Casamento a furto
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Casamento a furto
Algum Confrade me poderá informar sobre " casamento a furto" que aparece em alguns assentos de matrimónio, no sec. XIX?
Grato desde já pelas respostas que me possam fornecer.
Vasco Briteiros
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RE: Casamento a furto
Caro Vasco Briteiros
No Felgueiras Gayo encontrei a expressão " casou por amores e a furto" referente a um rapto e fuga para a Galiza, seguido do casamento dos fugitivos.Data de 1606.Deve responder á sua dúvida.
Cumprimentos
Miguel Brandão Pimenta
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RE: Casamento a furto
Meu caro Miguel
O nosso Camilo C.B. usou muito a expressão que de resto ainda tinha esse mesmo significado há poucas dezenas de anos atrás senão por todo o Portugal, aqui no norte, Minho, Trás-os-Montes e Beiras.
E nem sempre se verificava a expressão de F.Gayo, pois encontramos notícias de "filhos furtados", sem casamento e/ou amores ilícitos, presumindo-se até práticas de violência, pela acusação da donzela ou dos pais, familiares. tutores, etc.
Mas Camilo foi ainda mais longe! Analisando apelidos dizia que os Furtado (e Hurtado...) provinham duma tal relação; bem como os Frei de frades, daqueles antigos "pregadores de penitencias" que tinham muito má fama... tanta que os quartos que lhes reservavam nas casas antigas, para pernoita, não tinham comunicação com o resto da casa, não fossem eles fazerem alguma pela calada da noite, fugir com algumas pratas debaixo dos volumosos hábitos!
Encontrando estes trechos de Camilo passo-te o título da obra, pois é muito divertida, interessante e até esclarecedora!
Grande abraço
MM
PS-via MSN converso diariamente com Queensland, Boavista/Bessa e Braga...
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RE: Casamento a furto
No Brasil, antigamente se chamava casamento a furto (ou fugir com a noiva) quando o consórcio era feito sem anuência da família da mulher. Mas podia ser (e freqüentemente era) uma espécie de jogo. Uma maneira socialmente aceita da família fugir à obrigação do dote ou, até, ao pagamento das despesas do casório.
MSá
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RE: Casamento a furto
Caro MSá
Há a considerar uma outra hipótese: quando os nubentes não tinham o mesmo estatuto social. Neste caso, seria talvez a família do noivo a mais interessada: quer pela falta de dote; quer pelo declínio social previsto. Em Portugal, não foi rara a ida para o Brasil do nubente em busca de fortuna: o intuito seria o posterior aparecimento junto da família da mulher. Pocurava-se a aceitação familiar e social!
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Casamento a furto
Errata:
Onde se lê Pocurava-se, deve-se ler Procurava-se.
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RE: Casamento a furto
Caro M Sá
Por aqui os nobiliários relatam casos semelhantes ainda que não classificando própriamente de casamento "a furto", mas a "contra-gosto" dos pais, ou mesmo "contra a vontade" destes. Em muitos casos era realmente uma maneira de se eximirem do contrato ante-nupcial, do pagamento do dote...
Tais situações redundavam por vezes em verdadeiras trajédias!
Aconteceu na Beira uma verdadeira e muito sangrenta trajédia de "facão e alguidar" em que o noivo tomou de assalto pela calada da noite o convento onde fora recolhida a noiva à ordem de seu pai, alegando que o mesmo noivo era de condição inferior. Feriu, matou e furtou mesmo a dita noiva. Muitos anos mais tarde, veio a averiguar-se que a linhagem do dito noivo era bem mais antiga e brilhante do que a dos sógros!
Por esse tempo não havia ainda esta BD/GP...
Numa nobilíssima casa em Aveiro aconteceu algo de semelhante, no séc. XVIII.
Mas também sudediam outras peripécias nestas matérias de convenções ante-nupciais.
Assim, já na 1ª metade do séc. XIX, um tabelião de Vila Real lavrou uma importante escritura dotal para o casamento de uma muito importante Senhora daquela cidade com um seu parente das terras de Basto, presuntivo senhor dum muito razoável morgadio, mas realmente muito longe do poderio económico do "promitente" sôgro. Este morre pouco depois do casamento, cabendo ao seu filho e herdeiro o cumprimento do estabelecido com o dote, o que nunca cumriu até hoje!
Mas aí não houve dramas, zangas, simples desaguizados, nem na 1ª geração nem nas sete que se lhe seguiram! Todos se deram muito bem, na "paz dos anjos", a delapidar alegremente uma das maiores fortunas daqui do norte, ao tempo de D. Maria I e do Príncipe Regente!
MM
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RE: Casamento a furto
Prezados Arthur41 e MM
Obrigado pela complementação. De fato, tal forma decasar dava-se em toda espécie de misaliance.
MSá
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RE: Casamento a furto
alguem me pode explicar o que significa, contratados a casarem um com o outro.Aconteceu
em 1780, no assento de casamento de uns meus 4º
avós.
gouvre.
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RE: Casamento a furto
Caro Miguel Brandão Pimenta
Grato pela sua resposta. A expressão que me transmitiu já me dá uma ajuda muito boa.
Cumprimentos
Vasco Briteiros
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RE: Casamento a furto
Olah MM!
Bons olhos o vejam por aqui. Não me tem dado conversa no MSN.
O Braga... significará acima ou abaixo?
Grande abraço e até logo, pois já estou operacional novamente.
Vasco
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RE: Casamento a furto
Caro MSá
Obrigado pela sua informação sobre o sentido da frase no Brasil, até porque parece que uma bisavó minha , natural de Belém, casou "a furto" cerca de 1870. Ainda não consegui a confirmação.
Cumprimetos
Vasco Briteiros
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RE: Casamento a furto
Caro Artur
Obrigado pela sua informação que terei em conta.
Um abraço
Vasco briteiros
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RE: Casamento a furto
Caro Grouve
Julgo ser um contrato ante-nupcial de compromisso de casamento entre os nubentes, com declaração dos bens que levavam para o casamento e geralmente os pais respectivos comprometiam-se a nada opor e a conceder os dotes convenientes.
Cumprimentos
Vasco Briteiros
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RE: Casamento a furto
Caro Manel
Essa escritura dava tambem um romance, não? O relato da "Paz dos Anjos" seria bem interessante.
Um abraço
Vasco
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RE: Casamento a furto
Caro Vasco,
O pior é que alguns perdiam-se: talvez encantados pelas "maravilhas naturais" do Brasil...!
Um abraço
Artur
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RE: Casamento a furto
No passado, o casamento era assunto da família e não dos nubentes. Os contratos de casamento, que costumavam ser verbais quando não haviam muitos bens em jogo, podiam ser feitos com os noivos ainda crianças. O casamento viria a se consumar (real ou simbolicamente) depois de algum tempo. Podia ser anos. Ao longo deste período, os nubentes eram esposos. Só depois da consumação, tornavam-se marido e mulher.
Cordialmente,
MSá
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