Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
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Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Peço ajuda aos mestres do assunto, pois tenho a impressão que irá interessar à muitos.
Muitas legítimas Ordens, especialmente de cavalaria e honrarias, ainda existem mesmo que possuam origens remotas na Idade Média.
Digo legítimas por deverem sua criação diretamente de reis e que, investidos do poder de então, podiam confer graus à pessoas mesmo àquelas que não possuissem comprovadamente qualquer herança genética de nobreza; esses graus eram outorgados pelos mais diversos méritos e valores.
Muitas desses Ordens subsistem, formaram capítulos autônomos e devidamente regulares perante a legitimidade podem continuar a honrar pessoas com graus de Cavaleiro ou Comendador, por exemplo os mais corriqueiros.
Aqueles que recebem esses títulos certamente sentem-se homenageados e, dependendo da razão, sentem-se realmente reconhecidos. Sem dúvida isso é no mínimo uma fidalguia, quando o motivo for mesmo assim de sã consciência.
Entretanto qual o valor real desses títulos perante a heráldica mais tradicional ou à Nobreza, ou seria ainda à Pequena Nobreza?
Qual seria o valor desses títulos, nesse contexto, se forem recebidos de capítulos autônomos que, mesmo que regularmente constituídos, talvez não estejam mais sob a tutela de um título nobre, como um Marques, por exemplo?
Esses títulos poderão ser considerados de família ou hereditários?
E, finalmente, como ainda poder diferenciar um grau desses, Cavaleiro ou Comenda, de tantas outras organizações que não têm origem nobre (ainda que possam ser execelentes organizações), ou pior de tantas outras organizações que vulgarizam esses graus?
Obrigado
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Meu caro
Que grande confusão aqui vai. Vou tentar explicar isto de modo sintético e simples.
Primeiro temos que distinguir dois tipos de Ordens, mesmo que tendo o mesmo nome, se distinguem no tempo. Inicialmente as Ordens tinham cariz militar e/ou religioso sendo os graus atribuidos dentro destas pelo seu mestre ou comendador-mor. Depois as ordens foram transformadas em honoríficas em que os graus representam uma honra que é dada a alguém pelo Rei ou depois por outras entidades como hoje sucede.
Os títulos das Ordens não conferem ao seu dignatário qualquer honra de Nobreza, o que era obtido por nascimento (de sangue) e reconhecimento real. Assim é possivel a um nobre não ter qualquer grau em nenhuma das ordens e igualmente o inverso, apesar de neste caso isso ser mais complicado, pois numa fase inicial os membros das Ordens serem quase todos eles provenientes da Nobreza.
Nenhum dos títulos quer de Nobreza quer de membro duma Ordem lhe confere direitos heráldicos (ao uso e porte de armas) o que se obtinha igualmente por carta real em que era expressa de atribuição de armas
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
(continuação da mensagem anterior)
A atribuição de armas essa era reservada aos Nobres, mas nem todos os Nobres as recebiam ou pediam (até porque esse pedido implicava pagamentos à Casa Real que alguns não queriam fazer)
Pelo que disse não há por isso qualquer hierarquia entre títulos de nobreza e graus das ordens, no entanto quer nuns quer nos outros existe uma hierarquia própria.
Por regra, todos os títulos de nobreza, graus das ordens e armas são pessoais e não hereditários, contudo nalguns caso os títulos de nobreza (e apenas esses) podem ser atribuidos por várias (n) vidas, ou seja passados a n das gerações seguintes do agraciado.
Nas ordens antigas o grau mais baixo é o de Cavaleiro seguindo-se depois o de Comendador e finalmente Mestre ou Comendador-Mor. Nas ordens actuais o grau mais elevado é a Grande-Cruz.
Sugiro-lhe ainda as páginas das Ordens Honorificas Portuguesas que se encontra no site da Presidência da República, que trata muito bem este tema, como fonte de mais informação.
Esperando que tenha ajudado, aceite os meus cumprimentos,
Rui Correia
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Caro Rui Correia
Perdoe-me apenas umas achegas:
As armas são pesssoais mas o direito ao seu uso é hereditário. Bastará ler qualquer carta de armas para o confirmar.
Por outro lado a Ordem de Cristo, de certo modo, atribuia nobreza, já que apenas era dada a quem era nobre (se bem que o Rei pudesse dispensar as provanças...).
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Muito obrigado caro Rui Correia
Realmente, ao ler minha própria mensagem inicial, verifiquei tê-la deixada um tanto caótica, provavelmente pelo poder de síntese que perdi devido ao adiantado da hora. A complicação conceitual também se deve, é fato, à um inexperiente do assunto.
Entretanto dada a clareza e gentileza com que me respondeu acredito que tenha me comunicado. Sobrou-me, ainda assim, uma dúvida:
Eis a(s) dúvida(s) redigida(s) em forma de afirmação:
-Um título de Barão, por exemplo, podia agraciar alguém mesmo sem ascendentes nobres e era atribuído pelo realeza, com ou sem Armas. Os descendentes desse barão, ainda que sem possuir o título, gozavam de reconhecimento social devido ao antepassado possuir tal título e, portanto, possuiam uma posição social diferenciada.
- Os graus das Ordem Militares criadas pela realeza, e algumas dessas transformadas hoje em dia em honoríficas, elevavam ou elevam o indivíduo a uma condição também diferenciada, senão de nobreza (é evidente) a uma fidalguia que podia fazer o titulado pertencer à Corte, seja no passado ou no presente se existir um regime monárquico que reconheça tais Ordens. Será que ainda faço muita confusão conceitual?
- Quanto às Armas um indivíduo podia eventualmente recebê-las da realeza, perante às "taxas de manutenção", um tipo de imposto, ou as abdicava, como já explicado, por esses mesmos custos. Todavia alguém agraciado por uma Ordem passava a ter o direito de uso das insígnias da ordem que foi agraciado. Será verdade?
Muito obrigado
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Obviamente nisto o João tem muito mais experiência e conhecimentos que eu e por isso o grande valor das suas achegas.
Sei que é normal as cartas de armas dizerem dessa herança mas se não o fizerem expressamente são elas herdáveis? E ad eternum?
Quanto à Ordem de Cristo falamos de época? A Ordem instituida por D. Dinis em que os Cavaleiros eram Nobres ou falamos já da ordem não militar? Ou da Ordem honorífica? São casos distintos e era o que queria dizer. As coisas nem sempre significaram o mesmo apesar de terem a mesma designação.
Abraços,
Rui
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Á primeira das perguntas reponderia que sim, para todo o sempre, com as excepções previstas (lesa magestade,etc, etc). Nas ordenações foram estabelecidas as diferenças para as armas, de acordo com o modo como chegam ao pretendente e, salvo erro, há diferenças definidas para até 3 quebras de varonia consecutivas.Isto não pode ser interpretado, segundo penso embora saiba que há diferentes interpretações, que apenas se permitiam estas quebras consecutivas, até pelo ilógico da situação mas que apenas para etas se definiam as diferenças.
Também não conheço nenhum texto de CBA em que se não refira explicitamente o direito de as passar aos seus descendentes, embora não possa afirmar que tal nunca aconteceu.
Quanto à segunda questão referia-me até ao fim do "Ancien Regime", depois não estou certo. E, mesmo assim, a O X foi dada a não nobre só que foram nobilitados nessa altura, segundo ccreio.
Abraços
Joao
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Caro Correia,
Reconhecendo a minha ignorância, poderia-me explicar qual a diferença entre ordens menores maiores?
Antecipadamente grato.
Cumprimentos,
António Franco
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
Caro João Cordovil,
Reconhecendo a minha ignorância, poderia-me explicar qual a diferença entre ordens menores maiores?
Antecipadamente grato.
Cumprimentos,
António Franco
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RE: Graus nas Ordens - Cavaleiros e Comendadores
As ordens menores e maiores não têm que ver com as Ordens Militares, Religiosas ou honorificas (ou seja Organizações ou títulos) mas com sacramentos da igreja católica (pré Vaticano II)
E por isso acho que o que vem na Wikipedia serve para explicar o que pergunta
"Este sacramento chama-se Ordem, porque coloca os que o recebem numa ordem diferente da dos fiéis, designando um estado permanente de ministros da Igreja, chamado Ordem Clerical, distinto de outro estado, chamado Ordem Leiga.
Em virtude do Batismo e da Confirmação, todos os fiéis participam do sacerdócio de Jesus Cristo. Mas os que recebem o sacramento da Ordem têm, além disso, o sacerdócio ministerial ou hierárquico, que se diferencia do sacerdócio comum dos fiéis "essencialmente e não apenas em grau" (Lumen Gentium, 10).
Antigamente, a cerimônia de recepção ao estado eclesiástico era feita pela tonsura.
E, também, o sacramento da Ordem era dividido em duas hierarquias:
* Ordens Menores, as que não consagravam de modo definitivo quem as recebia: ostiário, leitor, exorcista e acólito.
* Ordens Maiores, as que consagravam de modo definitivo ao serviço de Deus: subdiaconato, diaconato, presbiterado e episcopado.
O Concílio Vaticano II extinguiu as quatro Ordens Menores e o subdiaconato, por não serem ordens propriamente ditas. Pelas Letras Apostólicas Ministeria Quædam, de 15 de agosto de 1972, o Papa Paulo VI manteve o leitorato e o acolitato como ministérios da Igreja Latina, podendo ser concedidos a leigos e sendo obrigatórios aos candidatos ao diaconato e ao presbiterado. Com a denominação de apenas Ordem ficaram os graus de: diaconato, presbiterado e episcopado."
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