Veadores e Reposteiros
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Veadores e Reposteiros
Já me deparei várias vezes com títulos para os quais não encontrei explicação.
Alguém poderá esclarecer o que é um Veador e um Reposteiro ?
Antecipadamente grato
JSPinto
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RE: Veadores e Reposteiros
Caro Confrade:
Eram "Ofícios" da Casa Real.
O primeiro Veador ou Vedor que se encontra em Portugal é João Gonçalves, no reinado de D. Fernando. Mais tarde, foram chamados Mordomos, que tinham a seu cargo a direcção da fazenda do Rei. Também no reinado de D. João I, se deu esta designação aos superintendentes das obras dos paços reais.
Reposteiro era o fidalgo que tinha por função descobrir a cadeira do rei nas funções públicas e que permanecia junto dela durante o acto. O ofício de Reposteiro-Mór esteve na Casa dos Távoras, passando depois à Casa dos Castelo-Melhor.
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Veadores e Reposteiros
Muito caro João
Muito lhe agradeço eu mais este pronto ensinamento, sempre com o "verbo" na ponta da língua!
Perguntava agora se os Castelo-Melhor conservaram esse ofício-mercê durante a vigência da monarquia constitucional.
Grande abraço,
Manuel Maria
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RE: Veadores e Reposteiros
Meu Caro Manuel Maria:
Saúdo o seu regresso, pois aqui, nas entrelinhas, percebi que teve uma ausência forçada. Julgo que foi o 4º Marquês, João de Vasconcelos e Sousa Câmara Caminha Faro e Veiga (1841-1878) - célebre toureiro - o último Castelo-Melhor que teve oficialmente o cargo de Reposteiro-Mór do Reino.
Um grande abraço do
João
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RE: Veadores e Reposteiros
Caro João de Castro e Mello Trovisqueira
Faço os meus cumprimentos.
Volto a este tópico pois gostaria que me explicasse o seguinte:
No que se refere ao Reposteiro Mor não tenho dúvidas de que era um fidalgo que exercia tais funções.
No que respeita ao reposteiro já não tenho a certeza.
Já li até o seguinte: "foi nomeado com o foro de reposteiro fidalgo.......". É aqui que surgem as minhas dúvidas.
Não consigo encontrar, nos foros de fidalguia, tal designação e, em casos que conheço, os nomeados não eram fidalgos.
Grato pelas suas notícias renovo os meus cumprimentos.
Atento e obrigado
João de Mariz Sarmento Macieira
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RE: Veadores e Reposteiros
Caro João de Mariz Sarmento Macieira:
Do livro "Privilégios da Nobreza e Fidalguia de Portugal", de Luiz da Silva Pereira Oliveira (1º ed., 1806, pg. 53) transcrevo o seguinte:
"Os officios nobres, e costumados, a andar em pessoas de esclarecido nascimento, se alguma vez forem conferidos pelo Príncipe em outras de menos condição, conservão (sic) o seu natural esplendor, produzem o seu consuetudinario effeito, e conseguintemente (sic) nobilitarão a quem os serve. [...].
Donde vem que os officios de ... Reposteiro-Mor [etc.] como de ordinario são providos nos principais do Reino, segue-se, que ennobrecem a qualquer outro que os servir."
Por agora, é tudo o que lhe sei dizer.
Melhores cumprimentos,
João de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Veadores e Reposteiros
Exmo. Senhor João de Castro e Mello Trovisqueira
Em tempos coloquei no forum uma questão, para a qual não consegui resposta. Porque também no presente tópico se trata dos ofícios da C.R., não resisto a transcrever a minha questão para aqui, ficando grato por qualquer esclarecimento:
"Tenho vários antepassados que foram proprietarios do ofício de "Apontador das Moradias dos Escudeiros e Cavaleiros-Fidalgos", e que tiveram o foro de cavaleiros - fidalgos.
Presumo que as funções de tal ofício fôssem , básicamente, apontar ou registar as moradias que competiam a cada um dos esc. e cav. fid. e , eventualmente, registar tais foros (esc. e cav. fid.), a sua concessão, ou o seu reconhecimento já que seriam hereditários ( na verdade diz-se nos alvarás "que é o foro que pelo dito seu pai lhe compete", ou algo semelhante).
Seriam de facto essas as funções do Apontador das Moradias?
Estaria o "Apontador das Moradias" na esfera da Mordomia-Mor? "
Antecipadamente grato.
Cumprimentos
António Godinho de Carvalho
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RE: Veadores e Reposteiros
Caro Confrade António Godinho de Carvalho:
Não sei responder objectivamente à sua pertinente pergunta. Mas esses cargos "administrativos" eram geralmente hereditários. Por exemplo, aparece com frequência o de "escrivão proprietário" que, com o tempo, tendia a tornar-se num cargo meramente honorífico, já que o seu titular contratava - e pagava - a outro indivíduo para o desempenhar com efectividade (conhecem-se, no entanto, casos polémicos em que esta prática foi posta em causa).
E também se sabe de outras situações em que tais ofícios foram simplesmente comprados.
Julgo, portanto, que o seu conceito está correcto, mas não tenho elementos seguros para saber de quem o cargo dependia.
Melhores cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Veadores e Reposteiros
Caro Confrade João de Castro e Mello Trovisqueira
Grato pela rápida resposta.
Efectivamente o cargo em apreço, e no caso destes meus antepassados, foi de propriedade. Atesta-o o facto de o último que o teve a ele ter renunciado a favor de um estranho ( presumo que o fôsse) à família.
Deixo aqui , por curiosidade, um breve esquema genealógico dos meus antepassados que tiveram o ofício. Estou com um parente meu a preparar um trabalho sobre os Godinho de Macedo abaixo referidos, com vista - em princípio- a futura publicação.
Francisco de Barros, moço de câmara, teve o referido ofício. Dele:
António de Barros c.c. Guiomar de Almada, que teve o mesmo ofício. Dele:
António de Baros c.c. Maria Barbosa Godinho,de Santarém (fª de Gonçalo Barbosa Henriques e de Isabel de Macedo Godinho). Teve o dito ofício e foi cav. fid. C.R.. Deles:
Gaspar Godinho de Macedo. Teve o ofício e foro de seu pai, renunciando ao ofício em favor de Manuel da Fonseca de Figueiredo. Viveu em Tremês e c.c. D.Mónica Maria Cabral, de Santarém (fª de Luis Correia da Silveira, escrivão do eclesiástico em Santarém, e de Mécia Cabral da Silveira-fª de Luis Velho Cabral , moço de câmara, e neta de Rui Velho Cabral, moço de câmara, e tabelião em Santarém). Com geração.
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ANTT – Matrícula da Casa Real Livro V fls.273. Livro VI fls.340 – Carta a António de Barros, cavaleiro-fidalgo, filho de António de Barros, irmão de Luiza de Barros, e neto de Francisco de Barros, de apontador das moradias dos escudeiros e cavaleiros-fidalgos com o ordenado e mais proventos a que tem direito entrando na vaga de seu pai-25 de Setembro de 1641.
ANTT – Matrícula dos Moradores da Casa Real Livro V fls.180-Alvará a Gaspar Godinho de Macedo, natural de Santarém, filho de António de Barros, cavaleiro-fidalgo, dos foros de escudeiro-fidalgo e cavaleiro-fidalgo com 1000 réis de moradia por mês e um alqueire de cevada por dia, atendendo aos serviços de seu pai-15 de Novembro de 1655.
ANTT – Matrícula dos Moradores da Casa Real Livro V fls.273 – Carta a Manuel da Fonseca de Figueiredo, de apontador das moradias dos escudeiros e cavaleiros fidalgos, pela renúncia de Gaspar Godinho de Macedo, cavaleiro-fidalgo morador em Santarém, filho de António de Barros e neto de António de Barros-6 de Junho de 1662.
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Os meus melhores cumprimentos e renovados agradecimentos,
António Godinho de Carvalho
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RE: Veadores e Reposteiros
Caro Confrade António Godinho de Carvalho:
Agradeço a intressante informação e espero sinceramente que o livro venha a ser publicado.
Com consideração, o meus melhores cumprimentos.
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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