450.000 Reis Ano 1840
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450.000 Reis Ano 1840
Estimados confrades,
Quantifiquem-me por favor para o ano de 1840, 450.000 Reis
Cumprimentos
Luís Carvalho Guimarães
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro Luis Carvalho Guimarães.
Essas conversões são sempre dificeis. Diria que entre 5.000 e 15.000 euros.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro Luís Carvalho Guimarães,
Muito embora uma conversão (feita através dos coeficientes existentes) possa apontar para valores iguais aos que lhe foram indicados por António Taveira. Contudo, estas conversões são bastante relativas. Penso que será mais interessante, para perceber os valores em causa, ver o que se poderia comprar nessa altura com 450.000 reis. Posso-lhe dizer que em Guimarães, em 1848, com cerca de 200000 reis poderia comprar um casa modesta, com 600000 reis uma boa casa, com 1800000 uma excelente casa "feita de novo". Em 1812 com 11 contos compraria o Palácio de Vila Flor, em Guimarães...
O valor que refere, não sendo nenhuma fortuna, era uma quantia considerável.
Veja este tópico que certamente será elucidativo: http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=249527&fview=e
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro Francisco Brito:
Era normal no Douro, no início do século XIX, nas famílias abastadas (não nas principais, mas as que figuravam entre as dos 40 maiores contribuintes concelhios), os pais dos noivos dotarem-nos, cada um deles, com cerca de 10.000 cruzados (4.000.000 reis).
Parece-me por isso, surpreendentemente baixo o valor que indica para o Palácio de Vila Flor. Mesmo sabendo que em 1812 ainda não tinha a dimensão que obteve depois.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro António Macedo,
Retirei a informação que deixei neste Forum do livro "O Palácio de Vila Flor em Guimarães" de D. Maria Adelaide Pereira de Moraes. Na página 34 é referido que a 23.4.1812 foi vendido por "10.800$000 a casa de Vila Flor e os prazos do Minhoto, Minhotinho e Cavalinho". No mesmo livro pode ler-se (p.63) que o Palácio de Vila Flor seria novamente vendido, em 1881, desta vez pela quantia de 39.500$000. Quanto à dimensão do palácio penso que a parte construída no séc. XX é relativamente pequena, não tendo grande influência no preço do conjunto.
Os dotes que refere eram pagos só em dinheiro ou também em terras, jóias e outros bens? Por exemplo o meu 6º avô era Mestre-Pedreiro e proprietário (de uma quinta com uma dimensão razoável) e, sem tocar nos seus bens de raiz, conseguiu dotar a sua filha com cerca de um conto em 1819/20 o que era uma quantia apreciável. Para isso socorreu-se de algum dinheiro que tinha e de dinheiro que lhe foi dado para o efeito por irmãos da sua mulher que eram lavradores. Os quatro contos que refere eram, de facto, muito dinheiro mas se esses dotes fossem feitos em propriedades poderíamos estar a falar de dar em dote uma boa quinta no Douro...
Melhores cumprimentos,
Francisco Brito
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro Francisco Brito:
Os valores que refiro eram em numerário. Era comum uma das partes fazer dotes em terras (vinhas ou quintas) e a outra em dinheiro. Ou então eram ambos dotados com terras. Em 1831 uma minha 4.ª avó foi dotada por sua mãe com a metade (reservou a outra metade para si) de uma quinta, em decadência (que o marido, meu 4.º avô, se comprometia a recuperar com os seus cabedais) avaliada na altura em mais de 6 contos de reis (a metade).
O que estes valores revelam é um enorme desfasamento ao longo do tempo entre a realidade de Guimarães e do Douro. Enquanto aqui se desvalorizaram, lá a valorização relativa é evidente.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro António Taveira,
De facto estes valores são bastante relativos, porque há uma serie de factores que, de certa forma, vão interferir na análise dos valores em questão (inclusive a valorização ou desvalorização das propriedades, tal como referiu).
Outro assunto curioso, e que levanta iguais dificuldades na análise, é tentar definir o conceito de "rico" numa determinada época. Em Guimarães um individuo com 8 contos em bens de raiz era considerado "abonado de bens" e, a partir de 15 contos era, muitas vezes, considerado "rico". Contudo, em 1820, o homem mais rico da província, um vimaranense tinha de fortuna de 5 a 6 milhões de cruzados (2400 contos). Penso que a sua família (os Martins de Minotes), a seguir ao Barão de Quintela, eram a família mais rica do país (isto segundo um artigo publicado pela Univ. Aberta).
Penso que para poder avaliar o que significava uma determinada quantia numa determinada época, o ideal é tentar saber os preços das propriedades e produtos para as regiões e para as datas em análise.
Melhores cumprimentos,
Francisco Brito
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Embora sem acrescentar de forma significativa ao que foi dito, posso dar mais duas informações relativas a casos aqui mencionados:
Cerca de 1860, do Palácio Vila Flor só estava construído pouco mais de metade.
Cerca de 1830, uma 4.ª avó minha, sendo parente dos Martins da casa de Minotes (neta de uma irmã da esposa de um deles), foi por eles dotada para casar com um conto de reis (600 mil reis em metal, por José Martins da Costa, comerciante da Praça do Porto, e 400 mil reis de um fundo monetário que o seu tio Gualter Martins da Costa deixou para distribuir pelos parentes).
Nuno Borges de Araújo
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Saiu há poucos anos um livro de conversão chamado "O valor do Dinheiro". Muito bom, útil e fácil
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RE: 450.000 Reis Ano 1840
Caro Nuno Borges de Araújo,
Muito obrigado pela mensagem que aqui deixou e desculpe a demora na resposta.
De facto tem razão quanto ao Palácio de Vila Flor. Em 1884 (na altura da Exposição Industrial) de acordo com gravuras da época só estaria construído (fazendo uma "contagem" pelo número de janelas do Palácio) cerca de 65% daquele edifício. Penso que foi a família Jordão a concluir a obra...
Os Martins da Costa foram, de facto, a família mais rica e uma das mais influentes de Guimarães durante o século XIX. Se não me engano, sendo já uma família com muitos bens, foram os filhos de Luís Martins da Costa (http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=253281) que, na Baía, fizeram uma enorme fortuna. Um deles, como já referi, quando morreu deixou uma fortuna de 6 milhões de cruzados e um outro, se não me engano, quando faleceu deixou 30 contos em legados pios! Todos estes dados magistralmente descritos nas Velhas Casas de Guimarães de D. Maria Adelaide Pereira de Moraes. Seria bastante interessante que se fizesse um estudo sobre esta família e sobre a sua influência política em Guimarães durante grande parte do século XIX e inícios do século XX...
Melhores cumprimentos,
Francisco Brito
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