«O Segredo da Bastarda», de Cristina Norton
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«O Segredo da Bastarda», de Cristina Norton
Caros Confrades
Foi publicado recentemente «O Segredo da Bastarda», obra de de Cristina Norton, que aparece estruturada em três planos distintos:
- um primeiro, transcendental, relata a perspectiva de Nossa Senhora, que vai desabafando fórmulas ao longo do livro, como madrinha da personagem central;
- um segundo, em tempo posterior à acção central, onde Dona Maria Eugénia de Menezes consola a filha, Dona Isabel Maria Smith, que padece de uma tuberculose na ilha da Madeira;
- um terceiro, a acção central, com o relato da história de Dona Eugénia José de Menezes, filha dos 1.ºs Condes de Cavaleiros e neta paterna dos Marqueses de Marialva.
São os amores e desamores desta Senhora que vão sendo relatados ao longo da obra.
Quer a Autora que tenha nascido na Casa de Cavaleiros (Guimarães), dizendo-se nas genealogias ter nascido em Minas Gerais, onde seu pai foi Governador. Já no Reino, foi Aia da Rainha Dona Carlota Joaquina, aqui descrita com as características psicológicas da ambição e da intriga, que a História registou, acrescentadas dos defeitos físicos que se pretendeu apagar, da fealdade e de uma perna mais curta que a outra.
O livro continua com os encontros platónicos de Dona Eugénia de Menezes com William Beckford, que por cá passou, escrevendo um dos mais deliciosos e bons relatos do Portugal dos fins do Antigo Regime, e que a Autora trata com alguma ambiguidade, deixando no ar um envolvimento amoroso com o Marquês de Marialva... Mas, sobretudo, são os encontros nocturnos com o Regente Dom João (futuro Dom João VI) e o fruto que dali poderá ter havido, que vão movimentar a acção...
Sobre esta Senhora, a «Descendência de S. M. El-Rei o Senhor Dom João VI» nada menciona. Já no «Livro d'Oiro da Nobreza», De Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, há referências meio omissas, limitadas ao nível oficial, compreensíveis para quem relê o prefácio dos Autores. Nas «Famílias Titulares e Grandes de Portugal», omitem-se factos no capítulo dedicado aos Condes de Cavaleiros (Vol. I), para se apresentarem referências claríssimas nos Condes do Tojal (Vol. II), com transcrições de periódicos da época e datas de Decretos Régios, condenando e ilibando Dona Eugénia de Menezes - talvez porque aquele Vol. I foi ainda da autoria de Albano da Silveira Pinto, sendo o Vol. II do Visconde de Sanches de Baêna?!... Mais recentemente, é Eduardo Nobre quem vem falar desta ligação, na sua obra «Paixões Reais», afirmando a existência de frutos dos amores ocultos do Príncipe Regente...
Após a leitura deste romance histórico e uma análise a fontes genealógicas primárias (leia-se: de consulta obrigatória), aqui fica a questão:
Seria Dona Maria Eugénia de Menezes filha d'El-Rei Dom João VI, como pretendeu? ou de João Francisco de Oliveira, Médico da Corte?
Melhores cumprimentos
Manuel Azevedo Graça
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RE: «O Segredo da Bastarda», de Cristina Norton
Caro Manuel de Azevedo Graça
Em 1978, comprei 2 livros da autoria de Ângelo Pereira (Jornalista,escritor e investigador),editados em 1955 e 1956 pela "Empresa Nacional de Publicidade" que são: D. João VI Príncipe e Rei - A Bastarda e A Independência do Brasil.
Qualquer deles interessantíssimo e deveras elucidativo deste período da nossa História.
No caso de " A Bastarda", o livro divide-se em 3 grupos distintos.
1 - O das fontes que serviram para a acusação
2 - O das obras ou estudos que,sem investigação especial,aceitaram como bom o que ficara dito anteriormente
3 - Trabalhos de investigação e reconstituição do processo que vieram mostrar a incoerência da incriminação, revelando a forma como os factos se passaram.
Como não tenho o dom da escrita, passo a transcrever uma pequena passagem do prefácio escrito por Ernesto Soares:
"...Apresentar D.João VI como autor do duplo crime, de sedução de uma dama do Paço e de coacção na pessoa de um seu amigo e vassalo para se eximir da grave responsabilidade de agente desse crime, se não houvesse de ser considerado como uma infâmia, teria de ser classificado como acusação irrisória e satírica.É preciso não haver o mais pequeno conhecimento da pessoa deste monarca,dos seus defeitos e das suas virtudes, e em especial da sua bondade,comprovada em todos os actos da sua vida, para pressupor semelhante arguição.
Quem tenha seguido com o espírito isento de preconceitos ou de má fé este vulgaríssimo caso de sedução praticado por um homem, insinuante, numa menina histérica, encontra, sem grandes congeminações,uma forma de ataque à Família Real, acusação mantida, especialmente, pelo comodismo dos que tinham o dever de pugnar pela bondade e inocência do Rei. ....É de frisar a extensa documentação que vai transcrita na íntegra e que só por si seria prova mais do que suficiente, se outras não existissem da culpabilidade do médico..."
É esta a conclusão a que chega Ângelo Pereira no seu livro.Caso não o consiga encontrar à venda, tenho todo o gosto em o mandar fotocopiar.
Aproveito para lhe agradecer a dica do livro "Glória" de Vasco Pulido Valente.Já comprei e estou a deliciar-me.
Cumprimentos.
Neca Castel-Branco
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RE: «O Segredo da Bastarda», de Cristina Norton
Caro Manuel de Azevedo Graça
Em 1978, comprei 2 livros da autoria de Ângelo Pereira (Jornalista,escritor e investigador),editados em 1955 e 1956 pela "Empresa Nacional de Publicidade" que são: D. João VI Príncipe e Rei - A Bastarda e A Independência do Brasil.
Qualquer deles interessantíssimo e deveras elucidativo deste período da nossa História.
No caso de " A Bastarda", o livro divide-se em 3 grupos distintos.
1 - O das fontes que serviram para a acusação
2 - O das obras ou estudos que,sem investigação especial,aceitaram como bom o que ficara dito anteriormente
3 - Trabalhos de investigação e reconstituição do processo que vieram mostrar a incoerência da incriminação, revelando a forma como os factos se passaram.
Como não tenho o dom da escrita, passo a transcrever uma pequena passagem do prefácio escrito por Ernesto Soares:
"...Apresentar D.João VI como autor do duplo crime, de sedução de uma dama do Paço e de coacção na pessoa de um seu amigo e vassalo para se eximir da grave responsabilidade de agente desse crime, se não houvesse de ser considerado como uma infâmia, teria de ser classificado como acusação irrisória e satírica.É preciso não haver o mais pequeno conhecimento da pessoa deste monarca,dos seus defeitos e das suas virtudes, e em especial da sua bondade,comprovada em todos os actos da sua vida, para pressupor semelhante arguição.
Quem tenha seguido com o espírito isento de preconceitos ou de má fé este vulgaríssimo caso de sedução praticado por um homem, insinuante, numa menina histérica, encontra, sem grandes congeminações,uma forma de ataque à Família Real, acusação mantida, especialmente, pelo comodismo dos que tinham o dever de pugnar pela bondade e inocência do Rei. ....É de frisar a extensa documentação que vai transcrita na íntegra e que só por si seria prova mais do que suficiente, se outras não existissem da culpabilidade do médico..."
É esta a conclusão a que chega Ângelo Pereira no seu livro.Caso não o consiga encontrar à venda, tenho todo o gosto em o mandar fotocopiar.
Aproveito para lhe agradecer a dica do livro "Glória" de Vasco Pulido Valente.Já comprei e estou a deliciar-me.
Cumprimentos.
Neca Castel-Branco
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RE: «O Segredo da Bastarda», de Cristina Norton
Caro Neca Castel-Branco
Agradeço imenso as suas indicações, indo procurar o livro que refere. Na realidade, esse é um tema que me interessa, mais por motivos genealógicos, que por motivos de investigação histórica.
Quanto ao «Glória», é um belíssimo livro, de um escritor e historiador de nomeada. Aproveito para informar (se o não souber já), que Vasco Pulido Valente deu uma entrevista de fundo à revista do JN/DN, em que fala deste livro.
Melhores cumprimentos
Manuel Azevedo Graça
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