Genealogia Genética x Genealogia Histórica

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Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#266991 | Hirão | 17 déc. 2010 19:13

Genealogia Genética x Genealogia Histórica


Gustavo Almeida Magalhães de Lemos
Rio de Janeiro-RJ

“A compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe infusões da vontade e dos afetos; disso se originam ciências que podem ser chamadas ‘ciências conforme a nossa vontade’. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por arrogância e orgulho, coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.”
Francis Bacon, Novum Organon (1620)*

Introdução.
Muito se tem falado ultimamente a respeito do futuro da Genealogia com a entrada em cena dos exames de DNA. O novo e revolucionário processo de seqüenciamento dos genes certamente irá expor muitos problemas das atuais pesquisas, mas constitui-se em exagero afirmar que a Genealogia tradicional está com seus dias contados.

O presente trabalho pretende demonstrar o atual estágio de desenvolvimento da Genealogia Genética, e os antagonismos que ela terá com Genealogia tradicional em futuro próximo. A genética vai obrigar a Genealogia a transformar-se em ciência, sob a pena desta transformar-se em mito, exatamente como aconteceu com a Astrologia em relação à Astronomia. Tais mudanças encontrarão resistência por parte de alguns. Muitas transformações são mal assimiladas por aqueles que se julgam prejudicados por elas. A realidade científica é implacável, e destrói verdades consolidadas por milênios. Os exemplos são fartos.

É sabido que a ciência no seu afã de ampliar o campo do conhecimento, em muitos casos atropela a ética, principalmente se houver interesses financeiros envolvidos. Tais aspectos serão abordados, e deverão ser debatidos pela comunidade genealógica antes que se tornem realidade. No campo social, as transformações são mais lentas do que no científico.

Genealogia Genética.
Existem, basicamente, três tipos de exames de DNA aplicáveis ao estudo da Genealogia: o DNA mitocondrial, que estabelece uma linhagem materna a partir do indivíduo pesquisado; o Cromossomo Y, que estabelece uma linhagem paterna também a partir do indivíduo pesquisado e o estudo genômico, que estabelece o peso dos genes na formação das linhagens. Todos esses três tipos de pesquisa estão acessíveis aos interessados, e no Brasil são feitos pela empresa Gene – Núcleo de Genética Médica, com sede em Belo horizonte, e com a supervisão do geneticista Sérgio Danilo Pena, da UFMG.

Vamos comentar cada um dos três exames: o DNA mitocondrial produz uma seqüência de marcadores genéticos femininos, que podem se estender até períodos pré-históricos. Isso quer dizer que no Gráfico Ahnentafel podemos ter marcadores genéticos a partir da pessoa pesquisada sempre na linhagem materna, ou seja: os números 3, 7,15, 31, e assim por diante. O mesmo raciocínio se aplica ao Cromossomo Y, ou seja: os números 2, 4, 8, 16, 32, e assim por diante. Para determinar os números da linhagem paterna, multiplicamos por 2 a partir do pai pesquisado. Para determinar os números da linhagem materna multiplicamos por 2 + 1 o número da mãe pesquisada. O estudo genômico percorre uma trilha genética objetivando estabelecer a origem a origem etnogeográfica do indivíduo pesquisado.

E os números intermediários? É esse o atraso que a genética está correndo atrás: é necessária a criação de um banco de dados de seqüenciamento genético, para poder não só cruzar as informações obtidas, como também para identificar e corrigir erros da Genealogia tradicional.

Vamos explicar melhor, usando o gráfico Ahnentafel como guia. Já vimos como estabelecemos as linhagens-tronco paterna e materna de um indivíduo. Para preencher os números intermediários, vamos precisar de exames de pessoas que estejam na linhagem-tronco do número que pretendemos pesquisar. Exemplo: não temos como através do exame do nosso DNA, estabelecer os marcadores genéticos da nossa avó paterna, que corresponde ao número 5 do gráfico, porque ela não está em nenhuma linhagem-tronco nossa. Para conseguir isso, temos que pedir a um filho dela que faça o exame, ou a uma filha da filha. Ao receber o resultado, vamos ter os marcadores de toda linhagem-tronco materna da nossa avó paterna, ou seja: os números 11, 21, 41, 81 e assim por diante. Se o exame foi feito a partir de um filho ou filha da avó, também iremos ter a linhagem-tronco paterna destes, ou seja os números: 10, 20, 40, 80 e assim por diante.

O problema é que o trabalho não é tão simples. A Genealogia genética rastreia os genes sem consultar as linhagens conhecidas e aceitas como verdade, tendo como base documentos oficiais, como: registros civis, paroquiais, etc. Tais documentos atestam que as pessoas foram registradas como filhos dos seus pais, mas do ponto de vista da genética isto pode não ser verdade, e o resultado é que serão expostos muitos casos de bastardia, que eram desconhecidos. Vamos analisar um exemplo prático: um indivíduo está pesquisando a seu avô materno a partir dos genes de sua mãe. Em seguida esse indivíduo compara os marcadores do Cromossomo Y com o resultado do mesmo exame feito por um irmão de sua mãe, e conclui que o pai dele e a seu avô não são a mesma pessoa. Todos os documentos atestam que sim, mas a prova científica é incontestável. Exemplos como esse vão acontecer com uma impressionante freqüência nos estudos genealógicos feitos nos moldes tradicionais.

Dilema metodológico.
Diante de um fato consumado, como o citado anteriormente, o pesquisador estará num dilema metodológico difícil de resolver: se ignorar o exame de DNA, vai virar de costas para a ciência e construir uma genealogia baseada em informações que não correspondem à verdade científica. Se aceitar a verdade científica, terá que desconstruir a história da família, cuja tradição remonta a diversas gerações, e tentar descobrir quem é o novo integrante da árvore genealógica que surgiu, comparando os marcadores genéticos dele, com bancos de dados de seqüenciamento genético.

Nenhuma metodologia pode dar conta de dilemas. A solução deles tem um componente moral e individual. Sendo assim, as escolhas irão variar de acordo com a interpretação de cada pesquisador, o que certamente vai ocasionar a divisão da Genealogia em duas partes: a Genealogia genética, que será uma ciência exata, e a Genealogia histórica, que será uma ciência social voltada para o estudo de agrupamentos familiares e populacionais, consangüíneos ou não. Ambas seguirão caminhos diferentes com metodologia própria. É possível que em futuro distante haja uma fusão das duas. Para tanto, terá de ser criado um novo conceito de verdade que englobe os aspectos históricos e científicos. No momento presente estamos longe desse conceito.

A Genealogia histórica não irá escapar sem traumas desse processo. O caráter pouco científico das pesquisas feitas será exposto de forma cruel, o que vai obrigar os pesquisadores a buscar métodos de trabalho mais condizentes com a nova realidade. E que métodos seriam esses? Em primeiro lugar a Genealogia vai precisar partir de um conceito que estabeleça a verdade que se quer pesquisar. Feito isso, deverão ser estabelecidos parâmetros de procedimentos que irão orientar os pesquisadores e dar um embasamento metodológico às pesquisas. A grande dificuldade de se fazer isso está na própria natureza do ser humano. Conforme foi dito no texto de abertura, o homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. A Genealogia da forma como conhecemos está fundamentada em provas documentais. Tais provas tiveram até hoje valor como verdade, mas esse conceito será superado pela prova científica, mais consistente e inquestionável. O fato é que a prova científica supera toda e qualquer prova documental, até mesmo em termos jurídicos.

Mitos genealógicos.
Quando a ciência avança no campo social e impõe mudanças que podem alterar o perfil histórico de uma sociedade, surgem naturais resistências ao novo processo. Sabemos que a Genealogia nos moldes tradicionais está impregnada de componentes mitológicos que serão derrubados em sua maior parte. Alguns desses mitos estão incorporados em praticamente todas as pesquisas de maior abrangência histórica. Muitas verdades genealógicas foram assentadas sobre bases frágeis, que não resistirão a uma análise mais profunda. Citamos como exemplo, a crença generalizada de que a maior parte da população européia é descendente de Carlos Magno. Aqui no Brasil, a paulicéia quinhentona acredita que todos são descendentes dos caciques Tibiriçá e Piquerobi. É claro que ambos deixaram grande descendência, e que muitos estão entre nós, mas o seu número deve estar muito aquém do que é divulgado. Se os ossos que estão enterrados na Catedral da Sé em São Paulo forem realmente do cacique Tibiriçá, esse mito poderá facilmente ser derrubado.

Não são apenas o mitos que viciam as pesquisas. Algumas fontes possuem uma credibilidade discutível, e precisam ser melhor analisadas e confrontadas com outras fontes. Como exemplo, os processos de habilitação de Genere, que em muitos casos se constituem em preciosa fonte de informação, podem conter muitos erros, inclusive propositais por parte dos seus autores, com o intuito de esconder sangue judeu, ou como prova de nobreza. Podemos fazer comentário semelhante com relação aos processos do Santo Ofício. Até os próprios registros paroquiais estão sob forte ameaça, quando forem confrontados com os marcadores do DNA. A Genealogia até hoje serviu de prova nos tribunais, e esses processos sempre assumiram o valor de verdade oficial.

Como vimos, o risco da Genealogia tradicional entrar para o campo da mitologia é real, caso não modernize seus métodos de pesquisa, e faça uma profunda revisão de tudo aquilo que já foi pesquisado, publicado e divulgado. Sabemos que é muito difícil e complicado fazer isso, mas esse processo é inevitável, tendo em vista a sobrevivência da própria Genealogia histórica.

Ética em Genealogia.
Diante da situação que foi colocada cabe uma pergunta: a verdade científica substitui a verdade histórica? Depende. No caso de uma fraude comprovada, sim. Nos demais casos, não. A convivência familiar é que cria os laços de parentesco. A identidade de um indivíduo está ligada ao ambiente em que viveu, e não ao código genético que carrega. A genética e a história seguem percursos diferentes, algumas vezes antagônicos. A dicotomia entre ambas não é apenas metodológica. O peso da tradição familiar não pode ser desprezado em nome de uma verdade científica. Não se trata de negar a ciência, mas de preservar a história da família. Se não houver um entrelaçamento histórico entre os indivíduos, a Genealogia perderá o sentido. A genética não está preocupada com isso, apenas em rastrear os genes.

Como lidar com isso? Já dissemos anteriormente que o estudo da Genealogia vai se dividir entre Genealogia genética e histórica. Cada uma vai oferecer importantes subsídios para a outra, porém alguns aspectos se tornarão antagônicos, e vão precisar de uma discussão ética. Com efeito, ninguém será obrigado a aceitar uma prova científica que possa alterar uma relação sólida e estruturada em uma família. Bancos de dados de DNA de pessoas vivas deverão ser protegidos por lei e proibida a sua divulgação. Apenas a justiça poderá ter acesso a material genético. A razão para tanto cuidado é muito simples: existem muitos bancos de sêmen e óvulos espalhados pelo mundo, que são usados para fertilização in vitro. Se o código genético puder ser divulgado, todos aqueles que foram gerados usando este material poderão identificar os doadores. A confusão jurídica que vai se estabelecer será enorme. Além disso, todos aqueles que doaram seus filhos para adoção têm o direito de exigir sigilo sobre suas identidades.

Caso a clonagem de seres humanos se torne uma realidade, vamos ter um problema de difícil solução: geneticamente um clone é uma cópia de si mesmo, portanto é gerado por apenas um indivíduo. Se fizermos um exame de DNA de um clone, este terá o mesmo código genético de quem o gerou, portanto não terá um pai ou uma mãe. A discussão ética sobre a clonagem é pertinente a partir do momento em que sabemos que a ciência está a serviço da humanidade, e não contra ela. Se a ciência for direcionada para fins exclusivamente financeiros, irá cometer desvios que poderão comprometer o próprio futuro da humanidade. Sabemos que a evolução é o resultado da diversidade. Com a clonagem, a sociedade poderá retornar aos antigos sistemas familiares fechados, o que representa um retrocesso.

O Futuro.
Sabemos que a ciência não tem o poder de desmentir a História. Esta por sua vez não tem como negar certas evidências, que alteram a visão até então aceita. O dilema só será completo se uma verdade excluir a outra, o que parece não ser o caso. A Genealogia histórica terá que trilhar por um caminho mais científico, o que só será possível com a implantação de uma metodologia que dê um embasamento mais consistente aos resultados apresentados. O debate ético sobre o futuro da genética, em alguns aspectos já começou. Em outros, o debate torna-se urgente em função da divulgação que se aproxima de bancos de dados de DNA mitocondrial e Cromossomo Y.

Mas a grande revolução que a genética vai provocar já está acontecendo. Alguns estudos já divulgados de ancestralidade genômica estão derrubando velhos mitos sobre migrações e composição étnica de muitas populações. Certamente que tais estudos servirão como fator de combate à discriminação de minorias raciais, quando ficar provado que cada indivíduo carrega os genes de muitas etnias diferentes. Já se sabe que o peso da aparência física é muito pequeno para a determinação de uma ancestralidade genômica de longo prazo. Não há dúvida que esse é o grande aspecto positivo das pesquisas genéticas. O estudo das doenças hereditárias seria outro grande fator positivo. Há um campo aberto de largas possibilidades de colaboração entre as duas vertentes da Genealogia. Não criar antagonismos e tentar entender as diferenças, talvez seja a melhor forma de convivência entre as duas verdades.


* Citado por Carl Sagan em: 'O Mundo Assombrado Pelos Demônios'

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#293726 | Lourval | 01 janv. 2012 06:45 | In reply to: #266991

Caros,

Finalmente comecei a estudar a genealogia de minha família através da genética. A primeira que contemplei foi minha mãe.

O ajuste entre a genealogia documental e a genética foi surpreendente. Os percentuais étnicos obtidos foram 82% da Europa, 10.5% do Oriente Médio e 7.5% nativo americano. Minha mãe tem um único trisavô ameríndio da região de Atibaia, o que lhe atribuiria 6.25%. Atribuo a diferença em parte ao erro experimental ( mais ou menos 0.7%) e ao fato de que minha mãe descende de praticamente todos os primeiros povoadores citados na Genealogia Paulistana.

Entre os sete ´primos de quinto grau´ selecionados pelo FamilyTreeDNA, dois são dos Açores e cinco são ou americanos ou canadenses e entre eles, com os que estabeleci contacto, tem antepassados alemães. Minha mãe tem antepassados nos Açores através de uma bisavó dela nascida em Porto Belo (Santa Catarina). Minha mãe tem uma trisavó ou tetravó alemã.

O meu avô João Domingos Pereira tem o mesmo DNA Mitocondrial que Isabel Ribeiro casada cerca de 1675 em São Paulo com Jerônimo Soares Moniz sendo que não se conhecem os pais dela (nem dele) mas tenho a teoria de que poderá ser neta de Diogo Martins da Costa e de Isabel Ribeiro de Alvarenga apoiada no fato de que Pedro Domingues Paes e Maria Ribeiro Queiroz casaram-se em 10.05.1728 em Atibaia com dispensa de consanguinidade no terceiro grau misto com o quarto grau de consanguinidade.

Muitas são as possibilidades da genealogia genética. Com vontade e claro com dinheiro (projeto) poderíamos chegar ao DNA mitocondrial ou Cromossomo Y de muitos dos primeiros povoadores do Brasil e é claro que estendo o raciocínio a Portugal.

Fiquei surpreso com os 10.5% de DNA do Oriente Médio de minha mãe. Tenho mais de dez gerações dela em Portugal e nunca encontrei um casal comprovadamente cristão-novo. Talvez tenham origem nos primeiros povoadores que alguns teorizam muitos deles serem cristãos-novos.

Sendo assim espero um percentual maior pela parte de meu pai pois por ele encontrei cerca de três ou quatro casais comprovadamente cristãos-novos.

Lourval

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293728 | dantasrego | 01 janv. 2012 12:33 | In reply to: #293726

Caros Confrades,

A introdução a este tópico é interessante, mas querendo ser exaustiva, com teses e antíteses, defendendo e atacando sucessivamente as duas hipótese, sem conclusão concisa, deixa o leitor no final, perplexo, com um catálogo de questões...

A título pessoal, não oponho a Genealogia Genética, à Genealogia Tradicional... As duas completam-se, e é sem dúvida alguma, um enriquecimento espantoso, da informação familiar “posta à disposição” (onerosa) do cidadão.
O caso da bastardia e infidelidade, posto em exergo pelo autor é um “incidente”, velho como o mundo, e na realidade merece pouco interesse... Se excluirmos a falocracia despótica e vaidosa do homem.
O homem infiel é considerado como um “sedutor”... A mulher no mesmo caso é considerada como uma “P.ta” ! Curioso! Deixemos estas considerações e venhamos ao essencial.

A verdade científica, saída da análise do ADN mitocondrial, é indiscutível a 999.99% e vem finalmente “confortar”, o velho proverbio de que só estamos seguros na realidade, que somos filhos das nossas mães. (999.99%) (Eu amava particularmente a minha)

A Genealogia Tradicional é no meu pensar, a única que tem interesse, para a nossa identidade. (no sentido de identificação no seio da sociedade)

Porém passadas 12 gerações, ou seja abaixo do século XVI para o vulgar “quidam” não existem fontes... E aqui acaba a Genealogia Tradicional.

É penso eu, a partir deste constato, que a Genética vem auxiliar a Genealogia Tradicional, na medida em que, a Genética desce praticamente até à “origem” do ser humano...
Claro não é o mesmo tipo de laços de parentesco tradicional, de mãe/pai a filho(a), mas aquele mais largo de Família de Origem, onde finalmente o concepto de raça ou cor de pele são inexistentes.

Não podemos saber se somos de ascendência nobre ou plebeia, mas no fundo é isso que procuramos no estudo da genealogia? Se tal é o caso, mais vale abandonar, a Genética ignora e despreza a vanidade humana... Ela só trata da Verdade. (somos filhos das nossas mães)

Pessoalmente fiquei muito intrigado de saber que a minha mãe, e a sua avoenga de 12e geração (1590) é descendente do Clã U7, particularmente raro em Portugal e na Europa.
Abrindo uma janela sobre as migrações dos povos que outrora ocuparam a Península Ibérica, que me parece muito mais importante, que de saber se um dos meus avoengos declarados civilmente, é verdadeiramente ele o genitor!

Espero que a opinião que exprimo não choque ninguém, estamos no século XXI.

Feliz Ano Novo para todos.

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293735 | fertelde | 01 janv. 2012 15:47 | In reply to: #293726

Estimado Lourval:

Estou bastante confuso com esta afirmaçâo que coloca- "O meu avô João Domingos Pereira tem o mesmo DNA Mitocondrial que Isabel Ribeiro casada cerca de 1675 em São Paulo com Jerônimo Soares Moniz"

Gostaria de saber como conseguiu fazer a analise DNA mitocondrial de Isabel Ribeiro, casada cerca de 1675 em S. Paulo... Teve acesso aos restos mortais desta sua antepassada? Conseguiu a autorizaçâo para aceder a esses restos mortais?

Continuaçâo de bom ano 2012

Cumprimentos

Fernando de Telde

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#293736 | Lourval | 01 janv. 2012 16:19 | In reply to: #293735

Caro Fernando de Telde,

Eu não sou biólogo, sou matemático. Mas arrisco-me a te explicar. O DNA mitocondrial nos é passado pelas nossas mães. O meu DNA mitocondrial é o de minha mãe. O DNA mitocondrial de meus filhos ....é o da mãe delas.

O meu bisavô (se disse avô, enganei-me) João Domingos Pereira está ligado à Isabel Ribeiro por uma linha, sempre de mãe para filha. Por isso sei que o DNA mitocondrial dele é o da Isabel Ribeiro.

O DNA mitocondrial do meu avô já não é o de João Domingos Pereira mas o da esposa dele.

Sempre de mãe para filha seria assim:

João Domingos Pereira
Sebastiana Maria de Jesus
Maria Pereira Franco
Marcelina Pereira
Maria de Godoy Bueno
Rita Domingues Paes
Maria Ribeiro de Queiroz
Sebastiana Ribeiro
Isabel Ribeiro

Talvez uma irmã de João Domingos Pereira tenha passado o DNA mitocondrial para frente.

O meu DNA mitocondrial está, até onde consegui recuar (cerca de 1600) em Penela (Coimbra). O meu cromossomo Y, cerca de 1600, está em Vila do Touro (Sabugal). O cromossomo Y passa sempre de pai para filho.

Abraços
Lourval

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293737 | fertelde | 01 janv. 2012 16:25 | In reply to: #293726

"Fiquei surpreso com os 10.5% de DNA do Oriente Médio de minha mãe. Tenho mais de dez gerações dela em Portugal e nunca encontrei um casal comprovadamente cristão-novo. Talvez tenham origem nos primeiros povoadores que alguns teorizam muitos deles serem cristãos-novos."

Se conhece um pouco da história de Portugal, saberá que para além de ter tido a maior parte do território ocupado pelos árabes, também teve Ceuta e Tanger pertencendo a seus dominios e muito sangue mouro ou árabe alí se mixturou com o português, além claro da India, onde havia também sangue árabe, que poderia ter cruzado com português. Claro que também há a possibilidade de sangue judeu, mas nâo exclusivamente de cristâos-novos.-

Cumprimentos renovados,

Fernando de Telde

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293739 | fertelde | 01 janv. 2012 16:56 | In reply to: #293736

Estimado Lourval:

Entendo o suficiente de genética para saber que as mitocondrias passam de mâe para filhos e que apenas as filhas o transmitem... Para conhecer da origem genética mitocondrial de minha bisavó paterna-paterna, teria que solicitar a uma prima minha, única descendente daquela por via femenina, sendo que é esta prima a última descendente mitocondrial daquela nossa antepassada comúm... Sem o contributo desta prima, lá se termina a possibilidade de conhecer a minha ascendência genética por essa via.
Assim, presumo que o seu bisavô, João Domingos Pereira, terá tido o seu DNA mitocondrial estudado, para se poder conhecer que recebeu as mitocondrias de Sebastiana María de Jesús ou, entâo, teve que estudar a descendencia de uma irmâ uterina de seu bisavô João Domingos Pereira, portanto, uma sua tia bisavó, uma filha desta (prima direita de sua avó ou avô), e uma filha desta, prima segunda sua. Sem isto, nâo vejo como conseguiu conhecer as mitocondrias do seu bisavô João Domingos Pereira.-

Melhores cumprimentos,

Fernando de Telde

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#293740 | Lourval | 01 janv. 2012 17:08 | In reply to: #293737

Olá Fernando.

Concordei plenamente consigo.

É uma pena que estes exames de ADN sejam tão caros. Esqueci de dizer que o haplogrupo (mtdna) de minha mãe é o H.

Lourval

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#293742 | Lourval | 01 janv. 2012 17:22 | In reply to: #293739

Caro Fernando,

Acho que agora entendi o que quer dizer. Eu não conheço o DNA mitocondrial de meu bisavô João Domingos Pereira...apenas sei que é o mesmo que o de Isabel Ribeiro ( casada com Jerônimo Soares Moniz ). Para conhecer o DNA mitocondrial dele, precisarei contar com a boa vontade dos descendentes de alguma irmã dele. Sei que há pelo menos uma....a Escolástica.

Nós não sabemos quem foram os pais de Isabel Ribeiro, tampouco os de Jerônimo Soares Moniz). Minha teoria é de que ela seja neta de Isabel Ribeiro de Alvarenga http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=596298 pois explicaria as dispensas de consanguinidade de Pedro Domingues Paes e Maria Ribeiro de Queiroz (neta de Isabel Ribeiro).

Se conhecêssemos o DNA mitocondrial de Isabel Ribeiro de Alvarenga e o de Isabel Ribeiro poderíamos chegar a uma conclusão. Conhecermos o DNA mitocondrial de ambas é possível embora exija esforço (dinheiro e não só).

Na verdade caro Fernando estou apenas divagando sobre as possibilidades de como a genética pode ajudar a genealogia e vice-versa.

Abraços
Lourval

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#293745 | Lourval | 01 janv. 2012 17:37 | In reply to: #293739

Caro Fernando de Telde,

Pelo visto ....estamos com os mesmos planos. Por exemplo, quero conhecer o cromossomo Y de meu trisavô (paterno-materno-paterno) Júlio Teixeira, natural de São Nicolau (Mesão Frio, Vila Real). Ele imigrou para o Brasil cerca de 1880. Para isso precisarei contar com a boa vontade de um de seus vários bisnetos ainda vivos com o mesmo Y que ele. Já tenho uma relação de todos com os que precisarei contar com a boa vontade...e isso nem sempre é simples. Sem falar do custo que não é baixo.

Já encomendei dois kits ao FamilyTreeDNA. Um deles já veio e já seguiu com uma amostra de minha sogra. O outro será o meu, cujo kit ainda não chegou.

Abraços
Lourval

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293746 | fertelde | 01 janv. 2012 17:41 | In reply to: #293728

http://www.diagonalperiodico.net/El-robo-de-las-ninas-fue-el-regalo.html

apenas para reflectir.
Bom ano 2012

Cumprimentos

Fernando de Telde

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293747 | fertelde | 01 janv. 2012 17:52 | In reply to: #293745

Estimado Lourval.

No meu caso nâo estou interessado na genealogia genética em sí, mas gostaria apenas de determinar se a origem mestiça (brasileira) de minha bisavó estava ou nâo vinculada a ascendência indú ou asiática ou negra e, só com o concurso da dita prima seria possivel isso. O mais dificil, nestes casos, é tentar embarcar as pessoas nessas investigaçôes.-

Abç

Fernando de Telde

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#293750 | dantasrego | 01 janv. 2012 18:35 | In reply to: #293740

Caros Confrades,

Este tópico interessante, encontra aínda poucos amadores, na medida em que sofre de dois pontos fracos:
1) o preço elevado das análises.
2) a falsa idéia que se fazem uns e outros das informações disponibilizadas.

A quantidade de análises que são feitas em Portugal ou no Brasil, e fora, são ridiculamente poucas comparadas à densidade da populoaçáo, e não permitem de tirar conclusões sobre a presença de um ou outro dos diferentes Clãs Genéticos (HAPLOGROUPOS) num país, e aínda menos numa região.

Todavia, na hora actual permitem de saber de onde provém as nossas antepassadas(os), o que era impossível de saber anteriormente... salvo as conjecturas, e por vezez divagações saídas da imaginação fértil de alguns paleontólogos.

O Clã H é aparentemente o mais frequente na Europa, ultrapassando os 50% em todos os países... sendo certamente o Clã feminino mais importante dos homens de Cro-Magnon. saber isso já é muito.

Dantas

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#293763 | Lourval | 01 janv. 2012 20:47 | In reply to: #293747

Caro Fernando,

O pacote "Family Finder" determina os percentuais étnicos. Foi exatamente o que pedi para a análise do ADN de minha mãe. Eu o pedi quando descobri que um de seus trisavós era nativo americano, e somente um. Tínhamos perdido a informação ao longo das gerações. Solicitei o exame com o Family Finder e achei os 7.6% nativo americano com um erro de mais ou menos 0.7%.

Este pacote, o Family Finder, me custou 200 dólares americanos. Valeu à pena. Gostei muito de saber de minha, também, ancestralidade nativo-americana.

O Family Finder não analisa somente o ADN mitocondrial mas o ADN como um todo. Logo, você não depende de ninguém, a não ser de você mesmo.

Com toda a certeza, o meu exame apontará cerca de 3.8% de ADN nativo-americano, posto que meu pai tem seus oito bisavós portugueses.

Abraços
Lourval

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#293764 | Lourval | 01 janv. 2012 20:56 | In reply to: #293750

Olá Dantas,

Concordo com você. O preço elevado das análises é um enorme obstáculo. Um projeto científico apoiado por alguma instituição de pesquisa aliviaria os custos. Estou vendo as coisas aqui do ponto de vista da genealogia e os geneticistas com certeza tem um objetivo maior, mais abrangente. Logo vai levar algum tempo até que estas análises sejam menos onerosas aos genealogistas. Enquanto isso, vamos fazendo o que podemos.

Lourval

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#298253 | ITSCHAC | 25 févr. 2012 18:53 | In reply to: #293764

Caros Confrades,sinto em informar que agora esta sendo impossivel realizar testes de dna genealogico via internacional,já que os correios alegam não poder mais enviar estes tipos de materias sem autorização da Anvisa,então agora podemos até pedir os kits eles chegam a você porem voce não poderá envia-los de volta para o laboratorio,pois saliva é considerado material biologico humano.

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#298322 | pedrolx78 | 26 févr. 2012 19:36 | In reply to: #293736

Caro colega,

Achei particularmente interessante a sua mensagem, pois de facto, ou pelo menos, na minha humilde opinião, factores historico-culturais fazem com que se dê maior ênfase às linhas varonis, nas sociedades ocidentais, e provavelmente em quase todas as outras sociedades existentes na terra.

A ciência (já agora aproveito para lhe comunicar que sou Físico) parece entrar em 'desafio', em falta de melhor palavra com este statu quo, pois as análises aos DNA mitocondriais dão-nos informações sobre as linhas maternas.

Não sendo propriamente conhecedor deste tipo de estudos, já li sobre estes testes feitos à população europeia que permitiram tirar algumas conclusões relativas às migrações dos povos.

Gostaria de fazer apenas um reparo, o colega não está a 'ver' o DNA da sua 6ª ou 7ª avó, mas sim o DNA das suas ancestrais, e recuando, recuando, recuando! Até ao início das povoações humanas na península ibérica! Assim, penso que terá que tomar um certo cuidado em tirar ilações sobre as ascendências da senhora que refere.

Desta forma, os testes de DNA mitocondrial, permitem estudar com bastante detalhe as primeiras migrações humanas, mas não permitiriam tirar grandes conclusões relativamente a estudos genealógicos numa janela de tempo de uns meros 500, ou até 1000 anos.

Corrija-me se achar que estou errado.

Cumprimentos,

Pedro Teles

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Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#298330 | Lourval | 26 févr. 2012 20:25 | In reply to: #298322

Caro Pedro Teles,

Também sou físico (engenheiro eletricista e oceanógrafo físico) e portanto não sou nenhuma autoridade em genética. Porém, o pacote ´family finder´, surpreendeu-me. Cheguei documentalmente a um único trisavô nativo-americano de minha mãe. Todos os outros 15 não o são. Então fiz uma estimativa de cerca de 6.5% de genes nativo-americanos. O Family Finder apontou 7.5%. Com certeza isto não é uma coincidência.

Minha sogra conta-nos que tinha uma bisavó nativa-americana. O Family Finder determinou para ela quase 16% de genes nativo-americanos. Novamente houve correspondência entre a memória oral e a genética.

Estou de momento dando preferência ao pacote family finder. Em um futuro próximo pedirei o dna mitocondrial e o cromossomo Y. O dna mitocondrial de minha mãe, já pedi, e é H. Já era esperado...

Portanto, acho que estou concordando consigo e por isso estou dando preferência ao pacote family-finder, que nos dá os percentuais étnicos.

Os resultados do meu exame (family finder) devem retornar em meados de março. Como o meu pai tem oito bisavós portugueses e eu já conheço os percentuais de minha mãe, faço uma estimativa para o meu pai. Eu arriscaria cerca de 80% Europa e 20% Oriente Médio, posto que encontrei muitos antepassados cristãos-novos pelos anos 1600.

Veremos....

Lourval

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RE: Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#310824 | DurãoCoelh | 26 juil. 2012 20:15 | In reply to: #298253

Isso é para o brasileiro trouxa deixar de ser estatófilo!

Alberto

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Genealogia Genética x Genealogia Histórica

#347912 | silk candy | 03 juil. 2014 21:36 | In reply to: #266991

Caros Confrades,

Esgotados que estão todos os recursos disponíveis para prosseguir as pesquisas na genealogia tradicional, decidi fazer o teste de autosomal DNA. Escolhi o Family Finder (Family Tree DNA), e finalmente chegaram os resultados!

Sabendo que a composição étnica da população portuguesa está longe de ser homogénea e que foram vários os povos que contribuíram para o nosso património genético, mesmo assim fiquei surpreendida com estes resultados: 6% de Eastern Europe e 3% de Finland!

A história diz-nos que a península ibérica foi invadida por vários povos germânicos, entre os quais os visigodos e os suevos. Enquanto transmontana de 32 costados esperaria encontrar algum (pouco) adn destes povos, bem como de judeus sefarditas, mas não! Leste Europeu e Finlândia and Northern Siberia!

Que povos foram estes? Como interpretar estes resultados?

Cumprimentos,

Maria

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