Gracia como nome próprio
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Gracia como nome próprio
Caros confrades
Tenho uma avó natural de S. Clemente, Loulé, dos meados do sec XVII de nome Gracia, nome que nunca tinha visto como próprio.
No primeiro assento referente a ela que vi, o nome pareceu-me Brazia ou Ignacia, mas hoje vi claramente noutro registo, Gracia.
Algum dos confrades já viu este nome?
Cumprimentos
Susana
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Susana,
Gracia era a maneira antiga de se escrever Graça. Embora não fosse um nome proprio muito frequente no século XVII, aparecia por vezes.
Os meus cumprimentos
Nuno Côrte-Real
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Nuno Corte-Real
Muito obrigada pela informação.
Susana Gama
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Susana:
Depois de ter lido as observações dos outros confrades, tenho a acrescentar a minha. Tenho que Grácia não é Graça mas sim o contracto de Engrácia, o onomástico original.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Suzy
Eu tive a mesma reação quando me deparei, pela primeira vez, com o nome Gracia. Também não conhecia. Se é uma adulteração de Graça ou Engrácia ou qualquer outro, não sei, mas que esse nome existe, existe sim. Na freguesia de S.Pedro da Covilhã apareceram algumas, muito poucas é certo mas eu própria já vi. E o processo de António José da Silva também faz referência a uma Gracia Maria, parente dele.
Com os meus cumprimentos
MCC
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Pedro França,
Talvez tenha razão. Nunca tinha pensado nisso...
Mas não será que Engrácia, Gracia e Graça são variantes do mesmo nome, como Fernão/Fernando ou Martim/Martinho?
Cumprimentos,
NCR
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Susy, Gracia era um nome proprio muito usado nessa epoca. A mais famosa e sobre a qual muitos livros ja foram escritos, foi a Gracia Mendes, aka Beatriz Nasi ou Beatriz de Luna. Nasceu em Lisboa em 1510 , e foi banqueira, e mulher extraordinaria, a tal ponto, que se poderia dizer como uma verdadeira pessoa da renascenca. Ela não só moveu bancos e comércio, como tambem ajudou inúmeros portugueses na sua fuga durante a" Santa Inquisição." Pode ler A SENHORA por Catherine Clement, Dona Gracia of the House of Nasi por Cecil Roth, há vários mais, mas um dos melhores que ja li, e recente e tem um título não só que intriga, mas que a descreve historicamente, a si e ao seu tempo. Este livro e escrito em Inglês, por Andree Aelion Brooks título; The Woman who Defied Kings. The life and times of Gracia Nasi. Acredite um livro excelente, anotado, cronológico, recomendo, por esta portuguesa, e mesmo de admirar.
Ela, a sua fortuna e os seus beneficiados, constituiam a diaspora portuguesa.
Segundo me parece, era mesmo um nome usado nas familias novas cristãs. Claro que como acima anotado, familiares do António Jose da Silva, seria decerto de origem judaica. Que belas frase escreveu este António Jose da Silva. Cumprimentos, Conceicao
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Suzy
A minha trisavó paterna chamava-se Grácia Maria e deve ter nascido na região de Moura (Alentejo) cerca de 1830/1840
Cumprimentos
Catarina
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RE: Gracia como nome próprio
Caros confrades
Muito obrigada pelas vossas intervenções neste tópico.
Melhores cumprimentos
Susana Rilhó Gama
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evolução fonética
Cara Susana
Tenho algumas antepassadas com esse nome, uma das quais aparece em diferentes gegistos como Gracia e Engrácia. julgo que Gracia evoluiu para Graça.
Como curiosidade, apareceu uma Britis que certamente evoluiu de Brites»Britis» Beatriz.
Cumprimentos
Vera
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Susana,
o nome próprio Grácia ainda hoje é usado. Tenho mesmo uma vizinha com esse nome. E não pense que é uma senhora idosa, pelo contrário, é rapariga que está nos seus trintas.
Cumprimentos,
Coelho
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RE: Gracia como nome próprio
Estimada Suzana,
muito, muito antes de ser nome próprio feminino, foi masculino; tendo se transformado em Garcia (nome e depois sobrenome).
Cumprimentos do
Luiz
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Susana
Como diz o confrade Coelho, Gracia é um nome próprio que ainda hoje existe.
Na minha freguesia, Santiago de Besteiros, concelho de Tondela, conheci mais do que uma Gracia. E não é preciso arranjar explicações arrevesadas. Pelo menos nas aldeias da Beiras era vulgar utilizar termos latinos (ou germanicos) ou derivados destes por via erudita. Gracia em latim significa graça que também existe como nome próprio, sendo no entanto mais vulgar o nome Maria da Graça, geralmente tendo como referência Nossa Senhora da Graça.
Cumprimentos
RAAL
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RE: Gracia como nome próprio
Caros confrades:
Para a explicação deste nome - Grácia ou Engrácia -, como já referi noutra intervenção atrás, recorri a esta demonstração em castelhano mas de fácil leitura e compreensão:
La forma latina de este nombre es In-gratia, y hace referencia a uno de los más importantes misterios de la doctrina cristiana: el de la Gracia (opuesto a culpa y a pecado). De ahí la expresión "estar en gracia de Dios". Según esta doctrina, Dios es el que tiene todo el mérito en la virtud humana. Si no fuese por la gracia de Dios, el hombre nunca podría salir del pecado, porque la naturaleza le inclina a él, y es Dios quien le inclina a la virtud. En el nombre de Engracia se expresa que quien lo lleva, goza de la gracia de Dios.
Este nome divulgou-se com Santa Engrácia (nascida em Braga), martir de Saragoça sob o império romano, quando ia a caminho da Gália Narbonense estando prometida em casamento com um chefe gaulês.
Quanto a Garcia, a explicação é totalmente diferente e nem tem a mesma origem etimológica. Para isso apelo para a leitura da minha intervenção já a seguir.
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Caros confrades:
A hiperligação é esta:
http://66.102.9.104/search?q=cache:bmCeSrmKgAAJ:www.geocities.com/ceb60ar/Etimologias.htm+Gass%C3%B3+etimologia&hl=pt-PT
Aconselho a leitura a partir da rubrica Gas, Gassó (aqui vem a relação com o onomástico Garcia, estalhado em Portugal, Espanha e sul de França (Provença, sobretudo).
Espero que com esta achega não se confundam mais as coisas.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Prezado Pedro França, saudações.
Fico-lhe muito grato por esclarecer esta desinformação que eu trouxe involuntariamente sobre o sobrenome Garcia. Contudo, acertei na forma masculina de Gracia. Menciono como exemplo D. Gracia, bispo de Burgos. Gayo, Asturias, p,2, n.4. Há muitos outros exemplos ali.
Nunca é tarde para aprender. Melhor ainda quando se corrige um erro arraigado.
Muito cordialmente,
Luiz
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Luiz:
Eu nunca dei a entender que Garcia fosse sobrenome mas sim nome próprio de baptismo como acontece com alguns monarcas de nome Garcia que reinaram em Navarra, na Galiza...
É certo que Garcia pode servir de apelido como acontece com os Garcias Mascarenhas de que também descendo. Trata-se de um sobrenome que, como patronímico, não evoluiu em Garcês ou Garcez.
O que leu em F. Gaio pode bem ser uma metátese de Garcia em Gracia, sem nada ter que ver com Grácia o contracto de Engrácia! Note-se que antigamente não se respeitava muito a acentuação. Daí que, em grande parte os acentos nas sílabas tónicas apareçam omissos. E isso não quer dizer que se tenha esquecido a etimologia, a ETIMOLOGIA!
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Meu caro Pedro França,
não creio haver qualquer divergência entre minha última comunicação é a sua que se seguiu a ela. Portanto, não devo ter me expressado bem. Vejamos. Na minha primeira mensagem, acenei com dois fatos que eu, profano nestas lides, julgava pertinentes: 1 - que o nome Gracia, hoje feminino, já fora masculino (isto é atribuído a homens); e, 2 - que dera origem ao sobrenome (apelido) Garcia.
Você contestou esta segunda proposição, com os dados que apoiaram sua tese. Aceitei e agradeci sua ajuda ao meu aprendizado destas coisas dasquais muito pouco sei. Opino mais para aprender que para ensinar. Não houvesse dado aquele palpite e não teria tido sua lição que me acrescentou
Na minha mensagem de retorno, só mencionei um exemplo (dentre muitos possíveis) do nome Gracia atibuido a um humem. E não devo ter me explicado convenientemente.
O fato inconteste é que, veterano acompanhador deste forum, aprendi a respeitar sua autoridade e a admirar sua pessoa.
Aceite, mais uma vez, o muito obrigado do
Luiz
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Luiz:
Não fique aborrecido comigo. Na verdade também não sou um supra-sumo em área nenhuma. Apenas poderei dizer que estou mais à vontade ou que sou mais sabedor de certas e determinadas áreas do que outras. Mesmo na matéria em questão tive de me socorrer da etimologia para explicar as diferenças que expus nas intervenções anteriores. Não se aflija comigo. Não quero que haja qualquer espécie de sabor amargo entre nós...; tudo bem, numa boa, 'tá?
Disponha como melhor achar.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Pedro França:
Esteja tranqüilo. Nunca houve o menor travo de amargor ou o mais leve azedume. Apenas uma hipótese de desencontro que busquei remover. E que está plenamente resolvida. A propósito estarei em Coimbra pelo fim do mes para um forum. Seria uma alegria conhecê-lo pessoalmente se puder encontrá-lo.
Um abraço do
Luiz
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Luiz:
Pode encontrar-me (podemos encontrar-nos) à 5ª Feira. É o meu dia não lectivo, que eu costumo passar no Arquivo da UC, na alta da cidade. A 4ª Feira, por vezes, à tarde, é reservada a reuniões na escola. Esta nem sempre dá..., é incerta.
Disponha: temos os dias 21 e 28 de Abril. Tem outro ponto de encontro melhor?
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Por favor, contate comigo no endereço msaluiz@cfm.org.br para combinarmos.
Cumprimentos do
Lui
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Conceição
Quase um ano depois de ter aberto este tópico, voltei aqui e reli a sua mensagem em que há um ano atrás falava de Gracia Mendes, e de quem eu nunca tinha ouvido falar. Há umas semanas atrás, numa das minhas idas a uma conhecida livraria, encontrei e comprei o livro "O fantasma de Hannah Mendes" de Naomi Ragen, que escreveu uma ficção à volta da tão real figura que foi Gracia (Hannah) Nasi Mendes. Foi de facto uma mulher extraordinária.
Cumprimentos
Susana Rilhó Gama
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RE: Gracia como nome próprio
Cara Susana, ha varios livros sobre Gracia Mendes, o meu favorito e que creio seja o melhor, e The Woman Who Defied Kings The Life and Times of Dona Gracia Nasim por Andree Aelion Brooks. Este e um livro extraordinario. Traduzindo sera, A mulher ( isto de defied em portugues e dificil de traduzir no contexto do livro, mas a melhor aplicacao talvez seja, desdenhar, a mulher que desdenhou reis?) ou outra palavra que queira dizer (que se esteve marinbando para o que os reis ditavam, diziam.) E sem duvida um dos meus livros favoritos e baseado totalmente em factos historicos.
Maria da Conceicao
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Pedro França,
Eu sei que este tópico já tem alguns anos, mas "tropecei" nele e esta frase sua "É certo que Garcia pode servir de apelido como acontece com os Garcias Mascarenhas de que também descendo. Trata-se de um sobrenome que, como patronímico, não evoluiu em Garcês ou Garcez."
Com já deve ter reparado o meu apelido é Garcês/z, evouindo na minha árvore o primeiro Garcês que encontrei foi registado como Gracês, que se manteve por mais duas gerações; os ascendentes eram todos Gracia (de apelido). A dúvida que me surgiu na altura foi, não terá havido uma evolução de Gracia para Gracês/z? Este tópico fez-me ressurgir esta dúvida.
Gostava de ouvir a sua opinião.
Obrigado
José Luís Garcês
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Zé Luís:
Na época em que lancei essa mensagem, não tinha considerado a forma feminina de Grácia (talvez a forma contraída de Engrácia). Há apelidos que se vão transmitindo como se de patronímicos se tratassem; esse é o caso do apelido "Brites", "Inês", "Isabel", por exemplo, e outros que vou encontrando já acompanhados da partícula adjacente "de" como "da Luísa"...; são nomes próprios mas convertidos em apelidos.
No seu caso, e já estou a ver o que foi: verificou-se uma metátese de Garcês em Gracês, ou Garcia em Gracia, tal como "Flor" em "Frol" ou vice-versa. Poderão, ortográfica e gramaticalmente ser encaradas como formas arcaízantes, processadas na regressiva. E atenção! Não sou gramático nem linguísta, embora o Português seja uma vertente do meu grupo de recrutamento em matéria de ensino. Mas, estas questões lidei com elas sobretudo em História, a minha área de formação e que eu privilegio.
De modo que, resumindo e concluindo, no seu caso, a dada altura da sua ascendência, o próprio apelido "Gracia" ou "Garcia" seguiu a regra geral dos patronímicos, se calhar independentemente de o seu primeiro "Garcês" não ser propriamente filho de um Garcia de nome de batismo...Foi como que o "apanhar o comboio" mas em andamento. Lá mais para o séc. XVI, há de notar que essa transmissão regular de patronímicos pára no tempo, não se materializa.
Ficou esclarecido?
Abraço.
Ao dispor e tudo de bom.
Pedro França
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RE: Gracia como nome próprio
Caro Pedro,
Muito obrigado pelo seu esclarecimento.
Outra coisa curiosa que encontrei no meu apelido, Silva Garcês, originário de Ferreira do Zêzere, é que ele foi predominantemente passado pela via feminina, pelo menos na minha árvore.
Abraço
José Luís Garcês
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RE: Gracia como nome próprio
Olá, Zé Luís:
Ainda em tempo de férias, em Évora, mas a chegar ao fim. Domingo já estarei a ir para cima. Em setembro tenho o reinício do ano letivo e preciso de me ir habituando à ideia, aos poucos.
Pois, e essa transmissão do apelido Garcês começou a processar-se por via feminina numa altura em que a regra dos patronímicos já não se verificava, não? Para aí, por alturas dos sécs. XVII/XVIII... Esse apelido passou a pesar como qualquer um dos outros que por força da combinação das alianças matrimoniais iam confluindo num mesmo tronco...
É assim...
Pronto, por ora fico por aqui.
Abraço e boa continuação.
Pedro França
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