Morre um querido amigo; morre um fidalgo, professor Alejandro Caballero
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Morre um querido amigo; morre um fidalgo, professor Alejandro Caballero
Morre um fidalgo, professor Alejandro Caballero
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Cecilia Demian
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Thomaz Vita Neto
O filósofo Alejandro Caballero, 87 anos, foi enterrado ontem no Cemitério Jardim da Paz
Foi enterrado ontem no Cemitério Jardim da Paz o corpo do professor Alejandro Caballero y Garcia-Barba de Figueroa, também filósofo, advogado, vice-cônsul da Espanha e patrono da cadeira 19 da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura.
Um dos homens mais sábios de Rio Preto, que transpirava cultura e dignidade. Era um pensador de primeira linha com idealismo visceral. Eu costumava dizer que ele pregava no deserto com suas reflexões e citações em uma cidade que prioriza festas de peão e rodeios. Ele ria.
Caballero morreu na terça-feira às 16 horas, no Hospital Austa, depois de sofrer tromboembolismo pulmonar e fratura de fêmur, com agravamento pela hipertensão arterial e mal de Parkinson. A missa de sétimo dia está marcada para a próxima quarta-feira, 18, às 20 horas, na Igreja Santa Rita de Cássia.
Foi-se embora um cavalheiro no sentido literal da palavra. Amável, altivo, solene, educado, falava baixo e pouco, talvez por ouvir mal na velhice. Tinha 87 anos e foi duramente golpeado pela vida, primeiro com a morte prematura do filho Alexandre. De profunda formação cristã, não reclamava, mas vivia triste.
Thomaz Vita Neto
Recebendo título de cidadão honorário
Espanhol de Vigo, Galícia, Caballero veio para o Brasil aos 28 anos, ordenado padre jesuíta, mas ao chegar conheceu a belíssima professora Maria Elisabete, abandonou a batina e se casou com ela em 1965. Em 2007, ele sofreu a última grande pancada da vida, com a morte da mulher e das netas Júlia e Maria Isabel, filhas de Carmen, em um grave acidente da TAM, no qual morreram os 187 ocupantes do avião.
Mas Caballero era um forte. Descendia do herói espanhol El Cid (trigésima quarta geração) e tinha que mostrar coragem. Tocou a vida como pôde, passou o consulado para a filha, enfiou-se nos livros. Até pouco antes da morte de Maria Elisabete, passava o dia em seu escritório, que ele chamava nobremente de ‘chancelaria do vice-consulado’.
Na parede, o brasão dos Figueroa, casa nobiliárquica de respeito. Na lapela do sempre elegante blaser, um boton de outra instituição milenar, Infanções de Yellsca, que ele revezava com inúmeros outros distintivos e medalhas recebidos durante a vida.
Ele foi professor na Unesp Rio Preto, entre outras escolas. Estudava genealogia com afinco e cuidava da documentação e benefícios da colônia espanhola radicada na região e de dependentes em busca de dupla cidadania. Passou a vida fazendo o bem. Pregando ética.
Thomaz Vita Neto
Ele e M.Elisabete na Galeria Tela Branca
Quem foi:
:: Nascimento: Vigo, Espanha
:: Formação superior: Letras Clássicas em Salamanca, Espanha (1945); Filosofia em Madrid, Espanha (1949); Física e Matemática em Barcelona, Espanha (1952); Teologia pela Unisinos (1957),RS, onde também fez doutorado em Filosofia (1964); e bacharel em Direito (1976)
:: Casamento: com a professora Maria Elisabete Silva (falecida em 2007)
:: Pai de: Alexandre Augusto (falecido) e Carmen Elisabete
:: Profissão: professor na Unesp (1966 a 1983); na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, RS (1963 a 1964) e na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba (1965 a 1966)
:: Atividades: foi professor-colaborador do Seminário Maior Sagrado Coração de Jesus, de Rio Preto, desde 1987; diretor de institutos de ensino médio entre 1958 e 1962; organizou a Escola Técnica de Eletrônica de Santa Rita do Sapucaí (MG), entre 1958 e 1962 e foi o seu primeiro diretor
:: Letras e cultura: membro da União Brasileira de Escritores (UBE); membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura; ex-presidente do Conselho do Instituto Genealógico Brasileiro de São Paulo e do Colégio Brasileiro de Genealogia do Rio de Janeiro; correspondente da Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogia e da Academia Asturiana de Heráldica y Genealogia, ambas da Espanha; presidente da Casa de Espanha (1983 e 1974); diretor do Departamento de Genealogia do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Rio Preto (2003 a 2006)
:: Cargo: vice-cônsul da Espanha em Rio Preto desde 1977
:: Autor de: “Cosmologia”, “A Filosofia Através dos Textos”, “Metodologia da Pesquisa Genealógica” e “Filosofia do Humano I”
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Fonte: http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Cidades/72636,,Morre+um+fidalgo,+professor+Alejandro+Caballero.aspx
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RE: Morre um querido amigo; morre um fidalgo, professor Alejandro Caballero
Caro Hirão
As minhas condolências a si pela morte do seu Amigo.
Para os portugueses, para os “espanhóis” e para os galegos, os últimos não são propriamente espanhóis, independentemente de associarem a sua identidade “fora de muros” a “Espanha”…
Tendo eu vivido em vários países incluindo “Espanha” sem ser na Galiza, a relação com galegos foi normalmente privilegiada. Sempre notório a forma como fui distinguido por eles do resto dos “espanhóis”…ou seja com uma atenção e um carinho verdadeiramente fraterno, sem pretensões e marcadamente diferente das relações deles com os “habitantes” das outras “províncias”…
Como sabe, a maioria dos “espanhóis” no Brasil são galegos. Independentemente da necessidade que tem de afirmarem a sua identidade, eles sabem que tem mais de portugueses (ou vice versa) que de “espanhóis”.
Fomos separados há quase mil anos por aspectos políticos, mas temos a mesma herança de genes e cultural.
Também verifiquei que o brasileiro desconhecia este lado da história, ou ás vezes fingia desconhecer...
Portanto não é necessário “enaltecer” a nacionalidade do seu Amigo, como “espanhol”. Todos sabemos que era um “galaico-português” e sendo ele nobre como afirma, não se iria esconder á verdade.
Cumprimentos,
José de Azevedo Coutinho
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RE: Morre um querido amigo; morre um fidalgo, professor Alejandro Caballero
Caro José de Azevedo Coutinho,
A comunidade espanhola e as associações hispano-brasileiras da região de São José do Rio Preto, bem como boa parcela das do Vale do Paraíba, muito devem ao Profº Alejandro Caballero por seus desmedidos e desinteressados esforços em prol dos seus compatriotas e do fortalecimento da cultura espanhola no Brasil. Fará muita falta.
A maioria o é (galega); a minha família, não. Somos andaluzes de origem navarra e tronco visigodo, porém, com alguns pés na Galicia por conta de um sétimo-avô Barros, galego de origem, mas patriarca de um dos ramos dos Barros andaluzes. Bem... (ou mal, para si, talvez) a Galicia é Espanha. Ora, apenas porque Portugal dela se separou não significa que o pedaço "espanhol" (vou usar as aspas por mero espírito de imitação) esteja separado do "português", como se, necessariamente, inseparáveis gêmeos siameses fossem. Por que não pensar, então, que o "lado" lusitano esteja desgarrado? Afinidades (culturais e lingüísticas, sobretudo) existem; não as nego, em absoluto. Porém, creio pensar que o sr. exacerba (um "poucochinho") o patriotismo ao falar de território (e povo!) alheio, e ao querer pespegar-lhes uma nacionalidade (a portuguesa) que não é deles. Aliás, para mim (e tantos outros), Portugal ainda é, mutatis mutandis, Espanha (não apenas Hispania...). Não serão os portugueses, então, mais "galegos", hem? Outrossim..., nunca me senti tratado de forma pouco cordial ou "menos distingüida" na Galicia, mesmo quando em companhia de amigos portugueses e brasileiros (aliás, brasileiros de "recente origem" - pais e avós - portuguesa).
Até onde me consta, don Alejandro tinha uma boa dose de sangue castellano, portanto..., não será assim um "puro galego." Ah!, uma curiosidade: cá no Brasil, às vezes, gostava que lhe chamassem Alexandre. ¿Cosas de Galicia? Não sei.
Uma vez, o ouvi citar Don Quijote: "No hay que tener envidia a los que los tienen principes y señores, porque la sangre se hereda, y la virtud se aquisraé y la virtud vale por sí sola lo que la sangre no vale."
Um abraço (e boa noite),
D., "espanhol"
P.S- Não que eu seja lá muito ignorante, mas, ainda me coçam as idéias por não entender o porquê de tantas aspas (").
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Galiza...
Caro Hirão
Estou em desacordo consigo no que toca a uma hipotética primazia da Galiza sobre Portugal, dentro também de uma hipotética reunificação (tendo em linha o território Português se confinaria ao existente no inicio da criação do condado Portucalense!).
Independentemente de Portugal ter sido filhado pela Galiza, é o país da Europa mais antigo com fronteiras conhecidas. É o único reino que o reino de Castela não conseguiu subjugar no contesto Hispânico. Tem períodos da História de muito maior vulto que todos os outros reinos da Ibéria juntos.
Em relação á Galiza, de há 1200 anos para cá independentemente de esforços louváveis até há mil anos de independência, foi subjugada primeiro pelas Astúrias, depois por Leão e por último por Castela.
Compreendo que o orgulho não os faça esquecer o processo de nascimento de Portugal, mas á que considerar que o Filho há muito excedeu em importância e com mérito o lugar do Pai…
Sendo assim, haveria toda a necessidade de rever propósitos e posturas.
O processo de tentativa de independência de todos os “antigos reinos” subjugados a Castela, continua ainda hoje em marcha, aliás com redobrada intensidade. Os miúdos aprendem por exemplo, certos dialectos “convertidos” em línguas na escola primária! O governo “socialista” tem sido extraordinário em dividir “Espanha”!!!
Infelizmente não vejo o meu povo, actualmente ter força, valor e tenacidade suficiente para partir, para um projecto de reunificação com a Galiza.
Quanto á sua Andaluzia, caso desconheça, ela foi conquistada e colonizada (palavra incomoda para países de independência recente) por Castelhanos e Portugueses. O período de auge da Andaluzia, de 1580 a 1640, a desactivação propositada de Lisboa por Castela e a conversão de Sevilha ao centro dos negócios, deu-lhe a notoriedade na altura. De referir que nessa altura também os Portugueses se “transferiram” para Sevilha em grande escala, sendo os principais articuladores do comércio com o império e edificando a cidade monumental que hoje é.
Cumprimentos,
José de Azevedo Coutinho
PS. As aspas agradam-me e servem-me para atingir os objectivos. Não se alarme é inócuo.
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RE: Morre um querido amigo; morre um fidalgo, professor Alejandro Caballero
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilh
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