ANP-Só famílias nobres?
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ANP-Só famílias nobres?
Caros Genealogistas,
Gostaria que me exclarecessem uma dúvida:
É preciso uma família ser obrigatoriamente nobre ou titulada para estár no ANP?
É que, pelo que eu sei, famílias com os Gentil Pimentel, Torre do Valle, Pinto Coelho ou Ferreira não são nobres e vêem representadas no ANP.
Cumprimentos
Luís Maria Correia da Silva Froes
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís,
Acoselho, respeitosamente, que leia alguma coisa sobre esta temática antes de proferir esse tipo de afirmações. Por exemplo procure saber qual a diferença entre fidalguia, nobreza, aristocracia, etc.
Melhores cumprimentos
Nuno Borrego
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Nuno Daupias d'Alcochete in "Principalidade", Armas e Troféus, tomo VII, Janeiro-Março de 1966, n.º 1
...
VI -A propósito da diferença entre nobre e fidalgo, escrevia Braamcamp Freire : " Entre o fidalgo e o nobre há uma grande diferença. ..conheciam-na eles bem, entendo-a eu, mas não a sei explicar. ..mas tornando à tal diferença, que se não supria com títulos nem com distinções, notarei que em princípios do século passado, o conde da Anadia era um nobre, Francisco de MeIo Vacas um fidalgo. Ontem, para certas pessoas o Marquês da Praia e Monforte era um nobre, Jacinto de Siqueira Freire, um fidalgo. (Brasões da Sala de Sintra. II, pp. 214). Dr. Eugénlo de Andrea da Cunha e Freitas, no prefácio da obra de Vaz-Osório da Nóbrega, Pedras de Armas do Concelho de Louzada, Porto, 1959, ao comentar esta frase de Braamcamp Freire diz muito a propósito: " Os Fidalgos constituem, na hierarquia social, a camada mais elevada da Nobreza, a que se ascendia por um conjunto de circunstâncias nem sempre fáceis de explicar, porque não era só a antiguidade dos troncos familiares nem o favor dos Reis, nem mesmo o exercício de cargos palatinos que conferiam a Fidalguia. Poucos subiram tão alto como o Marquês de Pombal, e ninguém, em seu tempo, o considerou um Fidalgo, apesar de ser descendente de famílias nobres e antigas ; pelo contrário, gerações recém-enobrecidas foram logo admitidas à Fidalguia, tais os Câmaras, os Alvitos, os Almadas, e até famílias de sangue hebraico, como os Castros do Rio e os Gomes da Mata. Antiquíssimas linhagens, entroncando comprovadamente em grandes famílias, medievais, jamais alcançaram essa posição, como os Coelhos, senhores de Felgueiras os senhores de Azevedo, e tantos mais ..Mais adiante diz ainda: " Nobres eram os militares, os magistrados, os que exerciam qualquer cargo honrado. os que viviam limpamente, com certa abastança de suas lavouras, sem profissão mecânica. Ascendia-se a essa nobreza com tanta facilidade, e por tantos e sucessivos meios, que é difícil, muitas vezes, estabelecer os limites que separam povo e nobreza ..
Estabelece o autor do prefácio um paralelo entre Fidalguia e Nobreza. Os primeiros formavam uma certa classe à parte, uma casta, sem funções específicas, estática, por conseguinte, enquanto que os segundos constituíam uma classe com uma finalidade definida, que servia a República nas armas. nas letras, na administração, na terra, sendo por isso uma classe de escol, num constante labor de selecção, " aberta a todos que servissem, e repelindo aqueles que não serviam.. Braamcamp Freire, diz o Dr. Eugénio de Freitas, viu o problema ao contrário, pois que para ele só a Fidalguia contava e a Nobreza" era coisa somenos .." Para mim, prossegue O Dr. Eugénio de Freitas, apenas a Nobreza, como classe destinada a uma função social, como classe de escol suscita interesse. Só a ela desejo ver reabilitada e restituída ao seu antigo prestígio”.
No nosso entender, ambas suscitam interesse, ambas merecem a atenção do historiador. Fidalguia e Nobreza, apesar das diferenças que as distinguiam, não podem ser concebidas isoladamente, pois constituíam um todo e entre elas havia como que uma interpendência que não permite o seu estudo separado. Nobreza palaciana, seja, sem atribuições especificas, estática, é certo mas nem por isso deixamos de ver a Fidalguia, a par da Nobreza, ocupando cargos de responsabilidade e de mando, servindo a república nas suas mais variadas actividades. E nas horas graves da nossa história, sobressaem componentes de uma e de outra, como que a mostrar que ambas se tornavam necessárias à sobrevivência da terra portuguesa.
A propósito de Fidalguia e Nobreza, Costa Lobo, op: cit., pp. 176, ao comentar a carta régia de 1 de Junho de 1490 que dava a categoria de infanção aos oficiais (de fidalgo, escreve este autor) da Câmara do Porto, assim como a tinham já os de Lisboa [Cf. Pereira de Oliveira, op. cit., pp. 166-167], diz a respeito desta nobreza novamente concedida (que tornava “incerto o padrão de aferimento para a qualidado de fidalgo”): “Apesar de tudo, a distinção existia no conceito público, e ninguém igualava o mais abonado vereador do Porto com um descendente dos Pereiras e Coutinho”.
Ainda a propósito de nobreza, julgamos oportuno citar uma opinião formulada num trabalho recente. O autor, Jorge Borges de Macedo, Problemas de História da Indústria Portuquesa no século XVIII, Lisboa, 1963, pp. 109, refere-se, ao tratar dos pagamentos da décima de funcionalismo de Lisboa, a nobres e nobilitados. Seria interessante saber em que fundamento se alicerçou o autor para estabelecer esta diferença. Mais adiante, a pp. 113, emprega uma terminologia pouco comum; a “pequenos, médios e até grandes nobres”. Pequeno burguês, grande burguês, pequena nobreza, grande nobreza, grande e pequena fidalguia, são expressões mais usuais e constituem uma terminologia que não choca o ouvido. No entanto, como o autor, a pp. 217, nos anuncia um estudo em preparação, “acesso à nobreza no último quartel do século XVIII -Ensaio de demo.qrafia social”, pode ser que nessa altura ele nos diga aquilo que o levou o estabelecer esta ordem de grandeza fora do vulgar.
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Nuno Borrego,
Agradeço a sua preciosa informação, mas ainda tenho uma pequena dúvida!
O que é que uma família como os Froes, que eu à bocado não mencionei, pois várias vezes fiu acusado de mencionar de mais o meu nome, faz no ANP?
Cumprimentos
Obrigado
Luís Froes
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís,
Se está uma entrada aberta para os Fróes de Lisboa é porque esta família reune os requisitos para constar no Anuário. Não olhe para o ANP como o Gotha.
Abraço
Nuno Borrego
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís Froes
Não caia na asneira de reduzir a classe da Nobreza aos titulares, pois ela sempre foi muito mais vasta do que isso!
O Anuário já foi aqui largamente discutido. Ele não é certamente a verdade absoluta sobre a Nobreza. Para mim, é apenas um livro de actualização, sujeito a determinados critérios de inclusão os quais estão descritos no início dos volumes.
Depois, em cada família existe a resenha genealógica onde é explicada a sua origem e onde normalmente também é explicado o motivo da sua inclusão.
Usando os exemplos que refere, quer os Ferreira, quer os Gentil, tiveram carta de armas. Portanto, pelo menos por esse motivo, é justificada a presença destas famílias no ANP.
Quanto aos Pinto Coelho e Torre do Vale, não pronuncio porque não constam desenvolvidos nem no de 1950, nem no de 1985. Quanto ao de 1964, não o tenho comigo, pelo que não posso dizer nada.
Como disse Nuno Borrego, os Froes também devem ter qualquer nobilitação para justificarem o seu anúncio. Se realmente se vier a realizar o almoço sugerido por si e contar com a presença do Eng.º António Mattos e Silva, será uma óptima oportunidade para discutirem esse assunto.
Com votos de muitas e boas “leituras nobiliárquicas”,
Vasco Jácome
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luiz
Lembro-lhe que a família Pinto Coelho também consta do Livro d'Oiro da Nobreza,de Rui Dique Travassos Valdez.
Quanto à família Ferreira que consta A.N.P,para além da carta d'armas de que fala o Vasco Jácome,penso que também têm o foro de Fidalgos Cavaleiros da Casa Real.
Isto não é Nobreza???
Um abraço,
Pedro Ahrens Teixeira
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís Froes
Sabe que a juventude, é um estado por
que nós passamos e tentamos aprender
algo. Admiro-o pela sua garra, demons
trada tantas vezes no Fórum.
Mas sabe, os Pinto Coelho, são nobres
há muitos séculos. Veja com cuidado,
obras como: NFP, Pedatura Lusitana; e
porque não FPSP.
Não me diga que famílias como os Coelho e os Pinto não são nobres!?
Com os melhores cumprimentos
Artur Camisâo Soares
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís
Diga-nos lá então o que entende por nobreza, e assim vamos a algum lado, porque de outra forma é um bocado complicado de perceber aonde quer chegar.
Já alguns avançaram com a distinção entre fidalguia e nobreza (um excelente apanhado do Nuno Borrego), ou entre títulos e troncos, mas eu muito sinceramente não percebi muito bem a sua questão.
Diga-nos o que entende por nobreza, e assim já lhe podemos dizer alguma coisa que o "ilumine" neste tema.
abraços,
Rodrigo Ortigão de Oliveira
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caros Senhores,
Para mim uma família nobre é uma família titulada ou que tem membros que foram fidalgos, e é, nesse sentido que eu perguntei o que é que os Froes ou os Torre do Valle faziam no ANP!
Se retirei nobreza a algumas famílias foi sem intenção, pois eu achava que os Pinto Coelho ou os Gentil não tinham nobreza, pois não são famílias tituladas, e pelo pouco que sei, que é mesmo muito pouco, porque é para isso que aqui estou, não tinham membros fidalgos.
De facto ainda n percebi o que é que os Froes ou os Torre dio Valle fazem no ANP, ou até mesmo os Vilalobos de Laboreiro.
Cumprimentos
Luís Froes
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Luis Froes
Dizer que os Vilalobos de Laboreiros, os Pinto Coelho,que descendem dos Senhores de Felgueiras e Vieira, com uma genealogia mediaval conhecida, e mais familias que inumera não são nobres, é uma barbaridade!
Como já outras pessoas do forum lhe disseram, sugiro que antes de fazer estas perguntas e afirmações, leia com atenção as menssagens que lhe foram dirigidas há tempos noutros tópicos, além de ler a bibliografia que lhe foi indicada. Além disso se ler a introdução do ANP, e a ressenha de cada familia, vê perfeitamente a que titulo aí estão essas e outras. O mesmo no Livro de Oiro da Nobreza.
Apesar da sua tenra idade, vejo que faz uma confusão muito grande entre nomes sonantes e familias nobres e fidalgas. E lembre-se que houve titulares (hoje com nomes respeitáveis) que não sabiam sequer o nome dos pais e avós (estamos a falar de há menos de cem anos) !!
Faça perguntas pertinentes e não a granel e peço-lhe que não seja um "despenteado genealógico", desculpe-me a expressão. Estamos aqui para ajudá-lo e com gosto, mas repetir tudo um sem numero de vezes é que não !
Um abraço
F.Botelho
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Meu caro F.Botelho,
Peço imensa desculpa por ter retirado nobreza a famílias que a detêm, pois isto só revela a minha ignorância nestas andanças.
Mas há uma coisa que ainda n consegui perceber, o que é que os Froes fazem no ANP?
Cumprimentos
Luís Froes
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Meus caros,
Vamos lá ajudar o Luís, e se alguem for á Torre do Tombo um destes dias faça uma busca em froes no Reg. Ger. de Merçês. Como no ANP só há remissão, esta pergunta não nos vai largar durante uns tempos :)
abraços
Rodrigo Ortigao de Oliveira
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís Froes
Eu tb não sei, mas já estou a ficar curioso!
Cumprimentos
Manuel da Silva Rolão
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís Froes
Se realmente o seu grande problema é saber porque é que os Froes estão anunciados no Anuário, sugiro que contacte directamente o seu principal autor, o Eng.º António Mattos e Silva.
Não pedi autorização para expor publicamente o seu nº de telefone, mas julgo que não haverá problema de o enviar para o seu e-mail pessoal. Se não quiser colocar aqui o seu, o meu é:
vascojacome@net.sapo.pt
Muito provavelmente já alguém da sua família discutiu a genealogia da sua família com o Eng.º Mattos e Silva. Também pode tentar saber quem foi.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís,
Permita-me tecer alguns considerandos acerca da sua postura no forum, sem querer assumir um ar paternalista, nem é caso para isso pois separam-nos cerca de 20 anos.
Quando comecei não havia net, a "medo" ia metendo conversa com aqueles senhores já consagrados, com os quais aprendiamos e, sobretudo, a quem escutavamos.
Depois de 20 anos a "fazer" genealogia aprendo todos os dias, seja consigo ou com a funcionária "velhota" da Torre ou de outro qualquer arquivo, que me lembra existir este ou aquele fundo. Estive a ler à pouco 1 artigo do Marquês de Sampaio, intitulado "Aos Novos", publicado nas armas e troféus. Estive tentado a fazer 1 scanner e passar-lho, mas acho que não vale a pena. O meu Amigo não "ouve" nem lê aqueles que aqui o querem ajudar. Pare,pense mas, sobretudo, OUÇA os Amigos do forumm e que são muitos, senão vai tornar-se, inevitavelmente, numa figura Camiliana (não me pergunte o que é isso que não vou responder).
Um forte Abraço
Nuno Borrego
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Luís Froes:
Sobre Froes, permita-me que lhe sugira uma leitura atenta, por certo demorada, do livro de moradias quinhentistas de D. Flamínio de Souza, Ms. constante do acervo da B.N. .
Da cidade berço, um abraço para si.
José Couceiro da Costa
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Meu caro Luis,
Pensei que as conversas e conselhos que te dei este Verão no Algarve tinham dado algum efeito. Mas já te esqueceste pelos vistos...
Como já uma vez te tinha dito noutro tópico, em relação à familia Froes, todas as duvidas básicas que tiveres deves em primeiro lugar contactar a tua tia Filipa Avelar, que está a fazer um excelente trabalho (espero que seja publicado) da Familia Froes e que com toda a certeza te pode dar as noções mais elementares quer da tua familia, quer de genealogia e história em geral. Mas pelos vistos em casa de ferreiro espeto de pau !!
No caso concreto do ANP, poderás contactar o António de Mattos e Silva que te explicará as razões de remeter para um próximo anuário a familia Froes.
Penso que seria também uma boa oportunidade de começares a fazer as tuas próprias investigações. Sabes que és descendente do Vitorino Avelar Froes, um dos expoentes máximos da tauromaquia equestre. Que tal ver se ele era COX, ou FCR ou Par do Reino, ou até negociante de grosso trato (que passaram a ter estatuto de nobre em meados do sec.XIX) ?
Não sejas preguiçoso, lê as mensagens que te enviam, e mãos à obra. Espero ver-te dia 24.11.
Um abraço
Luis Pinto Gonçalves
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caríssimo Luís,
Já li todas as mensagens deste assumpto. E vos digo: por que tanta incredibilidade com vossa família? Ora, se o tal homem que é profissional nisso escreveu, acredita. :-)
Não devemos nos assustar em saber que temos antepassados nobres. Isso é perfeitamente normal. Sabias que grande parte dos europeus descende de Carlos Magno?
E também não vás achando que este tal ANP (anuário da nobreza portuguesa?) é o Gotha. Certamente, um membro das famílias que citaste fora nobre. E também, pelo amor de Deus, não jogue mais palavras ao vento bradando sem conteúdo que tais famílias não têm nobreza. Que gafe!:-)
Cordial,
Giancarlo Zeni
Juris Sanguinis Conde Lucchesi(-Palli)
Juris Sanguinis Barão de Zeniburg
:-)
P.S: Viu? Ñ é difícil achar pessoas nobiliárquicas recentes.
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Luís,
Não resisti a deixar-lhe uma pérola do Marquês de Sampayo (Armas e Troféus, N.º2, 1976).
Abraço
NB
....
AOS NOVOS
-A Genealogia-
É aos novos a quem me dirijo, muito especialmente aos meus jovens confrades da classe de «Associados». Vós ledes Sartre e F. Sagan e Marcuse, e dos nossos portugueses de agora escuso-me de os nomear para lhes não ferir a modéstia. ..mas do que da Genealogia pensaram dois dos antigos mestres da história e da literatura cujos nomes nada vos dirão, porque já, os de vós, nova vaga, ninguém os recorda -ultrapassados.
Seja o primeiro o setecentista minhoto Manuel Gomes de Lima Bezerra, de quem nunca terão ouvido falar, que na sua compendiosa obra Estrangeiros no Lima fala desta forma, a respeito dos estudiosos de Genealogias: «Não posso sofrer que haja no mundo homens tão desgraçados -desgraçados, reparem -que se martirizem -martirizem, reparem ainda- com o estudo da árida e fastidiosa genealogia».
Será o segundo Camilo Castelo Branco, o grande Camilo, que, citando e transcrevendo o primeiro, em Cavar em Ruínas, batendo nos peitos obtemperou: «De mim, lavado nas lágrimas do martyrio, digo que sou um ,daqueles desgraçados! Ao princípio lia manuscriptos genealógicos para adormecer, depois entrei-me no goso de saber das vidas alheias; finalmente paguei cara a curiosidade, convertida em paixão viciosa; e agora sou chegado ao período de martyr. Ando a pedir a toda a gente que teve avós, o favor de me deixarem saber a vida deles, se a escreveram».
Não desdenhava pois, o grande escritor, as preciosas notícias que as genealogias, lhe iam ministrando, o que aliás é coisa sabida e certa, e apontada por críticos de renome, e até lhe fizeram gerar um abecesso de filosofia -ele se queixou - nos miolos, desde que de par com as crónicas dos grandes varões começou a lê-las e cotejá-las, tanto impressas como de mão.
Não vos fieis porém inteiramente nele: noutra sua obra, Coisas Leves e Pesadas, que havia colocado certo manuscrito (o Apparato genealogico de Antonio Manuel d'Antas de Vasconcellos e Castro -o parêntese é nosso para melhor entendimento do assunto) na secção dos fabulários e outras obras curiosas, de envencioneiros; porque, a meu juízo, novellas e genealogias pertencem à mesma pauta, e suspeito que o Conde de Barcellos não cede em phantasia ao author das
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RE: ANP-Só famílias nobres?
...
Não desdenhava pois, o grande escritor, as preciosas notícias que as genealogias, lhe iam ministrando, o que aliás é coisa sabida e certa, e apontada por críticos de renome, e até lhe fizeram gerar um abecesso de filosofia -ele se queixou - nos miolos, desde que de par com as crónicas dos grandes varões começou a lê-las e cotejá-las, tanto impressas como de mão.
Não vos fieis porém inteiramente nele: noutra sua obra, Coisas Leves e Pesadas, que havia colocado certo manuscrito (o Apparato genealogico de Antonio Manuel d'Antas de Vasconcellos e Castro -o parêntese é nosso para melhor entendimento do assunto) na secção dos fabulários e outras obras curiosas, de envencioneiros; porque, a meu juízo, novellas e genealogias pertencem à mesma pauta, e suspeito que o Conde de Barcellos não cede em phantasia ao author das
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RE: ANP-Só famílias nobres?
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Proezas da segunda tavola redonda».
Já vêdes que a matéria, até no mesmo autor, é controversa, e nem sequer com benefício cronológico (o Camilo poderia ter mudado de opinião) pois que ambos juízos sentenciou no mesmo ano, visto que as 'primeiras edições de ambas as obras em que os emitiu datam do mesmo ano (1867).
A fecundidade de Camilo era assim tergiversiva.
Parece porém que Camilo reconsiderou e voltou aos seus primeiros amores. Em Os Brilhantes do Brasileiro sentenciou: «Os que desprezam os manuscriptos genealógicos atiram fora o melhor oiro da história civil, política e religiosa da nossa terra».
Ora pois, ficar-se-ão sem saber, talvez, para onde pender, se para o árido Bezerra, se para o glorioso, inteligentíssimo e fecundíssimo Camilo a quem o nome de pia bastou para ficar imortal na literatura portuguesa, e na história, que também cultivou com êxito. Creio todavia que já fizestes a vossa escolha: as lágrimas e o martírio.
Não deixeis caír o facho desta nobre ciência que vos queremos transmitir. Que entre vós surjam novos Sousas, Mansos de Lima, Rangeis de Macedo e Gaios. Mas, atenção, que vos não deixeis cegar.
Atendei o mesmo Camilo que em Maria Moisés ainda vos diz: «Quem poder provar que seu trigésimo avô era celta, ibero, huno. vasconço ou gépida, tem barrigadas de orgulho de raça; mas bom será que tenha doutras para digestão».
S. P.
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Caro Nuno
Acho que deve haver um critério formal de distinção entre Fidalguia e Nobreza e que se baseia nos seguintes pontos:
-Ambas fizeram parte do 2ºEstado do Reino.
-Todo o fidalgo é nobre.Nem todo o nobre é fidalgo,pelo menos materialmente.
-Fidalguia é Nobreza de linhagem.Nesse sentido será fidalgo que tiver pelo menos 3 gerações de antepassados nobres imediatamente antes de si.Logo um fidalgo deve ter,pelo menos, pais ,avós e bisavós nobres.
-O conceito de Fidalguia está ligado à antiguidade de uma família nobre e à posição e prestígio social que ela foi adquirindo ao longo das gerações.
-Não há obrigatóriamente uma relação de hierárquia entre Fidalguia e Nobreza.Ambas são Nobreza "lato sensus".Daí que,por exemplo, o nobre recém-nobilitado 1ºMarquês de Vale-Flôr esteja hierárquicamente acima do fidalgo brigadeiro de Cavalaria Gonçalo Cristovão Teixeira Coelho de Mello Pinto de Mesquita,16º Senhor de Teixeira e de Cergude.
Melhores cumprimentos,
Pedro Ahrens Teixeira
PS:Concordarás certamente comigo,por exemplo, que é um disparate não considerar o 1º Conde de Anadia um fidalgo.É óbvio que o era.
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RE: ANP-Só famílias nobres?
Pedro,
Deixei transcrita a opinião do Nuno Alcochete e de outros autores.
Na minha opinião o Fidalgo era Nobre, mas o Nobre não era necessariamente Fidalgo. Em relação às 3 gerações de nobreza dos Fidalgos coloco algumas dúvidas, por existirem exemplos contraditórios e que confirmam o contrário, vou tentar passar as primeiras gerações dos Castros do Rio, judeus (na opinião de alguns), burguesia endinheirada de Lisboa, que na 2ª geração atinge o topo de todas a classe (a aristocracia cortesã) ainda que Nuno Gonçalo Monteiro (Crepusculo dos Grandes) os não considere, mas sobre isso já lhe manifestei em tempos a minha opinião.
Em relação à hierarquia entre um recém nobilitado e um fidalgo de antiga linhagem, de solar conhecido, etc., uma coisa é o assento na Câmara dos Pares, uma outra era o social da Côrte e do País, onde certos títulos valiam o que valiam (nada) para a Antiga Nobreza, apesar de no século XIX muitas Casas não terem a "pureza" de que se arrogavamm nas centurias anteriores. Havia Casas que presumiam de não se ligarem a outras (grandes e ilustres)Estamos hoje em dia a dar importância (colocá-las a par de outras) a certas famílias que não tiveram, de facto, na sociedade da época.
Repara que o tão "almejado" título de Dom, que hoje muita gente procura a todo o custo, foi abandonado por famílias com Grandeza e varonia Noronha (Angeja) como é o caso dos Sabugosa; a chefia dos Távoras presumia no não uso do Dom, etc.
Enfim, será necessário efectuar uma abordagem ao panorama familiar nacional para produzir conclusões, mas concordo com muitas, quase todas, das leituras do Nuno Alcochete.
Abraço
Nuno Borrego
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RE: ANP-Só famílias nobres?
CAro Pedro,
Deixo-lhe o exemplo da descendência de Diogo de CAstro do Rio, Mercador, com filiação obscura, que é retirado do conto plebeu e os seus filhos casaram na 1ª plana da sociedade Portuguesa do séc. XVI.
Abraço
NB
II DIOGO DE CASTRO DO RIO, morreu a 30-VII-1575 com testamento elaborado e aprovado a 23 desse mês e ano pelo Tabelião Gomes Abreu de Carvalho; Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo, de que tomou hábito a 18-VIII-1558; pelos grandes e bons serviços que prestou à Coroa foi feito Fidalgo de Solar por carta de 06-V-1561 , assinada pela Rainha Regente, na menoridade de Dom Sebastião, dando-se-lhe a Quinta do Rio em Sacavém, onde instituiu Morgado em 1568 , com a obrigação de usar o apelido Castro do Rio. Esta carta foi publicada por José de Sousa Machado .
Em 1571 recebeu de D. Sebastião um alvará onde se declara estarem, ele e seus descendentes, habilitados para todos os cargos Eclesiásticos e Seculares onde se exija limpeza de sangue, o que mais tarde foi confirmado a seu neto Afonso como adiante se dirá.
Em 19-VI-1575 comprou a Vila de Barbacena, por 28.500 cruzados, aos herdeiros de D. Jorge Henriques . Foi um dos mais ricos mercadores do seu tempo em toda a Península prestando, através dessa actividade, importantíssimos serviços à Coroa, mandou fazer inúmeras embarcações e custeou as viagens de navios que socorriam as Praças portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, onde alguns de seus irmãos prestaram serviço, quer ligados ao comércio quer nas actividades militares.
A mando do Rei deu abrigo e protecção a fidalgos e embaixadores estrangeiros; prestou socorro a Diu quando esta Praça sofreu o cerco por parte das hostes do Rei de Cambaia, emprestou 100.000 cruzados para socorro de Mazagão e mandou grande número de caravelas em seu socorro.
Consta que deixou ao morrer mais de 900.000 cruzados, além de um opulentíssimo Morgado instituído a favor de seu filho mais velho, onde entrava o Senhorio de Barbacena e que tinha como obrigação dar de jantar aos judeus que saiam em auto de fé.
Sabe-se que seus filhos e filhas, através de uma brilhante e estratégica política de casamentos, conseguem aparentar-se com boa parte da antiga nobreza portuguesa, ficando assim protegidos das ferozes perseguições da inquisição, o que resultou, embora tivesse que despender avultados dotes, como muito bem notou A. Bramcamp Freire quando afirma que " ... e para prova dos casamentos haverem sido feitos pelos dotes, sabe-se que uma daquelas senhoras (D. Brites) por pouco não foi duquesa. O 3º Marquês de Vila Real pretendeu-a para seu segundo filho D. Manuel de Noronha, mas havia Diogo de Crasto de lhe dar a ela mais cinquenta mil cruzados de dote do que dera às irmãs. O ricasso porém não quis alargar tanto os cordões à bolsa e por isso deixou de ver a filha marquesa e logo duquesa, pois que D. Manuel, por morte de seu irmão mais velho, veio a ser 5º marquês e 1º duque de Vila Real ..." .
Foi sepultado no Convento de São Francisco da Cidade, em Lisboa, onde possuía a capela de Nossa Senhora da Conceição, do lado da epístola, e aí podia ler-se a seguinte inscrição: “Esta capella de N. S. da Conceição he de Diogo de Castro do Rio e de D. Brites Vaz sua mulher, e dos successores do seu Morgado, e as obrigações, administração della estão declaradas em seu Testamento. Faleceu a 30 de Julho de 1535 (em 1575) e sua mulher a 4 de Outubro de 1580. Mudou-se o Padram por permissão do Administrador e clauzulas declaradas na Escritura feita em Agosto de 1720” . Por cima da inscrição estavam as sua Armas, sem elmo nem timbre, concedidas por Dom Sebastião em 15-VI-1569 , com todas as Honras e Privilégios de nobre fidalgo e com a seguinte composição: De prata, com duas faixas ondeadas de água, acompanhadas de nove arruelas de púrpura postas 3, 3 e 3. Timbre: Um hipocampo, sainte de uma onda de água, de sua cor.
Casou com D. BEATRIZ VAZ, falecida na Quinta de São Silvestre, junto a Coimbra, a 04-X-1580, e que contribuiu com 6.000 cruzados para a passagem a Marrocos preparada por D. Sebastião, filha de Duarte Tristão, de origem Flamenga, rico comerciante lisboeta que entre 1509 e 1511 comprou especiarias na Casa da Índia num valor que excede os seis milhões de cruzados, e de sua mulher Maria Francesca . Tiveram:
1 (III) MARTIM DE CASTRO DO RIO, nasceu por volta de 1548 e morreu a 27-I-1613, Comendador da Ordem de Cristo, Fidalgo da Casa Real e 2º Senhor de Barbacena, de que tomou posse em 28-IX-1575 .
Esteve com Dom Sebastião em Alcácer-Quibir, onde foi chamado a reconhecer o corpo del-Rei, não sendo capaz de decidir-se pois o rosto estava bastante deformado e cheio de escoriações. Ficou cativo em Marrocos juntamente com outros fidalgos, trazidos de diferentes partes e residindo numa rua da judiaria, em casas cedidas por judeus, vivendo em camaradagem consoante os laços de parentesco e amizade que os ligavam. Foi dos primeiros a ser resgatado e um dos que maior soma desembolsou, 16.000 cruzados (a média oscilava entre os 5.000 e alguns subiram até 10.000, como foi o caso de D. António, Senhor de Cascais).
Foi extremamente bem estudado, principalmente a sua vertente de poeta, por Francisco de Sousa Neves no trabalho já aqui citado.
Foi poeta e genealogista . Os seus trabalhos encontram-se dispersos pelos Cancioneiros do séc. XVI e XVII, tendo sido alguns deles atribuídos a outros autores como Luís de Camões.
Na opinião de Sousa Neves , com a qual concordo em pleno, “talvez o melhor retrato da sua personalidade se possa encontrar nos judiciosos Conselhos ou Instrução que deu a «dous filhos na primeira armada em que embarcavam» . A elegância da prosa e dos conceitos aproximam-no do perfil tão formal que dele deixou Barbosa Machado.
Esses conselhos constituem uma carta de savoir vivre e um pequeno código de boas-maneiras. É um admirável repositório de regras que devem ser conhecidas por quem queira estudar a educação típica do fidalgo do princípio do século XVII.”
Casou com D. MARGARIDA DE MENDONÇA HENRIQUES, filha Herdeira de Jorge Furtado de Mendonça, Comendador das Entradas e Represas, na Ordem de Santiago, e de sua mulher D. Maria Henriques, filha de D. Pedro de Sousa, 3º Senhor de Beringel e Prado, do Conselho de Dom João III, e de sua mulher D. Violante Henriques, filha de Simão Freire de Andrade, Senhor de Bobadela.
Com este casamento passaram os seus descendentes a usar os apelidos «Furtado de Mendonça», porquanto a representação destes em Portugal estava no supracitado Jorge Furtado de Mendonça .
8 (III) D. BRITES DE CASTRO DO RIO, casou com D. JORGE DE MENEZES, que esteve com Dom Sebastião em Alcácer-Quibir, onde ficou cativo, sendo resgatado com os 80 fidalgos mencionados por Jerónimo de Mendonça, tendo sua sogra emprestado 2.000 cruzados para ajuda do resgate. Em Agosto de 1580 viviam no lugar de S. Silvestre, termo de Coimbra, e aí novamente sua sogra lhe emprestou 4.000 cruzados para adquirir terras e vassalos, conforme constava no seu testamento. Esteve preso por ordem de Filipe II, visto seu irmão ter seguido Dom António, Prior do Crato, sendo libertado no ano de 1591, o que levou sua mulher, durante este período, a vender por mil cruzados as suas doze tapeçarias da Flandres que representavam os meses do ano . Era filho de D. João de Menezes, 7º Senhor de Cantanhede, e de sua mulher D. Margarida de Menezes, filha de D. António de Noronha, 1º Conde de Linhares.
9 (III) D. MARIA DE CASTRO DO RIO, casou 1ª vez com D. FRANCISCO DE MOURA, (irmão de D. Cristóvão de Moura), Estribeiro-Mor de D. António, neto de D. Manuel I, serviu em África como militar e morreu em Alcácer-Quibir, filho de D. Luís de Moura, Estribeiro-Mor do Infante D. Duarte; casou 2ª vez com ANTÃO DE OLIVEIRA DE AZEVEDO, Estribeiro-Mor do Cardeal Dom Henrique e Veador da Rainha D. Catarina. Sem geração do 2º matrimónio.
10 (III) D. ISABEL DE CASTRO DO RIO, casou com AIRES TELLES DE MENEZES, 3º alcaide-mor da Covilhã, filho de Rui Telles de Menezes (Unhão) e de sua mulher D. Leonor Mónica de Vilhena, filha de D. João de Alarcão, Alcaide-mor de Torres Vedras, e de sua mulher D. Maria de Vilhena, filha dos 3ºs Condes de Abrantes.
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