aiasha - maomé
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aiasha - maomé
No nosso índice de pesquisa temos Aiasha casada com Foruna ibn Qasi, filha de Abdul Yasid al Wallid e Agilom Umm Hashim - tataraneta de Maomé pelo pai.
Em outro site (que me parece de respeito) encontrei a mesma Aiasha casada com o mesmo Fortum, com a mesma mãe, porém filha de Abdul Aziz, governador do Egito cuja ascendência não vai para Maomé.
Alguem tem alguma informação a respeito?
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RE: aiasha - maomé
Seguindo a BD do Genea, a descendência do Profeta seria por Kuttum um Kashim, munher de Yazid, 2º calífa omíada.
Tanto quanto sei, a única filha de Maomé, com descendência, "mãe dolorosa "de todos os descentes do Profeta, foi Fátima, a "Radiosa" ou a "Brilhante", cujos filhos foram ambos mortos, Hussein no massacre de Karbala e Hassan assassinado (envenenado) salvo erro em Medina. A descendência do Profeta é da tal forma significativa para os mussulmanos que quase sem excepção, mantém o patronímico identificativo - por exemplo al-Hassani - o que Abdul Aziz ou Abdul Yazid não deixaria de fazer.
Porque é que, Luís Amaral faz Kuttum um Kashim (possivelmente Hashim e, nesse caso uma Hashimida, descendente de um bisavô do Profeta) filha de Maomé, só ele poderá explicar.
Melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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RE: aiasha - maomé
Confirmo a mensagem anterior.
Kuttum era uma hashimida, filha de Abdul Yazid, neta de Abd al-Malik e bisneta de Abd al-Muttalib, Este último é avô de Maomé e de seu primo Ali, que viria a casar com Fátima, filha de Maomé; é igualmente pai de Abbas, ou seja progenitor dos Abássidas que conquistariam o califado aos Omíadas.
Cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
PS- A grafia Aisha parece-me mais correcta do que Aiasha.
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RE: aiasha - maomé
Aiasha, segundo alguns sites que consultei, será neta paterna de Abd al-Malik ibn Marwan, califa de Damas e de N Yazid.
Os pais desta N Yazid são, segundo esses sites, Yazid, 1º califa omíada de Córdova e Kuttum Umm Kashim, filha de Maomé.
Na base de dados do Genea, Yazid e Kuttum Umm Kashim não são dados como pais de N Yazid, mas sim de seu marido.
Por sua vez, naqueles sites, o último aparece como filho de Marwan I ibn Al-Hakan ibn Abu al-Âs ibn Umayyah, califa de Damas e de Aisha bint Mu`awiya ibn al-Mughira (que julgo significar Aisha filha de Mu`awiya ibn al-Mughira)
Alinhavei a seguinte ascendência para Aiasha, casada com Fortuna ibn Qasi, a qual passa por Maomé. Não garanto, obviamente, que tudo esteja correcto.
1. Aiasha
2. Abdul Yazid al Wallid * c. 670
3. Egilom Umm Hashim Baltes * c. 680
4. Abd al-Malik ibn Marwan, califa de Damas * Damas 646 + Damas 705
5. N Yazid
6. Rodrigo Baltes
8. Marwan I ibn Al-Hakan ibn Abu al-Âs ibn Umayyah, califa de Damas * Damas c.
9. A'isha
10. Yazid, 1º califa omíada de Córdova* 600. + 683
11. Kuttum Umm Kashim * c. 600.
12. Teodefred Baltes
16. Al-Hakan * c. 599.
17. Amina bint Alkama al-Kinaniyya
18. Mu`awiya ibn al-Mughira
20. Muawiyad Ier ibn Abu Sufyan ibn Harb, 4º califa de Damas, rei da Síria * Meca 603 + 680
22. Maomé, o profeta
23. Kadidja
24. Chindasvindo Baltes, rei des Visigodos
32. Abu al-Âs ibn Umayyah * Meca c. 560
40. Abu Sufyan ibn Harb ibn Umayyah * Meca 582
44. Abd Allah ben abd al-Muttatil Hashim * c. 530 + 570
45. Amina * c. 530 + 576.
46. Khuwaylid ibn Asad (Banu Asad)
48. Leovigildo de Setimania Baltes * c. 525
49. Godesvinda, princesa visigoda
64. Umayyah al-Akbar ibn Abd Shams * Meca c. 539
80. Harb ibn Umayyah * c. 562
88. Abd el-Muttabb (ou Scherba) (são conhecidas quatro esposas: Fatima, Nutayla, Hala e Cafiyya; uma delas será a mãe de 44)
89. Faimah
90. Wahd
92. Asad ibn Abd al Uzza (Banu Asad)
96. Liuverico Baltes, conde
98. Amalarico I Baltes, rei dos Visigodos
99. Clotilde de França
128. Abd Shams Ibn Abd Manaf * Meca 509
160. Umayyah al-Akbar ibn Abd Shams* Meca 539
176. Hashim ibn Abd Manaf
177. Salma bint Adi ibn Najjar Khazraji
178. Arm
184. Abd al Uzza ibn Qusayy Zaid (Qurayshites) .
196. Alarico II, rei dos Visigidos * 507
197.Teogonda
198. Clóvis, rei dos Francos
199. Santa Clotilde de Borgonha * c. 470 + Mosteiro de S. Martinho de Tours 3 Jun 545
256. Abd Manaf al-Mujira, governador de Meca
257. Atika bani Quys Aylan .
320. Abd Shams Ibn Abd Manaf * Meca c. 509
352. Abd Manaf al-Mujira, governador de Meca
353. Atika bani Quys Aylan
368. Qusayy Zaid Munjammi, rei de Meca
369. Hubba bint Hulayl
512. Qusayy Zaid Munjammi, rei de Meca
513. Hubba bint Hulayl
640. Abd Manaf al-Mujira, governador de Meca
641. Atika
704. Qusayy Zaid Munjammi, rei de Meca * Meca
705. Hubba
736. Kilab ibn Murra
737. Fátima
738. Hulayl ibn Hubsiyyah, rei de Meca
Tenho mais alguma ascendêcia na minha base de dados.
Cumprimentos
António Pereira
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RE: aiasha - maomé
Sem diminuir a contribuição e a boa vontade do confrade António Pereira mas sem tempo para a estudar em detalhe, parece-me que, além de dados conhecidos e indiscutíveis contém alguns erros grosseiros.
Mantenho que Kuttum não é filha de Maomé.
Como exemplo de outro erro grosseiro, o nº 10, Yazid (600-683) é identificado como o 1º califa de Córdova; ora o califado de Córdova foi proclamado em 929 por Abd al-Rahman III.
Não sendo especialista na época, sei contudo o suficiente para reconhecer os perigos das consultas na Net sem uma sólida base de estudo da descendência dos Quraysh a partir de Abd Manaf (nº 256).
Isto porque, Omíadas, Abássidas e Alides, todos dele descendem e são parentes próximos, mas tendo sempre presente que Alides (os únicos descendentes de Maomé) são desde sempre inimigos dos omíadas e, embora alguns se tenham aliado aos Abássidas para ajudar estes a vencer os omíadas, logo se tornam perseguidos e inimigos dos novos califas. Assim, ao estudar alianças ou nomeações, por exemplo, governador do Egipto, não é crível que este seja parente próximo de Maomé, sendo califa um omíada.
Acresce que os nomes se repetem e, conforme a citação é inglesa ou francesa, e a fonte é directa árabe ou por via turca as grafias variam a ponto de ser difícil reconhecer o mesmo indivíduo.
Melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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RE: aiasha - maomé
Dou-lhe razão quanto ao nº 10, Yazid (600-683), que deveria ter identificado como califa de Damas.
Quantos aos repetidos devemos considerar 256=352=640; 257=353=641; 512=704 e 513=705.
Quanto a Kuttum sigo o Genea:
http://www.geneall.net/P/per_tree.php?id=42267
Quanto ao resto segui vários sites, alguns indicados aqui no Genea:
http://genealogia.sapo.pt/guardamor/links.php?tema_id=1
Cumprimentos
António Pereira
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RE: aiasha - maomé
Caro António Pereira,
Como disse acima, só o Luís Amaral poderá explicar essa filiação, pois, como terá reparado, a fonte indicada no link que incluiu, é uma obra não publicada dele próprio.
Que Maomé só teve uma filha, Fátima, é aceite sem excepção que conheça (vagamente, houve referências a um filho que teria morrido criança).
Creio assim que Kuttum filha de Maomé foi um lapso, tanto mais que a sua ascendência é conhecida e entronca no avô de Maomé.
Quanto à repetição dos nomes, não era crítica. Apenas queria dizer que, nos diferentes ramos, os nomes próprios eram por vezes idênticos, o que torna muito fácil um "erro de navegação".
A título de exemplo, cito um relato de Agani (historiador árabe): Quando Abd 'Allah bin Ya'far (este Ya'far bin Abu Talib era irmão de Ali, portanto, primo direito de Maomé) estava no palácio do califa Mu'awiya veio um mensageiro anunciar-lhe o nascimento de um filho. Dada a importância dos meninos para os árabes, logo o califa lhe propôs o seu próprio nome para o bébé e lhe deu uma recompensa de 10.000 dirham. Este bébé, cresceu e teve descendência e seus filhos eram bin Mu'awiya; um deles, Abd Allah, chefiou uma revolta contra o califa Yazid III (Yiazid bin al-Wallid) e, por causa do patronímico bin Mu'awiya viria a ser erradamente identificado em diversas obras históricas.
Quanto a Yazid, não foi o 1º califa omíada (este foi Mu'awiya) mas o 2º. Por outro lado o califado unia o poder temporal ao espiritual. Os domínios territoriais eram enormes mas os locais santos, além de Meca, situavam-se na grande maioria no actual Iraque. Aliás, uma das causas das frequentes revoltas contra os califas foi a mudança de Kufa para Damasco acrescendo que arábicos e shiitas (do actual Iraque) não gostavam dos sírios, acrescendo que a expansão iniciou-se na Arábia, consolidou-se no Iraque e a Síria foi uma conquista entre outras.
Assim, "califa de Damas" indicia uma citação francesa sem grande profundidade, o que logo aconselha prudência na apreciação dos dados genealógicos.
Cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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RE: aiasha - maomé
É o mal de andar a passear por "sites" de língua francesa e/ou inglesa.
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RE: aiasha - maomé
Caro Francisco
Não vi qualquer crítica nas suas mensagens anteriores.
Nem sou historiador nem sou genealogista. Procuro apenas conhecer os meus costados. Costados esses que, seguindo várias fontes que desejo seguras como, por exemplo, a base de dados do Genea chegaram até Aiasha, Kuttum e Maomé.
Quanto a Maomé tenho registo de três filhos (terá tido mais?) de Kadidja bint Khuwaylid: Rukaiya bint Muhammed, Umm Kuttum (ou Kalthum) bint Muhammed e Fatima bint Muhammed. Se tem uma ascendência diferente para Kuttum todos ficaremos mais ricos se a apresentar. Idem se corrigir todos os erros, grosseiros ou não, das minhas mensagens.
No site francês que segui, Yazid I ibn Moawiyad, 5º califa de Damas (680) é apresentado como filho de Muawiyad I ibn Abu Sufyan ibn Harb, 4º califa de Damas (660) e conquistador da Península Ibérica. Não sei discutir a validade destes factos mas posso referir que, relativamente a estas pessoas, uma das fontes indicadas naquele site é Manuel Abranches de Soveral.
Os meus melhores cumprimentos
António Pereira
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RE: aiasha - maomé
Caro António Pereira,
Estive umas horas a navegar pela NET e fiquei fascinado.
Maomé casou I com Khadijah, viúva de dois casamentos, com filhos de ambos e que teria 40 ou 28 anos tendo Maomé cerca de 25. Khadijah era sua empregadora, rica e teria ficado impresionada pela sua honradez.
De Khadijah, Maomé teve 1, 2, 3, 4 5. 6 ou 7 filhos. Na versão 7, três seriam rapazes e todos morreram crianças. Numa versão, das quatro filhas, só Fátima teria sobrevido, noutra, entre várias, todas teriam casado.
Embora os nomes nem sempre coincidam, o maior número de ocorrências vai (sempre na versão 7 filhos):
1. Quasim (ou al-Kasim)
2. Taiyyab, que teria casado com Abu AAss (Âss)
3. Taher
4. Zaynab
5. Rocayya
6. Um Kulthum (ou Kuttum)
7. Fatima
Na versão mais completa, Roccaya e Kuttum teriam casado com Othba (Utba) e Otabaya (Utayba) irmãs e seus primos direitos por serem filhos de Abu Lahab, filho de Abd al-Muttalib, avô de Maomé. Este Abu Lahab e sua mulher Harb (ou Umm Jamil, noutra versão) que não aprovaram as actividades proféticas de Maomé, forçaram as filhas a divorciarem-se (ou forçaram o sobrinho a repudiá-las ou que, pelo menos, seria mais verosímil). Divorciadas logo Kuttum se voltou a casar com um califa, Yazid numa versão e Uthman noutra, para logo falecer o que levou o mesmo califa a casr com a cunhada Rocayya.
Depois Khalidjah morrer, Maomé voltou a casar, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 ou 9 vezes. Numa versão, casou maioritárimente com viúvas de seus primeiros seguidores para lhes dar protecção, numa segunda versão "soft" Maomé era um verdadeiro superhomem e chegava a dormir com as suas nove mulheres na mesma noite, numa 3ª versão "hard" quanto mais Maomé envelhecia mais novas queria as suas mulheres, o que é de certa forma contrariado com o caso de Aisha, filha do seu companheiro, parente e que viria a ser o 1º califa, Abu-Bakr, pois parece ter sido o seu 3º casamento e a noiva tina 6 anos, tendo-se consumado o casamento quando ela completou 9 anos.
Tal como para os filhos, os nomes têm algumas diferenças e, como não há datas a ordem varia nuito. Seria:
1. Umm Salama
2. Aisha
3. Hafsa, filha do seu companheiro Umar, que seria o 2º califa.
4. Zaynad
5. Sawda
6. Suffiyya
7. Mariya
Esta Mariya, ou Maria era uma cristã copta que lhe tinha sido oferecida pelo (governador ou pelo bispo) do Egipto mas que de escrava, logo passou a concubina e a mulher. Foi a mãe de Ibrahim, que morreu com 10 ou 18 meses em 27 de Janeiro de 632 (data conhecida por coincidir com um eclipse).
Além das 7 referidas, teve relações com uma judia que recusou converter-se ao Islão pelo que nunca casou.
Teve ainda um filho adoptado que, anos mais tarde, forçou a repudiar a mulher para com ela casar.
Quanto às ocorrências em maior número em versões menos completas que a dos 7+1+1 adoptado filhos, são as de Maria, a Copta, nem sempre casada mas com o filho Ibrahim e a do casamento de Rocayya com o califa Uthman, com um único filho Abd Allah, que igualmente morreu criança.
Sem querer contrariar todas estas fontes, nas descrições da morte e do enterro de Maomé, apenas são citadas Aisha e Fatima.
Encontrei igualmente referência a um pedido de Fatima a Abu Bakr, já califa, para que lhe fossem atribuidos certos bens do pai.
O último livro que li sobre essa época e o único que tenho à mão "As Revoluções Xiitas no Islão (660-750)" "grosso modo" o período omíada, pelo diplomata libanês Fouad El-Khoury, diplomado em História e Civilização Islâmica pela Sorbonne, tem uma página esquemática sobre a família de Maomé em que apenas consta Fatima como sua filha (não quer dizer que outras não possam ter existido mas não seriam releventes em termos de descendência embora ache muito improvável que tendo uma ou duas filhas casado com califas, isso não fosse mencionado).
Quanto aos califas propriamente ditos, fica para outro dia, que se faz tarde.
Melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
PS-Eu também queria a BD do Genea de confiança, mas, para antes do séc. X quase nada há de confiança e estamos a falar do séc. VII e de mulheres, no Islão.
FTA
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RE: aiasha - maomé
Fiquei contente e, ao mesmo tempo, atônito por ter, com esta minha primeira participação no grupo, despertado o interesse de tãos bons conhecedores do assunto.
Como disse Antonio Pereira, "procuro apenas conhecer meus costados", com a ressalva de que tenho pouco tempo de "virose genealógica", portanto menos conhecimento que os confrades.
O tema é complexo e com várias fontes "confiáveis", além de nomes os mais complicados possíveis. Seria ótimo se fossem manoeis, pedros, joaquins...
Agradeço as informações obtidas e espero recebê-las mais, pois a conclusão ainda está longe - é assim mesmo.
Os meus fins de linha são muitos e, felizmente, todos com raizes portuguesas e ibéricas o que facilita um pouco.
Hoover Americo Sampaio
São Paulo - Brasil
PS - tomo esta como minha apresentação ao grupo, com o qual pretendo beber muito conhecimento e colaborar quando me for possível.
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RE: aiasha - maomé
Caro Hoover Sampaio
Não me considere, por favor, um entendido nesta matéria que é coisa que eu realmente não sou.
Aconteceu, simplesmente, que eu tinha acabado de seguir uma dada linha de costados que a abertura deste tópico suscitou que eu aqui apresentasse. E, como se pode inferir da minha primeira mensagem neste tópico, o que apresentei foi um “alinhavo” da ascendência de Aiasha, casada com Fortuna ibn Qasi (ou Fortum ibn Casio). E, por ser um alinhavo, mais a mais de época tão remota, não garanti, nem garanto, obviamente, que tudo esteja correcto.
As suas origens portuguesas passam pela Beira Baixa ou Alto Ribatejo?
Melhores cumprimentos
António Pereira
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RE: aiasha - maomé
Caro Francisco Almeida
As mulheres de Maomé referenciadas são, pelo menos, doze, a saber: Khadidja (ou Khadijah), falecida em 619, Saúda, Hafsa, Zainab, Umm Salaina, Umm Mabiba, Djuwairiya, Safiya, Maimouna, Maria, Raihana e Aisha, filha de Abu Bakr.
Quantos filhos teve Maomé, naturais e adoptados, certamente nunca saberemos. Mas que teve Kuttum de sua primeira mulher Khadidja parece não haver qualquer dúvida.
Esta Kuttum, filha de Maomé e de Khadidja aparece, numa dada versão, casada com Yazid I ibn Moawiyad, califa de Damas (645-ca 683), com Utayah Ibn Lahab, de quem se divorciou como já sabemos, e com Uthman I Ibn Affan, califa de Damas (607-656). Do casamento com Yazid terão nascido dois filhos, um dos quais a filha Ne bint Yazid (ou N Yazid).
Esta Ne bint Yazid casou com Abd Al-Malik Umayyade de que tiveram Abdul Yazid al Wallid ibn Abd al-Malik, pai da Aiasha que dá o nome a este tópico. Como se pode inferir não segui aqui a base de dados do Genea, que considera em:
http://www.geneall.net/P/per_tree.php?id=42269
este Abdul Yazid al Wallid neto pela parte paterna de Yazid e de Kuttum, filha de Maomé e de Khadidja, quando eu no meu “alinhavo”, que apresentei na primeira mensagem e, agora, acima, o faço neto dos mesmos mas pela parte materna. Fiz esta opção, seguindo versão disponível na Net, por julgar que Ne bint Yazid, pode significar simplesmente Ne filha de Yazid, da mesma maneira que Abdul Yazid al Wallid ibn Abd al-Malik significará Abdul Yazid al Wallid filho de Abd al-Malik ou que, por exemplo, Marwan I ibn Al-Hakan ibn Abu al-Âs ibn Umayyah significará simplesmente Marwan I filho de Al-Hakan filho de Abu al-Âs filho de Umayyah.
Mas, como eu disse ao nosso novo confrade Hoover Sampaio, não sou um entendido nestas matérias.
Melhores cumprimentos
António Pereira
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RE: aiasha - maomé
Caro António Pereira,
Apresento as minhas desculpas, a si a todos os que eventualmente leram a minha anterior mensagem, por mais uma vez não ter conseguido ser claro.
Na Net, encontra-se de tudo e o campo genealógico é imenso, de tal forma que especialistas já consideram a genealogia como o espaço de maior utilização a seguir ao sexo. Nesta vastidão, a pesquisa genealógica na Net, deve ser feita com grandes cuidados e sempre que possível, verificada em diversos sites e depois confrontada, quando possível, com textos históricos ou historiográficos que, não visando fins genealógicos, nos permitam, entre duas versões genealógicas, optar pela que contém pormenores corroborados.
Não sou especialista nem detenho graus académicos mas tenho uma cultura geral acima da média, li muitíssimo e quando um assunto me interessa, procuro documentar-me na medida do possível. A partir da convicção de que a nossa história estava muito mal contada - pelos vencedores - comecei a interessar-me pela cultura islâmica, especialmente na península ibérica e, quando vejo "sites" genealógicos nessa área, em que o proprietário/autor denota evidente desconhecimento histórico e da cultura envolvente às personagens que lista na sua genealogia, logo ponho em dúvida a veracidade dessas linhagens.
Por isso, não fico impressionado com os dados constantes, por exemplo, na genealogia Bertomeu ou da Família Carré ou dos "sites" Les dinasties e Dynasties Maures, mesmo que seja referenciado pelo Genea ou referencie Manuel Abranches de Soveral. Ou seja, eu sei alguma coisa e sei que desconheço muito mais, mas se vejo dados colocados por quem denota saber menos do que eu, não é por estarem num "site" muito "badalado" ou serem envolvidos num software atraente, que a sua veracidade melhora.
Porque acho que a minha experiência pode servir a quem pesquise a Net para esta época mas não faz sentido estar a responder-lhe constantemente, vou colocar mensagens como respostas ao iniciador do tema - que certamente não verá inconveniente - com títulos identificativos.
Com os melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
PS- Pode tratar-me por Francisco; se não lhe dá jeito o nome próprio, pode usar apenas Tavares de Almeida mas, por favor, não me trate por Francisco Almeida pois fico com a impressão de que não sou eu.
FTA
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RE: Maomé e o seu tempo
Nota prévia: Ver minha mensagem de 18/5 22:54
Num tempo em que os árabes, se dividiam em tribos, eram na grande maioria nómadas, pagãos e idólatras, Maomé nasce na tribo mais forte, os Quraysh, que dominavam Meca, a maior cidade da Arábia e onde existiam mais ídolos, incluindo um de Allah e a célebre Pedra Negra da Caaba.
Nasce em 570/571 (há datas exactas que valem pelo que valem pois não há qualquer motivo imediato para o seu nascimento ficar registado) numa das 6/8/10 famílias mais importantes dos Quraysh mas num ramo secundário sem preponderância, pois a primogenitura era importantíssima na cultura árabe.
Foi educado pelo avô Abd al-Muttalib e, por morte deste, pelo tio Abu Talib, tendo-se dedicado ao comércio em caravanismo.
Foi empregado ou fez negócios para uma viúva rica, muito mais velha do que ele e com filhos de dois casamentos anteriores e que, impressionada pela sua honradez, com ele casou. É aceite sem excepção que conheça, que não tomou outra mulher até Khadidja morrer, em 619, teria ele 48/49 anos.
Maomé levara uma vida "normal" até aos 40 anos pois só então lhe apareceu o Anjo Gabriel e, mesmo assim, Maomé aguarda (hesita ou estuda) mais 15 anos, antes de iniciar a actividade profética. A história contraria esta cronologia pois muito anos antes já Maomé iniciara as suas actividades, causando o escândalo da maioria dos seus conterrâneos que o consideram ímpio por desrespeitar os ídolos, verificando-se então que Maomé converte mais facilmente beduínos do que vizinhos.
Ao conseguir a conversão de muitos membros da tribo Saad, a oposição que lhe fazem os seus muitos inimigos de Meca, leva-o em 622 a estabelecer-se em Medina que lhe reconhece a chefia religiosa e política. É o ano da Hégira, que significa A Fuga (de Meca para Medina) o início da era Islâmica.
Independentemente de diferentes interpretações, que as há, uma simples análise de resultados permite concluir que Maomé foi um administrador competente, hábil e com bom senso, pois em poucos anos conseguiu criar um estado-nação coeso e forte; e, se em 625 ainda foi militarmente derrotado por um exército de Meca, em 630 reentra em Meca (onde estivera em peregrinação em 629) já conquistada em nome de Allah e do seu Profeta.
Morreu em 632 em Medina, deixando já um estado territorialmente importante, centrado na península Arábica e parte do actual Iraque.
As datas de 570/1- nascimento, 622- Hégira, 629- peregrinação, 630-conquista de Meca e 632-morte são indiscutíveis, e qualquer informação genealógica que as contrarie deve desqualificar o “site” liminarmente.
Casamentos ou concubinatos anteriores a 619, são igualmente de rejeitar.
Os chefes das tribos árabes, eram designados por sheiks, o que significa “Velho” e só mais tarde a palavra sheik designa igualmente o dirigente religioso, sendo os exemplos mais significativos Sheik el-Islam (o Grande Mufti) e Sheik el-Haram (o governador de Medina e Guarda do Túmulo de Maomé).
A maior parte do actual Iraque e a Síria eram habitadas por tribos, na maioria nómadas, sendo parte territórios dos já enfraquecido império Bizantino. Damasco era uma simples vila Bizantina.
Assim, genealogias que dêem a contemporâneos ou predecessores de Maomé, títulos como emir, sharif, etc., são de rejeitar. Recordo em particular um respeitado site, onde Kuttum aparece casada com um califa, e em que, continuando a explorar outras linhas, chegamos a um Rei da Síria!
Com os melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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RE: aiasha - maomé
Caro Antonio Pereira
Agradeço o "alinhavo" que fez sobre o assunto. Anotei-o e estou comparando com outros e anotando as discrepâncias para depois estudá-las melhor. Valeu!
Quanto à sua pergunta, tenho ancestrais por todo Portugal, creio (Lisboa, Lamego, S.Miguel de Lourihã, Algarve, Guimarães,Porto, Mezanfrio Évora e por ai a fora)
Os que mais me desafiam são os mais próximos, quais sejam, para começar:
1 - José Joaquim de Sampaio (4o avô), filho de Manoel da Costa Ferreira e Ana Josefa Pereira do Lago. Todos os documentos que aqui encontrei dizem simplesmente que ele era do Porto, o que é muito vago;
2 - o outro desafio refere-se ao casal José Pedro Lopes de Andrade x Margarida de Cortona Aguiar (também 4os avós). Sei somente que vieram na época de D.João VI, não sei se já casados ou não. Informações de familiares já falecidos davam D. Margarida como dama de companhia de D. Maria, mas a Torre do Tombo não me confirmou.
Se estavam ligados à família real, devem ser de Lisboa, Queluz e outros lugares próximos, mas ainda não sei por onde começar.
Já esta sequência que entra no tópico Aiasha - Maomé, vem de dois Cabrais do sec. 17 (11os avós) que desembocam em Maria Alvares Cabral x Fernão Velho e este tem a linhagem do tópico.
Abraço - Hoover
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RE: Maomé e o seu tempo
Caro Francisco Tavares de Almeida,
Mais uma vez, muitos parabéns pelas suas interessantíssimas mensagens sobre a história islâmica.
Segundo creio, todos os descendentes actuais do Profeta provêm de sua filha Fátima e do genro Ali, filho este de Abu Talib, ou seja, primo direito de Maomé e membro também da poderosa tribu Quraysh (que significará "tubarão"!).
Julgo também que todos a todos os descendentes do Profeta compete o título ou a designação de Sharif (Nobre) e que a mais ilustre destas linhagens é a dos Emires de Meca, da qual provêem as casas reais da Jordania e do Iraque.
E a actual casa real de Marrocos, entroncará realmente em Mahomé? Por que via?
Com os melhores cumprimentos,
Nuno Côrte-Real
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RE: Maomé e o seu tempo
Caro Nuno Côrte-Real,
Obrigado pelo elogio.
Desconhecia o significado de Quraysh.
Apesar do que consta na BD do Genea e em inúmeras genealogias, a descendência de Maomé faz-se efectivamente apenas por Fátima e Ali e, destes, apenas por Hassan e Hussein. Ali é de facto primo direito de sangue de Maomé e seu irmão em religião. Abu Talib, pai de Ali e tio de Maomé era Quraysh e de uma família com prestígio religioso, pois era o guarda da Caaba e da Pedra Negra.
Sharif era de facto o título dos descendentes do Profeta, enquanto senhores temporais e o antepassado dos actuais reis da Jordânia era o Sharif Macca (Senhor de Meca); sobre a casa real do Iraque não tenho a certeza.
A actual casa real de Marrocos reclama-se descendente dos Senhores do Maghreb, normalmente conhecidos por Idríssidas por descenderem de Idriss I, emir de Marrocos (788-791), filho de Abdallah I el-Kalib, neto de Hassan II, bisneto de Hassan I, o 5º califa ortodoxo e 1º Iman, filho mais velho de Fatima e Ali. É por essa linha que, se Francisco Dória como se espera, provar a ascendência Idríssida dos senhores da Maia, que a maioria dos portugueses e espanhóis descendem do Profeta. Não só portugueses e espanhóis mas importante número de europeus, com preponderância para ingleses e, por aí, de americanos, incluindo o presidente Bush.
Mas é preciso cuidado com o termo sharif pois, tendo esse significado inicialmente e na época que me interessa, que é a da Espanha Muçulmana evoluíu e hoje é talvez equivalente ao “Honourable” inglês e, por extensão, Senhor (posuidor de Senhorio). Na época da Espanha Muçulmana, os nobres sem ascendência do Profeta eram “sayyid”; hoje sayyid é senhor (sr.) precede o nome nas petições e requerimentos (no plural sâda) mas significa também hoje os descendentes do Profeta (plural Siyyad, feminino Sayyida). Descendentes do Profeta são, na enorme maioria xiitas, os pobres do Islão mas, num estado moderno multiconfessional como o Líbano, onde com excepção de beduínos e ciganos constituem a classe mais baixa da sociedade, se descendentes do Profeta têm direito ao título de sayyid nos documentos oficiais, bilhete de identidade e passaporte.
Melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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RE: Maomé e o seu tempo
Caro Francisco Tavares de Almeida
Muito obrigado pela resposta. Achei no mínimo curiosa a possibilidade do presidente Bush descender do Profeta...
A casa real do Iraque é, segundo creio, um ramo dos "hashemitas" (a família dos Emires de Meca). O Emir e os seus filhos tiveram um papel decisivo na libertação da península arábica do jugo turco, durante a Primeira Guerra Mundial (com a colaboração inestimável do coronel britânico T.E. Lawrence, o célebre "Lawrence da Arábia). Assim, um dos filhos do Emir tornou-se Rei da recém criada Jordania e outro foi o primeiro Rei do Iraque moderno. Segundo a imprensa, um descendente deste (um "hashemita", portanto) é actualmente uma das "figuras de prôa" do cenário político iraquiano...
Com os melhores cumprimentos
Nuno Côrte-Real
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RE: Maomé - As fontes
Nota prévia a quem interessar:
Ver minhas mensagens de 18/5 22:54 e 19/5 01:33
As únicas fontes sobre a vida de Maomé são em árabe. Existem algumas referências no próprio Corão, mas poucas e pouco informativas sob o ponto de vista biográfico.
Maomé, era iletrado e, durante anos o Corão, de acordo com as revelações, era memorizado e transmitido por recitação. Além das revelações de Allah ao seu Mensageiro, eram ainda memorizadas as intervenções de Maomé que não constituíam revelação divina. Embora não me pareça muito credível, respeitadas fontes árabes dizem que o próprio Maomé proíbiu que os seus ensinamentos fossem escritos para impedir eventual confusão com as mensagens de Allah o que, aconteceria pelo menos entre os menos cultos ou geograficamente mais afastados.
Durante um século, as palavras de Maomé, foram memorizadas e recitadas sem qualquer metodização, fosse de tempo, assunto ou importância. Só no segundo século, estudiosos começaram a recolher sistematicamente essas palavras, as “siras” e ponderando as várias versões, começaram a escrever os “hadiths”.
No Ocidente, isto seria suficiente para descredibilizar toda a informação hoje existente mas os árabes tinham uma fortissima cultura de transmissão oral o que deve de ser levado em conta (há 35 anos, na Guiné, então Portuguesa, assisti a aulas em aldeias muçulmanas remotas em que ninguém sabia ler e em que as crianças, recitavam os nomes dos seus antepassados, em infindáveis cantilenas que me fizeram irresistivelmente lembrar as vezes que “cantei” a taboada que, ao contrário dos meus filhos, ainda hoje sei sem hesitações).
No entanto, o 3º califa, Uthman, verificando que haviam já quatro ou mais versões do Corão, nomeou uma comissão para “normalização” do texto sagrado, e esse estava escrito.
Hodiernamente, estudiosos islâmicos continuam a estudar os “hadiths” e estes estão classificados em cerca de 15 categorias, essencialmente, o “verdadeiro”, que não oferece dúvidas, o “bom” e o “fraco”, estes dois últimos, subclassificados de acordo com critérios de coerência doutrinal e histórica, mas também documentados sobre quem os ouviu em primeiro lugar, as diversas pessoas que os transmitiram até chegar à forma escrita, e a análise do carácter dessas pessoas. Assim, basta faltar um elemento da cadeia transmissora ou esse elemento oferecer dúvidas quanto à sua fidelidade islâmica para o “hadith” já não ter a classificação máxima.
Salvo raríssimas excepções, o papel das mulheres nesse tempo era secundário, inferior e quase exclusivamente doméstico, Mulheres não mercadejavam, não combatiam, não deliberavam, não tomavam parte nos conselhos nem ensinavam fora do foro doméstico; não eram ouvidas sobre o seu casamento que apenas as transferia da autoridade paterna para a autoridade marital; a oferta dotal que o noivo fazia, era à família, ao futuro sogro e não à noiva e, se repudiada pelo marido, para o que bastava uma simples fórmula ritual, regressavam à autoridade paterna. Era uma sociedade quase exclusivamente masculina e em inúmeros casos dessa época, conhecem-se os nomes do pai e tios de uma mulher, sem se conhecer o nome de mãe e irmãs e, em casos extremos, nem o nome da própria.
Como disse, haveriam raríssimas excepções. Na esfera próxima de Maomé, Fátima não seria excepção, pois a sua enorme importância apenas deriva de ser a mãe da única descendência de Maomé que teve continuidade e não de quaisquer acções que se lhe conheçam. Excepções, e de peso, foram Khadija, a primeira mulher que usou a sua fortuna e as suas relações familiares - pertencia à aristocracia Kuraysh - para protejer Maomé nos primeiros tempos e, sobretudo Aisha, personalidade notável, com visão de estado - num estado emergente e inédito - que exerceu enorme influência, opondo-se sempre a Ali, marido de Fátima por entender que as suas opções não seriam politicamente adequadas. É verdadeiramente espantoso que possa - não é absolutamente certo - ter conseguido influenciar a sucessão de Maomé e mais ainda que tenha sido a mentora de uma revolta contra Ali que culminou numa batalha a que assistiu instalada num palanque sobre um dromedário e que, por isso, ficou na história como a batalha do “Camelo”.
É geralmente aceite que Maomé dignificou a condição da mulher, podendo inferir-se que, anteriormente seria ainda pior mas, segundo o Corão, uma mulher vale metade de um homem; ou seja, nos países regidos pela lei Islâmica - não são todos os países islâmicos - uma filha herda metade do que um filho e, em tribunal, são necessárias duas mulhers para igualar o depoimento de um homem. Também o número de mulheres que um homem podia tomar, entre mulheres e concubinas, foi limitado a quatro. Quanto aos deveres recíprocos, básica e universalmente, seriam apenas a fidelidade por parte da mulher e o sustento por parte do marido.
Neste quadro, serão poucas as referências directas a mulheres em fontes coevas, sendo difícil, depois da primeira quando conhecida, distinguir entre esposas, concubinas, viúvas recolhidas por compaixão e com um estatuto mais próximo de “governantas domésticas”, e até escravas, que parece não serem incluídas no cômputo das quatro mas que procriando machos, sobretudo se outros não existirem, poderiam adquirir o estatuto de concubinas ou mesmo de esposas. Mais difícil ainda, e tanto mais difícil se o pai for chefe de clã, é saber-se se uma jovem fêmea residente na sua casa é realmente sua filha, ou uma parente orfã ou simplesmente pobre ou ainda filha de um parente da esposa.
Claro que os “software” de genealogia mais conhecidos, utilizados e divulgados na Net nem sequer têm a possibilidade de fazer destrinças tão complexas e, para esta época, se não citarem as fontes directas, a sua credibilidade é abaixo de duvidosa; se além disso, contrariarem história geralmente aceite, tal como a única descendência actual de Maomé passar necessariamente por Fátima-Ali, são apenas lixo.
Com os melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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RE: Maomé - As fontes
" Muhammad ben Abdullah ben Abdul Mutlib ben Haxim, nascido na cidade de Meca, em 570 dc, pertencente ao clã Coraixita, dos Banu Haxim... Não completara ainda dois meses de idade quando lhe morreu o seu pai, de nome Abdallah, deixando-lhe como herança nada mais que cinco camelos, poucas ovelhas e uma escrava etíope chamada Baraka. O Profeta ficou com sua mãe Bibi Amina, até completar seis anos de idade, altura em que esta viria a falecer. Então a fiel escrava Baraka, serviu de mãe à criança orfã, levando-a mais tarde para a casa do seu avô paterno, Abdul Mutlib. Este já idoso, confiou ao seu filho mais velho, Abu Talib a especial protecção de Muhammad.
A partir dos doze anos começa a acompanhar o tio (arrojado mercador da tribo Coraixita) em viagens.
Aos vinte anos foi dirigir as caravanas de camelos de uma viúva rica, sua prima, de nome Cadija, que passados cinco anos, reconhecendo os méritos pessoais de Muhammad, lhe propõe casamento. (...)
Chegou aos quarenta anos com uma posição extremamente satisfatória, tinha uma esposa amorosa, bons filhos e uma fortuna considerável.
É por esta altura, (...) que começa a receber a revelação da palavra de Deus (Allah), por intermédio do arcanjo Gabriel (Jibrail). (...)
Durante os primeiros anos, a sua missão conservou-se reservada apenas a alguns intímos: Cadija, sua esposa; Ali, primo de Muhammad; seu filho adoptivo Zeid e seus velhos amigos, Abu Becre e Otman. E ao findar o terceiro ano, o Profeta recebe a seguinte ordem: "Levanta-te e proclama !"
Dr Suleiman Valy Mamede
in prefácio da 1ª edição do Alcorão
Europa - América
" O Profeta nasceu em Meca, por volta do ano 570 dc. O seu pai tinha morrido umas semanas antes (...) como era costume as crianças serem amamentadas por uma ama-de-leite, o Profeta recebeu os primeiros cuidados de uma mulher beduína Halimah. A mãe morreu quando ele tinha seis anos de idade e ele foi viver com o avô,Abdul Muttalib, que morre dois anos depois, ficando ao cuidado do tio Abu Talib, um comerciante.
Quando era jovem, o profeta era conhecido e respeitado pela sua honestidade, chamavam-lhe Al-Amin, o Honesto.
Entre os Coraixitas havia uma viúva rica e respeitada, chamada Cadija, que ao ter conhecimento da sua reputação, o mandou chamar e lhe pediu que levasse as suas mercadorias e as negociasse na Síria.
Rica e atraente, havia recusado muitos pedidos de casamento, mas agora estava interessada e mandou um amigo fazer a proposta de casamento ao Profeta.
Este, juntamente com os tios Abu Talib e Hamzah, falar com o tio de Cadija para obter a autorização para o casamento.
Casaram pouco depois, ( o Profeta tinha vinte e cinco anos e Cadija, quarenta).
Tiveram um casamento feliz e Cadija iria ter a suprema honra de ser a primeira muçulmana da História.
Tiveram seis filhos, dois rapazes e quatro raparigas.
Os dois rapazes morreram pequenos, chamando-se o primeiro Qasim.
Mas as filhas, Zainab, Ruqayyah, Umm Kalthum e Fatimah sobreviveram todas e desempenharam papeís importantes na História Islâmica.
O Profeta viveu com Cadija uma vida monogâmica e feliz até à morte dela, casando mais tarde com Sauda, uma viúva de quarenta anos e trazia um filho do primeiro marido, e depois onze vezes mais*, tendo a maioria das esposa entre quarenta e cinquenta anos, e sendo viúvas ou divorciadas, mais do que uma vez."
Akbar S. Ahmed
in O Islão - Bertrand
* (entre elas Aisha, a preferida)
São apenas dois dos relatos que já li acerca da vida do Profeta, mas mesmo em conversas com muçulmanos nunca ouvi referências a outros filhos que não os acima mencionados.
Susana Gama
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RE: Maomé - As fontes
Cara Susana,
Não sei se me pretendia responder ou se colocou o seu post em resposta ao meu por acaso. Devo dizer-lhe que há muito não frequento o forum nem penso voltar a fazê-lo a não ser muito esporadicamente.
Quanto aos textos que cita, apenas lhe chamo a atenção para a importância religiosa de Maomé que aconselha cuidados especiais sobre quem escreve e para que público. O Dr. Suleiman Valy Mamede, prefacia uma obra didáctica e de divulgação dirigida a um público não especialmente culto, não sendo o pormenor histórico o seu primeiro interesse. Aliás a ordem "levanta-te e proclama" está em contradição com diversas fontes que referem grandes hesitações de Maomé e o papel decisivo de Khadija na sua decisão.
Por exemplo, se foi Maomé quem, por revelação divina, limitou o número de mulheres que um muçulmano podia tomar a quatro, levanta-se a questão algo melindrosa de afirmar que Maomé se pôs acima da revelação tomando 9 ou mesmo 11 mulheres. Por outro lado, se Maomé teve 6 filhos de Khadija, é de estranhar que não tenha tido diversos outros filhos de tantas outras mulheres.
Respeitáveis fontes árabes, dizem que Maomé escolhia as suas mulheres para cimentar alianças ou, nalguns casos por compaixão como teria sido o caso de Umm Salamah, cujo marido morreu a combater por Maomé. Mas há muita informação proveniente de meios desafectos aos muçulmanos que utilizam os mesmos "factos" para denegrir o carácter de Maomé, citando especialmente a "esposa" que ele tomou, judia e que sempre recusou converter-se, após vencer o pai em batalha; o casamento com Aisha, possivelmente aos 9 anos dela e consumado aos 12 e, já na fase final da sua vida a sua relação com Mariyha, a Copta que lhe foi oferecida como escrava e que mal teria 18 anos quando lhe deu um filho, Ibrahim, que morreu criança.
Posso mesmo indicar-lhe uma fonte - obviamente não isenta - que afirma preto no branco que Maomé chegou a provocar a morte de maridos para tomar algumas das suas mulheres.
É muito difícil, senão impossível, transportar para os tempos de hoje factos e relações de uma vivência diferente e muito pouco conhecida. Por exemplo, tenho visto geralmente aceite a existência do filho adoptivo Zeid mas, tanto quanto sei, a figura jurídica da adopção não existia nem existe ainda hoje no mundo árabe. Posso estar errado mas, para mim, Zeid, ao que parece judeu, foi tão filho de Maomé quanto este o foi de Abu Talib ou de Al-Muttalib.
A lista das filhas de Maomé é a mais geralmente aceite e só estou em desacordo com terem desempenhado algum papel de relevo na história árabe pois mesmo Fátima só é importante por ter sido mãe da única descendência do Profeta mas não por acções que se lhe conheçam. Politicamente importante foi Aisha, e religiosamente, além de Khadija, a mesma Aisha, Umm Salamh e Hafsah, que foram as três que memorizaram as revelações que mais tarde deram origem à versão escrita do Corão. Mesmo assim Uthman, o 3º califa, verificou existirem já diferentes versões e mandou queimar todas menos uma, o que ainda hoje é motivo de contestação xiita que o acusam de ter "manipulado" a verdadeira revelação para assegurar a sucessão Quraiysh preterindo a familiar.
Quanto aos dois filhos, o primeiro chamado Quasim, não é certo pois muitos estudiosos aderem à tese que houve apenas um filho que ficou conhecido por dois nomes diferentes mas que seria o mesmo. A sua existência ficou registada por uma "sira" que evoluíu para um "hadith" com elevado grau de certeza porque mais de uma fonte referir que Maomé chorou ao saber da sua morte.
Ibrahim, o filho de Mariya, a Copta, é realmente pouco referido em meios muçulmanos porque não ajuda muito à imagem santa do Profeta.
Mariya, e segundo algumas versões uma outra, possivelmente sua parente ou irmã, ambas de elevado nível social, foi oferecida a Maomé pelo Patriarca Copta de Alexandria (ou do Egipto?) como sinal de gratidão pelas condições que os muçulmanos impuseram aos cristãos, permitindo-lhes continuar a praticar a sua religião e não interferindo na sua organização social, não os obrigando a servir na guerra, apenas lhes impondo o pagamento de um tributo nem sequer muito elevado. Ora não estando em causa questões de alianças políticas nem de compaixão, tendo Mariya menos de 18 anos e ficando na tradição ser muito bonita, parece que, neste caso, Maomé apenas cedeu ao lado humano (humano do ponte de vista machista :-)).
Algumas fontes, mesmo muçulmanas, particularmente uma organização de mulheres muçulmanas, divulgam uma versão em que, ao saber da relação de Maomé com Mariya, Aisha teria mobilizado as restantes "esposas" culminando numa "revolta"doméstica e levando Maomé a usar de violência verbal e a instalar Mariya num quarto construído ao lado da casa de oração.
Como vê, há para todos os gostos.
Com os melhores cumprimentos,
Francisco Tavares de Almeida
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