D. Antonio I foi Rei ou não ?
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D. Antonio I foi Rei ou não ?
Caros confrades
Hoje nas noticias das 20 horas, foi dito que houve um leilão de moedas antigas, e que a mais valiosa, rara, avaliada em 40.000 € era um real de D. António I. Tenho visto por aqui que não foi Rei, mas assim, como mandou cunhar moeda sem reinar ?
Cumprimentos
Joaquim Reis
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RE: D. Antonio I foi Rei ou não ?
Julgo ter lido que D. António foi aclamado rei e assim se manteve por alguns meses, até à intervenção de Filipe segundo de Espanha, primeiro de Portugal.
Cumprimentos,
Duarte CB
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RE: D. Antonio I foi Rei ou não ?
Boa noite, caro Joaquim
Numismaticamente falando, Portugal teve vários reis sem coroa.
A cunhagem de moeda própria é uma forma de fazer reconhecer uma soberania, ou uma demonstração de poder.
Não é por acaso que, actualmente, muitos dos Estados ou Territórios que lutam pela independencia (Kurdistão, Cabinda, Republica Sarawai, por exemplo) cunham moeda própria antes de serem independentes. É uma forma de rebelião contra o Estado que consideram ocupante e, ao mesmo tempo, uma demonstração de autonomia económica e financeira.
Durante a Guerra Civil Espanhola, praticamente todas as provincias cunharam moeda própria, que circulava a par da peseta nessa provincia.
Na idade média, as cidades que gozavam de alguma autonomia faziam questão de ter a sua própria moeda. Durante o domínio Romano, as grandes cidades tinham a sua própria moeda.
Regressando ao caso português temos a comprovar o supra dito:
Domínio Romano
São conhecidas moedas cunhadas nas seguintes cidades:
Baesuri (actual Castro Marim)
Balsa (Tavira) - Tenho 1 na minha colecção
Brutobriga (desconhece-se a sua localização exacta)
Cilpes (Silves)
Dipo (Elvas)
Ipses (Alvor)
Liberalitas Ivlia (Évora) - Tenho 1 na minha colecção
Murtili (Mértola)
Ossonoba (Faro)
Pax Ivlia (Beja)
Imperatoria Salacia (Alcácer do Sal)
Sirpa (Serpa)
Algumas destas cidades cunharam moeda própria durante o domínio Visigodo, tendo-se-lhes juntado outras, como:
Bracara (Braga)
Elissabona (Lisboa)
Portocale (Porto)
Egitania (Idanha-a-Venha)
Eminio (Coimbra)
Monecipio (Monsanto)
Pannonias (Panóias)
Veseo (Viseu)
Durante o domínio árabe, no tempo conhecido pelo período do Reino das Taifas, as cidades que se transformaram em reinos cunharam moeda própria, foi o caso de:
Mértola
Beja
Silves
Entrando agora no período da Monarquia, temos as primeiras moedas portuguesas a surgir durante o reinado de D. Afonso Henriques.
Este rei cunhou moedas de dois valores, o Dinheiro e a Mealha (que valia 1/2 Dinheiro)
D. Sancho I, cunhou o Morabitino, a primeira moeda em ouro, que valia 180 Dinheiros
O primeiro rei a colocar uma figura coroada na moeda foi D. Fernando I.
Com o fim do reinado de D. Fernando, dá-se o 1º Interregno.
Neste período contorbado, surge o primeiro caso de edição de moedas de reis sem coroa em Portugal.
D. Beatriz manda cunhar um Real em Prata, que tem no anverso o seu busto lateral, surgindo coroada. Esta moeda terá sido cunhada em Santarém.
Simultâneamente, D. João, enquanto regedor e Defensor do Reino, manda cunhar, igualmente, moeda própria, também em prata.
Esta moeda é diferente daquela que surgirá posteriormente, quando D. João passa a ser rei de Portugal.
Com a morte de D. Sebastião, D. Henrique cunha moeda própria, pondo fim às moedas da Segunda Dinastia.
Dá-se, então, o 2º Interregno.
Os 5 governadores eleitos nas cortes de Lisboa, mandam cunhar moeda própria, constando na legenda Governadores e Defensores do Reino.
Entre 1580 e 1583, D. António Prior do Crato edita, igualmente, moeda própria.
Tais moedas, em geral, são dificieis de encontrar, mas não demasiadamente raras, salvo a de 500 Reais em ouro, de que são conhecidos apenas 3 exemplares e as de 1000 Reais, que surgem em catálogo com a indicação de raras.
D. António, cunhou pelo menos 9 tipos de moeda com valor diferente.
A correr em simultâneo, encontravam-se as moedas de Filipe I, rei de Portugal.
Com reimplantação da independencia em 1640, D. João IV inicia a cunhagem de moeda portuguesa para, em 1663, no reinado de Afonso VI, surgir a primeira moeda datada em Portugal.
A moeda também é usada para consolidar mudanças politicas e de regime. Com a implantação da República, o sistema monetário foi alterado para o Escudo, uma forma de apagar da memória do povo os "Reis". De uma forma diferente, em 2002, Portugal assume a integração europeia com a adesão ao Euro, dando uma machadada (na visão dos mais cépticos e nacionalistas) na soberania portuguesa.
Também as Colónias e as regiões autónomas tiveram moeda própria.
Existem moedas cunhadas para as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, não só durante o período monárquico mas até na República.
Macau teve moeda própria até à sua integração na China e todas as colónias, incluindo as cidades indianas tiveram edições próprias de moedas.
Esperando ter sido elucidativo, apresento os melhores cumprimentos
Nuno Inácio
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Para o Joaquim Reis
Caro Joaquim:
Este é mais um caso polémico de rei que embora tendo sido, fugia à regra sucessória. Mas foi rei à morte do cardeal D. Henrique que rejeitou sempre que este seu sobrinho pudesse ter largado o Priorado do Crato e a Ordem dos Hospitalários, assim como o reconhecimento do casamento de seus pais: o infante D. Luís, irmão mais velho do cardeal, e D. Violante Gomes, da pequena nobreza do Reino e falsamente tida e reputada de cristã-nova.
À morte de D. Sebastião em 1578 já D. António havia manifestado as suas pretensões ao trono mas sempre contrariado pelo tio. À morte deste, voltou a apresentar a sua candidatura embora ao tempo pudesse antever que o páreo não ia ser fácil dada a força e poder dos demais candidatos.
De toda a maneira, D. António foi aclamado (um tanto na esteira do Mestre de Avis, depois D. João I) em várias localidades do País, algumas delas como sendo Lisboa, Santarém, Setúbal,...
É certo que em Portugal continental D. António apenas "reinou" algum tempo, o suficiente para que tivesse mandado cunhar moeda. Com achegada dos Filipes, ele partiu para os Açores onde ainda permaneceu por mais três anos, tendo largado depois para França onde veio a falecer.
Está sepultado em Rueil, perto de Paris, creio que em sepultura simples.
Um abraço.
Sempre,
Pedro FRança
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RE: D. Antonio I foi Rei ou não ?
Caros confrades
Já tinha dado conta que D. António não constava na lista dos Reis de Portugal, aqui no Genea!
Que grande injustiça, nem que o fosse só por três minutos quanto mais por três anos!!!
D. António só pode ter sido Rei de Portugal, porque ele tinha os Homens de Panoyas todos com ele, tal e qual como D. Afonso Henriques!!!
Entre os muitos, só para mencionar Bernardo Moniz da Silva, que foi comendador de Panoyas e descendente de D. Diogo da Azambuja, o da Mina aquele que levou Colombo, ou seja o mesmo que estava com D. João II em Palmela, pela morte de D. Diogo.
D. António depois de ser vencido e escorraçado pelos castelhanos, sabia muito bem onde podia ainda contar com o apoio dos Homens de Panoyas, por isso se refugiou nos Açores, Odemira e Algarve. Homem muito culto, poderá ser considerado um iluminado, ele também sabia da origem do conde D. Henrique, por isso escreveu Panegyris Alphonsi primi Lusitanorum Regis,
Cumprimentos
Zé Maria
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RE: D. Antonio I foi Rei ou não ?
Este assunto já aqui foi debatido: http://genealogia.netopia.pt/forum/msg.php?id=56602#lista
E aqui tem a resposta: http://www.casareal.co.pt/casareal/cronologia/index.ph
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RE: D. Antonio I foi Rei ou não ?
Este assunto já aqui foi debatido: http://genealogia.netopia.pt/forum/msg.php?id=56602#lista
E aqui tem a resposta:
http://www.casareal.co.pt/casareal/cronologia/index.php
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D.António era da FAMÍLIA
Caro José Duarte,
Procurei mas não encontrei maneira de mandar uma mensagem.
Se conhece alguma forma de entrar em contacto com quem faz a manutenção do site da Casa Real, peço-lhe encarecidamente que sugira a correcção urgente de 'Familia' para 'Família' (com acento). Que mau número ...
Cumprimentos.VF
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D. Antonio I foi Rei ou não ?
Caro, Nuno Inácio obrigado por este esclarecimento. Tendo em conta a informação detalhada que partilhou permita-me que lhe coloque uma questão para a qual não consigo obter resposta.
O Sr. diz que "Com a morte de D. Sebastião, D. Henrique cunha moeda própria, pondo fim às moedas da Segunda Dinastia."
A minha pergunta é a seguinte, conhece-se alguma moeda cunhada por D. Henrique o castro?
Com os melhores cumprimentos
Mário Belo Pedro
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