João Marcellino Arroyo
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João Marcellino Arroyo
Caro ABRibas,
Seria possível deixar-me a informação que possui relativamente à família Arroyo, em particular, sobre João Marcellino Arroyo?
Muito obrigada
MOPacheco
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RE: João Marcellino Arroyo
Sobre estes Arroios deixo aqui o que vem escrito por João-Heitor Rigaud no programa de uma sua conferência musical, em 13 de Fevereiro de 2009, sobre a família Arroio, integrada num ciclo de Conferencias Musicais sobre o Romantismo Portuense na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, produzido pela Juventude Musical Portuguesa - Porto:
"13 de Fevereiro - Visita à família Arroyo
No início da década de vinte do século XIX, o músico João Marcelo Arroyo, natural de Córdova e falecido no Porto, em 23 de Julho de 1844, com 52 anos de idade, trouxe para esta cidade a família que constituíra no meio aristocrático de Irún. Todos os seus cinco filhos conhecidos viveram para a música: José Francisco, nascido ainda em Irún, foi um compositor, chefe-deorquestra e clarinetista de enorme sucesso, João Emílio, grande flautista, primeiro flauta da orquestra do Real Teatro de S. Carlos, de Lisboa, professor de flauta do Real Conservatório de Lisboa, foi o primeiro flautista português a utilizar a flauta sistema Boehm, António Maria, pianista e violoncelista, foi um respeitadíssimo professor que teve a glória de acompanhar ao piano Bernardo Valentim Moreira de Sá nas sua primeiras
apresentações públicas, Marcelina casou com o eminente trompetista brigantino Francisco António Rabal, o único músico que dava recitais a solo em clarim de pistões, e Margarida Antónia casou com o flautista Hipólito Medina Ribas.
José Francisco Arroyo, cujo sucesso profissional foi notório, recebeu o convite, por parte dos mais influentes músicos portuenses, incluindo o seu cunhado Hipólito e Nicolau Medina Ribas, para suceder a João António Ribas à frente da União Musical, importante e discretíssima associação profissional; fora, também, em 1846, com Francisco Eduardo da Costa, um dos fundadores do Montepio Filarmónico Portuense de protecção aos músicos necessitados e outros artistas que dele necessitassem. A partir de 1862, já estabelecido com importante casa comercial na Rua de Santo António, nº 105 a 109, viu a sua reputação de Portuense respeitável e aristocrático fortemente consolidada, no entanto, padecendo de burnout, doença profissional com forte incidência entre os músicos, proibiu os filhos, a quem deu esmeradíssima educação, de serem músicos: dele disse Bernardo Valentim Moreira de Sá, um jovem muito da casa que pode bem ser considerado seu sucessor, que "era um músico que detestava a sua profissão, mas uma pessoa inteligente e sensível".
Os cinco filhos de José Francisco Arroyo, José Diogo, António José, Rita Hilária, João Marcelino e Josefa Beatriz, foram pessoas excepcionalmente dotadas para a música que exerceram com notável competência, embora sempre acumulando com outra profissão em obediência às orientações do seu grande e respeitadíssimo Pai.
José Diogo, nascido na Rua Formosa, em 23 de Julho de 1854, e falecido na Foz, em 16 de Novembro de 1925, deixou memória de admirável pianista e, doutorado em Química pela Universidade de Coimbra, foi lente de Química Inorgânica da Academia Politécnica do Porto e director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, sendo-lhe atribuída a paternidade da Engenharia Química, fundador da Sociedade Portuguesa de Química, foi Deputado e Par do Reino, Governador-Civil do Porto e fundador, proprietário e director do Jornal de Notícias, fundador do Club da Foz e patrono de uma associação de socorros mútuos que tinha o seu nome. Foi Pai de Berta Ramos Arroyo Nogueira Pinto, notável cantora que, tal como sua Tia Beatriz, fora aluna de Luísa Chiaramonte, cantora e pianista que deixou vasta obra na cidade do Porto. António José, engenheiro de profissão, Deputado durante algum tempo, foi um respeitado inspector do ensino técnico e um crítico de arte valiosíssimo. Era cantor e tocava piano com suficiente competência para divulgar, através da partitura vocal, o que de mais recente se ia fazendo no domínio da ópera. Rita Hilária casou com um médico algarvio e mudou-se para Faro dedicando a sua vida à família.
Josefa Beatriz, a filha mais nova de José Francisco Arroyo, deixou memória de grande cantora e João Marcelino foi um caso ímpar de sucesso em três ramos de actividade: o Direito Civil, em que era doutorado com tese sobre a sucessão legitimária, tendo exercido como professor da Universidade de Coimbra; a política, foi Deputado e Par do Reino, durante mais de vinte anos, tendo deixado importante obra oratória, e Ministro da Marinha, da Instrução Pública e dos Negócios Estrangeiros; e a música, a sua verdadeira vocação, onde, quer como pianista, quer como compositor e chefe-de-orquestra, obteve reconhecimento internacional que chegou a superar o do seu próprio país. Foi o fundador do Orfeão Académico de Coimbra, com o qual estreou, em Portugal, a obra de Richard Wagner que, na época, ainda estava vivo e activo, foi patrono da Associação de Socorros Mútuos João Arroyo e do Centro Eleitoral Regenerador João Arroyo, no Porto, Juiz do Tribunal de Contas, Administrador da CP, Sócio Efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e coleccionador de
arte. Por testamento da Viúva, foi criada, pelo Estado, a Fundação Artística João Arroyo para divulgação da obra musical do seu patrono e apoio aos jovens músicos, visto que os herdeiros do remanescente da sua avultada herança, os Conservatórios de Lisboa e do Porto, recusaram recebê-la."
João-Heitor Rigaud
Contribuições musicais:
José Francisco Arroyo
Hino aos Artistas Portuenses, para soprano, coro e piano Esquisses, op. 1, para piano
La Prima Lettera, op. 17, para soprano e piano
João Marcelino Arroyo
Leonor Teles, op. 20, ópera
- monólogo de Leonor - 2ª cena do 2º acto, para soprano e piano
Cancioneiro:
- Sete Anos de Pastor Jacob Serviu, op. 16, nº 1, para soprano e piano
João-Heitor Rigaud, conferencista
Cecília Fontes, soprano
Rosgard Lingardsson, piano
Grupo coral preparado por Magna Ferreira
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RE: João Marcellino Arroyo
Caro abribas,
"Rita Hilária casou com um médico algarvio e mudou-se para Faro dedicando a sua vida à família."
Rita Hilaria casou com o Dr. João Bentes Castel-Branco, e mudou-se para Lagoa, Algarve, dedicando a sua vida à familia. Aqui no genea.
Com os melhores cumprimentos,
mvcb
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