Machado de Assis
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Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), escritor carioca, brasileiro, universal. Machado de Assis é reconhecido pela crítica como um dos cinco maiores nomes da literatura portuguesa em toda a sua história. Foi fundador e Presidente da Academia Brasileira de Letras.
A melhor obra "machadiana" para fins genealógicos é o trabalho de Gondin da
Fonseca, Machado de Assis e o Hipopótamo, 6ªed, 1974.
Joaquim Maria Machado de Assis (MA) foi batizado na Capela de Nossa Senhora do Livramento (Santa Rita L8, 167) aos 13 de novembro de 1839, nascido aos 21 de junho do mesmo ano. Filho legítimo de Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis. Foram padrinhos o Viador Joaquim Alberto de Souza da Silveira e Dona Maria José de Mendonça Barroso, senhores da Quinta do
Livramento, genro e nora entre si, como veremos depois.
O pai de Machado de Assis, Francisco José de Assis era pintor e dourador.
Sabia ler e escrever e possuía certa cultura, como se depreende de uma
assinatura sua do Almanaque Laemmert. Foi batizado aos onze dias de outubro
de 1806 na Catedral, Santíssimo Sacramento (L3A, 330). Era filho de
Francisco de Assis, pardo forro e de Inácia Maria Rosa, parda forra. Foi
padrinho o Reverendo Antonio de Azevedo e Protetora Nossa Senhora das Dores.
Muitos biógrafos de MA indicam o Padre Antonio de Azevedo como avô de
Francisco José de Assis. O Padre Antonio de Azevedo era natural da Ilha do
Faial, Açores.
Casou o pai de Machado de Assis (MA), Francisco José de Assis, com Maria
Leopoldina aos dezenove dias de agosto de 1838 na Capela do Livramento
(Santa Rita, L4, 42). Maria Leopoldina era natural da freguesia de São
Sebastião da Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Açores, filha de Estevão
José Machado e de Ana Rosa. Foram testemunhas o Comendador Baltazar Rangel
de Souza e Azevedo Coutinho e o Alferes Joaquim José de Mendonça. A mãe de
MA foi indicada por alguns biógrafos como lavadeira e certamente era de
origens humildes, mas sabia ler e asinava com bela caligrafia.
Machado de Assis só teve uma irmã, Maria, batizada no Livramento em outubro
de 1841. Foram padrinhos o Brigadeiro, Senador e Ministro Bento Barroso
Pereira e D. Maria José de Souza Silveira, novos senhores do Livramento.
(Santa Rita, L8, 243v.244). Maria faleceu em 4/7/1845. A madrinha de MA D.
Maria José de Mendonça faleceu em 11/10/1845, com 75 anos, viúva do Senador
Bento Barroso Pereira. A mãe de MA faleceu em 18/1/1849.
Os avós paternos de MA casaram na Igreja do Santíssimo (L2, 97). Francisco
José de Assis, pardo forro, filho natural, desobrigado na freguesia de Santa
Rita, de Benedita Maria da Piedade, escrava que foi de D. Maria Teresa dos
Santos, com Inácia Maria Rosa, forra, filha natural de Rosa, preta, escravas
do Padre José Pereira dos Santos. Foram testemunhas o Reverendo Chantre
Filipe Pinto da Cunha e Souza e o Tenente Coronel Francisco Cláudio Pinto da
Cunha e Souza. Presente também o Padre Antonio de Azevedo, o suposto pai do
noivo, o que levou o matrimônio para outra freguesia e a sua desobrigação da
Igreja de Santa Rita.
As origens da família paterna de MA encontram-se nos segundos proprietários
do Livramento. Manuel Pinto da Cunha e Sousa casou com Maria Teresa dos
Santos em 1737. Eram os senhores do Morro do Livramento, extensa propriedade
que ia desde a orla do Valongo até quase o Campo de Santana, depois Campo da República. Todo o Morro pertencia à Quinta do Livramento.
Manuel Pinto da Cunha faleceu por volta de 1771. Eram os senhores de
Benedita Maria da Piedade, escrava negra, bisavó de MA. José Pereira dos
Santos, eclesiástico, provavelmente irmão ou parente próximo de Maria Teresa
dos Santos, era o senhor de Rosa, outra bisavó de MA.
O Livramento e os seus senhores
A chácara do Livramento foi criada pelo português José Caieiro da Silva.
Instituiu a Capela dedicada a Nossa Senhora do Livramento. O primeiro dono
faleceu em 15/8/1736. A propriedade foi comprada por Manoel Pinto da Cunha,
que legou a chácara a dois de seus filhos. A 10 de fevereiro de 1827, Ana
Teresa faz a doação do Livramento, em escritura, para Bento Barroso Pereira
em 10/2/1827. A escritura afirma que Bento administrara os bens e os
resgatara das dificuldades e das dívidas deixadas pelo irmão dela, o
Brigadeiro Francisco Cláudio Pinto da Cunha e Sousa, falecido em 1822. A
doadora ficaria em usufruto na propriedade e o Brigadeiro Bento continuaria
a morar em sua companhia na dita Quinta. Deu o valor da Quinta em 24 contos.
O imóvel deveria valer muito mais. D. Ana Teresa faleceu seis meses depois,
aos 19/9/1827.
Manuel Pinto da Cunha e Sousa e Maria Teresa dos Santos foram os pais de Ana
Teresa Angélica da Cunha e Sousa, senhora solteira, que herdou a propriedade
do Livramento após a morte de seu irmão, o Tenente Coronel Francisco
Cláudio, falecido em 1822. Nesta parte entra em cena o Brigadeiro Bento
Barroso Pereira, que freqüenta o círculo das pessoas da chácara do
Livramento, ganha a confiança, ajuda D. Ana Teresa Angélica a administrar a
propriedade e paga as dívidas dela. Bento Barroso Pereira receberia em doação boa parte do Livramento em 19/2/1827, como agradecimento pela convivência e pelo pagamento das dívidas da Quinta. Bento Barroso Pereira casou na Capela do Livramento um ano antes com a viúva Maria José Mendonça, nascida em Portugal, batizada na freguesia de São Vitor, Braga, aos 9/3/1773. Foi exposta e seu padrinho foi o Cônego João Cardoso de Mendonça Figueira. Era filha natural de Manuel Cardoso de Mendonça Figueira de Azevedo. Em 6/3/1802, por procuração passada na Cidade do Porto, Igreja de Santo Ildefonso, Maria José Alexandrina Cardoso de Mendonça Figueira de Azevedo casou com um primo, Joaquim José de Mendonça Cardoso, Desembargador Intendente do Ouro no Brasil, falecido no Rio de Janeiro em 17/10/1807. Joaquim José de Mendonça Cardoso era filho natural de
Maria Clara, batizado em 15/10/1766 na freguesia de São Martinho de Anta,
Concelho de Sabrosa, Porto. Maria Clara era natural de São João Batista,
Vila de Moimenta da Beira, Bispado de Lamego, filha de Domingos de Aguiar e
de Clara dos Santos. Seria Joaquim José de Mendonça Cardoso, primeiro
marido de Maria José Mendonça, filho do Cônego Joaquim José de Mendonça
Cardoso ? No ato do casamento é que Maria José revelou o nome do pai dela, a
mãe nunca foi revelada. Eram pessoas riquíssimas em Portugal e no Brasil.
Maria José teve dois filhos do seu primeiro enlace, nascidos em Portugal e
que vieram depois também para o Livramento: O Alferes Joaquim José de
Mendonça e Antonia Margarida de Mendonça Figueira de Azevedo, casada com
Joaquim Alberto de Sousa da Silveira.
Foram padrinhos de MA D. Maria José Mendonça e seu genro o Sargento-Mor
Joaquim Alberto de Sousa da Silveira, também parentes entre si em Portugal
em grau recuado. Também seriam ambo considerados parentes distantes de D. Ana Teresa Angélica da Cunha e Sousa (300). O Livramento seria uma rede de parentesco ? Temos que verificar empiricamente a afirmação com outras pesquisas.
O Sargento-Mor Joaquim Alberto de Sousa da Silveira e D. Antonia Margarida
tiveram uma única filha, batizada com o mesmo nome da avó materna (Maria José de Mendonça, a madrinha de MA), nascida em Pati do Alferes, Maria José de Mendonça da Silveira. Casou com Jorge Firmo Loureiro, adido à legação de Portugal. D. Maria José de Mendonça da Silveira era Dama de Honra da Imperatriz do Brasil.
Como referimos antes, D. Maria José Mendonça, viúva com 53 anos, casou na
Capela do Livramento (Santana L1, 120v.) aos 25/11/1826 com o Brigadeiro
Bento Barrosos Pereira, com 41 anos. Dona Ana Teresa Angélica da Cunha e
Sousa foi testemunha junto com o Sargento-Mor Pedro Francisco Guerreiro
Drago.
O Brigadeiro Bento Barroso Pereira faleceu em 9/2/1837, em Niterói. Sem
filhos do seu casamento, como seria presumível em função da idade de sua mulher D. Maria José de Mendonça Barrosos e que também faleceria em 1845. O Alferes Joaquim José de Mendonça faleceu em 1847, em estado de demência. A única herdeira foi Maria José de Mendonça Silveira, a filha de Joaquim Alberto de Sousa da Silveira, o padrinho de MA. A herdeira seria representada no inventário pelo seu marido Jorge Firmo Loureiro. Houve um litígio com D. Maria Paula (ver a seguir) e a herança do Alferes Joaquim José de Mendonça, com problemas mentais, que somou 18:734. 493
D. Maria José de Mendonça da Silveira voltou a casar em 6/10/1866 na Capela
do Livramento com João Antonio Martins Tinoco. Do primeiro casamento teve a
filha Carolina da Silveira Loureiro, que casou e morreu em Braga. Do segundo casamento em Braga, Portugal, também teve geração conhecida.
Um dos irmãos de Bento Barroso Pereira era Joaquim Barroso Pereira, que
casou em 1831 com Maria Paula Rangel de Sousa Coutinho Azevedo, filha do
Capitão Baltazar Rangel de Sousa Coutinho Azevedo e D. Antonia Joaquina
Duque Estrada Furtado de Mendonça. D. Maria Paula teve longa vida, nasceu no
Rio de Janeiro em 10/5/1797 e faleceu em 27/6/1893, com 96 anos. Foi a
cunhada e sucessora no Livramento de D. Maria José Mendonça. Teve dois
filhos: Antonio Barroso Pereira e Bento Barrosos Pereira. MA "sempre a
amou". Maria Paula foi a testamenteira de D. Maria José de Mendonça em 1845.
Como vimos antes, no casamento na Capela do Livramento dos pais de MA,
Francisco José com Maria Leopoldina, foram testemunhas Baltazar Rangel de
Sousa Coutinho Azevedo, pai de Maria Paula Rangel e Joaquim José de
Mendonça, filho de Maria José Mendonça e que ficou demente (louco), legando
para sua mãe a renda do ofício de Escrivão das Execuções do Sabará.
A família da mãe de Machado de Assis
Maria Leopoldina Machado da Câmara, a mãe de MA, foi batizada em 7/3/1812,
freguesia de São Sebastião de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel dos Açores.
Faleceu no Rio de Janeiro em 18/1/1849. Filha de Estevão José e de Ana Rosa,
casados em 9 de junho de 1809. Estevão José era natural da Vila do Porto,
Ilha de Santa Maria, freguesia de Nossa Senhora da Assunção, nascido em 16
de março de 1790, a princípio foi declarado filho de pais incógnitos e
exposto nas Casas da Câmara. Depois seus pais, João Pedro e Francisca Rosa,
regularizaram a situação, quando casaram em 9/7/1796 na freguesia de Nossa
Senhora da Purificação, Candeias, da Ilha de Santa Maria. João Pedro, bisavô
de MA era filho de João Machado e de Helena Rosa.
Ana Rosa, avó materna de MA, era viúva de Antonio da Câmara, que "não foi
sepultado por cair no mar donde nunca saiu". O nome Câmara e o nome
Leopoldina da mãe de MA devem ter sido inventados para fins de prestígio
talvez. "O nome heráldico Maria Leopoldina Machado da Câmara deve ter sido
criação artística de D. Maria José de Mendonça Barroso, protetora da moça"
(Gondin da Fonseca, 286). Ela nasceu em 7/3/1812, na freguesia de Nossa
Senhora da Ajuda, lugar Bretanha. Filha de Sebastião Arruda Cordeiro,
batizado na mesma freguesia da Bretanha em 18/11/1743 e de Maria da Estrela.
Ana Rosa era neta paterna de Julião Cordeiro e de Maria de Viveiros e neta
materna de Antonio Tavares e de Maria do Nascimento. Julião Cordeiro era
filho de Manuel Cordeiro Benevides e de Margarida de Viveiros. Maria de
Viveiros era filha de Pedro Arruda e de Francisca de Viveiros (38).
Casa Grande e Senzala no Livramento
O Livramento era uma típica estrutura social brasileira no estilo da Casa
Grande e Senzala. Formava uma comunidade senhorial e patriarcal, mesmo
estando dentro da Cidade do Rio de Janeiro e sendo comandada por mulheres
bondosas e de vidas familiares também sofridas. Era uma pequena comunidade
escravista com as suas hierarquias e divisões. Havia várias camadas. O
proprietário ou a proprietária principal (no caso mais as “matriarcas”), os senhores, os agregados superiores, os agregados, os trabalhadores e os escravos na base da pequena
comunidade. Havia a Capela do Livramento, havia também a Casa Grande, que na verdade era um amplo palacete, contrastando com outras casas dos agregados e com as senzalas Havia o trabalho agrícola, as plantações, a fruticultura e as hortas nas atividades vinculadas ao abastecimento da Cidade do Rio de Janeiro. Integração social e conflito coexistiam. A comunidade do Livramento atravessaria quase todo século XIX e os seus vínculos durariam ao longo do tempo.
Os pais de Machado de Assis podiam ser considerados agregados em posição
intermediária. Eram respeitados e inclusive batizaram filhos de escravos do
Livramento. O maior capital social que dispunham era a cultura acima da
média e a sua capacidade de escrever e ler. Isto faria a diferença para a
formação inicial do jovem Machado de Assis. O resto seria com o próprio
escritor e o ambiente progressista e modernizante em várias esferas sociais
e econômicas do Rio de Janeiro na virada do XIX para o XX.
Passemos a palavra para um comentarista estrangeiro, o francês Jean Michel
Massa (A Juventude de Machado de Assis: 1971, 55):
"Foi entre essa família patriarcal, um pouco voltada sobre si mesma, que
Machado de Assis passou os seus primeiros anos. Cresceu no meio de um grupo
social particular, que é uma espécie de gens, unida por uma sólida
argamassa. O chefe era uma velha dama, no crepúsculo de sua vida, que
conheceu uma existência bastante agitada, Maria José de Mendonça, filha
natural, casada em segundas núpcias, rica, muito rica mesmo. Ali existia uma
hierarquia implícita que todos aceitavam. Ela se exercia sem violência, até
mesmo com certa benevolência, porque se excetuarmos a idade da proprietária,
nada ameaçava as bases do edifício. Os anos 1840-1850 assistiram ao apogeu
do sistema patriarcal; para alguns foram os seus últimos clarões. As classes
existiam nesta sociedade como em todas as épocas e em todos os lugares, mas
não se tinha ainda nitidamente consciência das diferenças. O sistema era
equilibrado e compensado por um certo tipo de vida afetiva, muito
brasileiro, de respeito e submissão”.
Eu tenho antepassados de origem negra da “gens” do Livramento (descobri há pouco) e que depois descreverei. Curiosamente, a região do Livramento, adjacente ao centro do Rio de Janeiro, produziria uma vigorosa literatura e uma vigorosa música. O samba também surgiu naquele ponto matriz de importantes marcos da cultura brasileira, como pretendo apontar em outras notas. Um novo país cultural nasceu ao redor do Morro do Livramento, na síntese brasileira da cultura portuguesa, indígena e africana.
Ricardo Costa de Oliveira
12/5/2005
Enlace directo:
Joaquim Sigmaringa da Costa
Filhos do Livramento
Joaquim Sigmaringa da Costa foi batizado na Capela de Nossa Senhora do Livramento aos 27 de agosto de 1843 (São Francisco Xavier do Engenho Velho, Livro de Batismos de 1840-1847, fls. 124). Ele nasceu aos 24 de abril do mesmo ano. Era filho legítimo de Estevão da Costa e Silva e de Ana Tereza Pereira. Foram padrinhos o Sr. Antonio Barroso Pereira e Sra. D. Maria José Mendonça da Silveira. A madrinha de Joaquim Sigmaringa da Costa era filha do padrinho e neta da madrinha de Machado de Assis, como vimos na mensagem anterior.
Joaquim Sigmaringa da Costa casou com Henriqueta Carneiro de Barros e Azevedo aos 6 de junho de 1880 na Igreja de Santana (L8, 98). Ele era filho de Estevão da Costa e Silva e ela era filha de Manoel da Costa Barros e Azevedo e de Henriqueta Carneiro de Campos.
Joaquim Sigmaringa da Costa faleceu em 6 de maio de 1882. Sepultado no dia 7 de maio. Causa Mortis: hemorragia cerebral. O falecido era morador na Rua Visconde de Itaúna, número 6. Jornal do Commercio, folha 2 , quarta-feira, 10 de maio de 1882.
Aos 17 de fevereiro de 1841, na Capela da Senhora do Livramento (Santa Rita, L4, 83v.) casaram Estevão da Costa e Silva com Ana Tereza Pereira, naturais desta Corte, ele filho legítimo de Joaquim Bento e Senhorinha Rosa, batizado na freguesia do Sacramento, ela filha natural de Genoveva Ludovina, batizada nesta freguesia. Em presença do Reverendo Antonio Joaquim Cruvello e das testemunhas João Muniz Filho de Azevedo Coutinho e Joaquim Luiz Rangel de Azevedo.
Ana. "Aos 25dias do mês de agosto de 1821 anos batizei e pus os Santos Óleos a Ana, inocente filha natural de Genoveva creoula forra escrava que foi de Dona Ana Tereza Angélica da Cunha e Souza. Foi Protetora Santa Ana e padrinho Inácio José Ferreira Ribas de que fiz este assento. O Coadjutor Manoel Luis dos Reis Corvil. Igreja de Santa Rita. Livro 5 de batismos, folha 162.
Todos eram personagens do Livramento.
Joaquim Sigmaringa da Costa é meu trisavô.
Há vários elementos que indicam o Brigadeiro Bento Barroso Pereira como o pai de Ana Tereza Pereira. O Catálogo da "Exposição Machado de Assis" editado pelo Ministério da Educação, excelente obra publicada em 1939 como parte das comemorações do Centenário de Machado de Assis, afirma na pg. 23 que terrenos da Chácara do Livramento "passaram para vários filhos e sobrinhos de Bento Barroso Pereira". Não houve nenhum filho e nem poderia ter havido do casamento de D. Maria José Mendonça com o Brigadeiro Bento Barroso Pereira em função da impossibilidade biológica, uma vez que ela casou com 53 anos e o noivo tinha 41 anos.
Ricardo Costa de Oliveira
14/5/2005
Seguem alguns apontamentos genealógicos da família Barroso Pereira.
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Cau Barata
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BARROSO PEREIRA, Família - Dos Arquivos: Genealogia de Juiz de Fora e
Genealogia de Minas Gerais
Nascido por vlta de 1730.
Casado com.....
Pais de:
I-1. ANTÔNIO BARROSO PEREIRA
.........Nascido por volta de 1760. 8º Intendente, ou seja, administrador
dos Negócios dos Diamantes, em Minas Gerais, nomeado em 1786, e
Desembargador Ordinário de Agravos, por despacho de 13.05.1802 - sobre
Antonio Barroso Pereira ver meu livro estudo genealógico dos Presidentes do
Senado no Império - pág. 215-223 e 335-349.
.........Casado com MARIANA JACINTA DE MACEDO, nascida cerca de 1770 e
falecida em 1833. Sobre Mariana Jacinta, ver título da família MACEDO, do
Arquivo das Famílias de Juiz de Fora, e Presidentes do Senado no Império.
.................Pais de:
.................II-1. ANTÔNIO BARROSO PEREIRA (II), nascido em Paraíba do
Sul, RJ, cerca de .... e falecido a 12.12.1862, em Petrópolis, RJ.
.................Sargento Mór. Fazendeiro e homem público, influênte, no
Município de Paraíba do Sul, Rio de Janeiro. . Fundou uma grande fazenda, em
Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, em 1817. A 16/11/1855, fez uma doação
de um conto de réis, para a continuação das obras da Igreja da Ordem do
Carmo, de São João d´el Rei.
.................Enteado do famoso Capitão Tiramorros. Além de abastado
fazendeiro, foi Antônio Barroso Pereira vereador da primeira Câmara
Municipal de Paraíba do Sul, oficial da Imperial Ordem da Rosa.
.................Foi agraciado, a 15.12.1852, com o título de BARÃO DE ENTRE
RIOS.
.................Casado com CLAUDINA VENANCIA PEREIRA DE JESUS, falecida a
20.06.1876, em Petrópolis; filha de Manuel Jesus Cerqueira e de Mariana
Eufrásia de Paiva.
Etc., Etc. Etc. Etc., Etc. Etc. Etc., Etc. Etc. Etc., Etc. Etc. Etc., Etc.
Etc.
........................Pais de:
........................III-1. ANTÔNIO BARROSO PEREIRA (III), nascido cerca
de 18.. e falecido em 1906, em sua fazenda de SÃO LOURENÇO, em Paraíba do
Sul, RJ.
........................Agraciado, a 17.02.1883, com o título de VISCONDE DE
ENTRE RIOS
........................Casado com MARIANA CANDIDA PEREIRA.
................................Pais de:
................................IV-1. JOSINA BARROSO PEREIRA, casada com
JOSÉ PEDRO GUIMARÃES
................................IV-2. ANTONIO BARROSO PEREIRA (IV)
................................IV-3. CAROLINA AUGUSTA BARROSO PEREIRA,
nasc. a 09.06.1850. Casou a 16.09.1865 (15 anos) com o dr.RANDOLFO AUGUSTO
DE OLIVEIRA PENA, nasc. a 13.09.1834, no arraial do Brumado de Juassí, hoje
Entre Rios, MG, e fal. em 1935. Médico em 1859.
................................Vêr família OLIVEIRA PENA, no programa
Famílias de Minas Gerais
........................III-2. MARIANA CLAUDINA BARROSO PEREIRA, nascida em
1817 e falecida a 05.06.1882, em Londres.
........................Casada com seu primo legítimo JOSÉ ANTÔNIO BARROSO
DE CARVALHO, nascido a 14.02.1816 e falecido a 17.10.1869, no Rio de
Janeiro. VISCONDE DO RIO NOVO - citado neste título, abaixo.
........................Mariana, depois de viúva, foi agraciada, a
16.10.1880, com o título de CONDESSA DO RIO NOVO.
........................Benfeitora das Casas de Caridade de Paraíba do Sul e
de São João d'El Rey, as quais legou centenas de contos.
........................Sem geração.
.................II-2. MADALENA MARIA PEREIRA, nascida cerca de 1789, e
falecida em 1870.
.................Casada com o Alferes DAMASO JOSÉ DE CARVALHO, falecido a
02.09.1832
........................Pais de:
........................III-1. JOSÉ ANTÔNIO BARROSO DE CARVALHO, nascido a
14.02.1816 e falecido a 17.10.1869, no Rio de Janeiro.
........................Fazendeiro. Proprietário das Fazendas BOA-UNIÃO,
CANTAGALO e PIRACEMA. Porprietário de prédios em São João del Rey.
........................Agraciado, a 27.03.1867, com o título de VISCONDE DO
RIO NOVO
........................Casado com sua prima legítima MARIANA CLAUDINA
PEREIRA, nascida em 1817, em Paraíba do Sul. - citada neste título, acima.
........................III-2. CAROLINA BARROSO DE CARVALHO, nascida em
1819.
........................Casada com FRANCISCO INÁCIO PINTO, negociante no Rio
de Janeiro.
........................Proprietários da Fazenda do CALÇADO, no Distrito de
Bemposta, Paraíba do Sul, RJ.
........................III-3. MARIANO BARROSO DE CARVALHO, nascido em 1823
........................Casada com ISABEL WERNECK
........................Proprietários da Fazenda SANTARÉM, no Distrito de
Bemposta, Paraíba do Sul, RJ.
........................III-4. MARIA JOSÉ BARROSO DE CARVALHO, nascida em
1829
........................III-5. ANTÔNIO BARROSO DE CARVALHO, nascido em 1830
........................Casou com sua cunhada ISABEL WERNECK.
........................III-6. Tenente Coronel DAMÁSO JOSÉ DE CARVALHO
JÚNIOR, nascido em 1831, em Cebolas, Paraíba do Sul.
........................Proprietário das Fazendas da ESTIVA, em Juiz de
Fora, PIRACEMA, em Entre-Rios, CALçADO e ÁGUA-FRIA, em Bemposta, e MATO
GROSSO, também em Bemposta.
........................Casado a 15.11.1852, na Fazenda da LEGALIDADE, em
Chapéu d'Úvas, com ADELAIDE AUGUSTA DE MIRANDA - citada no título da
Família MIRANDA, de Juiz de Fora.
................................Pais de:
................................IV-1. Dr. ANTÔNIO JOSÉ DE MIRANDA CARVALHO
................................IV-2. SAINT-CLAIR DE MIRANDA CARVALHO
.................II-3. Capitão de Fragata LUIZ BARROSO PEREIRA - biografia
no livro Presidentes do Senado no Império, estudo histórico e genealógico,
de minha autoria.
.................II-4. MARIA RITA PEREIRA
.................II-5. Brigadeiro BENTO BARROSO PEREIRA, nascido a
02.10.1785, no Arraial do Tijuco, Diamantina, Minas Gerais, e falecido a
08.02.1837, em Niterói, Rio de Janeiro - toda a vida, biografia, genealogia
e documentos referentes ao Brigadeiro Bento Barros Pereira consta do meu
livro estudos genealógico dos Presidentes do Senado no Império - pág.
215-223 e 335-349, tendo sido ele um dos Presidentes.
.................II-6. Comendador JOAQUIM BARROSO PEREIRA, casado com
.......
.......................Pais de:
.......................III-1. ANTONIO BARROSO PEREIRA
.......................III-2. BENTO BARROSO PEREIRA
.................II-7. FRANCISCO BARROSO PEREIRA, desembargador da Relação.
Casado com......
.......................Pais de:
.......................III-1. JOSEFA ESTELITA BARROSO - ainda vivia em 1849
.......................III-2. AGOSTINHO BARROSO PEREIRA
.......................III-3. JOSÉ BARROSO PEREIRA
.......................III-4. ANA BARROSO PEREIRA
.......................III-5. MARIA JOSÉ BARROSO PEREIRA
.......................III-6. RITA BARROSO PEREIRA
.................II-8. JOÃO BARROSO PEREIRA, foi estudar direito na
Universidade de Coimbra, onde havia se matriculado a 8 de Janeiro de 1798.
.................II-9. JOSÉ BARROSO PEREIRA, que tirou Carta de Ouvidor a 29
de Março de 1805./
Carlos Eduardo de Almeida Barata
1. Famílias de Juiz de Fora
2. Famílias de Minas Gerais.
Os dois trabalhos acima foram escritos há cerca de 15 anos, dos quais usei
grande parte para o Dicionário das Famílias Brasileiras e para o livro
Presidentes do Senado no Império.
____________
Da página de Sérgio Freitas atualizando o Archivo Nobiliarchico Brasileiro
ENTRE RIOS
Foto: AGB IV, 1942, pág.51
O 1º barão de ENTRE RIOS foi Antonio Barroso Pereira,natural da Paraíba do Sul.Faleceu em Petrópolis,RJ em 12 de Dezembro de 1862 e a baronesa a 20 de Junho de 1876,em Paraíba do Sul,RJ.Era Comendador da Imperial Ordem de Cristo e Oficial da Imperial Ordem da Rosa.
Adenda
Antonio Barroso Pereira- agraciado com o título ( Dec 15.12.1852 ) de Barão de Entre Rios. Título de origem toponímica tomado ao município de Entre Rios ( hoje Três Rios ) - RJ. Integrante da família Barroso Pereira, da região do vale do Paraíba do Sul, estado do Rio de Janeiro . Filho do Sargento-Mór Antônio Barroso Pereira e de Maria Jacinta de Macedo. Neto-materno de José Rabelo de Macedo e de Maria de Carvalho Duarte. Nasceu em 1792 na Freguesia de Sebolas, município de Paraíba do Sul e faleceu em Petrópolis a 12 de dezembro de 1862, sendo sepultado em jazigo da Capela de Nossa Senhora da Piedade, em sua Fazenda de Cantagalo, hoje no município de Três Rios. Oficial da Ordem da Rosa. Sargento-mór de Milícias. Em 1833 Vereador a primeira Câmara Municipal de Paraíba do Sul, cargo sucessivas vezes exercido, inclusive a sua Presidência.Casou com Claudina Venâncio de Jesus, Baronesa de Entre Rios, falecida em 1876 na Fazenda de Cantagalo, sepultada no jazigo da Capela de Nossa Senhora da Piedade, situada na mesma fazenda, filha de Manuel Jesus Cerqueira e de Maria Eufrásia de Paiva. Teve o barão, desde a primeira legislatura da Câmara Municipal de Paraíba do Sul, acirrada luta com a família Paes Leme, pela obtenção de área de terras para patrimônio do nascente município, que acabou por resultar na concordância da doação da área pelos proprietários, chefiados pelo Marquês de São João Marcos. Entre as propriedades que pertenceram ao Barão de Entre-Rios, além da já citada Fazenda Cantagalo, foram ainda suas as fazendas Cachoeira, Boa-União, Rua Direita e Piracema. Quando de seu falecimento, além das propriedades rurais citadas, constavam ainda de seus bens, entre outros, 407 escravos; vistoso palacete em Petrópolis, na Rua do Imperador, número 52; dois prédios na mesma rua; no Rio de Janeiro, um prédio de dois andares na Rua Direita, atual Primeiro de Março, número 52, avaliado em 70 contos de réis; outro prédio na mesma cidade, na Rua São Pedro, número 93, avaliado em 20 contos; em Entre-Rios, atual cidade de Três Rios, um correr de 13 casas de residência e comércio, junto a Estrada União e Indústria; diversos prédios em Paraíba do Sul e em São João Del Rey; além de títulos a receber e dinheiro em espécie, depositados em várias casas bancárias; tudo avaliado em 1.569:303$468, imensa fortuna para aquela época em toda a região.
Colaborador
José Roberto de Vasconcellos Nunes- pesquisador. Criador e coordenador da lista Gen=Minas de genealogia.
BRASÃO DE ARMAS: Escudo esquartelado:no primeiro as armas dos Barrosos,_ de vermelho,com cinco leões de prata,cada um com duas faxas xadrezadas de ouro e vermelho,postos em santor; no segundo,as dos Pereiras,_ de goles,com uma cruz de prata florida,vazia do campo;e assim os alternos.
CRIAÇÃO DO TÍTULO: Barão por decreto de 15 de Dezembro de 1852.
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ENTRE RIOS
O 2º barão e visconde de ENTRE RIOS foi Antonio Pereira. Era fIlho dos 1ºs barões de ENTRE RIOS.
Adenda
Antônio Barroso Pereira - agraciado com o título ( 28.08.1877 ) de Barão de Entre Rios; elevado ao título ( Dec 17.02.1883 ) de Visconde de Entre Rios. Título de origem toponímica, tomado ao município do mesmo nome, hoje Três Rios, no estado do Rio de janeiro. Homônimo do avô e do pai, filho dos primeiros Barões de Entre-Rios. Nasceu cerca de 1820 em Sebolas, município de Paraíba do sul e faleceu em sua Fazenda de São Lourenço, hoje situada no município de Três Rios, em 27 de janeiro de 1905, sendo sepultado na Capela de Nossa Senhora da Piedade, no mesmo município. Casou com Maria Cândida Pereira Belo, prima-irmã do Marechal Duque de Caxias, pelo lado paterno, e sobrinha do Barão do Piabanha pelo materno. Era filha do coronel José Ricardo de Oliveira Belo e de Mariana de Andrade Belo, tendo falecida em 1876, antes de o marido ser titular, sendo sepultada no jazigo da Capela de Nossa Senhora da Piedade. O Visconde de Entre-Rios não era afeto à política, mas sempre que julgava necessário pronunciava-se publicamente, através de jornais, pela moralidade de sua prática.
Colaborador
José Roberto de Vasconcellos Nunes- pesquisador. Criador e coordenador da lista Gen-Minas de genealogia.
BRASÃO DE ARMAS:Escudo esquartelado:no primeiro as armas dos Barrosos,_ de vermelho,com cinco leões de prata,cada um com duas faxas xadrezadas de ouro e vermelho,postos em santor; no segundo,as dos Pereiras,_ de goles,com uma cruz de prata florida,vazia do campo;e assim os alternos.
CRIAÇÃO DO TÍTULO: Barão por decreto de 28 de Agosto de 1877. Visconde por decreto de 17 de Fevereiro de 1883
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A Herança do Livramento
A antiga Quinta do Livramento ia desde a orla do Valongo até o Campo de Santana. Várias ruas e praças surgiram com as sucessivas reformas urbanas naquela área. A rua Visconde de Itaúna desapareceu na grande reforma urbana que criou a Av. Getúlio Vargas.
O SAMBA
O samba surgiu na rua Visconde de Itaúna, do lado da praça Onze :
A biografia de Donga (e-biografias). Tinha por mãe uma famosa "Tia", a Tia Amélia do grupo das baianas da Cidade Nova (Tia Ciata, Tia Presciliana de Santo Amaro, Tia Gracinda, Tia Verdiana...), que fundaram ranchos onde aconteciam sessões de candomblé e sambas. Donga, influenciado pelo ambiente, ainda criança tocava violão, cavaquinho e banjo, além de dançar um partido-alto. Assíduo freqüentador da casa de Tia Ciata, na rua Visconde de Itaúna, foi ali que Donga, em 1916 compôs trecho do samba "Pelo Telefone". O jornalista Mauro de Almeida faria o resto da letra. Porém, muitos reclamariam depois parte da autoria (Sinhô, Pixinguinha, Tia Ciata...). Em 1922, Pixinguinha monta o grupo "Os Oito Batutas" tendo Donga tocando violão-baixo. Com suas marchas-rancho, chorinhos e sambas, conquistam público e crítica, mudando o nome depois para "Os Batutas". Participa ainda da "Orquestra Típica Pixinguinha-Donga" e em 1932 do "Grupo da Velha Guarda" e dos "Diabos do Céu".
As Reuniões na Casa da Tia Ciata (Luiz Américo. A História da MPB).
Nascida na Bahia, Hilária Batista de Almeida ou Tia Ciata, emigrou com outras "tias" baianas para o Rio, que era a capital do país na época e o lugar onde as manifestações culturais eram mais intensas e os meios de sobrevivência, mais favoráveis. Entre as tias baianas que emigraram com tia Ciata, destacam-se tia Amélia (mãe de Donga), tia Presciliana de Santo Amaro (mãe de João da Baiana), tia Veridiana (mãe de Chico da Baiana). Tia Ciata, a mais famosa de todas, logo instalou-se num sobrado da rua Visconde de Itaúna, nº 117, em frente ao Colégio Pedro II, onde fundou uma casa comercial para vender quitutes baianos e cultivar o jogo. Cedo tia Ciata reuniu uma freguesia de malandros, que faziam música. inspirados naquele ritmo que ela havia trazido à cidade grande. Entre esses malandros, estaria a nata de compositores de samba do início do século, a exemplo de Donga, Sinhô (o Rei do Samba), Pixinguinha, Hilário Jovino Ferreira, João da Baiana, China (irmão de Pixinguinha), Heitor dos Prazeres e tantos outros. Foi através dessas reuniões, onde a música e o jogo se misturavam, que foi criado o primeiro samba de autor identificado: O "Pelo Telefone".
A REPÚBLICA
Ao anoitecer de 14, corria na rua do Ouvidor a notícia da prisão de Benjamin e de Deodoro. Dizia-se que o governo, considerando esses dois militares perigosos ao regímen, mandara-os encerrar numa fortaleza. O boato era falso. Tinha-o espalhado o major Sólon, com o intuito apenas de precipitar os acontecimentos. A coletividade republicana, com o boato, ferveu nas ruas, nas redações dos jornais e nos quartéis. Os batalhões sublevaram-se. Pela madrugada os chefes da propaganda tiveram que ser acordados em suas casas, para vir à rua comandar o movimento. Ao amanhecer de 15, a coluna revolucionária, tendo Benjamin à frente, descia a rua Visconde de Itaúna em direção ao Campo de Santana. Nas proximidades do gasômetro, Deodoro, que passava de carro, uniu-se à tropa. O velho marechal voltava do quartel do 1o regimento de cavalaria, onde não mais encontrara a força para comandar. Ao dobrar a rua Visconde de Itaúna para o campo de Santana, Deodoro salta do carro e monta o cavalo do alferes Eduardo Barbosa. Era já dia claro. (Viriato Correia. Cazuza. Memórias de um menino de escola, 1938. Cadeira 32 da ABL).
O Exército Brasileiro encerrava com a monarquia naquele mesmo ponto matriz.
Ricardo Costa de Oliveira
14/5/2005
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Freguesia de Santa Rita, Rio de Janeiro 1840-50
Uma análise dos livros eclesiásticos é um passeio sociológico sobre as comunidades do passado. Estou pesquisando os livros da freguesia de Santa Rita, uma das freguesias urbanas do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Para minha surpresa encontrei muitos batismos coletivos de adultos, coisa que só tinha visto antes nas freguesias bandeirantes do Brasil Meridional. Isto significava a chegada em massa de pessoas capturadas pela nossa sociedade. No caso dos bandeirantes em Curitiba eram índios do sertão, inclusive muitos dos quais capturados pelos meus antepassados. No caso do Rio de Janeiro é a vinda em massa de africanos. Desde Roma que nenhuma cidade alcançou a plenitude escravista do Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro era o seu porto e o Valongo era o seu ponto inicial, na freguesia de Santa Rita, local em que cerca de meio milhão de africanos desembarcaram do final do século XVIII até a metade do século XIX. A década de 1840 foi a última na importação de africanos e em termos quantitativos foi uma das maiores em termos de fluxo humano escravista. Muitos eram batizados como escravos e outros como "livres". Por exemplo, em 23/4/1840 foram batizados em um mesmo assento 13 homens, denominados de "africanos livres" a serviço do Arsenal Imperial da Marinha. Por padrinho Marcelino primeiro escravo da nação e Santa Rita (L8, 183 v). Esta região concentra o drama humano do tráfico negreiro. Há vários cemitérios de africanos no entorno do Valongo. Milhares de esqueletos testemunham estas histórias. Quando se cava na região podemos encontrar os resquícios do nosso passado em cova rasa. Quando o Brasil conquistou nesta semana a Copa das Confederações na Alemanha, reunindo os títulos da Copa América e o Pentacampeonato da Copa do Mundo com seleções fundamentalmente negras, percebemos o valor dos nossos antepassados africanos, hoje os responsáveis, na área esportiva, pelas maiores glórias do Brasil no mais popular e emocionante esporte mundial. A razão do enxerto africano no Brasil foi a necessidade da própria vida africana à fecundar a terra e os povos no Brasil. Sobrevivemos biologicamente, socialmente, culturalmente, geopoliticamente e esportivamente com a herança dos nossos antepassados africanos no Brasil. Dos meus 64 quinto avós, uma é negra, escrava alforriada, uma flor negra na genealogia, outro é pardo e suspeito de que pelo menos mais uma possa ser também parda ou mulata. Jamais os esqueceremos, o Brasil sempre reconhecerá o valor dos negros na nossa formação.
Há uma belíssima pintura de Eduard Hildebrandt sobre a Igreja de Santa Rita, com curiosa estética antropológica e com a paisagem urbana carioca da região. A pintura revela um belíssimo jogo de luzes e faz uma análise etnográfica visual do Rio de janeiro naquela conjuntura, retratada magnificamente entre os anos de 1844-1846.
A Capela do Livramento era praticamente um oratório particular. Só encontrei na Capela do Livramento, no período da virada de 1839-1843, o batismo de Joaquim Maria Machado de Assis (Santa Rita L8, 167), da irmã dele, Maria (L8, 243v/244) e o de meu trisavô Joaquim Sigmaringa da Costa no Livramento (Registrado na Igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho). Será que só eram batizados no Livramento os agregados e moradores da Quinta ? Curiosamente encontrei na mesma folha do batismo de Maria (L8, 243v./244) irmã do escritor Machado de Assis, o batismo de meu tio Henrique, filho de João Nepomuceno da Rocha Freire e de Guilhermina de Azeredo Coutinho Masseder Freire, sendo padrinhos Antonio Francisco da Rocha Freire e Guilhermina Clara Lenox Freire (meus 5° avós). Seria futuro Almirante.
Na verdade percebi que quase todos os meus avoengos moradores no Rio de Janeiro na década de 1840 estavam concentrados naquele ponto da freguesia de Santa Rita. Eram vizinhos da família de Machado de Assis, uma vez que o pai deste, Francisco José de Assis morava na Rua Nova do Livramento n° 131, endereço em que recebia o Almanaque Laemmert nos anos de 1846-47.
Apresento um geoprocessamento genealógico da minha ancestralidade no Rio de Janeiro na década de 1840-1850.
Genoveva Ludovina - crioula forra, escrava de D. Ana Tereza Angélica da Cunha e Sousa, que foi a senhora do Livramento e faleceu solteirona e sem filhos. Não sei se a minha 5ª avó Genoveva estaria viva na década de 1840, se estivesse viva deveria morar no Livramento.
Ana Tereza Pereira, 4ª avó, filha de Genoveva, batizada em 25/8/1821 na Capela do Livramento, assento em Santa Rita, moradora no Livramento ? O vínculo se manteve porque também casaria na Capela do Livramento em 17/2/1841. Poderia ser ou não filha natural do Senador Bento Barroso Pereira ? Há muitos elementos que indicam esta possibilidade. Ana Tereza foi a continuidade da vida do Livramento. Recebeu o nome da senhora da mãe dela, e geraria larga descendência, uma vez que D. Ana Tereza Angélica da Cunha e Sousa não gerou vida e nem o Senador Bento Barroso Pereira teve filhos legítimos ?
Estevão da Costa e Silva, 4º avô. Filho de Joaquim Bento, pardo e de Senhorinha Rosa. Casado em 1841 com Ana Thereza Pereira. Estevão foi batizado na Catedral do Santíssimo Sacramento, onde durante muitos anos foi o Reverendo Filipe Pinto da Cunha e Sousa, irmão de D. Ana Tereza Angélica, o seu Chantre. Haveria ou não parentesco de Estevão da Costa da Costa e Silva com o artista Raimundo da Costa e Silva, conhecido pintor, dourador e artesão pardo com obras na mesma Igreja do Santíssimo Sacramento ?
Procura-se !
José Manuel da Costa Barros e Azevedo, 4° avô, Moço da Imperial Câmara, morador na Rua do Costa, 79 (Almanaque Laemmert do RJ, 1845, 50).
A Rua do Costa era um pedacinho de um loteamento de um grande latifúndio da família Costa Barros, herdado do avô materno dele, o Capitão José da Costa Barros e de D. Ana Joaquina Gurgel do Amaral. Se eu escolhesse a mais representativa família carioca da velha nobreza da terra, eu escolheria os Costa Barros-Gurgel do Amaral. Boa parte dos principais titulares cariocas descendem deles. José Manoel da Costa Barros e Azevedo era casado com D. Henriqueta Carneiro de Campos, filha do Conselheiro Manuel Carneiro de Campos, 5º avô, morador na Rua do Sabão e deputado no Tribunal da Junta do Comércio, Agricultura, Indústria e Navegação, no Largo de Santa Rita, 215. (Almanaque Laemmert RJ: 1845, 70)
Carlos Augusto da Rocha Freire, 4° avô, Capitão-Tenente da Armada Imperial, morador na Rua do Livramento, número 10 (Almanaque Laemmert RJ: 1850, 135).
Carlos Augusto era casado com sua sobrinha (casamento com dispensa do Núncio Papal. Processo Matrimonial, Cúria do Rio de Janeiro n° 27107 cx1782), filha de seu irmão Antonio Francisco da Rocha Freire, 5º avô, negociante, estabelecido na Rua dos Pescadores número 10 (Almanaque Laemmert RJ: 1850, 308). Luiza foi batizada no Rio de Janeiro, na Igreja de Santa Rita em 16 de abril de 1833, Livro 7, 194 verso. Filha legítima de Antonio Francisco da Rocha Freire, natural de Minas e de Dona Guilhermina Clara da Rocha, natural do Rio de Janeiro. Neta paterna de João Nepomuceno Freire e de Dona Luiza Dalmácia Avellina, naturais de Minas. Neta materna de Guilherme Lennox, natural de Londres e de Dona Clara Perpétua do Nascimento Paiva, natural de Lisboa. Padrinhos: João Henriques de Paiva e Dona Theotonia de Paiva. Luiza Faleceu no Rio de Janeiro em 1867 (Óbito no CBG). Os Henriques de Paiva eram importante família de cristãos novos de Castelo Branco.
Estrangeiros chegavam em grande número no Rio de Janeiro, como William Lennox: A sua entrada no Rio de Janeiro é de 16/5/1809. Arquivo Nacional. Registro de Estrangeiros 1808-1822. (MJ. AN. 1960). No seu prontuário policial de estrangeiro está escrito " Guilherme Lennox, inglês de nação. Solteiro. Veio de Montevidéu na escuna São Joaquim. Veio a negócio e vive do mesmo e é conhecido de Antonio Pereira da Rocha, negociante desta praça e vai morar pela Rua da Quitanda, em casa de um inglês que não apresentou passaporte. E assinou.
Attilio Boselli, 4° avô, imigrante italiano, natural de Volta Mantovana, nascido em 18/11/1811. Entrou no Rio de Janeiro em 30/4/1830 “vindo de Londres no brigue Ana com o destino de aqui aprender a língua portuguesa e morador na Rua dos Pescadores nº 118 (Arquivo Nacional –Registro de Entrada de Estrangeiros)”. Faleceu extremamente próspero em 28/7/1896. Moradia no Rio de Janeiro (ainda) desconhecida entre 1840-1850. Os filhos dele foram batizados na freguesia de São Francisco Xavier do Engenho Velho e casou e na de Santana, de modo que não devia estar longe do núcleo central aqui comentado. O italiano sobreviveu e venceu todas as adversidades e dificuldades tropicais do Rio de Janeiro ao longo do século XIX.
Curiosamente tenho um tio, do meu ramo paterno, do Sul do Brasil, morando no Rio de Janeiro na década de 1840.
O Cônego João Matias de Carvalho Bueno, no Seminário de São José, Professor de gramática e língua latina. Era filho do meu 5° avô, o Capitão-Mor Antonio Carvalho Bueno, de São Francisco do Sul, Santa Catarina (Almanaque Laemmert RJ: 1850, 101). O descendente de tradicionais bandeirantes faleceu na década de 1850, ainda relativamente jovem e não teve a sorte de ter tido vida longa no Rio de Janeiro. Era considerado homem de grande cultura, condição que sempre nos fez falta no século XIX.
No entanto, o encontro das genealogias bandeirantes da família do Cônego João Matias de Carvalho Bueno com as linhas cariocas aqui apresentadas teria de esperar mais de cem anos, quando o meu pai catarinense encontrou e casou com a minha mãe carioca em 1960, no Rio de Janeiro.
Isto é 100% Brasil
Ricardo Costa de Oliveira
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Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Uma correção do Bento Barroso Pereira, padrinho de Maria, irmão de Machado de Assis. Não poderia ser o Senador falecido em 9/2/1837 e Maria batizada em outubro de 1841. O Bento Barroso Pereira era sobrinho homônimo do Senador, filho do irmão dele Joaquim Barroso Pereira e de D. Maria Paula Rangel. (Gondim da Fonseca, 6ª ed. 1974, 303-307. Joaquim Barroso Pereira casou com D. Maria Paula Rangel em 1831 (Massa: 1971, 35). Maria Paula Rangel era filha de Baltazar Rangel de Sousa e Azevedo Coutinho (Massa, 35), testemunha no casamento do pai de Machado de Assis em 1838 no Livramento (Gondim da Fonseca, 270).
Comecei a verificar os livros de Santa Rita e do Santíssimo Sacramento para ver se consigo encontrar mais dados. A genealogia paterna de Machado de Assis deve trazer novos elementos. Talvez alguma possibilidade de relação com a família dos proprietários do Livramento, os pais de D. Ana Tereza Angélica ? Possibilidade remota e dificilmente comprovável em algum documento e que justificaria as atenções dos senhores do Livramento com a família de Machado de Assis ?
Eu encontrei o batismo de um tio de Machado de Assis, irmão do pai dele :
Bento, batizado aos 9/11/1807 (Santíssimo Sacramento L4, 30), filho de Francisco de Assis, batizado na Sé e de Ignacia Maria da Rosa, batizada na Candelária. Por padrinho o Reverendo Antonio de Azevedo e Nossa Senhora das Dores. Coadj. Antonio Teix. Alv.
Este tio de Machado de Assis não é mencionado em nenhuma biografia machadiana. Não sei se sobreviveu à infância.
Também encontrei mais uma pista dos meus antepassados no mesmo livro:
Batismo de Júlio, 17/3/1811 (Santíssimo Sacramento L4, 361), filho legítimo de Joaquim Bento da Cunha, batizado nesta freguesia e de Senhorinha Rosa, batizada na freguesia do Agua Su (Iguassú?). Padrinho Custódio José da Silva e Protetora Nossa Senhora. Coadj. Antonio Teix. Alv.
Júlio é irmão de Estevão da Costa e Silva e oferece a indicação das localidades de origem dos pais. Curiosamente sempre estão próximos os elementos familiares de Joaquim Sigmaringa da Costa e de Machado de Assis, seja no Livramento ou no Santíssimo.
Ricardo Costa de Oliveira
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Também apresento aqui mais alguns textos feitos há algumas semana atrás sobre este tema e apresentados em outros espaços. Ilustra um passeio pela formação da genealogia brasileira. Em função das regras deste Fórum retirei o hypelink, mas fica o resto do endereço-eletrônico :
Sonhei em um dia desta semana que estava em uma grande residência e encontrava muitos documentos, papéis envelhecidos, em vários cantos da casa. Sonhos são metáforas ou metonímias das nossas vivências cotidianas "reais". Aquele meu sonho se passava à noite, com luzes foscas e brilhantes iluminando os maços dos papéis velhos, que pareciam ter capas e títulos "com escritas barrocas", do século XVIII para trás. Nada mais alternativo para quem passa o dia ligado à ciência e tecnologia em uma das mais modernas cidades do Brasil, como eu em Curitiba.
Deixando o mundo dos sonhos para trás e entrando na genealogia investigativa, resolvi pesquisar quais as coisas ou os objetos mais antigos e ainda de posse da minha família, mas de posse contínua no tempo, no espaço e no fluxo das gerações. Do meu inquérito resultaram alguns botões da farda e a foto de um Alto Burocrata do Império com as inscrições PII (Pedro II), um manuscrito iniciado em 1813 ( Manuscrito começado por José Manuel de Azevedo e continuado por José Manuel da Costa Barros e Azevedo, filho dele, meus 6° e 5° avós. Curiosamente a última informação é o assento de nascimento e batismo de minha 4ª avó Henriqueta Carneiro de Barros e Azevedo em 1857/59, na Igreja de São José - Rio de Janeiro) e uma fração de uma velha propriedade, no centro do Rio de Janeiro e que ninguém "dos ainda vivos" se lembra do seu começo, dividida há mais de cem anos entre diferentes gerações de herdeiros. Este velho casarão, do tempo do Império, fica na Rua Alexandre Mackenzie com a Rua Camerino e a minha mãe tem 5 % da mesma, após quatro gerações de parcelamentos dentre os herdeiros da família.
Genealogia é reconstrução da realidade social, reconstrução do passado, algo como uma das cenas finais do filme Titanic, em que as ruínas, os destroços e os fragmentos do navio na escuridão do fundo do mar voltaram a ser esclarecidos e ganharam novamente vida, luz e movimento pela imaginação e pelo esforço da memória em não esquecê-los e não abandoná-los de vez para a destruição do acúmulo do tempo e da falta do ser. A questão ontológica é decisiva. Ser ou não ser, eis também o dilema da genealogia.
A Rua Alexandre Mackenzie foi uma nova denominação, certamente conferida por algum modernoso, a uma antiga rua do centro do Rio de Janeiro, a Rua do Costa. Alexandre Mackenzie foi um dos pioneiros da Light, da moderna iluminação urbana elétrica no Rio de Janeiro, com seus então novos interesses monopolistas, agora também já velhos, esquecidos e superados. A Rua do Costa era uma homenagem ao Capitão José da Costa Barros, uma vez proprietário daqueles imensos terrenos ao largo do que seria a Rua do Costa e loteados e arruados no começo do século XIX (um mapa está no recente livro de Nireu Cavalcanti - O Rio de Janeiro Setecentista).
A Rua Camerino foi a Rua da Imperatriz e, principalmente, ainda antes a Rua do Valongo. A Rua do Valongo era um antiquíssimo caminho, muito provavelmente utilizado pelos indígenas e começou a ser organizado como rua por volta de 1740. No final da década de 1770 o Marquês de Lavradio transferiu o porto e o tráfico africano para o Valongo, para evitar o espetáculo da chegada de milhares de seres humanos quase nús, com mulheres e crianças impressionando pelo seu alvoroço e quizumba no centro de uma cidade que deveria ser uma colonia européia no meio dos trópicos. Em 1843 passou a ser a Rua da Imperatriz, quando a rua foi enfeitada com luxo e gala para receber a noiva de D. Pedro II, D. Tereza Cristina, na sua primeira vista e passagem no Brasil. Em 1890, republicanos exaltados novamente modificaram o logradouro em homenagem ao sergipano Francisco Camerino de Azevedo, herói da Guerra do Paraguai. Na Rua do Valongo ficavam os grandes armazéns de recepção e depósito dos escravos africanos, que tanto impressionavam os artistas estrangeiros. Debret pintou e retratou cenas cotidianas do Valongo para nossa eterna lembrança urbana. A Rua do Valongo era uma ponte transatlântica ligando o Rio de Janeiro com os sertões africanos. Muitos escravos chegavam com graves doenças, decorrentes muitas vezes das péssimas condições dos novios negreiros e eram enterrados ao largo de qualquer terreno na freguesia de Santa Rita. Há vários assentos de óbitos desta freguesia em que centenas de africanos recebiam apenas marcas geométricas como identificação. Já comentei a nossa origem africana nos tópicos sobre a freguesia de Santa Rita e a gênese da genealogia de Machado de Assis no Morro do Livramento. Caminhamos sobre ossos africanos em muitas áreas da freguesia de Santa Rita. .pretosnovos.com.br/ Somos estes ossos e esta carne.
O nome saudosisticamente certo para a localização da (fração de) propriedade da minha família é Rua do Costa com Valongo. Quando falarem que há muitos Costas pelo Brasil afora, posso também dizer que o meu Costa também era o da antiga Rua do Costa, no velho centro do Rio de Janeiro.
Entretanto, há muitos mais mistérios ainda. Alguns ficam esquecidos e ocultos como os antigos assim o quiseram. Outros podemos desocultar e iluminar um pouco mais. A geografia urbana demonstra isto. Do lado da Rua do Valongo e no início da Rua do Costa havia o Morro do Livramento, raiz de Machado de Assis e também de mais um dos meus Costas, diferente e igual ao Costa da Rua do Costa !
Aos 20 de janeiro de 1810 casaram pelas dez horas da noite na Capela da Chácara do Valongo, José Manoel de Azevedo, filho legítimo do Capitão-Mor Manoel de Azevedo Marques e de Dona Rita Josefina de Jesus, com Dona Ana Joaquina da Costa Barros, filha legítima do Capitão José da Costa Barros e de Dona Ana Joaquina Gurgel do Amaral. José Manoel de Azevedo, Oficial da Secretaria de Estado dos Negócios do Brasil, nomeado pelo Conde de Aguiar em 27 de março de 1808. Recebeu a mercê do Hábito da Ordem de Cristo em 13 de maio de 1810. Mudou-se para um sobrado na Rua do Costa canto com a Rua da Princesa no Natal de 1811, em frente do Morro do Livramento. Depois passou a ter a numeração de Rua do Costa, número 79. José Manuel de Azevedo tinha nascido em 17/6/1783 nas casas da Rua do Rosário e foi batizado na Candelária. Faleceu de uma "febre beliosa" em 17/12/1813. O entorno do Valongo-Livramento era uma ponte com o interior da África, recebendo diretamente milhares de africanos das mais distantes regiões capturados no tráfico continental- transatlântico. A mortalidade na família era grande naquelas ruas, como verifiquei nos óbitos do manuscrito. A minha 4ª avó Henriqueta foi diferente. A mãe dela, Henriqueta Carneiro de Campos, faleceu menos de um mês após o seu nascimento. Henriqueta Carneiro de Barros e Azevedo Costa nasceu em 1857 e faleceu somente em 1949, na então nova e urbanizada Copacabana, longe das raízes da Rua do Costa e do centro velho do Rio de Janeiro. A roda da história girou mais rápido nestas décadas do que durante séculos no Rio de Janeiro.
José da Costa Barros nasceu no Rio de Janeiro em 15/10/1755 e foi batizado aos 26/10/1755 na Igreja da Candelária (L6, 348v.). Faleceu em 20/5/1822 (Santa Rita, L4, 106). Descendia de Alexandre da Costa, de Paderne, Portugal http://genealogia.netopia.pt/forum/msg.php?id=12666
José da Costa Barros (meu 6° avô) descendia em linha mitocondrial, linha materna de Domingas de Arão do Amaral, mulher do francês Toussaint Grugel, através de 5 mulheres em linha direta. Curiosamente o mesmo acontece com José Manoel da Costa Barros e Azevedo (meu 4° avô), que apresenta a mesma linhagem materna feminina de Domingas Arão do Amaral, por via de 7 mulheres, muitas diferentes da linha de José da Costa Barros. O clã Amaral Gurgel foi em boa parte um grande matriarcado.
Qual teria sido a origem da Chácara do Valongo ? Quais teriam sido os seus primeiros moradores ?
José da Costa Barros casou em 25/7/1772 (Candelária, L7, 126v.) com D. Ana Joaquina Gurgel do Amaral (ambos inventários estão no Arquivo Nacional, ainda não tive tempo de analisá-los)
Tiveram os seguintes filhos :
Mariana Francisca da Costa Barros, nascida em 1774 e falecida em 1775
Alexandre da Costa Barros
Luiz da Costa Barros
Maria Balbina da Costa Barros c.c. Manoel Antonio da Fonseca Costa, pais do Marquês da Gávea
Ana Joaquina da Costa Barros c.c. José Manuel de Azevedo (meus 5° avós)
Antonio da Costa Barros c.c. Ana Teodora Mascarenhas
Catarina Benedita da Costa Barros c.c. Francisco de Paula Manso Sayão
Ana Joaquina da Costa Barros nasceu em 12/11/1786 e foram padrinhos o Capitão João da Costa Barros e a tia dela D. Ana Matildes da Costa Barros. Faleceu a 17 de julho de 1850. João da Costa Barros recebeu um Brasão de Armas, datado de 29/12/1802 (Cartório da Nobreza. Livro VII, fl 22v. - Dicionário das Famílias Brasileiras, 792, Barata& Bueno).
Tanto o Capitão José da Costa Barros como a sua filha D. Ana Joaquina da Costa Barros casaram uma segunda vez. A segunda esposa do meu 6° avô José da Costa Barros foi D. Mariana Francisca da Fonseca Costa e o segundo esposo de minha 5° avó D. Ana Joaquina da Costa Barros foi o Brigadeiro Francisco de Paula Manso Sayão, que também casou com a irmã desta, D. Catarina Benedita.
O nome Costa Barros é muito conhecido pela estação ferroviária, que deu nome a um bairro carente no Rio de Janeiro.
A ESTAÇÃO: A estação de Costa Barros, cujo nome homenageava Antonio de Costa Barros, que cedeu terras de sua fazenda para a construção da linha, foi inaugurada em 1898. Outra estação é a Barros Filho, também da mesma família.
.estacoesferroviarias.com.br/efcb_rj_auxiliar/costa.htm
Ricardo Costa de Oliveira
28/8/2005
Curiosamente lembrei de um dos primeiros presépios do Rio de Janeiro. Este presépio era organizado pelo Chantre Rdo. Felipe Pinto da Cunha e Sousa, do Santíssimo Sacramento, a mesma igreja em que Estevão da Costa e Silva foi batizado.
As peças estão colocadas, fragmentos do passado. Temos que tentar conectá-las documentalmente.
1 - O Reverendo Chantre Felipe Pinto da Cunha e Sousa, da Igreja do Santíssimo Sacramento. Ele era irmão de D.Ana Teresa Angélica da Cunha e Sousa, proprietários do Morro do Livramento.
2 - Haveria uma comunidade de pardos e escravos, douradores e pintores, dentre os quais o Raimundo da Costa e Silva e os antepassados do escritor Machado de Assis ?
3 - Relações de parentesco, compadrio e de amizade entre os senhores do Livramento e a comunidade de artistas, muitos dos quais pardos ?
Pintura de Joaquim Sigmaringa da Costa
.geocities.com/bola2345678/Sigmaringadacosta.html
Estevão, batizado aos 14/12/1819, Santíssimo Sacramento, Rio de Janeiro (L8, 49). Filho legítimo de Joaquim Bento e de Senhorinha Rosa. Padrinho Martinho da Costa e Silva e Protetora Nossa Senhora.
Encontrando as raízes no Livramento, ficou uma dúvida nesse meu ramo moreno. Quem era a família do Estevão da Costa e Silva, pardo ? Prosseguindo a pesquisa encontro no batismo dele no Santíssimo Sacramento a referência ao pai Joaquim Bento e a mãe Senhorinha Rosa. Estevão da Costa e Silva casou com Ana Tereza Pereira, na Capela do Livramento e foram os pais de Joaquim Sigmaringa da Costa. Deste último temos a sua interessante pintura feita pelo conhecido pintor carioca Estevão Silva e um pequeno busto de Voltaire, fundido por ele no seu emprego no Arsenal do Rio de Janeiro. A pequena escultura e o quadro sugerem uma pessoa interessada no meio artístico do Rio de Janeiro. Haveria parentesco entre Estevão da Costa e Silva e o pintor Estevão Silva ?
Curiosamente encontro um Raimundo Costa e Silva na virada do século XVIII no Rio de Janeiro. Pintor e dourador, como o pai de Machado de Assis.
Raimundo da Costa e Silva (Rio de Janeiro RJ 17-- - s.l. 18--). Pintor, escultor, entalhador e restaurador. Inicia sua formação com o pai, com quem aprende escultura e talha, dedicando-se primeiramente a elaboração de presépios. Realiza várias pinturas em vidro, sua especialidade, entre as quais a decoração de uma vidraça da Capela do Santíssimo Sacramento, no Rio de Janeiro. É responsável pela produção dos presépios do Convento de Santa Teresa e da Capela do Livramento, na mesma cidade. Em final do século XVIII e início do XIX, executa painéis em diversas igrejas do Rio de Janeiro: Santíssimo Sacramento; Nossa Senhora Mãe dos Homens; da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo; da Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte; de São José; e da Igreja e Convento de Nossa Senhora da Lapa do Desterro. Faz também a restauração da obra A Virgem do Carmelo, de José de Oliveira Rosa. No século XX, suas obras participam na Exposição de Arte Sacra Brasileira, Rio de Janeiro, em 1955.
Podemos ver alguma das suas obras sacras no site do Itaú Cultural
.itaucultural.org.br/AplicExternas/Enciclopedia/artesvisuais2003/index.cfm?fuseaction=Detalhe&CD_Verbete=2506#Cri
Sobre Raimundo da Costa e Silva foi defendida recentemente uma dissertação de mestrado na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Código: 7964
Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu: Artes Visuais
Nível: Mestrado
Autor: Luiz Gustavo Gavião
Matrícula: 03/2001 Defesa: 03/2003
Título: Raimundo da Costa e Silva: O rococó religioso na Escola Fluminense de Pintura
Raimundo da Costa e Silva era Major das ordenanças, citado no site do Itaú.
No Almanaque da Cidade do Rio de Janeiro para o ano de 1792 (Anais da Biblioteca Nacional, Vol 59, 249, ano de 1937) é dado com Capitão das Ordenanças dos Homens Pardos Libertos. Lapa do Desterro.
O parentesco é uma sugestão. E a Senhorinha Rosa, seria açoriana ? Estevão da Costa e Silva teria parentesco com o Estevão José e Ana Rosa, avós de Machado de Assis ? Raymundo da Costa e Silva realizou vários trabalhos artísiticos na Igreja do Santíssimo Sacramento como pintor e dourador, que também era. O Reverendo Felipe Pinto da Cunha e Sousa era o chantre da Catedral do Santíssimo Sacramento ! Era o provável irmão de D. Ana Tereza Angélica da Cunha e Sousa, proprietários do Livramento na época !
Continuaremos desenrolando o passado.
Paro por aqui. Voltemos aos documentos para podermos afirmar os fatos.
O meu lema genealógico é simples : {Sem documentos não há genealogia}
Ricardo Costa de Oliveira
14/5/2005
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Consegui, com bastante trabalho de pesquisa, uma série de casamentos da varonia de meu avô materno: 1799-1841-1880-1910-1938. A pesquisa “acabou” em 1799. Na verdade é lá que a história “começa”, na Igreja de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu, hoje apenas uma torre sineira em ruínas na atual baixada fluminense. A rigorosa pesquisa tridentina revela os movimentos de ascensão social. A minha proposta é Genealogia Total. Quanto menos comentado for um ramo familiar mais interessante ele será !
“Aos 3 dias dos mês de fevereiro de 1799 nesta Matriz de Senhora da Piedade do Aguassu pelas cinco horas da tarde com Provisão do Muito Reverendo Vigário Geral em minha presença e das testemunhas abaixo assinadas se receberam em matrimônio por palavras presentes Joaquim Bento da Cunha com Senhorinha Rosa, receberam as bênçãos nupciais sendo testemunhas presentes o Capitão Francisco Barbosa de Sá Leite e Manoel José Alves do que para contar fiz este assento que assinei”. O vigário Miguel de Azevedo Santos. Eram dados como “pardos forros” em nota ao lado. Infelizmente não apareciam os nomes dos progenitores, que mantiveram-se no anonimato. Em todo caso os noivos formaram uma nova família brasileira (Casamentos- Iguaçu “Velho” fls. 46.). Aguassú era a igreja mais antiga da região é só sobrou uma torre ! Escombros e ruínas de um passado que ao mesmo tempo que se revela se esconde !
.ipahb.com.br/igrejas.php#piedade. Em um assento de um filho no Santíssimo Sacramento, na cidade do Rio de Janeiro, constava que o noivo era batizado no próprio Santíssimo, freguesia carioca urbana e a noiva era batizada no Aguassú, baixada fluminense, cujos assentos são de difícil leitura e com grandes lacunas.
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Aos 17 de fevereiro de 1841, na Capela da Senhora do Livramento (Santa Rita, L4, 83v.) casaram Estevão da Costa e Silva com Ana Tereza Pereira, naturais desta Corte, ele filho legítimo de Joaquim Bento e Senhorinha Rosa, batizado na freguesia do Sacramento, ela filha natural de Genoveva Ludovina, batizada nesta freguesia. Em presença do Reverendo Antonio Joaquim Cruvello e das testemunhas João Muniz Filho de Azevedo Coutinho e Joaquim Luiz Rangel de Azevedo.
Aqui a história torna-se “machadiana’, paralela (e quem sabe se aparentada) com o nosso grande escritor Machado de Assis, outro menino do Livramento.
Pintura de Joaquim
.geocities.com/bola2345678/Sigmaringadacosta.html
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Livro 8, fls. 98, Paróquia de Santana, Rio de Janeiro, 6 de junho de 1880, receberam-se em matrimônio os contraentes Joaquim Sigmaringa da Costa e Henriqueta Carneiro de Azevedo, ele filho de Estevão da Costa e Silva e de Ana Tereza Pereira, batizado na freguesia de São Francisco Xavier do Engenho Velho, ela filha de Manoel da Costa Barros de Azevedo e de Henriqueta Carneiro de Campos Azevedo, batizada na freguesia de São José e moradores ele na freguesia de Santana e ela na freguesia de São Cristóvão. Foram testemunhas o Dr. Silvino José de Almeida e Manoel José de Almeida.
Do Morro do Livramento para a Rua do Costa !
Foto de Joaquim e de Henriqueta
rco2000.sites.uol.com.br/foto4.jpg
Índice
rco2000.sites.uol.com.br/indice.htm
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Registro Civil, 8ª Circunscrição do Engenho Velho, 4ª Zona na Capital da República dos Estados Unidos do Brasil.
Livro 19, folhas 200, sob o número 112 de registro de casamentos consta o de Joaquim Sigmaringa da Costa com Julieta Boselli da Rocha Freire. Contraído perante o Juiz Doutor Enéas Carrilho de Vasconcellos e as testemunhas Cornélio Carneiro de Barros e Azevedo e Carlos Boselli da Rocha Freire, no dia dezessete de maio de mil novecentos e dez (17/5/1910), às 16:30, nesta Capital, na rua Campo Alegre, 12, sob o regime da comunhão de bens. Ele, estado civil solteiro, profissão cirurgião-dentista natural desta Capital com vinte e sete anos de idade, filho de Joaquim Sigmaringa da Costa e de Henriqueta Carneiro de Barros Costa, residente à rua da Relação, 47. Ela, estado civil solteira, natural desta Capital com vinte e cinco anos de idade, filha de Antonio Lennox da Rocha Freire e de Eugenia Boselli da Rocha Freire, residente a rua Campo Alegre, 12.
Foto de Joaquim e de Julieta com os filhos pequenos
rco2000.sites.uol.com.br/foto17.jpg
Índice –
rco2000.sites.uol.com.br/indice3.htm
Tenente Joaquim Sigmaringa da Costa na “Revolução de 1924 em São Paulo”.
O Jornal “O Estado de São Paulo” - Por 23 dias, a capital paulista foi sacudida por uma rebelião militar comandada pelas mesmas lideranças que haviam iniciado o movimento tenentista no Rio de Janeiro em 1922. Os conflitos que opuseram grupos de baixas patentes do exército (os tenentes) e tropas leais ao governo estadual e federal (os legalistas) deixaram 503 mortos, quase cinco mil feridos. Mais de 200 mil paulistanos fugiram da cidade.
Tenente Joaquim Sigmaringa da Costa
Primeiro Tenente Dentista, tomou parte no movimento subversivo, sendo-lhe confiada entre outras funções, a de censor da imprensa paulistana (vol. 15, fls 1203 e 1206); ocupou militarmente o Diário Oficial, desde 22 de julho até a retirada das forças revolucionárias (volume 15, fls 1209 e 1212). Os peritos reconheceram como do seu punho os três documentos de fls. 1214 e 1215 do referido volume. Dois são requisições (fls. 52 e 128 do volume 146); o segundo tem a data de 18-7-24, e o terceiro a de 22-7-24. Serviu para o confronto a autêntica de fl. 277 do mesmo volume, remetida pelo departamento da Guerra (fl. 261). Seguiu com os revoltosos para o sul, tendo em Baurú visado diversos documentos, com o psto de capitão (vol. 54, fls. 954, 969 e 973). Por edital de 26 de julho, foi-lhe determinado que comparecesse à Diretoria de saúde da Guerra, e ele não atendeu; pelo que findo o prazo legal, fez-se o termo de deserção (vol. 157, fl. 98). O seu curador apelou, mas não deu os motivos do recurso. (Sucessos Subversivos de São Paulo. Julgamento da Apelação. Parecer oral do Exmo. Sr. Ministro Procurador Geral da República. Accordão do Supremo Tribunal Federal. Rio de Janeiro. Imprensa Nacional. 1928. Folha 130).
Algumas descrições no livro de Antonio dos Santos Figueiredo. 1924. Episódios da Revolução de São Paulo. Empresa Indústria Gráfica do Porto Limitada. Rua Mártires da Liberdade, 178.
14 de Julho de 1924 (fls. 143-146)
... participou estar na secretaria o chefe da censura dos revolucionários. É conveniente que v. o atenda.
Fui. Vi-me em frente de um homem alto, moreno, olhos pequeninos e levemente grisalho. Ar cansado. Vestia à paisana. Um sobretudo escuro, com bastante uso. Cumprimentou-me com requintes de gentileza, e deu-me o o seu cartão: Dr. Joaquim Sigmaringa da Costa- tenente de engenharia. Depois , fez-me ler um papel, com as iniciais QGTR, assinado pelo tenente-coronel ª Mendes Teixeira, em que se estabeleciam as funções daquele oficial: chefe da censura à imprensa. Disse-lhe que estávamos inteiramente às suas ordens. E ele, acanhado, expôs mais ou menos isto : ”Deve compreender o sr. O meu acanhamento. Não gosto de tolher a liberdade de ninguém. Para mim, a imprensa representa uma força social, e evitar que ela cumpra o seu dever é felonia. A censura prévia foi sempre contra os meus princípios. Partilha da mesma opinião o general comandante. Reconheço que “O Estado” está no seu papel . Conservador, natural que defenda o dr. Carlos de Campos. Com sinceridade declaramos que nada temos a ver com o dr. Carlos de Campos. Este homem foi um incidente, que surgiu a embaraçar a nossa ação”.
- Perdão. O sr. Está equivocada quanto ao programa do jornal. O ”Estado” é conservador e é também, e sobretudo, independente. Em São Paulo, talvez seja o único que critique, com aspereza, o governo que saia fora da lei.Ainda não há muito...
- - Sim. Seja o que for, nada nos move contra o seu programa. Já lhe disse que detesto interferir nestas questões de consciência. Estive ontem na redação da”Capital”, e o seu diretor deu-me informações precisas sobre como se orientam as principais folhas de São Paulo Como ia expondo, não temos ódio ao dr. Carlos de Campos . O nosso escopo, no princípio da revolução, era apenas prende-lo – evitar que ele se comunicasse com o Rio de Janeiro. Daqui seguiríamos para a Capital da República, e entre Barra do Piraí e Deodoro, havíamos de travar a luta decisiva. Se vencêssemos e expulsássemos o dr. Artur Bernardes, poríamos em liberdade o dr. Carlos de Campos, que continuaria a dirigir os destinos de São Paulo. Mas, falhou essa parte do plano. A artilharia pesada de Quitaúna veio atrasada, e não teve tempo de apoderar-se dos Campos Elísios. Agora, vamos ver o que acontece. Os legalistas estão nos arrabaldes, e o moral deles é tão forte que, anteontem, depois de tomarem três linhas de trincheiras, de novo as abandonaram, em debandada precipitada. Não sabemos se seremos felizes; se não formos, retiraremos por esse interior afora, rumo da fronteira. A retirada, pelo menos temo-la garantida. Como vê, estamos a jogar uma cartada séria. Desejamos, pois , que os jornais não publiquem nada sobre o efeito das granadas, os pontos onde elas caírem, e sobre o movimento de tropas. Informar, por exemplo, que uma granda caiu em tal parte, matando e ferindo pessoas, é indicar o alvo aos nossos adversários: se não houver discrição no noticiar a chegada ou retirada de soldados, é o mesmo que assinalar os lugares onde é mais fraca a nossa resistência. Não concorda o sr ? Tenham paciência: soneguem estas notícias. Quanto aos comentários, de ordem política ou administrativa, esses podem tece-los, consoante as suas idéias e as suas tradições. Agradeceremos, até, uma crítica elevada. Somos apenas militares, e em matéria de administração a nossa ignorância é completa.
- - Esteja descansado: ao redator-chefe comunicarei as suas ponderações e estou que as acolherá prontamente.
16 de Julho ( fls. 165-166)
O tenente Sigmaringa da Costa vai quase todos os dias ao “Estado”. Consideramo-lo já uma visita obrigatória, um “sapo” dos tempos normais. Conversa pouco, e reponde com evasivas às perguntas. Procura, porém, ser agradável, e esmiúça os pequenos casos, que os jornais não comentam. Viera ele, nesse dia, de uma excursão pelo interior. Isidoro Dias Lopes encarregara-o de organizar os governos locais, chamando de preferência, para os postos administrativos, os membros das oposições. Não pode cumprir as ordens , porque os governistas, temendo as perdas dos lugares, ofereceram-se para prestar serviços aos revolucionários, alegando que o programa destes era o mesmo que sempre adotaram na sua longa carreira política !
Pedi os nomes desses governistas : Sigmaringa da Costa sorriu da perversidade, e interogou, de chofre :
- É exato que o São Paulo mandou ontem algumas balas para o Catete ?
- O sr. É que sabe. Bem vê que estamos sem telégrafo e sem correio
O meu avô materno contava aquando o pai dele, o “revolucionário” Joaquim, estava no leito próximo de morte, no final de 1935, para que ele não chorasse porque a “vida dele foi muito movimentada e divertida” !
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Registro Civil, 3ª Circunscrição. Livro B-53, folhas 158, sob o termo 5123 consta o casamento de José Carlos Boselli Freire da Costa e Odaléia Caldas, realizado aos 27/7/1938, perante o Juiz Doutor Israel de Carvalho Câmara e as testemunhas Julieta Boselli Freire da Costa e Dr. Oswaldo Freire Braga de Siqueira. Ele, nascido no Estado do Rio Grande do Sul aos 19 de fevereiro de 1911, estado civil solteiro, profissão Advogado, residente nesta cidade, filho de Joaquim Sigmaringa da Costa e de Julieta Boselli Freire da Costa. Ela nascida nesta cidade aos 31 de julho de 1913, estado civil solteira, profissão do lar, residente nesta cidade, filha de Augusto Caldas e de Maria da Glória Ribeiro Caldas, a qual passou a assinar Odaléia Caldas Freire da Costa, sendo o regime de Comunhão de Bens. Foram apresentados os documentos exigidos pelo art. 180 do Código Civil.
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A série de casamentos entre 1799 e 1880 é uma travessia importante. O resumo da ópera pode ser simbolizado no homem armado até os dentes no caos ”revolucionário” de São Paulo em 1924 e que venceu em 1930 : Brasileiros : - A travessia é das mais divertidas !
rco2000.sites.uol.com.br/foto18.jpg Foto do “Movimento revolucionário em 1930”
rco2000.sites.uol.com.br/indice3.htm Índice 3
Fiz esta página há alguns anos e já consegui fotos de mais 2 antepassados !
Abraços e Bom Domingo para os amigos
Ricardo Costa de Oliveira
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Pesquisar uma genealogia é (re)viver novamente aspectos de cada vida e entender algo do seu ambiente social e existencial.
Cada ramo, cada pessoa, cada conjuntura tem a sua geografia, economia, hierarquia, simbologia, espiritualidade e atmosfera.
Ainda mais quando é um Machado de Assis, cujos pais foram agregados na Casa Velha da Quinta do Livramento, a nos contar os fragmentos dessa história. O meu antepassado Joaquim Sigmaringa da Costa foi batizado na mesma Capela do Livramento, um pouco depois de Machado de Assis e compartilha com o grande escritor de vínculos agregatícios à mesma Casa Velha. A mãe de Joaquim Sigmaringa da Costa é Ana Tereza Pereira, menina agregada do Livramento, cuja relação com Bento Barroso Pereira pode ser deduzida no conto “Casa Velha”. Escrito por Machado. Os dois Joaquins batizados na Capela do Livramento passaram para o mundo “embranquecedor” da “elite” carioca, o escritor pelos seus livros e o Sigmaringa pelo casamento e descendência no que havia de mais reconhecido na “nobreza da terra” carioca.
De maneira mais ou menos cifrada e aberta. Outros comentaristas já perceberam as conexões da autobiografia de Machado de Assis com o conto “Casa Velha”, disponível na internet.
Machado de Assis descreve a Quinta do Livramento e o fantasma da figura patriarcal de Bento Barroso Pereira, proprietário da Quinta do Livramento. Bento foi Ministro da Guerra, Senador do Império. Adquiriu a Quinta do Livramento de Dona Ana Teresa Angélica da Cunha e Sousa, cuja família possuíra a propriedade desde o século XVIII:
“A casa, cujo lagar e direção não é preciso dizer, tinha entre o povo o nome de Casa Velha, e era o realmente: datava dos fins do outro século. Era uma edificação sólida e vasta, gosto severo, nua de adornos. Eu, desde criança, conhecia-lhe a parte exterior, a grande varanda da frente, os dous portões enormes, um especial às pessoas da família e às visitas, e outro destinado ao serviço, às cargas que iam e vinham, às seges, ao gado que saía a pastar. Além dessas duas entradas, havia, do lado oposto, onde ficava a capela, um caminho que dava acesso às pessoas da vizinhança, que ali iam ouvir missa aos domingos, ou rezar a ladainha aos sábados.
Foi por esse caminho que chegamos à casa, às sete horas e poucos minutos. Entramos na capela, após um raio de sol, que brincava no azulejo da parede interior onde estavam representados vários passos da Escritura. A capela era pequena, mas muito bem tratada. Ao rés do chão, à esquerda, perto do altar, uma tribuna servia privativamente à dona da casa, e às senhoras da família ou hóspedas, que entravam pelo interior; os homens, os fâmulos e vizinhos ocupavam o corpo da igreja. Foi o que me disse o Padre Mascarenhas explicando tudo. Chamou-me a atenção para os castiçais de prata, para as toalhas finas e alvíssimas, para o chão em que não havia uma palha.
— Todos os paramentos são assim, concluiu ele. E este confessionário? Pequeno, mas um primor.
Não havia coro nem órgão. Já disse que a capela era pequena; em certos dias, a concorrência à missa era tal que até na soleira da porta vinham ajoelhar-se fiéis. Mascarenhas faz-me notar à esquerda da capela o lagar em que estava sepultado o ex ministro. Tinha o conhecido, pouco antes de 1831, e contou-me algumas particularidades interessantes; falou-me também da piedade e saudade da viúva, da veneração em que tinha a memória dele, das relíquias que guardava, das alusões freqüentes na conversação.
— Lá verá na biblioteca o retrato dele, disse-me.
Começaram a entrar na igreja algumas pessoas da vizinhança, em geral pobres, de todas as idades e cores. Dos homens alguns, depois de persignados e rezados, saíam, outra vez, para esperar fora, conversando, a hora da missa. Vinham também escravos da casa. Um destes era o próprio sacristão; tinha a seu cargo, não só a guarda e asseio da capela, mas também ajudava a missa, e, salvo a prosódia latina' com muita perfeição. Fomos achá-lo diante de uma grande cômoda de jacarandá antigo, com argolas de prata nos gavetões, concluindo os arranjos preparatórios”
A “Agregada”. Machado de Assis interpreta todas as mulheres agregadas, da sua mãe até algumas especiais, segredos profundos no Livramento:
“Chamava-se Cláudia; Lalau era o nome doméstico. Não tendo pai nem mãe, vivia em casa de uma tia. Quase se pode dizer que nasceu na Casa Velha, onde os pais estiveram muito tempo como agregados, e aonde iam passar dias e semanas. O pai, Romão Soares, exercia um oficio mecânico, e antes pertencera à guarda de cavalaria de polícia; a mãe, Benedita Soares, era filha de um escrivão da roga, e, segundo me disse a própria D. Antônia, foi uma das mais bonitas mulheres que ela conheceu desde o tempo do rei.
Lalau, se não nasceu ali, ali foi criada e tratada sempre, ela como a mãe, no mesmo pé de outras relações; eram menos agregadas que hóspedas. Daí a intimidade desta mocinha, que chegava a infringir a ordem austera da casa, não indo para a mesa com a dona dela. Lalau andava na própria sege de D. Antônia, vivia do que esta lhe dava, e não lhe dava pouco; em compensação, amava sinceramente a casa e a família. Tendo ficado órfã desde 1831, D. Antônia cuidou de lhe completar a educação; sabia ler e escrever, coser e bordar; aprendia agora a fazer crivo e renda.
A verdade é que, no dia seguinte, vendo-me entrar e ir para a biblioteca, ali foi ter comigo, ansiosa de saber o que eu estava fazendo. Como lhe dissesse que examinava uns papéis, ouviu-me atenta, pagou curiosa de algumas notas, e dirigiu-me várias perguntas; mas deixou logo tudo para contemplar a biblioteca, peça que raramente se abria. Conhecia os retratos, distinguiu os logo; ainda assim parecia tomar gosto em vê-los, principalmente o do ex ministro; quis saber se ela o conhecia; respondeu-me que sim, que era um bonito homem, e fardado então parecia um rei. Seguiu-se um grande silêncio, durante o qual ela olhou para o retrato, e eu para ela, e que se quebrou com esta frase murmurada pela moça, entre si e Deus:
— Muito parecido...
— Parecido com quem? perguntei.
Lalau estremeceu e olhou para mim, envergonhada. Não era preciso mais; adivinhei tudo. Infelizmente tudo não era ainda tudo.
Machado de Assis descreve a sua infância e o matriarcado das senhoras do Livramento Ana Tereza Angélica da Cunha e Sousa, Maria José de Mendonça Barroso e Maria Paula Rangel de Sousa Azevedo Coutinho
“A verdade é que me sentia tolhido. Casa, hábitos, pessoas davam-me ares de outro tempo, exalavam um cheiro de vida clássica. Não era raro o uso de capela particular; o que me pareceu único foi a disposição daquela, a tribuna de família, a sepultura do chefe, ali mesmo, ao pé dos seus, fazendo lembrar as primitivas sociedades em que florescia a religião doméstica e o culto privado dos mortos. Logo que as senhoras saíram da tribuna, por uma porta interior, voltamos à sacristia, onde o Padre Mascarenhas esperava com o coronel e os outros. Da porta da sacristia, passando por um saguão, descemos dous degraus para um pátio, vasto, calçado de cantaria, com uma cisterna no meio. De um lado e outro corria um avarandado, ficando à esquerda alguns quartos, e à direita a cozinha e a copa. Pretas e moleques espiavam-me, curiosos, e creio que sem espanto, porque naturalmente a minha visita era desde alguns dias a preocupação de todos. Com efeito, a casa era uma espécie de vila ou fazenda, onde os dias, ao contrário de um rifão peregrino, pareciam-se uns com os outros; as pessoas eram as mesmas, nada quebrava a uniformidade das cousas, tudo quieto e patriarcal.
D. Antônia governava esse pequeno mundo com muita discrição, brandura e justiça. Nascera dona de casa; no próprio tempo em que a vida política do marido, e a entrada deste nos conselhos de Pedro I podiam tirá-la do recesso e da obscuridade, só a custo e raramente os deixou. Assim é que, em todo o ministério do marido.apenas duas vezes foi ao paço. Era filha de Minas Gerais, mas foi criada no Rio de Janeiro, naquela mesma Casa Velha, onde casou, onde perdeu o marido e onde lhe nasceram os filhos,— Félix, e uma menina que morreu com três anos. A casa fora construída pelo avô, em 1780, voltando da Europa, donde trouxe idéias de solar e costumes fidalgos; e foi ele, e parece que também a filha, mãe de D. Antônia, quem deu a esta a pontazinha de orgulho, que se lhe podia notar, e quebrava a unidade da índole desta senhora, essencialmente chã. Inferi isso de algumas anedotas que ela me contou de ambos, no tempo do rei. D. Antônia era antes baixa que alta, magra, muito bem composta, vestida com singeleza e austeridade; devia ter quarenta e seis a quarenta e oito anos
Machado de Assis confessa ser (para ele) “um livro para mim, e o melhor livro, o mais íntimo”:
“Reverendíssimo, a casa está às suas ordens, disse-me ela. Fiz o que o Sr. Padre Mascarenhas me pediu, e a muito custo, não porque o não julgue pessoa capaz, mas porque os livros e papéis de meu marido ninguém mexe neles.
— Creia que agradeço muito...
— Pode agradecer, interrompeu ela sorrindo; não faria isto a outra pessoa. Precisa ver tudo?
— Não posso dizer se tudo; depois de um rápido exame, saberei mais ou menos o que preciso. E V. Ex.ª também há de ser um livro para mim, e o melhor livro, o mais íntimo. . .
— Como ?
— Espero que me conte algumas cousas, que hão de ter ficado escondidas. As histórias fazem-se em parte com as noticias pessoais. V. Ex.ª, esposa de ministro. . .
D. Antônia deu de ombros.
— Ah! eu nunca entendi de política; nunca me meti nessas cousas.
— Tudo pode ser política, minha senhora; uma anedota, um dito, qualquer cousa de nada, pode valer muito”.
Machado de Assis revela em linguagem relativamente cifrada comportamentos sexuais “alternativos”, no mínimo, o caso Farnese, história de estupro, homossexualismo ? Coisas imundas ! A violência sexual da Casa Grande contra a senzala, tema na sociologia freyriana ?
“ Lo “stupro di Fano” A Internet nos oferece acesso a essa história italiana pautada a seguir por Machado de Assis
.giovannidallorto.com/biografie/farnese/farnese.html
Machado de Assis indica:
“Eu via os, tirava e abria um ou outro, dizia alguma palavra, que o Félix, que ia comigo, ouvia com muito prazer, porque as minhas reflexões redundavam em elogio do pai, ao mesmo tempo que lhe davam de mim maior idéia. Esta idéia cresceu ainda, quando casualmente dei com os olhos na Storia Fiorentina de Varchi, edição de 1721. Confesso que nunca tinha lido esse livro, nem mesmo o li mais tarde; mas um padre italiano, que eu visitara no Hospício de Jerusalém, na antiga Rua dos Barbonos, possuía a obra e falara-me da última página, que, em alguns exemplares faltava, e tratava do modo descomunalmente sacrílego e brutal com que um dos Farneses tratara o bispo de Fano.
— Será o exemplar truncado? disse eu.
— Truncado? repetiu Félix.
— Vamos ver, continuei eu, correndo ao fim. Não, cá está; é o cap. 16 do lv. XVI. Uma cousa indigna: In quest'anno medesimo nacque un caso... Não vale a pena ler; é imundo”.
O patriarca Bento Barroso Pereira é oficializado. 44 anos em 1829, o que corresponde a idade correta do ministro nascido em 1785 ! O encanto das agregadas. Lalau com 17 anos em 1839, na época do conto, logo nascida por volta de 1822 ! Ana Tereza Pereira nasceu em 1821. Ana Tereza ? Lalau = Claudia. Havia também o irmão de Ana Tereza Angélica da Cunha e Sousa, senhora do Livramento até sua morte em 1817, o Brigadeiro Francisco Cláudio Pinto da Cunha e Sousa. Estaria Machado de Assis indicando conexões onomásticas familiares das gentes do Livramento ?
O discurso de um preto, um escravo fala no conto ! Continuemos no texto de Machado:
“Havia ali dous retratos, um do finado ex ministro, outro de Pedro I. Conquanto a luz não fosse boa, achei que o Félix parecia-se muito com o pai, descontada a idade, porque o retrato era de 1829, quando o ex ministro tinha quarenta e quatro anos. A cabeça era altiva, o olhar inteligente, a boca voluptuosa; foi a impressão que me deixou o retrato.
Creio que disseram ainda outras cousas; mas não me interessando nada, nem a conversação, nem a hóspeda, que era uma pessoa vulgar, fiz o que costumo fazer em tais casos: deixei-me estar comigo. Já tinha compreendido que a hóspeda era uma das que chegaram na sege, que a outra devia ser a mocinha, cuja cara vi entre as cortinas, e finalmente que. alguma intimidade haveria entre tal gente e aquela casa, visto que, contra a ordem severa desta, Lalau andava atrás do pavão, em vez de estar à mesa conosco. Mas, em resumo, tudo isso era bem pouco para quem tinha na cabeça a história de um imperador
Lalau não se demorou muito. Chegou entre o primeiro e o segundo prato. Vinha um pouco esbaforida, voando-lhe os cabelos, que eram curtinhos e em cachos, e quando D. Antônia lhe perguntou se não estava cansada de travessuras, Lalau ia responder alguma cousa, mas deu comigo, e ficou calada; D. Antônia, que reparou nisso, voltou-se para mim.
— Reverendíssimo, é preciso confessar esta pequena e dar-lhe uma penitência para ver se toma juízo. Olhe que voltou há pouco e já anda naquele estado. Vem cá, Lalau.
Lalau aproximou-se de D. Antônia, que lhe compôs o cabeção do vestido; depois foi sentar-se defronte de mim, ao pé da outra hóspeda. Realmente, era uma criatura adorável, espigadinha, não mais de dezessete anos, dotada de um par de olhos, como nunca mais vi outros, claros e vivos, rindo muito por eles, quando não ria com a boca; mas se o riso vinha juntamente de ambas as partes, então é certo que a fisionomia humana confirmava com a angélica, e toda a inocência e toda alegria que há no céu pareciam falar por ela aos homens. Pode ser que isto pareça exagerado a uns e vago a outros, mas não acho do momento um modo melhor de traduzir a sensação que essa menina produziu em mim. Contemplei a alguns instantes com infinito prazer. Fiei me do caráter de padre para saborear toda a espiritualidade daquele rosto comprido e fresco, talhado com graça, como o resto da pessoa. Não digo que todas as linhas fossem corretas, mas a alma corrigia tudo.
Entretanto, adverti que da parte dele não vira nada, nem à mesa, nem na varanda, nada que mostrasse igual afeição. Dar-se-ia que só ela o amasse, não ele a ela? A hipótese afligiu-me. Achava os tão ajustados um ao outro, que não acabarem ligados parecia-me uma violação da lei divina. Tais eram as reflexões que vim fazendo, quando dali voltei nesse dia, e para quem andava à cata de documentos políticos, não é de crer que semelhante preocupação fosse de grande peso; mas nem a alma de um homem é tão estreita que não caibam nela cousas contrárias nem eu era tão historiador como presumira. Não escrevi a história que esperava; a que de lá trouxe é esta.
Refleti na distancia social que os separava; Lalau era admitida na intimidade da família, mas o rapaz, filho de ministro e aspirante a ministro, e mais que tudo filho de casa grande, tendo herdado o sangue do bisavô, tão orgulhoso nas veias da mãe, reservar-se-ia para algum casamento de outra laia. Como, porém, ela era bonita, e a natureza tem leis diferentes da sociedade, e não menos imperiosas, Félix achara um modo de conciliar umas e outras, amando sem casar.
O sineiro era um preto velho e doudo. Não fazia mais que tocar o sino da capela, para a missa, aos domingos. O resto do tempo vivia calado ou resmungando. Ninguém lhe falava, embora fosse manso. Lalau era a única, entre todos, parentes, agregados ou fâmulos, que ia conversar com ele, interrogá-la, escutá-la, pedir-lhe histórias. E ele contava-lhe histórias — muito compridas, sem sentido algumas, outras quase sem nexo, reminiscências vagas e embrulhadas, ou sugestões do delírio.
Era curioso vê-los. Lalau perdia a inquietação; ficava séria e tranqüila, durante dez, quinze, vinte minutos, a escutá-la. O Gira (nunca lhe conheci outro nome) alegrava-se ao vê-la. Com a razão, perdera a convivência dos mais. Vivia entregue aos pensamentos solitários, mergulhado na inconsciência e na solidão. A moça representava aos olhos dele alguma cousa mais do que uma simples criatura, era a sociedade humana, e uma sombra de sombra da consciência antiga. Ela, que o sentia, dava-lhe essa curta emersão do abismo, e uma ou duas vezes por semana ia conversar com ele.
D. Antônia parou. Não contava com a moca ali, ao pé da porta da sacristia, e queria falar-me em particular, como se vai ver. Compreendi o logo pelo desagrado do gesto, como já suspeitara alguma cousa ao vê-la preocupada. No momento em que chegávamos' Lalau perguntava ao Gira:
— E depois, e depois?
— Depois, o rei pegou gavião, e gavião cantou.
— Gavião canta?
— Gavião? Uê, gente! Gavião cantou: Calunga, mussanga, monandenguê. . . Calunga, mussanga, monandenguê... Calunga...
E o preto dava ao corpo umas sacudidelas para acompanhar a toada africana. Olhei para Lalau. Ela, que ria de tudo, não se ria daquilo, parecia ter no rosto uma expressão de grande piedade. Voltei-me para D. Antônia; esta, depois de hesitar um pouco, deliberou entrar na sacristia, cuja porta estava aberta. Lalau tinha nos visto, sorriu para nós e continuou o falar com o Gira. D. Antônia e eu entramos”.
A única vez em que um escravo, um preto fala no conto. Machado de Assis não omitiu os negros no enredo.
O preto velho louco fala a verdade ? A presença africana e escrava sutilmente ocultada é revelada por Machado de Assis.
Traduzindo as palavras africanas Calunga, mussanga, monandenguê
Calunga é pessoa de origem africana, boneca
A dimensão experiencial que está no centro da nossa reflexão entendida como condicionadora das expressões ou conceitos que cristalizam determinado tipo de experiência relacional, determinou a criação da seguinte expressão: “meno mussanga”. Literalmente, a expressão significa: “os dentes (meno) são areia (musanga)”. A expressão em consideração encerra em si a ideia de hipocrisia, de inautenticidade da vida.
Abordagem sobre sabedoria na linguagem africana
Por: José Matusse Duarte
Licenciatura e Mestrado em Filosofia pela UCL
Actualmente Doutorando http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/abordagem_sobre_sabedoria_na_linguagem_africana.doc
Monandenguê - MONA. kimb. e s. cd.
ETIM. kimb. s. agl. de Muana (pl. Ana), ms.1
//1. Criança; filho. O mq. Canquelo em linguagem de formação Nhaneca. //2. Mon’ambundu( Mona a ~bundu ), Africano; lit. filho de negro. //3. Mon’a mungua (mona a mungua), afilhado, lit. filho de sal (ref. ao baptismo). //4. M. kamvile, filho ilegítimo. //5. M. kandenge, vd. Monandengue. //6. M. kota, o filho mais velho. //7. M. muhatu, filha.http://mulongaapalavra.blogspot.com/2006/02/m.html
Gira, lembra Pomba Gira, o encantamento e o feitiço das negras também ?
O jogo da verdade e o jogo das versões em Machado de Assis. O mistério para o leitor. O todo poderoso ministro teve sim uma filha, não Lalau, no conto, mas outra :
“Esta conversa trouxe-me a idéia de ponderar a D. Antônia que, uma vez que Lalau era filha de seu marido, ficava-lhe bem fazer uma pequena doação que a resguardava da miséria. D. Antônia aceitou a lembrança sem hesitar. Estava tão contente com o resultado obtido, que podia fazê-la. Confessou-me, porém, que o melhor de tudo seria, feita a doação, passados os tempos, e casado o filho, voltar a menina para a Casa Velha. Tinha grandes saudades dela; não podia viver muito tempo sem a sua companhia. Repeti a última parte a Lalau que a escutou comovida. Creio até que ia a brotar-lhe uma lágrima; mas reprimiu a depressa, e falou de outra cousa.
D. Mafalda confirmou os amores da cunhada; mas o ex ministro via a pela primeira vez, quando eles vieram da roga, tinha Lalau três meses. Não era absolutamente o pai da menina. Compreende-se o meu alvoroço: pedi-lhe todas as circunstâncias de que se lembrasse, e ela referiu as todas. e todas eram a confirmação da notícia que acabava de dar; datas, pessoas, acidentes, nada discordava da mesma versão. Ela própria apelou para os apontamentos da freguesia onde nascera, a menina, e para as pessoas do lugar, que me diriam isto mesmo. Pela minha parte, não queria outra cousa, senão o desaparecimento do obstáculo e a felicidade das duas criaturas. De repente, lembrou-me do trecho do bilhete que tinha comigo, e disse-lhe que, em todo caso, mal se podia explicar a crença em que estava D. Antônia; havia por força uma criança.
— Houve uma criança, interrompeu-me D. Mafalda; mas essa morreu com poucos meses.
Tinha o bilhete na algibeira, tirei o e reli o; estas palavras confirmavam a versão da morte: "não pense mais no anjinho..."
D. Mafalda contou-me então a circunstância do nascimento da criança, que viveu apenas quatro meses; depois, referiu-me a longa história da paixão da cunhadas que ela descobriu um dia, e que a própria cunhada lhe confiou mais tarde, em ocasião de desespero.
Tudo parecia-lhe claro e definitivo; restava agora repor as cousas no estado anterior. Mas, ao pensar nisso, adverti que, transmitida esta versão a D. Antônia, ouviria as razões que ela teria para a sua, e combiná-las ia todas. Fui à Casa Velha, e pedi a D. Antônia que me desse também uma conferência particular. Desconfiada, respondeu que sim, e foi na sala dos livros, enquanto Félix estava fora, que lhe contei o que acabava de saber.
D. Antônia escutou-me a princípio curiosa, depois ansiosa, e afinal atordoada e prostrada. Não compreendi esse efeito; acabei, disse-lhe que a Providência se encarregara de levar o fruto do pecado, e nada impedia que o casamento do filho com a moça o fizesse esquecer a todos. Mas D. Antônia, agitada, não podia responder seguidamente. Não entendendo esse estado, pedi que mo explicasse.
D. Antônia negou-me tudo a princípio, mas acabou confessando o que ninguém poderia então supor. Ela ignorava os amores do marido; inventara a filiação de Lalau, com o único fim de obstar ao casamento. Confessou tudo, francamente, alvoroçada, sem saber de si. Creio que, se repousasse por algumas horas, não me diria nada; mas apanhada de supetão, não duvidou expor os seus atos e motivos. A razão é que o golpe recebido fora profundo. Vivera na fé do amor conjugal; adorava a memória do marido, como se pode fazer a uma santa de devoção íntima. Tinha dele as maiores provas de constante fidelidade. Viúva, mãe de um homem, vivia da felicidade extinta e sobreviveste, respeitando morto o mesmo homem que amara vivo. E vai agora uma circunstância fortuita mostra-lhe que, inventando, acertara por outro modo, e que o que ela considerava puro na terra trouxera em si uma impureza.
Logo que a primeira comoção passou, D. Antônia disse-me com muita dignidade que o passado estava passado, que se arrependia da invenção, mas enfim estava meia punida. Era preciso que o castigo fosse inteiro; e a outra parte dele não era mais que unir os deus em casamento. Opôs-se por soberba; agora, por humildade, consentia em tudo.
D. Antônia, dizendo isto, forcejava por não chorar, mas a voz trêmula indicava que as lágrimas não tardavam a vir; lágrimas de vencida, duas vezes vencida, — no orgulho e no amor. Consolei a, e pedi-lhe perdão.
Para mim, não. Seja como for, não poderia casar-me com o filho do mesmo homem que envergonhou minha família. . . Perdão; não falemos nisto.
Olhei assombrado para ela.
— Essa palavra é de orgulho, disse-lhe no fim de alguns instantes.
— Orgulho, não; eu não sei que cousa é orgulho. Sei que nunca estimei tanto a ninguém como a minha mãe. Não lhe disse isso mesmo uma vez? Gostava muito de mamãe; era para mim na terra como Nossa Senhora no céu. E esta santa tão boa como a outra, esta santa é que. . . Não; perdoe-me. Orgulho? Não é orgulho; é vergonha; creia que estou muito envergonhada. Sei que era estimada na Casa Velha; e seria ali feliz, se pudesse sê-la; mas não posso, não posso.
Voltei à casa delas, e instei novamente, ou só com ela, ou com a tia; ela mantinha-se no mesmo pé, e, para o fim, com alguma impaciência. Um dia recebi recado de D. Mafalda; corri a ver o que era, disse-me que o filho do segeiro, Vitorino, fora pedi-la em casamento, e que a moça, consultada, respondeu que sim. Soube depois que ela mesma o incitara a fazê-la. Compreendi que tudo estava acabado. Félix padeceu muito com esta notícia; mas nada há eterno neste mundo, e ele próprio acabou casando com Sinhazinha. Se ele e Lalau foram felizes, não sei; mas foram honestos, e basta”.
A lição final de Machado de Assis no conto “Casa Velha”. As hipocrisias e as diferenças sociais seriam superadas pela vontade da verdade e pela honestidade.
Um religioso, autor da narrativa, é citado em papel central. Referia-se ao suposto avô paterno de Machado de Assis, Antonio de Azevedo, que ofereceu condições para que o seu filho pardo se alfabetizasse e se tornasse agregado superior no Livramento.
Outras coincidências. Benedita, mãe de Lalau no conto, era o nome da avó paterna de Machado de Assis, Benedita Maria da Piedade, escrava que foi de D. Maria Teresa dos Santos, mãe de Ana Tereza Angélica, do Cônego Felipe Pinto da Cunha e Souza e do Brigadeiro Francisco Cláudio, antigos senhores da Quinta do Livramento.
Ficamos imaginando se há sentido em cada elemento que Machado de Assis traz para o conto, em cada detalhe. Pati do Alferes é outra localidade citada porque havia relações com a madrinha de Machado de Assis, onde inclusive nasce a neta dela, de modo que não parece ser uma referência gratuita, mas outra peça do enredo.
Fora do Rio de Janeiro os Rosários do Iguaçu também foram citado por Machado de Assis, lembrando que Senhorinha Rosa, do Iguaçu, era a mãe de Estevão da Costa e Silva, noivo de Ana Tereza Pereira e que o casamento deles ocorreu na mesma Capela do Livramento. Por que haveria Machado de citar o Iguaçu ? Seria outra pequena referência relevante ou não ? E o pai de Estevão, Joaquim Bento da Cunha, teria alguma relação com a família Cunha e Souza dos antigos senhores do Livramento ? Não tenho nenhum elemento para responder, ainda !
A Quinta do Livramento, seus patriarcas e matriarcas tornaram-se apenas uma nota de rodapé na bibliografia de Machado de Assis.
Machado não republicou o conto em vida, talvez tenha sido explícito demais e no avançar da sua carreira e celebridade o Livramento tornara-se uma questão definitivamente resolvida, da qual somente nós tentamos ressuscitar reminiscências.
E assina
Ricardo Costa de Oliveira
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Mais uma contribuição do nosso colega Barata:
Os antigos senhores do Livramento
CATÁLOGO BIOGRÁFICO, GENEALÓGICO E HERÁLDICO
DO RIO DE JANEIRO
Relação das Cartas de Brasões passadas aos indivíduosnaturais do Rio de Janeiro, ou, cuja família tem raízes no Rio de Janeiro.
Carlos Eduardo de Almeida Barata
11. Antonio José Pinto da Cunha e Souza
Data do Documento: 07.07.1774
Nascimento: Rio de Janeiro
Registro de Batismo: Freguesia de Nossa Senhora da Candelária.
Filiação: Manuel Pinto da Cunha e Maria Teresa dos Santos e Souza.
Biografia: Irmão do Cônego Felipe Pinto da Cunha e Souza, que também teve a mercê da Carta de Brasão, e jaz sepultado na Igreja do Mosteiro de São Bento; e do brigadeiro Francisco Cláudio Pinto da Cunha e Souza, que também recebeu a Carta de Brasão de Armas.
Carta de Brasão de Armas: um escudo esquartelado: no primeiro e quarto quartéis, as armas da família Pinto; no segundo quartel, as armas da família Cunha; e no terceiro quartel, as armas da família Souza.
Registro: Carta de Brasão passada em 07.07.1774, Registrada no Cartório da Nobreza, Liv.II, fls. 21v
Costados constantes do Documento:
2 (Pai). Manuel Pinto da Cunha
3 (Mãe). Maria Teresa dos Santos e Souza
4 (Avô paterno). Manuel Pinto
5 (Avó paterna). Serafina Fernandes da Cunha
6 (Avô materno). Antonio Pires dos Santos, Capitão
7 (Avó materna). Antonia de Souza e Oliveira
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RE: Machado de Assis
Bom dia. Alguem saberia dizer alguma coisa sobre os descendentes do Capitão Baltazar Rangel de Sousa Coutinho Azevedo e D. Antonia Joaquina
Duque Estrada Furtado de Mendonça?
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Caro Ricardo de Oliveira,
Estou á procura do nascimento de Benedita Bastos da Silva Marques, que nasceu na Bahia, em 1864; mas não sei em que localidade da Bahia.
A unica informação concreta que tenho, é que sua filha Benedita da Silva Marques, nasce em Sta Rita, Rio de Janeiro, em 12 Janeiro 1877;verifiquei que esteve a fazer buscas nestes anos em Sta Rita, por um feliz acaso, não terá encontrado este nascimento? Ela, Benedita da Silva Marques, é filha de Manoel José da Silva Marques e de Benedita Bastos da Silva Marques, teria interesse em saber se menciona a naturalidade da mãe da mesma ou quaiquer dados mais além de sua data de nascimento.
Cumprimentos,
Maria Reis
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Cara Maria Reis
Consultei os paroquiais microfilmados pela LDS ! Já os devolvi há bastante tempo
Atenciosamente
Ricardo
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Prezado Ricardo Costa de Oliveiro
Meu nome é Geny e faço um trabalho de pesquisa nesta região, gostaria de saber a localização do batizado de Machado de Assis. Pois você escreve que foi batizado na Capela de Nossa Senhora do Livramento e entre parenteses Santa Rita (Santa Rita L8, 167) e o número do documento.
Ou seja, a Capela de Nossa Senhora do Livramento se localizava dentro da Igreja de Santa Rita, ou na região Geográfica da freguesia de Santa Rita, por isso o registro é como Santa Rita, já que era uma paróquia da região?
obrigada
Geny
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Sr Ricardo de Oliveira
Sabe a que entidade poderei pedir um nascimento de 1868 em Candelária, RJ, e um outra cerca de 24 anos antes em Santa Rita?
André Carvalho
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Consta no livro "A vida dos grandes brasileiros -5" Machado de Assis (Editora Três, com texto de Pedro Pereira da Silva Costa e supervisão de Afonso Arinos de Mello Franco, que o avô de Machado de Assis se chamava Francisco José de Assis e que teria se casado com Inácia Maria Rosa em 4 de agosto de 1805, e que em 1806 nasceria dessa união um filho que teria sido batizado com o mesmo nome do pai Francisco José de Assis (pai de Machado de Assis) e que o pai de Francisco José de Assis, seria filho do padre Antonio de Azevedo, português dos Açores (ou a noiva Inácia Maria Rosa). Depois de pensar muito, já que era comum na época os padres terem filhos que não assumiam, fiquei imaginando que esse padre poderia ser o avô de Machado de Assis, e, que para disfarçar e não dá o nome dele ao recém nascido, colocou o nome dele de Francisco, em homenagem a São Francisco e de José, a São José, depois acrescentou o Assis, de Francisco de Assis. Todos sabem que não existe linhagem nobre na descendência de Machado de Assis e que ele era neto de escravos, provavelmente da ilha dos Açores (a mãe de Machado é que lhe deu o sobrenome Machado e era da ilha dos Açores). Bem, se não foi o padre pai do Machado, pode ter sido alguém de influência lá da chácara do Livramemento, que é o berço de origem de Machado. Quanto a um irmão desconheço; no livro citado acima Francisco José de Assis, avô de Machado, casava-se em agosto de 1805, e segundo li aqui na Genealogia Joaquim Maria Machado de Assis o irmão de Machado teria sido batizado em 1809, como isso é possível (só se fôsse um filho temporão).
Gostaria que vocês me ajudassem, pois estou escrevendo um curta sobre a vida de Machado de Assis. Me perdoem se cometi algum erro, ou não entendi alguma coisa. Só recorri a vocês porque achei o site sério e uma pesquisa fantástica. Aproveito também para parabenizar os pesquisadores. Me interessa e muito o estudo da vida de Machado de Assis.
Obrigado (Volto a escrever se puder me dá um retorno agradeço antecipadamente, vou ler mais)
Helius Dutra
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RE: Genealogia de Joaquim Maria Machado de Assis
Curiosamente encontro um Raimundo Costa e Silva na virada do século XVIII no Rio de Janeiro. Pintor e dourador, como o pai de Machado de Assis. (pesquisado por Ricardo Oliveira)
PERGUNTA:
Não é comprovada a paternidade de FRANCISCO JOSÉ DE ASSIS, como pai de MACAHDO DE ASSIS? Em que documento foi encontra um RAIMUNDO COSTA E SILVA como pai de MACHADO DE ASSIS? Como pode isso???
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