Erros no Assentos

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Erros no Assentos

#308648 | JFHPereira | 20 juin 2012 09:52

Bom dia,

Podiam explicar-me porque que existem tantos erros nos assentos de batismo, casamento, óbitos?
A mesma pessoa pode ter vários nomes que no seu assento de batismo, no dos seus filhos, no de casamento e até no de óbito? Porque que isso acontecia?

Obrigado pela atenção,

Cumprimentos,

JPereira

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RE: Erros no Assentos

#308658 | JCC | 20 juin 2012 12:07 | In reply to: #308648

Caro JPereira

Se os erros a que se refere são apenas as diferenças de nome em vários assentos, então não podemos falar em erros.

De facto, ao contrário do que nos habituámos nos nossos tempos, a composição do nome não era uma coisa fixa. Ao longo da vida o próprio alterava frequentetemente a composição do seu nome, conforme lhe "agradava".

Relembro que a não existência de documentos de identidade fazia com que o nome fosse aquele que a pessoa, ou as testemunhas, apresentavam em cada altura. Mais em concreto os apelidos apenas surgiam na idade adulta e era o próprio que os escolhia (e mudava, caso lhe interessasse).

Assim, é perfeitamente possível que o mesmo indivíduo apresnte nomes diferentes em diferentes situações. A única solução é validar o spais...

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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RE: Erros no Assentos

#308667 | MariaDavid | 20 juin 2012 13:30 | In reply to: #308648

Caro confrade

Só para dar uma achega mais à resposta que o João Cordovil Cardoso tão bem deu e absolutmente correcta, deixe-me acrescentar algo mai. Muitas vezes, no que toca aos assentos de óbito, eram vizinhos ou conhecidos do falecido e da família que participavam esse falecimento. Nem sempre conheciam os nomes correctos. Por vezes, o falecido era mais conhecido pela terra de origem. Vou dar-lhe um exemplo: Manuel Rodrigues Monsanto, também Manuel Dias, Manuel Rodrigues e Manuel Dias. Outro exemplo: Francisco Rodrigues, Francisco Ruivo, Francisco Rodrigues Ruivo. Presumo que em relação a este se trate de uma característica pilosa.
Quanto aos assentos de baptismo, eles apenas apresentam o nome próprio e o primeiro nome. Exemplo: Maria Clara aparece com o Maria e excepcionalmente como Maria Clara. Mas atenção: muitas vezes, pelo crisma, alteravam os seus nomes próprios. Exemplo: Meu trisavô paterno foi baptizado como Miguel, casou como Daniel. Outro irmão dele, foi baptizado como Miguel, dado como Miguel António Nunes, Miguel Nunes de Sousa.

Espero ter sido clara.
Cumprimentos
Maria

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RE: Erros no Assentos

#308669 | JFHPereira | 20 juin 2012 13:34 | In reply to: #308658

Caro João,

Agradeço a sua resposta.
Os erros a que me refiro são mesmo os diferentes nomes que apresentavam a o longo da vida.

Estou a fazer uma arvore genealogica da minha familia, estou em meados de 1800. A unica forme de confirmar as pessoas que encontro nos vários assentos se realmente são as pessoas que procuro é mesmo confrontando com as datas e validar através dos nomes dos pais, correcto?
Obrigado pela atenção.

Cumprimentos,

JPereira

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RE: Erros no Assentos

#308674 | JCC | 20 juin 2012 14:44 | In reply to: #308669

Caro JPereira

É como diz, deveremos sempre confirmar com os nomes dos pais e certicarmo-nos que a cronologia é possível. Isto é especialmente importante quando os nomes são frequentes. Se se trata de nomes invulgares teremos a vida facilitada.

Cumprimentos

João Cordovl Cardoso

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Imprecisões próprias da época - RE: Erros no Assentos

#308678 | AQF | 20 juin 2012 15:57 | In reply to: #308648

Caro Confrade JPereira,

Antes de almoço tinha quase pronta a resposta abaixo, que tive de interromper. Apesar de já terem chegado algumas respostas, deixo seguir a minha missiva porque estava escrita e poderá completar as ideias dadas por outros confrades.

Ao contrário do que pensará, na maioria dos casos, não se tratam de erros, mas sim o resultado de práticas habituais numa época em que não era necessário uma identificação oficial, rigorosa e unívoca, como actualmente através do B. I. ou de certidões.

Quando os assentos se tornaram prática corrente por iniciativa da Igreja (séc. XVI nuns casos e início do séc XVII noutros), nomeadamente para controlar o problema das consanguinidades, o número de pessoas na maioria dos lugares e freguesias era relativamente reduzido e a mobilidade muito menor que actualmente, fazendo com que quase todos se conhecessem das práticas religiosas e outras actividades. Em especial, os padres da freguesia, que efectuavam os actos religiosos conheciam muito bem os fregueses e ao escreverem os assentos paroquiais colocavam nomes seguindo informações dos interessados e de forma a que ficassem bem identificados como seus fregueses.

Assim, na maioria dos casos, no assento de baptismo escreviam, por exemplo, Maria ou Maria de Jesus ou Manuel filho de fulano e de fulana ou apenas filho de fulano. Esta designação mantinha-se enquanto solteiros e com o pai vivo alterando-se quando este falecia para passarem a ser conhecidos por Maria ou Manuel filho que foi de fulano ou filho de fulana, viúva. Algumas vezes por altura do Crisma havia alteração do nome.

Depois, aquando do casamento, os filhos completavam o nome, sem critérios rígidos, com um apelido, eventualmente dois (podendo um ser patronímico ou até alcunha) do pai, da mãe, de ambos ou mesmo de avós. Este nome, mais completo, não era rígido, podendo ter variantes aquando dos diferentes assentos dos filhos. No caso das filhas os nomes muitas vezes nem apelidos tinham, podendo ter um nome próprio seguido de um ou dois nomes religiosos. As esposas passavam muitas vezes a ser conhecidas por mulher de fulano, ou mulher que foi de fulano como aparece em muitos assentos de óbitos.

Tudo isto, foi tendo nuances em resultado de "modas" regionais e temporais. No séc. XIX, com as reformas liberais, os agentes religiosos passaram a ter obrigações mais rigorosas na elaboração dos assentos até que com a implantação da República passou a haver registo civil com muitas das regras que ainda hoje se praticam.

Essas aparentes imprecisões da escrita dos nomes das pessoas de diversas formas, em muitos casos, são uma preciosa ajuda na resolução dos entronques duvidosos mais antigos, por evidenciarem vários apelidos a que teriam direito.

Cumprimentos,

Ângelo da Fonseca

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