Falecimento D. João de Orleans e Bragança
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Falecimento D. João de Orleans e Bragança
Olá
o Príncipe D. João de Orleans e Bragança, tio materno do Duque de Bragança, faleceu ontem, dia 26 de Junho, no Rio de Janeiro.
Ele levou uma vida cheia de aventuras, piloto militsr depois civil ele viajava pelos 5 continentes e suas memórias publicadas poucos anos faz são muito interessantes (e com muitas fotos)
Alberto Penna Rodrigues
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RE: Falecimento D. João de Orleans e Bragança
Prezado Senhor:
Uno-me nas condolências.
Como vivi os estertores de um ciclo em que se convencionou chamar a elite, tanto social quanto intelectual, de “Alta Sociedade”, fico triste ao ler a notícia do falecimento de SAIR Dom João I de Orléans e Bragança.
A “Alta Sociedade” era composta por pessoas cujas famílias, desde os tempos do Império, mandavam seus herdeiros à Europa, principalmente Paris, para se educarem.
Os intelectuais, se membros da Academia, ficavam até a sua morte; porém, se fossem jornalistas, a aceitação era diferente: uns permaneciam pela vida toda, outros passavam como um cometa.
Exemplifico os que ficaram: Assis Chateaubriand, os Mesquitas, os Frias, Leão Gondim de Oliveira, Nelson Rodrigues e por fim o recém falecido Roberto Marinho.
Os filhos dos enobrecidos pelo Imperador e dos grandes–burgueses conviviam ombro a ombro em Paris com a nobreza e com a intelectualidade, fazendo assim parte dos movimentos sociais e intelectuais que na Cidade Luz aconteciam.
Posso exemplificar novamente: o paulista Eduardo Prado e Eduardo Martins Catharino, amigos de Eça de Queiroz, e o nosso Santos Dumont.
Assim, até o final da década de setenta, havia senhores e senhoras que tinham começado sua vida social dessa maneira.
No Rio de Janeiro, o célebre Eduardo Duvivier -- apelidado de Mutum, o peru selvagem -- que chegou a ser amante da famosa Mistanguette.
Em São Paulo, Dona Yolanda Penteado, a musa inspiradora do rico Cicilio Matarazzo, que o levou a construir o Museu de Arte de São Paulo.
Todos grandes amigos do Príncipe recém-falecido, pois Sua Alteza Imperial e Real era um dos personagens desse “Grand-monde”, apelidado de “Alta Sociedade”.
O senhor citou o livro escrito a quatro mãos com José (Zezito) Gueiros, filho do notável jurista de fama internacional Neheemias Gueiros; nele fica bem claro que o Senhor Dom João e sua primeira esposa, a falecida Dona Fátima – Fatma Scherifa Cherine – eram estrelas de primeira grandeza naquele firmamento que acreditávamos ser imutável, eterno, um verdadeiro e permanente “céu de brigadeiro”.
A bem da verdade, sua segunda esposa, Dona Thereza, adornava com sua beleza e elegância, em companhia de seu falecido marido, Carlos Eduardo de Souza Campos -- o sempre impecável Didu -- os mesmos salões que o casal de Príncipes freqüentava.
Hoje é muito duro, muito triste, ver que estas estrelas de primeira grandeza se apagaram no infinito, uma após a outra.
Contamos nos dedos as que ainda estão entre nós, com seu fulgor se apagando pelo tempo.
O Brasil de hoje é intrínsicamente parvenu.
Somos obrigados, querendo ou não, a conviver com pessoas que nos lembram os franceses nos tempos do Diretório, isso é, os dos anos de 1795 a 1799, o tempo do penúltimo movimento da chamada Revolução Francesa de 1789.
É lamentável.
Do que sei do Príncipe Dom João, se não fosse por um pequeno deslize na mocidade, poderia chamá-lo de “O Príncipe Perfeito”.
Jovem cadete da FAB, Força Aérea Brasileira, meteu-se entre o grupo do tenente Fournier, líder da Ação Integralista (leia-se do partido fascista brasileiro ou tupiniquim) que tentou tomar de assalto o Palácio Guanabara, até então residência oficial do Presidente e Chefe do Estado Novo, Dr. Getúlio Vargas, com intenção de matá-lo e a toda sua família.
Graças a Deus essa tentativa deu em nada e tanto o Dr. Getúlio quanto Dom João, nada sofreram.
Na sua Misericórdia, Deus perdoou o Príncipe dessa estripulia de jovem e, em 1954, a Princesa Dona Fátima traz ao mundo um belo e louro menino, que recebeu na pia batismal, como primeiro nome, João.
Dom João II, Príncipe do Brasil.
Dom João, popularmente chamado de Dom Joãozinho, é casado e o jovem casal já tem uma bela descendência.
Podemos ver neste Príncipe do Brasil, sem nenhum tipo de partidarismos, as condições para ser um grande Chefe de Estado. Educado pelos padres Lazaristas e consciente da História Familiar que carrega, tornou-se um homem de caráter nobre, de postura firme, com idéias consonantes com a maioria do sofrido povo brasileiro, pois conhece o Brasil de norte a sul e de leste a oeste, além de ser excelente pai de família. Sem sombra de dúvida, Sua Alteza dignifica a Família Imperial Brasileira.
E é a esse Príncipe, de quem me lembro como um pequeno menino loirinho a bordo do iate “Miss Bangu”, a sua esposa e seus filhos, que apresento os meus mais sinceros pêsames. Jorge Eduardo Garcia
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