Morte de D. Miguel - 1866
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Morte de D. Miguel - 1866
Carissimos
Procuro informação sobre as cerimónias do enterro de D. Miguel no Convento dos Franciscanos de Engelberg (Austria) e nomeadamente os nomes de portugueses que se tenham deslocado para assistir às exéquias.
Muito grato
Fernando Figueirinhas
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RE: Morte de D. Miguel - 1866
(...)
"Chegara o Natal de 1866. Em Lisboa, a missão portuguesa que irá assisitr à inumação do corpo do Rei na cripta de Engelberg, prepara-se para seguir viagem, cumprindo assim o desejo patriótico da Rainha.
Compõem essa missão, o Marquês de Abrantes, o Conde de Almada, o Conde de S. Martinho, o Conde da Redinha, José Correia de Sá, António Coutinho Pereira de Seabra e Sousa, D. Luis de Vasconcelos Carvajal e José Xavier Teixeira de Barros.
Em Bronnbach, onde chega a 6 de Janeiro, espera-a o carinho da Rainha Senhora Dona Adelaide e o afecto do Príncipe Real e das Sereníssimas Infantas, formosas como estrelas do céu. Em todos e em tudo transparece a intenção de honrar aqueles homens leais e dedicados que de tão longe vieram para prestar a derradeira homengame ao seu Rei.
Gomes de Abreu, o preceptor ilustre, o precioso auxiliar da Rainha na educação de seus Filhos, fala àqueles amigos fiéis na grande esperança que para todos deve ser o Príncipe Dom Miguel; ele tem conduzido a sua inteligência, e do seu coração generoso e puros sentimentos é garantia a herança do sangue que lhe gira nas veias.
A 11 de Janeiro, a delegação portuguesa acompanha a Klein-Heubach o Senhor Dom Miguel II, e hospeda-se no Palácio do Príncipe Carlos que recebe os partidários de seu Sobrinho cumulando-os de atenções. No dia seguinte terá lugar a cerimónia de inumação, em Engelberg.
A Igreja conventual está de alto abaixo coberta de longos panejamentos negros sobre os quais sobressaem as Armas de Portugal.
Sobre uma espécie de tarimba rodeada de pesados tocheiros de prata, o ataúde. Quando o Príncipe e o seu séquito entram na Igreja, os franciscanos entoam o ofício de defuntos.
O celebrante, de capa de asperges, acompanhado segundo o rito pelo diácono, e levando o sub-diácono a cruz alçada entra na capela (a capela lateral da Igreja de Engelberg é o Panteão da Família dos Príncipes de Löwenstein), seguido de todos os presentes.
Os criados retiram as luzes que circundam o féretro e levantam a tampa do terceiro caixão. Então o Marquês de Abrantes encerra numa pequena caixa de metal o auto em que os monges do Convento e o Príncipe de Löwenstein atestam que naqueles caixões se contêm os despojos mortais do Rei Dom Miguel I, que eles todos ali viram encerrar e tiveram em custódia até à chegada da missão portuguesa.
Na mesma caixa fica também um documento atestando que os portugueses se conformam com a garantia que lhes foi dada de ali se encontrar o corpo do seu Rei, por não ser possivel fazer a verificação em virtude do corpo não ter sido embalsamado, cumprindo-se assim as últimas disposições do Senhor Dom Miguel.
Depois, fechado e selado com os sinetes das Casas de Abrantes, de Lavradio e da Redinha, o caixão desce à cripta e o celebrante faz a aspersão, passando em seguida o hissope às mãos do Príncipe que o entrega segundo a ordem hierárquica a cada um dos portugueses.
Está concluída a cerimónia: lentamente, todos abandonam a Igreja".
(...)
In "Dom Miguel II e o seu Tempo", de Manuel Galvão, Lisboa 1943, pg. XXIV a XXVI.
Cumprimentos
José Gomes
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