A Arte de Navegar dos Portugueses no tempo de Cristovâo Colombo
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A Arte de Navegar dos Portugueses no tempo de Cristovâo Colombo
Estimados tertulianos do forum dedicados aos temas da navegaçâo dos portugueses na época de Cristovâo Colombo.
Envio- vos este elo, uma conferencia na Sociedade de geografia de Lisboa e análise critica aos postulados, invençôes, falcificaçôes, apropriaçôes e deturpaçôes históricas dos italianos sobre as técnicas de navegaçâo à época de Colombo:
http://www.gutenberg.org/files/24533/24533-h/24533-h.htm#6
Espero que a eterna discuçâo sobre se Colón sabia ou nâo onde estava termine com a leitura desta conferencia.
Também há o Roteiro de Manuel Pimentel, onde aparecem as liçôes e matéria a aprender pelos Pilotos, na arte de navegar:
http://ia600604.us.archive.org//load_djvu_applet.php?file=32/items/artedenavegaremq01pime/artedenavegaremq01pime.djvu
Espero que disfrutem da leitura
Cumprimentos
Fernando de Telde
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RE: A Arte de Navegar dos Portugueses no tempo de Cristovâo Colombo
Biblioteca virtual espanhola com documentos colombinos
http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/FichaTituloSerieDeObra?id=495&portal=0
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RE: A Arte de Navegar dos Portugueses no tempo de Cristovâo Colombo
Caro Fernando,
O primeiro livro que referencia, acabei de o ler por alto. Não parece refutar em nada aquilo que já foi discutido 'ad nauseam' sobre o assunto neste fórum. O problema da determinação das longitudes é lá referido, e não parece estar em desacordo com aquilo que foi dito, mesmo referindo-se ao conhecimento da declinação magnética, e a sua variação no tempo e no espaço..
como é dito no texto:
"É claro que essas agulhas assim compensadas só podiam servir na navegação ao longo da costa de Africa, onde então a variação era nordeste e tinha approximadamente a grandeza que se julgava; póde bem imaginar-se que fóra d'aquella navegação, feita quasi pelo mesmo meridiano, as indicações das agulhas haviam de ser erroneas. Outra causa concorria para esses erros, e era a propria rudeza da fabricação. As primitivas agulhas portuguezas tinham verdadeiramente a fórma de uma grande agulha de alfayate, e eram fabricadas de ferro e não de aço; em cada extremidade havia duas pontas, e eram estas que se cevavam, isto é, que se tocavam com a pedra iman. Por este processo rudimentar era de pequena intensidade a força magnetica das agulhas; d'ahi a necessidade de as cevar frequentes vezes, operação considerada a mais mysteriosa e sublime que os pilotos tinham de realisar durante a navegação."
como é óbvio, e também referido no texto.
"Se lhes faltou a determinação das longitudes pela comparação das horas, prova-se por muitas passagens dos auctores que elles não ignoravam a theoria, mas apenas careciam do instrumento que podesse medir o tempo com a necessaria exactidão; e de todos é bem sabido que essa delicadeza de construcção só muito modernamente foi attingida nos chronometros, que aliás são instrumentos sujeitos á influencia de diversas circumstancias perturbadoras."
Ainda, fica por provar que houvesse um conhecimento minimamente detalhado do continente americano . Como é dito pelo próprio autor:
"A America sonhava-se porventura na lenda da Antilia."
e ainda, importante frisar este trecho:
"Ainda havia vagas indicações, ligadas a lendas, ácerca de diversas ilhas espalhadas pelo Atlantico. E tudo isto se figurava, para o vulgo pelo menos, em uma terra plana, porque a esphericidade do planeta teria como consequencia a existencia dos antipodas, o que se reputava absurdo."
que demonstra que o palestrante, tal como era moda na época, acreditava que os sábios do séc XVI ainda postulavam que a terra seria plana, o que veio a ser inúmeras vezes demonstrado como falso no séc posterior, e é uma teoria completamente posta de parte nos dias de hoje.
Nada disto demonstra nem que Colombo era português, apesar do autor afirmar que a escola de Colombo seria a escola 'portuguesa', o que parece estar em desacordo com aquilo que é comummente aceite, nem que ele soubesse onde estava quando aportou nas Américas, e pelas três vezes em que mediu longitudes (documentado) utilizando para o efeito eclipses lunares, falhou, e em muito a posição da longitude.
Não explica também a teoria conspiratória de que Colombo seria um espião a serviço do rei de Portugal, pois, a meu ver, alguém terá de explicar o interesse para Portugal (o interesse que é referido no próprio texto!) em levar Castela, um competidor, para um continente, ou um conjunto de terras (imagino que não se soubesse exactamente o que era) que os próprios portugueses poderiam explorar e aproveitar.
Não compreendo a necessidade de ofender o povo italiano por razões patrióticas.
Como é bem referido no texto com que nos presenteou, os portugueses fizeram muito pela navegação, e seu desenvolvimento no séc XVI.
O resto parece-me pouco importante.
E deve-se tomar cuidado com a deturpação da história do conhecimento científico. Fica por demonstrar que alguém no séc XVI conhecesse em detalhe o continente americano. Aliás por aquilo que se depreende (e que também é referido no texto- vide referência a Martinho da Boémia) é bem possível que houvesse escolas de pensamento discordantes, uma
que achasse que aquele conjunto de ilhas ou terras a ocidente seriam ilhas dispersas ao longo da costa do continente asiático (vide globo de Martinho) ou que fosse outra coisa qualquer, talvez um continente novo. Para isso serviram as viagens de Américo Vespúcio, esse sim um navegador tão negligenciado pelos portugueses, que serviu a nossa coroa, e foi mandatado para perceber o que era 'aquilo' que lá estava. De uma forma, a meu ver, bem mais científica e sensata, do que a viagem a que Colombo se propôs.
Cumprimentos,
Pedro
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RE: A Arte de Navegar dos Portugueses no tempo de Cristovâo Colombo
Meu caro Pedro,
Cada qual tem a sencibilidade que herdou e nada se pode fazer quando esta falha.
Dito isto..
Quando coloco aqui os dois elos em apreço, o que pretendo é dar o meu contributo, nâo para resolver Cristóvâo Colón, muito longe de mim tal pretençâo, mas apenas colocar no conhecimento dos que me queiram ler, daquilo que existe sobre a matéria. Como o Pedro crê que eu estarei a querer bater na tecla da nacionalidade de Colón, resolve enveredar pela pouca importancia das observaçôes dos autores e, mais ainda, pelo conhecimento da técnica que empregavam os navegantes da época. Se nota que o Pedro pouco, ou nada, deve entender, nem de história, que, para quem gosta e pratica, tudo é sumamente importante, nem de navegaçâo, pois desdenha compreender o método utilizado naquela época e, portanto, também desdenha compreender o facto histórico como aquela gente conseguia encontrar o seu caminho na ida, pelo vasto oceano (se vê que o Pedro nem tâo sequer sabe o que isso é), mas, o que é ainda mais admirável era, como encontravam o caminho de regresso a casa. Quem nâo entende disto, nada tem que perder em ler o que ali, na mensagem anterior coloco!!!
Quando coloco escritos de outros, nâo assumo qualquer postulado ali metido, portanto, a critica aos documentos que coloquei, deverá fazer-la directamente sobre o texto e nâo a mim. Se quiser discutir os pormenores, entâo indique de forma correcta os assuntos a debater, indicando a frase do autor, a página onde a frase está e, logo, exponha a sua visâo do assunto logo, se houver discordancia, se entra em debate e... se nâo a há... pois anuir na opiniâo.-
Continuaçâo de bom fim de semana
Fernando de telde
P.S. com esta sua frase o caro Pedro diz bem desconhecer do que fala: "apesar do autor afirmar que a escola de Colombo seria a escola 'portuguesa', o que parece estar em desacordo com aquilo que é comummente aceite "
Creio que é comum-mente aceite, que é bem na escola portugguesa que Colón aprendeu a navegar, ninguém sensato diz tamanho disparate como o Pedro teve o descaro de afirmar.-
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RE: A Arte de Navegar dos Portugueses no tempo de Cristovâo Colombo
A sensibilidade tem o desplante de rimar com imbecibilidade.
Nao se preocupe com a senSibilidade que herdei, pois seguramente não só não lhe diz qualquer respeito, como quando o li, não deixou de me trazer um certo sorriso irónico aos lábios...
Dito isto, o que me incomoda profundamente, é a frase em que ofende o povo italiano em nome de uma quimera que muito provavelmente se julgará falsa.
O resto do que disse, ou relatou, e ao qual eu respondi, na melhor das intençōes, ficará ao critério de outrém. Seguramente, nem ao meu, nem ao seu.
A História tem dessas particularidades.
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a Raccolta nunca foi um trabalho académico nem cientifico.. RE:Arte de Navegar dos Portugueses
Caro Fernando de Telde,
"Succedeu, porém, quatro dias antes da conferencia, que, indo eu á Bibliotheca Nacional para rever alguns livros, pelo sr. Gabriel Pereira, sabio director d'aquelle estabelecimento, me foram mostrados os volumes recentemente chegados da magnifica publicação feita a expensas do governo italiano, por occasião do centenario de Colombo, intitulada Raccolta di documenti e studi publicati dalla R. Commissione Colombiana pel quarto centenario della scoperta dell'America.
O volume I da parte IV d'essa collecção consta de um estudo do sr. Enrico Alberto d'Albertis, com o titulo Le costruzione navali e l'arte della navigazione al tempo de Cristoforo Colombo; e no volume II vem um trabalho do sr. Timoteo Bertelli denominado La declinazione magnetica e la sua variazione nello spazio scoperte da Cristoforo Colombo.
Percorrendo este ultimo trabalho rapidamente, pois para mais não tive tempo, vi que elle se propunha effectivamente demonstrar ter sido Christovam Colombo o primeiro que descobriu o phenomeno da variação da agulha, como aliás é lição quasi geral. Ora, entre a grande copia de argumentos do sr. Bertelli, apparece o de que muitos auctores contemporaneos e posteriores a Colombo ignoravam o phenomeno, e no numero d'esses cita-se o nome do portuguez Pedro Nunes!!"
http://www.gutenberg.org/files/24533/24533-h/24533-h.htm#6
NÃO ME ADMIRA QUE A Raccolta esteja farta de erros, invenções e aldrabices, pois já aqui o afirmei várias vezes.
O facto é que a Raccolta nunca foi um trabalho académico nem cientifico foi apenas um trabalho político tal como não foi o livro de Tavianni trabalho académico nem cientifico.. nem aquele de Virgil Milani...
Tudo estava montado para fazer o mundo crer que o genial COLÓN era o tal tecelão Colombo... nada tinha que ser verdade, como se pode ver e provar hoje.
Mas o que me sempre irritou foi o silêncio dos académicos portugueses frente a tais mentiras.
Espero que finalmente comecem a contestar publicamente o que foi dito pelos italianos.... já é tempo.
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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