Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
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Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caros confrades:
Por algum problema técnico, uma mensagem por mim colocada noutro tópico não está acessível. Vou assim, porque a considero relevante na questão do esclarecimento da identidade de Fernão de Magalhães, colocá-la aqui.
De facto o Diogo de Magalhães, de Figueiró, filho de Lopo Rodrigues, documenta-se por três vezes com esse nome nos primeiros anos do século XVI e com nenhum outro.
O Diogo de Sousa, irmão do navegador, documenta-se 2 vezes com esse apelido e com nenhum outro: em 1505 quando parte para a Índia com o irmão na armada de D. Francisco de Almeida e em 1519 no testamento de Sevilha.
Aludem, os defensores da tese Figueiró, que o uso de um ou outro apelido era indistinta e comummente usado ao sabor do acaso. Que uma pessoa no século XV ou XVI poderia ser conhecida como Diogo de Magalhães e como Diogo de Sousa. A verdade é que só quem nunca fez pesquisas nesses séculos pode fazer uma afirmação dessas.
Se usavam nome próprio e patronímico podiam usá-los só a eles ou então acrescentarem um apelido àqueles. Se não usavam patronímico eram referidos com o nome próprio e apelido. Excepto se um 2.º apelido se juntasse àqueles, episódicamente, mas sempre depois do 1.º.
Um Diogo de Magalhães podia às vezes ser referido como Diogo de Magalhães de Sousa. Também um Diogo de Sousa podia ser referido como Diogo de Sousa de Magalhães. Mas não um Diogo de Sousa como Diogo de Magalhães ou vice versa.
Só por razões poderosas é que, excepcionalmente, não era assim. Nomeadamente por alguma obrigação vincular. É exactamente esta a situação que se coloca quando Fernão de Magalhães diz ao seu irmão que nomeia, “Diogo de Sousa”, para usar o apelido “Magalhães” no caso de lhe suceder na herança. Se o irmão usasse indistintamente os dois apelidos não lhe chamaria “Diogo de Sousa”. Bastaria dizer para o seu irmão Diogo usar sempre o apelido Magalhães. Mas ele sabia, óbviamente, o nome que seu irmão usara desde a juventude e pelo qual era conhecido.
E o que é válido para Diogo de Sousa é-o também para Fernão de Magalhães. De outra forma todas as refrerências a um Fernão de Sousa, dessa mesma época, poderiam vir a ser consideradas referências ao navegador, o que ninguém aceita.
Tanto assim é que, a título de exemplo, o 2.º barão de Alvito, D. Diogo Lobo, filho primogénito, sempre usou o apelido Lobo que lhe vinha de seu avô materno. Seu irmão segundo, D. Filipe de Sousa, o apelido do avó materna. E fácilmente se encontram dezenas de exemplos semelhantes.
Não é pois aceitável pensar que uma mesma pessoa usasse o apelido Magalhães quando circunstancialmente se relacionasse em Figueiró, e o apelido Sousa noutras ocasiões. TEMOS DE CONSIDERAR TRATAR-SE DE DUAS PESSOAS. E isto sem referir a total ausência em Figueiró em filhos, netos e bisnetos de Lopo Rodrigues de Magalhães, do apelido Sousa. Um só entre tantos que usasse o “nobilissimo” Sousa preterido por Nunes, Pires, Vide...Enquanto os dois irmãos varões conhecidos do almirante eram Diogo de Sousa e Duarte de Sousa.
Não se pode confundir esta situação com o que ocorria no século XVIII quando “estava na moda” usar um corropio de apelidos. Eram capazes de durante a manhã testemunharem com 4 ou 5 apelidos e, durante a tarde, com uma outra combinação diferente. Situação que poderá ter começado com a acumulação de várias obrigações vinculares de uso de apelidos numa mesma pessoa. E daí ter virado moda.
António Taveira
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RE: Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caros Confrades:na sequencia da análise aos apelidos Sousa ou Magalhães em causa,pergunta-se:Quem são os "progenitores"d o Diogo de Sousa(ou Magalhães) referido no Testamento de Sevilha?em que nobiliário se encontram?existem documentos comprovativos dessa filiação?agradeçemos,desde já,a resposta pois estamos todos a "aprender".Saudações cordiais.jg
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RE: Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Ilustres Confrades:tem o seguinte comunicado a seguinte finalidade.Acordaram por unanimidade os Ilustres participantes(uns Insignes Genealogistas e outros só Aprendizes...)o seguinte:1-dada a "Carencia"de PROVAS documentais,indiciárias ou outras considerando ainda o adiantado dos trabalhos,determinam(até prova a contrario fidedigna e documentada) que o falecido Fernão de Magalhães o Navegador(também Sousa)era FILHO de LOPO RODRIGUES DE MAGALHÃES E MARGARIDA NUNES,de acordo com Testamento de Sevilha,Felgueiras Gaio,João da Madre de Deus,Manuel Villasboas,Mattos e Silva...2-Dada a época de Veraneio que atravessamos decidiram ainda irem a "banhos"e aproveitar o belo Sol que ilumina as mentes e o nosso País.Não queremos olvidar o esforço e "tabalho"incessante dos Mattos e Silva que SEMPRE documentadamente aprofundaram a questão pendente e fortaleceram a Tese de Figueiró de forma "desinteressada".Bem haja pela sua contribuição.Cordiais Saudações e Boas Férias.jg
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RE: Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caro confrade:
Embora eu não me considere preparado para intervir na interessante discussão acerca de Fernão de Magalhães que motivou esta sua análise relativa à identificação (ou não) de duas personagens, quanto à questão teórica que desenvolve nesta mensagem, nomeadamente a possibilidade de nos séculos XV e XVI alguém ser comummente referido com apelidos alternativos, tenho opinião diferente da sua, a qual se fudamenta precisamente em exemplos documentais. Faço questão de deixar aqui este testemunho por me parecer que afirmações muito peremptórias como a que o confrade faz podem levar a descartar indevidamente hipóteses fecundas, caso essas afirmações não correspondam estritamente à realidade, ou, pelo menos, admitam excepções documentadas.
Pelo menos a partir da primeira metade do século XVI (quanto ao século XV não disponho de elementos) encontrei exemplos de identificação da mesma pessoa com apelidos alternativos, provenientes de diferentes linhas de ascendência, por vezes mantendo-se o mesmo patronímico. A partir da primeira metade do século XVII, com a profusão crescente de fontes documentais, os exemplos multiplicam-se, embora também se pudesse alegar que essa multiplicação corresponderia a uma alteração nos hábitos e que portanto não se aplicaria ao século anterior, mas lembro-me pelo menos de um exemplo ainda da primeira metade do século XVI. Julgo que não se aplica à generalidade do século XVII aquilo que o confrade bem ressalva relativamente ao século XVIII; mesmo já nesse século, parece-me que, pelo menos em regiões periféricas, ainda se podem encontrar exemplos de usos de apelidos múltiplos (não em simultâneo) que não correspondem ao caso que refere mas a hábitos mais arcaicos.
Aqui vão alguns exemplos de que me fui lembrando, a começar em 1539:
1) Paio Gomes de Caldas casa como Paio Gomes, filho de João Gomes e Beatriz Pereira em Monção (Santa Maria dos Anjos) a 25/5/1539, com Catarina Velha, filha de João Vaz e Leonor Velha; baptiza na mesma freguesia os filhos Leonor (18/1/1540) e Bento (14/12/1540) com o nome “Paio Gomes de Caldas”, mas é testemunha na mesma freguesia a 11/11/1548 como “Paio Gomes Pereira, genro de Lianor Velha”, a qual Lianor Velha era de facto a sogra do Paio Gomes que casa em 1539 como o atesta esse assento de casamento. Em documentos do mosteiro de Paderne também é referido com Paio Gomes de Caldas; nos nobiliários é sempre chamado “Paio Gomes Pereira” ou “Pereira do Lago”; note-se que o patronímico Gomes provinha da linha paterna (era filho de João Gomes de Caldas, neto de Gomes Rodrigues de Caldas) e o Pereira da linha materna – era filho da acima referida “Bryatiz”, ou seja, Beatriz, Pereira (chamada nos nobiliários “de Castro do Lago”, de acordo com outra sua ascendência).
2) João Rodrigues Villarinho é Juiz dos órfãos de Valladares e com esse nome (“João Roiz Villarinho”) e cargo casa em S. João de Longos Valles a 17/1/1616 com Catarina Marinha; em muitos assentos é apenas chamado “João Roiz juiz dos órfãos”, noutros com o nome dado no casamento mas aparece pelo menos num deles como “João Roiz Bacellar”, nome que também lhe é dado na chancelaria de D. João IV, a 5/4/1644 (confirmação de um alvará de 1/10/1643) quando lhe é confirmado o acima referido cargo após a execução do Marquês de Villa Real a quem coubera a nomeação inicial; é sem dúvida o mesmo pois, segundo o mesmo documento, exercia ao cargo havia 38 anos, ou seja, desde 1605. Assinale-se como curiosidade que uma sua filha ora é chamada “Isabel Rodrigues” ora “Isabel de Sousa” ora “Isabel de Bacelar”. Noutros indivíduos desta região e época encontrei a mesma alternância entre os apelidos “Villarinho” e “Bacellar”.
3) Diversos filhos de um casal da primeira metade do século XVII (Julião Fernandes Villarinho e Grácia Rodrigues Bacellar, filha do atrás referido juiz dos órfãos) usam alternadamente os apelidos “Sousa”, “Sousa Lobato”, “Caldas” ou “Caldas Lobato” e uma delas, pelo menos, alterna entre "Fernandes" e "de Sousa".
4) Em finais do século XVII e princípio do XVIII encontrei uma senhora de origem galega que é alternadamente chamada “D. Jacinta Gonzalez” (apelido do pai), “D. Jacinta Antónia Lobato” “D. Jacinta Sarmento” ou “D. Jacinta Antónia de Castro” (apelidos provenientes da ascendência da mãe, D. Joana Lobato); nunca aparece com mais de um apelido em simultâneo. As suas filhas mantêm esta “liberdade” de uso de apelidos; uma delas pelo menos assina ora como “Caetana Maria Sarmento” ora como “Caetana Maria de Castro”, sendo também chamada, em assentos, “Caetana Maria Rebella” (nome do pai, Inácio Rebello), outra é chamada alternadamente “Luisa Maria Rebella”, “Luisa Maria Pereira” (apelido de um bisavô pai da avó materna) ou “Luisa Maria Sarmento”. Também em nenhum caso assinam ou são designadas em simultâneo com mais de um apelido.
Poderia citar outros exemplos, mas o que pretendo demonstrar é que existem excepções ao princípio que o confrade enunciou pelo menos desde o século XVI, o que a meu ver obriga a usar de alguma prudência na avaliação de qualquer caso particular que se pretenda analisar.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caro António Bivar:
Eu refiro-me ao século XV/XVI a época em que Fernão de Magalhães viveu. Não me pronunciei sobre o século XVII. De milhares de registos que vi desse período só excepcionalmente é que há mudança de apelido. Poderiamos chamar-lhe mudança de nome porque é disso que se trata.
O único exemplo que deu do século XVI não se situará numa excepção que referi? Uma herança de um vínculo que obigue a uso de apelido ? E é um exemplo em quantos.....
Testamento de Fernão de Magalhães "...Diego de Sosa mi hermano, que agora vive con el serenísimo señor Rey de Portugal, viniéndose á vivir á estos reinos de Castilla, é casándose en ellos, é con tanto que se llame de Magallaes é tenga las armas de Magallaes, según é de la manera que las yo traigo, que son de Magallaes é Sosa; é si el dicho Diego de Sosa, mi hermano, no tuviere hijos ni hijas de legítimo matrimonio para haber el dicho mayorazgo, quiero y mando y es mi voluntacl que lo haya el dicho mayorazgo Isabel de Magallaes, mi hermana, con tanto que se llame de Magallaes, é traiga mis armas, según dicho es, é se venga á vivir é casar en estos reinos de Castilla...."
Fernão de Magalhães nomearia repetidas vezes o seu irmão como Diogo de Sousa (são mais do que as duas referidos neste trecho) se ele usasse indistintamente os dois nomes Diogo de Sousa e Diogo de Magalhães ?
Se assim não é, e estou errado o que não creio, andam todos os investigadores distraidos desde há séculos. Temos de procurar rasto de um Fernão de Sousa, nome alternativa de Fernão de Magalhães, o navegador.
Tenho pena que não se refira sobre a questão propriamente dita.
O irmão do navegador só ser conhecido como Diogo de Sousa. O filho de Lopo Rodrigues ser referido três vezes nas chancelarias como Diogo de Magalhães. Nunca aparecer na descendência de Lopo Rodrigues ninguém com o apelido Sousa (em alternativa ao Magalhães, usam Nunes, Pires e Vide, por exemplo).
Os dois irmãos varões de Fernão de Magalhães são Diogo de Sousa e Duarte de Sousa.
Qual é o seu feeling?
Se tiver mais exemplos de uso de apelidos diferentes por uma mesma pessoa daquele período, final do século XV ou início de XVI, agradecia que os partilhasse, poderiamos constatar até que ponto esse uso era excepcional.
A título de exemplo, consultei todos os registo de matrículas de ordens menores na arquidiocese de Braga entre 1430 e 1588. Quando os ordenandos são referidos por um apelido que não o paterno, mantém-no depois de adulto.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Uso de apelidos no século XV - XVI
Caro António Bivar:
O exemplo que deu não se enquadra propriamente nas situações que referi.
No Paio Gomes do seu exemplo o Gomes já não é verdadeiramente um patronímico. Herdou-o do pai e provávelmente transmitiu-o aos filhos. Era o início de uma nova linhagem como aconteceu com tantos patronímicos. Por exemplo uma que estudei bem a dos Juzarte.
O nome porque foi sempre conhecido foi "Paio Gomes". O Gomes sendo patronímico do seu pai, no seu nome já era identificador de linhagem iniciada em seu avô. Não identificador do nome próprio paterno.
O que eu pretendia era um Pedro de Melo passar a chamar-se Pedro de Magalhães, um Luis Alcoforado passar a chamar-se Luis de Sousa, etc...
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caro António Taveira,
Não duvido que esse uso alternativo de diferentes apelidos fosse mais a excepção que a regra, mas o meu ponto é que se podem encontrar exemplos, pelo que só por si a diferença de nomes não permite excluir a hipótese de que se trate da mesma pessoa. A minha preocupação não diz respeito especialmente ao caso de que se trata neste tópico; como disse antes, é um assunto que acho muito interessante mas, pelo menos por enquanto, ainda não consegui inteirar-me suficientemente dos diversos argumentos e dados objectivos para poder entrar utilmente neste debate. Apenas fiquei preocupado com a hipótese de ficar "arrumada" a questão da impossibilidade teórica de existirem excepções significativas à "regra" da imutabilidade do nome.
Lembrei-me agora de um caso famoso e também ligado às grandes navegações, exactamente na charneira entre os séculos XV e XVI: Pedro Álvares Cabral que em alguns documentos é chamado Pedro Álvares de Gouveia, caso analisado, por exemplo, na obra do Prof. Luís de Mello Vaz de São Payo "Subsídios para uma biografia de Pedro Álvares Cabral"; para mais oscilou entre estes dois nomes, ou seja aparece como Pedro Álvares Cabral, depois de Gouveia e finalmente outra vez Cabral! a 15/2/1500 recebe "carta de capitanya moor e poderes que levou quando foy envyado às Imdias per capitam" como Pedro Álvares de Gouveia, mas a descoberta do Brasil consagra-o já como Pedro Álvares Cabral. Fora moço fidalgo, aparecendo numa lista de moradias de 1484 como Pedro Álvares Cabral, junto com seu irmão João Fernandes Cabral, mas recebe mais tarde uma tença de 26.000 reis em conjunto com o mesmo irmão, já como Pedro Álvares de Gouveia, o que consta de cartas régias de 12/4/1497 outorgadas aos dois irmãos. Embora o Professsor Luís de São Payo ache "insólita" esta alternância no uso dos apelidos, não deixa de a assinalar e documentar. Como é sabido, Gouveia era o apelido da sua mãe, D. Isabel de Gouveia; sinceramente não vejo razão para que se exclua liminarmente a possibilidade de Fernão de Magalhães aparecer em algum documento como Fernão de Sousa. É claro que teria de haver outros indícios que corroborassem essa identificação, como acontece com Pedro ÁLvares Cabral, neste caso parece que sem deixar margem para dúvidas.
A percepção que tenho é que haveria muitas vezes razões mais ou menos fortes para estes usos alternativos, mas duvido que se possa enunciar uma regra exclusiva; desde obrigações vinculares a homenagens mais ou menos sentimentais acho que não é de excluir nenhuma hipótese a priori. No caso que referi do século XVI na zona de Monção é notória a preferência pelo apelido "Pereira" em diversas linhagens que o usam depois de diversas quebras de varonia e/ou legitimidade, mas neste caso, precisamente, a memória que ficou nos documentos posteriores à sua morte consagrou o "de Caldas" (os documentos do mosteiro de Paderne, por exemplo) que parece ter usado quase sempre, embora tivesse filhos usando "Pereira", ou seja, o uso esporádico do "Pereira" não parece ter sido uma alteração mais ou menos oficial e tardia causada por alguma obrigação vincular, mas antes uma "liberdade" revelando essa ausência de rigidez absoluta no uso do nome.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Uso de apelidos no século XV - XVI
Caro António Taveira:
O Gomes não fazia propriamente parte do argumento; a alternância era entre "de Caldas" e "Pereira" e apenas pretendi realçar que a alternância dos apelidos fazia-se, mesmo mantendo o patronímico proveniente do outro ramo, o qual, como verá, estava longe de ser identificativo de linhagem. O "Gomes de Caldas" do pai não "pegou" muito; a descendência de João Gomes de Caldas, e mesmo de seu pai Gomes Rodrigues de Caldas, quando privilegiou esta linha de ascendência usou de preferência os apelidos Sousa, Lobato e Caldas (sobretudo o Sousa, por razões óbvias...) e mais frequentemente o patronímico Rodrigues, todos resultantes das alianças das primeiras gerações de Caldas protugueses (o patronímico Rodrigues seria o de D. Garcia Rodrigues de Caldas, tronco desta família, segundo os nobiliários). O Gomes, neste caso não se transmitiu aos filhos e descendentes que usaram apelidos tão variados como "Pereira de Castro", "de Mogueimes", "Lobato", "Pereira de Sousa", etc., mas não tenho notícia de que algum usasse Gomes. Encontrei alguns Gomes de Caldas mais tarde mas não por descenderem do Paio do meu exemplo; o Gomes nesta região estava tradicionalmente mais ligado aos Abreus e encontram-se por este motivo inúmeras "Helenas Gomes" descendentes desta linhagem, por exemplo.
Na mensagem acima expus o caso de Pedro Álvares Cabral/de Gouveia; embora se mantivesse o patronímico "Álvares" julgo que ninguém argumentará que era usado na época como identificativo de linhagem; ao longo dos tempos alguns raros descendentes usaram "Álvares Cabral" como homenagem pessoal ao grande navegador e, mesmo assim, em geal apenas os Pedros (ainda hoje sei de um caso)... Curiosamente também Pedro Álvares Cabral foi buscar o patronímico ao avô, duplicando o do pai, o que sempre praticou, também como excepção (há casos na 1ª dinastia).
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Uso de apelidos no século XV - XVI
Errata: onde está "em geal" leia-se "em geral" e onde está "o que sempre praticou" deveria estar "o que sempre se praticou"...
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RE: uso de apelidos no século XV - XVI
Caro António Bivar:
O caso do Pedro Álvares Cabral é semelhante ao do Paio Gomes. O seu paí não era Álvaro. Àlvares não era o seu patronímico, era nome por si usado e identificador de linhagem. O seu avô paterno era Álvares foi aí que ele foi buscar esse nome. Estamos num limbo em que antigos patronímicos (de gerações anteriores) se vão começando a identificar com linhagens. O Álvares aqui não nos diz que era filho de um Álvaro (o que não o identificaria com ninguem em concreto) mas que era neto paterno de um Álvares.
Pedro Álvares Cabral poderia ser conhecido como Pedro Álvares de Gouveia, mas não como Pedro de Gouveia.
Neste caso de uso já não de patronímicos mas de "embriões" de apelidos, estamos mais próximos de um Diogo de Sousa poder usar Diogo de Sousa de Magalhães. Não certamente de um Diogo de Sousa usar Diogo de Magalhães.
E este é que é o ponto. Um Luis Taborda usar Luis Bivar, um Fernão Taveira usar Fernão de Macedo, um Manuel de Melo usar Manuel de Magalhães. Queria um só exemplo para este período.
Não estou de acordo consigo quando diz que existiria uma certa liberdade para o uso de apelidos. A partir do momento em que começavam a usar um apelido a seguir ao nome próprio, pelo final do período da juventude, mantinham-no toda a vida. Ñem sempre era o paterno, podia ser materno ou irem-no buscar a um avô. Pelo menos neste período não o iam buscar "mais longe". Não sei se esta escolha era "livre", escolha do "próprio", muito influenciada por tradições familiares, ou não. Como todos sabemos era normal irmãos inteiros com diferentes apelidos. Mas não devemos confundir isso com liberdade de uso ou mesmo de escolha.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Uso de apelidos no século XV - XVI
Caro António Bivar:
O Gomes não fazia parte do seu argumento mas faz do meu.
Não estranho que o seu PAIO GOMES, possa usar PAIO GOMES Pereira ou PAIO GOMES Caldas.
Como não estranho que um DIOGO DE SOUSA, possa ser DIOGO DE SOUSA de Magalhães, ou DIOGO DE SOUSA de Melo. Mas não um DIOGO DE SOUSA ser DIOGO DE MAGALHÃES.
O Gomes no Paio Gomes já é um 1.º apelido usado por seu pai. Identifica a linhagem paterna em vez de nos revelar o nome próprio do pai.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: uso de apelidos no século XV - XVI
Caro António Taveira:
Confesso que nunca tinha ponderado a hipótese de, nessa época, um patronímico, ainda que já herdado de antepassados e não puramente indicativo do nome do pai, funcionar como “apelido principal” e justificar-se assim a variação do apelido que se lhe segue sem que isso viole um princípio rígido de invariabilidade do apelido que só se aplicaria, precisamente, ao “principal”. Assim ficaria salvaguardada essa “rigidez” em todos os casos em que o apelido fosse único, sem uso de patronímico, uma vez que nesse caso seria, por definição, o principal. Nessa hipótese o “estatuto” do patronímico em Pedro Álvares Cabral seria substancialmente diferente do de seu irmão João Fernandes Cabral, já que aqui “Fernandes” parece indicar simplesmente que o pai era Fernão. Parece-me uma hipótese interessante mas julgo que está longe de ser uma evidência.
O uso preferencial de determinados patronímicos em algumas linhagens, originários dos nomes próprios de antepassados anteriores ao pai, é de facto um hábito que encontrei com frequência, pelo menos a partir do século XVI e, como se vê pelo exemplo de Pedro Álvares Cabral, já mesmo no século XV; no entanto esse uso, nesses casos, não parecia dispensar o uso do apelido propriamente dito, pois quando este era omitido em alguns documentos parece mais tratar-se de uma abreviatura do nome, já que reemerge noutros, em assinaturas, etc. sem desaparecer definitivamente. No exemplo que referi do Paio Gomes, o Gomes não se transmitiu nem a um só do seus filhos documentados ou referidos em nobiliários; não me parece uma situação comparável a casos geralmente mais tardios em que a um apelido “principal” se acrescentam por vezes outros que podem variar. Também no caso de Pedro Álvares Cabral nunca, que eu saiba, o “Álvares” se consagrou como apelido exclusivo nem do próprio nem passando à descendência desligado do “Cabral”; esse patronímico já era usado há algumas gerações por alguns membros da família mas nunca substituiu o apelido da linhagem.
É preciso que se note que o uso do patronímico estava muito generalizado nessa época mesmo nas diversas camadas da nobreza, o que limita a possibilidade de encontrar os exemplos em que simultaneamente não se usasse patronímico e se variasse o apelido (caso já de si, estou de acordo, raro). Sabe-se que o abandono do patronímico ocorria por vezes como marca de ascensão social no seio da Alta Nobreza, por vezes em conjunto com a substituição da forma “popular” do nome próprio pela forma “erudita” (assim Martim Vaz de Castelo Branco passou a D. Martinho de Castelo Branco, Rui Vaz Pereira a D. Rodrigo Pereira e até o Dr. João das Regras chamou a atenção para que D. Inês de Castro, quando veio para Portugal se chamava “apenas” Inês Peres de Castro) e nesse casos seria de facto ainda mais estranho que o apelido variasse após a referida “promoção”. Note-se que o “Vaz” dos Castelo Brancos era já dos patronímicos herdados ao longo de diversas gerações e não indicativo do nome próprio do pai; no entanto nunca se transformou em apelido principal e foi mesmo abandonado pelo ramo que ascendeu à grandeza.
Julgo que há fortes razões para considerar que nestes casos os patronímicos embora não remetessem para o nome do pai ainda remetiam para o nome próprio de um antepassado de que se guardava memória, não tendo portanto a mesma função do apelido principal; assim como, por exemplo, em épocas ainda mais recuadas, alguns bastardos de D. Dinis usaram o patronímico “Sanches” que remetia já para um bisavô. Parece-me um fenómeno bastante diferente do que ocorreu mais tarde com a fixação de patronímicos como apelidos, perdida muitas vezes a noção de que pretendiam comemorar algum antepassado com esse nome próprio.
Reconheço que para infirmar experimentalmente a sua hipótese teríamos de procurar na documentação subsistente para a época em questão o caso de alguém que fosse referido sempre sem patronímico e com apelidos diferentes em diferentes ocasiões, mas em documentos que inequivocamente permitissem perceber que se tratava da mesma pessoa; não parece ser, à partida, tarefa fácil, para épocas de que não subsistem muitos documentos acerca da generalidade das pessoas, ou seja, antes da vulgarização dos assentos paroquiais. Em certo sentido já é “uma sorte” aparecerem os casos que referi e que se podem nesse sentido considerar “insólitos”. No entanto para consolidar a referida sua hipótese haveria que ponderar também os argumentos acima, pois ela parece depender fortemente da ideia de que os patronímicos nos exemplos referidos desempenhavam o papel de apelidos principais; aliás a conjectura que fez, guiado por essa ideia, acerca do destino do patronímico “Gomes” na descendência do Paio, não se confirma e o Álvares dos Cabrais também nunca se consolidou como apelido independente.
Não disponho de exemplos como os que requer para o século XVI mas encontro vários no século XVII, desde o início. Admitindo a tese que defende, teremos de partir então do princípio de que alguma coisa mudou na transição do século XVI para o XVII, exactamente na época em que passámos a dispor de muitos mais testemunhos coevos, através dos assentos paroquiais. É possível, mas seria então interessante tentar perceber porquê, e desmontar a explicação aparentemente mais simples de que se os exemplos aparecem exactamente quando dispomos de muito mais documentação então talvez já existissem antes mas apenas a falta de documentação torna difícil encontrá-los... Não nos esqueçamos de que, em qualquer caso, estamos a falar de um fenómeno acerca de cuja (pelo menos relativa) raridade estamos de acordo.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Caro António Bivar:
Não digo que o Álvares se transforme no apelido principal. Digo é que é indissociável do nome próprio e identificador de uma linhagem. Pedro Álvares era filho de Fernão Cabral, neto de Fernão Álvares, bisneto de Luis Álvares, terceiro neto de Álvaro Gil, o progenitor daquela linhagem. Pedro Álvares Cabral era pai de Fernão Álvares, avô de Pedro Álvares, bisavô de Fernão Álvares. Permaneceu durante oito gerações desde o patriarca da linhagem que foi o único dessa cadeia a usar o nome próprio Álvaro.
A partir do momento em que o patronímico paterno é usado pelo filho, ele relaciona-o com o nome usado pelo pai e com o nome próprio do avô. Já não é uma referência ao nome próprio paterno mas sim ao nome que o pai usou e ao nome próprio do avô. Passa a ser um elo que une a linhagem. Com o tempo, com o passar de gerações, pode-se reforçar essa identificação com o antigo patronímico.
Nunca me debrucei muito sobre os séculos XII e XIII. Mas creio que este fenómeno não é válido no século XII e XIII quando se usa verdadeiramente o patronímico derivado do nome próprio do pai. É no início século XIV que ele começa, usando por vezes o patronímico do pai (derivado do nome próprio do avô) que se prolonga nas gerações seguintes em alguns dos seus ramos. Nas investigações que fiz dessa época (século XIV) torna-se perigoso tentar identificar o nome próprio do pai pelo "patronímico" do filho. O mesmo já não sucede nos séculos anteriores.
No caso do Paio Gomes, o facto de não continuar na sua descendência não demonstra nada. Como é que ele o poderia saber quando o usou ? Em certos casos por razões sentimentais e para afirmação linhagistica o antigo patronímico perdura, noutras não. Dependerá não só do prestígio dos que o usaram, mas também dos apelidos usados em cada nova aliança matrimonial. A cada nova geração, outros se enlaçam com quem os usa, obrigando a uma escolha de entre eles.
Estudei dezenas de nomes que aparecem várias vezes por ano (12 a 15 vezes) durante dezenas de anos ao longo do século XV e XVI. Devo-lhe dizer que não encontrei um só caso de mudança de apelido. Ao invés encontrei casos em que o apelido é omitido (aparecendo às vezes só com nome próprio e patronímico).
Ás vezes referidos só com nome próprio e patronímico que assinam com nome próprio, patrímico e apelido. Outras vezes referidos com nome próprio, patronímico e apelido que assinam só com nome próprio e patronímico.
No caso presente, em seu testamento, em 24.09.1519, Fernão de Magalhães nomeia seu irmão, Diogo de Sousa, 5 (cinco) vezes com esse nome, obrigando-o a usar o apelido Magalhães para lhe poder suceder no morgadio que institui. Nomeia-o sempre e só assim, Diogo de Sousa, o que certamente não aconteceria se ele usasse um nome “alternativo”. Nesse caso, diria provavelmente o meu irmão Diogo de Sousa ou Diogo de Magalhães. Ou então diria o meu irmão Diogo de Sousa que também usa Digo de Magalhães. Por um documento do Arquivo de Sevilha infere-se que terá acrescentado o Magalhães ao nome que já usava, Diogo de Sousa, em obediência ao testamento do irmão. Refere esse documento que Diogo de Sousa de Magalhães, irmão de Fernão de Magalhães, já era falecido. Não teria pois mudado o apelido que terá usado toda a vida.
Não só admito, como tenho a ceteza, que excepcionalmente possa haver mudança de apelidos. Mas para que importa a excepcionalidade probabilistica ?
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Caros António Taveira,
Tenho-me deliciado com o debate que aqui tem decorrido entre o si e o meu parente António Bivar, pelo alto nível das intervenções e pelo exemplo de como se podem apresentar discordâncias sem guerrilhas secundárias, permitindo a evolução dos pensamentos de cada parte temperada pelos pontos de vista contrários.
Tenho a sorte de conhecê-los aos dois por trocas de informação quer aqui no Geneall quer a nível particular e por variadas intervenções valorosas em diversos tópicos do Fórum, tendo como imagem de marca o rigor e a frontalidade das exposições e por isso estou à vontade para me introduzir no vosso diálogo.
Penso que um estudo como o que fez é seguramente uma mais valia nestas análises, mas para poder ter "força de lei" universal balizada no tempo, será necessário que a amostra utilizada, para além de contemplar um número elevado de casos (nomes) num dado período, tenha em conta a disparidade quer das regiões quer do nível social das famílias. Além disto há assimetrias temporais notórias no início da adopção e manutenção das "modas" de formação dos nomes nas famílias de diferentes estratos sociais e/ou regiões, sendo difícil a definição de fronteiras temporais absolutas e para mais coincidentes com uma divisão secular rígida.
Assim, embora esteja genericamente de acordo com o que diz sobre esta temática, compreendo os "travões" do confrade António Bivar, pois como já me conhece, também eu tenho alguma relutância pelas generalizações em genealogia, mesmo quando as bases são muito seguras por existência de regras ou de estudos empíricos. Acho, portanto, uma atitude avisada e acertada a sua admissão/certeza de fuga ao princípio enunciado em casos raros, tanto mais que, pela Lei de Murphy (ou outra), já tem sucedido que o caso que nos interessa é precisamente uma dessas excepções.
Relembro, a propósito disto, que o António dizia que "o aparecimento de dois irmão homónimos, é improvável, mas admissível, no caso de não terem a mesma mãe..." o que eu rebati dizendo que mesmo com a mesma mãe já tinha encontrado dois casos no séc XVII (ver http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=238210) e que as provanças de Lourenço de Magalhães, que aceitamos como válidas, levam à existência de um Rui Pais de Magalhães e de um Rui de Magalhães, pai do navegador, ambos filhos de Pedro Afonso de Magalhães, que poderá vir a ser outra excepção, caso se confirme que a mãe é a mesma (claro está, homónimos à nascença, depois diferenciados por um segundo nome próprio).
Voltando ao caso concreto que nos interessa do "Diogo de Magalhães de Figueiró não pode ser o Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães", podemos ter a certeza da verificação da sua regra, porque está reforçada pelas provanças do Lourenço de Magalhães, pelos Sumários de Lousada, pela procuração da Maria das Póvoas do Manso Lima, pelo primo carnal Àlvaro de Mesquita, etc., pelo aqui não há Lei de Murphy possível !
Antes de me despedir, aproveito para pedir ao parente António Bivar, que se junte à "discussão" da filiação do Fernão de Magalhães, já que a sua habitual isenção e rigor seguramente muito enriqueceriam o(s) respectivo(s) tópico(s). Se a modéstia em não se considerar preparado para intervir na discussão, resultar da falta de alguma(s) fonte(s), daquilo que eu possa ajudar, desde já estou à sua disposição.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Diogo de Sousa e Diogo de Magalhães
Caros confrades:
DIOGO DE SOUSA, irmão de Fernão de Magalhães, o navegador.
É sempre referido como Diogo de Sousa:
*****Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães é referido com este nome quando embarca com seu irmão, em 25 de Março de 1505, na armada de D. Francisco de Almeida.
*****Também com este nome, Diogo de Sousa, nessa altura, era cavaleiro da casa real com 1.000 reis de moradia e cevada.
*****Em seu testamento, em 24.09.1519, Fernão de Magalhães nomeia-o 5 (cinco) vezes com esse nome obrigando-o a usar o apelido Magalhães para lhe poder suceder no morgadio que institui. Nomeia-o sempre e só assim, Diogo de Sousa, o que certamente não aconteceria se ele usasse um nome “alternativo”. Nesse caso diria provavelmente o meu irmão Diogo de Sousa ou Diogo de Magalhães. Ou então diria o meu irmão Diogo de Sousa que também usa Diogo de Magalhães. No testamento diz que seu irmão se encontrava ao serviço do rei de Portugal.
*****Na altura em que o irmão faz seu testamento estava solteiro, ou então viúvo, o que consideramos menos provável.
*****Terá falecido pouco anos depois sem notícia de ter tido geração.
*****Por um documento do Arquivo de Sevilha infere-se que terá acrescentado o Magalhães ao nome que já usava, Diogo de Sousa, em obediência ao testamento do irmão. Refere esse documento que Diogo de Sousa de Magalhães, irmão de Fernão de Magalhães, já era falecido.
DIOGO DE MAGALHÃES, de Figueiró filho de Lopo Rodrigues
É sempre referido como Diogo de Magalhães
*****Em 04.07.1500, Diogo de Magalhães é nomeado inquiridor de Pedrogão onde era morador, por renúncia de seu pai Lopo Rodrigues (Ch. D. Manuel L.12 F.12)
*****Em 26.03.1501, Diogo de Magalhães é nomeado escrivão dos orfãos de Pedrogão por eleição concelhia por renúncia de seu pai Lopo Rodrigues (Ch. D. Manuel L. 1 F. 12)
*****Em 26.03.1501, Diogo de Magalhães é nomeado escrivão dos orfãos de Pedrogão por eleição concelhia por renúncia de seu pai Lopo Rodrigues (Ch. D. Manuel L.1 F.15). Tratar-se-á de uma duplicação do registo anterior.
*****Em 2.02.1502, Diogo de Magalhães é nomeado escrivão dos orfãos de Pedrogão e autorizado a usar o sinal público (Ch. D. Manuel L.2 F.9)
*****Em 06.03.1513, Diogo de Magalhães, escudeiro, morador em Pedrógão Grande, nomeado escrivão das sisas de Penela, tal como até aqui foi João Gomes que perdeu o ofício por erros cometidos no seu desempenho. (Ch. de D. Manuel I, L. 42, F. 32v)
*****Diogo de Magalhães viveu em Pedrogão, segundo diz Alão e os registos das chancelarias comprovam. Terá casado no início do século XVI com Isabel Gomes da Vide, de Penela, irmã de seu cunhado, com geração. Certamente era casado em 1513 quando sucede a seu cunhado no ofício de escrivão das sisas de Penela (acredito que terá casado cerca de 1500 quando o pai renuncia em ofício concelhio)
Como podem ser a mesma pessoa se:
1.º um usa sempre o nome de Diogo de Sousa e o outro o Diogo de Magalhães
2.º Diogo de Sousa em 1505 embarca para a Índia. Nessa altura era cavaleiro da casa real com 1.000 reis de moradia. Terá servido o rei de Portugal, certamente na Índia, talvez em África, até 1519 quando seu irmão redige o testamento. Ainda seria solteiro, pelo menos não era casado, em 1519. Sem notícia de ter tido geração.
Diogo de Magalhães vive em Pedrogão, recebe ofícios concelhios em 1500, 1501, 1502 e 1513. Nesta data ainda era escudeiro (quando Diogo de Sousa já era cavaleiro). Em todo o reinado de D. Manuel não há qualquer notícia de ter sido substituido nos ditos ofícios para prestar serviço na Índia ou África. Casou, certamente nos primeiros anos do século XVI e viveu em Pedrogão, com geração. Como era costume, a renúncia do pai em ofícios concelhios certamente coincidiu com as obrigações de constituição de família.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Obrigado a Ângelo da Fonseca
Caro Ângelo da Fonseca:
Privilégio é o nosso, e meu em especial, por poder sempre ter a sua sempre ponderada opinião e total, rara e desinteressada abertura no fornecimento da informação que dispõe.
Como sabe nada me move contra a tese Figueiró em concreto. Nem contra a tese, contra os autores da citada tese ou contra os descendentes de Lopo Rodrigues de Magalhães. Só me incomoda não corresponder à realidade e por esta lutarei sempre. Incomoda-me que a genealogia regrida e divirja da história, vindo a ser considerada uma "brincadeira" de gente extravagante enclausurada na sua própria verdade.
Lembrar-se-á da dureza com que investi há um ano contra a tese da Barca. Nessa altura essa tese, partindo de dados com os quais genéricamente concordo, chegava a conclusões completamente desenquadradas com os dados conhecidos. E nada me move contra a lindissima vila de Ponte da Barca, nem contra o autor da citada tese que não conheço. Também, entre amigos e familiares, ainda se comenta a virulência com que há 30 anos me manifestei publicamente com um livro que saiu defendendo a naturalidade do almirante em Sabrosa, meu concelho de naturalidade.
Sabe, devo-lhe confessar que o seu exemplo de há um ano não me convenceu. Não lho referi porque não me pareceu importante, mas agora que volta a falar dele...
O João Arnaut, padre, está identificado pelo seu baptismo na inquirição de genere que identifica os seus pais (presumo que também identifique a mãe).
O João Arnaut, capitão, diz que está identificado noutro registo de baptismo. Mas o que é preciso é que o seu registo de casamento refira os nomes de seus pais e estes sejam os mesmos referidos no assento de baptismo do padre. Só assim a prova está feita. Pelo que disse, não estou seguro que assim seja.
E. como os anos que levo disto me vão permitindo ter uma opinião, arriscaria que o Rui de Magalhães e seu irmão Rui Pais de Magalhães não são filhos da mesma mãe. Se calhar Rui de Magalhães é filho de um casamento anterior de seu pai. Pelo menos quando não há documentação temos de arriscar hipóteses probabilisticas. Como dizia um ilustrissimo genealogista já falecido, é nessas alturas em que intervém a pituitária. Certamente que à mingua de provas devem-se referir as hipóteses que se colocam ao investigador.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Obrigado a Ângelo da Fonseca
Meu caro Confrade
Talvez desconheça o estudo realizado por Manuel Abranches Soveral" em: http://www.soveral.info/mas/Magalhaes.htm
pelo que me permito colocar aqui o que encontrei disponível na net. Permito-me sugerir que veja como o que os Mattos e Silva fizeram evoluir o conhecimento sobre esta família:
" 1. Afonso Rodrigues de Magalhães, o 2º deste nome, senhor da honra e torre de Magalhães (hoje a freguesia de Paço Vedro de Magalhães, no concelho de Ponte da Barca) e do couto de Fontarcada (Póvoa de Lanhoso), nascido cerca de 1295, que em 1312 tinha ração no mosteiro de Tibães. Casou com Alda Anes de Castelões, filha de João Martins de Castelões, o Moço, segundo as genealogias. O conde D. Pedro fala de uma Aldonça Anes, filha de João Martins de Castelões, a qual diz que casara com João Gil de Avelar, que foi meirinho-mor da Beira (1335) ou corregedor e vedor das justiças no meirinhado da Beira (1337). Alda e Aldonça seriam portanto irmãs, ou então trata-se da mesma, casada 2ª vez com João Gil de Avelar, tanto mais que Afonso Rodrigues de Magalhães parece ter morrido novo. A filiação de Afonso Rodrigues de Magalhães não é certa, mas tudo indica que seria filho de um Rodrigo, o 1º do nome, e de sua mulher Sancha Novais. Em 1303 D. Dinis confirmou a Afonso Novais, Martim Novais e Rui Novais (nascido cerca de 1288, sendo então menor e tendo por tutor o tio D. Paio de Meira) a doação de bens em Refoios, Bural, Padronelo, Gundar, Castrelo, Azevedo, Covas, Baraçal e Torres, onde se referem os direitos de Afonso Rodrigues de Magalhães. Ora, Afonso, Martim e Rui são irmãos, todos filhos de Rui Novaes, senhor da honra de Stª Eulália de Gondar e dos coutos de S. João do Campo, S. Fins de Moreira, Parada, Guimarei e Magoeiro. Afonso Rodrigues de Magalhães era certamente sobrinho daqueles irmãos, portanto filho da Sancha Novais que Afonso de Torres diz ter sido a mãe de Afonso Rodrigues de Magalhães, que assim seria a mais velha dos irmãos, nascida cerca de 1276 e então já falecida. O nome do marido desta Sancha Novais seria Rodrigo, dado o patronímico do filho. Seria este marido, Rodrigo, o bolonhês criado do conde de Bolonha, o futuro D. Afonso III (1210-1279), como diz Afonso de Torres? Para assim ser, teria de ter vindo para Portugal com D. Afonso em 1246, podendo então ser um jovem de menor idade. Neste caso, este rei ter-lhe ia doado o lugar ou quintã de Magalhães, onde fez paço e de que tomou o nome, pois seu alegado filho Afonso Rodrigues era em 1303 demasiado novo para já ter fundado novo nome. Ou seja, esse Rodrigo terá casado com Sancha Novais cerca de 1294, teria então no mínimo 55 anos de idade. Tudo isto é possível, mas carece de maior prova. De referir, ainda, que desde cedo o nome Magalhães foi adoptado por alguns cristãos-novos, como é o caso de João de Magalhães, caldeireiro, que a 6.10.1529 teve provisão de Cristóvão Esmeraldo, provedor da fazenda na ilha da Madeira, para receber 1.800 reais por duas coberturas de cobre que fizera.
1.1. Rodrigo Afonso de Magalhães, o Cavaleiro, senhor da honra e torre de Magalhães e do couto de Fontarcada, nascido cerca 1320. Não se sabe com quem casou, embora as genealogias tardias digam que casou com Inez Vasques de Souza. Mas não creio que sua mulher fosse Souza, e Inez Vasques é o nome da mulher de seu neto, do que terá resultado a confusão, propositada ou não.
1.1.1. Afonso Rodrigues de Magalhães, senhor da quintã e torre de Magalhães e do couto de Fontarcada, nascido cerca de 1343 e falecido cerca de 1398. Foi alcaide-mor da Nóbrega (15.5.1367) e a 23.8.1372 teve de D. Fernando mercê de Larim e Vila Chã (concelhos extintos em 1855 e integrados no de Vila Verde), em desconto do soldo e maravedis de duas lanças que havia de sustentar na guerra à sua custa. A lança era uma unidade de cavalaria que integrava seis pessoas e quatro cavalos. Afonso de Torres, confundindo-o com seu neto homónimo, diz que casou Tereza Freire (que as genealogias mais tardias chamam Tereza de Andrade), que terá nascido cerca de 1348, filha do mestre da Ordem de Cristo D. Nuno Rodrigues Freire (de Andrade). Pela cronologia podia ser, mas não há notícia desta Tereza, apenas de dois filhos naturais do dito mestre.
1.1.1.1. Froile Afonso de Magalhães, nascida cerca de 1366, que casou cerca de 1380 com Gonçalo Rodrigues de Araújo, senhor de Lobios e alcaide-mor de Lindoso e Castro Laboreiro (12.10.1382 e 20.4.1383), que apoiou o partido de D. Beatriz e faleceu em 1398. Serviu com quatro lanças o rei D. Fernando, que lhe deu as terras de Vilar de Vacas, Cidrais e Lindoso (12.10.1382 e 30.4.1383). Era filho sucessor de Pedro Anes de Araújo, fronteiro da Galiza, e neto materno de Gonçalo Rodrigues Veloso, que fez a torre de Lóbios, verificando-se nesta linhagem uma onomástica muito extravagante para a época. C.g. De Gonçalo Rodrigues de Araújo foi filho sucessor Pedro Anes de Araújo, que a cronologia aponta como filho de um 1º casamento e não de Froile Afonso.
1.1.1.2. Gil Afonso de Magalhães, vassalo de D. João I, senhor de juro e herdade de Lindoso, com todas os seus direitos e rendas, como tivera Diogo Gil (16.5.1387), senhor da quintã e torre de Magalhães e do couto de Fontarcada (9.6.1387), nascido cerca 1366 e falecido depois de 1404. Era certamente o mais velho e terá falecido solteiro, sem geração, tendo o irmão sucedido na quintã e torre de Magalhães e no couto de Fontarcada. A 9.6.1387 D. João I confirmou a Gil Afonso de Magalhães o couto e honra de Fonte Arcada, que «soya de seer coutado honrrado no tempo dos outros reis que ante nos foram». A 20.5.1398 D. João I doou em tença a dita terra de Lindoso a Pedro Anes de Araújo (filho de seu cunhado, acima). Mas Gil Afonso só faleceu depois de 11.1.1404, data em que D. João I o adverte para que não faça mal nem dado aos bens do mosteiro de Vila Nova de Munha (sic).
1.1.1.3. Diogo Afonso de Magalhães, senhor da quintã e torre de Magalhães e do couto de Fontarcada, em que sucedeu a seu irmão. Nasceu cerca 1370 e faleceu depois de 27.5.1436, data em que se documenta como Diogo Afonso de Magalhães, criado da rainha D. Filipa (de Lencastre). Como D. Filipa só casou em 1387, Diogo Afonso deve ter nascido cerca 1370, entrando portanto ao serviço da rainha com cerca de 17 anos de idade. Casou cerca de 1400 com Inez Vasques, falecida depois de 1436, a quem as genealogias, por má fé ou má leitura dos documentos, chamam erradamente de Urrô. Afonso de Torres chama-lhe, correctamente, apenas Inez Vasques, embora faça confusão e dê Diogo Afonso de Magalhães como filho do inicial Afonso Rodrigues e não, como era, de seu neto homónimo. A 27.5.1436 D. Duarte confirma a Inez Vasques, mulher de Diogo Afonso de Magalhães, criado da rainha D. Filipa sua mãe, o senhorio da terra de Souto de Rebordães, que tinha sido doado por D. João I a 27.8.1385 a Álvaro Gil de Urrô, seu escudeiro, e que este vendera à dita Inez Vasques a 16.7.1389, tendo ela pago 50.000 libras e tendo a transacção sido feita em Lisboa nas casas de morada de Margarida Esteves, talvez a mãe de Inez Vasques. Inez Vasques deve ter falecido em 1454, ano em que seu filho é confirmado no senhorio de Souto de Rebordãos.
1.1.1.3.1. Afonso Rodrigues de Magalhães, nascido cerca de 1401 e falecido entre 1451 e 1454, solteiro, s.g. A 10.5.1451 D. Afonso V doou a Afonso Rodrigues de Magalhães, enquanto sua mercê for, uma tença anual de 4.000 reais de prata, a partir de Janeiro de 1451. Foi senhor de Souto de Rebordães por carta de D. Afonso V, que é transcrita na confirmação a seu sobrinho-neto João de Magalhães a 21.5.1500, tendo-lhe sucedido seu irmão João.
1.1.1.3.2. Isabel de Magalhães, que casou com Gonçalo de Sá, senhor de juro e herdade de Aguiar de Sousa (28.1.1433), falecido depois de 1469, coudel dos vassalos reais do Porto e vereador do Senado da Câmara desta cidade. S.g.
1.1.1.3.3. João de Magalhães, fidalgo da Casa de D. Afonso V, senhor de Souto de Rebordãos (13.5.1454), senhor de Larim e Vila Chã, da honra e torre de Magalhães e do couto de Fontarcada. Foi 1º senhor de juro e herdade de Ponte da Barca, vila que fundou na sua terra da Nóbrega, e o 5º senhor de juro e herdade da Nóbrega (14.8.1458) e alcaide-mor e senhor do seu castelo (14.11.1458), tudo por compra a seu cunhado. Nasceu cerca 1403 e faleceu antes de 1472. A 13.5.1454 D. Afonso V confirma a doação a João de Magalhães, fidalgo da sua Casa, da terra de Souto de Rebordães. A 16.2.1471 o mesmo rei confirmou a doação a Gil de Magalhães, fidalgo da Casa do duque de Viseu, da terra da Nóbrega, com todas as rendas, foros, tributos, direitos, pertenças, padroados, jurisdição cível e crime, mero e misto império, ressalvando a correição e alçada, tal como pertencera a seu pai, João de Magalhães. A 27.4.1453 o mesmo rei privilegia João de Magalhães, cavaleiro fidalgo da sua Casa, concedendo-lhe licença para andar em besta de sela e freio por todo o reino. A 15.4.1454 confirma a venda a João de Magalhães, fidalgo da sua Casa, de uma terra em Souto de Rebordãos. João de Magalhães casou cerca de 1438 com D. Isabel de Souza (de Menezes), nascida em 1424 (os pais casaram em 1423), irmã de João Rodrigues Ribeiro de Vasconcellos, fidalgo do Conselho, 3º senhor de juro e herdade de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão (27.1.1435), 4º senhor de juro e herdade da Nóbrega (27.1.1435 - 18.10.1456), senhor de juro e herdade da Louzã, etc. Os seus senhorios foram-lhe confirmados a 3.3.1450 e 15.1.1482, já sem a Nóbrega, que entretanto vendeu a seu cunhado João de Magalhães, com autorização real de 18.10.1456. Quando João de Magalhães casou com D. Isabel de Souza, já esta era órfã, e teria ela cerca de 14 anos de idade. Com efeito, sabemos que seu irmão João Rodrigues Ribeiro de Vasconcellos era menor e órfão quando a 27.1.1435 sucedeu a seu pai Rui Vasques Ribeiro. Como refiro adiante, foi certamente por influência de Lopo Rodrigues de Magalhães, aio do antedito João Rodrigues e administrador da sua Casa, que era tio de João de Magalhães, que este casamento se veio a realizar, logo que D. Isabel atingiu a idade permitida, sendo o marido cerca de 21 anos mais velho do que ela.
1.1.1.3.3.1. Gil de Magalhães, 2º senhor de juro e herdade de Ponte da Barca (1496), 6º senhor de juro e herdade da Nóbrega (16.2.1471), senhor de Souto de Rebordãos (15.2.1471), senhor do couto de Fontarcada, de Larim e Vila Chã e da honra e torre de Magalhães, nascido cerca 1440 e falecido em 1506. A 21.5.1500 D. Manuel I confirmou os senhorios a si e a seu filho João de Magalhães (e Menezes). Foi fidalgo da Casa do duque de Viseu e depois do príncipe D. João. A 15.2.1471 D. Afonso V confirmou a doação a Gil de Magalhães, fidalgo da Casa do duque de Viseu, da terra de Souto de Rebordães, com todas as rendas, foros e direitos novos. A 16.2.1471 o mesmo rei confirmou a doação a Gil de Magalhães, fidalgo da Casa do duque de Viseu, da terra da Nóbrega, com todas as rendas, foros, tributos, direitos, pertenças, padroados, jurisdição cível e crime, mero e misto império, ressalvando a correição e alçada, tal como pertencera a seu pai, João de Magalhães. A 24.4.1475 privilegiou Gil de Magalhães, fidalgo da Casa do príncipe D. João, concedendo-lhe autorização para ele arrendar as suas rendas segundo a Ordenação. A 20.6.1497 D. Manuel I comunicou a todos os juizes e justiças das cidades, vilas e julgados dos nossos reinos e senhorios e a outros quaisquer oficiais que a Gil de Magalhães, fidalgo da sua Casa, senhor da Nóbrega, porque está prestes para servir na guerra com seus homens armas e cavalos, é privilegiado e escusados todos seus amos caseiros e mordomos e lavradores, etc. Casou a 1ª vez em 1461 com D. Maria de Menezes, de quem teve o filho sucessor, João de Magalhães e Menezes. Casou a 2ª vez em 1472 com D. Isabel de Menezes, de quem teve os restantes filhos. A 12.12.1461 D. Afonso V confirmou o contrato de casamento celebrado entre Gil de Magalhães, fidalgo, criado do marquês de Valença, e D. Maria de Menezes, donzela que foi da Casa da rainha D. Isabel, filha de Rui Gomes da Silva, do seu Conselho, e de D. Isabel de Menezes. A 25.4.1475 o mesmo rei confirmou a autorização a Gil de Magalhães, a seu pedido, fidalgo da Casa do príncipe D. João, para ele empenhar a sua terra de Souto de Rebordões, por 1.000 coroas, ao seu sogro Gonçalo Nunes Barreto, fidalgo da Casa Real e do seu Conselho, mediante determinadas condições. A 16.7.1497 D. Manuel I confirmou uma carta sua, enquanto duque, na qual inseria uma de sua mãe, a infanta D. Beatriz, na qual refere que, tendo tratado o casamento entre Gil de Magalhães, fidalgo de sua Casa, e dona Isabel de Meneses, sua donzela, quer galardoá-los e fazer mercê e lhe promete dar de seu casamento 2.000 coroas segundo é conteúdo no contrato de seu casamento e lhas pagar pela ordenança de el rei, de cento e vinte reais por coroa, pelas quais coroas lhe praz que a dita dona Isabel haja em cada um ano de tença 20.000 reais de prata, a não descontar coisa alguma do principal até lhe serem pagas as ditas 2.000 coroas. Carta feita em Tomar a 25.6.1472 e confirmada em Santarém a 5.5.1486. A 12.2.1509 D. Isabel de Menezes, viúva de Gil de Magalhães, passa procuração a seu filho Diogo de Magalhães, fidalgo da Casa Real, para que em seu nome possa receber do almoxarife de Ponte de Lima os 16.000 reais que lhe pertencem de tença. A 10.12.1512 D. Isabel de Menezes, viúva de Gil de Magalhães, moradora na Ponte da Barca, constituiu seu bastante procurador a seu filho Jorge Barreto para receber na Casa da Mina todas as fazendas que ficaram de seus filhos Pedro Barreto e António de Magalhães. A 20.3.1514 D. Isabel de Menezes, mãe e herdeira de Pedro Barreto, teve provisão para receber 15.000 reais que lhe eram desembargados para cumprimento dos 200.000 reais que lhe vieram da Índia. A 4.6.1514 D. Manuel I dá provisão para se darem aos herdeiros de Pedro Barreto 34.000 reais à conta do que se lhe devia da pimenta que se lhe comprou na Casa da Índia. A 3.7.1514 D. Manuel I manda o almoxarife de Ponte de Lima pagar a D. Isabel de Menezes, mãe de Pedro Barreto, 50.000 reais de pimenta que se lhe comprou da que tinha na Casa da Índia. A 20.1.1516 Jorge Barreto e Simão Barreto, filhos e testamenteiros de D. Isabel de Menezes, passam recibo dos 16.000 reais que receberam do almoxarife de Ponte de Lima, por um desembargo que tinham passado a sua mãe, onde ele se assina Jorge Barreto de Magalhães. Francisco de Magalhães, filho de Gil de Magalhães e sua mulher D. Isabel, tirou ordens menores em Braga a 6.5.1486 e teve carta de privilégio de fidalgo a 6.4.1510 (por ter servido na guerra com seus cavalos e armas) e de novo a 20.9.1524.
1.1.1.3.3.2. Fernão de Souza de Magalhães, fidalgo da Casa Real, 1º senhor de Francemil (actual Santo Tirso), alcaide-mor de Ervededo (12.13.1477) e senhor da quinta de Penteeiros (Estorãos, Ponte de Lima), onde faz casa e colocou o seu escudo de armas (Souza, ditos de Arronches, em pleno). Nasceu cerca 1442. Como Fernando de Souza de Magalhães, fidalgo da Casa Real, teve a 30.6.1486 carta de privilégio de fidalgo. Como Fernão de Souza, fidalgo, prestou vassalagem em 1477 ao arcebispo de Braga pelo castelo de Ervededo. Casou a 1ª vez cerca de 1479 com sua prima Isabel Barbosa, que levou em dote a quinta de Penteeiros, filha herdeira de João Barbosa e sua mulher Violante de Magalhães, referida adiante. Casou a 2ª vez cerca de 1491 com D. Beatriz de Eça, já viúva de Estêvão Ferreira, morgado de Cavaleiros, filha de D. João de Eça e sua mulher D. Maria de Mello. C.g. de ambos os matrimónios.
1.1.1.3.3.3. D. Francisca de Souza (de Menezes), nascida cerca de 1443, que as genealogias dizem que casou com Diogo Botelho, anadel-mor de espingardeiros. S.g. Afonso de Torres não a refere.
1.1.1.3.3.5. D. Beatriz ou Maria de Souza (de Menezes), nascida cerca de 1445, que casou com Lopo de Araújo, senhor e alcaide-mor de Lindoso (11.3.1464), que sucedeu nos senhorios de Campelo e Val de Poldros e na dignidade de portegueiro-mor de Celanova. Foi ainda senhor de Monção a meias com seu irmão Paio. Por terem morto um homem e fugido para a Galiza, perderem os bens em Portugal. Na Galiza foi alcaide-mor de Sande. A 11.3.1464 D. Afonso V doou a Lopo de Araújo, escudeiro, fidalgo da sua Casa, enquanto sua mercê for, o couto de Lindoso, seu castelo e respectivo senhorio, rendas e pertenças, em substituição de Paio Rodrigues de Araújo, seu pai, que morrera. A 25.2.1464 o mesmo rei confirmou a doação vitalícia a Paio Rodrigues e a Lopo Rodrigues de Araújo, escudeiros e fidalgos da sua Casa, das rendas e direitos dos reguengos situados na vila de Monção, que ficarem por morte de Paio Rodrigues de Araújo, seu pai. A 10.5.1468 o mesmo rei doou a Fernão de Lima, fidalgo da sua Casa, todos os direitos e bens que pertenceram a Paio Rodrigues de Araújo e a Lopo de Araújo, que os perderam por terem morto Rodrigo Álvares, escudeiro, morador em Pousada, terra da Nóbrega, Gonçalo Álvares e outros homens, e por terem fugido para a Galiza. Este Paio Rodrigues era filho do já referido Pedro Anes de Araújo e neto do Gonçalo Rodrigues de Araújo que casou com Froile Afonso de Magalhães, referida acima. C.g.
1.1.1.3.3.6. D. Antónia de Souza (de Menezes), nascida cerca de 1448, que Afonso de Torres não refere. Foi a 1ª mulher de Gonçalo Rodrigues de Araújo, fidalgo da Casa de D. João II, que a 29.1.1486 lhe deu uma tença de 20.000 reais. Era irmão de Lopo de Araújo, acima. Gaio diz que viveu na sua quinta de Stº Antão, no termo de Valadares, foi alcaide-mor da fortaleza de Ramin e senhor da casa do Barral. C.g.
1.1.1.3.3.4. D. Isabel de Souza (de Menezes), nascida cerca de 1455, que casou com Diogo de Azevedo, fal. a 15.5.1514, senhor de juro e herdade de Souto (Amares) e do couto de Azevedo, c.g. conhecida.
1.1.1.3.4. Gil Afonso de Magalhães, nascido cerca de 1404, que as genealogias tardias confundem com seu pai Diogo Afonso, pelo que o dizem também casado com Inez Vasques, na verdade sua mãe. Em 1568 Lourenço de Magalhães, nascido cerca de 1528, habilitou-se à herança do celebrado Fernão de Magalhães, e neste processo testemunhou Manuel de Magalhães e Menezes, senhor da Barca e da Nóbrega, onde diz que tinha entre 70 e 75 anos de idade e era parente dentro do 4º grau do habilitando. Diz também que o dito Lourenço era neto de Rodrigo Paes de Magalhães e este irmão de Rui de Magalhães, pai do Fernão de Magalhães do Estreito. E que estes Rodrigo Paes e Rui eram filhos de Paio Afonso de Magalhães. Assim sendo, para além do digo adiante, o bisavô de Manuel de Magalhães e Menezes era necessariamente irmão do pai daquele Paio Afonso. Por outro lado, sabemos por seu testamento, que o celebrado Fernão de Magalhães usava, como ele próprio aí diz, um escudo de armas partido de Souza e Magalhães. Logo, aquele Paio Afonso só podia ser filho de Gil Afonso de Magalhães e sua mulher Mécia de Souza. E este Gil Afonso de Magalhães tinha de ser irmão de João de Magalhães, 1º senhor da Barca, para que o bisneto deste fosse primo em 4º grau de Fernão de Magalhães. Gil Afonso de Magalhães casou com Mécia de Souza, que as genealogias tardias dizem que era irmã de Rui de Souza, ambos filhos naturais de Gonçalo Rodrigues de Souza, alcaide-mor de Monsaraz e Marvão, e de Maria de Monforral, natural de Monsaraz. Este Gonçalo Rodrigues de Souza foi legitimado por carta real de 12.3.1370, como filho de Rodrigo Afonso de Souza e Constança Gil.
1.1.1.3.4.1. Paio Afonso de Magalhães, avô do célebre Fernão de Magalhães (que fez seu testamento em Sevilha a 24.8.1519). Afonso de Torres (genealogista do final do séc. XVI, em quem muito se baseou Alão e outros subsquentes) diz que este Paio Afonso de Magalhães casou com Isabel Vaz de Sequeira e dá-lhe um filho único, Rui Paes de Magalhães. Mas, em 1568, com já ficou dito, Lourenço de Magalhães, nascido cerca de 1528, habilitou-se à herança do celebrado Fernão de Magalhães, e neste processo testemunhou, entre outros, o Senhor Manuel de Magalhães de Menezes, senhor da Barca e da Nóbrega, onde diz que tinha entre 70 e 75 anos de idade e era parente dentro do 4º grau do habilitando. Diz também que o dito Lourenço era neto de Rodrigo Paes de Magalhães e este irmão de Rui de Magalhães, pai do Fernão de Magalhães, o do Estreito. E que estes Rodrigo Paes e Rui eram filhos de Paio Afonso de Magalhães. Assim sendo, o bisavô de Manuel de Magalhães e Menezes era necessariamente irmão do pai deste Paio Afonso, como ficou dito. Rui e Rodrigo eram variantes do mesmo nome e isso poderá ter levado Afonso de Torres a congregar os dois filhos em apenas um. Ou então significar que Rodrigo Paes era bastardo e portanto apenas meio-irmão de Rui (Paes) de Magalhães, razão porque Afonso de Torres não teve dele conhecimento. Do que não se pode duvidar é que Paio Afonso foi pai de Rui (Paes) de Magalhães e este de Fernão de Magalhães, o do Estreito, como declaram muitas testemunhas do referido processo, entre elas o antedito Manuel de Magalhães de Menezes, senhor da Barca e da Nóbrega, independentemente da avaliação que se possa fazer sobre os reais direitos de Lourenço de Magalhães à herança do navegador. Não se sabe a filiação de Isabel Vaz de Sequeira, dada como mulher de Paio Afonso de Magalhães, mas suspeito que seja filha ou neta de Vasco Álvares de Sequeira, irmão de Isabel Álvares de Sequeira, ama da rainha D. Isabel, nascida cerca de 1390 e falecida em 1462, tendo a 1 de Setembro deste ano D. Afonso V autorizado a igreja de S. Tiago de Coimbra a receber os bens de raiz que lhe deixara em testamento Violante Álvares de Sequeira, moradora em Coimbra, ama da rainha D. Isabel. Esta Violante era então viúva de Francisco Anes de Torres, cavaleiro da Casa da rainha D. Isabel e depois da Casa de D. Afonso V, morgado de Ponte da Ceira (1.2.1450), senhor da quinta de S. Pedro Fins, no termo de Montemor-o-Velho, etc., com geração conhecida.
1.1.1.3.4.2. Fernão de Magalhães, nascido cerca 1427 e falecido depois de 1498, fidalgo da Casa do duque de Bragança e depois da Casa Real, senhor da quinta de Briteiros, no termo de Guimarães, que comprou à condessa de Faro D. Maria de Noronha. A 12.1.1474 a duquesa de Bragança D. Constança de Noronha fez-lhe a si e a sua mulher o prazo por três vidas da terra de Antemil, em S. João de Penselo, termo de Guimarães. Dizem as genealogias que foi senhor do Outeiro de Poldros. Esteve em Touro, pois aí lhe deu D. Afonso V a 26.4.1476 a renda da carne de porco de Parada de Gatim. A 13.4.1468 confirmou a doação a Lopo Gomes, cavaleiro do conde de Guimarães, de 15.000 reais de prata que lhe foram doados por Afonso de Arcos, alcaide na vila de Tarifa, no reino de Castela, dos quais doou 7.000 reais de prata a Fernão de Magalhães, cavaleiro do dito conde. E a 20.4.1468 doou a Fernão de Magalhães, cavaleiro do conde de Guimarães, uma tença anual de 7.000 reais de prata, enquanto sua mercê for, a partir de 1.1.1468, dos 15.000 reais de prata que Lopo Gomes, cavaleiro do dito conde, comprou a Afonso de Arcos, morador em Tarifa. A 20.3.1497 D. Manuel I confirmou esta tença a Fernão de Magalhães, cavaleiro que foi do falecido duque de Bragança, e, a requerimento seu, a 6.1.1498 passou-a seu filho Gonçalo Rodrigues de Magalhães, fidalgo da sua Casa, sendo então Fernão de Magalhães já referido também como fidalgo da Casa de D. Manuel I. Dizem também que esteve na batalha de Alfarrobeira pelo rei. Por causa de um cão (ao que dizem), matou Álvaro Soares de Albergaria, filho do senhor do Prado, junto à ponte do Prado (Braga) em finais de 1463 ou início de 1464, pelo que foi degredado um ano para Alcácer Seguer, degredo de que foi perdoado por D. Afonso V a 14.2.1464, na sequência do perdão geral outorgado aos homiziados que serviram na armada real em Ceuta. A 30.12.1452 o mesmo rei concedeu carta de privilégio a Fernão de Magalhães, para todos os seus mordomos, lavradores, amos e apaniguados da comarca e correição de Entre-o-Douro-e-Minho. A 10.7.1463 doou a Beatriz de Mesquita, mulher de Fernão de Magalhães, fidalgo da sua Casa, uma tença anual, enquanto sua mercê for, de 15.000 reais de prata. Casou com Beatriz Martins da Mesquita, criada da antedita duquesa D. Constança de Noronha, c.g. que desenvolvo no meu Ensaio sobre a origem dos Mesquita. Luiz de Mello Vaz de São-Payo (Famílias de Chaves) propõe que deste Fernão de Magalhães fosse filho bastardo um Manuel de Magalhães que foi para Chaves, onde teve uma filha, Constança Álvares, que casou com um arquitecto galego, Mestre Diogo Ordonhes, c.g. nos Magalhães, de Chaves, e Magalhães Fontoura.
1.1.1.3.4.3. Gil de Magalhães, o Tremelicoso. Segundo Frei Gaspar Barreto, consta como filho de Gil Afonso de Magalhães numa certidão passada a 7.3.1723, segundo a qual constava de uma inquirição de testemunhas, perante Mem de Sá, tirada em Évora por mandado de D. João III no ano de 1532.
1.1.1.4. Rodrigo Afonso de Magalhães, nascido cerca 1371. Não se sabe com quem casou.
1.1.1.4.1. Leonor Rodrigues de Magalhães, nascida cerca 1395. Foi a 2ª mulher de Vasco Machado, senhor da torre de Geraz e da honra de Pinho (Boticas), senhor de juro e herdade de Matosinhos e Sanfins (Chaves) (17.11.1387), nascido cerca 1365, escudeiro, alcaide-mor de Chaves (1387) e de Lanhoso, etc. C.g., sendo nomeadamente pais de Pedro Machado, 1º senhor de juro e herdade de Entre-Homem-e-Cávado (19.1.1450) nesta linhagem e senhor da torre do Crasto, em Amares.
1.1.1.4.2. Gonçalo Rodrigues de Magalhães, deão da Sé de Lamego. A 12.7.1455 D. Afonso V concedeu carta de privilégio a Gonçalo Rodrigues de Magalhães, deão da Sé de Lamego, por ser homem fidalgo e de boa linhagem, e estar pronto para servir na guerra com as suas bestas e armas, para todos os seus mordomos, amos, lavradores e apaniguados na comarca e correição da Beira. A 27.5.1455 o mesmo rei nomeia Diogo Fernandes, criado de Gonçalo Rodrigues de Magalhães, deão da Sé de Lamego, que por ele pediu, para os cargos de escrivão dos feitos das sisas régias, inquiridor e contador dos feitos que se tratam perante os juízes na cidade de Lamego, em substituição de Fernão Pires, que morrera.
1.1.1.4.2.1. (N) Leonor Gonçalves de Magalhães, legitimada por carta real de 13.3.1441, havida em Leonor Gonçalves. Dizem as genealogias tardias que casou com Vasco Paes Cardoso, de Caria, c.g.
1.1.1.4.2.2. (N) Aires Gonçalves de Magalhães, escudeiro do Infante D. Pedro e criado do arcebispo de Braga, morador em Ponte de Lima, quando a 31.1.1441 D. Afonso V o nomeou, a pedido do dito arcebispo, para o cargo de meirinho da comarca de Entre-Homem-e-Cávado, em substituição de João Lourenço Bugalho, que morrera.
1.1.1.4.3. Paio Rodrigues de Magalhães, cavaleiro da casa do duque de Bragança, foi senhor de Airros (Regalados) e esteve com seu primo na morte de Álvaro Soares de Albergaria. A 20.2.1464 D. Afonso V perdoou a justiça régia a Paio Rodrigues de Magalhães, escudeiro do duque de Bragança, culpado da morte de Álvaro Soares de Albergaria. A 13.7.1464 o mesmo rei concedeu carta de privilégio de fidalgo a Paio Rodrigues de Magalhães, cavaleiro da Casa do duque de Bragança, para a comarca e correição de Entre-Douro-e-Minho, isentando do direito de pousada todos os seus lavradores, encabeçados, mordomos, amos e apaniguados que lavrarem suas herdades, quintas e casas. E a 8.7.1476 doou a Maria da Cunha, filha de Álvaro Carvalho, o lugar de Airros, no julgado de Regalados, freguesia de Guimarães, que pertencera a Paio Rodrigues de Magalhães. As genealogias tardias dizem que casou com Isabel Vaz de Sequeira, confundindo-o com seu primo Paio Afonso de Magalhães, referido acima, que de facto terá casado com Isabel Vaz. Este Paio Rodrigues é certo que casou com Maria Novais, sendo moradores em Arcozelo quando o filho Heitor Paes tirou ordens menores em Braga a 27.3.1456.
1.1.1.4.3.1. Violante de Magalhães, nascida cerca de 1441, que casou com João Barbosa, escudeiro da Casa de Bragança, morador em Ponte de Lima e senhor da quinta de Penteeiros, filho de Pedro Barbosa e sua mulher Senhorinha Anes Vieira. A 9.11.1458 D. Afonso V confirmou a João Barbosa, escudeiro da casa do duque de Bragança, todos os privilégios, honras, tomadias e liberdades que tem numa quinta, no termo de Ponte de Lima. A 13.5.1444 o mesmo rei perdoa a justiça régia e concede carta de segurança a Gil Gonçalves, criado de Pedro Barbosa, pela fuga da prisão, contanto que se livre de direito do que era acusado. Este Pedro Barbosa era filho de Gonçalo Fernandes Barbosa, cavaleiro, senhor da honra de Aborim e do couto de Brandara, etc., e de sua mulher Beatriz Correa, filha dos senhores de Fralães (vide Ensaio sobre a origem dos Correa, senhores de Fralães. Séculos XIV e XV). Na instituição do morgadio de Aborim, seu neto Álvaro Barbosa diz que Gonçalo Fernandes Barbosa era «homem honrado tam possante que tinha desouto a vinte de cavallo e com tanto serviu continuadamente elRei Don Joam na Batalha Real e outros lugares de cavalaria», e que dele ficaram cinco filhos e três bastardos, sendo seu filho primogénito Fernão Gonçalves Barbosa, de quem era filho maior o instituidor. Violante de Magalhães e seu marido tiveram uma filha única, Isabel Barbosa, que foi a 1ª mulher de seu primo Fernão de Souza de Magalhães, referido acima.
1.1.1.4.3.2. Heitor (Paes) de Magalhães, nascido cerca de 1442, que como Heitor Paes de Magalhães tirou ordens menores em Braga a 27.3.1456. Como Heitor de Magalhães a 2.4.1487 teve carta de privilégio de fidalgo e a 23.7.1487 foi coudel de Felgueiras. Gaio diz que viveu em Ponte da Veiga. Mas já não parece ser o Heitor de Magalhães, escudeiro, morador no concelho de Paiva, que a 3.7.1517 (se fosse o mesmo teria cerca de 75 anos) foi nomeado escrivão dos órfãos, contador dos feitos e custas e inquiridor nesse concelho.
1.1.1.4.3.3. Afonso de Magalhães, fidalgo da Casa Real, morador em Braga, quando a 7.5.1476 D. Afonso V lhe doa, enquanto sua mercê for, uma tença anual de 5.000 reais, a partir de Janeiro de 1476, a juntar à quantia que já lhe fora dada de 5.000 reais, o que perfaz a soma total de 10.000 reais.
1.1.1.4.3.4. Filipa de Magalhães, que casou com Martim (Anes) da Mesquita. (vide Ensaio sobre a Origem dos Mesquita)
1.1.1.4.3.5. Gomes Rodrigues de Magalhães, que Gaio diz ter tido carta de armas (não consta) e ter vivido em Stª Cruz, termo de Ponte de Lima, tendo casado com Guiomar Vaz de Abreu, c.g.
1.1.1.4.3.6. Leonor de Magalhães, que casou com Diogo Afonso de Calvos, filho natural de Mendo Afonso de Calvos, cavaleiro da Ordem de S. João e comendador de Távora e Aboim nesta ordem, e neto de Afonso Vasques de Calvos, escrivão da puridade da duquesa de Bragança, que ainda vivia no Porto em 1454. A 1.10.1445 D. Afonso V afora para sempre a Afonso Vasques de Calvos, seu vassalo, criado do duque de Bragança e do conde Barcelos, morador na cidade do Porto, umas casas da rua Nova da dita cidade, por a sua arrendatária, Leonor Pereira, ter morrido sem deixar herdeiros, mediante o pagamento anual de 7 onças de prata e com determinadas condições. A 28.11.1454 o mesmo rei privilegia Afonso Vasques de Calvos, morador na cidade do Porto, escudeiro do duque de Bragança, que fora escrivão da puridade da duquesa de Bragança, e a seu pedido, isentando-o de ser procurador, juiz e vereador do concelho, bem como dos ofícios e encargos concelhios. Foram pais de Fernão de Magalhães, que viveu na sua quinta de Mato Bom, em Estorãos, c.g. (António de Magalhães, escudeiro fidalgo, morador em Ponte de Lima, testemunhou no já referido processo de 1563, onde se diz neto de Fernão de Magalhães, morador na sua quinta de Mato Bom, em Estorãos).
1.1.1.4.3.7. Pedro de Magalhães, que a 20.4.1486 teve mercê de 12.000 reais de tença. Gaio diz que viveu no Porto.
1.1.1.5. Pedro Afonso de Magalhães, nascido cerca de 1374, cujo nome da mulher se desconhece.
1.1.1.5.1. João Pires de Magalhães, nascido cerca de 1400, que casou com Maria de Lima.
1.1.1.5.1.1. Diogo Anes de Magalhães, que as genealogias dizem ter sido senhor da quinta ou honra de Merilhões, no termo dos Arcos. Deve ser o Diogo de Magalhães, escudeiro da sua Casa, a quem a 3.9.1440 D. Afonso V concedeu carta de privilégio para os seus apaniguados da correição de Entre-Douro-e-Minho.
1.1.1.5.1.2. Fernando (Anes) de Magalhães, que a 22.9.1490 foi nomeado escrivão do pescado de Vila do Conde. As genealogias dizem que foi armado cavaleiro em Arzila por D. Afonso V, mas não aparece na respectiva Chancelaria. Dizem também que era filho do Diogo Anes que leva como irmão. Pela cronologia, contudo, e até pelo patronímico, este Fernão Anes seria irmão e não filho de Diogo Anes.
1.1.1.5.2. Rui Pires de Magalhães, nascido cerca de 1402, cónego da Sé de Coimbra e prior da Louzã. Alão não o entronca. Gaio di-lo filho de João de Magalhães, o que é erro evidente mas muito repetido ainda hoje, tanto mais que muitos dos seus descendentes começaram a partir do séc. XVII a usar Magalhães e Menezes, ainda que indevidamente, por osmose com os seus parentes senhores da Barca. Julgo, até pelo patronímico, que este Rui Pires era filho do Pedro Afonso que leva por pai. Vem como Rui Pires de Magalhães, cónego da Sé de Coimbra e prior da Louzã, na legitimação do filho. Deve ser o Rui de Magalhães, clérigo, arcediago de Viseu, a quem a 28.10.1451 D. Afonso V privilegiou, concedendo-lhe autorização para andar em besta muar de sela e freio. E ainda o Rui Pires, escudeiro de João de Magalhães (neste caso seu primo), que a 26.7.1446 D. Afonso V nomeou por cinco anos para o cargo de coudel no julgado de Nóbrega e Souto Rebordães e seu termo, em substituição de Gil Tição.
1.1.1.5.2.1. (N) João de Magalhães, n. cerca de 1444 e fal. em 1496, foi legitimado por carta real de 24.8.1475, havido em Maria Afonso. Como João de Magalhães, morador em Tarouca, a 14.12.1465 foi nomeado para o cargo de juiz das sisas e seus feitos no julgado e freguesia de Armamar, Fontelo, Vila Seca e termo da freguesia de Tarouca, em substituição de Álvaro Pires, escudeiro de Fernão Coutinho, que renunciara. A 15.1.1487 foi nomeado escrivão das sisas de Armamar, a 1.7.1482 tabelião de Mesão Frio, a 20.6.1486 coudel de Amarante, a 4.7.1486 tabelião de Gestaçô, e a 27.10.1492 escrivão das sisas de Cerva. Faleceu pouco antes de 6.2.1496, pois nesta data Dinis Afonso, escudeiro d'el rei, foi nomeado de juiz das sisas de Armamar, Fontelo e Vila Seca, como até então fora João de Magalhães, que o ofício tinha e falecera. Dizem as genalogias que este João de Magalhães viveu em Amarante e com Maria de Basto, filha do abade de S. João de Louredo, sendo pais dos que se referem adiante. Mas a verdade é que esses alegados filhos são mais tardios. Por outro lado, há um João de Magalhães que a 5.7.1504, sendo escudeiro, morador em Amarante, foi nomeado procurador do número da comarca e correição de Trás-os-Montes, e a 10.5.1515, sendo então dito escudeiro e morador em Tarouca, foi nomeado tabelião do público e do judicial desta vila. Este segundo João de Magalhães é quase de certeza filho do legitimado em 1475, e as genealogias terão confundido os dois, pai e filho, num só. Assim, o filho é que terá casado com Maria de Basto, e sido pais de Francisco de Magalhães, escrivão do público de Amarante, que casou com Isabel Vilela, c.g., e de António de Magalhães, que viveu na quinta da Porta de Subdeveses, no termo de Unhão, que teve por sua mulher Genebra Teixeira, c.g. nomeadamente nos condes de Alvelos.
1.1.1.5.2.2. (N) Branca de Magalhães, legitimada por carta real de 23.4.1477 e perfilhada pelo pai em escritura de 17.9.1476, feita em Coimbra. Branca de Magalhães casou com João de S. Pedro antes de 1479, como se vê numa carta de perdão de D. João II de 8.6.1482, que ambos tiveram por terem agredido um alfaiate (CJII, 2, 121). João de S. Pedro, escudeiro, criado de Álvaro da Cunha, foi tabelião do cível e crime do julgado de Lanhoso e seu termo, por nomeação de D. João II, sendo reconduzido no cargo a 4.5.1496 por D. Manuel I (CMI, 40, 91), que no mesmo dia o nomeou também tabelião dos vizinhos concelhos de Ribeira de Soaz e S. João de Rei, por renúncia de um Fernando Afonso (ib. 40, 102). 15 dias depois foi também nomeado por este rei escrivão da coudelaria de Lanhoso e seu termo (ib, 29, 18). A 24.11 e 14.12.1501 o mesmo rei perdoou a justiça régia a Gonçalo Martins do Rio, meirinho de Lanhoso, e Braz de Castilhes, lavrador, aí morador, por terem deixado fugir um preso que roubara a João de S. Pedro, escudeiro e tabelião desse julgado, de uma sua casa de cozinha, um vestido de sua mulher e outro seu, pratéis e pichéis de estanho e outras coisas que poderiam valer 5 ou 6.000 reais, depois de obterem do dito João de S. Pedro públicos instrumentos de perdão feitos a 22.11 e 28.10.1501, e terem pago 1.500 e 1.000 reais para a piedade, respectivamente (ib, 37, 18v; e 46, 99). A 1.2.1505 João de S. Pedro, escudeiro, tabelião no julgado de Lanhoso, teve ainda mercê do ofício de tabelião do concelho do Couto de Parada de Boi, assim como até então servira João Fernandes, que falecera (ib, 23, 53). Destes foram filhos, entre outros, Rui de Magalhães, que desde 1516 se documenta como tabelião e escrivão da Câmara de Lanhoso, e Susana de Magalhães, casada com Afonso Pires Falcão, escudeido, co-senhor da quinta de Barrifalcão, Stª Senhorinha de Basto, donde a família tirou o nome, c.g., nomeadamente nos Moura Coutinho e Magalhães Teixeira da Cunha Falcão e Andrada.
1.1.1.5.2.3. (N) Filipa de Magalhães, legitimada por carta real de 24.8.1475, havida em Leonor Fernandes.
1.1.1.6. Lopo Rodrigues de Magalhães, nascido cerca de 1376, que Alão, sem o entroncar, diz casado com uma Margarida Nunes, a quem dá vários filhos, entre eles um Rui de Magalhães, cavaleiro da Ordem de Santiago que foi escrivão dos filhamentos do conde de Portalegre. Ora, o 1º conde de Portalegre, D. Diogo da Silva, só o foi em 1496, pelo que não se pode tratar do mesmo Lopo Rodrigues. Por outro lado, Alão diz que os descendentes dizem que este Lopo Rodrigues foi para Figueiró e Pedrógão «para tratar dos bens da Casa de João Rodrigues Ribeiro de Vasconcellos, que ficou órfão de pouca idade». Ora, este João Rodrigues Ribeiro de Vasconcellos que ficou órfão de pouca idade era o cunhado de João de Magalhães, o 1º senhor da Barca. João Rodrigues nasceu cerca de 1425 e ficou órfão em 1435, com cerca de 10 anos de idade, como se documenta. Pelo que este Lopo Rodrigues de Magalhães, para desempenhar tal função teria de ter já uma idade respeitável. O que acerta cronologicamente com o Lopo Rodrigues em epígrafe, que teria nascido cerca de 1380, pelo que em 1435 teria uns 59 anos. Este Lopo Rodrigues era assim tio de João de Magalhães, o 1º senhor da Barca, que casou cerca de 1438 com a irmã do dito João Rodrigues Ribeiro, sendo porventura este casamento proporcionado justamente pela influência de Lopo Rodrigues. Julgo portanto ser este o que foi para Figueiró, dando origem ao Magalhães de lá. Não sei se foi este Lopo Rodrigues ou seu neto homónimo que casou com uma Margarida Nunes.
1.1.1.6.1. Fernão Lopes de Magalhães, nascido cerca 1402, escrivão do paço régio da Madeira na cidade de Lisboa. A 3.4.1439 D. Afonso V confirmou a nomeação de Fernão Lopes de Magalhães, criado de João Gonçalves, escrivão da puridade de D. João I, no cargo de escrivão do paço régio da Madeira na cidade de Lisboa, assim como o era em vida de D. João I (inserta carta de confirmação de D. Duarte de 17.11.1433). Pelo patronímico parece filho de Lopo Rodrigues, tanto mais que não se conhece outro Lopo nesta cronologia. Inversamente, o seu patronímico vem provar a existência de um Lopo (...) de Magalhães nascido no último quartel do séc. XIV.
1.1.1.6.1.1. ?Lopo Rodrigues (de Magalhães), que Alão confunde com seu avô homónimo, nesta hipótese. Foi inquiridor das inquirições judiciais de Pedrógão Grande e escrivão dos órfãos da mesma vila, cargos a que renunciou em 1500 e 1501. Parece que instituiu uma capela em Figueiró dos Vinhos, da invocação de Espírito Santo. Nasceu cerca de 1425/30 e fal. depois de 1501. A 26.3.1501 D. Manuel I confirmou aos juizes, vereadores e homens bons de Pedrógão Grande a eleição de Diogo de Magalhães para escrivão dos órfãos nessa vila e seus termos, visto um instrumento de eleição, feito e assinado por Álvaro de Oliveira, tabelião nessa mesma vila, a 16.3.1501, no qual, entre outras coisas, se continha que Lopo Rodrigues, pai de Diogo de Magalhães, que o servira, renunciara em mãos d'el rei, pelo que o ofício estava vago, e eles todos juntos, segundo seu costume, haviam elegido e apresentavam o dito Diogo de Magalhães. E visto o instrumento de renunciação de seu pai que o suplicante mostrou, feito e assinado por Luiz Anes, tabelião por el rei na vila de Figueiró dos Vinhos, a 25.2.1501 e visto seu dizer e pedir e por acharem Diogo de Magalhães suficiente como fora o seu antecessor, o dava em sua vida, nessa vila e seus termos, por escrivão dos órfãos. E a 7.4.1500 o mesmo rei, por carta endereçada aos juizes, concelho e homens bons de Pedrógão Grande, nomeou o mesmo Diogo de Magalhães, ali morador, inquiridor das inquirições judiciais do lugar onde mora, que era de Lopo Rodrigues que ao mesmo renunciou, de acordo com instrumento de renúncia lavrado pelo tabelião da cidade de Lisboa, Braz Afonso, datado de 2.4.1500. Que este Lopo Rodrigues não era o Lopo Rodrigues de Magalhães que Alão e outros dizem que foi aio ou administrador da Casa («tratar dos bens da Casa») de João Rodrigues Ribeiro de Vasconcellos «que ficou órfão de pouca idade» é evidente não só pela cronologia mas também pelo estatuto. Sendo que este Lopo Rodrigues, que propomos neto do outro (não sendo de excluir a hipótese de ser neto materno, dado que nunca se documenta como Magalhães, sendo contudo certo que era desta família) é certamente o Lopo Rodrigues, escudeiro de João Rodrigues Ribeiro, que a 1.3.1463 D. Afonso V nomeou por três anos para o cargo de coudel da vila de Pedrógão e Figueiró e seus termos, em substituição de Diogo Vasques, que terminara o seu tempo de exercício, sendo em 1466 foi substituído no cargo por Nuno Leitão. Mas em 1463 já João Rodrigues Ribeiro tinha cerca de 38 anos e era do Conselho de D. Afonso V. A 11.2.1471 já Lopo Rodrigues era escudeiro régio, pois nesta data o mesmo rei doou a Lopo Rodrigues, escudeiro régio, umas casas que pertenceram a Afonso Anes, clérigo de missa, morador que foi em Pedrogão Grande, que as comprara sem licença régia, e à sua morte as deixara a Leonor Gonçalves, sua servidora. A a 5, 6 e 18.1.1473 D. Afonso V confirmou a nomeação vitalícia de Lopo Rodrigues, escudeiro, morador em Figueiró, feita pelos juizes, vereadores, procuradores corregedores e homens bons de Figueiró, no cargo de escrivão da câmara e dos orfãos da dita vila, bem assim como escrivão vitalício da almotaçaria do dito concelho e de escrivão da coudelaria e inquiridor de Figueiró e Pedrogão, em substituição de Afonso do Porto, que morrera. E a 18.12.1475 voltou a nomear por três anos Lopo Rodrigues, escudeiro da Casa Real, para o cargo de coudel de Figueiró e Pedrógão, em substituição de João Álvares. Terá sido este e não o proposto avô que casou, cerca de 1450/60, com Margarida Nunes. Foi pai, entre outros, do já referido Rui de Magalhães, que Alão diz ter sido cavaleiro da Ordem de Santiago, escrivão dos filhamentos, mordomo-mor e vedor do conde de Portalegre, e de Branca da Magalhães, nascida cerca de 1463, que sucedeu na capela instituída por seu pai e casou com Rui Cotrim, escrivão das sisas de Figueiró (8.2.1487). Sendo certo que foi pai do antedito Diogo de Magalhães, que a 7.4.1500 o substituiu como inquiridor das inquirições judiciais de Pedrógão Grande, e a 26.3.1501 como escrivão dos órfãos da mesma vila, cargo em que servira seu pai e renunciara nas mãos do rei a 25 de Fevereiro desse ano. A 6.3.1513 Diogo de Magalhães, escudeiro, morador em Pedrógão Grande, foi nomeado escrivão das sisas de Penela.
1.1.1.7. (Leonor) Afonso de Magalhães, nascida cerca de 1378, que casou com Lourenço Gil, escudeiro de D. João I, a quem este rei doou a 23.8.1384, para sempre, os bens móveis e de raiz que tinham em Beja seus pais, Gil Anes, corregedor que foi de D. Fernando I, e sua mulher Senhorinha Gil, que os perderam por terem tomado o partido de Castela, bens esses que o mestre de Avis antes doara a Estêvão Anes Lobeira, que os perdeu também por andar em deserviço.
1.1.1.7.1. Afonso Lourenço de Magalhães, escudeiro, já falecido em 1436, morador que foi em Santarém. Sendo casado (o documento não refere com quem), Afonso Lourenço de Magalhães teve de Catarina Anes, mulher solteira, uma filha:
1.1.1.7.1.1. (N) Leonor Afonso de Magalhães, legitimada por carta real de 26.1.1436, sendo então já casada com Gonçalo da Fonseca, criado de D. Duarte I, que parece ser o Gonçalo da Fonseca, alcaide-mor de Marialva, a quem a 22.5.1459 D. Afonso V nomeia por cinco anos para o cargo de coudel de Langroiva, Muxagata, Vila Nova de Foz Côa e Meda.
1.1.1.7.2. Martim Gil, nascido cerca de 1400, escrivão da corte de D. Duarte, também referido como escrivão e notário público geral do rei, aparecendo em dezenas de documentos, muitos dos quais assina. Não se sabe com quem casou.
1.1.1.7.2.1. Gil Anes, que recuperou o nome de seu bisavô, o corregedor de D. Fernando I. Nasceu cerca de 1438 e foi cavaleiro fidalgo de D. Afonso V e vedor da descarga das naus e navios do porto de Lisboa. A 29.3.1665 D. Afonso V concede carta de privilégio a Gil Eanes, cavaleiro da sua Casa, para todos os seus mordomos e apaniguados para a comarca e correição da Estremadura. A 20.1.1465 D. Afonso V doa a Gil Eanes, cavaleiro da sua Casa, vedor da descarga das naus e navios do porto de cidade de Lisboa, uma tença anual de 8.400 reais de prata de mantimento pelo seu ofício, a partir de 1 de Janeiro de 1462, a serem pagas pela Alfândega da dita cidade. Dizem as genealogias que Gil Anes, a que dão o nome Magalhães, foi embaixador a Inglaterra e ao imperador Maximiliano e cavaleiro da Jarreteira (Order of the Garter), mas não consta nas respectivas listas. Outros dizem que era cavaleiro do Santo Sepulcro. O Dr. João da Madre de Deus, nas suas Memórias, diz que não sabia de quem era filho, só que era um cidadão honrado de Lisboa e que estava enterrado em S. Francisco de Xabregas com uma cruz por armas, e lhe chamavam o cavaleiro porque parece que o era da Ordem do Sepulcro de Jerusalém, hábito que dava o guardião daquele convento aos romeiros. Gil Anes casou com Isabel de Paiva, filha de Vasco Martins de Paiva, cavaleiro da Casa de D. Afonso V. A 28.3.1476 este rei privilegia Vasco Martins de Paiva, cavaleiro da sua Casa, morador na cidade de Évora, coutando-lhe a herdade e terra que tem no termo da dita cidade, bem como concede alguns privilégios aos lavradores do novo couto. E a 30.10.1477 D. Afonso V privilegia o prior e mosteiro de Santa Maria do Espinheiro, ordenando que qualquer demanda que seja posta contra eles na comarca de Entre-Tejo-e-Odiana seja julgada na cidade de Évora, nomeando para juiz dos feitos Vasco Martins de Paiva, cavaleiro, morador na dita cidade. Gil Anes e sua mulher foram pais, entre outros, de Bartolomeu de Paiva, do Conselho, amo e camareiro de D. João III, e de D. Beatriz de Paiva, ama de leite de D. João III, que casou com D. Álvaro da Costa, do Conselho, criado e feitor de D. Manuel I e depois seu guarda-roupa (pelo menos desde 1507), camareiro (1512) e armador-mor (1515), rei que lhe deu o tratamento de Dom. C.g.
1.1.1.7.3. Gonçalo Anes de Magalhães, nascido cerca 1402, fidalgo da Casa Real, recebedor do almoxarifado de Beja, etc. Gonçalo Anes de Magalhães já se documenta como recebedor em 1435, na Chancelaria de D. Duarte. A 4.1.1445 D. Afonso V faz quitação a Gonçalo Anes de Magalhães, seu escudeiro e recebedor do almoxarifado de Beja, morador nesta vila, da verba de 792.976 reais, relativa ao ano de 1442, período durante o qual recebera as rendas do dito almoxarifado, conforme a apresentação do relatório de receitas e despesas.
1.1.1.7.3.1. Diogo de Magalhães, n. cerca de 1440, tabelião de Silves a 2.4.1482, onde antes foi juiz. A 21.7.1468 D. Afonso V perdoou o degredo de seis meses a Diogo de Magalhães, morador na cidade de Silves, de um ano a que fora condenado para a cidade de Ceuta, tendo pago 500 reais de prata para a Arca da Piedade. A 7.4.1475 o mesmo rei perdoou a justiça régia a Vasco Rodrigues, morador na cidade de Silves, acusado de ter impedido Vicente Chagas, corregedor régio no reino do Algarve, de levar preso Diogo de Magalhães, juiz, mediante o perdão das partes, tendo pago 700 reais para a Arca da Piedade (instrumento público de perdão de 3.4.1475). Em 1501 era tabelião de Silves um Pedro de Magalhães, possivelmente seu filho.
1.1.1.7.4. Nuno Anes de Magalhães, virtual pai de:
1.1.1.7.4.1. Martim Nunes de Magalhães, criado da rainha D. Leonor, morador em Olivença, que a 19.12.1464 foi nomeado por D. Afonso V para o cargo de inquiridor e contador da dita vila e seu termo, em substituição de Lourenço Gonçalves, que renunciara. Este Lourenço Gonçalves devia ser pai ou irmão de sua mãe"
Assim parece-me que o Manuel Abranches Soveral deverá "ajustar" este texto à luz do que se tem avançado nos diferentes tópicos deste Forum e nos trabalhos dos irmãos Mattos e Silva. Não lhe parece?
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: Obrigado a Ângelo da Fonseca
Caro Ricardo Charters;
Se bem que me tenha confundido com um qualquer confrade Soveral, que como calcula não imagino quem possa ser, nem por isso desconheço este texto.
E, mesmo que isso lhe possa causar certa admiração, não estou totalmente de acordo com ele. Ainda que não tenha estudado os Magalhães. Só me debrucei, como já disse, sobre Fernão de Magalhães.
Mas não tenho contacto directo com o autor dele. Será melhor colocar essa observação, se entender ser esse o caso, no e-mail respectivo.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caros confrades:
DIOGO DE SOUSA, irmão de Fernão de Magalhães, o navegador, embarca com seu irmão, em 25 de Março de 1505, na armada de D. Francisco de Almeida.
Em seu testamento, em 24.09.1519, Fernão de Magalhães, diz que seu irmão se encontrava ao serviço do rei de Portugal. Nessa altura estava ainda solteiro, ou então viúvo o que consideramos menos provável. Terá falecido pouco anos depois sem notícia de ter tido geração. Não há noticia de ter regressado a Portugal. O facto de provávelmente estar solteiro em 24.09.1519 é um indício que poderia ainda não ter regressado ao reino e ter-se mantido na Índia. Poderão referir-se-lhe alguns dos seguintes documentos:
1
Corpo Cronológico, Parte II, mç. 12, n.º 180
1507-05-29 Mandado de D. Guterre de Monroy, capitão e governador da dita cidade de Goa, por que ordena a Rui da Costa, feitor e escrivão do seu carrego na dita cidade, que entregue a Diogo de Sousa 15 pardaus à conta do seu soldo e moradia.
2
Corpo Cronológico, Parte II, mç. 55, n.º 46
1515-02-13 Mandado de Afonso de Albuquerque para o feitor Francisco Corvinel pagar a Diogo de Sousa 9.600 réis de 2 pipas de vinho
3
Corpo Cronológico, Parte II, mç. 71, n.º 58
1517-08-28 Mandado de D. Guterre de Monroy, governador da Goa, para o feitor Rui da Costa dar a Diogo de Sousa 20 cruzados de seu soldo e moradia.
4
Corpo Cronológico, Parte II, mç. 71, n.º 69
1517-09-02 Conhecimento de João Rodrigues declarando que Diogo de Sousa, almoxarife dos mantimentos da Mina, recebeu do feitor Manuel de Sá por Duarte Borges, capitão do navio Santa Maria da Ajuda, pipas, farinha, vinho, azeite, etc. contidos neste conhecimento.
5
Corpo Cronológico, Parte II, mç.110, n.º 83
1523-09-07 Conhecimento em que se declara que o feitor de Ormuz, Cristóvão da Gama, recebeu de Diogo de Sousa, 500 xerafins que emprestou ao dito senhor, para despesa da dita fortaleza e armada do governador.
6
Fragmentos, cx. 4, mç. 3, n.º 70
1523-09-22 Mandado régio para Diogo de Sousa, feitor de Cochim
7
Corpo Cronológico, Parte II, mç. 115, n.º 90
1524-05-23 Conhecimento em que se declara que o feitor Lançarote Fróis recebeu do tesoureiro do dinheiro dos cavalos, Rui Gonçalves de Caminha, 24.000 réis os quais pagou a Diogo de Sousa de seu ordenado.
Seria importante tentar conjugar estes dados com os extraídos das moradias da casa real. Com excepção do n.º 4 todos estão ligados à Índia.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Diogo de Sousa, uma vida na Índia ?
Caros confrades:
Por pesquisa do nome “Diogo de Sousa” na base de dados do Geneall são escassas as referências a quem possa ser confundido com o irmão de Fernão de Magalhães. Este vem referido em http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=452557
Fiquei espantado com este resultado que não previa. Se bem que não universal, a base de dados deste site, baseando-se essencialmente em NFP, traz uma informação vastíssima. Não parece haver, naquela época, um homónimo que com ele possa ser confundido. É assim, não só possível mas muito provável, que alguns daqueles documentos, que referi em anterior mensagem, digam respeito ao irmão de Fernão de Magalhães.
Cumprimentos,
António Taveira
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Só a tese de Figueiró tem pernas para andar
Caro confrade António Taveira
Ouvi, recentemente, algumas frases suas, com as quais (pasme-se!) concordo.
A primeira é aquela em que diz que leu centenas de documentos. Não tenho dúvidas: o caro confrade é, efectivamente um “leitor de documentos” mas parece-me que nunca poderá ser um investigador histórico. E porquê? Porque é o tipo de pessoa que, primeiro, define uma tese e, depois, só vai ler aquilo que a possa confirmar. E assim você comete os seguintes erros:
- só lê (e relata) a parte dos documentos que lhe interessa, esquecendo-se de ler (ou de relatar) a parte dos documentos que não é favorável à sua tese. O mal não é só seu pois quem lhe transmitiu a “história” do lealdador do pastel da Ilha do Pico fez exactamente o mesmo;
- não interpreta correctamente os documentos, porque não os contextualiza, não os confronta com outros, só segue as opiniões do Alão, esquecendo-se que este tem tantos ou mais erros e virtudes do que os restantes Gayos e companhia (basta ver a história dos menores de Figueiró que obrigou o Soveral, outro fiel seguidor do Alão, a ter de inventar dois Lopos Rodrigues de Magalhães e até, por que lhe faltava uma geração de permeio, a criar um Fernão Lopes de Magalhães, que até satisfazia a teoria dos patronímicos e era, possivelmente, inspirado no célebre cronista de D. João I).
Ou seja, o caro confrade tem suficiente ingenuidade (é bom, nos tempos que correm ser-se ingénuo..., mas é recomendado que seja em pequena dose) para aceitar como bom qualquer documento que lhe aparece, sem ver que interesse é que alguém que elaborou o documento tem com o mesmo. Ou seja, não usa a “pituitária” (é a segunda frase sua com que eu concordo) que tão útil me tem sido na vida e que, raramente me deixou ficar mal. Essa “pituitária” tem-lhe, ultimamente, faltado (serão os pólens desta época que lhe estão a fazer alergia?)!
E isto que tem feito os Mattos e Silva: utilizar a "pituitária" e contextualizar...contextualizar, evitando o erro, ou reduzindo o seu aparecimento.
EM RELAÇÃO ÀS “PROVANÇAS” : caro confrade, leia com atenção aquilo que está transcrito no Baião e que, aqui, lhe resumo: no início, quando o referido Lourenço elenca as perguntas que irá fazer às testemunhas refere, nomeadamente, que irá perguntar-lhes se o conhecem a ele, Lourenço, à sua mãe Filipa Pereira e ao seu pai Paio Rodrigues de Magalhães, bem como ao pai deste Rui Pais de Magalhães, bem como se ouviram falar do falecido Fernão de Magalhães (o que descobriu o Estreito). E, ainda se sabiam ou haviam ouvido dizer que os referidos Paio e Fernão eram primos irmãos e parentes muito próximos. Estas são as questões principais às quais foram inquiridas todas as testemunhas espanholas, as quais dizem conhecer o Lourenço por ele residir há vários anos em Jerez, que ouviram falar do descobridor do Estreito, mas desconhecem os ascendentes do Lourenço e a sua relação com o navegador. As mesmas perguntas foram feitas, em Portugal às seguintes testemunhas:
- Roque de Almeida, de Braga, com cerca de 40 anos de idade, diz que conhece o Lourenço mas não os seus antepassados, mas que ouvira dizer que deviam ser parentes próximos, uns dizendo que eram primos direitos, outros primos segundos;
- Heitor de Magalhães, declara algo que, aparentemente, é uma confusão pois diz que o navegador era primo de Paio Rodrigues de Magalhães e sobrinho de Rui Pais de Magalhães (até aqui faz sentido) mas que o navegador era filho do dito Rui (como é que o navegador pode ser, simultâneamente, sobrinho e filho duma mesma pessoa?).
Curiosamente, ao PASSAR À INQUIRIÇÃO DAS RESTANTES TESTEMUNHAS PORTUGUESAS, O CITADO LOURENÇO, POSSIVELMENTE COM BASE NA CONFUSA RESPOSTA DO ATRÁS CITADO HEITOR, ALTERA UMA PARTE DAS PERGUNTAS dizendo que vai inquirir se o conhecem a ele, Lourenço, à sua mãe Filipa Pereira e ao seu pai Paio Rodrigues de Magalhães, bem como ao pai deste Rui Pais de Magalhães, bem como se ouviram falar do falecido Fernão de Magalhães (o que descobriu o Estreito) E DO PAI DESTE, RUI DE MAGALHÃES! E, ainda se sabiam ou haviam ouvido dizer que os referidos Paio e Fernão eram primos irmãos e parentes muito próximos. As principais restantes testemunhas portuguesas respondem da seguinte forma:
- Manuel Magalhães e Menezes (que era o 4.º Senhor da Barca), com uma idade que o próprio diz ser compreendida entre 70 e 75 anos de idade, refere que conhece o Lourenço e todos os seus ascendentes e que o avô do Lourenço, Rui Pais de Magalhães era irmão do Rui de Magalhães pai do navegador, sendo ambos os citados Ruis filhos de Paio (ou Pedro) Afonso de Magalhães;
- um individuo de apelido Coelho, com cerca de 80 anos de idade repete, dum modo geral, o que disse o 4º Senhor da Barca.
Ou seja, com base no confuso testemunho de Heitor de Magalhães, que considerou um mesmo Rui Pais de Magalhães, simultâneamente como tio e pai do navegador (!), o Lourenço introduz um Rui como pai de Fernão de Magalhães e os “velhotes” de mais de 70 anos de idade “alinham” na história e, assim, se criou a ideia de que o navegador seria o filho dum Rui. Como muitos destes testemunhos foram recolhidos em Braga e terão ficado cópia dos mesmos nos “tablionatos” da cidade, Felgueiras Gayo que vivia na zona terá tido acesso a esses documentos e terá andado, no seu nobiliário, à procura dum Rui a quem “encaixar” um filho Fernão. Descobriu um Rui de Magalhães, casado com uma Alda de Mesquita, sendo que este Rui era filho duma Sousa, pelo que o “puzzle” parecia estar completo. Para seu azar e dos defensores desta tese absurda, Gayo não conheceu o testamento de Sevilha e, consequentemente, não percebeu que, para que o “puzzle” fechasse, era preciso arranjar um irmão Diogo e uma irmã Isabel e que, estes, só existiam no conjunto dos filhos de Lopo Rodrigues de Magalhães o qual, também tinha um filho Fernão pelo que, efectivamente, só o ramo de Figueiró permitia completar o “puzzle”.
Além disso, como o Gayo raramente coloca datas a definir os seus “personagens”, esqueceu-se que o Rui, Alcaide de Aveiro, nasceu cerca de 1430 pelo que um seu eventual filho Fernão nasceria cerca de 1460, ou seja seria quase sexagenário (59 anos) quando, em 1519, teria embarcado na expedição para as Molucas, ou que é uma idade impeditiva para tal façanha (o Fernão, navegador, teria 41 anos por essa data e Elcano, 33 anos).
FINALMENTE, A SUA POSIÇÃO EM RELAÇÃO AO DIOGO DE SOUSA/ DIOGO MAGALHÃES/DIOGO DE SOUSA MAGALHÃES
Não vou entrar nos excelentes detalhes que o confrade António Bivar introduziu no fórum, pois ele é bem mais versado nisso do que eu.
Você questiona se o Diogo de Magalhães que sucede, em 1501, a seu pai Lopo Rodrigues de Magalhães no cargo de escrivão dos órfãos de Pedrogão Grande, é o Diogo de Sousa que é referenciado como irmão do navegador, tanto na “lista de passageiros” da armada do D. Francisco de Almeida como no testamento de Fernão de Magalhães realizado em Sevilha. Isto porque, diz você, era prática corrente, à época, alguém manter sempre o mesmo apelido, apesar de, por exemplo, num pleito com Diogo Barbosa referido no cimo da pág. 25 do Baião, após a morte do navegador, o irmão deste aparecer referido como Diogo de Sousa de Magalhães. Mas não dirá você, que o apelido Magalhães teria sido colocado, nesse documento, dado que o navegador, no seu testamento havia deixado como condição, para a habilitação à herança, que o seu irmão Diogo de Sousa usasse o apelido Magalhães?
Estou certo, de acordo com a tal “pituitária”, que Diogo de Sousa, Diogo de Magalhães e Diogo de Sousa de Magalhães são uma única pessoa, ou seja, o filho de Lopo Rodrigues de Magalhães. É preciso, aliás, entender porque razão o citado Lopo terá colocado a um seu filho o nome de Diogo de Sousa quando, todos os outros são habitualmente conhecidos apenas pelo apelido Magalhães. Acontece que o citado Lopo teve um irmão, Diogo de Sousa (conforme consta da lista dos filhos do Senhor de Briteiros), o qual foi morto por Baltasar de Sequeira como retaliação pela morte do cunhado deste, Álvaro Soares de Albergaria, o qual foi morto com uma lançada desferida pelo Senhor de Briteiros, numa escaramuça na Ponte do Prado, junto de Rates.
Como o citado Lopo terá tido um filho que nasceu pouco depois deste trágico acontecimento, terá decidido homenagear o seu falecido irmão Diogo de Sousa dando o seu nome àquele seu filho. Portanto, este seria conhecido no seio da família, por Diogo de Sousa embora, por ser filho dum escrivão importante na zona de Figueiró e Pedrogão, que era Lopo Rodrigues de Magalhães, o tabelião que lhe deu posse, em 1501, no cargo atrás citado, terá inscrito no correspondente documento o nome Diogo de Magalhães, por desconhecer a particularidade do referido Diogo usar o apelido Sousa.
É de notar que o navegador, no seu testamento de Sevilha, refere (Ver pág. 23 do Baião) que Diogo de Sousa, seu irmão, para se habilitar à sua herança teria de ir viver para Castela e aí casar e usar o apelido Magalhães. Esta frase é interpretada por aqueles, como você, que duvidam que o Diogo de Magalhães, filho do citado Lopo, seja o irmão do navegador, como prova de que ele não usava o apelido Magalhães. Esquecem-se, contudo que, na mesma pág. 23 do Baião, mas um pouco mais abaixo, o navegador no mesmo testamento refere a sua irmã Isabel de Magalhães, dizendo que para ela se poder habilitar à sua herança terá também de ir viver para Castela e aí casar e usar o apelido Magalhães. Ora se ele a designa por Isabel de Magalhães que sentido faria ela ter de usar, em Espanha, o apelido que ela sempre usou e pelo qual era conhecida em Portugal? Parece um absurdo. Contudo, como entendo que o navegador sabia perfeitamente o que pretendia dizer com ambas as frases e não terá cometido qualquer engano no seu testamento, aquilo que estaria no seu pensamento é que ambos os irmãos, que usavam em Portugal o apelido Magalhães, o manteriam em Espanha sem terem vergonha de o usar pelo facto do seu irmão Fernão, que usava esse mesmo apelido, ser considerado em Portugal, de acordo com a versão oficial do Reino, como um “traidor” ao seu país.
No documento da habilitação de herdeiros por morte do referido Lopo, a que Manso de Lima terá tido acesso, muito possivelmente os filhos de Lopo Rodrigues de Magalhães só estariam designados pelos nomes próprios, dado serem sobejamente conhecidos num meio pequeno, como Figueiró, onde o citado Lopo e a sua família eram figuras destacadas, dispensando uma identificação pelos seus apelidos. Então Manso de Lima que, possivelmente não terá tido conhecimento do trágico acontecimento na Ponte do Prado e da vingança que se lhe seguiu, desconheceria que o filho Diogo do referido Lopo era conhecido, em família, por Diogo de Sousa. Assim, ao proceder à identificação, na sua obra, dos filhos do citado Lopo, colocou, em todos, o apelido Magalhães que era o último apelido do Lopo.
PORTANTO, PARA MIM É INDUBITÁVEL QUE O FILHO DE LOPO RODRIGUES DE MAGALHÃES QUE É REFERIDO POR DIOGO DE SOUSA, DIOGO DE MAGALHÃES OU DIOGO DE SOUSA DE MAGALHÃES, É O IRMÃO DO NAVEGADOR.
Portanto meu caro confrade: só a tese de Figueiró tem pernas para andar e não se esqueça que esta tese não depende do Álvaro de Mesquita ser de Estremoz ou de Almada, se o Martim de Magalhães é filho duma Catarina ou duma Quental, se a sogra do navegador é Guiomar ou Caldera. Tudo isso são “faits divers” a que você se agarra como lapa a quem o pescador está a tentar arrancar da rocha.
Julgo que devemos preito aos Mattos e Silva pelos avanços investigativos que fizeram e que nos permitem estar aqui a fazer avançar o conhecimento.
A propósito: o que quereria o prezado confrade com a enigmática frase sobre a mãe do navegador. Será que, como dizem (por exemplo o Serpa Pimentel), ela era Nunes de Meireles?
Vou regressar ao meu livro, que nada tem a ver com os Magalhães, pois já perdi aqui muito tempo.
Cumprimentos,
Ricardo Charters d’Azevedo
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Caro Ângelo,
Muito obrigado pelas suas palavras simpáticas. A análise que faz do nosso debate, pela parte que me toca, traduz fielmente o que penso acerca do assunto, mas clarifica alguns pontos que eu não tinha desenvolvido e com os quais estou plenamente de acordo, nomeadamente o alerta que deixa relativamente às assimetrias regionais e temporais. Gostaria muito de poder contribuir para o interessante debate relativo à filiação de Fernão de Magalhães mas o volume de informações que me parece necessário absorver e analisar para o poder fazer com alguma utilidade e o escasso tempo de que disponho neste momento ainda não me permitiu pôr-me minimamente "à altura"; é claro que a tentação tem vindo a crescer e quando dispuser de mais tempo talvez consiga ter uma opinião com algum fundamento. Não resisti a este debate mais "abstracto" acerca das variações de apelidos por depender apenas de experiência passada e por se inserir num tema mais geral (a evolução e usos dos apelidos e nomes em geral) acerca do qual me interesso há muito tempo; não me arrependo nada pois tive muito gosto em participar nele e fico com mais matéria para reflexão, ainda que não me pareçam existir dados suficientes para que se possa chegar a uma conclusão definitiva quanto ao ponto em discussão (refiro-me ao debate "abstracto" e não ao caso concreto que o motivou).
Um abraço,
António Bivar
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Caro António Taveira,
O nosso confrade Ângelo da Fonseca traduz fielmente o que penso acerca do nosso debate, pelo que acho que fica muito bem descrito o ponto de situação e as nossas divergências essenciais, que aliás são relativamente subtis.
A experiência que tenho acerca das omissões de apelidos em documentos e assinaturas coincide exactamente com a sua, embora eu tenha visto muito mais exemplos a partir do século XVII, pelo motivo óbvio de que a documentação é muito mais numerosa a partir dessa época. Também partilho inteiramente da ideia de que determinados patronímicos se foram associando a algumas linhagens, homenageando assim determinados antepassados em lugar de se referirem directamente ao pai; seria outro debate analisar se esse fenómeno é assimilável ao que levou em determinadas camadas, em geral (mas não sempre) mais populares, os patronímicos a fixarem-se como apelidos a partir de determinada época (variável com as regiões) ou se tem natureza diferente, sendo mais assimilável ao exemplo precoce que referi do patronímico de alguns dos filhos bastardos de D. Dinis, em que o uso do patronímico é ainda uma referência perfeitamente consciente ao nome próprio de um antepassado, ainda que não o pai. Esta distinção não é marginal ao nosso debate pois dela depende a importância a atribuir ao apelido que se segue ao patronímico e a maior plausibilidade de que alguém o pudesse "trocar" por outro em alguns períodos da vida ou mesmo alternando-o regularmente com esse outro. É também relevante o facto de, quanto ao costume de abreviar o nome cortando o apelido e deixando apenas o nome próprio e patronímico, não haver distinção entre os casos em que o patronímico remete para o pai e os outros em que remete para outro antepassado ou, mais tarde, quando já é claramente usado apenas como outro apelido.
Volto a dizer que acho interessante a sua teoria que, de alguma maneira, faz ressaltar a analogia entre a variação do apelido em indivíduos usando determinado tipo de patronímico e a variação do apelido secundário em indivíduos usando dois apelidos; passarei a levá-la em conta daqui em diante, mas, tal como o confrade Ângelo Fonseca, não considero que haja suporte experimental suficiente para a considerar provada ou mesmo mais provável do que a alternativa que seria considerar que os casos insólitos de variação de apelido que se documentam nos séculos XIV/XV, embora só tenhamos considerado exemplos em que era usado um patronímico ligado à linhagem, apontam para a possibilidade de existirem outros casos em que o apelido variasse embora fosse usado sem patronímico. Uma das razões que me levam a deixar esta hipótese de pé é o facto de ter encontrado casos indubitáveis destes a partir da época em que se generalizaram os assentos paroquiais subsistentes, numa região que parece ter mantido costumes arcaizantes até tarde como é o Alto Minho; não vejo realmente razão para que o fenómeno não pudesse ocorrer antes
e não me espanta não encontrar exemplos dada a muito maior escassez das fontes. Mas acho que já me estou a repetir!
Não me parece que a questão da improbabilidade seja aqui relevante, pois o ponto é precisamente distinguir entre uma impossibilidade por assim dizer "absoluta" (tanto quanto é humanamente possível presumir), como seria por exemplo um Jaime Pereira carpinteiro ser confundido com o Duque de Cadaval, ou um fenómeno raro ou pouco frequente mas possível. Já agora não resisto a dar uma achega à questão dos irmãos homónimos; faço-o porque, como já deve ter percebido, partilho a desconfiança do confrade Ângelo Fonseca em relação a leis absolutas em genealogia e história. A impossibilidade de irmãos inteiros homónimos era para mim também um pressuposto dos que eu tendia a considerar "absolutos", até que encontrei a referência a dois irmãos, João Marinho e João Falcão, filhos de Lançarote Falcão e Joana Marinha. Esclareço que não considero estas filiações documentadas (tanto quanto eu possa apreciar), embora se documentem estes dois indivíduos na época certa, mas o simples facto de aparecer este caso referido em nobiliários pelo menos demonstra que essa possibilidade não era excluída pelo respectivo autor; mantenho quanto a esta questão uma "dúvida metódica" à espera de encontrar suporte documental para algum caso concreto, mas a firmeza da minha convicção anterior está por enquanto abalada...
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Quando me referi ao "que penso acerca do nosso debate" citando o confrade Ângelo da Fonseca não estava a pensar obviamente nas palavras simpáticas que nos dirigiu, mas sim na descrição e análise que faz das nossas opiniões, independentemente daquelas palavras iniciais... Quando reli o que tinha escrito "soou-me mal" aquela frase!
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RE: Só a tese de Figueiró tem pernas para andar
Caro Ricardo Charters;
O seu problema é que nem consegue ler o que escrevo. Ou pelo menos não o percebe ou finge não o perceber.
E isto já é assim desde o princípio. Desde dizer que eu contesto o testamento de Sevilha o que nunca fiz, ou dizer que eu confesso descender dos Magalhães, da Barca, o que também é falso,..and so on... Até me confundiu com um confrade Soveral.
Ao contrário do que diz foi por ver muita documentação que cheguei a uma tese, não o contrário.
Desse mal, chegar a uma tese sem documentação, informa a tese "Figueiró". Pega no Gaio e chegam à verdade. Fernão de Magalhães, o navegador, seria filho de Lopo Rodrigues. Porque entre os Magalhães do Estreito, referidos nos nobiliários, é o único indicado com irmãos Diogo e Isabel. Provas em contrário não interessam, ou interessarão, daí o seu denodo...
Mas algum historiador vai nisso ? Apresentem o trabalho à Academia Portuguesa de História e serão objecto de inevitável ridículo.
Não perde pela demora que chegaremos às provanças....
Regresse ao seu livro que eu continuarei.
Cumprtimentos,
António Taveira
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro António Taveira,
Agradeço as suas palavras, mas é apenas a minha forma de estar.
Quanto ao caso dos irmãos inteiros homónimos, apenas farei aqui um pequeno resumo para não encher este tópico, que está mais dedicado ao tema Diogo Magalhães vs Diogo de Sousa.
Trata-se da família de Jerónimo Henriques Cortez & Maria Arnaut Negrão, da Lousã, cuja árvore descendente até aos netos, apresento abaixo, tal como tenho no meu site, e onde constam os dois filhos homónimos: o capitão-mor João Negrão Arnaut, n. 1611 e o padre João Arnaut, n. 1633.
Jerónimo Henriques Cortez & Maria Arnaut Negrão ca 1590
1. João Negrão Arnaut, Capitão ca 1611 & Violante Neto Pinção 1645
1.1. Catarina Arnaut &1678 João Negrão Arnaut, Capitão-mor da Lousã ca 1651
1.2. Melchior Henriques Arnaut, Padre ca 1668 & Bárbara da Cunha e Brito ca 1672
2. Martinho Arnaut 1621
3. Belchior Arnaut ca 1623
4. Manuel Neto Arnaut † & Maria Feio de Abreu
4.1. Luís Arnaut ca 1641
4.2. João Negrão Arnaut, Capitão-mor da Lousã ca 1651 &1678 Catarina Arnaut
5. Pedro Arnaut Neto 1628
6. João Arnaut, Padre ca 1633
7. Maria Neto Arnaut † & Belchior Henriques
7.1. Belchior Henriques Arnaut, Alcaide-mor de Sesimbra & Maria N
7.2. João Negrão Arnaut & N N
7.3. Salvador Neto Arnaut, Capitão-mor da Lousã
7.4. Manuel Henriques Arnaut &1672 Joana Ferreira
8. Jerónimo Henriques Arnaut †/1702 & Maria Carvalho †/1702
8.1. Jerónimo Henriques Arnaut &1700 Teresa Cortez Pinto &1702 Helena Pinto Cabral
Quando conferia os filhos desta família detectei diferenças entre o que vinha na obra "Arnaos" de Manuel Arnao Metello e no artigo "A Aldeia de Pêra: uma pedra de armas a defender" do Pedro França. O Arnao Metello considerava haver dois filhos João, o primeiro apenas com data de baptismo e o segundo apenas como Capitão casado com Violante Neto Pinção natural de Sesimbra. O Pedro França também referia um Capitão-mor de igual nome, mas associado ao baptizado do 1º João, baptizado que confirmei existir nos assentos da Lousã.
Perante isto, pedi ajuda ao Pedro França, tendo ele informado a existência no AUC do seguinte:
- O assento de baptismo relativo a um João filho do casal indicado (Jerónimo Henriques e de Maria Arnaut) em 20.03.1611
- Uma habilitação de génere de 1650 de um João Arnaut filho do mesmo casal e com data de baptismo em 02.05.1633
- Uma habilitação de génere de 1692-1700 de um Belchior Henriques Arnault, com data de baptismo em 11.04.1668, neto paterno do casal indicado acima e filho de João Negrão Arnaut, capitão-mor, e de D. Violante Neta Pinsoa, ele da Lousã, ela de Sesimbra, fregª de S. Tiago. Este documento substitui o assento de casamento dos pais, não existente por talvez ter sido em Sesimbra ou outro local fora da Lousã.
Para compatibilização de tudo isto, incluindo cronologia, funções, etc. o Pedro França manteve o Capitão-mor João Negrão Arnaut como sendo o João mais velho nascido em 1611 e considerou o Padre João Arnaut que se ordenou em 1650 como sendo o 2º João nascido em 1633.
Neste estudo recorri aos assentos paroquiais da Lousã e às seguintes fontes:
- Genealogia da família do Conde de Foz d' Arouce, Coimbra - Typ. de F. França Amado - 1893, pág. ?
- José Arnau de Almeyda Serra da Louzã e a sua descendência : casa da Rua Nova, Carlos de Sacadura Botte Pinto Mascarenhas, Tip. da Gráfica Conimbricense Lda., Coimbra 1927, pág. 11 e 12 (CBA)
- Arquivo Heráldico Genealógico, Visconde de Sanches de Baena, CBA 1451 de José Arnau de Almeida Serra, pág. 365
- Gente d' Algo, Manuel Arnao Metello, 2002, CBA 1451 de José Arnau de Almeida Serra, pág. ?
- Arnaos, Manuel Arnao Metello, Edição do Autor, 1ª Edição, Lisboa, 1997, pág. 50, 63 e 64
- A Aldeia de Pêra: uma pedra de armas a defender, Pedro da França Machado, in revista Munda nº 25, Coimbra 1993, pág. 139
- Habilitação de génere do padre João Arnaut, 1650, Lousã, cx. 700, AUC (B.D. do Pedro França)
- Habilitação de génere do padre Belchior Henriques Arnaut, 1692-1700, Lousã, cx. 277, AUC (B.D. do Pedro França)
- Genea Portugal
A história é um pouco mais comprida pelo que depois, se quiser, enviar-lhe-ei informação mais detalhada para a sua caixa de correio, onde poderá ver os e-mails trocados com o Dr. Pedro França.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Ângelo da Fonseca:
Por isso ser assim, e ser "apenas" a sua forma de estar, é digno de maior realce. Todos vemos o que se passa à nossa volta no dia a dia.
Pelo que me diz, e se mais informação não há, até sou capaz de ter razão.
O João Arnaut não se podia ordenar em 1650 com 17 anos. Se não há outra informação que confirme ter seguido a vida eclesiástica, terá feito inquirição de genere, como tantos outros, sem se ordenar. E será ele o capitão mor João Negrão Arnaut, pai do habilitando nascido em 1668. O João, nascido em 1611, teria entretanto falecido e, em 1633, os pais baptizaram outro filho entretanto nascido com o mesmo nome. Será ? O meu amigo dirá. Mas se não existir um PADRE João Arnaut, certamente foi isso que aconteceu.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Caro Ângelo Bivar:
Considero que o debate foi enriquecedor e vou ponderar em muito do que aqui disse.
Tudo o que escrevi deve ser encarado como regra que eu sigo, formulada a partir da experiência acumulada. Não é lei, e como toda a regra tem excepções. O meu campo de observações foi o antigo arcebispado de Braga e os bispados do Porto e Coimbra para o século XV e XVI.
Acredito que serei tão prudente como o António Bivar quando afirmo uma ascendência.
Mas no exemplo que refere, enquanto não tiver documentado dois irmãos homónimos filhos do mesmos pais, procederia diferentemente. O António Bivar, na dúvida, considerá-los-ia filhos dos mesmos pais. Eu na dúvida não. Julgo que a prudência estará do meu lado na atribuição da paternidade.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Em defesa de Alão
Caro Ricardo Charters;
Em defesa de Alão que não se pode defender das "interpretações" do confrade quando diz "-..segue as opiniões do Alão, esquecendo-se que este tem tantos ou mais erros e virtudes do que os restantes Gayos e companhia (basta ver a história dos menores de Figueiró que obrigou o Soveral, outro fiel seguidor do Alão,.. "
É que o Alão não diz isso, diz que os descendentes de Lopo Rodrigues é que o afirmam.
O que Alão diz, referindo-se a Lopo Rodrigues de Magalhães é que "....Dizem seus descendentes q era filho de Fernão de Magalhães sr. do couto de Briteiros e q. veyo p.a a Villa de Figueiró dos Vinhos a tratar dos bens e casa de J. Roiz de Vasconcelos...”
E o problema nasce aí, nessa ascendência falsa de Lopo Rodrigues em que Alão e tantos outros nunca foram. Ascendência falsa de Lopo Rodrigues promovida pelos seus ascendentes ao longo do tempo nos nobiliários que conduziu ao actual estado de coisas. Mas, não se pode tapar o Sol com uma peneira...
Já aqui foi demonstrado e contradiga-me com documentação que: Lopo Rodrigues não pode ser filho legítimo de Fernão de Magalhães, o velho.
Em muitas das suas afirmações parece-me estar a chegar ao desespero argumentativo. Só por isso não lhe vou responder. Essa de em Figueiró numa partilha nomearem os filhos só pelo nome próprio, sendo casados e pais de filhos, alguns deles escudeiros, só se for um costume local...Quem acredita nisso ? Dá vontade de rir...
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Em defesa de Alão
:::::::::::::::::::::::::ERRATA:::::::::::::::::::::::
Onde diz;
"....E o problema nasce aí, nessa ascendência falsa de Lopo Rodrigues em que Alão e tantos outros nunca foram. Ascendência falsa de Lopo Rodrigues promovida pelos seus ascendentes ao longo do tempo nos nobiliários que conduziu ao actual estado de coisas. Mas, não se pode tapar o Sol com uma peneira..."
Devia dizer:
...E o problema nasce aí, nessa ascendência falsa de Lopo Rodrigues em que Alão e tantos outros nunca foram. Ascendência falsa de Lopo Rodrigues promovida pelos seus descendentes ao longo do tempo nos nobiliários que conduziu ao actual estado de coisas. Mas, não se pode tapar o Sol com uma peneira...
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RE: patronímicos identificadores de uma linhagem
Caro António Taveira:
Como ilustração prática do tipo de questões que temos debatido, fiquei na dúvida se se dirigia a mim ou ao confrade Ângelo Fonseca, devido à variação do meu nome na sua mensagem! mas neste caso acho que posso concluir sem grande dúvida que era mesmo para mim... Falando agora a sério, no caso dos possíveis irmãos homónimos que eu referi, a minha atitude não é exactamente a que descreve; pura e simplesmente considero que não lhes conheço a filiação. Para ser mais rigoroso, estou razoavelmente convencido de que o João Falcão é filho de Lançarote Falcão e Joana Marinha (morre em 1597 com manda a seu filho Pedro Marinho e a seu genro Cristóvão de Castro, este casado com uma Joana Marinha) e admito que o João Marinho possa não o ser e seja já neto (estando ainda vivo, casa um filho homónimo em 1598); mas não deixa de ser estranho que os nobiliários atribuam o mesmo nome próprio a dois filhos, que não são personagens imaginárias, ou seja, parece que os autores não considerariam o facto impossível ou então tinham informações que consideraram suficientemente fidedignas para se contraporem à natural objecção da homonimia de dois irmãos. Neste caso, o facto de usarem um Falcão e outro Marinho poderia explicar-se pela necessidade de melhor se distinguirem... mas como digo, a minha atitude é a de manter a dúvida e não a de decidir resolvê-la num sentido o noutro sem ter mais elementos.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: irmãos homónimos
Caro António Bivar:
Perdoe-me a confusão.
Estamos de acordo.
1.º Nunca consegui documentar no século XVII, ou anteriormente, dos irmãos homónimos filhos dos mesmos pais. Assim, enquanto não o conseguir fazer, duvido que tenham existido.
2.º Se me aparecerem dois irmãos homónimos filhos do mesmo pai considerarei, até prova em contrário (que será a descoberta de um caso como referido em 1), que serão de diferentes mães. Já encontrei muitíssimos exemplos documentados. Fruto de diferentes casamento do pai, um legítimo e outro bastardo ou os dois bastardos.
Não encontrei nas matrículas de ordens de Braga um só exemplo como o referido em 1.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: irmãos homónimos
Caro António Taveira:
Estou perfeitamente de acordo quanto aos dois princípios que enuncia, desde que o "duvido" no 1º não implique a exclusão liminar da hipótese contrária, perante indícios fortes nesse sentido, mesmo sem prova concludente. Estava a completar a minha mensagem relativa ao caso dos Marinhos Falcões e, já agora, aqui vai:
Lembrei-me de que tinha de facto mais elementos que reforçavam de alguma maneira a possibilidade de irmandade no caso dos Marinhos Falcões: é que a viúva de João Marinho, Isabel Lopes, aparece, nos documentos do Mosteiro de S. João de Longos Vales como comproprietária de terras com a viúva de Donosor Marinho, Isabel de Almeida, sendo Donosor inequivocamente filho de Lançarote e Joana. Além disso os nomes de João Marinho e João Falcão aparecem referidos em ligação com o casal ou "Quintã" de Moulães nos documentos do mesmo mosteiro, em 1550, em conjunto com Pero Falcão, "dóozor marinho" e Vasco Marinho, todos nomes de filhos do casal Lançarotre e Joana, segundo os nobiliários, tendo os pais casado cerca de 1517 (é a data de uma tença atribuída por D. Manuel a Lançarote para efeito desse casamento); ora há um aforamento em 1520 feito por D. Vasco Marinho, pai de Joana, e comendatário do dito mosteiro, a Lançarote Falcão e mulher, Joana Marinho, do Casal de Jusão, quintã de Moulães. Mesmo assim acho que ainda fica alguma margem para dúvidas embora fiquemos sem saber bem como encaixar este João Marinho, apenas 33 anos depois do casamento dos mais que prováveis antepassados e citado na companhia dos outros presumíveis filhos do casal enfiteuta da Quintã de Moulães; o que eu de facto não faria seria excluir liminarmente a possibilidade de João Marinho e João Falcão serem irmãos pelo facto de terem o mesmo nome próprio: é apenas essa a minha posição que talvez se possa distinguir da sua (?).
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: irmãos homónimos
Caro António Taveira:
Sem uma prova concludente de um só caso de irmãos homónimos com os mesmos pais duvido que existam. Em genealogia sou como S. Tomé. Enquanto não descobrir um exemplo desses (um só) nunca consideraria que fossem filhos do mesmo pai.
Sendo irmãos, filhos do mesmo pai, se documentar a mãe de um deles consideraria o outro filho de mãe não conhecida (filho de outro casamento ou bastardo).
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: irmãos homónimos
Caro António Bivar:
Aparentemente, respondi a mim próprio. Desculpe.
Sem uma prova concludente de um só caso de irmãos homónimos com os mesmos pais duvido que existam. Em genealogia sou como S. Tomé. Enquanto não descobrir um exemplo desses (um só) nunca consideraria que fossem filhos do mesmo pai.
Sendo irmãos, filhos do mesmo pai, se documentar a mãe de um deles consideraria o outro filho de mãe não conhecida (filho de outro casamento ou bastardo).
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: irmãos homónimos
Caro António Bivar:
A última mesnsagem saiui com uma pequena gralha que pode afectar a sua compreensão. vou portanto repeti-la.
Sem uma prova concludente de um só caso de irmãos homónimos com os mesmos pais duvido que existam. Em genealogia sou como S. Tomé. Enquanto não descobrir um exemplo desses (um só) nunca consideraria que fossem filhos do mesmo pais.
Sendo irmãos, filhos do mesmo pai, se documentar a mãe de um deles consideraria o outro filho de mãe não conhecida (filho de outro casamento ou bastardo).
Em relação ao caso concreto que indica prefiro não me pronunciar. Desconhecendo toda a sua envolvência a "pituitária" não tem como funcionar. Não tenho bases para poder arriscar uma opinião.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: irmãos homónimos
Caro António Bivar:
Estou com imensas dificuldades de ler o texto que escrevo no écran do computador. Os meus olhos não são o que foram. Daí os sucessivos erros. A última mesnsagem ainda saiu com umas pequenas gralhas que podem afectar a sua compreensão. Vou portanto repeti-la.
Sem uma prova concludente de um só caso de irmãos homónimos com os mesmos pais duvido que existam. Em genealogia sou como S. Tomé. Enquanto não descobrir um exemplo desses (um só) nunca consideraria que fossem filhos dos mesmos pais.
Sendo irmãos, filhos do mesmo pai, se documentar a mãe de um deles consideraria o outro filho de mãe não conhecida (filho de outro casamento ou bastardo).
Em relação ao caso concreto que indica prefiro não me pronunciar. Desconhecendo toda a sua envolvência a "pituitária" não tem como funcionar. Não tenho bases para poder arriscar uma opinião.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro António Taveira,
Efectivamente são situações que se encontram e eu tenho vários casos estudados de colaterais que tendo ordens menores seguiram depois as suas vidas civis, formando-se ou não de seguida e depois casando e tendo filhos.
Por ter achado estranho que isso escapasse ao Pedro França, que como todos sabemos é um experiente genealogista, estive a rever melhor o texto de uma das últimas mensageens e encontrei informação adicional que não referi. De facto diz ele a rematar:
"Mas agora reparo: se a data de casamento em Sesimbra - 15.01.1645 - do capitão-mor João Negrão Arnaut e de D. Violante sua mulher estiver certa, então o "nosso" capitão-mor tem de ser o que nasceu em 1611 como eu defendo, e não o de 1633. Além disso, como poderia ele ter casado em 1645 e em 1650 estar a ordenar-se? Há processos de FSO que era bom retomarem-se".
A informação completa relativa ao João Arnaut, que recebi foi a seguinte:
- João Negrão Arnaut tem processo de ordenação para 1650, Lousã, cxª 700. [Era morador há já alguns anos no arcebispado de Lisboa, em casa do Duque de Aveiro].
Foi baptº a 02.05.1633/Lousã.
Era filho de Jerónimo Henriques e de Maria Arnaut.
Era neto patº de Belchior Henriques e de Madalena Rodrigues.
Era neto matº de João Negrão e de Francisca Arnaut.
Estando longe das fontes, por agora é tudo o que posso dizer.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Ângelo da Fonseca:
Por ser um caso raro, que nunca se me deparou, mantenho interesse no seu esclarecimento.
Mas não existindo, segundo disse, livro de assentos de Sesimbra desse período, a notícia do casamento em 1645 é obtida onde ?
No processo de habilitação do filho ?
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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Só a tese de Figueiró é que tem pernas para andar...
Mas meu caro Taveira, tapar o sol com uma peneira.... (até rima !)
Mas claro é o Alão que o diz, i e., que o escreve, citando os descendentes de Lopo Rodrigues. Se o escreve tomou a responsabilidade, mesmo que para se "segurar" diga que foram outros...
Está bem de ver que seu eu o citar num dos meus livros, alguém mais tarde dirá que eu o escrevi...
Não será assim ?
Parece que, meu caro Taveira que esta a usar a peneira...
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
PS: O resto, já he expliquei longamente é a "pituitária" e a contextualizar, meu caro.
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Ângelo da Fonseca,
Só uma nota sobre os dois irmãos João, filhos de Jerónimo Henriques Cortes e Maria Arnaut Negrão...
A não ser que exista confirmação de que chegou a existir o Padre João Negrão Arnaut, ordenado, penso que não será de descartar a hipótese de o João Negrão Arnaut, casado com Violante Neto, ser o mesmo João Negrão Arnaut baptizado em 2.5.1633 e que tirou inquirição de genere sem se chegar a ordenar.
Isto porque, da leitura dos paroquiais da Lousã, todo o percurso deste João Arnaut casado com Violante Neto parece indicar um nascimento muito posterior a 1611, e que ele seria dos irmãos mais novos, se não mesmo o mais novo.
A primeira notícia de João Negrão Arnaut que aparece nos paroquiais da Lousã, a seguir ao seu assento de baptismo (1611 ou 1633), é em 7.3.1674. Só vem referido como capitão-mor a partir de 1686, aparentemente em sucessão a seu irmão Belchior Henriques Arnaut que morreu nesse ano (este vem referido como capitão-mor num assento de casamento 13.2.1684, e foi também alcaide-mor de Sesimbra), e que por sua vez parece ter sucedido a seu irmão Salvador Neto Arnaut. Esse parece ter sido o "cabeça" da família na Lousã. Já quando a sua avó morre em 1635 é referida no assento como "avó de Salvador Neto".
15.1.1645 não foi a data de casamento de João Negrão Arnaut e Violante Neto, mas sim do baptismo desta, de cujo assento obtive cópia no Arquivo Distrital de Setúbal. Nesse Arquivo não encontraram o casamento desta Violante com João Negrão Arnaut entre 1645 e 1665 (não é crível que tenham casado depois dessa data, pois Catarina Arnaut, filha do casal, casou ela própria em 1678).
João Negrão Arnaut morreu em 27.3.1706, e praticamente até essa data mantém-se "activo" nos paroquiais, sendo padrinho muitas vezes, o que se não é impossível, pelo menos não é o mais vulgar em alguém nascido em 1611, e que teria então mais de 90 anos.
Penso que será possível que o João baptizado em 1611 tenha morrido em criança, e que o João baptizado em 1633 e que tirou inquirição de genere em 1650, não se tenha ordenado, casasse com Violante Neto c. 1660 (talvez em Lisboa?), e passasse posteriormente à Lousã, onde foi capitão-mor e deixou descendência que nasceu nos anos de 1660s e seguintes.
Com digo, só uma hipótese, a partir apenas da análise dos paroquiais. Pode haver outra documentação que a contrarie totalmente.
Com os melhores cumprimentos,
Rita van Zeller
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RE: APELO AOS CONFRADES: Eu nunca disse que Fernão de Magalhães era filho dre Lopo Rodrigues
Caro Ricardo Charters;
Essa conclusão a que chegou que foi o Alão que o escreveu logo é responsável, é de mestre.
Se eu disser que os irmãos "Mattos Silva" dizem que Fernão de Magalhães, o navegador, era filho de Lopo Rodrigues (abrenúncio), passo a assumir a responsabilidade da afirmação que atribuo a outrem!!!! Os mentores da tese Figueiró não fariam melhor. E assim, chegam ao que chegam...
Sabe, da forma como vejo a questão, essa afirmação foi feita para se desresponsabilizar da filiação de Lopo Rodriguies de Magalhães em Fernão de Magalhães, o velho. Por isso quando fala de Fernão de Magalhães o velho não filia Lopo Rodrigues. E começa aquele parágrafo de Magalhães de Figueiró em Lopo Rodrigues, falando na filiação que não assumia, atribuindo a paternidade da afirmação a quem de direito - os descendentes de Lopo Rodrigues.
Digo-lhe que a responsabilização que fez de Alão de Morais nessa afirmação, está ao nível de, num documento oficial, numa partilha em Figueiró, se admitir que adultos casados e da "melhor gente da terra" fossem nomeado só pelo nome próprio. Alguns deles escudeiros. Bizarro costume local seria !!!!...Quem acredita nisso ? Dá vontade de rir...Não se pode debater consigo....
Um apelo aos caros confrades. Se eu desaparecer brevemente deste mundo pelas circunstâncias da vida e Ricardo Charters vier dizer que eu disse que Fernão de Magalhães, o navegador, era filho de Lopo Rodrigues. DIGAM QUE É MENTIRA. EU NUNCA DISSE TAL COISA.
Cumprimentos,
António Taveira
Direct link:
Só a tese de Figueiró tem pernas para andar
Caro António Taveira
Mas cuidado, não o disse... mas tê-lo-à escrito? Ou infere-se dos seus escritos? Olhe que já não sei o que pensar de si, caro confrade...
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
Direct link:
RE: Só a tese de Figueiró tem pernas para andar
Caro Ricardo Charters;
Mas olhe que eu já sei o que pensar de si.
Mas não digo.
Cumprimentos,
António Taveira
Direct link:
Só a tese de Figueiró tem pernas para andar
Caro António Taveira
Muito obrigado.... não diga. Agradeço-lhe igualmente, que o não escreva.
Eu também não o faço em relação a si. Ficamos quites
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: irmãos homónimos
Caro António Taveira:
Só uma pequena observação: no caso dos Marinhos Falcões não se põe a hipótese de serem filhos do mesmo pai e de mães diferentes pois o Falcão tem filhos Marinhos (uma mesmo Joana Marinha como a avó paterna) e o Marinho quando muito não seria filho de Lançarote Falcão, mas como aparece ligado à quintã de Moulães que tinha sido aforada a Lançarote e Joana pouco depois do respectivo casamento, a hipótese de não ser pelo menos descendente deles parece pouco provável. A não serem irmãos teríamos de encontrar uma explicação mais complicada envolvendo por exemplo um casamento muito precoce de algum filho ou filha desconhecida que gerasse o João Marinho, o qual seria um herdeiro adolescente quando é referido com os filhos de Lançarote e Joana; se estiver interessado em analisar esta situação com mais pormenor posso aqui deixar os dados documentais com maior precisão. Eu próprio fiquei agora interessado em voltar a este assunto em que não pegava já há algum tempo para ver se me ocorre mais alguma possível explicação; as referências a João Marinho estão relativamente confusas no Gayo, o qual não lhe dá o casamento documentado (Isabel Lopes) chamando à mulher "Constança Vaz de Castro", o que admito ser confusão com o casamento de outro João Falcão (que suponho filho de Donosor/Dionísio Marinho e portanto possivelmente sobrinho de um ou dos dois Joões de que temos tratado) o qual era casado (documentadamente) com uma Potência Vaz (admitindo uma confusão entre "Constança" e o estranho nome "Potência").
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: irmãos homónimos
Caro António Bivar:
Se me enviar os dados que possui no domingo terei oportunidade de os analisar. Terei todo o gosto em fazê-lo. Duvido sinceramente que lhe possa ser útil, mas disponha. Para mais podendo enquadrar-se num caso de irmãos inteiros homónimos tenho interesse na questão.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro António Macedo,
Eu não disse que não havia livro de assentos de Sesimbra, disse sim que "este documento (a habilitação) substitui o assento de casamento dos pais, não existente, talvez por ter sido em Sesimbra ou outro local fora da Lousã", já que, só fiz pesquisas na Lousã e a habilitação permitia confirmar as filiações que pretendia.
Onde o Pedro França terá obtido a informação do casamento não o disse, mas como a explanação parecia encaixar, não fiz mais insistências, que já tinham sido muitas, tanto mais que falámos de várias outras imprecisões da obra do Arnao Metello.
Entretanto, segundo o que nos diz a confreira Rita Van Zeller o Pedro França terá confundido a data de casamento com a do baptismo da noiva, cujo baptismo ela recebeu do ADS e isso modifica significativamente os pressupostos do estudo do Pedro França. Concordo com análise feita e portanto, a única possibilidade para se manter este caso raro é haver algum dado adicional que confirme a existência do padre João Arnaut, o que tentarei auscultar junto do Pedro França.
Motivado por esta evolução, e pelo interesse que possam ter estes casos raros, vou ver se encontro no meu site outra situação que me recordo de poder encaixar nesta temática.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Cara Rita van Zeller,
Agradeço as informações e as ilações que tira delas com as quais estou de acordo. Veremos se o Pedro França pode acrescentar mais alguma coisa, já que ele domina todas aquelas fontes do AUC, donde me encontro distante.
Como é que vão os seus estudos da Lousã ? Tem avançado muito ? Tinha curiosidade de saber se levantou os Serras para eventualmente poder trocar informações.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Novo caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro António Taveira,
Conforme prometido, fui procurar o outro caso que tinha ideia de corresponder à situação em referência, que encontrei com a ajuda do parente João da Fonseca Barata e coloco aqui, tal como se encontra no meu site:
Martim Afonso ca 1567-1644 & Brites Barata
1. Domingos Barata, Padre †
2. Inês Barata ca 1603 &1638 Barnabé Henriques ca 1613
2.1. Marcos Henriques Barata, Padre ca 1635
2.2. Maria Barata ca 1638
2.3. Ana Henriques ca 1640-1670
2.4. Isabel Henriques Barata ca 1642
2.5. Marcos Barata, Padre ca 1644
2.6. Marta Henriques ca 1646
3. Manuel Barata, Padre †
4. Maria Barata ca 1609
5. Inocêncio Barata, Padre ca 1612
6. Isabel Barata ca 1614
7. João Batista Barata ca 1617
8. Manuel Castelão Barata, Padre †
9. Sebastiana Barata ca 1620
10. Cristina Martins & Domingos Lopes
10.1. Domingos Lopes, Padre †
11. Ana Barata
Neste caso, trata-se da família de Martim Afonso e de Brites Barata que têm, entre outros, quatro filhos padres (ou pelo menos com OM) incluindo os irmãos Manuel Barata e Manuel Castelão Barata segundo as seguintes informações recolhidas no AUC por JFB.
Nome...........................Natural....OM.....Cx....Pais.................................................................Avós
Domingos Barata...........Alvares...1627...378...Martim Afonso & Brites Barata.............................Aleixo Fernandes e Branca Alvares (Oleiros) + António Martins e Inês Barata
Manuel Barata...............Alvares...1627...???....Martim Afonso & Brites Barata (Alvares de Cima)...Aleixo Fernandes e Páscoa ? (Oleiros)
Inocêncio Barata............Alvares...1630...567...Martim Afonso & Brites Barata
Manuel Castelão Barata..Alvares...1630...???...aparece como irmão de Manuel Barata com OM em 1627
Longe das fontes no AUC pouco mais posso dizer por agora.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Novo caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Ângelo da Fonseca:
No Manuel Castelão Barata não há referência ao nome dos pais. Só que é irmão de Manuel Barata. Terá de ser confirmada pela própria i. g. no AUC. É curioso que de toda a irmandade é o único com o apelido Castelão.
Eu tenho sempre dúvidas em relação ao que nunca vi. Fico de pé atrás até provas irrefutáveis.
O 1.º caso que apresentou se calhar não é o que parecia. E este, se eu apostasse, diria que também não. Mas só a justificação dirá.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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Alguma bibliografia sobre Fernão de Magalhães
Caros confrades
Está á venda na próxima semana (www.pcv.pt) um livro sobre Fernão de Magalhães da biblioteca do António Capucho que tem vindo a ser leiloada.
LAGÔA, Visconde de.
FERNÃO DE MAGALHÃIS (A sua vida e a sua viagem). Livros I e
II. Lisboa, Seara Nova, 1938.
In - fólio 2 vols. de XVIII-347 e 326 págs. Meias encadernações
francesas em carneira com cantos, finamente douradas nas lombadas.
Exemplares de grandes margens, com as capas de brochura
e o ex - libris de António Capucho. Prefácio de António Baião e o
estudo náutico do Roteiro pelo Almirante Freitas Ribeiro. Magnífico
estudo sobre o tão sábio quão heróico navegador e a sua viagem
de circum-navegação. O 2º volume contém a emocionante
descrição da viagem por Pigafeta, excelentemente anotada. Edição
especial, numerada e assinada pelo Visconde de Lagôa.
com os preços de referencia : ¤ 40 / ¤ 80
Lembro-me que seria interessante colocar uma bibliografia (e gravuras) do/e sobre Fernão de Magalhães , portanto aqui vai o que encontrei:
• Fernão de Magalhães nasceu em Sabrosa, distrito de Vila Real, província de Trás-os-Montes / Manuel Alcino Martins de Freitas, Vila Real, 1980
• O regimento da altura de leste - oeste de Rui Faleiro : subsídios para o estudo náutico e geográfico da viagem de Fernão de Magalhães : memória / apresentada pelo Guarda-Marinha Avelino Teixeira da Mota. Lisboa : Ed. Culturais da Marinha, 1986.
• Fernão de Magalhães / J. M. Latino Coelho ; precedido dum prefácio de Júlio Dantas. Lisboa : Emp. Lit. Fluminense, 1917
• Fernão de Magalhães : a primeira viagem à volta do mundo contada pelos que nela participaram / pref. e notas de Neves Águas. Mem Martins : Europa-América, 1987.
• Fernão de Magalhães : viagem de circum-navegação / Júlio César Machado. Lisboa : [s.n., 1955.
• Fernão de Magalhães : a vida e a viagem / José Maria de Queirós Veloso. Lisboa : Império, 1941.
• Descobrimento das Filipinas pelo navegador português Fernão de Magalhães / Alberto Caetano. Lisboa : Emp. do Ocidente, 1898
• Fernão de Magalhães / Stefan Zweig ; trad. Maria de Castro Henriques Osswald. 9a ed. Porto : Civilização, 1960.
• A botica de bordo de Fernão de Magalhães / Américo Pires de Lima. Porto : Inst. de Botânica Dr. Gonçalo Sampaio, 1957.
• A viagem de Fernão de Magalhães e a questão das Molucas : actas / do II Colóquio Luso-Espanhol de História Ultramarina ; ed. A. Teixeira da Mota. Lisboa : Junta de Invest. Científicas do Ultramar, 1975
• Fernão de Magalhães / Latino Coelho ; pref. de Júlio Dantas. 3a ed. Lisboa : Empresa Literária Fluminense, 195 .
• Fernão de Magalhães, fidalgo da casa Real Portuguesa 1480-1521, e a volta ao mundo, 1519-1522 : compilação de vários autores / por José Emílio dos Santos e Silva. Lisboa : Agência Geral das Colónias, 1930.
• Magalhães do Pacífico / Edouard Roditi ; trad. Inês de Ornellas e Castro. Lisboa : Assírio & Alvim, 1989.
• Fernão de Magalhães e o problema da comunicação do Atlântico com o Pacífico / Damiäo António Peres. Lisboa : Centro de Estudos da Marinha, 1972.
• Fernão de Magalhães não traíu / Metzner Leone. Lisboa : Amigos do Livro, 1975.
• Fernão de Magalhães : a vida e a viagem / Queiroz Velloso. Lisboa : Ed. Império : Ed. Ocidente, 1941.
• Fernão de Magalhães : a primeira viagem à volta do mundo contada pelos que nela participaram / pref. e notas Neves Águas. Mem Martins : Europa-América, 1990.
• As primeiras relações impressas sobre a viagem de Fernão de Magalhães / Francisco Leite de Faria. Lisboa : [s.n.], 1975.
• Fernão de Magalhães / Richard Humble ; il. Richard Hook ; trad. Ana Paula Silva ; rev. César Valença. [Porto] : Edinter, 1992.
• A naturalidade de Fernão de Magalhães / Queiroz Veloso. Lisboa : Academia das Ciências, 1938.
• Vida e viagens de Fernão de Magalhães / por Diego de Barros Arana ; trad. do hespanhol de Fernando de Magalhães Villas-Boas. Lisboa : Typ. da Academia Real das Sciencias, 1881.
• Alocução proferida no Instituto de Coimbra : quarto centenário de Fernão de Magalhães / por Ernesto de Vasconcellos. Lisboa : tip. da Biblioteca Nacional, 1921.
• Fernão de Magalhães e a sua viagem de circunnavegação : discurso comemorativo do 4o centenário da morte de Fernão de Magalhães / António Ferrão. Sernache do Bomjardim : Tip. do Instituto, 1921.
• Um roteiro inédito da circunnavegação de Fernão de Magalhães / M. de Jong. Coimbra : Faculdade de Letras, 1937.
• A naturalidade de Fernäo de Magalhäes. Rio de Janeiro : Sociedade Luso-Africana, 1936.
• Fernão de Magalhães : livro de leitura para familias e escolas.... Lisboa : David Corazzi, 1918.
• Fernão de Magalhães : obra ilustrada com 5 gravuras : livro de leitura para familias e escolas / D.C.. Lisboa : Ed. David Corazzi, 1884.
• Trelado dos contratos e assento que El Rey de Castela fez com Fernão de Magalhães pelo descobrimento que havia de fazer, o qual trelado ele trazia consigo, assinado pelos Oficiais d'El Rey de Castela, e feito pelo seu Secretário Fernão de los Covas, e terlado de verbo a verbo. 1518 [ Manuscrito ]. 1801.
• Fernão de Magalhães navegador portuguez ao serviço da Hespanha : elementos de estudo / Affonso de Dornellas. Lisboa : [s.n.], 1930.
• Magellan : la terre est ronde / Jean-Michel Barrault. [Paris] : Gallimard, 1997.
• Magellan. Leipzig : Herbert Reichner Verlag, 1938.
• Fernão de Magalhães / Luís Pimentel de Vabo. Lisboa : Parcearia A. M. Pereira [desp.]. 1942.
• Fernão de Magalhães e a sua farmácia / Pereira Forjaz. Lisboa : [s.n., 1969.
• Fernão de Magalhães : cavaleiro português, capitão de Sua Majestade o Rei de Espanha, que quis dar a volta ao mundo / Yvon Mauffret ; il. Serge Hochain ; trad. Francisco Linhares. 1a ed. Porto : Asa, 1994.
• O Instituto : número comemorativo do 4o centenário de Fernão de Magalhães. Coimbra : Imp. da Universidade, 1921.
• Fernão de Magalhães e a primeira volta ao mundo da "Victoria" / Léonce Peillard ; trad. Fernando Pernes. Lisboa : Livr. Bertrand, 1965.
• Fernão de Magalhães : a terra é redonda / Jean-Michel Barrault ; trad. Ana Santos Silva, Nogueira Gil ; rev. Filipe Rodrigues. 1a ed. Lisboa : Terramar, 1998.
• Fernão de Magalhães : a sua vida e a sua viagem / Visconde de Lagôa ; com um estudo náutico do roteiro pelo Almirante J. Freitas Ribeiro ; pref. António Baião. Lisboa : Seara Nova, 1938.
• Fernão de Magalhães / J. M. Latino Coelho ; pref. de Júlio Dantas ; [pról. Arlindo Varela]. 3a ed. Lisboa : Empr. Literária Fluminense, 1921.
• Fernão de Magalhães / A. do Carmo Reis ; il. Martinho Dias. Porto : Porto Editora, 1997.
• Fernão de Magalhães / Mário Domingues ; il. de António Domingues. 2a ed. Porto : Livr. Civilização, 1967.
• Fernão de Magalhães : sa vie et son voyage / Queiroz Velloso. Paris : Librairie Félix Alcan, 1939.
• A questão da naturalidade de Fernão de Magalhães : transmontâno não, minhôto / Antonio Baião. Coimbra : Imprensa da Universidade, 1921.
• A inspiração de Fernão de Magalhães : alocução proferida na Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra em 27 de Abril de 1921 / Henrique Lopes de Mendonça. Coimbra : Imp. da Universidade, 1921.
• O feito de Fernão de Magalhães : discurso pronunciado... na sessão commemorativa na Academia / por Vicente Almeida d'Eça. Coimbra : Imp. Universidade, 1921.
• A viagem de Fernão de Magalhães sob o ponto de vista nacional / pelo Professor Almeida Lima. Coimbra : Imp. da Universidade, 1921.
• A primeira volta ao mundo : Fernão de Magalhães e as viagens de circum-navegação / Adolfo Simões Müller ; il. de Fernando Bento. Porto : Livr. Martins, 1971.
• Algumas observações sobre a naturalidade e a família de Fernão de Magalhães / José Manoel de Noronha. Coimbra : Impr. da Universidade, 1921
• Magellan : a general account of the life and times and remarkable adventures... Ferdinan Magellan (Fernão de Magalhães) / Arthur Sturges Hildebrand. London : Jonathan Cape, 1925.
• Fernão de Magalhães e a sua Viagem no Pacífico : antecedentes e consequentes : actas / VII Simpósio de História Marítima ; [org.] Academia de Marinha. Lisboa : A.M., 2002.
• A odisseia de Fernão de Magalhães / Kurt Honolka ; Trad. de Letícia Dionísio. Lisboa : Publicações Europa-América. 1968.
• Alocução na Academia das Ciências de Lisboa : no 4o centenário de Fernão de Magalhães / Candido de Figueiredo. Lisboa : S. t.. 1921.
• Fernão de Magalhães : para além do fim do mundo : a extraordinária viagem de circum-navegação / Laurence Bergreen ; trad. Inês Castro ; rev. Eda Lyra. [1aed.]. Lisboa : Bertrand, 2005.
• Magellan [ Documento electrónico] : derMann und seine Tat de Stefan Zweig : um exemplo de "biografia moderna" dos anos 30 sobre uma figura histórica portuguesa / Maria de Fátima Gil Rodrigues da Silva. Coimbra : [s.n.], 2005.
• Fernão de Magalhães [ Visual gráfico] / P.or ; Gameiro & Moraes ; E.. [S.l. : s.n., 1892.
• Historia de la Marina Real Española [ Visual gráfico] : Hernando de Magallanes / Augusto de Belvedere dib.o y lit.o. [Madrid : s.n.], 1856.
• Fernäo de Magalhäes : sa vie et son voyage. Paris : Félix Alcan, 1939.
• Fernão de Magalhães / 4o Visconde de Lagoa ; pref. de António Baiäo. Lisboa : Seara Nova, 1938.
• Fernão de Magalhães / Mário José Domingues ; il. António Domingues. Porto : Civilização, 1959.
• Fernando Magalhães [ Visual gráfico] : Ferdinandus Magacelanes Lusitanus / Sá lith.. [Lisboa : s.n., 1846.
• Magalhães : o homem e o seu feito / Stefan Zweig ; trad. Gabriela Fragoso. 1a ed. Lisboa : Assírio & Alvim, 2007.
• Fernão de Magalhães : a primeira volta ao mundo / Mino Milani. Lisboa : Dom Quixote. 1981.
• A viagem de Fernão de Magalhães e os portugueses / José Manuel Garcia. 1a ed. Barcarena : Presença, 2007.
• Em prol de Fernão de Magalhães / Affonso de Dornellas. Lisboa : Casa Portuguesa. 1921.
• O Regimento da altura de Leste-Oeste de Rui Faleiro : subsídios para o estudo nautico e geográfico da viagem de Fernão de Magalhães : memória apresentada / por Avelino Teixeira da Mota ; pref. de Gago Coutinho. 1943.
• A arquitectura naval na época de Fernão de Magalhães : conferência feita na Associação dos Arqueologos Portugueses em 22 Maio 1921 na sessão comemorativa do 4o centenário da Expedição de Fernão de Magallhães / por Quirino da Fonseca. Lisboa : [s.n.]. 1922.
• Estudo nautico do roteiro da viagem de Fernão de Magalhães [ Manuscrito / [João de Freitas Ribeiro]. 1930.
• A odisseia de Fernão de Magalhães / Kurt Honolka ; tradução de Letícia Dionísio. [Mem Martins] : Europa-América. 1958.
• Fernão de Magalhães : a primeira volta ao mundo S. Francisco Xavier no país do sol nascente / Mino Milani, Jean Ollivier ; trad. Manuel Alberto Valente ; il. Guio Buzzelli, Eduardo Coelho. Lisboa : Dom Quixote. 1982.
• Fernão de Magalhães / textos Ana Oom ; il. Miguel Gabriel / rev. Ana Silveira ; rev. Associação de Professores de História. Lisboa : Zero a oito, 2008.
• Fernão de Magalhães e a viagem de circunavegação : primeiro facto notável da sua vida, o marinheiro, o homem de guerra, o homem de sciencia, o homem moral.... Ponta Delgada : [s.n.. 1920.
A esta lista devemos juntar não só a publicação dos Mattos e Silva como a bibliografia aí referida
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caro António Taveira
Começo por apresentar uma pequena “errata” à minha intervenção de ontem (24/06/2010, pelas 11h 30m) pois, ao relê-la hoje, descobri dois aspectos que me haviam escapado na revisão que fiz antes de introduzir o texto no Forum.
A primeira é que quando escrevi “quando, em 1519, teria embarcado na expedição para as Molucas, ou que é uma idade impeditiva para tal façanha (o Fernão, navegador, teria 41 anos por essa data e Elcano, 33 anos)”, queria dizer “quando, em 1519, teria embarcado na expedição para as Molucas, o que é uma idade impeditiva para tal façanha (o Fernão, navegador, teria 41 anos por essa data e Elcano, 33 anos)”. Admito que tenha percebido o engano mas aqui fica a correcção.
A segunda é que, em relação às “provanças”, escrevi “as mesmas perguntas foram feitas, em Portugal às seguintes testemunhas”, quando queria dizer “as mesmas perguntas foram feitas às seguintes testemunhas portuguesas”, pois o Roque de Almeida, embora natural de Braga, foi inquirido em Espanha.
Esta “errata” em nada altera a minha argumentação mas eu gosto das coisas correctas dado que, como tenho dito, este nosso forum tem de ter em atenção o sentido pedagógico para quem, sendo leigo nestes assuntos ou pouco versado neles, assista às nossas trocas de informações.
O caro confrade Taveira, pelo contrário, gosta de dizer frases, nem sempre correctas. Na sua intervenção de ontem, 24/06, pelas 10h 16m, você diz e cito-o “DIOGO DE SOUSA, irmão de Fernão de Magalhães, o navegador, embarca com seu irmão, em 25 de Março de 1505, na armada de D. Francisco de Almeida.
Em seu testamento, em 24.09.1519, Fernão de Magalhães, diz que seu irmão se encontrava ao serviço do rei de Portugal” (sublinhado meu). Com esta sua nota o confrade Taveira queria significar que o referido Diogo estaria ao serviço do País, no Norte de África ou no Oriente (India, Malaca, etc.). Ora o que diz o testamento (ver pág. 23 do Baião) é bem diferente, pois o navegador diz que o referido irmão “agora bibe con el ser.mo Rey de Portugal”, ou seja que vivia com o Rei de Portugal o que só pode ter uma leitura: que vivia em Portugal Continental, dado que o nosso rei não vivia nem no Norte de África nem na India. Portanto, em 1519, o navegador diz que o seu irmão Diogo vivia em Portugal Continental, não “colhendo” a sua “habilidade” de o fazer no ultramar ao serviço da Coroa.
Depois o confrade Taveira acrescenta: “Nessa altura estava ainda solteiro, ou então viúvo o que consideramos menos provável. Não há notícia de ter regressado a Portugal. O facto de provávelmente estar solteiro em 24.09.1519 é um indício que poderia ainda não ter regressado ao reino e ter-se mantido na Índia”. A informação de que, por essa data, o citado Diogo era solteiro ou viúvo não é dita pelo navegador mas sim, sabe por quem? Pelo “seu amigo” Lourenço, o das “provanças” (ver pág. 54 do Baião) que diz que “todo o mundo” tinha morrido: o navegador, a Beatriz e o filho Rodrigo, o Diogo Barbosa, o Diogo de Sousa de Magalhães e a Isabel de Magalhães (sublinhado meu para você ver que até o seu “amigo” Lourenço lhe fez a partida de colocar o apelido Magalhães a seguir ao apelido Sousa, no nome do Diogo), sendo que tanto o Diogo como a Isabel, sem herdeiros!
Aqui está o perfeito exemplo em que só a pituitária permite interpretar esta frase. Então se o bom do Lourenço não sabia exactamente se o navegador era primo direito do seu pai ou seu parente próximo e só lhe “coloca” um pai Rui quando ouviu tal disparate da boca do Heitor de Magalhães (a propósito, porque razão o caro confrade não apresentou, na sua “introdução” sobre o “Lourenzo”, as provanças dos portugueses, para além da do Roque que nada esclarece? Não lhe convém, claro), como sabia tão detalhadamente que o Diogo e a Isabel não tinham descendencia? Diz-me a pituitária que era importante para o Lourenço “irradicar do mapa” qualquer possível concorrente que fosse familiar do navegador e, portanto, nada melhor do que todos já terem morrido sem descendência (a bomba de Hiroshima não teria feito melhor).
E a propósito das inquirições do Lourenço aos portugueses (que o caro confrade Taveira não quer comentar) o que me diz àquela que vem na pág. 41 do Baião, em que o inquirido foi o tal Heitor de Magalhães e que a primeira pergunta que lhe foi formulada foi a se o conhecem a ele, Lourenço, à sua mãe Filipa Pereira e ao seu pai Paio Rodrigues de Magalhães, bem como ao pai deste Rui Pais de Magalhães e se conheceram ou ouviram falar de Fernando de Magalhães já defunto e que descobriu o Estreito de Magalhães, pai do dito Fernão de Magalhães! Esta pergunta é, efectivamente, “soberba”. Agora, o descobridor do Estreito era um Fernando de Magalhães, pai de Fernão de Magalhães! E, caro confrade, ainda acha que estas provanças não são umas “aldrabanças”?
Só não compreendo é como o Gayo não ligou a esta frase (como o fez em relação a um suposto pai Rui do navegador) e não andou à procura dum Fernando de Magalhães, pai dum Fernão, pois afinal de contas o Fernando é que teria descoberto o estreito e não o seu filho Fernão. O Gayo teria colocado uns irmãos Diogo e Isabel a este Fernando e lá teríamos mais uma complicação acrescida. Se o Soveral tivesse dado por isto lá teria “inventado” este Fernando e, seguindo a teoria dos patronímicos chamaria, ao seu filho Fernão: “Fernão Fernandes de Magalhães”!
Meu Deus: a quem tem estado entregue a investigação histórica em Portugal!
Comentando a sua listagem sobre Diogo de Sousa, envio-lhe a que retirei do “TT on line” e que é mais abrangente do que a sua:
Código de referênciaPT/TT/CC/1/29/121
Título Carta do arcebispo de Braga para o secretário de estado, acerca do insulto que lhe tinha feito o corregedor, de que remetia instrumento por seu sobrinho, Diogo de Sousa.
Datas1523-08-17
Localização físicaCorpo Cronológico, Parte I, mç. 29, n.º 121
------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/1/72/21
Título Carta de António Fernandes a Diogo de Sousa em que lhe diz que não pode vender as lãs nem a quem as queira, que as tinha dado por trigo mas que ao abrir era ruim, suja e se desmanchava tudo, mas que tem um homem que as compra a quatro dinheiros e assim diz a vendera.
Datas1542-05-05
Localização física Corpo Cronológico, Parte I, mç. 72, n.º 21
---------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/110/83
Título Conhecimento em que se declara que o feitor de Ormuz, Cristóvão da Gama, recebeu de Diogo de Sousa, 500 xerafins que emprestou ao dito senhor, para despesa da dita fortaleza e armada do governador.
Datas1523-09-07
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç.110, n.º 83
-------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/115/90
Título Conhecimento em que se declara que o feitor Lançarote Fróis recebeu do tesoureiro do dinheiro dos cavalos, Rui Gonçalves de Caminha, 24.000 réis os quais pagou a Diogo de Sousa de seu ordenado.
Datas1524-05-23
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 115, n.º 90
-------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/12/180
Título Mandado de D. Guterre de Monroy, capitão e governador da dita cidade de Goa, por que ordena a Rui da Costa, feitor e escrivão do seu carrego na dita cidade, que entregue a Diogo de Sousa 15 pardaus à conta do seu soldo e moradia.
Datas1507-05-29
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 12, n.º 180
-------------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/18/21
Título Mandado de D. Manuel para os contadores da sua Fazenda levarem em conta ao recebedor da sisa do trigo desta cidade 11.000 réis por outros tantos que pagou a Diogo de Sousa, dos 36.000 réis que nele havia de haver.
Datas1510-07-10
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 18, n.º 21
------------------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/55/46
Título Mandado de Afonso de Albuquerque para o feitor Francisco Corvinel pagar a Diogo de Sousa 9.600 réis de 2 pipas de vinho.
Datas1515-02-13
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 55, n.º 46
------------------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/60/130
Título Provisão de D. Manuel I por que mandou ao seu tesoureiro Rui Leite pagasse a Diogo de Sousa, porteiro da câmara 1.728 réis que se lhe deviam de sua vestiaria.
Datas1515-09-27
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 60, n.º 130
------------------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/71/58
Título Mandado de D. Guterre de Monroy, governador da Goa, para o feitor Rui da Costa dar a Diogo de Sousa 20 cruzados de seu soldo e moradia.
Datas1517-08-28
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 71, n.º 58
--------------------------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CC/2/71/69
Título Conhecimento de João Rodrigues declarando que Diogo de Sousa, almoxarife dos mantimentos da Mina, recebeu do feitor Manuel de Sá por Duarte Borges, capitão do navio Santa Maria da Ajuda, pipas, farinha, vinho, azeite, etc. contidos neste conhecimento.
Datas1517-09-02
Localização física Corpo Cronológico, Parte II, mç. 71, n.º 69
-----------------------------------------------------------
Código de referênciaPT/TT/CHR/K/1/37-224V
Título A Diogo de Sousa, mercê por "se assim é", de escrivão das pescarias, por se tornar necessário um escrivão das pescarias que, segundo informação, em cada ano se faziam na Figueira, termo de Faro, assim como seguia a costas, e outra no termo de Tavira, de que o rei tinha somente o direito da sisa.
Datas1501-08-06
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 1, fl. 37v
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Código de referênciaPT/TT/CHR/K/13/60-198V
Título A Diogo de Sousa, escudeiro del-rei e morador em Tavira, mercê de umas casas que haviam sido suas e lhe foram tomadas em preço e quantia de 116.
Datas1501-01-20
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 13, fl. 60v
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Código de referênciaPT/TT/CHR/K/20/6-21
Título A Diogo de Sousa, fidalgo da casa del-rei, filho de Nuno da Sousa, do Conselho del-rei, Vedor da casa da Rainha sua irmã, mercê da tença de 30.
Datas1505-04-10
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 20, fl. 6
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Código de referênciaPT/TT/CHR/K/21/31-156V
Título A Diogo de Sousa, Rendeiro del-rei e morador em Tavira, e a Sebastião Nunes e a outros, mercê da rua, que não das benfeitorias de casas feitas onde antes era a Judiaria.
Datas1504-01-03
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 21, fl. 31v
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Código de referênciaPT/TT/CHR/K/24/7-26
Título A Tristão de Sousa moço fidalgo, é dada tença de 15 mil reais, a partir de Janeiro de 1515, dos 30 mil reais que recebia seu irmão Diogo de Sousa que falecera em Zamora, em luta contra os mouros.
Datas1514-05-06
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 24, fl. 7
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Código de referênciaPT/TT/CHR/K/25/159-634
Título A Diogo de Sousa, morador na vila de Pombal, mercê do ofício de recebedor e requeredor das sisas dessa vila.
Datas1517-01-10
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 25, fl. 159
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Código de referênciaPT/TT/CHR/K/35/141-859
Título Doação de umas casas a Diogo de Sousa, escudeiro, morador em Tavira, situadas em Lagos, que foram tomadas por perda de uma renda a um João Martins e a um João Cordovil.
Datas1501-03-11
Localização física Chancelaria de D. Manuel I, liv. 35, fl. 141
Como vê há muito por onde escolher e alguns com identificação de pai e irmão. Perante isto não percebo por que razão não declara desde já que o navegador Fernão de Magalhães é, por exemplo, filho de “Nuno de Sousa” e tem como irmãos “Diogo de Sousa” e “Tristão de Sousa”. Um mero “leitor de documentos” como o caro confrade Taveira, é o que faria.
Se fôr à Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira também vê: "Diogo de Sousa: Fidalgo do séc. XVI que serviu em Azamor (Marrocos) a aí morreu numa entrada dos fronteiros contra certos aduares de mouros, em 8/7/1514".
Está a ver como os documentos enganam, se não forem bem interpretados? É que nesta missão a Azamor, chefiada pelo Duque de Bragança, também foi o navegador pois foi lá que levou a lançada na perna que o tornou irreversivelmente coxo. Portanto, como na “lista de passageiros” da armada de D. Francisco de Almeida, em 1505, vem um Diogo de Sousa irmão dum Fernão de Magalhães, aqui em Azamor tem, novamente, um Diogo de Sousa e um Fernão de Magalhães (o navegador) na mesma armada. Mas azar o seu: este Diogo de Sousa já não é o irmão do navegador e porquê?
Porque se fosse, o navegador teria, possivelmente presenciado a morte em Azamor do seu irmão Diogo, em 1514, pelo que já o não nomearia no seu testamento de 1519.
Acresce que o irmão do navegador, Diogo de Sousa de Magalhães, estava vivo e bem vivo (e portanto não morreu na Índia como o caro confrade quis fazer crer) muito depois da data do testamento pois, algures entre 1522 (ano do regresso de Elcano a Sevilha ao comando da “Victoria”, em que se ficou a saber da morte do navegador) e 1525 (em que o Lourenço refere o pleito que opôs o citado Diogo de Sousa de Magalhães ao Diogo Barbosa), o irmão do navegador estava de boa saude e recomendava-se.
Só Deus sabe se o Diogo de Sousa que foi na armada do Vice-Rei não seria aquele Diogo de Sousa que morreu em Azamor e que, portanto, não era o irmão do navegador. Será que alguém que tenha visto outra vez esta “dupla” em Azamor (pensando que eram irmãos), achou que era a mesma dupla que tinha estado na armada do Vice-Rei (mas, sem serem irmãos) e que considerou que, nos dois locais, o Diogo e o Fernão eram irmãos, quando o não eram? Por outras palavras: o Diogo irmão do navegador possivelmente nunca terá saido do seu “sofá” em Figueiró e Pedrógão, onde foi escrivão e, alguém, confundindo-o com o Diogo de Sousa que morre em Azamor, considerou que ele tinha ido, em 1505, na armada do Vice-Rei? Talvez tenha sido o seu “insuspeito” Gaspar de Lousada o autor de mais esta possível mistificação.
Portanto meu caro, diga lá se não sou seu amigo: já lhe arranjei maneira de você continuar, por mais 30 anos, a “divagar” sobre a filiação do navegador: já lhe arranjei um Diogo de Sousa filho dum Nuno de Sousa e irmão dum Tristão de Sousa. Se o caro confrade Taveira lhes acrescentar uma irmã Isabel e um irmão Fernão, já tem aqui mais um “lar” para o descobridor do Estreito; além disso já lhe dei uma pista para o descobridor afinal ser um Fernando e não um Fernão! Você coloca este Fernando como filho do Rui, Alcaide de Aveiro e da Alda, faz este Rui ser irmão do Rui Pais de Magalhães, acrescenta ao Fernando uns irmãos Diogo (por favor, não o “mate” na India ou em Azamor) e Isabel e aqui tem um novo “lar” para o descobridor do Estreito.
E, depois disto tudo, por favor não espirre, pois arrisca-se a ficar bom da pituitária e chegar à minha conclusão de que Diogo de Sousa, Diogo de Magalhães e Diogo de Sousa de Magalhães são uma única pessoa, ou seja, o filho de Lopo Rodrigues de Magalhães. Seria uma pena, depois destas novas “pistas” e “caminhos” que lhe forneci.
Para rematar, tire o cavalinho da chuva (ou melhor da Água de Pau) no que se refere à Maria das Póvoas: ela, segundo demonstram os Mattos e Silva, vivia no Porto casada com um Madureira, o qual tinha um irmão que era cunhado do Rui (bisneto do Alcaide de Aveiro e da Alda), o que vivia perto das “tarracenas” de Gaia. Portanto a Maria das Póvoas nunca terá posto o pé nos Açores e muito menos “in love” com um qualquer Fernão de Magalhães. Aliás, o Gaspar Frutuoso que era dos Açores e escreveu sobre o navegador, se tivesse por lá descoberto um qualquer Fernão de Magalhães não teria deixado de o referenciar.
Em relação à Academia de História, os Mattos e Silva, têm, pelo menos, uma teoria (a de Figueiró) para lá apresentar. Qual é a sua? Depois destas longuíssimas discussões ainda não percebi qual é a sua: é a do navegador filho do Alcaide e da Alda, subindo “garbosamente” para a “Trinidad”, coxo (da lançada em Azamor) e com quase 60 anos de idade? Como é que ele teria energia para esquartejar o Quesada e pôr na praia o Cartagena e o padre? Já haveria Viagra na época e nós não sabemos? Com aquela idade o homem já tinha enjoado até às Canárias, pelo que questiono como é que se teria aguentado até Mactan? Nem precisava de lá ser morto à lançada pelos indigenas: bastava um simples piparote.
Para que esta minha intervenção não seja considerada meramente “destrutiva” e para que o meu colega Ângelo Queiroz da Fonseca não diga que eu, lá por o Lourenço não vir referido nos nobiliários (lá que é estranho é), não ligo minimamente ás provanças, dou de barato que o Lourenço existiu e que teve os pais, avô e bisavô que referiu, embora os depoimentos das testemunhas, como já demonstrei são verdadeiras “aldrabanças”. Quanto ao Alzheimer a minha referência a esta doença (que eu respeito tanto que espero nunca a ter ) foi uma forma de arranjar uma desculpa simpática para as mentiras/inverdades que um octagenário e outro quase a chegar a essa idade forneceram quando foram inquiridos. Se o Ângelo Queiroz da Fonseca prefere que os chame “aldrabões”, por mim não tenho qualquer problema nisso.
Assim venho propor, depois de tudo o que até aqui li em livros e no forum desde que comecei a participar neste debate iniciado após a palestra, na Sociedade de Geografia de Lisboa, dos Mattos e Silva, venho propor a árvore genealógica seguinte, que me parece poder ser consensual.
Coloquei o nome de Paio Afonso Magalhães como bisavô do Lourenço, embora também possa ser Pedro. Contudo como este Paio (ou Pedro) tem um neto Paio, admito que haja uma replicação do nome próprio, pelo que o assumi, na árvore, como Paio.
E volto para o meu livro que muito me irá ainda ocupar.
(não sei se sairá bem esta árvore aqui no Fórum... mas se me derem o e mail, envio-a por esse meio)
Afonso Rodrigues de Magalhães < > Teresa Freire de Andrade
c. 1340 I c.1340
I
Diogo Afonso de Magalhães < > Inês Vasques
c. 1375 I (falecida c. 1454)
----------------------------------------------------------
I I
João de Magalhães < > Isabel de Sousa Gil Afonso de Magalhães < > Violante de Sousa
(c. 1400 – 1º Senhor da Barca) c. 1402 c. 1405
I I
I ------------------------------------------------------------------
I I I I
Gil Magalhães Paio Afonso Magalhães Rui de Magalhães Fernão de Magalhães (c. 1430 - 2º Sr. Barca) c. 1425 c. 1430 (o Velho, c. 1423)
(< > Maria Menezes) ( Isabel Sequeira) (Alda de Mesquita) (Brites de Mesquita)
I I I I
João Magalhães Rui Pais Magalhães Leonor Magalhães Lopo Rodrigues de Magalhães
(c. 1460 - 3º Sr. Barca) c. 1450 c. 1450 c. 1443
(< > Leonor Castro) (N) (João Barbosa) ( Margarida Nunes)
I I I
Manuel Magalhães Paio Rodrigues Magalhães Fernão de Magalhães
(c. 1493 - 4º Sr. Barca) c. 1480 (o Navegador, c. 1478)
( Filipa Pereira) ( Beatriz Barbosa)
I I
Lourenço de Magalhães Rodrigo de Magalhães
c. 1510 c. 1518
(Antona Benites Osorio)
Cumprimentos
Ricardo Charters d’Azevedo
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RE: Diogo de Sousa irmão de Fernão de Magalhães
Caro confrade:
Erro meu. De facto, no testamento Fernão de Magalhães não diz que o irmão serve o rei de Portugal mas que vive com o rei de Portugal. Subentende-se que é morador em senhorios do rei português. Não que é morador no reino de Portugal como diz.
Agora erro seu, no testamento Fernão de Magalhães diz “.....mayorazgo, Diego de Sosa mi hermano, que agora vive con el serenísimo señor Rey de Portugal, viniéndose á vivir á estos reinos de Castilla, É CASÁNDOSE EN ELLOS, é con tanto que se llame de Magallaes ....”
Diogo de Sousa era provávelmente solteiro, ou então viúvo, na altura da redacção do testamento do irmão.
Em relação a Heitor de Magalhães deixo-lhe a respectiva inquirição:
En la villa de Puente de Lima, á siete dias del mes de Abril de mil é quinientos sesenta y siete, declararon los testigos siguientes:
ítem, Hetor de Magallanes, escudero, hidalgo, morador en la parroquia Desturames, del término desta villa, testigo jurado á los Santos Evangelios, on que puso su mano, dijo que era pariente del requiriente dentro del cuarto grado, ó mas no dijo de lo ordinnrio.
1. ítem, preguntado este testigo por la primera pregunta que le fué declarada, dijo que era verdad que él conocía al dicho Payo Rodríguez de Magallanes, é ansí conoció á Ruy Paez de Magallanes, é que también oyó decir del dicho Hernando de Magallanes que descubrió el Estrecho de Magallanes, el cual decian ser sobrino del dicho Ruy Paez de Magallanes, é primo del dicho Payo Rodríguez de Magallanes, é que oyó decir quel dicho Ruy de Magallanes fué padre del dicho Hernando de Magallanes; é mas no dijo de la pregunta.
2. ítem, preguntado por la segunda pregunta, dijo que era verdad quel dicho Hernando de Magallanes era primo de Payo Rodríguez de Magallanes, é por tales primos eran y fueron habidos y conocidos, é que otra cosa no sabia, solamente eran todos los sobredichos de la generación de los Magallanes, que eran
en este reino de Portugal hidalgos de solar conocido, é por tales tenidos é habidos y de cota darma, é mas no dijo de la pregunta é por las mas no fué preguntado por no ser dado á ellas.
Bernaldo Díaz, lo escribí.
As provanças, discuti-las-ei no tópico respectivo.
Tudo o resto que escreve pela sua irrelevância não merece comentário.
Não tenha pressa, que lá chegaremos onde me quer ver chegar.
Cumprimentos,
António Taveira
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A linha de Figueiró é a unica com pernas para andar
Caro António Taveira
Bravo.... claro que não tenho pressa e como lá chegará, como diz,... fico a espera e já sentado
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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A ARVOREZINHA do navegador
Caros confrades
Aqui vai a "arvorezinha", julgo que agora em boa forma:
...................... Afonso Rodrigues de Magalhães < > Teresa Freire de Andrade
..............................c. 1340.............................. | ................c.1340
.......................................................................|
.................................Diogo Afonso de Magalhães < > Inês Vasques
................................................c. 1375 ............|.... (falecida c. 1454)
......................................._____________________|__________________
......................................|..........................................................|
.....................João de Magalhães < > Isabel de Sousa .........Gil Afonso de Magalhães < > Violante de Sousa
..............(c. 1400 – 1º Senhor da Barca) .....................................c. 1402........................... c. 1405
..................|..................................................................................|
..................|......................................................______________________________________________________
..................|.....................................................|...................................|............................................|
.........Gil Magalhães....................... Paio Afonso Magalhães ..........Rui de Magalhães.............. Fernão de Magalhães ...(c. 1430 - 2º Sr. Barca) ............................c. 1425........................... c. 1430 .........................(o Velho, c. 1423)
....(< > Maria Menezes) ....................( Isabel Sequeira)......... >> (Alda de Mesquita)..........(Brites de Mesquita)
..................|.....................................................|...................................|............................................|
........João Magalhães......................... Rui Pais Magalhães ...........Leonor Magalhães... Lopo Rodrigues de Magalhães
....(c. 1460 - 3º Sr. Barca)........................... c. 1450 .........................c. 1450 ...................................c. 1443
...(< > Leonor Castro) .................................(N)...................... (João Barbosa) ..............( Margarida Nunes)
..................|.....................................................|................................................................................|
....Manuel Magalhães ......................Paio Rodrigues Magalhães........................................... Fernão de Magalhães
(c. 1493 - 4º Sr. Barca) c. 1480 (o Navegador, c. 1478)
.........................................................( Filipa Pereira)................................................ ( Beatriz Barbosa)
........................................................................|.................................................................................|
...........................................................Lourenço de Magalhães ...........................................Rodrigo de Magalhães
..................................................................c. 1510........................................................................ c. 1518
.......................................................(Antona Benites Osorio)
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: Novo caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro António Taveira,
Como compreenderá, o meu objectivo não é destruir teorias ou experiências alheias, mas apenas trazer informação que me tenha passado pelas mãos e seja relevante para uma dada matéria em estudo e nestes casos forneço tudo o que tenho para que possam ser avaliados ou confirmados por terceiros.
Repare que apenas falei de duas paróquias onde estudei algumas linhas de avoengos e colaterais, que é uma amostragem pequeníssima da vasta genealogia portuguesa, pelo que não custa a admitir haverem centenas de situações similares a estas, potenciais candidatas a caso raro, embora só um pequeníssimo número delas se venha efectivamente a confirmar.
Neste caso, como disse, não fui eu que li as habilitações, mas tenho total confiança em quem o fez. Sei que os apontamentos que recolhia não tinham qualquer objectivo de publicação mas apenas a identificação para o próprio proceder aos entronques respectivos, por isso a indicação de que era irmão do outro padre não significa que era a única coisa que lá dizia, mas sim que era um processo reduzido (como é típico em irmãos mais novos de ordenandos anteriores) em que os dados para além do nome, data e pouco mais eram iguais aos do irmão.
Quanto a um padre ser o primeiro a recuperar um eventual apelido "antigo"que os mais próximos não usavam e que por vezes familiares mais novos depois começam a usar, só naquelas duas paróquias já me cruzei pelo menos com três casos, a saber:
- Na Lousã, padre Bebiano Nunes da Gama, foi o primeiro a usar o apelido Gama que depois foi adoptado por colaterais mais novos (Os Sanches da Gama de Coimbra, vêm daí).
Tem habilitação de génere em nome de Bebiano Nunes da Gama, Lousã, 1702, O.M. 1702, O.S. Epístola 1703, O.S. Evangelho 1704, O.S. Missa 1705, P. 1703, Cx. 328 D. III - S. 1ª - E.7 - T.2 - Nº 10. Confirmam-se os pais, avós paternos e avô materno, e fica-se a saber o nome da avó materna. Confirma-se ainda que a mãe era já viúva, e vivia com ela e duas das suas irmãs, sendo importante a sua ordenação porque a mãe encontrava-se doente e não podia deslocar-se à Lousã para ir à Igreja devido à distância.
- Em Alvares, padre Gregório Antunes Calheiros, foi o primeiro a usar o apelido Calheiros que depois foi adoptado por colaterais mais novos.
"Só conheço uma pessoa da freguesia de Alvares que usou o nome Calheiros no século XVII. Foi o padre Gregório Antunes Calheiros, ordenado de Ordens Menores em 1647. Era do lugar de Casal Novo, filho de Manuel Antunes e de Catarina Antão. O pai, que não usou o apelido Calheiros, era filho de António Braz e de Andreza Fernandes. A mãe era filha de Antão Alves e de Catarina Simões. Estes dois casais, segundo declarou em 1647 o Alcaide da Vara da vila de Alvares, corroborado por outras testemunhas, eram dos principais e nobres desta terra . Talvez o padre Gregório, ao estudar a limpeza de seu sangue para a inquirição, tenha desenterrrado um parentesco remoto com outros Calheiros".
Intervenção do parente José Queiró no Genea (http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=89767#lista)
- Em Alvares o próprio Manuel Castelões Barata
No caso de querer aprofundar os casos, pode consultar tudo no meu site e como está tudo documentado, poderá depois verificar nas fontes em Coimbra se sempre se confirmam as situações, agradecendo-se o respectivo feedback.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: irmãos homónimos
Caro António Taveira:
Aqui vão os elementos de que disponho e que me parecem mais relevantes para a questão que nos ocupa. Além disso há uma extensa documentação acerca dos Marinhos Falcões disponibilizada no fórum pelo confrade Eduardo Albuquerque e que é fácil de encontrar procurando os tópicos contendo "Marinho Falcão" e "Marinhos de Moulães".
1) [ANTT, Corpo Cronológico, Parte 2ª, Maço 69, Nº 68] “Aos 24 de Abril de 1517 – Provisão por que El Rey mandou ao Almoxº de Ponte de Lima desse do Rendimento do seu Almox.do a Lançarote Falcaõ Fidalgo de Galiza 168$rs de moto de seu Cazam.to de que lhe fazia m.ce”
2) [documento transcrito pelo confrade Eduardo Albuquerque] A.U.C. Universidade de Coimbra, Fazenda, Documentos Relativos ao Mosteiro de S. João de Longos Vales, Dep. IV, Secção 1ª E, Estante 23, Tab. 4, nº 4.
“Casal de Jusão que he a quinta de Moulains /
Prazo feito a Lançarote Falcão de hum Casal sito Em Moalans /
Saibão quantos este Estromento d aforamento E novo praso virem como Eu Dom Vasco Ma / rinho protonotario E arcediago de Bermoim E comendatario do mosteiro de São / João de Longavares que he termo da Villa de Moncão cõm E outorgamento de Eitor Alvarez / prior Castreiro do dito mosteiro E João pirez conego do dito Mosteiro que ao presente no / dito Mosteiro mais não ha que todos Estamos presentes E outorgantes no cabido do mosteiro por som de campaã tangida segundo ahi E costume do dito mosteiro damos E / aforamos a Vos Lancarote Falcão fidalgo da casa del Rei Nosso Senhor morador na dita Villa de Moncão que presente estais E a Vossa molher Joanna Marinha não presente ambos / Em humã vos E mais a duas vozes que pos vos vierem que por todas Seião tres vozes E / Segundo ordem E figura de dereito E mais não . s . vos aforamos por as ditas / tres vozes . s . aste nosso casal que he do dito Mosteiro de S. João que se chama o casal / de Jusão Sito no couto do dito Mosteiro onde chamão Moulães termo da dita Villa de / Moncão o qual tem as casas E herdades E propriedades Seguintes…feito E outorgado / no cabido do dito mosteiro Sobredito aos 2 dias do mes d outubro do anno do nas / cimento de Nosso Senhor Jesu CriXto de 1520 annos”
3) Documentos do Mosteiro de S. João de Longos Vales (Livro 2, ANTT):
a) Tombos ordenados a 26/9/1550
[fls. 46] [Título] Casal de Moulães [nas delimitações referem-se como adjacentes as seguintes propriedades e proprietários, entre outros:]
linha 3 – “herdade de João Marinho”
[fls. 46v]
l. 15 – “vinha de Niculao de Goimil e de Pero Falcão”
l. 15/14 – “vinha de Vasco Marinho”
l. 7 – “herdade de Nazor Marinho”
[fls. 47v]
l. 13 – “herdade de João Falcão”
[fls. 48]
l. 4/5 – “Vinha de São João q traz Doózor Marinho”
l. 9 – “herdade de São João que traz Vasco Marinho morador em Monção”
l. 4/3 – “vinha de Pero Falcão” [mais referências, que não copiei, a Pero Falcão e Vasco Marinho]
[fls. 49v]
l. ? –“vinha de Pero Falcão”
l. ? – “vinha de Vasco Marinho e Pº Falcão e Dóazor Marinho”.
[fls. 66 – 68] “Quintaam de moulães e casal de Jusaõ”
[fls. 68] – “…Pero Falcaõ he o possueiro”
b) [Documentos datados de 17/1/1594, a partir do fólio 284v]
[fls. 341v] “…declarão que a trazião da maõ de Izabel Lopez viuva molher que foi de João Marinho…que as pessoião polas comprarem a Isabel Lopez e isabel dalmeida viuvas de Moulães”
[fls. 343] “Leira da Vinha na Veiga de Moulães…trazem a dita herdade Caterina Soares e Isabel dalmeida de moulães”.
4) Assentos da matriz de Santa Maria dos Anjos de Monção (ADVC)
a) Mixto 2, fls. 261 – a 25/1/1598, casamento de João Marinho, filho de João Marinho e Isabel Lopez da freguesia de S. João de Longos Vales, com Filipa de Lira, filha de Gregorio Garcia Nogueirol, já defunto, e Joana de Lira, da Vila de Monção [pelos visto o João Marinho pai também já era defunto, atendendo a 2)b) acima]
b) Mixto 2, fls. 273 – a 2/6/1605 casamento de Rodrigo Rebello Soarez, filho de António Paes Rebello com F.ca Diaz com Maria Soarez, filha de Pº Falquão e C.na Soarez, de Moulães (dispensados no 4º grau de consanguinidade e no 3º e 4º de afinidade).
c) Mixto 2, fls. 295 – a 20 e?/8/1597 morre João Falcão; fez manda, deixou por cumpridor seu filho Pº Marinho e Cristóvão de Castro seu genro.
d) Mixto 3 – a 14/11/1610 e a 17/11/1610, Rodrigo Rebello Soares e Joana Marinha, mulher de Christóvão de Castro são padrinhos.
Destes documentos é indubitável que:
I) Vasco Marinho, Pero Falcão e Donosor Marinho são comproprietários de uma vinha junto ao casal de Moulães, em 1550, cerca de 33 anos depois do casamento de Lançarote Falcão e Joana Marinha e cerca de 20 anos depois de lhes ser aforado o casal de Jusão na Quintã de Moulães.
II) Em 1550 Pero Falcão é o possueiro do Casal de Jusão na Quintã de Moulães, o qual fora aforado “em três vozes” a Lançarote e Joana.
III) A mulher de Pero Falcão, Catarina Soares é comproprietária em 1594 com Isabel de Almeida, a qual é comproprietária na mesma data da viúva de João Marinho, Isabel Lopes.
IV) Para além dos Marinhos/Falcões acima referidos, João Falcão e João Marinho também são ambos citados em 1550 como proprietários junto a Moulães.
V) João Falcão tem filhos Pedro Marinho e Joana Marinha.
Acresce a estes factos que os nobiliários (pelo menos o Gayo, mas julgo que virá também noutros) dão Isabel de Ameida por mulher de “Dionísio” Marinho e dão todos os acima referidos Marinhos/Falcões (incluindo os dois Joões) como filhos do casal Lançarote Falcão e Joana Marinha.
Acho que podemos concluir de II que indubitavelmente Pero Falcão é filho de Lançarote e Joana; então de I parece também seguro que Vasco Marinho (homónimo do pai de Joana) e Donosor Marinho também o sejam. A partir destes pressupostos III e V apontam agora fortemente para que os nobiliários tenham razão e que João Marinho também seja filho de Lançarote e Joana. Por outro lado, o mesmo se pode dizer relativamente a João Falcão a partir de IV e V; além disso o apelido “Falcão” de Lançarote vem da Galiza, pelo que um Falcão com filhos Marinhos nesta época (uma delas Joana) e ligado a Moulães dificilmente não seria descendente de Lançarote e Joana. Como já eram adultos em 1550 também parece difícil serem mais afastados que filhos.
Pode agora o confrade “atirar”!
(Vou estar impossibilitado de voltar ao fórum antes de meados da semana que vem).
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: irmãos homónimos
Errata: em 4)a), onde digo "atendendo a 2)b) acima", deveria estar "atendendo a 3)b) acima".
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RE: irmãos homónimos
Mais uma Errata: onde está: "A partir destes pressupostos III e V apontam agora fortemente para que os nobiliários tenham razão e que João Marinho também seja filho de Lançarote e Joana" deveria estar: "A partir destes pressupostos III e IV apontam agora fortemente para que os nobiliários tenham razão e que João Marinho também seja filho de Lançarote e Joana".
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A linha de Figueiró é a unica com pernas para andar
Caro confrade António Taveira
Pensei não lhe voltar a responder, mas abro uma última excepção, para lhe demonstrar a forma “de enguia” como você orienta a sua argumentação.
Quando o que está CLARAMENTE escrito num dado documento, não o satisfaz, o caro confrade passa a “subentender”, ou seja a colocar na “boca” do autor do documento algo que ele não pretendeu dizer, mas que você subentende que ele quis dizer. Faz-me lembrar aquela peça de teatro que vi no Teatro Villarett sobre uma tela totalmente branca (pois o pintor apenas usou essa cor em toda a tela) em que inúmeros críticos subentendiam variadíssimas coisas sobre as intenções do pintor e quase que “viam” outras cores para além do branco.
Assim é a sua forma de proceder. Aquilo que o confrade Taveira pretendia que o navegador tivesse escrito no testamento de Sevilha, para justificar a sua tese de que o Diogo de Sousa estaria algures na India, era que ele, Diogo, estivesse "ao serviço do rei de Portugal", pois essa frase poderia confirmar essa sua tese. Como o navegador não lhe fez a vontade e escreveu que o Diogo "vivia com o rei de Portugal", a leitura directa já não lhe serve. Aqui o caro confrade deixa de ser um mero “leitor de documentos” e passa a ser um “subentendedor de documentos” e, em vez de ler o que o documento contem, diz que “viver com o Rei de Portugal” é o mesmo que estar "ao serviço do rei de Portugal", ou seja, em qualquer território da Coroa. Então porque seria a India ou Marrocos e não no Brasil, por exemplo? É porque você encontra Diogos de Sousa na India e em Marrocos, mas não no Brasil. Contudo, por azar seu, o Diogo que encontra em Marrocos é morto em 1514, pelo que o confrade lá se teve de “refugiar” na India. Por que razão não subentende que o tal Diogo afinal não terá morrido em Azamor e, a exemplo do que o confrade José Maria Ferreira disse a propósito de outro Diogo (o Duque de Viseu), não diz que ele teria morrido em Azamor mas a alma dele subiu até Sevilha?
Isto é que é efectivamente, tapar o sol com a peneira, meu caro Taveira. O meu caro confrade, deve ter ascendência judaica (como aliás grande parte dos portugueses) mas que, no seu caso, lhe transmitiu os cromossomas daquele povo que estava à espera há longo tempo dum Messias, chegou à Terra Santa um individuo com as características que o Messias devia satisfazer, mas eles não acreditaram e crucificaram-no. Você tem tudo na tese de Figueiró para lhe resolver o mistério do navegador mas, qual judeu perante o Messias, crucifica-a!
A questão dos irmãos do navegador serem solteiros ou viúvos também é um subentendido seu verdadeiramente extraordinário. O caro confrade Taveira pensa que o navegador era parvo a ponto de pensar que, em 1519, ano em que os seus irmãos já tinham cerca de 40 anos, ainda eram solteiros e bons rapazes, ou boas raparigas? Então você pensa que o navegador era tão maquiavélico que colocasse, como moeda de troca para os seus irmãos acederem à herança, que eles “assassinassem” os respectivos consortes para poderem ir para Espanha, livres como uns passarinhos, casar com indivíduos espanhóis? Que mente perversa o confrade pensa que o navegador teria? Vou-lhe dizer aquilo que subentendo (também tenho o direito de o fazer, não é só você) sobre essa frase. A frase "casandose en ella" não significa que eles tinham de casar numa igreja em Espanha, mas sim que tinham de ir viver maritalmente para Espanha, ou seja que o Diogo não poderia ir sózinho morar em Espanha, mas tinha de levar consigo a sua família. Idem para a irmã Isabel.
Quanto ao Heitor não percebo por que razão o caro confrade transcreve aquilo que confirma a confusão que ele efectivamente armou e que, ao ser replicada pelos genealogistas aos longo de vários séculos, gerou toda esta indefinição em torno da verdadeira filiação do navegador.
Quanto ao resto, como não lhe convém, não comenta, e diz que é irrelevante... Ou seja, como não me consegue contrapor e como não quer aceitar que o “edifício Magalhânico” que o caro confrade Taveira durante anos, “edificou”, acaba de implodir, foge das respectivas cinzas sem olhar para trás, como os ocupantes das torres gémeas infelizmente tiveram de fazer...
Também me espanta que diga que não conhece o Manuel Abranches Soveral nem nunca tenha ouvido falar dele. Goste-se ou não dele e do que ele escreve, há que reconhecer que o fulano é um “cromo” incontornável da genealogia portuguesa recente. Você deve andar mesmo distraido para não se ter cruzado com as obras que ele já publicou. Essa mania do Alão fá-lo esquecer os nossos contemporâneos, os quais têm agora meios mais sofisticados que lhes permite detectar os erros dos Alões, Gayos e quejandos. Os Mattos e Silva conseguiram perceber o imbróglio Maria das Póvoas que esses muito antigos e, supostamente mais próximos dos acontecimentos, não conseguiram.
Vou também fugir dos detritos da implosão do seu edifício e correr para me abrigar no meu livro.
Cumprimentos
Ricardo Charters d’Azevedo
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RE: A linha de Figueiró é a unica com pernas para andar
"...A frase "casandose en ella" não significa que eles tinham de casar numa igreja em Espanha, mas sim que tinham de ir viver maritalmente para Espanha..."
Esta frase significa uma coisa que Diogo de Sousa não estava casado em 1519...
O que o caro confrade entende ou não que pode significar é-me indiferente...
Ao resto não lhe respondo, por ser totalmente irrelevante para a questão...
Direct link:
RE: A ARVOREZINHA do navegador
Caro confrade:
Ainda é muito cedo para falar em "árvores". E estas não podem ser comentadas sem referências cronológicas.
Constato com espanto que na tese "Figueiró" Rui de Magalhães (dito alcaide de Aveiro) casou antes de 1450 !!!! Como chegam a essa conclusão ? Também é pelo Gaio ? Ou foi para o fazer irmão do putativo pai (na tese Figueiró) arranjado para o Lopo Rodrigues.
Já agora não que enviar uma árvore dos Mesquitas que suporte a tese "Figueiró"? É que seria mais importante do que a dos Magalhães para analisar as relações familiares conhecidas do navegador.
Cumprimentos,
António Taveira
Direct link:
RE: A ARVOREZINHA do navegador
Mas caro confrade, deixo-lhe aquele trabalho publicado pelo Manuel Abranches Soveral em: http://www.soveral.info/mas/Mesquita.htm que naturalmente conhece (e que eu naturalmente não subscrevo):
"Ensaio sobre a origem dos Mesquita
Na lenda genealógica, a origem dos Mesquita está associada ao feito de cinco irmãos que na tomada de Arzila usaram os seus cintos, presos uns aos outros, para entrar na mesquita onde os sitiados se defendiam. Este feito teria levado o rei a dar-lhes o chamadouro «da Mesquita» e a conceder-lhes armas novas que contavam esse feito. E, de facto, as armas dos Mesquitas são: de ouro, cinco cinturões de vermelho postos em banda, cada qual com fivela, biqueira e três tachões de prata, com as fivelas para cima; bordadura de azul, carregada de sete flores-de-lis de prata. Timbre: meio mouro vestido de azul, toucado de um turbante de prata e tendo na mão uma lança de sua cor.
Resta saber se foram aqueles feitos que originaram as armas, como inegavelmente parece, ou se foram estas que suscitaram a estória… A verdade é que não existe semelhante carta de armas novas, o que indica que os ditos irmãos, a existirem, já eram nobres, como se entende, e que o feito teria sido pelos próprios acrescentado às suas armas originais, como era privilégio medieval da nobreza. O que permite supor que as suas armas originais seriam compostas, no mínimo, por flores-de-lis, que permaneceram na bordadura. E com este acto assumiram o nome «da Mesquita», que passaram aos seus descendentes.
Do ponto de vista heráldico isto podia ter acontecido, tanto mais que as armas não parecem muito anteriores ao séc. XV. Mas pode a Genealogia comprovar minimamente esta lenda? Não a Genealogia tardia e mistificada, de que Felgueiras Gaio é o expoente mais conhecido, nem mesmo os trabalhos recentes que dão essa “verdade” por adquirida [1] , mas a documentação primária com que a verdadeira Genealogia se cose.
Desde logo, a documentação disponível pode negar que aquele feito, a ser verdadeiro, pudesse ter acontecido na tomada de Arzila, que se verificou em 1471. Nem na conquista de Alcácer Ceguer, em 1458. Pela simples razão de que já em 1438 se documenta um Álvaro Anes de Mesquita, morador em de Lamego, que, conjuntamente com Martim Lourenço, tinha fugido a uma ordem de prisão do juiz da dita vila, no que tinha sido considerado culpado um João Pires, a quem D. Afonso V perdoa por carta de 10.12.1438.
Este Álvaro Anes de Mesquita devia ser irmão de D. Pedro Anes de Mesquita, deão, chantre, arcediago e cónego da Sé de Viseu, bem documentado tronco dos Mesquita desta cidade, que faleceu velho entre 1500 e 1507 e que nasceu cerca de 1417. A isto acresce que as genealogias quinhentistas visienses [2] dão a este D. Pedro Anes um irmão Martim, e em 1452 documentam-se dois indivíduos ligados entre si, Lodomeu Martins de Mesquita e Álvaro Martins de Mesquita. O primeiro é apresentado pelo rei, por carta de 10 de Julho, como prior da igreja de Santa Maria de Miranda, do arcebispado de Braga. O segundo é apresentado pelo mesmo rei, 15 dias depois, para a mesma igreja de Santa Maria de Miranda de Trás-os-Montes do arcebispado de Braga, em substituição de Frei Lodomeu, abade do mosteiro de Crasto de Avelãs. Estes dois clérigos, que tudo indica que fossem irmãos, não podiam ter nascido muito depois do início do séc. XV.
Como veremos adiante, outras provas se podem juntar a estas, todos apontando para que o nome Mesquita tenha aparecido pelo menos em 1438 e que as primeiras pessoas que o usaram tenham nascido no início do séc. XV. Sendo também verdade que antes de 1438 não encontrei ninguém com esse nome.
Portanto, se aceitarmos a estória dos cinco irmãos, temos de a recuar para o desastre de Tanger, em 1437, cujo negativo desfecho talvez tenha feito esquecer aos cronistas o isolado acto de bravura de cinco jovens irmãos, que assim ficou apenas na memoria oral e que os próprios quiseram recordar na heráldica e no nome que então adoptaram.
Sabe-se que a 13.9.1437, sem esperar pelos reforços que D. Duarte planeara enviar, o infante D.Henrique, comandando uma força de apenas cinco mil homens, chega a Tânger e monta acampamento longe do mar, onde a frota comandada pelo seu irmão D. Fernando tinha já ancorado, chegada igualmente de Ceuta. O primeiro assalto deu-se no dia 20, quando o governador Salat-Ben-Salat, antigo governador de Ceuta, já se preparara fortemente para a defesa, pelo que o ataque foi infrutífero, principalmente porque as escadas eram curtas e as portas tinham sido fechadas a pedra e cal. Vários outros assaltos se seguiram, principalmente depois de terem sido pedidas escadas maiores a Ceuta, mas então eram já centenas de milhar os mouros que defendiam a praça forte de Tânger e toda a sua envolvente, que a breve prazo cercaram o acampamento português e o obrigaram à rendição, impondo a devolução de Ceuta e ficando o infeliz infante D. Fernando prisioneiro, como penhor deste acordo.
Esta circunstância de os primeiros ataques terem falhado por as escadas de assalto serem demasiado curtas, lembra imediatamente o recurso dos cintos, ligados uns aos outros, como forma de assaltar a mesquita. Poderiam desta forma os cinco irmãos ter tomado uma mesquita junto ou nas imediações da praça forte, que depois as circunstâncias gerais do malogro obrigaram a abandonar? É perfeitamente possível, como é compreensível que, face ao desastre de toda a iniciativa e o posterior sacrifício do infante D. Fernando face à recusa de D. Duarte em entregar Ceuta, não ficasse espaço aos cronistas para salientar esse acto heróico mas afinal inútil, que vinha contra o sentido geral da narrativa. Mas também se entende que o feito dos cinco irmãos tenha ficado na memória daqueles homens e que eles passassem a ser conhecidos como «os da Mesquita». Considerando a mentalidade da nobreza de então, este verdadeiro troféu de guerra era suficientemente importante para que estes cinco irmãos, seguramente da pequena nobreza, não deixassem de orgulhosamente o adoptar, quer no nome quer nas armas, assim fundando, afinal, uma nova família.
Mas, para que esta estória possa ser minimamente comprovada, resta saber, tendo em conta o que se pode reconstituir da genealogia dos Mesquita iniciais, se a existências destes cinco irmãos pode ser aferida, pelo menos em parte. O que sabemos é a existência de pelo menos três ramos Mesquita, todos usando as mesmas armas: os de Viseu, os de Guimarães e os de Trás-os-Montes. E todas as genealogias apontam como o mais antigo da família um Estêvão Pires da Mesquita, que dizem senhor do couto e torre de Vilar de Maçada, cuja filha Inez Esteves da Mesquita casou com Martim Gonçalves Pimentel, segundo uns filho do 1º conde de Benavente D.João Afonso Pimentel, segundo outros filho natural do comendador da Ordem de Avis Álvaro Gonçalves Pimentel.
A documentação que consegui reunir comprova que Estêvão Martins da Mesquita assim se chamou e viveu em Vila Flor no séc. XV. Também se documentam seus filhos Lopo Esteves da Mesquita e Inez da Mesquita, tendo esta casado com Martim Gonçalves, escudeiro, escrivão das sisas de Vila Flor, que vem como «Martim Gonçaluez de Villa Frrol», casado com Inez da Mesquita, moradores em Vila Flor (Villa Frrol), quando a 23.9.1452 seu filho Álvaro tirou ordem menores em Braga. Embora este Martim Gonçalves nunca se documente como Pimentel, teve contudo um filho chamado Luiz Pimentel, que a 19.2.1481 foi nomeado para o cargo de escrivão das sisas de Vila Flor, com direito ao mantimento, em substituição de seu pai Martim Gonçalves, escudeiro, que renunciara por instrumento público de 19.1.1479. Tendo em conta que as genealogias atribuem àquele casal Martim Gonçalves Pimentel e Inez Esteves da Mesquita um filho Luiz, a que chamam Luiz Martins da Mesquita, parece evidente que se trata do mesmo, tanto mais que este tirou ordens menores como Luiz Martins. O que nos permite também identificar o Martim Gonçalves, criado do duque de Bragança, morador em Vila Flor, que a 19.4.1454 D.Afonso V nomeou para o cargo de escrivão das sisas do dito lugar, em substituição de João Martins, que renunciara. E ficamos também a saber que faleceu antes de 31.5.1481, pois nesta data o mesmo rei nomeia Martinho Anes do Benlhevai para o cargo de escrivão das sisas de Vila Flor, em substituição de Martim Gonçalves, que morrera.
Temos, portanto, um Martim Gonçalves que foi escrivão das sisas de Vila Flor desde 1454 e que faleceu em 1481. E que tinha um filho Pimentel, que lhe sucedeu temporariamente de 1479 a 1481, pelo que ele próprio devia ser desta linhagem, embora não usasse o nome. E a informação documentada também serve para afastar a ideia de que este Martim Gonçalves pudesse ser filho do conde de Benavente, não só pelo patronímico mas sobretudo pelo estatuto. Resultando assim muito provável a alternativa de ser filho natural não legitimado de Frei Álvaro Gonçalves Pimentel, comendador da Ordem de Avis, que por sua vez era filho de Gonçalo Anes Pimentel e neto do mestre da Ordem de Avis João Rodrigues Pimentel [3] . Se bem que Martim Gonçalves não nasceu antes de 1400 e Frei Álvaro Gonçalves Pimentel tenha tido em Catarina Vicente uma filha e um filho, Beatriz Gonçalves Pimentel e Rodrigo Álvares Pimentel, que foram legitimados por carta real, ela de 4.12.1387 e ele de 10.6.1395, ambos como filhos de Álvaro Gonçalves Pimentel, freire professo da Ordem de Avis. Ela foi legitimada a seu próprio pedido, sendo então moradora na cidade de Évora, pelo que não teria menos de 13 anos de idade, o que significa que não nasceu depois de 1374, ou seja, era no mínimo 26 anos mais velha do que seu alegado irmão. Não é impossível (tendo obviamente mães diferentes), mas parece difícil. Por outro lado, verifica-se que Martim Gonçalves não se documenta com o nome Pimentel, ao contrário do que acontece com os referidos dois filhos de Frei Álvaro. Tudo considerado, não é de descartar a hipótese de Martim Gonçalves não ser filho mas neto de Frei Álvaro, portanto filho da dita Beatriz Gonçalves Pimentel e de seu virtual marido, que se chamaria Gonçalo. O que justificaria que Martim Gonçalves não usasse o nome Pimentel, que só um seu filho depois recuperou.
Este Martim Gonçalves e sua mulher tiveram um filho chamado Lopo Martins da Mesquita, que se documenta como tal e que Alão diz que serviu D. Afonso V e morreu na tomada de Arzila. E, com efeito, a 6.7.1473 D. Afonso V nomeia por três anos Fernão Lobo, escudeiro, morador em Vila Real, para o cargo de coudel do dito lugar, por apresentação do conde de Vila Real, em substituição de Lopo Martins da Mesquita, que morrera. Como a tomada de Arzila se deu em Agosto de 1471, é muito provável que este Lopo Martins aí tivesse de facto morrido, portanto ainda relativamente novo e cerca de 10 anos antes da morte de seu pai.
Esta presença em Arzila pode ter contribuído para localizar aí a estória da origem dos Mesquita, mas que não pode ser aplicada a este Lopo Martins e seus irmãos, não só porque o nome já existia antes, como vimos, mas também porque os Mesquita de Viseu usavam as mesmas armas e são anteriores, como também já vimos.
A estória dos cinco irmãos, a ser verdadeira, devia assim ter-se passado com o avô materno deste Lopo Martins, o já referido Estêvão Pires da Mesquita e seus eventuais irmãos. O que significa, tendo em conta a hipótese de a estória se ter passado no desastre de Tânger, que antes de 1437 se chamava apenas Estêvão Pires ou que usava outro nome de família. Tendo em conta a cronologia envolvente, este Estêvão Pires teria nascido cerca de 1400, tendo portanto cerca de 37 anos no desastre de Tânger. E, tendo igualmente em conta a cronologia, devia ser irmão do deão de Viseu D. Pedro Anes de Mesquita, que antes de 1448 se documenta apenas como Pedro Anes.
E é aqui que me surgiu uma pista capaz de resolver este mistério: a 17.11.1433 é legitimado por carta real um Estêvão Pires, filho de Pedro Anes, abade de Stª Mª da Bagunte (Vila do Conde), e de Guiomar Pires, mulher solteira. Este abade Pedro Anes pode perfeitamente ser também pai do deão D. Pedro Anes, seu homónimo, portanto também de seu irmão Martim e ainda do Álvaro Anes de Mesquita documentado em 1438. E assim se explicaria a falta de informação genealógica sobre a verdadeira origem dos Mesquita, bem como a ligação dos vários ramos que usam as mesmas armas. Afinal, escondia apenas a origem num abade…
Quem era este abade Pedro Anes? Desde logo convém notar que há em Viseu um doutor Pedro Anes que em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu, dignidade em que sucedeu D. Pedro Anes de Mesquita. Por outro lado, há a notícia de que um cónego de Viseu Pedro Anes fundou a igreja de Cepões, no termo de Viseu. Este cónego Pedro Anes tem sido identificado, nomeadamente por mim [4] , com o já referido D. Pedro Anes da Mesquita, que tinha o respectivo padroado e igreja, que seguiu na sua descendência. Mas acontece que os sobrinhos deste D.Pedro Anes, filhos e netos de seu irmão Martim Fernandes, também tinham o padroado da dita igreja e direito à sua posse, andando em demanda com os descendentes do dito D. Pedro Anes. Isto só pode significar que a igreja de Cepões não foi fundada por D. Pedro Anes, mas por um homónimo anterior, de quem os dois irmãos a herdaram. Esse outro Pedro Anes não pode ser o abade Pedro Anes, que não se documenta como doutor nem pode ser confundido como o cónego e chantre de Viseu doutor Pedro Anes, que o era muito antes daquele se documentar apenas como abade de Stª Maria de Bagunte. Assim sendo, o fundador de Cepões deve ter sido o mais antigo homónimo, ou seja, o doutor Pedro Anes que já em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu. O que obriga a que D. Pedro Anes e seu irmão Martim tenham sido seus herdeiros, pelo que o doutor Pedro Anes ou era pai do abade Pedro Anes ou seu tio.
Mas outro facto existe que vem complicar ou resolver a questão. Trata-se da existência documentada de um Rui Sobrinho da Mesquita, cavaleiro de D. João II, que a 27.3.1484 era seu juiz em Trás-os-Montes. Dado o título de cavaleiro e sobretudo o cargo, este Rui dificilmente poderia ter nascido depois de 1450, o que o remete para filho de um desses cinco irmãos. Poderia, é claro, ser filho de um Mesquita e de uma Sobrinho, ou o inverso, como a disposição dos nomes mais aponta. O problema é outro. Sobrinho é nome antigo, que já se documenta no séc. XIII. Há, nomeadamente, notícia de que em 1285 vivia no Minho um Martim Sobrinho, que era sobrinho do cónego da Sé de Orense Pedro Sobrinho, o que indicia uma possível origem galega da família. Se é que se trata de uma única família e não de pelo menos duas, independentes, dada não só a natureza do nome mas o facto de se atribuírem aos Sobrinho duas armas completamente diferentes. Um desses escudos é um esquartelado de vermelho e negro, tendo no 1º e 4º quartéis uma torre de prata e no 2º e 3º um casco de prata encimado por uma flor-de-lis de ouro. O timbre é um leão rompante de vermelho, com o dito casco de prata na cabeça e uma flor-de-lis de ouro na espádua. Estas parece-me que são as armas dos Sobrinho do Alentejo, centrados em Montemor-o-Novo, onde em 1490 vivia um Fernão Sobrinho, família a que devia pertencer Frei João Sobrinho, mestre de Teologia do rei D. Duarte, que se doutorou na Universidade de Oxford e que tinha pelo menos um irmão chamado Pedro Rodrigues, que se documenta a viver no termo de Lisboa a 8.1.1468, quando teve carta de privilégio.
As outras [5] armas de Sobrinho, sem timbre, parecendo muito mais antigas, são um escudo partido de verde e prata, o 1º com dois cintos, com suas fivelas e passadores, tudo de prata, dispostos em barra, com as fivelas para cima, e o 2º com três flores-de-lis de azul, em banda.
Ora, estas segundas armas lembram demasiado as dos Mesquita para não se colocar obrigatoriamente a necessidade de uma ligação. E, tendo em conta que as armas dos Sobrinho parecem anteriores às dos Mesquita, por um lado, e a existência daquele Rui Sobrinho da Mesquita, por outro, parece-me muito provável que o abade Pedro Anes, que proponho como pai dos primeiros Mesquita, fosse afinal da família Sobrinho. O mesmo acontecendo, portanto, com o doutor Pedro Anes, chantre e cónego da Sé de Viseu, que seria igualmente Sobrinho. E não se estranhe que não sejam documentados com este nome, pois ainda é normal no séc. XIV, e até no XV, documentar apenas com o nome e patronímico pessoas que comprovadamente eram de linhagens nobres, com chamadouros estabelecidos.
E quem era nesse Rui Sobrinho da Mesquita? Eu proponho que seja afinal o quinto irmão que faltava ao quinteto de Tânger. Dada a invulgaridade no uso de dois nomes de família no séc. XV, penso que se chamava apenas Rui Sobrinho e acrescentou «da Mesquita» após o desastre de Tânger. Assim, a mudança heráldica foi uma consequência da adopção do novo nome. As três flores-de-lis de azul em campo de prata passaram a sete flores-de-lis de prata numa bordadura de azul. E os dois cintos passaram a cinco, em pleno.
Esta circunstância permite supor, dentro da mesma hipótese, que o importante do acto em Tânger foi a tomada de uma mesquita, com ou sem o uso de cintos. E este feito é que deu origem ao chamadouro «da Mesquita», de alguma forma representado no timbre: meio mouro vestido de azul, toucado de um turbante de prata e tendo na mão uma lança de sua cor. E a passagem de dois para cinco cintos representaria justamente os cinco irmãos, podendo até ter acontecido que a sua heráldica os tivesse lembrado de unir os cintos para escalar a mesquita, já que as escadas de assalto, como vimos, eram demasiado curtas.
É certo que Miguel Sobrinho da Mesquita, inegavelmente descendente deste Rui Sobrinho da Mesquita, teve a 2.9.1585 carta de armas para Mesquita, Rebello, Sobrinho e Machado. E as armas dos Sobrinho que lhe foram dadas são as do esquartelado que acima ficou referido. Mas, sabendo da habitual ignorância genealógica, e concomitante ignorância heráldica, dos reis de armas portugueses, não é de estranhar que lhe tenham “chapado” as únicas armas de Sobrinho que conheciam. Aliás, este processo é mesmo descrito pelo próprio rei de armas: «busquei os livros da nobreza da nobre fidalguia do Reyno que em meu poder estão, & acho neles as armas que as ditas linhagens pertencem»…
De resto, a ascendência de Miguel Sobrinho da Mesquita tem muito que se lhe diga. Com efeito, muito antes da carta de armas (2.9.1585), ele fez a 15.11.1556 uma justificação de nobreza [6] , então apenas como Miguel Sobrinho, criado de João Rodrigues Pereira, senhor de Cabeceiras de Basto, no tabelião de Guimarães Francisco Ribeiro, com despacho do juiz ordinário Pedro Rodrigues de Andrade, destinada a «ho acostar a hum allvará de cavaleiro, feito nas partes dalém». Nesta justificação, o próprio Miguel Sobrinho se diz filho de João Lopes, então já defunto, e de sua mulher Maria Rodrigues da Mesquita, sendo o pai «parente dos Machados» e a mãe «parente dos Mesquitas, que são fidallgos he muito antigos na nobreza de fidallguia he cavalaria», bem assim como dos Rebello.
Nesta justificação testemunhou a «senhora D. Brytyz da Magalhães», moradora na sua quinta de Briteiros com seu marido o «senhor Jorge d’Abreu, fydallguo». Esta D. Beatriz era também Mesquita, pois era filha de Gonçalo de Magalhães e neta de Fernão de Magalhães e de sua mulher Beatriz Martins da Mesquita, sendo esta neta do Estêvão Pires da Mesquita que proponho como irmão de Rui Sobrinho da Mesquita. Ora, D. Beatriz de Magalhães declara que era parente «demtro no quarto grao» de Ana Rodrigues da Mesquita e que esta «vyveo com sua mai, dela testemunha, he ha mai dela testemunha ha casou de sua casa com seu marido João Lopez». Acrescentado que este João Lopes «foy homem homrrado, he escudeiro, e de casta, he jeração d’escudeiros he de cavaleiros, porque era da jeração dos Machados he dos Haraújos». Quanto a Ana Rodrigues da Mesquita, diz que era «da casta dos Mesquitas he dos Rebellos he Meirelles». E referido que «ysto sabe ella testemunha po-llos conheser muito bem he ho ouvyr dizer asy a seus avós».
Este testemunho, aliás corroborado por vários outros, é demasiado inequívoco e credível para que possamos acreditar no que, cerca de 30 anos depois, diz a carta de armas de Miguel Sobrinho da Mesquita, segundo a qual ele era filho de João Lopes da Mesquita e de sua mulher Ana Rodrigues Sobrinho e neto paterno de Lopo da Mesquita e de sua mulher Violante Machado. D.Beatriz de Magalhães é muito clara ao dizer que o parentesco com ela vinha por Ana Rodrigues da Mesquita. Resultando também evidente que João Lopes, marido desta Ana Rodrigues Sobrinho, não era Mesquita, mas sim Machado e Araújo. Donde, não se pode aceitar que João Lopes fosse Mesquita nem filho de um Lopo da Mesquita. Este Lopo, quando muito, seria Araújo. Se bem que, tendo em conta a ordem referida, mais me parece que fosse sua mulher Violante Machado que era filha de um Machado e de uma Araújo, pelo que o dito Lopo não teria ascendência “apresentável”. E o alegado na carta de armas destinou-se certamente a mistificar isso mesmo, “puxando” os Mesquita para a varonia.
Temos, assim, que Ana Rodrigues da Mesquita era parente dentro do 4º grau de D. Beatriz de Magalhães. Se aceitarmos o que diz a carta de armas sobre a filiação de Ana Rodrigues da Mesquita, o que é parcialmente documentado na justificação, ela era filha de Francisco Rebello e de sua mulher Maria Sobrinho da Mesquita. Tendo em conta o patronímico associado a Mesquita no nome de Ana, esta Maria devia ser filha de um (Estêvão) Rodrigues da Mesquita, sendo este filho do dito Rui Sobrinho da Mesquita. E não se pode aceitar a hipótese [7] de Maria Sobrinho da Mesquita ser filha do Francisco Sobrinho e sua mulher Genebra da Mesquita de que fala Alão, que aliás não lhe dá semelhante filha. Não só pela cronologia e onomástica, mas também pelo testemunho de D. Beatriz de Magalhães. Com efeito, aquela Genebra da Mesquita era filha de Cristóvão da Mesquita, sendo este filho (presumivelmente, mas de qualquer forma considerado como tal na referida hipótese) do Dr. Fernão (Martins) da Mesquita, que se documenta irmão de Beatriz Martins da Mesquita, que era avó da dita D. Beatriz de Magalhães. Ora, pelo testemunho desta D. Beatriz, Ana Rodrigues da Mesquita seria mais velha do que ela, pelo que não se aceita que a mãe dessa Ana e a dita D. Beatriz fossem da mesma geração, com os bisavós em comum. Por outro lado, a ser assim, D. Beatriz e Ana Rodrigues seriam parentes dentro do 3º grau e não dentro do 4º grau. Além de que o patronímico Rodrigues não se explicaria.
Em suma, julgo que fica razoavelmente fundamentada esta hipótese de trabalho: os cinco irmãos que tomaram o nome Mesquita seriam filhos do abade Pedro Anes, sendo que só o mais velho, Estêvão Pires, foi legitimado por carta real. Os outros eram Álvaro Anes, Martim Fernandes, Pedro Anes e Rui Sobrinho. Mas nem todos teriam a mesma mãe. D. Pedro Anes não creio que tenha nascido antes de 1417, pois ainda se documenta vivo a 11.7.1500. Mas já tinha morrido a 12.6.1507, data em que o Cabido de Viseu empraza por mais três vidas, por nomeação que ficara de seu pai, a «possessão» de Gumirães, em Viseu, com seus casais e casas, pelo foro de 2.000 reais, a sua filha Joana de Mesquita e a seu marido Lopo Álvares da Ventura e Queiroga, cavaleiro da Casa d’el rei [8] . Por outro lado, D. Pedro Anes não deve ter nascido muito depois de 1417, pois já era clérigo a 11.10.1440, quando teve apresentação na Sé de Viseu da capelaria que foi de D. Urraca. E Rui Sobrinho, juiz de Trás-os-Montes em 1484, não terá nascido antes de 1418, pelo que seria o mais novo dos irmãos. Assim, em Tânger, Estêvão Pires, o mais velho, teria cerca de 37 anos, Pedro Anes, ainda não clérigo, cerca de 20 anos, e Rui Sobrinho cerca de 19.
Tendo em conta o que ficou proposto, vejamos então uma tentativa de reconstituição genealógica das primeiras gerações dos Mesquita, que terão usado «da Mesquita» ou «de Mesquita», talvez indiferentemente, sendo que se documentam das duas formas. Aqui uniformizei em «da Mesquita».
Esquema genealógico
1. Pedro Anes (Sobrinho), abade de Stª Mª da Bagunte (Vila do Conde), possível filho ou sobrinho do doutor Pedro Anes, que em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu. Como já ficou referido na introdução, há a notícia de que um cónego de Viseu Pedro Anes fundou a igreja de Cepões, no termo de Viseu. Este cónego Pedro Anes tem sido identificado com o D. Pedro Anes da Mesquita, que tinha o respectivo padroado e igreja, que seguiu na sua descendência. Mas acontece que os sobrinhos deste D. Pedro Anes, filhos e netos de Martim Fernandes, também tinham o padroado da dita igreja e direito à sua posse, andando em demanda com os descendentes do dito D. Pedro Anes. Isto só pode significar que a igreja de Cepões não foi fundada por D. Pedro Anes, mas por um homónimo anterior, de quem os dois irmãos descendiam. Este outro Pedro Anes não pode ser o Pedro Anes (Sobrinho) em epígrafe, que não pode ser identificado com o cónego de Viseu Pedro Anes, que o era muito antes daquele se documentar apenas como abade de Stª Maria de Bagunte. Assim sendo, o fundador de Cepões deve ter sido o mais antigo homónimo, ou seja, o doutor Pedro Anes que já em 1412 era cónego e chantre da Sé de Viseu. O que obriga que D. Pedro Anes e seu irmão Martim tenham sido seus herdeiros, pelo que o doutor Pedro Anes ou era pai do abade Pedro Anes ou seu tio. O abade Pedro Anes (Sobrinho) teve um filho em Guiomar Pires, solteira, legitimado por carta real de 17.11.1433. Os outros propostos filhos podem não ser todos desta Guiomar Pires, sobretudo os mais novos, que terão nascido cerca de 17 e 18 anos depois do mais velho.
1.1. Estêvão Pires (da Mesquita), nascido cerca de 1400, documentado como Estêvão Pires da Mesquita em 1462, na matricula em ordens menores de seu filho, e como Estêvão Pires quando foi legitimado por carta real de 17.11.1433. Segue no nº 2.
1.2. Álvaro Anes (da Mesquita), nascido cerca de 1401, documentado em 1438 como Álvaro Anes da Mesquita, em Lamego, como ficou dito na introdução. Não parece ter tido descendência.
1.3. Martim Fernandes (da Mesquita), nascido cerca de 1403. As genealogias quinhentistas visienses [9] chamam-lhe Martim Fernandes de Mesquita, dizem que foi co-padroeiro da igreja de Cepões e, sem indicar o nome da mulher, dão-lhe apenas um filho, Gonçalo Martins de Mesquita, referido adiante. Como não consegui documentar em fonte primária nenhum Martim Fernandes, Pires ou Anes em Viseu que fosse também Mesquita, fico sem saber se ouve erro no patronímico. Mas se foi Martim Fernandes, e não Martim Pires ou Martim Anes, o patronímico devia vir-lhe da mãe, o que nesta época se documenta por vezes acontecer com filhos naturais, pelo que não seria filho da Guiomar Pires, proposta mãe de seu irmão mais velho.
1.3.1. Frei Lodomeu Martins da Mesquita, nascido cerca de 1425, que era abade do mosteiro de Crasto de Avelãs quando a 15.7.1452 o rei apresenta Álvaro Martins de Mesquita para reitor da igreja de Santa Maria de Miranda de Trás-os-Montes, do arcebispado de Braga, em sua substituição. 15 dias antes, o próprio Lodomeu Martins da Mesquita tinha sido apresentado pelo rei como prior dessa igreja.
1.3.2. Álvaro Martins de Mesquita, prior da igreja de Maria de Miranda de Trás-os-Montes, do arcebispado de Braga, apresentado pelo rei a 15.7.1452, em substituição de Frei Lodomeu.
1.3.3. Gonçalo Martins da Mesquita, que as ditas genealogias visienses [10] dizem ter sido padroeiro da igreja de Cepões e ter casado com Catarina Fernandes, de quem teve uma filha, Catarina Fernandes da Mesquita, moradora em de S. Pedro de France (Viseu), «donde veem os Padroeiros da Igreja de Cepões, que os Fregueses impetrarão do Papa aos desta linha». Acrescentam que esta Catarina casou com Álvaro Lopes da Gama, natural de Elvas, que foi para Viseu como vedor do bispo D. Diogo Ortiz de Vilhegas, e que nesta cidade «matou um clérigo, por onde não ficou rico». E destes foi filha Branca Lopes da Gama, que casou com Francisco Paes de Castello-Branco, senhor de Pouves, que teve o padroado de Cepões por sua mulher, que teve demanda com os descendentes de D. Pedro Anes da Mesquita por causa da posse da dita igreja.
1.4. D. Pedro Anes (da Mesquita), deão, chantre, arcediago e cónego da Sé de Viseu, senhor da quintã e igreja de Cepões, na freguesia deste nome no concelho de Viseu. Ainda vivia em 11.7.1500 mas já tinha falecido a 12.6.1507, data em que o Cabido de Viseu empraza por mais três vida, por nomeação que ficara de seu pai, a «possessão» de Gumirães a sua filha Joana de Mesquita e a seu marido Lopo Álvares da Ventura e Queiroga, cavaleiro da Casa d’el rei. Documentado várias vezes como Pedro Anes de Mesquita, nomeadamente na legitimação real do filho, na documentação mais antiga aparece apenas como Pedro Anes, o que também indicia que a adopção do nome Mesquita não foi imediata ou, pelo menos, demorou algum tempo para que passasse a ser assim chamado. Apenas como Pedro Anes, arcediago e cónego, recebeu do Cabido o prazo da «possessão» de Gumirães a 10.2.1477 e uma casas na Rua Direita (então rua das Tendas) a 20.2.1475. É ainda o Pedro Eanes, arcediago de France e cónego da Sé de Viseu, que a 15.6.1476 teve privilégio real para comprar bens de raiz até à quantia de 30.000 reais de prata. E o Pedro Anes, ainda meio-cónego, que a 25.10.1448 teve do Cabido o prazo de umas casas na rua do Arco, bem como o Pedro Anes que a 11.10.1440 teve na Sé de Viseu apresentação na capelaria da que foi de Dona Urraca. Terá, portanto, nascido cerca de 1417. Teve filhos, um legitimado por carta real de 7.4.1490, havido em Beatriz Gonçalves (ou Fernandes). Da outra filha certa, não se sabe se a mãe é a mesma. Deve ter tido ainda mais três filhos, como vai indicado, sendo que o Pedro deve ser filho de uma Filipa Lourenço a quem o Cabido empraza a 18.7.1510 umas casas sobradas na Rua Direita, pois nas costas deste documento, com letra da época, se diz que «agora tem este prazo Pedro de Mesquita».
1.4.1. João da Mesquita, nascido cerca de 1460, legitimado por carta real de 7.4.1490, e já falecido em 1523. Foi cavaleiro fidalgo da Casa Real e cidadão nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado da Câmara pela Nobreza em 1500 e 1511. Foi senhor da quinta e igreja de Cepões. Com sua mulher Genebra de Figueiredo, teve do Cabido de Viseu o prazo de umas casas na rua do Soar e de uma vinha além de ponte de Vil de Moinhos (18.3.1505) e de um chão em Assaz (18.11.1505). E perdeu um casal em Viseu que comprara por 6.000 reais a João Fernandes, de Leomil, pondo este a condição de o poder comprar de volta dando o mesmo valor. Esta transacção teria algo de ilegal, pois D. Manuel I deu por isso esse casal a 27.4.1501 a João de Abreu, escudeiro, morador em Lisboa. Casou em 1508 com Genebra de Figueiredo, filha natural do doutor Luiz Anes de Loureiro, cónego e arcediago da Sé de Viseu, senhor da honra e quintã de Loureiro, etc. Genebra de Figueiredo nasceu cerca de 1480 e sucedeu como 2ª vida no prazo da «possessão» de Vila Chã (1507). Tinha casa na rua do Soar, como se documenta na delimitação de um prazo do Cabido de 20.1.1523. Com geração em Viseu [11] .
1.4.2. Joana da Mesquita, nascida cerca de 1461, a quem, com seu marido, o Cabido da Sé de Viseu renovou a 12.6.1507 o prazo da «possessão» de Gumirães, por nomeação que ficara do pai dela, por mais três vidas, com o foro de 2.000 reais às terças do ano e seis capões pelo Natal. Casou antes de 1499 com Lopo Álvares da Ventura e Queiroga, cavaleiro fidalgo da Casa Real, recebedor das terças e dízimas do bispado de Viseu (12.10.1514, sendo aqui referido como Lopo da Ventura, cavaleiro fidalgo da Casa Real), cidadão nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado da Câmara pela Nobreza em 1516. Tinha sido moço fidalgo da rainha D. Leonor e depois de seu irmão o rei D. Manuel, que o encarregou de baptizar os judeus do Alentejo e desmantelar as sinagogas, ficando com a terça parte do que arrecadasse. Já estava casado a 15.7.1499, quando com sua mulher recebeu, sendo aí dito «Lopo da Ventura, cavaleiro da Casa d’el Rei», em prazo do Cabido da Sé de Viseu, casas na rua dos Mercadores, outros terrenos e quintas e um chão que está no Pinheiro. Mas em 1501 documenta-se como morador em Lisboa. Era filho de Gonçalo da Ventura de Queiroga, cavaleiro fidalgo da Casa Real, aposentador-mor (1478) de D. Afonso V, D. João II e da rainha D. Leonor, que está sepultado em S. Francisco de Marvila, em Santarém em túmulo armoriado (Queiroga), e de sua mulher D. Elvira Gomes de Mendonça; neto paterno de Rodrigo Álvares de Queiroga, fidalgo natural de Tui, e de sua mulher D. Maria de Mendonça, que julgo casou 2ª vez com o capitão-mor do Mar Afonso Furtado, dando origem aos Furtado de Mendonça [12] . Aquele Gonçalo da Ventura e Queiroga era irmão de Lopo Álvares da Ventura, prior do Cabido de Viseu, que a 24.7.1459 recebe deste o prazo de chãos em Stª Cristina, S. Miguel, Ranhados, Barrelas, Fráguas e Vale. Com geração em Viseu [13] .
1.4.3. Pedro da Mesquita, conforme hipótese referida acima. Não parece ter tido descendência. Talvez seja o Pedro da Mesquita que em 1495 e 96 era escrivão de D. Manuel I.
1.4.4. Bernardo Lourenço da Mesquita (Lourenço seria pela mãe Filipa Lourenço), cavaleiro e cidadão nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado da Câmara pela Nobreza em 1500. Não parece ter tido descendência.
1.4.5. Maria da Mesquita, que com seu marido Francisco Mendes teve do Cabido de Viseu, a 7.11.1500, o prazo por três vidas de metade da «possessão» de Torredeita, por renúncia de João de Almeida, escudeiro, morador no Couto de Rio de Asnes.
1.5. Rui Sobrinho (da Mesquita), nascido cerca de 1418, cavaleiro de D. João II e seu juiz em Trás-os-Montes em 27.3.1484. Provavelmente foi nomeado em 1481, ano em que foi coroado D. João II, e antes pertenceria a sua Casa, vindo provavelmente da Casa do infante D. Henrique.
1.5.1. (Estêvão) Rodrigues da Mesquita, nascido cerca de 1455. Tendo em conta o testemunho de D.Beatriz de Magalhães, referido na introdução, segundo o qual Ana Rodrigues da Mesquita era «da casta dos Mesquitas he dos Rebellos he Meirelles», e, por outro lado, a recorrente informação genealógica de que Estêvão Pires da Mesquita casou com um Alda Nunes de Meirelles, o que se documenta falso, é possível que este filho de Rui Sobrinho da Mesquita se tenha chamado Estêvão Rodrigues da Mesquita e tenha ela casado com a dita Alda Nunes de Meirelles, motivando assim a confusão das genealogias. Esta Alda Nunes de Meirelles, ao contrário do que dizem essas genealogias, pela cronologia só podia ser neta de Nuno de Meirelles, dado como o 1º deste nome, portanto filha de um dos seus filhos, nomeadamente de Álvaro Nunes de Meirelles, do doutor Fernão Nunes de Meirelles ou de Rui Nunes de Meirelles. A Álvaro Nunes de Meirelles, escudeiro do conde de Marialva, doa D. Afonso V a 2.5.1444 os bens que pertenceram a Samuel a Boa, judeu, morador em Mogadoiro, que os perdeu por dívidas que tinha da dizima e primeira sisa dos panos que os moradores e vizinhos da comarca de Trás-os-Montes e de Entre-Douro-e-Minho trouxeram de Castela, no ano de 1438. E ao mesmo Álvaro Nunes de Meirelles, escudeiro, criado do conde de Marialva, doa o mesmo rei a 1.7.1451 vitaliciamente e para todos os seus sucessores, os bens que foram tomados a Pedro Vasques, almoxarife de Torre de Moncorvo. O doutor Fernão Nunes de Meirelles foi tabelião e escrivão da Câmara e almotaçaria do concelho de Montelongo, escrivão das sisas e órfãos do mesmo concelho, e tabelião do público, judicial e órfãos do couto de Moreira de Rei, cargos em que lhe sucedeu o filho, Cristóvão Rebello de Meirelles. Rui Nunes de Meireles casou com Leonor Gonçalves e viviam em S. Bartolomeu de Vila Flor quando seu filho Álvaro Rodrigues de Meireles tirou ordens sacras em Vila Flor a 18.9.1461. Aquele Nuno de Meirelles, dito o 1º do nome, que terá nascido cerca de 1370/80, dizem as genealogias mais avisadas que era filho do comendador João Rodrigues de Chacim, dizendo algumas que este era filho de Rui Nunes de Chacim. Pizarro («Linhagens Medievais») não refere este João Rodrigues, mas apenas dois filhos de Rui Nunes de Chacim, legitimado por carta real de 18.11.1265, entre eles Maria Rodrigues de Chacim, que foi amante do rei D. Dinis e depois mulher de Martim Fernandes Barreto. Ou seja, se aquele comendador João Rodrigues de Chacim fosse filho de Rui Nunes teria nascido o mais tardar em 1280, pelo que não podia cronologicamente ser pai de Nuno de Meirelles. Esse D. João de Chacim, como diz Alão, a existir teria de ser outro, muito mais tardio. Só quenão era pai de Nuno de Meirelles, mas sim seu avô materno, como proponho num estudo a pupblicar em breve. (Estêvão) Rodrigues da Mesquita teria sido pai de:
1.5.1.1. Rui Sobrinho da Mesquita, que Gaio diz ter casado com Ana de Almeida, filha de António da Costa Montalvão e sua mulher Isabel de Almeida. Segundo o mesmo autor, esta Ana de Almeida seria bisneta do Decepado, pelo que teria nascido nos finais do séc. XV. Com geração.
1.5.1.2. Francisco Sobrinho da Mesquita, que nasceu cerca de 1480 e casou com sua prima Genebra da Mesquita, filha de Cristóvão da Mesquita, referido adiante. Segundo Alão, foram pais de Jordão da Mesquita, falecido solteiro, e de Tomé da Mesquita, que casou com Luiza Saraiva, com geração.
1.5.1.3. Martim Sobrinho da Mesquita, que em 1518 e 1522 era almoxarife de Torre de Moncorvo.
1.5.1.4. Pedro Sobrinho da Mesquita, de quem há uma carta de 20.10.1549 em que ele dá conta ao rei de que não tem tido a remuneração da falta do ofício de juiz da Alfândega de Ormuz, sendo um homem velho, com muitos feitos, e estar há mais de 2 anos nesta esperança. A 23.8.1524 Pedro Sobrinho da Mesquita passou procuração a Luiz Dias, seu caseiro, para cobrar uma tença do almoxarife de Torre de Moncorvo. A 27.5.1529 D. João III mandou o almoxarife de Alenquer dar a Pedro Sobrinho da Mesquita 12.000 reais de sua tença. Este é certamente o Pedro Sobrinho da Mesquita que casou com Francisca Perestrello e viveram na quinta do Espanhol, em Santana da Carnota, no termo de Alenquer, sendo confrades de Merceana em 1530 e 1540, com seus filhos Manuel da Mesquita e Jerónima Perestrello. Nesta quinta do Espanhol viviam então outros Perestrello, nomeadamente António Perestrello, sua mulher Violante Nunes e seus filhos (Mécia), Violante, Bartolomeu e João Perestrello, além de Rafael Perestrello e de João Lopes Perestrello. Bem assim como uma Antónia Perestrello, filha de Leonor Perrestrello, sendo que também aí vivia um Gil Vicente da Maia, filho de Mem Pegado. Ora, aquele João Lopes Perestrello a 6.6.1488 teve carta de privilégio de fidalgo e a 4.10.1501, sendo cavaleiro da Casa do rei, deu procuração bastante a Afonso Leitão, seu genro, para administrar todos os seus bens pelo tempo de 9 anos. Ora, dizem as genealogias que viveu em Torres Vedras e foi servidor da toalha de D. João II, que de facto lhe fez mercê de 100.000 reais de tença por carta de 3.1.1488. E de sua mulher Filipa Lourenço teve vários filhos, nomeadamente Rafael Perestrello, que instituiu um morgadio no termo de Torres Vedras, Leonor Perestrelo, que casou com Gil Vicente da Maia, e António Perestrello, que acabou por suceder no dito morgadio e foi tesoureiro da Casa Real. A 2.12.1523 António Perestrello, recebedor do tesouro da Casa Real, declarou que recebeu de Gonçalo de Távora, recebedor dos portos da Beira, 150.000 reais, em parte do assentamento do ano de 1523. Há vários deste recibos até 20.9.1525, data de uma provisão para o tesoureiro do rei, António Perestrello, dar ao porteiro da câmara, Francisco Nunes, 1.728 reais de sua vestiaria. Portanto, a Francisca Perestrello casada com Pedro Sobrinho da Mesquita é certamente irmã deste António Perestrelo e filha de João Lopes Perestrello.
1.5.1.5. Maria Sobrinho da Mesquita, nascida cerca de 1483, que casou com Francisco Rebello, segundo a carta de armas do neto. Em alternativa ao que ficou dito acima, podia ser este Francisco Rebello a ter ascendência Meirelles. Neste caso, seria neto do doutor Fernão Nunes de Meirelles e de sua mulher Maria Rebello, filha de João Álvares de Rebello, senhor da quintã de Golães, vassalo da Casa Real, a quem D. Afonso V a 28.4.1452 nomeia para o cargo de escrivão das sisas régias de Montelongo, Moreira de Rei e da terra de Cipães (cargos em que sucedeu o genro). Antes, foi coudel das terras de Gonçalo Pereira, cargo em que foi substituído a 30.9.1445. Maria Rebello era, portanto, irmã de Pedro Rebello, que a 23.3.1448 tirou ordens menores em Braga [14], como filho de João Álvares Rebello e sua mulher Aldonça Gonçalves, moradores em Golães. Esta hipótese tem por si o facto Miguel Sobrinho da Mesquita dizer que sua mãe vinha dos «Rabellos que são pessoas muito honrradas em esta vila de Guimarães», referindo-se certamente ao avô, Francisco Rebello, e o dito doutor Fernão Nunes de Meirelles ter vivido em Guimarães. Se bem que podia acontecer que este Francisco Rebello e sua mulher Maria Sobrinho da Mesquita fossem primos, ou ambos netos do doutor Fernão Nunes de Meirelles ou ele neto deste e ela neta de um seu irmão.
1.5.1.5.1. Ana Rodrigues da Mesquita, nascida cerca de 1500, que casou com João Lopes, já falecido em 1556, largamento referido na introdução, que seria filho de um Lopo (de Araújo?) e de sua mulher Violante Machado. Ana Rodrigues da Mesquita e seu marido João Lopes viveram «em hua casa no casall de Porto de Lobo», em S. Salvador de Briteiros, e ele foi, como diz o próprio filho, «homem horrado he de bom viver he limpo he de casta geração de homens honrrados, escudeiros de geração, he cavaleiros feitos, he per tall avido he conhiçido».
1.5.1.5.1.1. vários filhos e filhas, segundo o testemunho do irmão.
1.5.1.5.1.2 Miguel Sobrinho da Mesquita (ou Mesquita Sobrinho, como também se documenta), nascido cerca 1528 em S. Salvador de Briteiros (Guimarães), já referido na introdução, que fez justificação de nobreza a 25.11.1556 para ter o grau de cavaleiro, que ganhara no norte de África, sendo depois mais de 20 anos capitão de Infantaria e a 21.9.1604 nomeado capitão-mor de Mondim de Basto. Foi o 1º senhor da casa de S. Romão do Corgo e fidalgo de cota de armas (2.9.1585) para Mesquita, Rebello, Sobrinho e Machado. Com geração.
2. Estêvão Pires (da Mesquita), nascido cerca de 1400 e falecido depois de 1462, vivendo nesta data em Vila Flor. Segundo a hipótese que ficou defendida na introdução, foi legitimado por carta real de 17.11.1433 e esteve com seus irmãos no desastre de Tânger (1437), sendo muito provavelmente escudeiro da Casa do infante D. Henrique. Gaio diz que foi senhor do couto e torre de Vilar de Maçada, o que duvido. Alão, que não lhe dá este senhorio, diz que Estêvão Pires de Mesquita ou da Mesquita casou com Alda Nunes de Meirelles, filha de D. João de Chacim, senhor de Chacim e comendador da Ordem de Cristo, acrescentando Gaio que se trata de João Rodrigues de Chacim, filho de Rui Nunes de Chacim e neto de Nuno Martins de Chacim. Além de Estêvão Pires da Mesquita não ter casado com esta Alda Nunes, tudo isto é um evidente anacronismo, como já ficou dito. A verdade é que Estêvão Pires casou com uma Beatriz Vaz e viveram em Vila Flor. Como se diz na matrícula do filho em Braga, «Esteuom Pirez da Mezquita e de sua molher Beatriz Vaaz moradores na freeguesia de Villa Frol».
2.1. Inez (Esteves) da Mesquita, nascida cerca de 1421. Segue no nº 3.
2.2. Lopo Esteves da Mesquita, nascido cerca de 1423, que tirou em Braga [15] ordens menores a 30.5.1461 e de epístola a 18.12.1462. Foi portanto clérigo, mas já depois de viúvo, pois a 7.6.1449 seu filho Fernão tirou ordens menores em Braga, sendo dito «filho de Lopo Esteuez da Misquita e de sua molher Catellina Vasques». Sobre este Lopo Esteves, Alão diz que foi criado do conde de Vila Real e seu ouvidor e que comprou Lamas de Orelhão a Fernão Coutinho, senhor de Basto. Acrescenta este autor setecentista que Lopo Esteves vendeu depois Lamas de Orelhão ao conde de Vila Real, que obteve a respectiva jurisdição. Mas foi o contrário: Lopo Esteves da Mesquita é que vendeu Lamas de Orelhão a Fernão Coutinho, que este vendeu ao conde de Vila Real, pois a 7.7.1472 D. Afonso V doa a D. Pedro de Meneses, conde de Vila Real, capitão, regedor e governador da cidade de Ceuta, alcaide-mor do castelo da vila de Leiria, a vila de Lamas de Orelhão e seu termo, com todas as rendas, direitos, jurisdição do cível e crime, reservando o monarca a correição e a alçada, da mesma forma que a tivera Fernão Coutinho, do seu Conselho, e seu filho Gonçalo Vasques Coutinho, que a compraram a Lopo Esteves da Mesquita e a venderam a D. Pedro de Meneses sem licença régia. Esta carta, que está parcialmente danificada e ilegível, refere um instrumento público de 1.7.1462 e uma carta de venda de 8.2.1472. Lopo Esteves da Mesquita casou, como se documenta, com Catarina Vaz, a quem Alão chama Catarina Vaz Coutinho e não filia. Se o nome Coutinho tem algum fundamento, então julgo que terá havido confusão e se chamava Catarina Vaz Moutinho, sendo filha de Vasco Afonso Moutinho, morador em Vila Real, onde a 20.11.1429 teve autorização real para fazer o convento de S. Domingos. É o Vasco Afonso Moutinho, morador em Vila Real, a quem a 4.8.1445 D. Afonso V privilegia, a pedido de Vasco Martins de Resende, fidalgo da sua Casa, concedendo-lhe aposentação como vassalo. Esta Catarina Vaz seria assim irmã do Dinis Vaz Moutinho casado adiante com Violante Martins da Mesquita, sobrinha deste Lopo Esteves.
1.1.1. Fernão Lopes da Mesquita, nascido em Vila Real (S. Dinis) cerca de 1441, que tirou ordens menores em Braga [16] a 7.6.1449.
1.1.2.Frei João (Lopes) da Mesquita, cavaleiro da Ordem dos Hospitalários (depois Malta), que terá nascido cerca de 1442/5. Gaio diz que viveu em Murça.
1.1.3. Tomé da Mesquita, segundo Alão, sem mais notícia, pelo que terá falecido novo, sem geração.
1.1.4. ?Pedro Lopes de Mesquita, que a 6.5.1519 recebeu 157.747 reais do almoxarife da Alfândega de Vila do Conde, como procurador de Diogo de Paz, morador na cidade do Porto
3. Inez (Esteves) da Mesquita, nascida cerca de 1421, que viveu em Vila Flor, onde faleceu depois de 1471, tendo certamente herdado a casa de seus pais, dado seu irmão não ter filhos com geração. Casou cerca de 1436 com Martim Gonçalves (Pimentel), escudeiro, criado do duque de Bragança, que foi escrivão das sisas de Vila Flor a 19.4.1454 e faleceu antes de 31.5.1481, data em que, por sua morte, é substituído no cargo por Martinho Anes do Benlhevai. Antes, talvez pela idade, renunciou ao cargo por instrumento público de 19.1.1479 em seu filho Luiz Pimentel, que para tanto teve autorização real de 19.2.1481. É possível que estes Martim Gonçalves, que se documenta sempre só assim, tenha casado uma 1ª vez, pois logo a seguir à matricula em ordens menores de seu filho Lopo Martins aparece um Martim Gonçalves, filho de Martim Gonçalves e sua mulher Mécia Rodrigues, da freguesia de Vila Flor, sendo que o nome de Mécia Rodrigues está escrito por cima do nome riscado de Inez da Mesquita. Como já ficou referido na introdução, ao que tudo indica Martim Gonçalves era filho natural, não legitimado, de Frei Álvaro Gonçalves Pimentel, comendador da Ordem de Avis, que por sua vez era filho de Gonçalo Anes Pimentel e neto do mestre da Ordem de Avis João Rodrigues Pimentel.
3.1. Lopo Martins da Mesquita, nascido cerca de 1435. Segue no nº 4.
3.2. Álvaro Martins da Mesquita, nascido cerca de 1436, que tirou ordens menores em Braga [17] a 23.9.1452, sendo referido apenas como Álvaro Martins, filho de «Martim Gonçaluez de Villa Frrol e de sua molher Ines da Misquita, da frreiguesia de Sam Bertolomeu de Villa Froll». Gaio, que lhe chama só Álvaro da Mesquita, diz ter morrido na conquista de Alcácer Ceguer, portanto em 1458, teria 22 anos de idade. Alão apenas diz que casou com Isabel Simões, natural do Algarve, embora pareça mais que o filho que lhe atribui tenha resultado de uma curta amizade algarvia, havida enquanto aguardava passagem para Alcácer Ceguer.
3.2.1. Jorge da Mesquita, nascido cerca de 1458, que Alão diz ter casado com Isabel de Lemos, filha de Fernão de Lemos, c.g., conforme mais detalhadamente digo em Origens, no meu trabalho sobre a Casa da Trofa.
3.2. Luiz Pimentel (ou Luiz Martins da Mesquita), nascido cerca de 1437 em Vila Flor, que brevemente substituiu o pai como escrivão das sisas desta vila, de 1479 a 1481, como ficou dito, e depois definitivamente por carta de de 1.4.1484, sendo então chamado Luiz Pimentel. Tirou ordens menores com seu irmão Álvaro a 23.9.1452, mas sendo referido depois dele e apenas como Luiz Martins. Alão chamam-lhe de facto Luiz Martins da Mesquita, nome que deve ter começado por usar. É certamente o Luiz da Mesquita a quem a 8.4.1468 D. Afonso V perdoa a tomada da nau de Stª Clara do Porto, na cidade de Ceuta, que pertencia a Martinho Afonso, mestre da dita nau, e o quebramento do dito porto, contanto que entregue a nau com as suas mercadorias. Teria então cerca de 31 anos de idade e certamente servia em Ceuta. Ainda segundo Alão, casou com Maria Lourenço, filha de Álvaro Pires, escudeiro da condessa de Faro. Acrescenta Gaio que esta Maria Lourenço casou depois com Fernão Lobo, certamente o homónimo, escudeiro, morador em Vila Real, que a 6.7.1473 substituiu Lopo Martins da Mesquita, que morrera, como coudel de Vila Real, por apresentação do conde de Vila Real. Este Fernão Lobo à primeira vista parece ser o filho de Pedro Barbosa e de sua mulher Leonor Lobo. Mas não pode ser, pois Pedro Barbosa tirou ordens menores em Chaves [18] a 29.6.1461, onde vem como filho de Fernão Gonçalves Barbosa e Leonor Vaz, moradores em Quintiães (Paço de Aborim). E não se pode pensar, como já me ocorreu, que se ordenou depois de precocemente viúvo, tirando portanto ordens menores com cerca de 50 anos, pois seu irmão Álvaro Fernandes tirou ordens menores a 19.5.1451. Por outro lado, sua mãe Leonor Vaz é filha de Vasco Afonso Malheiro, senhor da torre de Refoios, que era meio-irmão (de um 1º casamento do pai com Ana Furtado) do Álvaro Dias Malheiro que a 18.9.1456 tirou ordens menores em Braga [19], como filho de Diogo Afonso Malheiro e sua mulher Constança Afonso, moradores em Ponte de Lima. Pelo que o Fernão Lobo que foi coudel de Vila Real em 1473 e casou com a viúva de Luiz Pimentel ou da Mesquita devia era ser não o filho mas um irmão da Leonor Lopo que casou com Pedro Barbosa. A propósito, e ao contrário do que julga, terão sido estes Malheiro a construir a torre de Refoios na 1ª metade do séc. XV. Provavelmente construiu-a Vasco Afonso Malheiro, escudeiro da casa do infante D. Pedro, nas terras que a 30.7.1446 recebeu de D. Afonso V, que lhe doa os bens de raiz que Gonçalo Afonso, cónego de Refojos do Lima, comprara sem licença régia por 2.000 reais de prata a Vasco Rodrigues, morador em Ponte de Lima. A 28.2.1444 Vasco Malheiro foi substituído por seu irmão Pedro Afonso Malheiro, morador em Ponte de Lima, no cargo de coudel desse lugar, por cinco anos. Pedro Afonso Malheiro foi depois juiz da alfândega da vila de Viana de Caminha, cargo a que renunciou, como se diz quando a 11.4.1450 o rei nomeia um Pedro Gonçalves em sua substituição. A 30.9.1450 já este Pedro Afonso Malheiro aparece como escudeiro da Casa Real e recebedor do pedido e meio do almoxarifado da vila de Ponte de Lima, onde era morador, quando D. Afonso V lhe faz quitação da verba de 690.449 pretos, relativa ao ano de 1442, período durante o qual recebera as rendas do pedido e meio do dito almoxarifado, conforme apresentação do relatório de receitas e despesas. Vasco, Pedro e Lopo (dias) Malheiro eram filhos de Diogo Afonso Malheiro, que a 16.4.1439 teve carta de privilégio de vassalo para a correição de Entre-Douro-e-Minho e a 23.12.1444 aparece como escudeiro e contador na vila de Ponte de Lima quando, a seu pedido, D. Afonso V perdoa o degredo a Maria Gonçalves, por ser ama de leite de seu filho. Foi depois vedor dos vassalos da vila de Ponte de Lima e seu termo, cargo que fora destituído por ordenação régia, conforme se diz quando a 25.6.1450 foi nomeado o seu substituto Fernão Velho, cavaleiro da Casa Real. Não sei porque razão foi destituído, mas continuou como contador dos almoxarifados de Guimarães e Ponte de Lima, cargo que exercia a 20.9.1450 (pelo menos desde 1445), quando o rei lhe faz quitação de tudo o que despendeu e recebeu relativo aos anos de 1445 a 1448, de tudo o que recebeu das rendas, direitos e pedidos dos ditos almoxarifados, conforme apresentação do relatório de receitas e despesas. A 27.1.1435 exercia o cargo de recebedor do almoxarifado de Ponte de Lima, aparecendo também como Diogo Afonso Malho, vassalo do rei e recebedor do almoxarifado de Ponte de Lima, quando a 7.5.1435 D. Duarte lhe confirma uma carta real de 9.12.1434, assinada pelo escrivão Martim Gonçalves, por Lourenço Anes Riconado, contador de Ponte de Lima, e Lopo Rodrigues, almoxarife da dita vila. Nesta carta Diogo Afonso diz que tem duas meias casas na rua da Sapataria, em Ponte de Lima, e outra meia casa numa rua junto, que tivera por compra ao testamenteiro de Fernão Rodrigues, escudeiro. Pretendia Diogo Afonso escambar uma destas meias casas com a meia casa que tinha Fernando Anes Madriz, que acordava nesta troca, o que tudo se fez. Este uso do nome Malho de alguma forma documenta o que dizem as genealogias, segundo as quais este Malheiro eram inicialmente Malho e descendiam do Estêvão Malho de que fala o conde D. Pedro. Aquele Fernão Lobo, portanto, não era filho mas sim irmão da dita Leonor Lobo. Segundo algumas genealogias, Leonor Lobo era filha de Fernão Lourenço da Nóbrega e de sua mulher Maria Lobo, dama da duquesa de Bragança D. Isabel (nascida em 1459), o que parece tardio para ser mãe de Fernão Lobo, já coudel e casado em 1473, salvo se esta Maria Lobo fosse não dama mas ama da dita infanta. De Fernão Lourenço da Nóbrega não tenho notícia, salvo se se trata do Fernão Lopes da Nóbrega (erro de leitura da abreviatura de Lopes pela de Lourenço), cavaleiro da Casa Real, a quem a 8.4.1475 D. Afonso V doa uma tença anual de 6.000 reais de prata. De sua mulher Maria Lobo, dizem algumas genealogias que foi filha de Martim Lopes Lobo, irmão do senhor de Alvito Diogo Lopes Lobo. Mas este Martim nasceu cerca de 1364, o que parece demasiado tardio para ter uma filha nascida cerca de 1430. Muito mais provavelmente, esta Maria Lobo seria uma das filhas mais novas de Martim Gomes Lobo, nascido cerca de 1480, que justamente foi ouvidor de todas as terras do 1º duque de Bragança (1419), o que justifica a ligação de Maria Lobo a esta Casa.
3.3.1. Diogo da Mesquita, nascido cerca de 1459, que as genealogias não referem, mas que, pelo que se diz adiante sobre seu primo Fernão da Mesquita, é certamente o cónego da Colegiada de Guimarães que com ele aí instituiu morgadio numa capela que lhe deu o duque de Bragança D.Fernando, necessariamente o 3º duque, nascido em 1430 e falecido em 1483. O que significa que este Diogo da Mesquita teria cerca de 34 anos quando o duque morreu, pelo que, além de cónego, era certamente seu criado e recebeu a dita capela em testamento ou pouco antes da morte do duque. E foi este cónego, afinal o herdeiro da representação da família, que certamente levou um ramo dela a fixar-se em Guimarães.
3.3.2. Beatriz da Mesquita, nascida cerca de 1460, sobre quem há alguma confusão com a homónima filha de Pedro Martins da Mesquita, da quinta do Corgo. Gaio diz que casou com o contador do Porto João Brandão [20] , de quem foi 1ª mulher e de quem teve pelo menos uma filha, Isabel Brandão, nascida cerca 1485, que casou com João Sanches, juiz (1486, 93, 98, 1505 e 10) e vereador (1481 e 1485) do Porto. João Brandão esteve na batalha de Alfarrobeira por D. Afonso V (era então escudeiro da Casa Real e recebeu a 15.7.1450 bens de indivíduos que os perderam por ter estado nessa batalha pelo lado do infante D. Pedro) e foi tesoureiro e recebedor da Moeda (1464) e depois contador do Porto (1472), cidade onde faleceu velho em 1501, estando sepultado em belo túmulo armoriado na igreja de S. Francisco. Já como cavaleiro da Casa Real e tesoureiro da Moeda do Porto, João Brandão recebeu a 11.6.1469 de D. Afonso V a administração de uma capela na igreja de Sela, terra de Santa Maria, bem como as suas terras e rendas. A 1.1.1466 o mesmo rei confirma-lhe o aforamento de umas casas na rua Formosa, na cidade do Porto, por 55 libras da moeda antiga, com determinadas condições, entre as quais o melhoramento do edifício. João Brandão era filho de Álvaro Gonçalves Brandão, pajem de lança de D. João I, e de sua primeira mulher Maria Pinto, e bisneto paterno de Gonçalo Lopes Brandão, certamente o Gonçalo Brandão a quem D. Domingos Geraldes Brandão deixa, no seu testamento de 29.10.1381, o lugar de Bonjardim, no Porto, como diz Alão. Aquele Álvaro Gonçalves Brandão, sendo referido como criado do rei D. Duarte e morador em Sanfins, teve de D. Afonso V a 9.9.1439 carta de privilégio para todos os seus caseiros, lavradores, mordomos e apaniguados da comarca e correição da Beira. Voltando a Beatriz da Mesquita, julgo que já tinha casado a 1º vez com João de Figueiroa [21] , o Velho, do Porto, de quem foi 2ª mulher. As genealogias não referem o nome desta mulher de João de Figueiroa, dizendo apenas que ele casou em Guimarães, sendo que teve uma filha chamada Beatriz da Mesquita. Ora, por essa altura (cerca de 1475/80) só uma irmã do cónego Diogo de Mesquita aí viveria (com ele) nesta condições e sendo Mesquita. E seria justamente esta Beatriz (também o nome da filha), que assim terá casado a 1ª vez cerca de 1475/80 com João de Figueiroa, já viúvo, e depois casou 2ª vez, cerca de 1485, com João Brandão, de quem foi 1ª mulher e de quem teve uma filha. João de Figueiroa era filho de Afonso de Figueiroa, cidadão do Porto, e neto de Martim de Figueiroa, mestre do barinel “Rosto Formoso”, que jaz em S. Francisco do Porto, na capela de Nª Sª da Esperança. Com geração de seu 1º marido num ramo [22] dos Figueiroa do Porto, onde alguns usaram Figueiroa da Mesquita ou só Mesquita, e de seu 2º marido com geração nos Brandão Sanches, também uma família dominante no Porto do séc. XVI.
3.3.3. Martim (Anes) da Mesquita, nascido cerca de 1461, que Gaio chama apenas Martim da Mesquita e Alão chama Martim Anes da Mesquita. Não o consegui documentar, mas se foi Martim Anes duvido que tenha sido filho de Luiz Pimental ou da Mesquita, sendo neste caso muito provável que fosse filho (natural) de Frei João (Lopes) da Mesquita, referido acima, pois é demasiado rebuscado dizer que foi buscar o patronímico Anes a seus propostos trisavô ou tios-bisavós. Segundo Alão, Martim Anes da Mesquita casou com Filipa de Magalhães, filha de Paio Rodrigues de Magalhães (vide Ensaio sobre a origem dos Magalhães).
3.3.4. Inez da Mesquita, segundo Alão, que diz ter casado com Mossen Espilha, fidalgo de Barcelona, e não terem tido filhos, pelo que instituiu um morgadio em Barcelona que deixou a seu sobrinho Paio Rodrigues da Mesquita, filho de Martim (Anes) da Mesquita, referido acima.
3.4. Diogo da Mesquita, nascido cerca 1439, que a 25.5.1462 foi nomeado por D. Afonso V para o cargo de porteiro das sisas da vila de Bragança. As genealogias não dão nenhum filho Diogo a Inez Esteves, mas a cronologia obriga a que fosse dela o Diogo que Alão atribui a seu irmão Lopo Esteves. Este autor diz apenas que este Diogo casou em Vila Real, referindo depois em nota que a mulher se chamou Guiomar Borges. Mas há aqui engano evidente, tanto mais que adiante dá um Diogo da Mesquita, filho de Lopo Martins, como tendo casado com Isabel Botelho, filha de Afonso Botelho e Tereza Corrêa. Ora, estes Botelho e Tereza Corrêa casaram em Guimarães em 1441, pelo que a filha terá casado com este Diogo e não com seu sobrinho, que no mínimo era 20 anos mais novo do que sua alegada mulher. De resto, documenta-se um Diogo da Mesquita, escudeiro, que vivia no Porto, casado com Inez Borges, quando a 27.6.1496 a mesa abacial de Paço de Sousa fez a ambos o prazo do casal de Fafiães [26] . E este é que devia ser o filho de Lopo Martins, já que cronologicamente não podia ser o neto ou bisneto, como também dizem. Alão diz que o Diogo da Mesquita em epígrafe casou 2ª vez com Joana de Azevedo, sendo esta filha de Diogo de Azevedo, de Sabrosa. Já Gaio diz que esta Joana de Azevedo era filha de Vasco Pereira de Sampaio e de sua mulher Joana de Azevedo, sendo esta já viúva de Lopo Martins da Mesquita (de quem foi 2ª mulher), portanto irmão deste Diogo da Mesquita, e filha do dito Diogo de Azevedo, de Sabrosa. Mas não é aceitável que este Diogo tivesse casado com uma filha do 2º casamento da viúva de seu irmão, de quem já era 2ª mulher, e muito menos com a própria viúva, a quem só se atribui um 2º casamento, com o dito Vasco Pereira de Sampaio. Ora, como Alão confunde os dois Diogo da Mesquita, tio e sobrinho, este 2º casamento com Joana de Azevedo deve pertencer ao sobrinho, que assim era necessariamente filho do 1º casamento de Lopo Martins. Acresce que, como explico em «Ascendências Visienses», não é crível que Afonso Botelho e Tereza Corrêa tivessem tido duas filhas chamadas Isabel Botelho. Logo, esta é a Isabel Botelho Corrêa, nascida em 1442, que casou com João Afonso de Proença, alcaide-mor e senhor dos dízimos de Mondim da Beira, de quem teve quatro filhos, o último dos quais foi Aires Botelho, contador da comarca da Beira e meirinho da corte, nascido cerca de 1469. Assim, Isabel Botelho Corrêa terá casado 2ª vez depois desta data com o Diogo da Mesquita em epígrafe, de quem terá tido mais oito filhos, o último dos quais nascido cerca de 1480/2, tinha Isabel Botelho Corrêa cerca de 38 a 40 anos de idade.
3.4.1. Francisco da Mesquita, nascido cerca de 1471, que Alão erradamente dá como neto de Lopo Martins, como vimos. Diz este autor que foi criado do 1º marquês de Vila Real (que nasceu cerca de 1435 e morreu em 1499), e que morreu na Índia, sem geração. Talvez o homónimo que teve foro de escudeiro fidalgo da Casa Real (Ementas, 7, 65) e uma tença (ib, 3, 97).
3.4.2. Luiz da Mesquita, que Alão diz também que morreu na Índia, sem geração.
3.4.3. João Corrêa da Mesquita, que Alão diz também que morreu na Índia. Julgo ser este o João Corrêa (da Mesquita ou Botelho) que foi senhor da quinta de Arnoza, em S. João do Barreiro (Besteiros - Tondela), onde terá casado, e que foi pai da D. Lucrécia Corrêa que casou com Gonçalo Lobo, de Vila Real, filho de Fernão Lobo e neto paterno de Pedro Barbosa, do paço de Aborim. Daquela D. Lucrécia e seu marido foi filha herdeira D. Maria Corrêa Botelho, que casou cerca de 1535 com Manuel de Azevedo, comendador de S. Julião de Lobão (Besteiros) na Ordem de Cristo, cavaleiro fidalgo da Casa Real, 1º morgado de S. Sebastião de Besteiros ou casa do Quintal, etc., com geração.
3.4.4. Pedro da Mesquita Botelho, nascido cerca de 1474, criado do marquês de Vila Real, com quem foi para Ceuta, segundo Alão, que diz aí ter casado com Guiomar Teixeira, filha de Martim Teixeira, aí escrivão dos órfãos, com geração. Julgo que este não era Martim mas sim o Garfim Teixeira, escudeiro da Casa Real, que a 8.12.1472 D. Afonso V nomeia para o cargo de almoxarife na vila de Arzila, exercendo da mesma forma como os almoxarifes das cidades de Ceuta e de Tânger, e que já a 12.3.1466 fora nomeado para o cargo de aposentador em Alcácer, em substituição de João da Mata, que morrera.
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RE: A Árvore de supermercado e o podador genealógico
Caro Ricardo Charters:
Constato a facilidade com que abandona o que Gaio diz em Magalhães sem nada provar em contrário. O mesmo Gaio que lhe serve para filiar Lopo Rodrigues, mesmo que Gaio fale nas dúvidas que se levantaram em semelhante filiação, já não lhe serve para construir a sua "árvorezinha" de Lego.
Não vale a pena tratar do século XIV se não se consegue demonstrar o XV.
Essencial na tese Figueiró é construir uma árvore a partir de Fernão de Magalhães, o velho, indicando os filhos e netos que teve, apoiados numa cronologia proposta e assente em documentação.
Não o quer fazer ? E, se não o quer fazer, para quê dedicar-se a podas genealógicas nas árvores que os outros fizeram ?
Nos Magalhães abandona Gaio, o "Guru da lenda Figueiró" e nos Mesquitas apoia-se no confrade Soveral ???? Não o entendo !!!! Mas então não há investigação !!! Vai-se buscar emprestado ao site Soveral....
Nos Magalhães é necessário apresentar a descendência documentada de Fernão de Magalhães, o velho.
Nos Mesquitas a descendência do avô materno de Fernão de Magalhães, o navegador. Para perceber quem eram os seus primos Mesquitas,
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: A poda em genealogia
Caro confrade:
Constato com espanto que na tese "Figueiró" Rui de Magalhães (dito alcaide de Aveiro) casou antes de 1450 !!!! Como chegam a essa conclusão ? Também é pelo Gaio ? Ou foi para o fazer irmão do putativo pai (na tese Figueiró) arranjado para o Lopo Rodrigues.
Não quer construir uma árvore partindo de Fernão de Magalhães, o velho (putativo avô do navegador na tese Figueiró), indicando todos os seu filhos e netos com as inevitáveis referências cronológicas. Ficaríamos a saber quem eram os primo co-irmãos na citada tese.
Já não lhe peço provas. Porque já vi que para si o Gaio só serve quando convém. Queria analisar a cronologia proposta. Nascimento, casamento e morte, para Fernão de Magalhães, o velho, seus filhos e netos.
Cumprimentos,
António Taveira
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Agora é a minha vez de dizer: “abrenuncio” !!!!
Caro confrade António Taveira
Essa sua suposta regra de alguém em Portugal, uma vez identificado à nascença com um dado apelido, ter de, necessariamente, o utilizar em exclusivo (e só a esse apelido) durante todo o resto da sua vida, tem inúmeras excepções. Por exemplo no trabalho “on line” de Manuel Abranches de Soveral, intitulado “Ensaio sobre a Origem dos Mesquitas”, que anteriormente introduzi no fórum, refere-se, naquele que deveria ser o item 3.3 mas que, erradamente, se referencia por 3.2, um indivíduo “Luiz Pimentel (ou Luiz Martins da Mesquita), nascido cerca de 1437 em Vila Flor, que brevemente substituiu o pai como escrivão das sisas desta vila, de 1479 a 1481, como ficou dito, e depois definitivamente por carta de de 1.4.1484, sendo então chamado Luiz Pimentel. Tirou ordens menores com seu irmão Álvaro a 23.9.1452, mas sendo referido depois dele e apenas como Luiz Martins. Alão chamam-lhe de facto Luiz Martins da Mesquita, nome que deve ter começado por usar. É certamente o Luiz da Mesquita a quem a 8.4.1468 D. Afonso V perdoa a tomada da nau de Stª Clara do Porto, na cidade de Ceuta, que pertencia a Martinho Afonso, mestre da dita nau, e o quebramento do dito porto, contanto que entregue a nau com as suas mercadorias”. Portanto, neste caso, um mesmo individuo é tratado, em documentos oficiais e por genealogistas, COM TRÊS NOMES DIFERENTES: LUIZ PIMENTEL, LUIZ MARTINS E LUIZ MARTINS DA MESQUITA!
E, para azar o seu, é o seu grande “amigo” Alão que o trata por Luiz Martins da Mesquita! Aliás esse seu amigo “Alão” que você diz que teria uma avó contemporânea do navegador e que seria essa avó o “espirito santo de orelha” do Alão (essa avó já previa, ou melhor, “subentendia”, que um dia viria a ter um descendente, de nome Cristóvão Alão de Morais, que se iria dedicar à genealogia e, por precaução, começou a coligir uns apontamentos da “malta” da sua geração para deixar para uso futuro do neto Cristóvão). Com “amigos” como o Alão, o caro confrade não precisa de “inimigos”!
Mas, espante-se, no que se refere ao navegador, essa avó andou “distraída” pois o que Alão diz sobre o navegador é o que se segue:
1) No Tomo I, Volume I, páginas 137 e 138, em «Título de Cãos e Nóbregas», diz que "André Afonso Cão casou com Genebra de Magalhães, filha de Gil de Magalhães e irmã de Fernão de Magalhães, o que descobriu o estreito".
2) No Tomo I, volume II, página 596, em «Mesquitas», diz, quando fala em Aldonça de Mesquita casada com Ruy de Magalhães, Alcaide-Mor de Aveiro: "que dizem alguns foi pai de Fernão de Magalhães, o de Maluco, que descobriu o Estreito, posto que outros afirmam que Fernão de Magalhães era filho de uma irmã de Fernão de Magalhães, senhor do couto de Briteiros, e de um N. de Mesquita, e isto dizia Ruy Pereira de Sampaio, que o ouvira a sua mãe que era neta de Farnão de Magalhães, senhor do couto de Briteiros, e como tal o podia saber".
(nota minha: e isto escrito, repito, no título de Mesquitas...onde não se sabia quem era aquele N. de Mesquita...)
O caro confrade Taveira tem de arranjar uma avó melhor para o Alão que, com esta, ele não se “safou”. Pelos vistos as “avós” (ambas de nome Branca, o que já é um bom principio para quem pretende “clarificação”) dos Mattos e Silva, que eram mesmo da família Magalhães (uma da Barca e outra de Figueiró) “enviaram” mensagens mais correctas aos netos, pois também “subentendiam” (teriam melhor pituitária do que a avó do Alão?) que um dia estes iriam conseguir descobrir, finalmente, o mistério do navegador. A da Barca ter-lhes-à dito que o que o 4.º Senhor da Barca havia dito nas “provanças” não estava certo e a de Figueiró disse-lhes que tinha jogado ao peão com o navegador e, assim, eles conseguiram chegar às conclusões certas.
Voltando ao “casandose en ella” você não leu o que o Manso de Lima e o Cândido Teixeira escreveram sobre a Isabel de Magalhães, do ramo de Figueiró. É que ela em 1519 (data do testamento de Sevilha) não só já tinha casado (senão teria ficado para tia, pois já teria perto de 40 anos de idade) como, segundo Manso de Lima, até já enviuvara, em 1510, do seu primeiro marido Fernão Pires de Figueiró (do qual teve descendência) e já estaria novamente casada, agora com o seu segundo marido João Gomes de Vide, Alcaide-Mor de Penela, de quem também teve geração.
Seria o navegador tão maquiavélico que obrigasse a sua irmã Isabel a “matar” o seu marido para que, então novamente viúva embora já próximo da menopausa, pudesse ir para Espanha à “caça” dum marido, de modo a poder receber a sua herança? E, seguramente, esse casamento nunca seria “desinteressado” pois ela, com aquela idade, teria de andar pelas ruas de Sevilha a acenar com a hipótese de ficar rica, para tentar arranjar alguém que se dispuzesse a casar consigo! Grande prova de amizade que o navegador daria a sua irmã Isabel ao obrigá-la, querendo ficar rica, a “engolir um sapo” destes.
Boa tese a sua, uma vez mais.
O caro confrade Taveira disse (ou melhor escreveu), em tempos, que era muito estranho, nenhum dos descendentes do ramo de Figueiró se jactar de ser descendente do navegador. Nada mais errado. Se vir a publicação “Description des octants et sectants anglois ou quarts de cercle à refection...” do célebre cientista João Jacinto de Magalhães (o qual era 5.º neto de Diogo de Magalhães), nascido a 04/11/1722, publicada em 1775, numa Nota C da mesma, este cientista afirma, sobre o navegador Fernão de Magalhães: “il était Portuguais, de la même famille de l’ Auteur de cette Mémoire, étant frére puinê de Jacques de Magalhaens, son cinquiéme aïeull...”. Ora acontece que João Jacinto de Magalhães era filho de Joana Lourenço Soares e de Clemente Magalhães Leitão, o qual era o quarto filho de Isabel Costa Leitão e de João de Magalhães, sendo que este era o filho mais novo de Maria Ferreira da Costa e de Jacinto de Magalhães, o qual era filho de Maria Seabra e de Manuel de Magalhães que era, por sua vez, filho de Isabel Leitão a qual foi a segunda mulher de Baltazar de Magalhães, filho de Isabel Gomes de Vide e do Diogo de Magalhães irmão do navegador. Assim, efectivamente, o referido cientista é 5.º neto do Diogo de Magalhães, irmão do navegador.
Como sabe o nome francês “Jacques” tem a tradução habitual, em português, nos nomes Tiago, Diogo e Jaime (consulte, por exemplo, a Wikipédia sobre a origem do nome Diogo) pelo que uma figura com a relevância intelectual deste notável cientista, poucas dúvidas podem deixar. É curioso que ao referir que o Fernão é o irmão “puiné” do Diogo, o Jacinto está a dizer que o Diogo era mais velho do que o Fernão, o que é perfeitamente possível.
Precisa de mais alguma confirmação da tese de Figueiró? Aliás o caro confrade Taveira insiste em apelidar tudo, de “tese de Figueiró” quando esta, simplesmente diz: “o navegador foi o filho de Lopo Rodrigues de Magalhães e de Margarida Nunes”! E mais não diz, pelo que todos os outros “faits divers” que você “debita” nada têm a ver com a tese de Figueiró.
Por exemplo quando você me questiona: então a tese de Figueiró diz que o Rui, Alcaide de Aveiro casou antes de 1450, o que é que a tese de Figueiró (que rejeita liminarmente que o navegador seja filho desse Rui e, agora é a minha vez de dizer: “abrenuncio”) tem a ver com a data do casamento desse Rui e se ele foi para o seu casamento de fraque ou paletó? Nada!
Mas a sua pergunta não é obviamente ingénua: você viu na árvore que eu propus, a Leonor de Magalhães filho do Alcaide de Aveiro e da Alda a nascer c. 1450, o que não lhe convém a si, não à tese de Figueiró que é superior a estas minudências. Mas talvez não saiba que uma filha da dita Leonor, uma tal de Genebra, teve um filho Rui, o tal que morava perto das tarracenas de Gaia. Como o dito Rui teve o primeiro cargo público de juiz e vereador do Porto em 1525, por muito precoce/prodígio que fosse, não deverá ter nascido depois de 1500 (Está a imaginar o Rui, na sala de audiências do tribunal, de toga e de calções, com peúgas até meio das pernas e com os pelos destas parcialmente à vista?). Como temos duas gerações entre ele e a sua avó Leonor e a sequência entre ambos é por via feminina, devemos usar uma média de 25 anos/geração, o que daria a Leonor a nascer em: 1500 – 2 x 25 = 1450.
Se adoptar uma média maior (por exemplo 30 anos) passaria a Leonor a ter de nascer cerca de 1440, ou seja ainda antes do que o caro confrade Taveira gostava. Isto “implode” a sua tese do navegador ser filho do Rui, Alcaide de Aveiro pois, quanto mais para trás este tiver nascido, mais para trás teria de nascer o suposto filho Fernão e, quanto mais velho este for, menos provável se torna ele poder embarcar numa expedição às Molucas (a menos que se tratasse dum “cruzeiro da terceira idade” como ainda hoje há muitos).
Como vê a matemática (ferramenta tão útil a engenheiros como eu) é mesmo o “cancro” dos genealogistas. É uma doença “incurável” que destroi todas as teses, mesmos as que parecem mais bem fundamentadas documentalmente. Por isso, nos livros de genealogia, raramente aparecem datas, pois os genealogistas fogem delas “como o diabo da cruz”. Esta de um pai ter de nascer e de casar antes do nascimento dum filho é mesmo “chato” para os genealogistas, não é? A matemática então, quando associada à antropologia, é pior que “napalm”: destrói/queima qualquer tese que lhe apareça à frente, mesmo que a tese tenha sido defendida por Taveiras, Soverais, Alões, Gayos, Mansos de Lima, etc.
Faça como eu: fuja dos detritos da implosão do “seu edifício Magalhânico” e corra a refugiar-se em Figueiró, que aí as “cinzas” não o atingirão.
Cumprimentos
Ricardo Charters de Azevedo
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RE: Jardinagem genealógica
Caro Ricardo Charters:
Em relação à maioria das questões não lhe respondo pela sua irrelevância. Deturpa sempre o que eu digo. Só uma correcção fez, mas tive de o corrigir mais de meia dúzia de vezes: deixou de me confundir com um confrade Soveral. Continua a não entender que Diogo de Sousa e Isabel de Magalhães não eram casados quando Fernão de Magalhães escreveu o testamento...
Que o que eu disse em relação aos apelidos é a partir da juventude, ninguém nascia com eles...
Que o que eu disse em relação ao ramo Figueiró não se arrogar descendente de Fernão de Magalhães, o velho, era anteriormente a Alão. Nomeadamente nas justificações, ou provanças que fizeram. Nem se arrogaram quanto mais provaram. Ainda não tinham descoberto de que era filho "Lopo Rodrigues".
O seu problema é que confunde nobiliários com documentação contemporânea. De toda a sua lenga lenga só refere um caso passível de ser apreciado: de facto M.A.S. admite que o Luis Pimentel possa ser o Luis Martins da Mesquita. Mas ele não o afirma e está muito longe de estar provado que o seja. Há outros Pimentel por aquela época em Trás-os-Montes e Vila Flor. Não vá por aí, garanto-lhe que não está à altura de discutir comigo genealogias transmontanas.
O problema é que de toda a sua PODA GENEALÓGICA não consegue apresentar uma só árvore com a descendência de Fernão de Magalhães, o velho (putativo pai de Lopo Rodrigues na tese Figueiró), seus filhos e netos, com as respectivas cronologias propostas (nascimento, casamento e morte). E pode podar à seu bel prazer. Não lhe peço provas, apresente-me a árvore. É assim tão difícil ? Presumo que sim.....E anda a brincar com árvores que têm o seu início no século XIV ?
Depois desta árvore Magalhães, faça o mesmo em relação ao avós maternos de Fernão de Magalhães, pelo lado da parentela Mesquita. Seus filhos e netos. Porque não o faz ???
Então tanta investigação "Matos Silva" e nem aí conseguem chegar. Desilude-me.
E anda a brincar com as árvores propostas por outros, cortando e enxertando. Isso não é genealogia é jardinagem genealógica.
Cumprimentos,
António Taveira
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É a minha vez de dizer: abrenuncio....
Caro confrade António Taveira
ou poderei chamar de "Soveral escondido com Taveira de fora"... !!!
Não fique ofendido, pois não o quero ofender. E não é ofensa o que acabo de escrever
E já deve ter percebido que não sigo as vias que me "indica". Avanço pelos meus próprios caminhos... Não se esqueça de quais são meus objectivos: esclarecer uma situação que tem estado embrulhada e consequentemente provar, como o fiz, que está errado e leva-lo a ficar do lado "bom" da história.
Assim os meus textos são longos e com elementos que respondem ás suas dúvidas, mas o caro confrade escreve simplesmente que não tem o que contrapor quando escreve : "Em relação à maioria das questões não lhe respondo pela sua irrelevância." é ter topete...
E quer mais "arvoreszinhas" com toda a família Magalhães (e a Mesquita) com datas de nascimento, casamento e mortes (ahhh, e baptismos...também.). Não quer mais nada?
Sobre as genealogias transmontanas, não me menospreze pois tenho um interessante ramo em Soeima (Gebelim) pelo que "ando por lá".
Assim por aqui ficamos (tenho outros "chats a fouetter", mas lembre-se que estamos a ser julgados por muitos que tem lido estes nossos textos e apoios não me tem faltado. Criticas ao seu posicionamento... também não.
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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RE: A silvicutura e a genealogia
Caro Ricardo Charters:
Só não percebo como não consegue apresentar uma árvore com a descendência de Fernão de Magalhães, o velho, até seus netos, com uma cronologia aceitável (datas prováveis de nascimento, casamento e morte).
E o mesmo em relação ao avô materno do navegador.
Tanta investigação e não deu em nada. São só três gerações.
Ficaríamos a saber quem seriam os tios maternos e paternos e seus primos co-irmãos.
Como podemos apreciar os méritos da tese Figueiró se nem isto, que é básico, consegue ser apresentado.
E garanto-lhe que pode construi-la à sua vontade. Não precisa de provar o que quer que seja. Tudo aceitarei. Só preciso de uma cronologia aceitável.
Devo-lhe dizer que não entendo como se apresentam árvores com início no século XIV e não se consegue fazer um estudo minimamente credível naquelas três gerações. AVÓS, PAIS e FERNÃO DE MAGALHÃES (e seus primos co-irmãos)
E apresenta a lastimável árvore, a que chama "a arvorezinha do navegador" como prova de quê ? Ela é uma árvore "plastificada" em função de certos interesses. Não tendo qualquer apoio documental discuti-la-íamos sem proveito para o estudo da filiação de Fernão de Magalhães. Este fica devidamente contextualizado nas três gerações que lhe proponho que apresente. AVÓS (falecidos +- quando ele terá nascido). PAIS e TIOS. IRMÃOS E PRIMOS (seus contemporâneos).
Garanto-lhe que o deixo utilizar os dotes de genealogista-silvicultor à sua vontade.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Novo caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Ângelo da Fonseca:
Tenho todo o gosto e interesse em aclarar esse tipo de casos. Como disse já se me depararam vários potenciais casos raros desse tipo. Uma investigação posterior não os confirmou. Só encontrei irmãos inteiros com o mesmo nome próprio no século XVIII e, nesses casos, havia um 2.º nome próprio que os diferenciava.
Eu não tenho nenhuma teoria. Tenho uma regra que sigo: desconfiar sempre daquilo que nunca vi. Se me aparecerem dois irmãos homónimos, filhos do mesmo pai, até conseguir documentar a mãe considero-os meios irmãos.
Acredito que existam. Mas, por enquanto, para mim são como o Abominável Homem das Neves. Existirão, mas ainda não os topei.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Novo caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro António Taveira,
Conheço um caso de irmãs inteiras homónimas em S.João da Pesqueira, em meados do sec XVI. Na sua genealogia manuscrita (datada de 1632), o Dr Paulo de Távora Boto fala de suas 2 tias (irmãs de sua mãe Brites Telo de Távora), ambas chamadas Catarina de Távora, ambas casadas e com descendência. A primeira tinha casado em S.João da Pesquerira e a segunda em Trevoes. Pelas datas, essas 2 Catarinas deveriam ter ~20 anos de diferença, a primeira nascida c. 1520 e a segunda c.1540.
Cumprimentos,
JOAO BRAZ
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RE: Novo caso raro de irmãos inteiros homónimos
O caso que relata, evidentemente raro, pode contudo não ser tão raro como parece.
Em épocas anteriores, embora fora de Portugal, encontram-se exemplos, sendo mais "frequentes" quando a filha mais velha está já casada e portanto, já não reside com a família.
Em finais do séc. XVII encontrei um caso que porventura não será único: a homónima mais velha, já casada, foi a madrinha de baptismo.
A. Luciano
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RE: 3.º (?) caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro João Braz:
Mas a documentação demonstra inequivocamente que são filhas dos mesmos pais ?
É que meias irmãs homónimas, aparecem. A genealogia manuscrita de que fala é consultável ?
A ser assim é um caso raríssimo.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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RE: Caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Ângelo da Fonseca,
A minha leitura dos paroquiais da Lousã tem estado pendurada, por falta de tempo. A ver se avança nas férias. Até agora tirei notas dos Arnauts, Henriques, Cortes, Netos e Francos, mas tenciono dar outra volta, porque há sempre gente que a princípio não parece ter ligação, e depois de verifica que trazem informações importantes, Nessa altura junto então os Serras à lista.
Se quiser cópia do assento de baptismo de Sesimbra para a sua colecção, é só mandar-me um e-mail para ritavzarrobagmailpontocom.
Melhores cumprimentos,
Rita van Zeller
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RE: 3.º (?) caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro Antonio Taveira,
A documentação é essa genealogia manuscrita que foi escrita pelo proprio Dr Paulo de Távora Boto acerca de sua familia (os Távoras da Pesqueira) e portanto terá o valor que todas as genealogias manuscritas têm. Não é consultavel online e se bem me lembro deve estar na biblioteca nacional em Lisboa (tenho que confirmar).
O Dr Paulo de Távora Boto refere-se a tias maternas e não antepassados remotos e portanto julgo que essa informação será crivel. As 2 Catarinas são irmãs inteiras, referidas como filhas de mesmo pai e mãe.
Mas como diz o confrade A. Luciano, esse caso será um dos mais "frequentes" quando a filha mais velha está já casada e portanto, já não reside com a família.
Cumprimentos,
JOAO
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RE: 3.º (?) caso raro de irmãos inteiros homónimos
Caro João Braz:
Não me parece que sejam tão frequentes quanto isso. Casos candidatos a irmãos homónimos, filhos dos mesmos pais, aparecem volta meia volta. Nunca numa posterior investigação consegui confirmá-lo. Estamos a falar dos séculos XV-XVI-XVII.
O problema das genealogias é de todos conhecido. Com a agravante de, normalmente, já não existir o original mas tão só uma cópia (muitas vezes de outra cópia....) com acrescentos. Tornando-se mais difícil garantir a veracidade da transcrição.
Agora, se trata de um escrito efectivamente feito em 1620, pelo seu próprio punho, por um sobrinho das ditas, tem todo o foro de verdadeiro.
Cumprimentos,
António Taveira
Daí o meu interesse.
Cumprimentos,
António Taveira
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Coloquemos as provanças no devido contexto
Caro António Taveira
Pensei que não voltaria a este Tópico mas a forma, mais uma vez “malévola” (talvez por se querer apresentar como advogado do diabo) com que voltou a abordar o tema das “provanças” e, sobretudo de, com isso, arrastar consigo outros participantes no debate que, talvez por ingenuidade, o seguem sem se aperceberem da não veracidade daquilo que estão a apoiar, como é o caso do meu colega Ângelo da Queiroz da Fonseca, sou “obrigado” a, mais uma vez vir repor a verdade!
Começo por lembrar ao confrade “evieira/E. Simões” que se deve ter distraído e não terá lido uma errata que eu introduzi e deduzindo, assim, que eu não lera, adequadamente, as ditas “provanças”. Volto assim a repetir a referida errata:
[venho apresentar uma pequena “errata” à minha intervenção de ontem (24/06/2010, pelas 11h).....pois em relação às “provanças”, escrevi “as mesmas perguntas foram feitas, em Portugal às seguintes testemunhas”, quando queria dizer “as mesmas perguntas foram feitas às seguintes testemunhas portuguesas”, pois o Roque de Almeida, embora natural de Braga, foi inquirido em Espanha.]
Espero ter assim esclarecido o referido confrade “evieira/E.Simões” a quem peço para ler tudo o que eu introduzo e não só apenas umas partes, pois se o não fizer irá cair nos “braços” do confrade Taveira no “regabofe” do aplauso às “provanças”.
Estas foram realizadas, em termos formais, com todos os “matadores”, com tabeliões, juízes, registos em Braga que posteriormente foram confirmados em Lisboa, etc..
O bom do Lourenço, que de parvo nada tinha, sabia os “acidentes” que reclamações anteriores, à herança do navegador, tinham tido por falta de formalismo, como o caso da Beatriz do Prado de Magalhães. Aí o bom do Lourenço foi impecável: não faltou lacre em nenhum sítio onde tivesse de existir.
Portanto o problema não está na forma: está no conteúdo!
As perguntas formuladas em Espanha quer às testemunhas espanholas quer ao português Roque de Almeida, são exactamente as que o confrade Taveira reproduz.
Mas, como ao confrade Taveira não detalhou mais o assunto, “enganou” o seu “ingénuo séquito”, vai de dizer que aquelas perguntas foram efectuadas a todas restantes testemunhas portuguesas! Puro engano. Senão vejamos A DIFERENÇA NO CONTEÚDO DA PRIMEIRA PERGUNTA QUE FOI FORMULADA:
A – Pergunta feita nas Inquirições em Ponte da Barca, nomeadamente ao 4.º Senhor da Barca (o tal que não sabia exactamente a idade, talvez entre 70 e 75 anos) e ao Coelho (que tinha 80 anos):
(Ver pág. 36 de “A Questão da Naturalidade de Fernão de Magalhães, Transmontano não, Minhoto”, de António Baião, 1921)
1. Primeramente, sean preguntados si conocen al dicho Lorenzo de Magallanes y si conocieron a Payo Rodríguez de Magallanes su padre e ansi a Rui Paes de Magallanes su abuelo y si conocieron o oyeron nombrar a Hernando de Magallanes, ya difunto, que fué el que descubrió el estrecho de Magallanes e A RUY DE MAGALLANES PADRE DEL DICHO HERNANDO DE MAGALLANES (Coloquei em maiúsculas aquilo que de essencialmente tem de diferente a primeira pergunta, em relação ao que foi perguntado em Espanha).
B - Pergunta feita nas Inquirições em Ponte de Lima, nomeadamente ao Heitor de Magalhães [o qual seria o filho de Fernão Magalhães e Sousa, este por sua vez filho de Leonor de Magalhães, a qual era filha de Paio (ou Pedro) Afonso de Magalhães. Assim o Heitor era da mesma geração do Lourenço (cerca de 50 anos de idade) e ele e o Lourenço tinham um bisavô comum que era o referido Paio (ou Pedro) Afonso de Magalhães]:
(Ver pág. 41 de “A Questão da Naturalidade de Fernão de Magalhães, Transmontano não, Minhoto”, de António Baião, 1921)
1. Primeramente, sean preguntados si conocen al dicho Lorenzo de Magallanes y si conocieron a Payo Rodríguez de Magallanes su padre e ansi a Rui Paes de Magallanes su abuelo y si conocieron o oyeron decir nombrar a FERNANDO DE MAGALLANES, YA DIFUNTO, QUE FUÉ EL QUE DESCUBRIÓ EL ESTRECHO DE MAGALLANES PADRE DEL DICHO HERNANDO DE MAGALLANES (Coloquei em maiúsculas aquilo que de essencialmente tem de diferente a primeira pergunta, em relação ao que foi perguntado em Espanha e em Ponte da Barca).
Portanto questiono-o, confrade Taveira: a 1ª pergunta formulada em Espanha é igual à formulada em Ponte da Barca e esta é a mesma que foi formulada em Ponte de Lima? Claro que não! E sabe porquê? Porque como as inquirições do Lourenço em Espanha foram um “flop”, por as testemunhas só o conhecerem a ele e não aos seus ascendentes, o Lourenço estava “entalado”. Assim, como em Portugal a testemunha de mais “peso” era o 4.º Senhor da Barca (o qual, infelizmente para ele, Lourenço, já se encontrava em estado senil), o Lourenço resolveu arranjar um “aide memoire” para o Senhor da Barca, que consistiu em introduzir, na primeira pergunta, um nome (por ele inventado) para o pai do navegador.
Como o Lourenço não sabia qual o nome do pai do navegador, tinha de arranjar um nome que fosse habitual na família e, assim, lembrou-se de inventar um Rui (que era o nome do seu próprio avô). Como o Lourenço pressentia que tinha um grau de parentesco relativamente afastado do navegador, terá pensado que o Senhor da Barca diria que esse “suposto pai do navegador de nome Rui” seria primo direito do seu avô Rui Paes de Magalhães e a coisa compunha-se. Contudo, como o senil Senhor da Barca fez confusão com tanto Rui à mistura, acabou por responder que o RUI PAES DE MAGALHÃES E O RUI DE MAGALHÃES ERAM IRMÃOS E AMBOS FILHOS DE PAIO (OU PEDRO) AFONSO DE MAGALHÃES.
E você, caro confrade, como só entende (ou quer entender, ou faz de demasiado bem de advogado do diabo) o que está escrito, por não querer contextualizar (então a pituitária aqui não tem cabimento?) anda agora a fazer a “triste figura” de tentar descobrir se existem filhos homónimos do mesmo pai! Para azar seu e como você bem diz, é como andar à procura do Abominável Homem das Neves ou do Monstro de Loch Ness ou outras parvoeiras do género.
O caro confrade deve adoptar um raciocínio lógico Não vê que a resposta em que decidiu acreditar é dum senil com os pés para a cova?
O próprio Lourenço terá percebido o imbróglio em que a resposta do Senhor da Barca o colocava mas, com tanto juiz, tabelião e lacre à perna (o que ele Lourenço se deve ter arrependido de ser tão formal), nada podia fazer para alterar o depoimento e ele lá ficou lavrado para a posteridade e para todos os “tansos” o engolirem como uma resposta acertada e assertiva.
Vai daí, o bom do Lourenço, decide alterar, em Ponte de Lima a 1ª pergunta, com uma confusão entre o descobridor do Estreito, que passava a chamar-se Fernando e que tinha um filho Fernão, “pendurado” (este não era daquele “filme” pois o pai dele é que havia descoberto o Estreito!).
Perante uma pergunta tão bizarra a resposta do Heitor não lhe ficou atrás. Não ligou ao conteúdo exacto da pergunta, nem ao Fernando pai dum Fernão e sai-se com esta: que o descobridor do Estreito era sobrinho do Rui Paes de Magalhães e que este dito Rui também era pai do descobridor do Estreito. Ou seja, o navegador era, ao mesmo tempo, filho e sobrinho do pai!
Você já conheceu alguém que fosse ao mesmo tempo filho e sobrinho do pai? A menos que a mãe seja irmã do pai, mas então lá se vai a sua “teoria” da dispensa a partir do 4º grau de parentesco.
Essa é pior que o Abominável Homem das Neves e o Monstro do Loch Ness, mas não perca a esperança: quem o segue neste Tópico vai já iniciar a busca (como fizeram para os irmãos homónimos) e se não encontrarem um caso na Terra talvez haja um na Alfa de Centauro!
E, depois, esperava o bom do Lourenço que os fiscais da Coroa Espanhola fossem tão ingénuos como o confrade Taveira e quem o segue estão a ser, mas nuestros hermanos “eran mui hábiles” e não cairam na esparrela e açoitaram o Lourenço com elevadas custas judiciais.
E do que é o espertalhão do Lourenço se lembra? De passar por pobre! Aquele que o confrade Taveira há tempos disse que era “um homeme rico de Xerez” depressa passou a “sem abrigo”. Como se pode ler na pág. 57 e seguintes da obra citada do Baião, o bom do Lourenço rápidamente arranjou umas novas “provanças” (isso de provanças, para ele, eram “papos carecos”) e arranjou quem testemunhasse que ele era um “homem muito pobre e que já viram nesta cidade darem-lhe de comer por amor a Deus no Mosteiro da Vitória.... e que não tem casa para morar tendo de se abrigar em casas de amigos”.
Pobre Lourenço: ficamos todos a chorar com tanta miséria...
Mas Lourenço, descansa em paz: não enganaste os espanhóis, mas muitos portugueses conseguiste “embarretar” durante séculos!
Caro Ângelo da Queiroz da Fonseca abre os olhos, como te ensinaram a fazer no Técnico e deixa de ser menos ingénuo !
E a si confrade Taveira: qual a opinião que sobre si irão ter os seus conterrâneos transmontanos que só gostam da verdade? Penso que se arrisca ao pau de marmeleiro!
Não tenho razão? È tudo questão de bem ler os documentos, contextualiza-los, ter a pituitária a funcionar… e olhos bem abertos.
Mas caro confrade Taveira, não desmoralize. Veja como os norte-coreanos deram a volta a três derrotas, um golo marcado e doze sofridos! Veja esta Incrível, reportagem da televisão norte-coreana!!!
http://www.youtube.com/watch?v=3jb610TPkAw
na qual a televisão norte-coreana anunciou que, como a sua selecção “ganhou” ao Brasil (que, segundo eles, eram os antigos campeões do Mundo) por 1-0 e “empatou” a zero com Portugal (que eles dizem ser o campeão da Europa), foram os norte-coreanos os campeões do Mundo em 2010!
Reconheça que eles conseguem dar melhor “a volta ao texto”: pelo menos não andam a perder tempo com irmãos homónimos!
A quem não quiser ver o que acima apresento recomendo ir viver para Pyongyang pois penso que na Coreia não existirá nenhuma localidade Fygueyróyang !
Cumprimentos
Ricardo Charters d’Azevedo
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Dia 22 de Julho Mesa Redonda sobre Fernão de Magalhães 18.00h na SGL
Caros confrades.
Para vossa informação
Dia 22 de Julho Mesa Redonda Fernão de Magalhães 18.00h na Sociedade de Geografia de Lisboa e no quadro das actividades das Secções de História, Heráldica e Antropologia e a Comissão de Relações Internacionais.
Serão oradores:
Eng. José Mattos e Silva e seu irmão Dr. António Mattos e Silva;
Almirante Alexandre Fonseca;
Comandante Mendes Quinto;
Dr João Abel da Fonseca.;
Dr. Ângelo Queiroz da Fonseca, genealogista;
Arq. Segismundo Ramires Pinto.
(http://seccaodehistoriasgl.blogspot.com/)
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
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