Dona
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Dona
Exmos Senhores
Neste forum sinto-me perdida pois todos são conhecedores profundos de genealogia e eu só ando á procura das minhas origens.
Tenho procurado as minhas origens maternas pois estou a recuperar uma casa e quero saber tudo sobre ela. Tenho pedido ajuda aqui no forum para encontrar certidões de nascimento e felizmente tenho conseguido. Nestas certidões tenho deparado com uma situação curiosa e que não sei o porquê disto se passar. Na parte feminina da minha família materna antes do nome aparece Dona e acho curioso.
Será que alguém me pode explicar o significado de dona antes do nome?
Desculpem a minha ignorância e agradeço antecipadamente
Ilda Caetano
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RE: Dona
Cara Sr
Embora em séculos anteriores o tratamento por Dona estivesse reservado a pessoas de alto extracto social, no século XIX generalizou-se os padres referirem-se à maioria das mulheres casadas com esse tratamento, muitas vezes para diferenciar de mulheres solteiras ou para demonstrar algum respeito, não sendo por isso indicador de muito.
Atenciosamente
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RE: Dona
Cara Ilda Caetano,
Não sei a que datas se referem as "Donas" que encontrou mas, de qualquer das formas, acho que lhe posso dar uma ajuda.
Existem vários tipos de tratamento por "Dona". Um deles é o feminino de Dom, que penso que, de certa forma, corresponde a um título nobiliárquico, com regras de transmissão rígidas e relacionado com a fidalguia portuguesa.
Os restantes tratamentos por "Dona" correspondem a uma distinção social que, não raras vezes, variava conforme a "sensibilidade" de quem fazia o registo (por exemplo num mesmo livro de paroquiais é possível encontrar uma mesma senhora a ser tratada por "Dona" e apenas pelo seu nome, dependendo do padre que fazia o registo). O tratamento Dona era uma distinção social que se aplicava a quem, de alguma forma, se distinguia na sociedade. Este tratamento, com o passar dos séculos, vai-se vulgarizando. Nos séculos XVII e XVIII este tipo de tratamento é relativamente raro, sendo por regra aplicado às mulheres de nobres, cavaleiros das diversas ordens, licenciados e bacharéis, oficiais do exército, etc. No século XIX o tratamento torna-se um pouco mais vulgar, começando a ser aplicado a um maior número de pessoas que se distinguiam pela sua profissão, pelo seu dinheiro, estatuto social, etc. Ao longo século XX o tratamento de "dona" torna-se bastante vulgar, sendo aplicado à generalidade das mulheres e não representando nenhum tipo de distinção.
Melhores cumprimentos,
Francisco Brito
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RE: Dona
Caro Luis Bolacha:
Permita-me que intervenha no tópico para dar a minha opinião sobre o assunto.
Não me parece que haja a generalização que refere no século XIX. O tratamento de dona era dado pelos párocos, ao longo do século XVIII, às mulheres das famílias que viviam à lei da nobreza. Muito longe do que acontecia no século XVII que era reservado às mulheres de fidalgos da casa real, não o atribuindo à maioria dos membros da nobreza rural.
E continuou a ser assim ao longo do século XIX. Durante este século certamente gente que veio de outros extractos sociais subiu na vida. Mas já teria sido sido no século XVIII, talvez em menor escala. No século XIX, a definição dos 40 maiores contribuintes em cada concelho, com as consequentes responsabilidades, criou uma nova elite concelhia com reflexo no tratamente que teriam a nível local.
Creio ser grande a diferença entre o que acontecia no século XVII e nos séculos posteriores. Ao contrário do que acontecia entre estes. Pelo menos pelo prisma dos paroquiais e dos notariais.
Cumprimentos,
António Taveira.
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RE: Dona
Caro Sr Antonio Taveira
Tenho de admitir que concordo com o que diz, mas que na minha experiência pessoal o tratamento de dona foi muito mais alargado do que isso, visto que praticamente todos as minhas antepassadas no meio do século XI recebiam esse tratamento em algum registo, sendo que a grande maioria estaria pela dita classe media da altura, bem longe de qualquer top 40 do concelho ou até da freguesia, dai a minha resposta (é fácil verificar que nos registos do seculo XVIII em Lisboa só as pessoas de clara ascendencia nobre referem tal tratamento, enquanto que a meio do século XIX esse tratamento tanto refere pessoas nobres como qualquer mulher de um artesão ou homem com um oficio)
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RE: Dona
Exmo Senhor
Como disse anteriormente ,eu faço estas perguntas pois a curiosidade é muito grande . A 1ª referencia a "Dona" encontro na certidão de nascimento da minha bisavó (1885)em que a a mãe dela aprece com esta referencia. De seguida peço uma certidão desta (1851) e novamente surge estas referencia em relação á mãe e á avó (1811 ? ). Todas estas figuras femininas têm a particularidade de serem casadas com pessoas do mesmo apelido,Lopes.
Eu pedi ao arquivo do Porto e Viseu várias pesquisas e estou á espera de resultados pois parece que estas figuras da minha família eram de Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses e de Souselo- Cinfães, de Viseu.
Cada vez mais a curiosidade aumenta
Obrigada pelas " lições" e preciosa ajuda
Ilda Caetano
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RE: Dona
Caro L. Bolacha,
Para uma paróquia da cidade de Guimarães (S. Sebastião) em que foi feita uma base de dados com mais de 30000 pessoas (do século XVI aos finais do século XIX princípios do século XX) só vai encontrar cerca de 300 mulheres com "direito" ao tratamento de "dona". Penso que, como já referi anteriormente, estas situações dependiam da sensibilidade de quem fazia o registo e, possivelmente, variavam de região para região.
Veja a base de que lhe falei: http://www.ghp.ics.uminho.pt/geneweb/gwd.exe?b=Sebas&lang=pt&m=NG&n=dona&t=PN
Melhores cumprimentos,
Francisco Brito
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RE: Dona
Caro António Taveira,
Com algum atrevimento, podemos situar a alteração de paradigma a meio do séc. XVIII.
A envolvente é conhecida, embora nem sempre relacionada: as reformas Pombalinas. Pretendendo modernizar o país, Pombal protegeu o comércio, desde a criação do que é hoje aceite como a primeira escola de contabilidade da Europa, à abertura à nobreza do comércio por grosso e, concomitantemente, do reconhecimento do estatuto nobre a estes últimos. Seria inevitável que este reconhecimento da "riqueza" tivesse reflexo nos paroquiais pois desde sempre, a sensibilidade dos padres à hierarquia social foi muito elevada (a propósito, até num ínfimo lugar de uma pequena freguesia rural onde nem um licenciado encontrei, os paroquianos eram classificados ascendentemente em jornaleiros (ou mais raramente trabalhadores), seareiros, lavradores e, finalmente, proprietários).
Tenho na minha varonia um exemplo paradigmático. A minha 6ª avó de varonia era filha de um bacharel rico, instituidor de um vínculo e de uma capela e casou com um comerciante - seria anos depois processado pela Inquisição - e não teve D. nem no baptismo nem no casamento. Mas em 1750, com a mudança do pároco - aqui dou razão ao confrade que referiu as diferentes sensibilidades dos padres - passou a ter D. nos Róis de Confessados e todas as outras senhoras da família o tiveram na mesma data e sempre de aí em diante. Particularmente marcante o caso de uma Maria que, até 1749 inclusivé, foi arrolada como filha de uma escrava e, de 1750 em diante, tratada de D. Maria e arrolada junto das irmãs legítimas.
Como última nota, não encontrei - a minha experiência é limitada - equivalência entre paroquiais e notariais. Nestes últimos ou porque as escrituras eram pagas também à linha ou porque havia uma certa subserviência formal, aparecem-me Donas sem D. nos paroquias e, mais tarde, séc. XIX injustificados tratamentos de Excelência a todos os intervenientes em escritura de partilhas. Para já não falar em Donas em Cartas d'Armas e Habilitações à Ordem de Cristo, sem qualquer correspondência nos paroquiais.
Não sei quais as suas fontes para o seu estudo de Mendes, de Barbuda e Barretos mas, absolutamente por acaso, encontrei D. Leonarda Angélica Juzarte de Andrade de Pina e Ataide, como Leonarda Luísa (sem D.) no assento de baptismo de uma filha em 1785 (a não ser que o cap. Nuno Mendes Barreto tenha casado duas vezes com Leonardas, será exemplo também paradigmático).
A. Luciano
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RE: Dona
Caro confrade:
As nossas diferentes experiências na investigação conduzem-nos a impressões diversas.
Eu investiguei, essencialmente, em zonas rurais no centro e norte do país. As únicas antigas cidades que conheço são o Porto, Coimbra e Lamego.
Mesmo no Porto ao longo do século XVIII e primeira metade de XIX (que conheço melhor) não há uma profusão do tratamento de "D.ª". Muito menos de um oficial mecânico. Fora a nobreza, só grandes mercadores ou capitalistas, para além dos bachareis (a formatura em Coimbra originava uma inequívoca ascensão social). Há um dado que nos falta quando lemos os paroquiais - não sabemos como as pessoas viviam no dia a dia nem a riqueza que aparentavam, mas os contemporâneos sabiam-no.
Posso-lhe citar um neto de um sapateiro cuja mulher, numa zona rural em meados do século XVIII, começou a usar "D.ª" e cujo bisneto recebeu carta de brasão. Isto seria impensável no século XVII.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Dona
Caro A. Luciano:
Estou genéricamente de acordo consigo, ainda que a nobreza negociava desde a Idade Média. Os mercadores é que não podiam ascender à nobreza, esta sempre se dedicou ao "negócio".
Poderá não ser só uma alteração do pároco mas uma natural evolução social e familiar que terá originado o tratamento de "D.ª". A leitura dos paroquiais dá-nos um limitado conhecimento da realidade do tempo em causa. Não sabemos com que "luxo" viviam nem a "fortuna" que aparentavam.
Certamente que todos conhecemos exemplos em que acontece o contrário, por descida na escala social. Famílias em que, em qualquer um dos séculos (XVII, XVIII, XIX), os seus elemento femininos deixaram de de ser tratados por "D.ª", certamente por azares de fortuna. Acredito ser essencialmente a forma como viviam (no caso das zonas rurais, não trabalharem nas próprias terras mas pagarem "jornais", por exemplo) a determinar esse tratamento.
Tenho muitos dados em relação aos Mendes Barreto e Mendes de Barbuda porque, para além do que investiguei, temos um rico arquivo familiar. O laconismo de um ou outro assento paroquial (devo-lhe dizer que de memória nem sei como são referidos) são supridos por largas centemas de documentos contemporâneos. É curioso que Leonarda Angélica, descendente legítima (com duas quebras de varonia) de Miguel Juzarte de Andrade (fidalgo de cota de armas e descendente por varonia de Juzartes medievais) é a primeira (com sua irmã mais velha) a ser tratada por "D.ª". Nem sua avó paterna (Úrsula Maria de Pina e Ataíde), casada com o licenciado Manuel Juzarte de Andrade e Cardoso, alguma vez aparece com esse tratamento.
A irmã mais mais velha de Leonarda é tratada por D.ª Violante Clara no assento de casamento (Casou em 28-4-1766, na capela do Zambujal, com JOÃO DE S. PAIO BACELAR E FIGUEIREDO, da quinta da Boavista, freguesia do Barcouço, filho do doutor João de S. Paio Bacelar, natural de Algoso, e de s. m. D. Francisca de Figueiredo Pereira. Viveram na Qª. da Boavista. http://193.137.201.197/pesquisa/ODdisplay.aspx?DOId=720&NodeID=_62727 --- imagem 008).
Leonarda Angélica, quando casou (seu marido é achamado de Nuno Joaquim Mendes Aguiar Barreto e Barbuda) não é apelidada de "D.ª" (Casou na capela do Zambujal em 15-6-1772 --- http://193.137.201.197/pesquisa/ODdisplay.aspx?DOId=720&NodeID=_62757 --- imagem 0025 )
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Errata
onde digo:
"...Leonarda Angélica, descendente legítima (com duas quebras de varonia)..."
Devia dizer
....Leonarda Angélica, descendente legítima (com uma quebra de varonia)...
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RE: Dona
Antes de mais, peço desculpa por fugir ao tema do tópico.
Caro António Taveira,
O “seu” Manuel Jorge Neto (http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=999473) terá, porventura, alguma relação de parentesco com um Pedro Jorge Neto, nascido por volta de 1620/30 e morador, com sua mulher Isabel Manuel, na Ribeira de Fervença, em Cadima?
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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RE: Dona
Caro Daniel Sousa:
Tenho alguns ascendentes do Manuel Jorge Neto, sogro do Miguel Juzarte de Andrade. De memória não lhe sei dizer. Mas julgo que os ascendentes não são do Zambujal, são de outro lugar da freguesia de Cadima. E o nome de Pedro Jorge Neto não me é estranho. Manuel Jorge Neto, que era rendeiro de Santa Cruz de Coimbra, terá enriquecido. Temos, no arquivo familiar, muitas dezenas de compras de terras que foi fazendo ao longo da vida.
Se lhe interessar, vou tentar ver o que tenho da sua ascendência.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Dona
Caro António Taveira,
Se pudesse ver isso, ficar-lhe-ia muito grato.
Cumprimentos,
Daniel Sousa
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RE: Pedro Jorge Novo avô paterno de Veríssima Leonarda
Caro Daniel Sousa:
Infelizmente não tenho boas notícias. Os dados da documentação do nosso arquivo de família não ultrapassam o Pedro Jorge Novo ( http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=985365 ) e sua mulher Maria Simões. O arquivo tem documentação desde o século XVI, mas essencialmente de Vila Nova de Outil (Mendes de Barbuda), de Cantanhede (Juzartes e Barretos), Arazede (Mendes Barreto e Pinto Cavaleiro) e do Zambujal (a partir da segunda metade do século XVII).
Ora aquele Pedro Jorge Novo vivia com sua mulher no lugar de Guímara da freguesia de Cadima. É tratado nos paroquiais como Pedro Jorge "Novo" ou Pedro Jorge Neto. Será certamente familiar (filho ou sobrinho) de outro Pedro Jorge Neto ou Pedro Jorge "Velho" casado com Isabel Simões, também da Guímara. No lugar da Guímara viviam outros "Jorge". Silvestre Jorge "Floreado", morador na Guímara foi pai de Simão Jorge "da Fonseca" e avô paterno de Simão Velho da Fonseca (nascido na Guímara e casado em Vila Franca. Este foi capitão de ordenanças e fidalgo de cota de armas). Não sei se têm relações de parentesco com Pedro Jorge "Novo".
A falta de muitos paroquiais, nomeadamente de casamentos de Cadima do ´século XVII, não me permitiu perceber a ascendência de Pedro Jorge Novo nem estabelecer qualquert relação com os Jorge da Ribeira de Fervença.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Pedro Jorge Novo avô paterno de Veríssima Leonarda
Caro António Taveira,
Muito obrigado. Pena que não tenha mais dados, pois, possivelmente, chegaríamos a um ramo comum, dada a coincidência dos apelidos Neto e Jorge. Os meus “Jorges” usavam também o apelido Branco.
Já me deparei com “Floreados”, em Santo Varão, se não erro.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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