Constança da Veiga de Azevedo
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Constança da Veiga de Azevedo
Caros confrades,
Procuro dados respeitantes a Constança da Veiga de Azevedo, a qual casou com Álvaro Rodrigues de Araújo (comendador de Rio Frio na Ordem de Cristo).
Os meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
LEGITIMAÇÃO DOS TRÊS FILHOS DE ÁLVARO RODRIGUES DE ARAÚJO, COMENDADOR DE RIO FRIO, transcrito na "Notícia dos Pais e Avós do Abbade de Purozello" pg. 88
Dom Affonço pella graça de Deos Rey de Castella de Leão, de Portugal, de Tolledo, de Galiza, de Sevilha, de Cordova, de Jaen, de Murcia, e dos Algarves daquem e dalem em Africa, Gibaltar, e das Algueziras, e senhor de Biscaya, e de Molina &c. a quantos esta nossa carta virem fazemos saber que nos querendo fazer graça e merce a Rodrigo Alvares de Araujo, e a Payo Rodrigues de Araujo, e a Gonçalo Rodrigues de Araujo, filhos de Alvaro Rodrigues de Araujo Comendador, e de Constança de Lama mulher solteyra ao tempo de sua nacença de nossa certa sciencia, poder absoluto, que havemos e dispensamos com elles, e legitimamolos, e fazemolos legitimos, e queremos, e outrogamos, que elles hajão e possão haver todos os previlegios, e liberdades dignidades, e officios tão publicos, como privados, que de feito e direyto haver poderião, assi como de legitimo matrimonio nascidos fossem, e que outrosi possão haver e herdar os bens do dito seu padre, e madre, e de outras quaiquer pessoas que lhos derem, ou que lhos deixarem por qualquer guiza que seja, asi por por testamento, como por codecilio, ou por outra qualquer guiza, que seja, assim por testamento, como por codecilio ou por outra qualquer guiza(sic), ou via ou doacção, e que outrosi possam succeder ab intestato ao dito seu padre, e quaisquer outros lhes possão fazer quaisquer doacções tãbem entre vivos, como cauza mortis, assi puros, como condicionais, e que outrosi possão succeder em morgados, e outras quaiquer heranças, ou Direitos que lhe forem dados, ou deixados, por qualquer via que seja, e por aquelles, que para isso seu poder houverem, comtanto, que não sejam bens, nem terras da Coroa de nossos Reynos, e outrosi queremos, e outrogamos, que com esta legitimação os sobreditos hajão a nobreza, e previlegios della, que por Direito comum, ordenação e uzança de nossos reinos haver deverião, se de legitimo matrimonio nascidos forão, não embargante quaisquer Leis, decretos, declaracois, costumes, constituicois, foros, oppiniois de Doutores, e quaisquer outras couzas, que esta legitimação poderiam annular, ou embargar, posto que tais sejão de que em esta nossa dispensação devesse ser feito expressa menção, poruqe nos havemos aqui por expessas, e declaradas, e queremos, que em elle não hajão lugar, porque nossa tenção he legitimarmos ao dito Rodrigo Alvares de Araujo, Payo Rodrigues de Araujo, e Gonçalo Rodrigues de Araujo o mais firmemente, que nos o poderiamos fazer, e o elles devem e podem fazer digo ser pella guiza que dito he, e esta dispensação lhes fazemos a requerimento do dito seu padre que pareceo perante nos em pessoa, e nolo por elles pedio, supprimos todos os fallecimentos de solemnidade, que de feito, ou direyto for necesario para esta legitimação firme ser, e mais valer, em pezo, não he nossa tenção, q por esta legitimação seja feito nenhum prejuizo a alguns herdeyros legitimos, se os tinha, e outras quaisquer pessoas, que algu~ Direito hajão em os ditos bens, e couzas, que assim lhes forem dadas, e deixadas em testamento, em testemunhos da verdades lhes mandamos dar esta nossa Carta, dada em Lisboa ao primeyro dia de Septembro.
Elrey o mandou pello Doutor João Teixeyra do seu Concelho, Dezembargo, e peticois, Ruy Vas por Affonço Trigo o fes anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil quatro centos e settenta e sinco annos.// E não se continha mais na ditta Legitimação que me apresentarão, e vay na verdade, e a propria me reporto
NOTAS:
1) Álvaro Roiz de Araújo, foi Capitão da Guarda do Inf. D. Henrique e Comendador de Rio-Frio na Ordem de Cristo. É provável que não tenha casado por ser freire de Cristo, mas teve larga geração de várias mulheres (alguns dizem que teve 22 filhos).
No testamento são mencionados dois varões, Rodrigo Álvares e Álvaro Rodrigues, oito filhas casadas, de que menciona apenas o nome dos maridos, e mais uma Lucrécia Rodrigues, possivelmente solteira naquela data. O mesmo Rodrigo e ainda Payo e Gonçalo Rodrigues de Araújo foram legitimados em 01/09/1475, como se vê por este documento.
Segundo Felgueiras Gayo (Vol.IV, pg 43 e seg.), também foram legitimadas 5 filhas (Mayor, Violante, Lucrécia, Constança e Leonor) na mesma data (1/9/1475)e, em 1494, mais 3 filhos (Pedro Alz, Álvaro Rz, e Lopo Rz de Araújo) que, diz, foram gerados em Guiomar Affonso(?).
Também na mesma fonte se diz que, em 1504, estão do Livro das Legitimações, pg.4, os nomes de Pedro de Araújo, Fernão Velho de Araújo e Ignez Rz de Araújo, a quem dá como mãe Branca Lourenço.
2) Entre as progenitoras de tão elevada prole é, pois, certo que figura Catarina de Lama (Gayo fala de Catarina de Lima), mãe dos três filhos legitimados em 1475 e, possivelmente Guiomar de Villafranca e Branca Affonso, de Távora.
Lama (Salvador) era freguesia do Couto de Azevedo, do Concelho de Barcelos; Vila Franca (S.Miguel) pertenceu ao mesmo concelho até 1834 e, depois, a Viana do Castelo. Távora (S.Vicente), também é no Minho (Arcos de Valdevez), e lá existiu a Casa do Picouço, que foi solar destes Araújos, descendentes do Comendador de Rio-Frio, pelo casamento de Rodrigo Alz de Araújo com D. Ana da Cunha, H. da Torre de Picouço ou Picanços.
Um abraço
Luis
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Por um infeliz lapso, não referi a fonte:
João de Castro e Mello Trovisqueira, "A Ascendência do Abade de Prozelos" texto publicado em Raizes e Memórias Dezembro de 2000, nº 16
Fica a rectificação
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Lisboa, 10 de Novembro de 1690
Certidão passada pelo Cardeal Dom Veríssimo de Lencastre ao Capitão de Infantaria António de Araújo de Azevedo
Transcrito na " Notícia dos Pais e Avos do Abbade de Purozello" pg. 90
CERTIDÃO DA VARONIA DOS ARAUJOS
Dos livros das familias illustres deste Reyno que tenho em meu poder, consta que António de Araujo de Azevedo, Cappitão de Infantaria paga do exercito do Minho, e Cavaleyro da Ordem de Christo he descendente da familia dos Araujos por Varonia do Reyno de Galiza, que passarão a este Reyno pella maneyra seguinte#Rodrigues Annes de Araujo o primeyro do nome, fundou a fortaleza de Araujo no Reyno de Galiza, e nelle casou com a filha da Caza dos Vellozos, e desta teve a Froylos de Araujo, que sucedeo na mesma Caza, e senhorio e cazou com hua filha do Conde Rodrigo Vellozo, de que teve a #Tristão de Araújo, que secedeu na mesma Caza, e sendo cazado teve de sua mulher a #Rodrigo Annes de Araujo segundo do mesmo nome, foi sucessor da mesma Caza, e sendo casado teve de sua mulher a Payo Rodrigues de Araujo primeyro deste nome, o qual concorreo no tempo del-Rey Dom Dinis de Portugal, e foi guarda de sua Caza, e casou com hua irma do Mestre de São Tiago do Reyno de Castella, e foi tambem senhor da Caza de Araujo, e teve a#Vasco Rodrigues de Araujo, que sucedeo na mesma Caza; e foi Commendador treze na Ordem de São Tiago da Castanheyra, e teve de sua mulher a #Pedro Annes de Araujo que sucedeo na mesma casa, e foi Fronteyro mor na Galiza em tempo del Rey Dom Fernando: Cazou com Donna Anna Vellozo filha do senhor de Pedroso, de quem teve a #Gonçalo Rodrigues de Araujo, que sucedeo na mesma Caza, e cazou com a filha do senhor da Ribeyra em Galiza, da qual teve a #Pedro Annes de Araujo segundo do nome, e sucessor desta Caza, e sendo cazado teve a #Payo Rodrigues de Araujo segundo do nome, sucessor na Caza, Embaxador que foi a Castella por ordem del Rey Dom João o primyero de Portugal e cazou com Donna Leonor Pereyra de Barbudo filha herdeyra de Bernardim de Barbudo, de quem teve a #Fernão Velho Araújo primeyro deste nome, sucessor da mesma Caza, e cazado com Donna Izabel de Barros filha de Hieronymo de Barros, deste matrimonio teve a #Fernão de Araujo, segundo do nome, que sucedeo na mesma Caza, e cazou com Donna Izabel Coelho, filha do senhor de Felgueyras e Vieyra de quem teve a#Fernão Velho de Araujo segundo do nome, este perdeo a Caza e senhorios de Araujo pella culpa que cometeo na morte do mordomo mor do Reyno de Orense e cazou com Donna Anna Nunes Bezerra filha do Doutor Nuno Gonçalves Bezerra, da qual teve a #Payo de Araujo de Azevedo terceyro do nome na Villa da Barca, cazou com Donna Anna Gomes Pimenta filha de João Rodrigues de Araujo, e de Donna Catharina Bernardes Pimenta Tia de Dom João Pimenta Bispo de Angra, e do Doutor Hieronymo Pimenta de Abreu Dezembargador do Passo, de quem teve a #Fernão Velho de Araujo terceyro do nome o qual cazou com sua parenta Donna Catharina Velloza da Costa, e della teve a #João de Araujo de Azevedo, que cazou com Donna Catharina Pereyra, de quem teve ao sobredito#António de Araujo de Azevedo.#esta Certidão foi mandada passar pello Cardel Dom Verissimo, e todo sobredito consta dos Liveros, e mandey passar a presente por mim assignada, e sellada com o sinete das minhas armas em Lisboa aos des de Novembro de mil seiscentos e noventa annos// O Cardeal de Lencastre//Lugar do sello das armas//E não se continha mais na dita Certidão do Cardeal Dom Veríssimo de Lencastre que se tresladou bem, e na verdade, como nella se conthem, a a propria me reporto
Luis
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
AFORAMENTO DE PAYO RODRIGUES DE ARAÚJO "O CAVALEIRO", transcrito na "Noticia dos Pais e Avos do Abade de Purozello", pg. 92
Aforamento de Payo Rodrigues de Araujo o Cavaleyro, do Couto de Val de poldros.
Saybão quantos este instrumento de aforamento virem de como eu Payo Rodrigues de Araujo fidalgo da Caza do muito magnífico e poderoso Senhor Elrey Dom João primeiro, e guardador de sua pessoa, e Comendadeyro da Comenda de Riofrio, e Rio Caldo, Alcayde mor do Castello de Lindozo, e senhor de Lobeos em Galiza, ora aforo para sempre em fateosim a vos Anes Pescosso e a vos Nraz Alquerno(?), e a vossas mulheres Catharina Petiza, e Anna Chamissa, que presentes estades o meu Couto de Val de poldros, e assim como eu o deffendi, demarquey, e melhorey, com tal condiçom, que vos e todos vossos descendentes serdes obrigados a ser nossos piões de pee, e de nossos descendentes, que pessuirem o dito Couto, no qual farey huã caza, onde residira o meu mordomo, o qual seredes obrigados a servir naquillo que de nossa parte vos demandar non sendo vos vergonhozo; e quando eu for cassar ao dito Couto ousarey na dita Caza, levarey vinho e pão branco, e vos seredes obrigados a nos dar para nosso gazalho cada hum, huã pessa do milhor movel de vossa caza, e os que não tiverdes nos pagareis com sendas e boas vontades; e por que quero que sejades defendidos e amparados deixo de consenso para sempre de cada hum anno no dito Couto a meu Compadre Nuno de Amorim Comendataryo de Paderne digo do Mosteyro de Paderne, e aos que apos delle forem quatrocentos reis em cada hum anno, para que vos defendão, e amparem de tão maos homes como são Lopo Gomes de Abreu senhor dos Regalados, e Fernão Annes senhor de Giella, e de outros semelhantes, e por de todo ser contente, e vos aceitardes eeste aforamento com as ditas condicois mandey fazer a presente, em que forão testemunhas etc.(sic)
Luis
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro Luís Camisão:
Creio que já tinha enviado estes textos ao seu primo Artur. Neste, leia-se "Braz Alquerno (?)", em vez de "Nraz Alquerno (?)". A minha dúvida de leitura está no Alquerno.
Para mim é duvidoso que O Comendador de Rio Frio tenha alguma vez casado (Nessa época, aos Comendadores da O. de Xto, era vedado o matrimónio). Mas Constança será uma das mâes dos seus muitos filhos. Será a Constança "de Lama" referida no seu testamento?
Obrigado pela menção da webpage.
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro J. de Castro e Mello Trovisqueira
Tinha conhecimento do envio de alguns documentos, mas não tinha conhecimento de quais, motivo de ter colocado aqui os textos.
Em todo o caso, tudo aponta para que esta Constança "de Lama", seja a mesma, se bem que no testamento existe a seguinte frase, que coloca uma dúvida:
- "..., e mando aos meus dois herdeyros os distribuão pella Alma de Constança de Lama..."
Neste caso, (e corriga-me se eu estiver enganado) é feita referência a dois herdeiros quando no processo de legitimação são referidos três.
Será que apenas dois herdaram?
Não tem que agradecer a referência à webpage, pois o que é bom deve ser divulgado.
Cumprimentos
Luis Camizão
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro Luís Camisão
Interessantes as suas mensagens! E curiosas: achei piada à menção de “tão maos homes” a Fernão Annes senhor de Giella, que deve ser o pai do 1º Visconde de Cerveira (http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=8819) e a Lopo Gomes de Abreu, que deve ser o filho do 3º Sr. de Regalados (http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=16908). Sendo assim, não deixa de ser de notar ser genro de Paio Rodrigues de Araújo.
Do segundo, nunca tinha ouvido falar da “maldade”. Do primeiro, já me tinha constado que havia queixas, principalmente, dos Cerqueiras, família dominante na zona dos Arcos até à chegada dos Limas!
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro Luís Camisão:
Não tinha reparado nisso, mas o mais provável é que um dos herdeiros tivesse já morrido, quando o pai fez o testamento.
Como haverá outros interesados no assunto, transcrevo também o referido testamento.
Renovados cumprimentos
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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Rio Frio, 25 de Abril de 1506
Testamento de
ÁLVARO RODRIGUES DE ARAÚJO, Comendador de Rio-Frio
Transcrito na "Noticia dos Pais e Avos do Abbade de Purozello" pg. 82 vº
¦ 82 vº ¦
E logo me foi apresentado outro testamento que disse ser o dito supplicante de Alvaro Rodrigues de Araujo Comendador de Rio frio, e fidalgo da Caza Real, Irmão de seu septimo [sobreposto: sextto]
avo Gonçalo Rodrigues -
¦ 83 ¦
Rodrigues de Araujo, escripto por Tabelião e em publica forma, que mandey tresladar e o theor delle de verbo ad verbum he o seguinte========================================
Testamento de Alvaro Rodrigues de Araujo Comendador de Rio frio
Em nome de Deos amen, saybão quantos os que esta manda, y testamento virem como eu Alvaro Rodrigues de Araujo Cavaleyro, e Comendador da Comenda de Riofrio, que he da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo jazendo doente em cama de dor, que eu tenho no Corpo, e enfermo, e são do entendimento, faço minha manda por esta guiza, que se segue // Primeyramente encomendo minha Alma ao Senhor Deos, que a criou, e rogo a Virgem Maria, que com toda a Corte celestial rogue ao Senhor Deos por mim // Mando que enterrem meu corpo dentro na Igreja no jazigo, que hora mandey fazer // Mando hum marco de prata para hum Calix ao Mosteyro // Mando que no prymeiro dia me digão sincoenta -
¦ 83 vº ¦
Sincoenta Missas, e se as não poderem dizer no dito dia, que as digão athe o terceyro dia // Mando que ao mes me digão vinte missas // Mando que ao anno me digão trinta e se as não poderem dizer nos ditos dias, que as digão nos seguintes dias // Ao presente dem de obrada a metade de huã vaca e dois carneyros e trinta reis de pão, e hum odre de vinho; ao mes vinte reis de pão, hu~ carneyro e hum alqueyre de vinho; // Mando que me obradem cada sabado, ou cada Domingo com sinco reis de pão alvo, e huma canada de vinho, e carne ou pescado, como se puder haver, e que o Cappelão va sobre minha sepultura com agoa benta cada Domingo // Mando que digão hum trintario encerrado o mais sedo que puder ser // Deixo por meu Cumpridor a Rodrigo Alvares meu filho, que cumpra estas couzas, e deixo o Abbade de Cabreyro por accuzador // Mando a todos os meus filhos e filhas sob pena de minha bencão, e maldicão, que não sejão contra minha manda // Estas são as dividas que devo: devo a Payo Rodrigues seis mil reis, ou aquillo que acharem -
¦ 84 ¦
Acharem assignado por minha mão // Devo a Fernão Velho meu sobrinho onze mil reis, ou aquillo que se achar assignado por minha mão, e elle tem em penhor o meu Lugar em Lubeyra, e tanto que lhe derem o dito dinheyro, que elle largue o Lugar // Devo a Rodrigo Alvares de Mantelães trezentos e quarenta e sinco reis, que lhe fiquey por Pedro de Cadorcas, e lhe devo em outra parte cem reis // Devo a Pedro Affonco de pano que lhe mandey tomar para a mulher de João Lopes dous mil reis // A Rodrigo Alvares de Mantelães de pano que tomey para minha neta mulher de João do Barreyro de Monte Redondo dous mil duzentos e sassenta reis, e elle Rodrigo Alvares recebeo a renda de hum Cazal, que traz Gonçalo da Lama, o mais seja a conta // Ao Abbade de Tavora de vinho, que lhe comprey novecentos e settenta reis // Devo a Diogo Dias Bom christão mercador de pano, que lhe mandey tomar em Sancta Luzia para vestir minha Caza, e de outro que lhe ja devia deantes em que se montão quatro mil duzentos e sassenta reis. // -
¦ 84 vº ¦
A Henrique de Lima de pano que lhe tomey no Ladaryo novecentos e dezaseis reis // Devo a Froillos de Araujo dous mil reis // A João de Arranhados mil reis de bezerros // Devo a Alvaro Ennes sapateyro cento e quarenta reis // Estas são as dividas que me devem. Deve Pedro de Cadorcas cento e quarenta reis // Gonçalo Gil de São Mamede, mil e quatro centos reis de bezerros que lhe vendi, e de adianamentos (sic) athe esta era de quinhentos e sinco // Deixey a João do Pezo dois bezerros em mil, e novecentos reis, ittem em outra parte me deve seiscentos reis de dois bezerros meus, q vendeo // A mulher e filhos de João de Travacos trezentos reis, que emprestey a João de Travacos // Rodrigo de Travacos mil e cem reis de bezerros, que lhe vendi, me deve mais os adianamentos em Riofrio, Senlarey [Serraleis], Parada e Guilhadezes // João de Senlarey quinhentos reis ou o que se achar em bonna conta, que são de adianamentos, que fes comigo // Fernando filho de João do Fojo, deve hum bezerro, e não me lembra o preço, e recebi delle duzentos reis // Fernão Ennes de eira da Villa me deve de -
¦ 85 ¦
De hum bezerro, ou boy de luctuosa mil e quatrocentos reis, e destes recebi por a metade de hua vaca quatrocentos e vinte e sinco reis // Estes são os Cazamentos que eu dey a minhas filhas, primeyramente Pedro Alvares ouve desasette mil reis, e a mulher vestida de dous vestidos de Londres, e suas camas de roupas // Goncalo de Morim des mil reis em dinheyro, e suas camas de roupa, e a mulher vestida de Londres. // Rodrigo Alvares de Mantelães des mil reis, e suas camas de roupa, e a mulher vestida de Londres.// A mulher de João Gomes deulhe meu Irmão o Cazamento, e eu deylhe a roupa da cama // Alvaro Pires de Caravana outro boy e outro gado que lhe dey, que valia sinco mil, e quinhentos reis, e sua roupa, e ella vestida de Londres. // Luis de Moreyra oito mil reis em dinheyro, e sua cama de roupa e ella vestida de Londres. // Affonso Garcia deulhe o Visconde o cazamento, e eu deylhe a roupa // Dey a João Lopes de Calvos sinco mil reis, e sua cama de roupa -
¦ 85 vº ¦
Roupa, e sua mulher vestida de Londres. // Mando que esta minha filha Lucrecia Rodrigues herde Irmammente com os outros meus filhos, e mando que em a Alvaro Fernandes meu Criado quatrocentos reis por serviço, que me fez, a João Grova (?) outrosi meu Criado tres mil reis, mando
a Mayor minha neta, que a vistão assi como vestirão a sua Irmam, e lhe dem quatro mil reis. // Mando a Constanca Goncalves mil reis, mando a Maria minha Criada, que lhe dem trezentos reis, porquanto ja agora esta vestida. // Mando que os moços pequenos, que eu criey que fazendo Deos de mim al, mando a meus Cumpridores, que lhe satisfacão, como cada hum merecer. // Mando que a Pedro Galego meu Criado lhe dem tres mil reis. // Mando, que todos os meus bens se paguem estas dividas, e servicos assima escriptos, segundo por mim he mandado, e tanto que apartadas forem as dividas me apartem -
¦ 86 ¦
Apartem meu terco para cura de minha Alma, do qual mando ao dito Rodrigo Alvares meu filho, e assi a Alvaro Rodrigues outrosi meu filho que tambem lhe dou por ajudador, que cumpra todas as couzas assima escriptas, que cumprão para cura de minha Alma, e assim o mais, e cumprido, o mais que remanecer de meu terço o hajão por seu trabalho, e se ahi houver tanta quantidade, mando que dem dous mil reis para duas orphans, onde virem que he mais necessario, e assim mando a Guiomar de Villafranca, que meus herdeyros lhe não vão a couza alguma, que ella tiver destas portas a dentro a saber em peças de Caza, e mais mando, que por serviço, que me fes lhe dem quatro milreis em gado, quer em dinheyro, mais mando lhe não vão ao quinhão de duas vacas, e duas filhas, que trago comigo // Mando que dem a Branca Affonco de -
¦ 86 vº ¦
De Tavora dois mil reis. // Mando que de todos os meus bens se apartem tres mil reis, e mando aos dois meus herdeyros os distribuão pella Alma de Constanca de Lama por muito serviço que me fes; mando a meus herdeyros, que não vão a huas pertencas, que comprou Guiomar de Villafranca a Goncalo de Villafranca em Gouvellas; Mando que os bens que comprou Guiomar de Villafranca a Lopo, que jazem em Villafranca, que forão de Mecia Affonco, que lhe não vão a elles. digo mais, que o Campo das Coraceiras, que pertence aos filhos de Constanca de Lama, que ella o comprou; e por esta maneyra hey por revogadas outras quaisquer mandas, e codecilios, que eu athe aqui tenha feitos, que não valhão em juizo, nem fora delle, salvo esta, e por ella peco a Elrey Nosso Senhor, e a todas as suas justicas, a que for mostrada, que em todo o facão cumprir, e guardar, porque esta he a minha postrimeyra vontada e esta hey por bonna e valioza -
¦ 87 ¦
Valioza deste dia para todo sempre // E mais me deve Pedro Alvares de Cazal Soeiro o que lhe emprestey; feita, e outorgada foi a dita manda dentro das Cazas da morada da dita Comenda de Rio frio, aos vinte e sinco dias do mes de Abril do anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e quinhentos e seis, e logo ahi pello dito Alvaro Rodrigues Comendador foi dito que seu dezejo e vontade era por alguns respeitos ao prezente todos não serem sabedores do Contheudo em seu testamento, disse que mandava a mim Taballião, que fizesse hum instrumento ao pee della de fee, como elle outorgava prezentes as testemunhas, o qual instrumento he o seguinte -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Saibão quantos este instrumento de fee, e outoga virem, que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e quinhentos e seis annos, aos vinte e sinco dias do mes de Abril dentro das Cazas -
¦ 87 vº ¦
Cazas da morada da Comenda de Rio frio, do Julgado de Val de Ves em prezença de mim Tabalião, e testemunhas jazendo em cama Alvaro Rodrigues de Araujo Comendador da dita Comenda, que elle agora fazia sua manda, e testamento, e por nella mandar alguas couzas por descargo de sua Alma, comigo Tabalião del Rey Pedro Annes no dito Julgado, como assima deste escripto está escripto, e por ao prezente todos não serem sabedores do que eu mando, por descargo de minha Alma, vos Tabalião me dareis hum instrumento, como heu hey por boa, valioza, e firme para sempre, como nella fas menção, e outorgo por este escripto em pessoa vossa, e das testemunhas, que me vem, e ouvem outorgar, assim, e pella guiza, que nella fas menção, e por vos Tabalião escripta, porque esta he minha tenção digo minha vontade, porque a fis com todo o meu sizo, e entendimento, e de todo peco assim, hum instrumento, e por elle pro-
¦ 88 ¦
Protesto ser firme, valioza em juizo, e fora delle, como couza por mim he mandado, e por de tudo peco o dito instrumento para minha guarda, e de minha alma, testemunhas que forão prezentes João Lopes de Calvos, e Goncalo Gomes seu filho, e Diogo Lopes de Alvim, e Fernão de Calvos, e Diogo do Torrão, e Diogo da Fonte, morador em Tavora, e outros e eu Pedro Annes Tabalião no dito Julgado, que este escrevi, e assi foi testemunha Diogo Fernandes Abbade de Peruzello // Alvaro Roiz // // Gonçalo Gomes // Diogo Lopes // Diogo da Fonte // Fernão de Calvos // // Diogo do Torrão // Martinho Alvares // João Lopes =======================================
E não se continha mais nada no dito testamento, e termo delle, que tudo se tresladou na verdade e ao proprio me reporto ======================================================
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro Vasco Jácome
De facto, também achei piada à referência a tal menção.
Mas pelos vistos, e graças ao nosso confrade J. de Castro e Mello Trovisqueira, de cuja webpage retirei estes textos, ficámos um pouco mais elucidados sobre estes Araújos.
E fica aqui uma questão:
- Na folha 84 do testamento, existe uma referência a um Gonçalo de Lama. Será que terá algum parentesco com Constança de Lama referenciada na folha 86v, e na carta de legitimação?
Cumprimentos
Luis Camizão
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro João,
E, efectivamente, enviou-me. No entanto, como sabe, esses textos são omissos relativamente a Constança da Veiga de Azevedo: a menos que ela se chame, também, Constança "de Lama".
Um abraço
Artur
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro Luís Camizão
É possível que sim. Não há dúvida que Constança de Lama foi servente, e não só, do Comendador. A renda que pagava Gonçalo da Lama por um Casal (por que é que ele tinha terras pelas quais pagava ao Comendador?) foi usada para pagamento de uma dívida de Álvaro Roiz.
Assim, é possível que Constança e Gonçalo fossem parentes, mas só pelo que leio aqui fica difícil confirmar. Podia apenas serem ambos de Lama, Barcelos. A posse de terras nesta freguesia por parte de Álvaro de Araújo pode ter justificado os seus conhecimentos com a Constança e não significar qualquer parentesco desta com GOnçalo. Ou o facto de Gonçalo ser caseiro(?) já resultar de ser parente próximo da “amiga” do Comendador.
Mais é difícil dizer.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: Constança da Veiga de Azevedo
Caro Artur:
É bem possível que assim seja, tanto mais que Lama é uma localidade do Couto de Azevedo. E era frequente as pessoas serem conhecidas pelo lugar de proveniência; poderia, portanto, ser indiferentemente apelidada por um ou outro topónimo.
Não sei se Veiga de Azevedo correponderá a uma
zona específica da localidade.
No entanto e certamente, Constança foi uma "favorita" do Comendador, e pode também ter sido "criada" dos Azevedos (no bom sentido do termo).
Não será nada fácil encontrar a sua ascendência...
Um abraço,
João
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