Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
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Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Felgueiras Gayo, no ttº de Abreus, § 44 N 7, referindo-se a FRANCISCO VAZ DA CUNHA di-lo filho de JOÃO GOMES DA CUNHA (no mesmo ttº N 6 do § 16), justificando assim a sua inclusão neste Título de Abreus. Curiosamente, não deixa de referir que “em hum costado vi diser-se q este Francisco Vaz da Cunha era fº do Dr. Francisco Vaz e de D. Catarina da Cunha o q não seguimos”.
Ora Francisco Vaz da Cunha teve do seu casamento com D. Luísa Perestrelo a Bento da Cunha Perestrelo, com descendência conhecida, e a Francisco Vaz Perestrelo que teve carta de Familiar do Santo Ofício em 20-6-1622.
Consultando o seu processo de habilitação (IAN/TT, Habilit. para FSO, maço 2, dilig.ª 92), aí pode ler-se que seus avós paternos foram o Dr. Francisco Vaz, Cónego da Sé de Coimbra e Vigário Geral do Bispado, da gente principal dessa cidade e morador nas suas casas de Sobre as Ribas, e Catarina da Cunha, natural de Óbidos.
Parece claro, quanto a mim, que F. Gayo teria feito melhor em seguir o tal “costado que viu”...
Agora pergunto se algum frequentador do Forum conhece estas gentes e pode acrescentar alguma coisa, nomeadamente no que se refere à ascendência do Dr. Francisco Vaz e à da mãe de seu filho, Catarina da Cunha, de Óbidos.
Grato por qualquer comentário, cumprimenta,
António Maria Fevereiro
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro António:
Pois é, e não consegui localizá-lo nos ficheiros da UC a 100%. Ha um por outro Francisco Vaz, para a mesma época, séc. XVI, mas nada de concludente. Não tenho a paternidade nem a naturalidade.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro Pedro,
Muito obrigado pelo interesse!
Pode ser que Francisco Vaz tenha tido um cargozito no SO. Hei-de ver na TT.
Um abraço,
António Maria Fevereiro
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro António Maria Fevereiro.
Escreve o Dr. Manuel da Silva Gaio no seu trabalho de 1934 ou 43, (de momento não sei bem), subordinado ao tema de "Sub-Ripas" publicado na revista "Arquivo Coimbrão", que Francisco Vaz da Cunha era neto do Licenciado João Vaz, fundador da dita Casa conimbricense, de quem foi filho o Dr. António Vaz, nascido na freguesia da Sé, onde viveu em meados e finais do século XVI, sendo gente principal da terra. Este António foi Padre, Lente da Universidade e Doutor, Cónego e Vigário Geral do Bispado de Coimbra, e também Prior em Óbidos, como consta do Processo de Habilitação como Familiar do Santo Ofício de seu neto, Francisco Vaz Perestrelo.
Segundo Silva Gaio, João Vaz "possuía uns velhos pardieiros que deveriam ocupar, a nascente da rua de Sub-Ripas, o terreno mais tarde ocupado pela casa renascença e pelo seu pátio de entrada. Havia apenas, em face dos mesmos pardieiros, no lado oposto da rua, uma torre e um lanço de muralha, que faziam parte da antiga cintura defensiva da cidade. (...) Á volta de 1514 contavam-se já uns 40 anos, que a Câmara da cidade começara a dar de aforamento, a moradores do seu burgo, a torre e o lanço de sobre-a-riba. (...) Ora, bem natural era que o Licenciado, - possuido os pardieiros a nascente -, quisesse, por qualquer título, adquirir a torre e lanço fronteiros. Quanto mais não fosse, para evitar que alguém - vindo acaso a apropriar-se deles, de futuro -, alí edificasse morada e lhe tirasse de todo a vista do arrabalde e das margens do rio. E tratou realmente de os obter - segundo consta dum documento daquele ano de 1514, lavrado em pergaminho pelo Tabelião Gregório Lourenço. (...) Confirmado o contrato da doação, e obtida a necessária licença para construir o balcão ou passadiço - que ía ligar-lhe, galgando a rua, os pardieiros a nascente com o lanço da muralha e a Torre- não tardaria o Licenciado João Vaz em dar princípio à construção consentida e talvez o próprio arco existente, posto haja sofrido, de então para cá, um ou outro reparo parcial".
Prossegue o ensaio de Silva Gaio com uma análise exaustiva da arquitectura da mesma casa, culminando com 2 capítulos em que se fala dos possuidores da mesma e da Família dos Perestrelos de Coimbra. Nele se diz que com a morte de João Vaz, a viúva Bertoleza Cabral ficou na posse das casas. Herdou-as o filho Paulo, que casou com Ana de Carvalho a qual, ao enviuvar se tornou também dona de Sub-Ripas. Nessa altura, João Homem - 2º marido de Bertoleza Cabral -, apossou-se indevidamente dos imóveis, fazendo com que o enteado António Vaz lhas reclamasse à custa de muitos trabalhos e despesas. Ana de Carvalho, ao contrair 2ªs núpcias com um F. de Castro, passou-lhe uma procuração para que as doasse ao mesmo António Vaz, o que ele fez, entrando o dito Licenciado na posse das casas de Sub-Ripas. Segundo o mesmo autor, "foi pelo casamento de Luisa Perestrelo com Francisco Vaz da Cunha, filho do Dr. António Vaz e neto do Licenciado João Vaz, construtor das duas casas de Sub-Ripas - que estas vieram para a posse da família dos Perestrelos de Coimbra, nos fins do século XVI ou princípios do seguinte."
Espero que esta informação lhe seja de alguma utilidade.
Os melhores cumprimentos,
António Pedro de Sottomayor
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro António Pedro de Sottomayor,
Muito obrigado por se ter dado ao trabalho de transcrever tão interessante texto dando-me a conhecer mais uma geração neste ramo.
Noto agora que tenho vindo a chamar Francisco ao Dr. António Vaz, filho do Ld.º João Vaz. Tal não seria grave não fora o facto de ter induzido em erro o confrade Pedro França que certamente andou a perder o seu precioso tempo à procura da pessoa errada. Espero que ele me leia e perdoe a distração, pois relendo os apontamentos que colhi do processo de habilitação ao SO de Francisco Vaz Perestrelo lá está, preto no branco (um pouco apagado pelos 400 anos em que foi escrito), o nome de António Vaz!
Se bem o interpretei, posso esquematizar assim os dados que me trouxe:
Ld.º João Vaz, dono das casas de "Sub-Ripas", em Coimbra, c.c. Bertoleza Cabral (que depois de enviuvar casou com João Homem). Tiveram a:
Paulo, c.c. Ana de Carvalho
Dr. António Vaz, n. Coimbra, Sé, Cónego e Vigário Geral do Bispado de Coimbra, etc. O qual, provavelmente quando foi Prior de Óbidos, teve de Catarina da Cunha, natural dessa vila, a:
Francisco Vaz da Cunha, c.c. Luísa Perestrelo
e "outro filho que faleceu" (no processo para o SO acima citado)
É curioso o facto de Francisco Vaz da Cunha ter ido buscar o apelido à mãe, tratando-se de um filho natural. Quem seria esta Catarina da Cunha, de Óbidos? Tem conhecimento de algum documento de legitimação?
Muito agradeço o seu interesse.
Os melhores cumprimentos do,
António Maria Fevereiro
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro António Maria Fevereiro.
Tenho comigo alguns apontamentos sobre este assunto recolhidos por meu Avô António de Sequeira Sottomayor, os quais acrescentam alguns pormenores às informações que já tem.
1- Junto ao Processo Penal do Santo Ofício Nº 7062 da Inquisição de Coimbra que se encontra na Torre do Tombo, que é referente a D. Margarida de Melo, está um longo apontamento onde se diz que Bento da Cunha Perestrelo era filho de Francisco Vaz da Cunha e de sua mulher D. Luisa Perestrelo (sobre estes sugiro que consulte neste forum o tema "Morgadio de Papo de Perdiz, em Coimbra"), neto do Dr. António Vaz e de sua mulher Claudina da Cunha (note que aqui se lhe chama Claudina e não Catarina !), natural de Óbidos, e bisneto de João Vaz e de sua segunda mulher Domingas Pires (afinal, não será a tal Bertoleza Cabral ).
2- O Dr. José Pinto Loureiro, advogado em Coimbra (em meados do século XX), publicou um estudo "Novos subsídios para a biografia de Camões". Num trecho, a fls. 55, em que se procura identificar o ascendente de Luís de Camões, João Vaz, mencionam-se vários do mesmo nome e da mesma época e diz-se o seguinte, que meu Avô extraíu em Agosto de 1945: "Pelo mesmo tempo existia em Coimbra outro Licenciado João vaz, licenciado não se sabe por que Faculdade ou mesmo por que Universidade porque esta só veio transferida para Coimbra em 1537 e ele já era Licenciado e Vereador em 1514 e 1516 e voltou a ser Vereador em 1520. A sua assinatura - que no livro se reproduz em fac-simile - consta do auto de apresentação do foral em Cernache lavrado em 1515 e dos livros da Câmara de Coimbra, parecendo dever ler-se como "Johonnes Vz". Esse Licenciado exerceu durante algum tempo, por falta de Juiz de Fora, as funções deste. Foi dono do prédio de Sub-Ripas onde fez obras e transmitiu a seu filho, o Dr. António Vaz, Lente da Universidade, um dos arguentes no acto de licenciatura de D. António, Prior do Crato, realizado na Casa do Conselho do Mosteiro de Santa Cruz em 25 de Maio de 1551. O Licenciado João Vaz foi casado com Dominga Pires e teve como descendentes não só o Dr. António Vaz, mas Simão Caz e Ana Vaz (*) e era falecido em 1546. Dominga Pires, figura como madrinha no baptizado de um filho de Nuno de Parada, que foi Escrivão da Câmara, efectuado em 15 de Março de 1523."
(*) Segundo meu Avô "há grande confusão à roda desta Ana Vaz que aparece confundida com Joana Vaz, a célebre escritora que foi do cenáculo da Infanta D. Maria. Barbosa Machado dá Joana Vaz como filha do Licenciado João Vaz e irmã do cónego António Vaz. Como aquele não teve, segundo parece, senão uma filha de nome Ana, assim se chegou, como ensina D. Carolina Michaelis de Vasconcelos ("A Infanta D. Maria", pág. 103 nº2), a considerar-se os dois nomes, Ana e Joana, como da mesma pessoa. Diz, porém, Pinto Loureiro que não tem razões para dizer que os Arquivos se não venham a exprimir sobre o caso em diferente sentido".
3- Do livro "Da instituição dos Registos Paroquiais em Portugal", da autoria de António Machado de Faria de Pina Cabral, Lisboa 1932, separata do Vol. X da "Arqueologia e História". Ao referir-se a um livro de Registo Paroquial que teve princípio em 1510, pertencente à extinta freguesia de S. Tiago de Coimbra, e se encontra no Arquivo da Universidade, tem o autor a seguinte nota: "A primeira folha tem assentos de 1530 e por ter sido deslocada do lugar competente, onde tinha o nº 32, ficou precedendo as dos assentos de 1510 e dos anos seguintes. Os assentos deste livro compreendem o período de 1510 a 1569 e nos actos que eles registam tomaram parte, quer como pais dos baptizandos, quer como padrinhos, figuras de alto valor na sociedade coimbrã de quinhentos e notáveis artistas, cientistas, cortesãos, etc. Citaremos alguns como o Doutor Pedro Nunes, matemático, o Doutor Diogo de Gouveia e Diogo de Castilho, João de Ruão, Lucas Fernandes, todos imaginários, Simão de Évora, pedreiro, além de muitos fidalgos da Casa Real, oficiais da governança da terra, lentes, físicos, estudantes, lavrantes de prata, ourives, gente da Casa do Bispo, criados e carpinteiros do Conde D. Pedro, etc. Ainda merecem referência o licenciado João Vaz fundador da Casa de Sub-Ripas e pai de Joana Vaz, a latina, D. João de Meneses, filho de D. Jorge de Meneses, António de Alpoim, pai do Doutor Pedro de Alpoim que morreu decapitado por ser amigo e companheiro do Rei D. António, D. Pedro de Meneses, D. João de Mascarenhas, D. Pedro filho do Conde da Feira, D. João de Portugal, D. Jorge filho do Comendador de Castanheira, D. João filho do Arcebispo de Lisboa e D. João filho do Duque de Aveiro."
É tudo !
Os meus melhores cumprimentos,
António Pedro de Sottomayor
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro António Pedro de Sottomayor,
Agradeço imenso as informações que, mais uma vez, se deu ao trabalho de transcrever.
Parece então que a mãe de António Vaz seria, na verdade, Domingas Pires.
Quanto a Claudina por Catarina, relendo os apontamentos que tomei do processo da hab. ao S.O. já referido, anotei o seu nome como "Claurina". Como não se parecia com coisa nenhuma assumi que seria Catarina. Agora não duvido que seja Claudina!
Muito obrigado e melhores cumprimentos,
António Maria Fevereiro
PS: Tendo aqui lido do seu interesse por Sottomayores, nas suas diferentes grafias, atrevo-me a perguntar se tem conhecimento de um Abel Sotto-Mayor, natural dos Açores, Angra, Ilha Terceira, nascido ca. 1880, casado com Regina Ribeiro, de Ponta Delgada?
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro António Maria,
Sobre a Casa de Sub-Ripas (penso ser este o nome correcto) consulte o tópico sobre o Morgadio do Papo de Perdiz http://genealogia.netopia.pt/forum/msg.php?id=66460
Será talvez importante ler também o trabalho de Luis Bivar Guerra "O Morgadio do Papo de Perdiz". Bivar Guerra dá Francisco Vaz da Cunha como filho do Rev. Dr. António Vaz, Conego da Sé de Coimbra, Lente da Universidade, provisor e vigário-geral do Bispado, n. em Óbidos onde fora prior de uma das freguesias. Teve o filho de Claudina da Cunha, que casou depois com um homem de Óbidos. Neto do Licenciado João Vaz e de s.m. Bertoleza Cabral.
Se quiser empresto-lhe este estudo. Telefone-me e combinamos.
Um abraço
Lourenço
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Meu Caro Lourenço,
Muito obrigado pela sugestão de consulta e pelo empréstimo d'"O Morgadio do Papo de Perdiz". Depois telefonar-lhe-ei para combinarmos.
Um abraço do
António Maria
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caros António Maria Fevereiro e restantes colegas:
Intervenho neste tópico antigo para informar que a discussão da possível ascendência de Joana Perestrelo, de Coimbra, casada com o Licenciado João de Matos, me levou a descobrir este tópico.
Atendendo à cronologia e aos apadrinhamentos, admito que Joana Perestrelo possa ser irmã de Jerónima Perestrelo, avó materna do FSO Francisco Vaz Perestrelo.
Resumi a informação actualmente conhecida sobre Joana Perestrelo no tópico "Beja Perestrelo, de Coimbra - João de Matos e Joana Perestrelo (séc. XVI)":
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=263691
Com os melhores cumprimentos,
Rui Pereira
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RE: Beja Perestrelo
Caro Rui Pereira:
Vi, há anos, vários assentos nos paroquiais de Coimbra com dados sobre os "Beja Perestrelo" ligados a "Juzartes". Pelo que me lembro, seriam da primeira metade do século XVI (julgo que segundo quartel). Mais antigos que a Joana Perestrelo de que fala. Vou tentar encontrar as notas que na altura tomei.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Beja Perestrelo
Caro António Taveira:
Muito obrigado pela sua resposta.
Já encontrei uma referência a uma ligação dos Beja Perestrelo aos Juzarte nos paroquiais de Santa Justa, mas não é ainda claro se a própria Joana Perestrelo entronca nos Juzartes ou não.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Pereira
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RE: Morgado de Sobre Ribas, Coimbra
Caro Rui Pereira,
Muito obrigado pelo interesse. Tinha esta linha parada há muito tempo por falta de mais fontes. Vou seguir com atenção o desenvolvimento do seu tópico.
Os melhores cumprimentos do,
António Maria Fevereiro
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