1.097
1913 2275.62 1.000 1.097
1914 2275.62 1.000 1.097
1915 2024.61 1.124 1.233
1916 1657.16 1.222 1.507
1917 1322.91 1.253 1.888
1918 943.86 1.402 2.646
1919 723.37 1.305 3.452
1920 477.96 1.513 5.225
1921 311.85 1.533 8.008
1922 230.95 1.350 10.813
1923 141.36 1.634 17.666
1924 118.99 1.188 20.988
1925 102.56 1.160 24.350
1926 102.56 1.000 24.350
1927 102.56 1.000 24.350
1928 102.56 1.000 24.350
1929 102.56 1.000 24.350
1930 102.56 1.000 24.350
1931 102.56 1.000 24.350
1932 102.56 1.000 24.350
1933 102.56 1.000 24.350
1934 102.56 1.000 24.350
1935 102.56 1.000 24.350
1936 102.56 1.000 24.350
1937 99.59 1.030 25.076
1938 99.59 1.000 25.076
1939 99.59 1.000 25.076
1940 83.81 1.188 29.797
1941 74.43 1.126 33.553
1942 64.26 1.158 38.863
1943 54.73 1.174 45.630
1944 46.47 1.178 53.740
1945 46.47 1.000 53.740
1946 46.47 1.000 53.740
1947 46.47 1.000 53.740
1948 46.47 1.000 53.740
1949 46.47 1.000 53.740
1950 46.47 1.000 53.740
1951 42.61 1.091 58.609
1952 42.61 1.000 58.609
1953 42.61 1.000 58.609
1954 42.61 1.000 58.609
1955 42.61 1.000 58.609
1956 42.61 1.000 58.609
1957 42.61 1.000 58.609
1958 40.07 1.063 62.324
1959 40.07 1.000 62.324
1960 40.07 1.000 62.324
1961 40.07 1.000 62.324
1962 40.07 1.000 62.324
1963 40.07 1.000 62.324
1964 38.29 1.046 65.221
1965 36.90 1.038 67.678
1966 35.25 1.047 70.846
1967 32.97 1.069 75.745
1968 32.97 1.000 75.745
1969 32.97 1.000 75.745
1970 30.53 1.080 81.799
1971 29.06 1.051 85.937
1972 27.17 1.070 91.915
1973 24.69 1.100 101.147
1974 18.94 1.304 131.854
1975 16.18 1.171 154.346
1976 13.55 1.194 184.304
1977 10.41 1.302 239.896
1978 8.15 1.277 306.420
1979 6.42 1.269 388.991
1980 5.79 1.109 431.316
1981 4.74 1.222 526.861
1982 3.94 1.203 633.838
1983 3.14 1.255 795.325
1984 2.45 1.282 1019.314
1985 2.04 1.201 1224.176
1986 1.85 1.103 1349.903
1987 1.69 1.095 1477.704
1988 1.54 1.097 1621.636
1989 1.37 1.124 1822.861
1990 1.23 1.114 2030.341
1991 1.08 1.139 2312.333
1992 1.00 1.080 2497.320



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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21268 | Ricardo de Oliveira | 14 may 2002 16:44 | In reply to: #21253

De acordo com Roberto Simonsen na sua História Econômica do Brasil (1500-1820) :

Um cruzado valia 400 réis ($400)
Mil cruzados valiam 400.000 réis (400$000)
Um milhão de réis ou um conto de réis (1:000$000) valia 2.500 cruzados.

Em 1806 foi vendida uma fazenda com uma légua de terras, engenho da açúcar completo, casas, moinhos, 60 escravos , 60 bois, 35 cabeças de criar, 12 bestas de carga, 76 porcos por vinte e dois contos de réis (22:000$000 ) no 4° ofício de Notas no Rio de Janeiro.
Uma loja de fazendas (bem grande e central) situada na Rua dos Ourives, RJ, foi vendida em 1807 por 25:765$961.
A maior fortuna contabilizada no Rio de Janeiro foi a de Braz Carneiro Leão, quando da sua morte em 1808. Total de 1:500:000$000 ( mil e quinhentos contos de réis). Entre 1794 e 1846 encontramos 25 inventários superiores a 50:000$000 no RJ. (João Luís Ribeiro fragoso. Homens de Grossa Aventura : Acumulação e Hierarquia na praça mercantil do RJ. Arquivo Nacional).

Nas vilas a renda era muito menor. O meu antepassado Antonio de Carvalho Bueno, Capitão-Mor da vila de Nossa Senhora do Rio de São Francisco em 1824 tinha 14.000 cruzados ou 4:800$000 em bens móveis e de raiz (A Razão, 18/7/1920). Uma pessoa com patrimônio superior a dois contos de réis 2:000$000 já era uma pessoa bem situada nas ordenanças, alferes ou capitão, com seus dez escravos e algumas centenas de braças de terra que lhe garantiam um vida minimamente razoável para as condições da virada do século XVIII-XIX no Brasil.

Abraços
Ricardo Costa de Oliveira

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21271 | Portuguez | 14 may 2002 17:01 | In reply to: #21267

Caro J. de Castro e Mello Trovisqueira

Nem sabe o jeito que me fez, para poder avaliar o inventário orfanológico feito por morte de meu Avô em 1920 (exercício que tinha deixado para mais tarde mas fará parte do trabalho que desenvolvo sobre a minha família). E a informação é com certeza utilíssima para todos, não só para mim. Muito obrigado.
Cumprimentos

Alexandre Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21273 | Portuguez | 14 may 2002 17:39 | In reply to: #21268

Obrigado pelas suas interessantíssimas informações. Mas pergunto, embora a moeda fosse a mesma em Portugal e Brasil, será que a moeda em curso no Brasil colonial teria cunhagem própria, separada, e valor intrínseco independente como acontecia na África Portuguesa na minha juventude, em que os escudos coloniais tinham valor diferente do da Metrópole? Só em caso afirmativo poderei utilizar os seus dados para estabelecer proveitosas comparações para o meu trabalho. Achei interessante a loja de fazendas valer tão mais do que a fazenda rural...
Abraço
Alexandre Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21276 | Ricardo de Oliveira | 14 may 2002 17:53 | In reply to: #21273

Caro Alexandre

14 mil cruzados valiam 5:600$000 ! Retifico.
Um bom escravo, habilitado em uma profissão, valia por volta de 1800 uns 90$000. Um sobrado em Santa Catarina ou nas vilas do atuaL Paraná valia uns 400$000 nessa mesma época. A terra não valia muito. No interior, fazendas com léguas era vendidas pelo preço de um bom sobrado urbano. Muitas vezes vi pessoas enviando dinheiro e renda para parentes em Portugal. Parece que os valores seriam os mesmos. As moedas é que apresentavam vários tipos.

Abraços
Ricardo

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21277 | jpcmt | 14 may 2002 17:54 | In reply to: #21271

Caro Confrade:
Ainda bem q teve alguma utilidade.
Em aditamento à minha nota anterior:
Informaram-me agora que, recentemente, saíu uma obra publicada pelo INE, que cobre um período mais largo (anterior a 1900). É:
- Valério, Nuno, "Estatísticas Históricas Portuguesas", Lisboa 2001
Verifico também, que a tabela que enviei, depois de transferida para o GENEA, perdeu o formato inicial . As minhas desculpas.
J. de Castro e Mello Trovisqueira

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21279 | Portuguez | 14 may 2002 18:13 | In reply to: #21276

Caro Ricardo

Penso que essa situação de menos valia do interior, dada a abundância de espaço no imenso Brasil, ainda se mantém, pelo menos foi o que me pareceu quando há dois anos aí passei três meses entre a Bahia e o Rio. Quanto ao valor da moeda, anterior à época fiduciária, dependeria certamente do teor metálico existente nas peças. Mas pelo que li do que me mandou, tudo parece corresponder ainda exactamente à realidade coeva em 1816 aqui nesta banda do Reino Unido: cargos, nomes, etc.
Realizando agora, pelo que me pareceu outro dia, que estou falando com um historiador da cidade de Nossa Senhora da Luz de Curitiba, que não conheço pessoalmente mas aonde nasceu minha afilhada Mariana, e sobre a qual há muitos anos desenvolvi um trabalho histórico, agradeceria saber se por acaso o nome setecentista de José Joaquim de Miranda, que passou militarmente por essas terras então da Capitania de São Paulo acompanhando a Afonso Botelho, nas bandeiras que romperam a Serra do Mar, lhe diz alguma coisa. Muito me interessaria de facto saber a sua genealogia. Mas nem sei onde nasceu, ou o nome dos Pais.

Abraço
Alexandre

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21280 | magalp | 14 may 2002 18:14 | In reply to: #21259

Caro Alexandre

Não tenho a menor pretensão de o corrigir, pois a verdade é que nada sei de fiscalidade nos tempos actuais, quanto mais há 200 anos!!
Mas lembrei-me na altura em q. escrevia, duma convenção ante-nupcial feita por um experimentado advogado aqui no Porto, Dr. Vasconcellos, em 1837. Referia duas propriedades fronteiras, na Ribeira do Pinhão ( não sei exactamente onde fica) descrevendo o rendimento das mesmas em tudo menos no vinho e olival, onde não indicava a produção média e dizia que a mesma, pouca ou muita, ficava uzofruto de AVM, pai da Joaquina, que iria casar. Mais a dotava com 30000 cruzados em material sonante, para os seus alfinetes. Mas, a dita Joaquina e marido, só poderiam tocar no rendimento desse capital, depois de terem tido o 1º filho! Mais, em caso de morte da dita Joaquina, sem haver filhos, ou morrendo estes menores, voltavam as ditas propriedades e a saca de cruzados, a AVM ou na falta deste, aos seu filhos sobrevivos, à morte da mana Joaquina! Até aqui tudo bem, ainda q. o noivo tivesse ficado melindrado, ao q. consta... menos bem seria a cláusula, fortemente assignalada, na qual Gaspar e Joaquina ficavam terminantemente prohibidos de prestar qualquer declaração à Fazenda Pública, sobre as quantidades de vinho e oliva, produzidas nas tais quintas. Esses assuntos seriam da inteira responsabilidade de AVM...
Lendo tal documento fica-se com a idéia de que AVM não era senão um duríssimo comerciante e que à Faz. Pública só declarava aquilo q. lhe interessava. Exactamente como nos dias de hoje...
Foi o Francisco R.S. quem me converteu há cerca de 15 anos o valor desses 30000 cruzados. Tenho isso por aí, e na memória q. era realmente uma pipa de massa!
E o conhecimento dele nesta matéria vai aos tempos do casamento de D. João I, na fortuna q. se gastou então, aqui no Porto.
Mas lá q. valeu a pena, valeu!
cmptos.
MMM

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21281 | Portuguez | 14 may 2002 18:22 | In reply to: #21277

Caro Confrade

Realmente a tabela ficou um bocado lingrinhas no Word, mas lê-se perfeitamente :) Obrigado pela nova referência, certamente me será muito útil também.
Melhores Cumprimentos
A. Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21282 | Portuguez | 14 may 2002 18:40 | In reply to: #21280

Caro Manuel Maria

Valeu a pena, suponho que a Ínclita Geração?... Também, ao que supunha e agora me confirma neste texto, também o Invicto Porto valia a pena já naquela época... :) Já então coexistiam em Portugal as três nobrezas, a do sangue possidente, a da espiritualidade despojada, e a do trabalho criador.

Mas talvez que o oitocentista e romântico AVM tivesse alguma costela, digamos, nova, alinhada com o sangue tripeiro, a algum património genético terá tido que ir buscar os 30.000 cruzados. Aqui no Sul preferiu-se enriquecer à custa dos bens das Ordens Religiosas vendidas ao desbarato aos vencedores políticos da guerra civil de uma nação dividida, arruinada e humilhada.
Cumptos.
ATF

PS.: Peço 2º capitulo da novela! O que aconteceu ao genro? Teve dez filhas e era preciso que fosse varão?

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21284 | jpcmt | 14 may 2002 19:51 | In reply to: #21273

Caro Alexandre Tavares Festas,

Continuando esta agradável conversa:
Também li, com interesse, a nota do nosso Confrade Ricardo Costa de Oliveira.
Realmente, no Brasil, nos meados do século XIX, a moeda corrente era o Real chamado "Fraco", por oposição ao Real Forte, usado nas operações cambiais com o exterior (incluindo Portugal). Assim, num estudo que fiz, constatei que:
- Em 1864, 100 000 reis fortes valiam 27 libras inglesas; em 1869 já só valiam 19 libras (uma desvalorização de cerca de 7% ao ano)
- Por sua vez 100 reis fortes eram equivalentes, nos dois anos mencionados, respectivamente a 230 e 243 reis fracos.
Um "soberano" (moeda inglesa contendo 113 grãos de ouro fino) de valor equivalente a uma libra, passou de 8$500 para 12$800 reis fracos.
Durante este período, o Brasil teve uma grave crise financeira, agravada pela guerra com o Uruguay.
No início do século XIX, a história pode, porém, ser outra.
Cordialmente,
João de Castro e Mello Trovisqueira

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21285 | magalp | 14 may 2002 20:21 | In reply to: #21282

Caro Alexandre

Não me vai obrigar a desbobinar 450 folhas A4 sobre a vida de AVM, 1789/1859, Coronel de Cavalaria reformado, comerciante de grosso trato, maçónico e "Cartista" exacerbado?
Realmente, a vida dele, o seu permanente e conhecido bom humor( Camilo C B) a sua avançada visão dos negócios, as suas proteções "às orfãs e viúvas", o ressonar famoso, até no camarote de assignatura no Tetro S. João... e as muitas e muitas peripécias experimentadas no sítio do Porto e nas campanhas do Algarve e Alentejo, ainda hoje me divertem!
Pois sempre lhe digo que Gaspar e Joaquina tiveram muitos filhos, sendo tronco de muita gente ilustre por aí e por aqui - por exemplo, o vosso actual GML, o muito nobre T.General Alexandre Sousa Pinto...
Gaspar, tb. um importante negociante de grosso trato, em Arnelas, Vila Gaya e Porto, veio a gerir os negócios do sôgro, enquanto este andava nas políticas e na presidencia da Câmara Municipal do Porto - foi o executor da Ponte Pênsil, dos mercados do Anjo e Bolhão, dos cemitérios públicos, dos novos bairros
de então, etc. etc.
Gaspar teve alguns desgostos com estroinices de 2 filhos (s.g.) mas pagou todas as suas grandes dívidas até ao útimo tostão. Não teve qualquer neto dos seus filhos masculinos. Basta geração das filhas, naturamente bem casadas.
Fim de novela não ficcionada
cmptos.
M.M.Magalhães

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21287 | magalp | 14 may 2002 20:36 | In reply to: #21284

Caros Alexandre e João CMT

O que diz o João está perfeitamente de acordo com a teoria e prática do Prof Ribeiro da Silva. Tb. ele refere os 113 grains do Soberano como valor comparativo. Já não me lembra é a quantos grãos de ouro fino correspondima um cruzado. Tenho na idéia 12, mas pode bem não ser isso.
cmptos.
M.Magalhães

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21288 | magalp | 14 may 2002 20:59 | In reply to: #21267

Caro João C. M. Trovisqueira

Já está copiada! Agradeço igualmente o muito trabalho que teve em fornecer esta preciosa tabela. Vai fazer-me um jeitão na múltiplas aplicações que lhe irei dar.
Mas em relação a séc. 19, especialmente na 1ª metade, terá de ser equacionada a questão política, socila e económica, aqui e por toda a Europa. Sobretudo para a nossa debilidade económica de então, as tremendas sequelas das campanhas peninsulares, da guerra civil e das lutas entre liberais. Os custos desses sucessos foram realmente tremendos, reflectindo-se muito naturalmente na depreciação contínua da nossa moeda...
cmptos.
M.M.Magalhães

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RE: Geneo-Novela

#21289 | Portuguez | 14 may 2002 21:05 | In reply to: #21285

Caro Manuel Maria

Encontro-me desolado. Realmente acreditei que uma boa, e verídica, embora anónima geneo-novela podesse integrar com a sua habitual boa disposição as surpresas anunciadas pelo Luis Amaral aqui no GP, consolando-nos da morte anunciada do 2º canal... Mas agradeço na mesma a sua rara e precisa sinopse do enredo, que ao permitir-nos desinteressar do desfecho nos liberta para actividades culturais mais úteis, e até cada vez mais luxuosas ao preço a que ficaram os arquivos de serviço público hoje em dia. Devíamos de resto exigir num abaixo-assinado a imediata gestão privada, e o concessionamento da Torre do Tombo a firmas cuja concorrência faça baixar os ditos e famigerados preços. De preferência a alguma sub-multinacional ibérico-espanholizada... e com atendimento bilingue luso-castelhano como na nossa inefável TV Cabo. Sempre ficava mais europeu aos olhos dos Senhores da actual Governança. E é verdade que já no tempo da Geração de 70 e antes sempre foi necessário recorrer às espanholas... Mas não lhe quero perturbar a sagrada hora do jantar...
Cumptos.
ATF

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RE: Geneo-Novela

#21291 | magalp | 14 may 2002 21:20 | In reply to: #21289

Caro Alexandre

Ainda estou à espera do dito...
O fecho do 2º canal ( o único q. vejo) é a vingança do Durãozinho por eu não votar, seja em quem for, há anos. Na verdade só me lembra votar contra o PS - é minha velha mania votar contra... - nos referendos do Ilustre Prof. Marcelo R.S., hóme de Celorico!
Tb.soube que o próximo patrão da TAP, vai ser a Ibéria. espero bem não se repita a experiência Swissair...
Viu como a questão das conversões não é nada fácil? Com a notícia do JCMT dispenso-me das buscas que nada acrescentariam. As tabelas referentes ao séc. 20 são de grande ajuda, preciosas mesmo, mas é muito difícil fazer a sua extrapolação para o século anterior.
cmptos.
MMM

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21292 | Portuguez | 14 may 2002 21:22 | In reply to: #21284

Caro João de Castro e Mello Trovisqueira

Informação que desconhecia e muito interessante, essa do real fraco e forte no Brasil Imperial. Realmente, nada de novo à face da Terra... Pois penso que o sistema do paralelismo de moedas usadas continuou nos Estados Unidos do Brasil do sc. XX com a utilização local do dólar como moeda forte de troca externa, e até interna. Já no periodo que me interessa actualmente, logo antes da Revolução de 1820, penso que a situação fosse diferente. Mas ignoro qual a inflação eventual trazida à moeda portuguesa pelas invasões franco-espanholas, ocupação militar inglesa e abertura dos portos do Brasil ao monopólio comercial inglês.
Mui Cordialmente

Alexandre Tavares Festas

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RE: Geneo-Novela

#21295 | Portuguez | 14 may 2002 21:48 | In reply to: #21291

Caro Manuel Maria

Não diga isso, eu encontro-me encantado com os resultados da pesquisa desta tarde, pois não estou a iniciar algum denso trabalho científico-histórico sobre o assunto, e consegui ficar já com uma ideia aproximada não só da relação e quantia de bens de cada um dos noivos, como também, e graças a si... que os bens totais, juntos, das duas famílias aliando-se em causa alcançavam mais de metade dos célebres 30.000 da sua história de dote portuense. A estes noivos em conjunto ficava a 1/3 parte do dote dado por AVM ao genro, o que que tendo em conta a diferença do preço de vida entre Mortágua e o Porto liberal sei que deu para muito. E os pais da minha noiva ainda guardaram o dobro daquilo com que a dotaram, vendo-se assim que possuiam em bens de raiz, dinheiro e bens moveis o triplo do património dos pais do noivo. Eram também família de nobreza mais antiga, embora o poder estivesse a passar localmente para as mãos do noivo em questão, um verdadeiro self-made man admirável de força e ousadia.
Cumptos.
ATF

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21298 | Vasco Jácome | 14 may 2002 22:16 | In reply to: #21253

Caro Alexandre Tavares Festa

Depois desta avalanche de mensagens, provavelmente o que vou dizer já não tem novidade nenhuma, mas num trabalho do Conde de Campo Bello, publicado no “Boletim Cultural da Câmara Municipal de Vila do Conde”, Nº 1 da Nova Série, Dezembro de 1987, na pg. 8 lê-se: “a significativa importância de 5.000 cruzados, ou sejam dois contos de reis”.

Portanto, 1 conto (1000$000 reis) = 2500 cruzados.

Embora isto seja relativo ao ano de 1631, esta relação deve-se ter mantido.
Falando apenas de memória, tenho a ideia de ter lido num artigo do Cónego Avelino Jesus da Costa, relativo ao arcebispo D. Diogo de Sousa (séc. XVI) e publicado num “Distrito de Braga”, também a mesma relação.

Cumprimentos,

Vasco Jácome

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21304 | Portuguez | 14 may 2002 23:41 | In reply to: #21298

Caro Vasco Jácome

Obrigado pela dica, que mais uma vez vem confirmar a relação 1 cruzado = 400 réis. Cruzado oiro, portanto. Quanto à avalanche, eu próprio fiquei surpreendido, mas depois pensei que esta é uma hora para todos os portugueses fazerem contas, até as do passado genealógico mais remoto. :) Quanto a mim, confesso que uma das cadeiras mais odiosas do meu curso foi exactamente a de Numismática, aonde havia que empinar a evolução das onças dos dracmas da velha Atenas e quejandos, para teste americano.

Cumprimentos

Alexandre Tavares Festas

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21309 | JCC | 15 may 2002 00:21 | In reply to: #21264

Caro Alexandre

O que o livro diz é que em 1478 os procuradores de tavira pedem a El-Rei a substituição do juiz porque :

"o que está, João Alves, por ser da terra natural a ninguém faz justiça como deve e, alem disso, vence por ano seis mil reis pelo Concelho e outro tanto pela Coroa"

Daqui concluo que era "yearly income" :-))

Um abraço

João Cordovil Cardoso

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21310 | Portuguez | 15 may 2002 00:56 | In reply to: #21309

Caro João

Obrigado. Acho aliás muito bem que os juizes ganhem, assim ganhassem os polícias, especialmente os de trânsito...

Abraço

Alexandre Tavares Festas

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José Joaquim de Miranda

#21311 | Ricardo de Oliveira | 15 may 2002 00:58 | In reply to: #21279

Alexandre

O José Joaquim de Miranda foi um dos raros ilustradores a desenhar uma cena da conquista territorial do Brasil. Há anos que eu procuro saber mais sobre ele e não encontro nada. O que conhecemos é a sua notável obra. Pintou vários quadros sobre a expedição aos Campos de Guarapuava, centro do atual Estado do Paraná e desenhou uma emboscada dos índios kaingang. Descrevo o relatório da época :
"Cairam na imprudente resolução de passar o rio com eles cada um por sua vez sem darem parte Manoel Pinto, José Pinto, Vicente Domingues, João de Ramos, o soldado Manoel Francisco, Lourenço, camarada do padre capelão, um rapaz do capitão José dos Santos, todos a pé, e sem armas, e o capitão Carneiro a cavalo (...) No primeiro vale, que entrou o tenente Cândido Xavier sem que do abarrancamento se podesse ver, achou os corpos de seis camaradas mortos passados com flechas, e alguas nos mesmos corpos tão maltratados que metiam horror, e compaixão, distantes uns dos outros cousa de tiro de espingarda, e todos em um regato, que passa pelo meio do campo; o camarada José Pinto com vida, ainda que todo maltratado, e com algumas flechas cravadas no corpo..."
Oito de janeiro de 1772, Campos de Guarapuava, Relatório do Tenente Coronel Afonso Botelho se referindo a uma emboscada em que os nossos caíram em uma expedição aos ditos campos. Há anos que eu procuro saber mais sobre o dito Miranda, pintor dos quadros que mostram a cena em um dos mais importantes retratos iconográficos do Paraná. Temos uma grande família Miranda de Paranaguá, mas não consegui entroncá-lo. Somente em 1810 os ditos campos seriam conquistados pela nossa gente, depois que o Príncipe Regente D. João emitiu uma declaração de guerra justa contra os kaingang.

Pena que os quadros não estão disponíveis na rede. Vou ver se coloco.
http://www.itaucultural.com.br/AplicExternas/Enciclopedia/artesvisuais/index.cfm?fuseaction=Detalhe&CD_Verbete=1279

Abraços
Ricardo, de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, fundada pelo nosso 9° avô Mateus Martins Leme.

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21320 | jpcmt | 15 may 2002 11:05 | In reply to: #21287

Caros Manuel Maria de Magalhães e Alexandre Tavares Festas:

Como pouco ou nada sei de Numismática, recorri ao douto A.A. Teixeira de Vasconcellos que, na sua primorosa obra “Les Contemporains”, editada em Paris em
1859, reza assim (o meu “scanner” “comeu” alguns acentos!):

“Monnaies d'or.
Les pieces d'or portugaises furent toujours fort recherchées dans le commerce, à cause de leur pureté : car déjà la loi du 4 août 1688 n'admettait 2 carats d'alliage qu'en 22 carats d'or pur. La loi du 29 juillet 1854 fixa à 916 2/3 d'or pur pour 1,000 le titre des monnaies d'or, et ne leur accorda que 2 por 1,000 de diminution dans le poids et 2 por 1,000 aussi d'alliage. L'exportation de l’or en barre ou monnayé fut permise en 1753 moyennant le paiement de 2 por %, et le tarif des douanes du 31 décembre 1852 la soumit à un droit de 1,000 reis par marco.
Les monnaies d'or ayant maintenant cours légal en Portugal sont les
---------------------------------Valeur------------- Poids-----------. Poids métrique.
Coroas (couronnes)-------10,000 reis------- 5 oitavas -----------17 gr.735
Meias coroas (1/2}--------- 5,000 reis -------2 oitavas ½ ---------8 gr.868
Quintos de coroa (1/5)------2,000 reis-------1 oitava ¼ -----------3 gr.547
Decimos de coroa (l/10)----1,000 reis-------1/2 oitava------------1 gr.774
Peças ou dobras------------- 8,000 reis--------4 oitavas-----------14 gr.188
Meias peças----------------- 4,000 reis--------2 oitavas-------------7 gr.094

Les coroas datent de la loi du 29 juillet 1854, ainsi que les meias coroas. La loi du 24. avril1835, qui fut un essai du systeme décimal, avait créé des coroas de 5,000 reis et des meias coroas de 2,500 reis; mais la loi du 15 février 1851 les a démonétisées. Les quintos de coroa et les decimos datent aussi de la loi de 1854, qui fit retirer de la circulation les quintos de 1851, valant la moitié des monnaies actuelles.
Les peças ou dobras, connues dans le monde sous le nom de Portugaises, reçurent, par la loi du 4. avril1722, la valeur de 6,400 reis, circonstance qui éleva à 102,400 reis le marc d'or, que la loi du 4 août 1688 avait fixé à 26,000 reis, sous la condition d'avoir 22 carats de métal pur et 2 carats d'alliage. Les cortes Libérales donnerent à ces pieces, le 30 mars 1822, la valeur de 7,500 reis; innovation qui, sous la restauration de 1823, reçut la confirmation royale par le décret du 24 octobre de la même année. Le décret du 3 mars 1847 mit enfin les peças à 8,000 reis, établissant la valeur de l'or à 128,000 reis, que la loi de 1854 porta ensuite à 129,405, en permettani. aux particuliers de faire frapper monnaie pour leur compte à l'Hôtel des Monnaies (Caza da Moeda) moyennant le droit de 1,000 reis par kilogramme. La valeur de l'or en Portugal vers la fin du XIIe siecle était de 6,480 reis par marc. Les dernieres peças furent frappées en 1847 au nombre de 809, et depuis elles sont. devenues rares et sont plutôt considérées comme marchandises que comme especes monétaires. Les meias peças subirent le même sort. Les dernieres sont de 1833.
Les livres sterling et les demi-livres circulent en Portugal, les premieres avec la valeur de 4,500 reis, et 1es autres avec celle de 2,250. Leur admission, déjà ancienne, fut confirmée par les lois du 23 juin 1846, du 30 janvier 1851 et du 29 juillet 1854.. Aucune autre monnaie étrangere ne jouit du même privilége.
Les dobrões de 24,000 reis et les meio-dobrões de 12,000 reis, frappés en 1721; et les dobras de 12,800 reis (deux peças) décrétées le 4 avril 1722, sont déjà fort rares, ainsi que les 200 peças ou médailles commandées par Jean V, pour célébrer la création de la Patriarchale de Lisbonne. Cent de ces pieces furent envoyées au Pape, et les autres furent distribuées par le roi aux gentilshommes de sa cour. Il y avait également des moedas de oiro de la valeur de 4,800 reis, mais elles ont presque disparu, la loi du 29 novembre 1732 ayant défendu à la Monnaie d'en frapper de cette qualité ou de toute autre dont la valeur dépasserait 6,400 reis. Les cruzados novos d'or que l'on trouvait en Portugal dans le premier quart du siecle n’ existent plus que dans quelques cabinets d'amateur.
Monnaies d'argent.

La valeur du marc d'argent, qui en 1357 n'était que de 945 reis, fixée à 6,000 reis par la loi de 1688, fut élevée graduellement jusqu'à 9,175 reis. En 1854, on posa comme principe que le défaut de 3 pour 1,000 dans le poids, ou de 2 pour 1,000 dans la qualité, n'ôtait pas aux monnaies d'argent leur valeur légale. Le titre est pareil à celui de l'or. L'exportation en est permise moyenant le paiement de 1,000 reis par marc, soit en mon-, naie, soit en barre, droit fixé dans la loi du 30 janvier 1851, réduit à 100 reis par marc par ledécret du 31 décembre 1852, à l'instar de celui du 10 janvier 1857, et rétabli définitivement par la loi du 16 juin 1853.
Les monnaies d'argent ne sont légalement que des pieces destinées à faciliter les transactions commerciales de peu d'importance, et personne n'est tenu d'en recevoir ali delà de la somme de 5,000 reis. Les monnaies décrétées le 24 avrll 1835 et le 29 julllet 1854 sont :
-----------------------------------Valeur. ----------Poids-------------. Poids métrique
Cinco tostões (5 testons)----- 500 reis------4 oit. 9 29/100 gr.------- 12 gr. 5
Dois tostões-------------------- 200 reis------1 oit. 46 93/100 gr.--------5 gr.
Tostão--------------------------100 reis-----1/2 oit.23 43/100 g.r----------2 gr. 5

Meio tostão ---------------------50 reis------0 oit. 33 ½ gr.-----------------1 gr. 25
Il y avait d'autres monnaies d'argent dont la. ciroulation a cessé d'être légale depuis la loi de 1854, mais que l'on trouve encore dans le royaume. Elles sont du même titre pour ce qui concerne le métal. En voici la liste :
-------------------------Valeur -----------------Poids.----------------- Poids métrique.
Coroa-----------------1,000 reis ---------8 oit. 58/100 gr--------------29 gr. 509
Crusado novo ---------480 reis----------4 oit. 6 gr--------------------14 gr. 443
Doze vintens ---------240 reis----------2 oit. 3 gr---------------------7 gr. 221
Seis vintens (1/4) ---120 reis-----------1 oit. 1 ½ gr-------------------3 gr. 630
Tostão -----------------100 reis----------0 oit. 61 gr.--------------------3 gr. 048
Tres vintens-----------60 reis------------0 oit. 36 gr.-------------------1 gr. 815
Meio tostão------------50 reis------------0 oit 30 ½ gr -----------------1 gr. 574

Les coroas firent partie.du systeme décimal adopté dans la loi du 24 avril 1835, et on commença à les frapper en 1837.
Les crusados novos datent de la loi du 4 aout 1688. On les a appelés novos (neufs) à cause des crusados antérieurs, qui ne valaient que 400 reis; la fabrication en cessa en 1837. Les doze vintens, créés le 8 juin 1643, furent portés à leur valeur actuelle en 1688, et on a cessé de les fabriquer en 1833. Les seis vintens et tres tres vintens sont de 1688,
et on n'en a plus fait depuis l'année 1832. Ces quatre différentes pieces portaient d'un côté l'écusson du royaume et le nom du souverain, et de l'autre la croix de Saint- Georges ou de l'ordre du Christ, avec la légende -- ln hoc signo vinces.
Les tostões portugais sont de 1517, et ils ont eu toujours la valeur de 100 reis; on ne les fabrique plus depuis 1830; les meios tostões sont de la même date et on a aussi cessé de les faire depuis 1832. Ces deux monnaies portaient une petite croix + surmontée de la couronne-royale. et la valeur était désignée par des lettres romaines.
Les monnáies appelées da Conceição (de la Conception) furent celles de plus grande valeur parmi les monnaies d'argent jadis fabriquées en Portugal. Décrétées par Jean lV le 9 octobre .1651, ces belles pieces, ayant chacune 576 grains de poids, et valant 600 reis, ne furent plus frappées depuis 1685. Leur nom venait de la conception de la vierge Marie, parce que des cette époque son immaculabilité fut reconnue en Portugal, et Notre-Dame de la Conception fut déclarée la patronne du royaume par les cortes de Lisbonne de 1645. “

Espero que as tabelas, agora devidamente escoradas, não fiquem “lingrinhas”!

Um abraço do
João CMT

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21323 | magalp | 15 may 2002 12:46 | In reply to: #21320

Meus caros João CMT, Assumido e Garboso Minhoto e Alexandre TF, Portuguez...

Parabéns, uma vez mais, por esta nova e muito interessante dádiva. É para gravar, printar e guardar.

Mais umas letras da novela do Coronel AVM. Nos muitos negócios deste, para além de representante e distribuidor das loiças inglesas, "Tichborne" e "Staffordshire", foi durante muito tempo importador de relógios ingleses, caixa alta, consola e algibeira, mas, o seu último relógio foi um "Omega" em ouro, seguro por um pesado grilhão em ouro que tinha como pingente, um dobrão Dom João V!
Os vinhos do Porto, pouco ou muito "abertos" com as águas do Douro, davam para tudo!
Foi a conclusão tirada esta noite, ás voltas com o travesseiro, fazendo conversões antes de ressonar tal como AVM...
Outro abraço
Manuel Maria

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21324 | magalp | 15 may 2002 12:53 | In reply to: #21323

O João Cordovil Cardoso, tem razão uma vez mais. O pão, "molette", "carcassa" "papo-seco" ou "bijou", era realmente a cruzado.
Referi isso igualmente no tópico "Mello Vaz de Sampaio" já há meses. Não sei se usavam o termo aí no Terreiro do Paço...
MM

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21325 | Portuguez | 15 may 2002 13:14 | In reply to: #21320

Caro João de Castro e Melo Trovisqueira

Tabelas aqui chegaram, bem gordas e recheadas... Obrigado. Terei que ler noutra altura com mais atenção.

Abraço

ATF

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RE: José Joaquim de Miranda

#21395 | Portuguez | 16 may 2002 02:34 | In reply to: #21311

Caro Ricardo

Bem sei tudo isso. O trabalho que escrevi há vinte e tal anos foi exactamente sobre Afonso Botelho e essas bandeiras, e reuni bastante documentação. Consegui até obter do Arquivo do Rio de Janeiro a publicação, antiga, que fizeram, com todos os relatórios para Lisboa das expedições, muito minuciosos e extensos. Também há mapas militares e cartográficos no Arquivo Histórico Ultramarino que procurei utilizar. Esse trabalho valeu-me a melhor nota do meu curso, na cadeira de História do Brasil, e foi bem interessante de fazer. Quanto aos quadros, eles estiveram em Lisboa expostos na Gulbenkian, sendo capa do Catálogo, que possuo, antes de seguirem para a Europália portuguesa em Bruxelas, onde também marcaram. Também fui eu quem indicou os quadros para serem expostos como motivo principal na exposição que inaugurou o Centro Cultural Português em Curitiba, há uns anos atrás, coincidindo com a visita oficial a essa cidade do então Presidente da República Mário Soares. Disseram-me que ficou tudo maravilhado, embora dado o prazo de organização da exposição ser curto (Mário Soares sempre gostou de decisões repentinas...)só pudessem ir reproduções e não os originais em São Paulo, nos Jardins. Gostei muito de ver aqueles três na net, e caso esteja em seu poder colocá-los a todos, gostaria de deixar uma sugestão: um dos principais valores destes quadros é serem pioneiros numa forma de apresentação que antecipa a futura banda desenhada, pelo que seria muito útil embaixo de cada um escrever a legenda respectiva numerada do quadro a tinta da China que descreve toda a história. Lançar José Joaquim de Miranda como Pai, ou pioneiro da BD parece-me portanto inteiramente justo, e espanta-me ainda não ter sido feito.
O único quadro a preto e branco, a que chamei nº "0", tem uma particularidade interessantíssima: como no Brasil da época as tipografias deviam ser raras, se é que existiam, ele foi todo desenhado com minúcia chinesa para fingir que a história ia impressa, com bastante sucesso. Repare também que no texto chamam "estampas" às aguarelas, também a fingir que as ditas são impressas... Quanto à finalidade da obra, é fácil de entender. Afonso Botelho segue para o Brasil na esteira de seu primo D. Luis de Sousa Mourão, dos morgados de Mateus, nomeado Capitão General de S. Paulo por Sebastião José, e um dos homens do poder pombalino. Com a queda do Marquês, é mandado regressar, e precisa escrever, explicar, e pelos vistos ilustrar à Rainha D. Maria I o valor e importância da sua acção no então novo limite sul do Brasil. A própria Rainha manifestou sempre o maior interesse pela condição, evangelização instrução e civilização dos mesmos Índios. Note como os quadros enfocam a preocupação de vestir os nus... Sobre isso havia ordens régias expressas, ordens que queriam mostrar que tinham sido cumpridas. D. Maria há-de ter querido "vê-los"... Finalmente, Afonso Botelho procura apresentar mais valias de serviço, de forma a conseguir obter no regresso a Lisboa, apesar de caídos em desgraça os pombalistas, uma mercê pecuniária. Compensação que muito solicitou, reclamou, ao longo dos anos, mas não obteve, antes parece que morreu empobrecido e endividado, e no meio de desarmonia familiar quando voltou a Trás-os-Montes. Foi infeliz.
Ao contrário do que se julga, Pombal deixou o poder com os cofres do Erário Público realmente de rastos. Todas as suas experiências de Companhias, excepto a do Vinho do Porto, faliram miseravelmente e só serviram para enriquecer a sua camarilha de amigos pessoais. Já D. Maria I, menosprezada na História oficial instituida pelo poder maçónico em Portugal, deixou o governo do país com o maior superavit de que há memória, desde a Idade Média, reinando com clemência, bondade, e fomentando as reformas iluministas sem grandes convulsões. O superavit foi, claro, até às vésperas das invasões francesas.
Quanto à designação "kaingang", não é seguramente a que vem nos quadros, nem nos relatórios militares da época, falando dos índios. Hei-de ver como lhes chamavam, mas hoje já está tarde.
O valor desta obra é maior do que aquela que o Paraná lhe confere como testemunho pioneiro dos primórdios da sua fundação. De facto, é raríssima a descrição ilustrada iconográfica coeva de Índios americanos, no seu estado primitivo e selvagem, não só os do Brasil como também da própria América Anglo-Saxónica, ao contrário do que se passa com Maias, Aztecas e etc. Penso por isso que têem valor único igualmente para todo o Brasil, Continente Americano, Portugal e Europa.

Um Abraço

Alexandre, de São Paulo da Assumpção de Luanda, fundada por Paulo Dias de Novais

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RE: José Joaquim de Miranda

#21402 | magalp | 16 may 2002 12:56 | In reply to: #21395

Meu Caro Alexandre

Peço-lhe o favor de me dizer se tem obra sua no mercado. e em caso afirmativo qual o distribuidor aqui no Porto.
Fiquei em alvoroço com o seu brve comentário ao M. de Pombal. Há muito q. a perfilho, mas caem-me em cima, acusando-me de revanchismo barato - por cauas dum antepassado preso 17 anos no Limoeiro, à ordem do tremendo déspota...
Muitos cumprimentos, mais repeitosos ainda.
Manuel Maria Magalhães

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RE: Teste

#21505 | Portuguez | 17 may 2002 18:21 | In reply to: #21402

Já são tres tentativas falhadas pela password para lhe responder, MMM.
ATF

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Economia e Finanças Pombalinas

#21508 | Portuguez | 17 may 2002 18:53 | In reply to: #21402

Caro Manuel Maria

Como o teste passou, vamos lá a ver se esta também, mas ainda curta e a medo. Comece pelas Épocas do Portugal Económico, de Mestro Lúcio de Azevedo. Li tudo isto há muitos anos. Lembro-me de cor que há dados sobre o assunto também no "D. Maria I", de Caetano Beirão, e outros livros de meu Pai, pelo que pode haver actualmente bibliografia mais recente.
Cumptos.
ATF

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RE: Relação entre Contos, Cruzados e Réis em 1816

#21521 | doria_gen | 17 may 2002 21:44 | In reply to: #21257

Só os mais velhos, como é, João, é que falam em mil contos...

fa

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