Álvaro de Caminha
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Álvaro de Caminha
Caros Confrades.
Desta vez procuro novas sobre Álvaro de Caminha, o que foi Capitão donatário de São Tomé. Alguém já se debruçou sobre a sua ascendência, naturalidade ou idade à data da morte que ocorreu em 1499?
Antecipadamente agradecido,
António Pedro Sottomayor
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Álvaro de Caminha
Caro António Pedro Sottomayor:
Já há algum tempo que não tenho ocasião de passar pelo Forum, e não dei pelo seu apelo. Por experiência própria, sei como é desagradável colocar algo no portal, e não ter resposta, por isso vou deixar alguma coisita, informação vinda de umas notas manuscritas de um parente, fruto de investigações recentes, de que me veio às mãos fotocópia, mas sem indicação de fontes.
Como também venho dos Caminha, pelos Tovar, possuo algumas publicações sobre a família, e outra informação dispersa, mas sobre a linhagem do Alvaro de Caminha não acho nada, a não ser estas notas de que falo. Assim:
1. Fernão Caminha, da Galiza
2. João Fernandes de Caminha cc N... Vaz
3. Vasco Fernandes de Caminha I
3. Rui Vaz de Caminha cc N - tiveram:
4. Isabel de Caminha cc Juan de Tovar - os descendentes deste casal, em parte, foram fidalgos da Casa do Duque de Bragança, e outros fixaram-se no Porto, onde pertenceram às elites locais.
4. Maria de Caminha cc Alvaro de Sottomayor - tiveram:
5. João Alvares de Caminha Sottomayor cc Isabel Alvares de Sarria - tiveram:
6. Alvaro de Caminha, Capitão de S. Tomé, teve filho natural:
7. João Alvares de Caminha cc Isabel Cabral da Veiga - tiveram:
8. Luisa Cabral cc D. Dinis de Faro
mais descendência nos Condes de Faro, segundo as notas.
Talvez alguém desta família nos possa conferir, e eventualmente rectificar, nalgum erro que por aí ande. E também adiantar fontes documentais, de que não disponho.
Achei curioso achar gente Sottomayor neste ramo. Como os Sottomayor são quase todos parentes, talvez lhe digam alguma coisa, e por aí se possa documentar o que falta.
De momento é o que posso deixar. Fico a aguardar que me diga o que acha, embora não lhe possa responder depressa.
Os melhores cumprimentos
Miguel de Sousa:
PS - Já li o testamento de Alvaro de Caminha, e não indica os pais. Está publicado algures, que agora não recordo, mas julgo ser os Portugaliae Monumente Africana, vol. II
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Antes de mais muito obrigado pela sua resposta e interesse neste meu assunto.
Depois, deixe-me dizer-lhe que me "deu" um presente fantástico. É que o meu objectivo nesta busca é precisamente estabelecer um parentesco entre Álvaro de Caminha e os Sotomayor, o qual suspeito existir, mas nunca vi nada escrito que confirmasse essa minha suspeita. Como decerto conhece, tanto Felgueiras Gaio como Alão de Morais não referem qualquer ligação entre ambas as famílias, e muito menos são claros na ascendência do Capitão de São Tomé.
Contudo, o seu "presente" é por outro lado... um presente "envenenado", uma vez que me diz exactamente aquilo que eu queria saber, mas logo me avisa que não tem conhecimento ácerca das fontes utilizadas.
Haverá algum modo de tentar saber de onde vieram esses dados tão preciosos? Para mim, isso era de uma importância basilar. E tem hipótese de me enviar mais alguns dados do ramo gerado por Isabel de Caminha e Juan de Tovar?
Renovo os meus agradecimentos, deixando-lhe também os meus melhores cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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Álvaro de Caminha
Caro A. P. Sottomayor:
Tanto quanto me disseram, estes Sottomayor parecem ter sido descendentes de Pedro Madruga, o célebre Conde de Caminha. De facto, procurando aqui na BD do GP, ele enquadra-se relativamente bem como ascendente do Alvaro de Sottomayor que lhe mandei, ou muito próximo disso.
Quando à documentação, deixe-me reunir elementos, mas aqui o que lhe interessa, ao que vejo, é sobre a linha de Alvaro de Caminha, que juntei ao levantamento dos CAMINHA, que ainda está por fazer e apenas se acha aqui esboçado. Seguem algumas notas preliminares:
Família CAMINHA
1 - Fernando Caminha foi fidalgo galego que aqui se instalou e a quem D. Fernando deu a terra de S. Estevão. Dado como pai de:
2 - Vasco Fernandes de Caminha I
2 – João Fernandes de Caminha cc N – tiveram:
3. Isabel de Caminha cc Juan de Tovar, - no & 2º
3. Maria de Caminha cc Alvaro de Sottomayor - tiveram:
4. João Alvares de Caminha Sottomayor cc Isabel Alvares de Sarria - tiveram:
5. Alvaro de Caminha, Capitão de S. Tomé, teve filho natural:
6. João Alvares de Caminha cc Isabel Cabral da Veiga - tiveram:
7. Luisa Cabral cc D. Dinis de Faro - mais descendência nos Condes de Faro, segundo as notas.
& 2º
3. Isabel de Caminha cc Juan de Tovar, fidalgo castelhano, o patriarca dos Tovar em Portugal – tiveram:
4- Pero Vaz de Caminha, n. c. 1465 cc Catarina Vaz - viveu no Porto, teve geração que julgo extinta; foi o que escreveu a carta de achamento do Brasil, em 1500, e morreu poucos meses depois, no massacre da feitoria de Calecut.
4. – Afonso Vaz de Caminha. cc Filipa Quental Lobo – tiveram:
5 - Vasco Fernandes de Caminha - Camareiro de D. Teodósio, Duque de Bragança; mais tarde alcaide-mor de Vila Viçosa; c.c. Cecília Mendes de Carvalho - tiveram:
5 - Joana de Tovar - n. c. 1526, fal. 2 Nov 1599 em Vila Viçosa; c.c. Martim Afonso de Sousa, n. c. 1530 e fal.30 Mar 1606, 5º senhor de Gouveia, sendo ambos pais de D. Fernão de Sousa, (15 Abr 1563 - 30 Out 1635), 6º senhor de Gouveia, fidalgo da casa do Duque de Bragança, alcaide-mor de Sousel, e progenitor de uma linhagem de servidores da casa de Bragança, que tiveram solar em Vila Viçosa.
5 - João de Caminha - Camareiro de D. Isabel, Duquesa de Bragança; c. c. Filipa de Sousa, e foram pais do celebre poeta Pedro de Andrade Caminha
5. Isabel de Tovar cc Alvaro de Lacerda Pereira, sg ?
5 - Maria de Tovar Caminha c.c. Diogo Pinto Ribeiro – tiveram:
6 - Francisca de Tovar de Vilhena n.c. 1530, c.c. Duarte de Figueiredo n. c. 1525 em Besteiros, senhor do prazo e dos direitos reais de Aveloso, que foram pais de
8 - Sebastião de Figueiredo e Vasconcelos, senhor do mesmo prazo, Corregedor de Miranda e de Lagos, que c.c. N... de Ruão Perestrelo, ambos pais de
7- Ana de Ruão Prestrelo, n.c. 1585 em Lagos, e que c.c. Jorge Freire de Andrade, Capitão-mor de Besteiros, meu 11º avô.
Assim que possa lhe mando a bibliografia fundamental e uma nota separada sobre essa linha de Alvaro de Caminha.
BOns sonhos.
Miguel de Sousa
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Renovo os agradecimentos pela colaboração.
Quanto aos Sotomayor, deixo-lhe o meu ponto de vista. Fazendo um exercício cronológico tendo por base as datações relativas aos Condes de Faro, o mais provável é que este Álvaro de Sotomayor seja irmão do Fernão Anes de Sotomayor que foi pai do Pedro Madruga. Assim sendo, este Álvaro seria tio de Pedro Madruga.
O meu objectivo é de facto tentar estabelecer uma equiparação entre o Álvaro de Caminha que foi Capitão de São Tomé e ali morreu em 1499, com o Álvaro Camiña, oriundo de Tui e que foi escudeiro da casa de Sotomayor nos anos 60 do mesmo século.
Se de facto, houver alguma fonte que sustente que o avô do Capitão de São Tomé se chamava Álvaro de Sotomayor, é meio caminho andado para aumentar enormemente as possibilidades dessa identificação de um com o outro.
Aguardo com muito interesse o que me puder enviar.
Os melhores cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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Álvaro de Caminha
Família CAMINHA ...............................
NOTAS FUNDAMENTAIS
Felgueiras Gayo, à falta de mais qualquer coisa.
Diz ele que:
1 - Fernando Caminha foi fidalgo galego que aqui se instalou e a quem D. Fernando deu a terra de S. Estevão. Em teoria terá sido meu 17º avó - só para situar. Dado como pai de:
2 - Vasco Fernandes de Caminha n. c. 1420 viveu no Porto c. c. N e parece ter sido pai de :
3 - Pero Vaz de Caminha, n. c. 1465 - o que escreveu a carta de achamento do Brasil, em 1500, e que pode ou não ter tido descendência, pois morreu cedo, poucos meses depois, no massacre da feitoria de Calecut.
3 - Afonso Vaz de Caminha, n. c. 1460 - senhor da terra de S. Estevão, casou com D. Maria de Tovar, filha de Martin Fernandez de Tovar, senhor de Cevico, e de D. Leonor de Vilhena, filha de Martim Afonso de Melo, alcaide-mor de Olivença, e de D. Margarida de Vilhena, neta de D. Henrique Manoel de Vilhena, conde de Ceia.
D. Maria de Tovar foi ainda irmã de D. Sancho de Tovar, Sota-Almirante da frota de Pedro Alvares Cabral, em 1500. Afonso e Maria tiveram:
4 - João de Caminha - Camareiro de D. Isabel, Duquesa de Bragança; c. c. Filipa de Sousa, e foram pais do celebre poeta Pedro de Andrade Caminha
4 - Vasco Fernandes de Caminha - Camareiro de D. Teodósio, Duque de Bragança; mais tarde alcaide-mor de Vila Viçosa; c.c. Cecília Mendes de Carvalho e tiveram, entre outros:
5 - Joana de Tovar - n. c. 1526, fal. 2 Nov 1599 em Vila Viçosa; c.c. Martim Afonso de Sousa, n. c. 1530 e fal.30 Mar 1606, 5º senhor de Gouveia, sendo ambos pais de D. Fernão de Sousa, (15 Abr 1563 - 30 Out 1635), 6º senhor de Gouveia, fidalgo da casa do Duque de Bragança, alcaide-mor de Sousel, e ascendente de uma linhagem de servidores da casa de Bragança, que tiveram solar em Vila Viçosa.
4 - Maria de Tovar Caminha c.c. Diogo Pinto Ribeiro, pais de
5 - Francisca de Tovar de Vilhena n.c. 1530, c.c. Duarte de Figueiredo n. c. 1525 em Besteiros, senhor do prazo e dos direitos reais de Aveloso, que foram pais de
6 - Sebastião de Figueiredo e Vasconcelos, senhor do mesmo prazo, Corregedor de Miranda e de Lagos, que c.c. N... de Ruão Perestrelo, ambos pais de
7- Ana de Ruão Prestrelo, n.c. 1585 em Lagos, e que c.c. Jorge Freire de Andrade, Capitão-mor de Besteiros, meu 11º avô.
Estas últimas linhas estão registadas na obra de Luis Soveral Varella - O sangue português de Teresa Heinz Kerry - 2005
Muito em resumo, os CAMINHA inicialmente minhotos, rapidamente se transferiram, em parte, para Vila Viçosa, onde fizeram carreira como fidalgos ao serviço da casa de Bragança, pelo menos nesta fase, mas estabelecendo também alianças curiosas com outras familias, com destaque para os Tovar-Vilhena.
Miguel de Sousa - Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Na mensagem anterior, deixei esta informação, mas decerto não fui claro, pelo que a repito:
"Estive a rever a informação sobre os CAMINHA, contido na obra "Patriciado Urbano Quinhentista : as famílias dominantes do Porto (1500-1580), de Pedro de Brito (Porto, 1997), pg. 211-214, que tem a grande vantagem de rever toda a bibliografia genealógica desta família...".
Acrescento agora que é o estudo mais actualizado que existe sobre os CAMINHA, e o mais completo que conheço, pois revê todos os anteriores, que são vários e valiosos.
As principais ligações aí apontadas são aos PINTO RIBEIRO e aos CARVALHO, embora também existam aos TOVAR, aos SOUSA de Vila Viçosa, e aos ANDRADE, entre outros.
Miguel de Sousa - Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Disse: "3 - Afonso Vaz de Caminha, n. c. 1460 - senhor da terra de S. Estevão, casou com D. Maria de Tovar, filha de Martin Fernandez de Tovar, senhor de Cevico, e de D. Leonor de Vilhena, filha de Martim Afonso de Melo, alcaide-mor de Olivença, e de D. Margarida de Vilhena, neta de D. Henrique Manoel de Vilhena, conde de Ceia.
D. Maria de Tovar foi ainda irmã de D. Sancho de Tovar, Sota-Almirante da frota de Pedro Alvares Cabral, em 1500. Afonso e Maria tiveram:"
Sou descendente deste Sancho de Tovar, e sabia existir alguma ligação a Pero Vaz de Caminha. Perante o que descreveu, e neste momento de férias, dediquei algum tempo a ver e rever fontes, e de facto algumas das informações que aqui dá parecem-me incorrectas.
A melhor fonte que encontro penso ser o livro de Olívio Caeiro, 1982, sobre o Poeta Pedro Andrade Caminha, no qual é analisada a obra literária do poeta, a qual foi muito estudada por Carolina Michaelis de Vasconcelos,no inicio do sec XX. Neste livro é transcrito na integra um documento da autoria de João Tovar Caminha, sobrinho de Pedro de Andrade Caminha, que em 1600 faz a genealogia dos seus antepassados.
Cruzando várias fontes, nomeadamente Felgueiras Gayo, Genealogia da Casa Real, e outros documentos publicados, este autor, Olívio Caeiro, descreve a Genealogia dos Caminhas.
Nele vemos:
1 - Fernão Caminha , que vem da Galiza
2 - João Fernandes Caminha, 1373-1438
3a - Vasco Fernandes Caminha, 1474
3b - Rui Vaz de Caminha
4a - filhos de 3a - Isabel Caminha, que casa com João Tovar,
5aa - Afonso Vaz de Caminha, que casando com Filipa do Quintal, são pais de vários filhos entre os quais o poeta Pedro Andrade de caminha, o autor do manuscrito de 1600 (João Tovar caminha), uma família actual de nome Rebelo Tovar (de Aveloso) e muitos outros.
5ab - Pero Vaz de caminha, o da carta.
Penso que estas informações serão as mais correctas, pois foram estudadas sobre os documentos disponíveis, tanto por Carolina Michaelis, como de forma mais aprofundada por este Olívio Caeiro.
Agora e para além das correcções á sua informação, não consigo em lado nenhum encontrar o parentesco entre este João Tovar e os "meus" Tovares. A única informação que tenho sobre este João Tovar é nas palavras do seu bisneto:
"Joao touar um fidalgo castelhano, de segovia, muito aparentado aos senhores agora de berlenga, que veyo para este reyno homiziado"
Diz ainda que esteve com o filho Afonso, na conquista de arzila (1471) onde foi destinguido pelo Duque de Bragança.
Ora para estar com o filho em Arzila teria já alguma idade, se o filho tivesse apenas 15 anos, ele teria no mínimo 35-40, ou seja terá nascido por volta de 1430. Poderia ser irmão do Martim Fernandes de Tovar (pai de Sancho de Tovar da armada de Cabral)? É a hipótese que eu ponho, mas é apenas mera hipótese.
Na sua informação indica que uma Maria de Tovar seria irmã do Sancho de Tovar, de onde veio essa informação?
No Genea (mas qual será a fonte?) diz que Maria de Tovar é filha de João de Tovar, quem seriam? de onde vem esta informação?
Tenho estas dúvidas, gostava muito de conseguir cruzar, de forma idónea, o meu 14º avô, Sancho de Tovar, com o seu primo (isso é certo) Pero Vaz de Caminha, pois ambos iam na armada de Cabral. Mas qual o grau deste parentesco? Seriam primos direitos?
Etc…
Diogo de Tovar – Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Caro Diogo Tovar:
Muito obrigado pela sua valiosa contribuição. Não será a primeira nem a quinta vez que existem comentários discordantes sobre o que eu, ou muita outra gente, aqui deixa escrito. Assim se vai avançando, e estamos numa ciência em progresso constante.
Confesso-lhe que a ascendência que deixei para Maria de Tovar [segui o GENEA PORTUGAL], o principal ponto aqui em dúvida, não me convenceu muito, mas quem me forneceu [melhor diria, apontou inicialmente] essas linhas foi um estudioso das famílias de Vila Viçosa, infelizmente já falecido, que escavava também uma ascendência CAMINHA, e que inclui no meu ficheiro há poucos anos.
Veio essa informação acompanhada de uma Revista, o esgotadíssimo nº 1 da Revista Callipole, contendo um excelente artigo sobre os Sousa e os Caminha de Vila Viçosa, da autoria de Beatrix Heintze, alemã, em tradução do Prof. Doutor Olívio Caeiro, cujo trabalho sobre Miguel Leitão e os Andrade da Anunciada (aliás meus parentes) nunca consegui achar à venda, quer em mercado nacional, quer em internacional [felizmente obtive um exemplar na Holanda].
Todavia, a crónica falta de tempo, e mais ainda de fontes muito seguras, não me estimulou a voltar ao assunto, que passará, inevitavelmente, pela revisão dos Tovar. Para estes ainda prefiro o Alão de Morais, e sobre esses Andrade é muito importante o vol. I do Manso de Lima, além do velho "Lisboa Antiga - O Bairro Alto, vol I, do Júlio de Castilho.
Depois do Ano Novo tentarei achar ocasião para fazer essa revisão, e depois deixarei aqui o que sejam outras respostas aos seus pontos. Neste momento não tenho acesso a todo esse material.
As suas notas são muito importantes também. Tem especial interesse essa citação de um neto de Juan de Tovar (qual é a fonte?), que me parece muito esclarecedora. Aliás confere, pois essa indicação sobre Segóvia permite apontar com maior rigor para um JUAN DE TOVAR V (na minha BD), senhor de Velamazan, como origem dessa linha, pois não só foi irmão de um LUIZ DE TOVAR, senhor de Berlanga no Douro (e não Berlenga em Portugal), de quem vieram os senhores seguintes de Berlanga, senhorio que ficou nos Duques de Frias, citados no seu texto como "os senhores agora de berlenga".
Quem fosse filho desse Juan de Tovar seria de linha próxima aos senhores de Berlanga, ainda que o parentesco viesse por bastardia (o que muita vezes se esconde por detrás da expressão "muito aparentado"). Tanto mais que esse Juan de Tovar V foi filho de Juan de Tovar IV, casado com Constanza Henriquez, ele filho de Fernando Sanchez de Tovar (1380-1420) senhor de Berlanga, cc Juana de Castañeda, ele filho de Juan de Tovar I, senhor de Berlanga, que morreu na batalha de Aljubarrota, mas antes tinha casado com Elvira Teles de Castilla, (neta do Rei Alfonso XI de Castilla). E esse casamento foi justamente em Segóvia em 16.8.1353.
Estes dados (tudo ciência bebida no GENEALL, a quem muito agradeço) demonstram que a linha dos senhores de Berlanga está ligada a Segóvia, e que esse Juan de Tovar V era descendente desta cascata, e seria provavelmente o que teve o senhorio de Velamazan, pois o outro coube ao irmão.
Deve ser este Juan ou João que o GENEALL tem apontado como pai de uma MARIA DE TOVAR, sem lhe dar mãe (o que me reforça a convicção de que este ramo foi de filhos naturais, e não da legítima mulher de Juan), mas que a dá casada com AFONSO VAZ DE CAMINHA, que julgo, agora sim, tenham sido meus décimos quintos avôs,
Desta Maria de Tovar pode bem ter sido irmão o JOÃO DE TOVAR "que veyo para este reyno homiziado", cavaleiro (?) da Casa do Duque de Bragança, com quem participou na conquista de Arzila (para o qual o Duque contribuiu com 1/5 dos homens e das despesas). Para isso bastava esse João ter nascido cerca de 1553, enquanto Maria de Tovar deve ter nascido por volta de 1464.
Por outro lado, pode essa referência ser mesmo a Jun de Tovar V, ele mesmo, que se teria envolvido no assassinato do Juiz de Tovar, pelo depois Sota-Almirante Sancho de Tovar,sendo o dito Juiz o que mandou executar Martin Fernandez de Tovar. Perderam assim estes Tovar os direitos que tinha em Castela, e só lhes restou passar a Portugal, com a sua gente. O parentesco entre Sancho e este Juan de Tovar V foi de primos em 4º e 5º grau, se faço bem as contas.
Agora só falta achar mais provas de tudo isto, para deixar ou não a hipótese de pé, em vida activa, ou dar-lhe logo morte, também decerto natural. Agradeço que reveja as suas fontes, e depois diga de sua justiça, se não se importar, sobre se há discrepâncias no modelo.
De momento é o que lhe posso dizer, sem as minhas ferramentas por perto. Em breve ponho mais.
Um abraço do (à moda do Algarve ainda somos parentes)
Miguel de Sousa - Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Caro Miguel Sousa,
Ora eu não sou genealogista, nem sei muito disto, tenho muito gosto em saber quem foram e o que fizeram os meus antepassados, e entre eles os Tovares, por um lado ainda tenho este apelido, e por outro entre eles houve gente distinta, que nos deixou em algumas fontes documentação escrita.
Sobre os antepassados castelhanos a minha informação baseia-se numa fonte encontrada há uns anos na NET, e que indica as fontes, o Felgueiras Gaio, e o Livro das Benandanzas e Fortunas, também publicado na NET.
Assim:
1 (meu 25 avô) - Alvar Rodriguez de Navia, foi senhor de Tovar, de ascendência asturiana, e casou com D. Urraca Afonso de Castela (1126-1189), filha natural de Afonso VII de Leão e Castela, pelo primeiro casamento foi Rainha de Navarra (Garcia IV) [e depois Rainha de Castela] e depois casou em segundas núpcias, tiveram:
2 - Fernando Alvarez de Navia, cc ... ?... (1200), esteve como Adelantado de Extremadura na Batalha de Navas de Tolosa, teve:
3 - Sancho Fernandez de Navia, que teve:
4 - Sancho Sanchez de Tovar (leal apoiante de fernando III de leão e Castela, que lhe concede o privilegio ao uso do nome do seu senhorio) é o primeiro Tovar, e meu 22º Avô, teve:
5 - Fernando Sanchez de Tovar, viveu no tempo de Afonso X e de Sancho IV de Castela. Teve:
6 - Sancho Fernandez de Tovar, Senhor de Tovar (f.1290), foi camareiro mor de Sancho IV, casou com Maria Palomeque, teve:
7 - Rui Fernandez de Tovar, esteve com Afonso XI na batalha do Salado, casou com Elvira Ruiz Cabeza de Vaca. Tiveram vários filhos:
8A - Sancho Fernandez de Tovar,
8B - Fernando Rodriguez de Tovar
8C - João Fernandez de Tovar.
8A - Sancho Fernadez de Tovar, é bisavô de Martim Fernandez de Tovar, pai de Sancho de Tovar.
8B - Fernando Sanchez de Tovar, foi primeiro Senhor de Berlanga del Duero, Astudilho e Gelves. Almirante-mor de Castela, acompanhou e serviu Henrique de Trastamara, estava presente quando Henrique matou o meio-irmão Pedro I. Foi o almirante castelhano que derrotou a armada portuguesa de D. Fernando. Comandava a armada castelhana no cerco de Lisboa (1383-85), onde morreu com peste.
Deste senhor descendem: o filho João de Tovar que foi tb. Almirante de Castela.
[Deles] descendem os Marqueses de Berlanga del Duero e os Duques de Frias, bem como a maioria dos Tovares de Espanha e América do Sul.
Em 2003 visitei a povoaçao de Berlanga de Duero, onde se podem ver as ruínas do palácio dos Marqueses, uma obra de dimensão impressionante.
8C - João Fernandez de Tovar, esteve na batalha de Najara, com os irmãos, mas não conseguiu fugir como eles, tendo aí morrido.
Teve um filho Rui Fernandez de Tovar, que terá morrido na batalha de Aljubarrota (por Castela).
Será esse Juan Tovar V descendente de qual destes 3 irmãos?
Se quiser indicar-me o seu e-mail poderei enviar copia dos documentos que me serviram para apurar estas conclusões.
Um abraço
Diogo Tovar - Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Caro Miguel Sousa,
Estive a analisar com maior detalhe a informação que me indicou.
O tal Juan Tovar I, seria então filho do Fernando Sanchez de Tovar, que na anterior mensagem assinalei como 8C, que morreu em Aljubarrota. Ora pelas datas, casando em Segovia em 1353, bate certo a morte em Aljubarrota em 1385.
Mas teria que ser avô do João Tovar, homiziado, e de Segovia, pois este João casa com a Isabel Caminha por meados do século VX (1450). Mas faz sentido sendo neto de alguém que casou em Segovia, ser conhecido por ser de Segovia.
Agora as minhas fontes indicam que Afonso Vaz de Caminha, irmão do Pero da carta, era filho deste João Tovar e da Isabel Caminha, e casou com Filipa do Quintal Lobo e não com Maria Tovar, como o Miguel diz.
Onde estará a razão?
Irei fazer uma copia deste livro para lhe enviar em PDF.
Assim seremos dois a analisar, pode ser que encontremos uma conclusão que nos pareça mais verossimil.
Um abraço
Diogo Tovar - Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Atenção aos Afonso Vaz de Caminha, porque houve 6 diferentes, pelo menos. É o velho problema dos homónimos, a que haverá que estar muito atento. Tem a lista deles na BD do GENEALL, basta pedir "Afonso Vaz de Caminha" e surgem seis. O meu é o nascido em 1430, alcaide-mor de Vila Viçosa na versão do GENEALL, mas não creio que o tenha sido, mas sim outro do mesmo nome, mais recente.
Todavia este primeiro foi já cavaleiro da casa do Duque de Bragança, que possuía muita coisa na área de Darque - Viana - Caminha e arredores, e já em 1508 essa Casa controlava a entrada do bacalhau em Portugal - há 500 anos, imagine!
Fui a ver o que tinha sobre os Caminha, e eles foram revistos há meses, em Agosto, e cotejados com essa obra modelar de Pedro de Brito - Patriciado urbano quinhentista do Porto (1500-1580) - Arquivo Histórico da CM do Porto - 1997. O meu exemplar foi adquirido na Livraria Guarda-Mor, deste portal, onde ainda talvez possa obter um destes livros, caso não tenha. É INDISPENSÁVEL. Mas julgo que não instalei a versão revista da BD neste Forum. Depois verei bem, para lhe mandar também.
De qualquer modo, esse Afonso Vaz de Caminha casou com Maria de Tovar [erro], ambos trisavôs de Ana de Ruão Perestrelo, que se acha tratada na obra do amigo Luis de Soveral Varella "O sangue português de Teresa Heinz Kerry". Ana casou com Jorge Freire de Andrade, capitão-mor de Besteiros, que se fixou no Algarve, onde deram origem a uma das duas linhas [aliás três] de Freires de Andrade dessa província, com numerosa descendência.
Jorge Freire de Andrade era dos Freire de Andrade de Viseu, que se ligaram aos de Montemor-o-Velho e estes deram origem aos do Bairro Alto, aos da Anunciada, e a numerosos outros ramos mais tardios. Ao todo, numa das minhas linhas, desde o mais antigo da Galiza, houve 22 gerações sucessivas de ANDRADE, e tenho primos-irmãos que ainda têm o nome.
Miguel de Sousa - Tópico Apelido Caminha – 26.12.2008
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Aqui lhe deixo, no essencial, a cópia fiel da discussão já existente sobre este tópico, no referente à parte dos TOVAR e dos CAMINHA, com algumas correcções de gralhas evidentes.
Sobre este ramo de Álvaro de Caminha, a informação veio-me por via do marido, já viúvo, de uma descendente de D. Dinis de Faro, por linhas que ignoro. Nesse ramo da família a ascendência de Álvaro de Caminha foi transmitida desse modo, pelo menos desde dois séculos antes, segundo me foi dito, com o acrescento de que a raiz dos Sottomayor seria a de Pedro Madruga, conde de Caminha, sem mais detalhes. Portanto, há mais de duzentos anos, alguém teria feito este “trabalho de casa”, que a família passou a ter como bom, e que me parece totalmente compatível com a realidade, com um ou outro ajustamento.
É possível que algum outro confrade conheça esta linha, e nos possa dar a indicação correcta da fonte. Se isso não acontecer, haverá que verificar nos Nobiliários menos consultados, a começar pelo de Belchior de Andrade Leitão, na Biblioteca da Ajuda; este autor, que foi Escrivão dos Filhamentos da Casa Real, até pertenceu à mesma família, pois foi parente dos Leitão de Andrade, tenho algures como.
Se este não se revelar proveitoso, há vários outros - Manso de Lima, D. Flamínio de Jesus, etc. Nalgum lado deve estar… Lamento não conseguir eu próprio fazer a pesquisa, mas não tenho disponibilidade para tal.
Depois de digerir esta informação, diga-me o que lhe parece. Muitas vezes, o princípio da solução de um problema genealógico complexo é uma boa dica, mesmo que não documentada, pois passamos a ter onde procurar. A solução real, por vezes, não é da dica, mas não anda longe.
Os melhores cumprimentos
Miguel de Sousa
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Mais uma vez, agradecido pelas informações que me deixou. Logo que possa vou seguir as suas sugestões e tentar compulsar os nobiliários referidos.
Os melhores cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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Álvaro de Caminha
Estimado António Pedro Sottomayor:
Como o tema também me interessa, por ser matéria de parentes, não desisti de procurar mais esclarecimentos. Entre muitas outras pesquisas, tentei de novo contactar o meu antigo informador sobre a matéria, o que exigiu vários dias, até o conseguir.
Confirmou-me ele toda a história. É totalmente verdade que Álvaro de Caminha foi FILHO de Pedro Madruga, este de seu nome Pedro Alvarez de Sottomayor, portanto esta linhagem de CAMINHAS descende dos Sottomayor.
Forneceu-me também detalhes muito mais concretos e correctos que os que me tinha dado há anos, que tinham sido exclusivamente de memória, e que continham erros. Como os anotei ipsis verbis, também errados os transmiti neste forum, do que me penitencio. Igualmente me indicou ele as fontes documentais, que seguem abaixo.
Passo então a corrigir:
1. Pedro Alvarez de Sottomayor consta com este nome na BD do GENEAL. Parece ter sido filho natural de Fernão Anes de Sotomaior, senhor de Sotomaior e de Fornelos, e de Constanza de Zuñiga. De sua mulher legítima, Leonor Mexia, Felgueiras Gayo diz que não houve descendência.
Teve Pedro Alvarez a alcunha de Pedro Madruga, e foi grande magnate galego, que alinhou com D. Afonso V nas guerras da Sucessão de Espanha, alçando voz pela Excelente Senhora. Esteve na batalha de Toro com D. Afonso V, que o fez Conde de Caminha por carta de 5.7.1476. Antes tinha vencido e aprisionado o Bispo de Tui, D. Diego de Mures, que desapossou da sua cidade episcopal durante mais de 30 anos. Mais tarde recompôs-se com os Reis Católicos e com o Bispo de Tui, que regressou às suas posses antigas.
Casou D. Pedro Madruga com D. Leonor de Távora, filha de Álvaro Pires de Távora, senhor de Mogadouro, que enviuvou c. 1488, e se passou a Laredo, em Castela. Teve aquele casal:
2. Álvaro de Sottomayor, que dizem pretendeu intitular-se Conde de Caminha, título que não teve. Parece ter nascido em Faro, ou talvez este dado seja confusão. Foi denunciado como conspirador a D. João II por um escudeiro, Juan Dagualda, seu inimigo. Posto Álvaro a tormentos, conseguiu provar a sua inocência, e o seu denunciante foi mandado esquartejar em Santarém pelo Rei.
Foi Capitão-mor da armada em que João de Santarém e Pedro Escobar (ou Escolar) descobriram a Ilha de S. Tomé. Mais tarde foi Capitão de S. Tomé, por carta de D. João II, onde permaneceu até 1499, quando faleceu. O seu testamento está publicado.
Por estes dados, é evidente que se trata de alguém que também foi conhecido como Álvaro de Caminha, e como tal se acha aqui anotado na BD do GENEALL, embora sem o ligar a seu verdadeiro pai, e desconhecendo-lhe esposa. Não se diz que foi casado com D. Inés Enriquez de Sottomayor y Monroy (a), de quem teve:
2. (a) Pedro de Sottomayor, que julgo tenha sido grande acompanhante de D. Cristóvão Cólon, o Almirante das Índias de Castela, o que aqui não desenvolvo. Diz-se deste filho ter instigado o assassinato de sua mãe, que residia na Galiza, por razões que desconheço.
Ou por segundo casamento, ou por ligação sentimental, parece Álvaro de Sottomayor (ou de Caminha) ter tido (b) de Maria de Caminha - filha de Rui Vaz de Caminha, neta de João Fernandes de Caminha e de sua mulher N… Vaz, bisneta de Fernando de Caminha - o seguinte filho:
2. (b) João Alvares Caminha que "viveu algum tempo em Viana do Minho foi Fidalgo da Casa de sua Majestade e acompanhou o Rei D. Sebastião na jornada de África onde ficou cativo como consta da terceira Lista dos Fidalgos Captivos, de Viana passou a Lisboa onde morreu. Está sepultado na Igreja de S. Francisco à mão direita na Capela de Nossa Senhora dos Remédios com as Armas dos Caminhas e Cabraes com um epitáfio que diz esta Capela mandou fazer João Álvares Caminha, e sua mulher D. Isabel Cabral, vincularam os seus tersos que deixaram a sua filha herdeira." NFP - vol. III - pg. 249 (tt. Caminhas).
Casou João Alvares Caminha com Isabel Cabral da Veiga, filha de Diogo Vaz da Veiga e de Brites Cabral, esta filha de Diogo Cabral e de Beatriz Gonçalves da Câmara, ambos da Ilha da Madeira, e aqueles tiveram:
3. Luísa Cabral – n.c. 1530; fal. 10.4.1622. Casou com D. Dinis de Faro, filho de D. Fernando de Faro, 3º senhor do Vimieiro, e de D. Isabel de Mello, e tiveram:
4. D. Estevão de Faro, 2º Conde de Faro, que casou com D. Guiomar de Castro, ambos com geração que segue nos Condes de Faro
Fontes :
Brasões da Sala de Sintra - 3 vols.- Anselmo Braamcamp Freire - Imprensa Nacional -Casa de Moeda, 2ª Edição - Lisboa, 1973
Nobreza de Portugal e do Brasil – Dir. Afonso Zuqete – Editorial Enciclopédia, Lisboa 1960 – pg. 469 - 470
GENEALL , in www.geneall.net
Como facilmente se entende, os dados que enviei devem ser substituídos por estes, já correctos. De qualquer modo, detectei mais erros na informação que enviei, pelo quem breve vou substituir os dados por nova versão corrigida.
Melhores cumprimentos, e espero que as suas angústias se possam dissipar com estes novos informes, que, em princípio, talvez dispensem pesquisas extensas.
Miguel de Sousa
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Álvaro de Caminha
Caro António Pedro Sottomayor:
Por lapso, coloquei a resposta enviada para mim mesmo, pelo que não lhe deve ter chegado o aviso de nova mensagem. O que corrijo agora, pedindo-lhe que repare no texto enviado em 29-11-2009, pelas 23:32.
Cumprimentos
Miguel de Sousa
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Agora é que a confusão está instalada!!!
É que eu "considero-me grande especialista" nos Sotomayor, de que tenho vastíssima bibliografia. Há várias décadas que o Álvaro de Caminha tem vindo a ser confundido com o Álvaro de Sotomayor, filho do Conde de Caminha Pedro Madruga. Só que essa confusão já está de há muito, também esclarecida e refutada. Álvaro de Caminha morreu em 1499 no seu posto de Capitão-Donatário da Ilha de São Tomé, e Álvaro de Sotomayor, filho do Conde de Caminha, morreu numa briga de rua em Valladolid, 4 anos antes, em 1495! Ambos os acontecimentos estão documentados oficialmente, seja nas chancelarias régias portuguesas, seja no arquivo de Simancas espanhol. Por aí, não há qualquer hipótese de relacionamento familiar, pois são duas pessoas totalmente distintas.
Existiram vários Caminha contemporâneos de Pedro Madruga e de seu irmão Álvaro, os quais viviam em Tui, cidade e bispado que esteve durante o século XV nas mãos e sob o jugo destes Sotomayor. Vasco Caminha era jurado e notário em Tui, e um Álvaro Caminha que presumo seu irmão era escudeiro de Álvaro de Sotomayor, e logo o terá sido do próprio Pedro Madruga, após 1468 ano em que o irmão morreu e Pedro tomou posse da casa de Sotomayor.
A existir uma ligação genealógica, ela terá de ter acontecido, nas gerações anteriores a estes dois irmãos, o que na minha opinião, invalida os dados que o amigo agora me envia.
Os meus melhores cumprimentos,
António Pedro de Sottomayor
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Caminha & Sottomayor
Caro António Pedro de Sottomayor:
Bem, mais vale tarde do que nunca, para essas lendas se desfazerem. E olhe que o meu amável informante acreditava piamente na tradição familiar da esposa, muito seguramente respaldada pela "Nobreza de Portugal e do Brasil", Já me telefonou, depois de ler o seu post, e está muito triste de ter de pôr de lado essa versão bonita. Mas agradece muito a informação, e eu também, como é evidente.
Como deve calcular, apesar de eu tar alguns Sottomayor, ou mais modestamente Sotomaior, na minha parentela remota, ando muito alheado do tema, e não tenho qualquer capacidade crítica para distinguir o trigo do joio nessa área, por falta de informação.
Mas o que me diz parece-me muito interessante, no que toca aos Caminha, que tenho estudado um pouco. Esse escudeiro Alvaro Caminha, de Tui, que cita, é que terá mais hipótese de ser o verdadeiro pai do nosso Alvaro de Caminha, se a cronologia o permitir; pode mesmo esse Alvaro galego ser filho do Fernando Caminha, o patriarca dos Caminha portugueses, que nesse caso o poderia ser também de Vasco Caminha, notário em Tui.
Seria possível esta sequência?
Sinceros cumprimentos
Miguel de Sousa
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RE: Caminha & Sottomayor
Caro Miguel de Sousa.
Fernão Caminha passou a Portugal entre os anos 60 e 70 do século XIV. Pertencia ao partido que apoiava o legitimista Pedro o Cruel, contra Enrique de Trastamara, e refugiou-se em Portugal no decurso das guerras fernandinas, quando o nosso Rei D. Fernando tentou por todos os meios impor-se como candidato ao trono espanhol. Assinada a paz de Salvaterra, Fernão Caminha por cá ficou.
Pela sequência onomástica, diria que Fernão teve pelo menos o filho chamado Vasco Fernandes Caminha e que este terá tido descendência denominada Vaz de Caminha, onde se encontrará o célebre Pedro Vaz de Caminha, o da carta de achamento do Brasil, nascido cerca de 1450 e morto em Dezembro de 1500, filho de um outro Vasco Fernandes Caminha, morador no Porto, cavaleiro da Casa de D. Fernando Duque de Bragança, recebedor-mor dos dinheiros de Ceuta, Tânger e outras vilas de África no Porto, em Entre-Douro-e-Minho e em Trás-os-Montes, e Mestre da Balança da Moeda da cidade do Porto, cargo em que lhe sucedeu seu filho Pedro Vaz em 1479, após a morte do pai.
Para além destes Vaz de Caminha, parece óbvio que houve um outro ramo de Caminhas que se chamou Álvares de Caminha, ao qual pertence o Álvaro de Caminha e o primo Pedro Álvares de Caminha, nomeado em 1486 Alcaide-mor do mar de Buarcos e que ele queria que lhe sucedesse na capitania-mor de São Tomé, desejo que D. Manuel não atendeu. Estes Álvares de Caminha parecem estar muito mais ligados ao mar do que os Vaz de Caminha, bem mais burocratas.
O Álvaro Caminha e o Vasco Caminha de Tui são, no meu entender, contemporâneos, sendo este último ainda vivo no final do século XV. Este Álvaro Caminha deverá ter nascido nos anos 30 do século XV, devendo regular a mesma idade, ou ser ligeiramente mais novo que o homem de quem foi escudeiro: Álvaro de Sotomayor. Se for o mesmo que mais tarde foi capitão-donatário de São Tomé ao serviço de Portugal, quer dizer que teria morrido em 1499, com cerca de 65 anos, o que é perfeitamente viável.
Desse modo, respondendo à sua questão, no meu entender o Álvaro Caminha escudeiro dos Sotomayor, muito dificilmente poderia ser o pai do seu homónimo, mas com muito mais probabilidade, e dado o grande apoio que os Sotomayor sempre tiveram de D. Afonso V e D. João II, poderia ser ele próprio.
Os melhores cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Apenas mais uma pergunta, relativamente a esta sua mensagem.
Ao dizer que Pedro de Sotomayor talvez tenha sido grande acompanhante de D. Cristovão Colón, a que é que se refere concretamente? É um assunto que me interessa e daí a minha questão.
Os melhores cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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Alvaro de Caminha
Caro António Pedro Sottomayor:
Estou a preparar uma nova "edição" de bastante material que tenho por aqui, e que estou a rever em profundidade, para evitar dislates.
Essa do Pedro Sottomayor ter sido companheiro de Colón foi mais um dos erros, resultantes da transmissão de dados recorrendo apenas à memória. Verifiquei hoje que se tratava de confusão com Cristóbal de Sottomayor, que, esse sim, parece ter sido companheiro do Almirante, e chegou mesmo a fundar uma cidade chamada Villa Tavora, em homenagem à mãe - isto apenas por ciência de orelha, porque não tenho documentação sobre este tema. Sabe algo desta amizade?
Vou ver se consigo instalar o que estou a fazer, até amanhã à noite, mas estou a ser muito interrompido por problemas de saúde de um familiar:
Cumprimentos, e obrigado pelo seu permanente interesse.
Miguel de Sousa
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Álvaro de Caminha
Caro Confrade:
Nas suas fontes documentais existirá alguma que diga quais os filhos que Pedro Madruga teve de Constança Pereira, a freira roubada ao convento, e que julgo trineta ou bisneta de D. Vasco Pereira, Conde de Trastamara?
Com o obrigado
Miguel de Sousa
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RE: Alvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
D. Cristovão de Sotomayor partiu para as "Índias Ocidentais" em 1509, já o Almirante Cristovão Colón tinha morrido há 3 anos. A quem ele acompanhou foi, efectivamente, a D. Diego Colón, o 2º Almirante, filho de Cristovão.
Cumprimentos e disponha sempre.
António Pedro Sottomayor
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Pedro Madruga apenas teve um filho dessa senhora, o qual se chamou D. Nuno de Sotomayor e foi fidalgo da Casa dos reis D. Manuel e D. João III.
Cumprimentos,
APS
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Álvaro de Caminha
Caro António Pedro Sottomayor:
Muito grato pelas suas confirmações, que ajudam bastante nesta fase.
Outra questão importante: acho um Pedro Fernandes de Sottomayor como filho natural de D. Alvaro de Sottomayoyr. Pode ou não ser ele o Pedro Fernandes de Caminha, primo (ou sobrinho, talvez) de Álvaro de Caminha?
Outra vez muito grato
MS
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Álvaro de Caminha
Caro António Pedro Sottomayor:
Muito grato pelas suas confirmações, que ajudam bastante nesta fase.
Outra questão importante: acho um Pedro Fernandes de Sottomayor como filho natural de D. Alvaro de Sottomayoyr. Pode ou não ser ele o Pedro Fernandes de Caminha, primo (ou sobrinho, talvez) de Álvaro de Caminha?
Outra vez muito grato
MS
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RE: Álvaro de Caminha
Caro Miguel de Sousa.
Esse Pedro Fernandes de Sotomayor é tido por vários genealogistas como filho bastardo de Álvaro de Sotomayor e neto de Pedro Madruga. Contudo, essa genealogia não é totalmente segura, embora seja a "melhor" que se consegue arranjar. Foi o progenitor dos Cunha Sotomayor que tiveram a alcaiadaria-mor de Braga. Não há qualquer ligação com o Pedro Álvares de Caminha, primo do Capitão de São Tomé.
Cumprimentos,
APS
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Caminha & Sottomayor
Caro António Pedro Sottomayor:
Só hoje me foi possível aprontar este informe. Fico muito grato pelo seu material, que estou a tentar integrar no que sabemos sobre esta família, e penso que tenho agora um panorama mais claro, e a ideia de que talvez seja possível avançar mais. É também hora de corrigir os dados que aqui instalei, os tais que me foram fornecidos apenas de memória, e que continham erros. Mas antes clarifico que eles foram, no fim de contas, retirados da obra:
Carolina Michaelis de Vasconcelos – Pedro de Andrade Caminha, subsídios para o estudo da sua vida e obra – Edição de Adrien Roig e Olívio Caeiro – INIC, Lisboa, 1982
Os editores, ambos professores catedráticos de Literaturas, recuperaram este estudo da erudita senhora, originalmente impresso em alemão e saído na França:
Carolina Michaelis de Vasconcelos – Pedro de Andrade Caminha. Beiträge zu seinem Leben und Wirken, auf Grund und im Anschluss an die Neuausgabe des Dr. Joseph Priebsch – Revue Hispanique, VIII (1901), pg. 338 - 450
O livro de 1982 insere uma detalhada árvore genealógica, da autoria de D. Carolina, que reviu as principais fontes, quer impressas, quer manuscritas, para o estudo da família CAMINHA, árvore que os editores da versão portuguesa mantiveram integralmente, mas acrescentando-lhe notas muito úteis, em que sobretudo se faz um estudo crítico das fontes utilizadas, o que nos dispensa de muito trabalho de verificação. Também nele se acha uma detalhada descrição dos membros da família, onde está o que pretende saber sobre os outros ramos da família, mas um ou outro ponto pode necessitar de modificação. Mas tarde direi algo sobre essa parte.
………………………………………………………………………………………………………………………………..
O que nessa árvore consta, especificamente apenas no que aos Sottomayor possa interessar, é o seguinte:
1 - Fernando Caminha, n. c. 1367, fidalgo galego, dado como pai de:
2 - João Fernandes Caminha , 1373 – 1408, c. c. N – tiveram:
3 - Ruy Vaz Caminha I
3 - Vasco Fernandes Caminha , n. c. 1474, pai de :
4 - Isabel Caminha cc Juan de Tovar - [tronco dos TOVAR CAMINHA]
4 - Maria Caminha cc Alvaro de Sottomayor – [tronco dos TOVAR SOTTOMAYOR] tiveram:
5 - João Alvares Caminha Sottomayor cc Isabel Alvares de Sarria - tiveram:
6 - Catarina Caminha c. c. João Durões de Castanheda - tiveram:
6 - Rui Vaz Caminha III, Vedor da Fazenda da Índia
6 - João Alvares Caminha + 1578 cc Isabel Cabral [da Veiga] - tiveram:
7 - Luisa Cabral + 10.4.1622 c. c. D. Dinis de Faro + 1579 – tiveram:
8 – D. Estêvão de Faro, 1º Conde de Faro
………………………………………………………………………………………………………………………………………….
Transcrevo agora uma fonte parcial destes dados:
António Caetano de Sousa – História Genealógica da Casa Real Portuguesa –reedição facsimilada QuidNovi/Publico + Academia Portuguesa de História – Lisboa, Tomo IX, pg. 375
“Dom Diniz de Faro ………. Casou com D. Luiza Cabral, que por morrer seu irmão Joaõ Alvares Caminha na batalha de Alcácer, veyo a ser herdeira do Morgado, e casa de seu pay Joaõ Alvares Caminha, irmaõ de Ruy Vaz Caminha, Vedor da Fazenda da Índia, e conforme Diogo Gomes de Figueiredo, insigne Genealógico, de quem se conservaõ os seu Originaes na Livraria do Duque de Cadaval, eraõ filhos de Joaõ Duroens de Castanheda, e de Catharina Caminha, filha de Joaõ Alvares Caminha, e de Isabel Alvares Sarria, o qual era filho de Maria de Caminha, irmaã de Isabel de Caminha, mulher de Joaõ de Tovar, e de Affonso Vaz Caminha, Fidalgo da Casa do Duque de Bragança D. Fernando II, filhos de Ruy Vaz Caminha, que dizem ser filho [cronologicamente, só pode ser neto, filho de seu filho João Fernandes Caminha 1373 - 1438] de Fernaõ de Caminha, hum Fidalgo Gallego, que passou a Portugal no anno de 1367, e serviu a ElREy D. Fernando; foy Joaõ Alvares Caminha (pay de D. Luiza Cabral) casado com D. Isabel Cabral, filha de Diogo Vaz da Veiga, e de Brites Cabral, e de Diogo Cabral, o Velho da Ilha da Madeira, etc. …………………………………………………………………..”
Não achamos aqui com quem casou Maria de Caminha, mas D. Carolina resolve o assunto da seguinte maneira, a pg. 56:
“… outros falam ainda de uma segunda filha, D. Maria C. [Caminha] , de cujo casamento com um espanhol Sotomayor nasceram descendentes muito ilustres que têm o seu lugar na Hist. Gen. da Casa Real. “
……………………………………………………………………
Ficamos a conhecer, assim, quais as fontes que apontam para este ramo dos CAMINHA:
Diogo Gomes de Figueiredo, aceite por D. António Caetano de Sousa, aponta-nos uma linha ascendente até Maria de Caminha, sem lhe indicar marido;
outra fonte, que D. Carolina não especifica, acrescenta que Maria de Caminha casou com um Álvaro de Sottomayor (significativamente, sem lhe dar o Dom), mas não será difícil de encontrar essa fonte, com uma busca adequada;
a mesma autora acrescenta na arvore genealógica que acompanha a obra, um apelido Sottomayor ao João Alvares Caminha, filho daquele casal, o que pode ser apenas de sua lavra e seguir as regras onomásticas habituais, ou indiciar que esta fonte que ignoramos seria, afinal, mais explícita.
Haverá estudiosos, não-minimalistas, que acham que há indícios suficientes, embora não indiscutíveis, que apontam para que os Caminha deste ramo descendam dos Sottomayor, e confesso-lhe que defendo essa ideia. Mas não desisto de procurar mais; resta saber como e onde. Mas o caro confrade terá agora mais matéria onde se apoie, na sua pesquisa.
Depois nos dirá, se o entender útil.
Quanto a Álvaro de Caminha, acabei por encontrar muitos dados sobre ele e sua família, que o afastam bastante das nossas suposições, pelo menos à primeira vista. Estou a preparar novo relato sobre o tema, que irei instalar aqui assim que acabe.
Até breve, e saudações
Miguel de Sousa
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RE: Caminha & Sottomayor
Caro Miguel de Sousa.
Pelos dados constantes nessa passagem da História Genealógica da Casa Real, não me parece crível que a dita Maria de Caminha fosse casada com um dos Sotomayor de Tui. Pode ser que, eventualmente, essa relação fosse ilícita, e nesse caso, pela cronologia ascendente que se pode deduzir desde D. Luisa Cabral, tanto poderia ter sido com Pedro Álvares de Sotomayor, o "Pedro Madruga", como com seu irmão Álvaro que era então casado com Maria de Ulloa, de quem não teve geração.
Contudo, se Gomes Figueiredo não refere nome ou apelido ao pai de João Álvares Caminha, duvido que se venha a saber por outros meios. Talvez Carolina Michaelis de Vasconcelos tivesse conhecimento que alguns autores chamaram ao Capitão de São Tomé, Álvaro de Caminha e Sotomayor, e que o confundiram com o varão primogénito do Conde de Caminha, e daí juntar ao "Álvares de Caminha" uma ligação anterior aos Sotomayor.
Para já, e aguardando outros dados que possam surgir, não me inclino muito para esta ligação genealógica entre os Caminha e os Sotomayor.
Quanto ao percurso biográfico de Álvaro de Caminha (excluindo os tempos do seu governo da Ilha de São Tomé que são bem documentados 1483-1499), não é muito o que sei:
-terá participado como capitão-mor na viagem em que João de Santarém e Pero Escobar descobriram São Tomé, em 1471, ao serviço de Fernão Gomes;
-terá vivido algum tempo em Faro, antes de aceitar a capitania de São Tomé;
-tinha irmãs que viviam em Faro em 1499, ano em que fez testamento e morreu;
-não tinha filhos legítimos, e vivia em concubinato em São Tomé;
-tinha um primo chamado Pedro Álvares de Caminha a quem terá tentado fazer herdeiro da Capitania após a sua morte, facto que o Rei D. Manuel não permitiu;
desconfio no entanto, que:
-possa ser o escudeiro de Álvaro de Sotomayor, documentado em Tui no ano de 1453, casado então com Constança Eanes;
-poderia ter então cerca de 20 anos, e regular a idade de Álvaro;
-tenha deixado o serviço de Álvaro de Sotomayor quando aquele morreu em 1468, cercado em Tui pelos "Irmandiños";
-tenha fugido para Portugal nesse mesmo ano, juntamente com Pedro Madruga, o irmão de Álvaro, e com o seu apoio tenha sido elevado a Cavaleiro da Casa de D. Afonso V, entre os 35 e os 40 anos de idade;
-no período entre 1469 e 74, poderia ter entrado ao serviço de Fernão Gomes nas viagens de exploração da costa africana de que aquele teve a exclusividade nesses anos;
-teria morrido em São Tomé, com cerca de 65 anos (1433/34? - 1499)
Estou ansioso por conhecer os seus dados sobre Álvaro Caminha, por forma a poder testar melhor a validade destas minhas desconfianças!
Cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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RE: Caminha & Sottomayor
Caro António Pedro Sottomayor,
Seguramente que conhece a obra Sottomayor Mui Nobre, Luis de Mello Vaz de São Payo, Edição do Autor, 1ª Edição, Vila Real, 1999 (ver http://www.bgl.org.pt/livro.php?&id=176&).
No verão encontrei a obra num alfarrabista e comprei-a por ser do autor que era, mas só recentemente comecei a lê-la por curiosidade e talvez motivado pela tese do confrade Rodrigo Cota (PortoSanto) sobre Pedro Madruga = Cólon.
Havendo como é normal referências a vários das pessoas referidas no tópico, achei por bem deixar a achega para quem desconheça a obra.
Cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Caminha & Sottomayor
Caro Ângelo da Fonseca.
Excelente obra a que refere, e nem imagina a falta que hoje faz Luiz de Mello Vaz de São Payo para uma boa conversa acerca da tese Colón-Madruga que tão bem defendem Alfonso Philippot e o meu bom amigo Rodrigo Cota.
Dado o seu interesse na referida tese, sugiro-lhe uma passagem pelo blog de Rodrigo Cota (GLUB) e uma visita à revista on-line de Pontevedra (vidavedra.es) fazendo uma busca aí com o meu nome (António Sottomayor). Decerto terá dados novos para avaliar.
Os meus melhores cumprimentos,
António Pedro Sottomayor
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Álvaro de Caminha
Caro António Pedro Sottomayor:
Muito grato pela sua resposta e pelas boas informações e úteis opiniões. Aqui estou a deixar nota do que encontrei sobre Álvaro de Caminha, o Capitão-donatário de S. Tomé. Os documentos seguintes estão publicados nos Portugaliae Monumenta Africana, vol. II, tal como já tinha indicado, mas na altura os livros estavam fora do meu alcance.
O panorama de base, no território, era este:
“Por carta régia de 24 de Setembro de 1485, foi estabelecida a donataria de São Tomé e nomeado capitão-donatário o escudeiro João de Paiva, com a obrigação de promover o povoamento da ilha. Pela chamada “carta de foral” de 16 de Dezembro de 1485, foi, por sua vez, concedido um vasto conjunto de privilégios aos respectivos moradores, que, nessa data, eram ainda muito poucos. Só em 1493, ano em que é nomeado Álvaro de Caminha para capitão-donatário e se dá a sua fixação na ilha, se inicia o efectivo processo de colonização, com a instalação de um número significativo de povoadores, incluindo os chamados “moços judeus”, crianças e jovens tirados pela força às famílias acolhidas em Portugal, depois da expulsão dos judeus de Castela” (Arlindo Caldeira – WEB, com os agradecimentos).
1493 Julho 29 - Carta de D. João II, de doação a Álvaro de Caminha e aos seus descendentes, da Capitania da Ilha de S. Tomé, morando nela continuamente. [ANTT, Ilhas, fl 104-105v]. O donatário é chamado de “cavaleiro de nosa Casa”, e a nomeação é pelos seus “muitos serviços … nas cousas do mar e da terra em Guinee e nas partes d’Africa contra os enfiees”.
Os descendentes em posição de herdar a capitania estavam longamente especificados, e eram apenas os directos, ou seja, filhos e netos. [ANTT- Ilhas fl. 104 – 105v]
1499 Abril 24 – Testamento de Álvaro de Caminha. Extenso documento em que revê a sua acção como Capitão-Donatário e deixa muitas disposições. Apontou como seu primo Pedro Alvares de Caminha e como seu criado Diogo Alvares, e a este encarregou de levar para Faro, onde seria amparada por suas irmãs, uma Úrsula que nos parece ter sido sua companheira, e em quem depositava grande estima e confiança. Indicou um tio João de Abiul, a quem legou 50000 rs., para casamento de sua filha, e deixou verbas para todas as mulheres suas parentas até ao terceiro grau, que receberiam, quando casassem, 10000rs., mas teriam que trazer antes uma certidão dos Juízes de Faro. E o que sobejasse seria repartido por suas sobrinhas, filhas de suas irmãs. E o que tivesse em Faro de herança de seu pai ficava para sua irmã Leonor de Caminha. A mãe de Pedro Alvares, seu primo, ainda era viva. Haveria que saber ainda se uma Inês Fernandes estaria grávida do Capitão, como ela dizia, conferir as datas de conta que estavam com esse primo, e providenciar de acordo depois da criança nascer. Não acho, em lugar algum do longo escrito, nenhuma expressão de vontade do Capitão para que o seu primo viesse a ser seu sucessor; pelo contrário, sempre se admite que ele iria partir dentro de algum tempo, depois de acertadas as vontades contidas no legado. Este documento tem anexo:
1504 Julho 30 - Nota autógrafa do Secretário António Carneiro, que teve o documento em seu poder e agora o ia apresentar como prova no pleito que Pedro Alvares de Caminha moveu a Sua Alteza o Rei. O testamento foi trazido da Ilha por João Mendes, o longo, e foi entregue a El-Rey, que o depositou em poder do Secretário, até esta data. Todas as laudas estão aprovadas com o sinal de António Carneiro, e o documento foi entregue ao bacharel Ruy Gomez do Desembargo Régio, para ser visto em (Tribunal de) Relação de pelos juízes do feito. [ANTT – C.C. II, 8 – 105. e III, 1 – 34].
1499 Julho 27 – Petição subscrita por moradores e vizinhos da Ilha de S. Tomé, a pedir ao Rei que nomeie Pedro Alvares de Caminha como Capitão-Donatário [ANTT – C. C. I, 2 – 127]
1499 Jul 30 – Carta de Pedro Alvares de Caminha, após falecimento, a 28 Abr 1499, de seu primo Álvaro de Caminha, a solicitar a concessão da Capitania, alegando que a donatária era hereditária e que os filhos e netos de Álvaro de Caminha eram já falecidos, e que era ele, Pedro, o mais chegado parente; alega também as vontades do testamento, que o deixou encarregado da capitania.
Afirma que os pais de ambos foram irmãos, nascidos de casamento legítimo, e que ele próprio, embora filho natural, tinha sido também legitimado por carta de D. João II, pelo que lhe parecia estar na linha da sucessão.
Acaba com uma extensa revisão dos seus serviços, como acompanhante de seu irmão na Ilha, para o que afirma ter sido o único familiar a disponibilizar-se. [ANTT – C. C. I, 2 – 128]
1499 Dez 11 – Carta de concessão a Fernão de Melo, fidalgo, por D. Manuel I, do cargo de Capitão-Donatário da Ilha de S. Tomé, para si e seus sucessores legítimos [ANTT – Ilhas fl. 59v - 60v]
1499 Dez 15 – Carta de concessão a Fernão de Melo, Capitão da Ilha de S. Tomé, da alçada do cível e crime sobre os escravos negros e brancos, cativos ou forros [ANTT – Ilhas fl. 60v]
1499 Dez 15 – Carta de concessão a Fernão de Melo, Capitão da Ilha de S. Tomé, da alcaidaria-mor da Ilha [ANTT – Ilhas fl. 60v – 61]
………………………………………………………………………………………………………………………..
Os CAMINHA do Algarve surgem, portanto, em Faro (Álvaro de Caminha, Pedro Fernandes de Caminha, Álvaro de Caminha outro, etc.). A cronologia e esta onomástica permitem postular, sem certeza absoluta, que teria existido um Álvaro Fernandes de Caminha, irmão do já documentado João Fernandes de Caminha, ambos filhos do dito Fernando de Caminha.
Este Álvaro Fernandes de Caminha teria vindo para Faro, onde se lhe conhecem dois filhos, cujo nome ignoro, mas que posso admitir terem sido
Álvaro (?) de Caminha
Pedro (?) Fernandes de Caminha
A --- Pedro (?) Fernandes de Caminha
Terá sido pai de Álvaro de Caminha, FCR, filho legítimo nascido em Faro, que foi Capitão de armadas na costa africana durante muitos anos, e mais tarde Capitão-Donatário da Ilha de S. Tomé, tendo falecido em 1499. Mas os seus filhos e netos já tinham morrido antes disso, pelo que a Capitania passou a Fernão de Melo (filho de João de Melo, o Casével), outro algarvio, este de Tavira, que transmitiu depois a Capitania a seu filho João de Melo, e este a seu neto Cristóvão de Melo, que faleceu sem filho varão, passando então a ser nomeados Capitães-Gerais, dos quais o primeiro foi Cristóvão Dória de Sousa [por sinal meu 16º avô]. Todos algarvios.
Álvaro teve uma irmã Leonor de Caminha, e mais irmãs cujo nome não cita no seu testamento, que tenho na minha frente, e muitas primas até aos terceiro grau, a quem deixa dinheiro para os casamentos respectivos, mas que teriam que trazer uma certidão do Juiz de Faro para receber a verba competente. Julgo que tenha sido bisneto de Álvaro de Caminha um outro Álvaro de Caminha que surge em Faro, filho de Aires Gomes de Seixas e de Constança Durões de Castanheda, segundo acho na obra de Miguel Côrte-Real – Fidalgos de Carta de Armas do Algarve.
A --- Álvaro (?) de Caminha
Foi pai de Pedro Fernandes de Caminha, filho natural legitimado, também de Faro, primo-irmão do Capitão Donatário, que o acompanhou na sua missão em S. Tomé. Foi seu testamenteiro, e após o seu falecimento mandou uma carta a D. Manuel, com a memória dos seus serviços, a pedir a sua nomeação como sucessor do seu primo, mas não o conseguiu, ao que julgo por a carta de mercê da Capitania apenas prever sucessores legítimos, de linha directa do primeiro donatário. De nada lhe valeu, também, uma petição com muitas assinaturas de homens-bons da ilha, fazendo o seu elogio. Houve pleito por este motivo, entre este candidato e a Coroa, tendo a sentença final, desfavorável ao primeiro, ao que parece, ter sido proferida pela Relação, em 1504.
Pelo que vi, parece-me seguro que os Condes de Faro descendem deste Pedro Alvares de Caminha.
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De momento, julgo que é o que é possível adiantar. Fico aguardando os seus comentos a esta questão.
Com os melhores votos
Miguel de Sousa
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Álvaro de Caminha Souto Maior
Caro António Pedro Sottomayor:
Tenho continuado com a pesquisa deste assunto, embora sem grandes esperanças de uma solução fácil. De todo o trabalho, apenas pretendo deixar aqui duas notas, que consegui voltar a localizar, pois não me lembrava de todo onde as tinha lido; por acaso tive que rever as obras há dias e lá as achei. E não deixam de ser curiosas. Aqui ficam.
A existência de um Alvaro Caminha Souto Maior, com este mesmíssimo nome (o que tem sido posta em dúvida) acha-se na Corografia do Algarve, de João Baptista da Silva Lopes - Typografia da Academia das Sciencias de Lisboa, 1841 - pg. 406, que sobre ele reza o seguinte:
"Alvaro Caminha Souto Maior, natural de Faro, fez grandes serviços ao Estado, sendo capitão mór de huma armada descobriu a Ilha de S. Thomé, de que el-rei D. João II lhe fez mercê de juro e herdade em 1477, e nomeando-o governador della lhe entregou os filhos menores de ambos os sexos que se tirárão aos Judeus hespanhoes refugiados neste reino (Tomo I do Reg. da Camara de Faro, f. 57 - Annaes da Marinha tomo I. p. 186)".
Não tive possibilidade de confirmar se o Livro I da Camara de Faro ainda existe, o que deixo para eventuais interessados. Mas a tradicional probidade de João Baptista é-me suficiente para saber que a citação estará certa, e que o Capitão-Donatário de S. Tomé quase seguramente terá tido ascendência Sotomaior, como aliás outras tradições familiares asseguram, e que já aqui registei. Também conviria consultar o que se acha no artigo dos Annaes de Marinha, mas de momento não o posso fazer.
Penso, desta maneira, ter dado mais uma achega, desta vez ainda mais concreta, para o problema que aqui temos discutido, sobre a ligação dos CAMINHA de Faro aos SOTOMAIOR.
Ainda sobre os CAMINHA do Algarve, tornei a localizar uma citação, de um artigo online do Prof. F. A. Dória, sobre os Dória do Brasil, em que consta uma Guiomar Caminha, casada com o Doutor Cristóvão da Costa, desembargador do Paço e também Reitor da Universidade de Coimbra depois de 1526, este filho de Afonso da Costa, alcaide-mor de Lagos, e este filho do célebre Soeiro da Costa, navegador e tratador, e também alcaide-mor de Lagos, que foi da geração dos grandes conhecedores da costa africana, em que se incluiu Alvaro de Caminha, de quem julgo que Guiomar Caminha possa ter sido irmã ou prima, pois é lógico pensar que o Dr. Cristóvão, que nasceu em Lagos, possa ter casado com uma algarvia com bom dote, como seria esta senhora.
Mais umas achegas para o puzzle...
Com os melhores cumprimentos
Miguel de Sousa
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