A civilização Maia
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A civilização Maia
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" As evidências arqueológicas mostram que os maias começaram a edificar sua arquitetura cerimonial há 3000 anos. Entre os estudiosos, há um certo desacordo sobre os limites e diferenças entre a civilização maia e a cultura mesoamericana pré-clássica vizinha dos olmecas[2]. Os olmecas e os maias antigos parecem ter-se influenciado mutuamente.
Os monumentos mais antigos consistem em simples montículos remanescentes de tumbas, precursoras das pirâmides erguidas mais tarde. Eventualmente, a cultura olmeca ter-se-ia desvanecido depois de dispersar a sua influência na península de Iucatã, na Guatemala e em outras regiões.
Os maias construíram as famosas cidades de Tikal, Palenque, Copán e Calakmul, e também Dos Pilas, Uaxactún, Altún Ha, e muitos outros centros habitacionais na área. Jamais chegaram a desenvolver um império embora algumas cidades-estado independentes tenham formado ligas temporárias, associações e mesmo rápidos períodos de suserania[4]. Os monumentos mais notáveis são as pirâmides que construíram em seus centros religiosos, junto aos palácios de seus governantes. Outros restos arqueológicos muito importantes são as chamadas estelas (os maias as chamam de tetún, ou "três pedras"), monólitos de proporções consideráveis que descrevem os governantes da época, sua genealogia, seus feitos de guerra e outros grandes eventos, gravados em caracteres hieroglíficos.
Os maias tinham economia preponderantemente agrícola embora praticassem ativamente o comércio em toda a Mesoamérica e possivelmente para além desta. Entre os principais produtos do comércio, estavam o jade, o cacau, o sal e a obsidiana.
A civilização maia estendeu-se por todo o atual sul dos estados mexicanos de Chiapas, Tabasco, e Península de Yucatán estados de Quintana Roo , Campeche e Yucatán. A área Maya também se estendeu por todo o norte da América Central, incluindo as atuais nações da Guatemala , Belize , Norte de El Salvador e no oeste de Honduras[2]. A área dos Mayas é geralmente dividida em três zonas vagamente definidas: as terras altas do sul Maya, na Depressão Central e as planícies do norte. As terras maias altas do sul incluem todos os terrenos elevados na Guatemala e no planalto de Chiapas[3]. As planícies do sul encontram-se apenas ao norte do planalto, e incorporam os estados mexicanos de Campeche, Quintana Roo, norte da Guatemala, Belize e El Salvador. As planícies do norte cobrem o restante da península de Iucatã, incluindo as colinas Puuc.[3]
Nos séculos VIII e IX, a cultura maia clássica entrou em decadência, abandonando a maioria das grandes cidades e as terras baixas centrais. A guerra, doenças, inundações e longas secas, ou ainda a combinação destes fatores, são frequentemente sugeridos como os motivos da decadência.
Existem evidências de uma era final em que a violência se expandia: cidades amplas e abertas foram então fortemente guarnecidas por muradas, às vezes visivelmente construídas às pressas[2]. Teoriza-se também com revoltas sociais em que classes campesinas acabaram se revoltando contra a elite urbana nas terras baixas centrais[4].
Os estados maias pós-clássicos também continuaram prosperando nos altiplanos do sul. Um dos reinos maias desta área, Quiché, é o responsável pelo mais amplo e famoso trabalho de historiografia e mitologia maias, o "Popol Vuh".
Os territórios maias foram absorvidos durante o processo de expansão do império asteca por volta do século XV.
Por fim, no ano de 1519, o espanhol Hernán Cortez inicia a conquista do território asteca, incluindo as regiões anteriormente pertencentes aos maias.
Algumas cidades ofereceram uma grande e feroz resistência; a última cidade-estado não foi subjugada pelos espanhóis senão em 1697.
As tropas de Fernando Cortez derrotaram o exército asteca na Batalha de Otumba (1520).
Cristóvão Colombo, que tomou posse da ilhota (San Salvador) em nome da Coroa de Castela em 12 de outubro de 1492 e vagou pelas ilhas do Haiti, Cuba e Jamaica, julgava tratar-se das costas ocidentais de Cipango (Japão) e Catai (China).
De retorno, a mercadoria mais interessante que trouxe foram habitantes das terras ocidentais, os índios Caraíbas (vendeu 509 deles em Sevilha em 1495 e seu irmão vendeu 300 no ano seguinte em Cádiz)[5], que, pela sua nudez e modos, logo denunciaram não pertencerem aos "reinos das índias", havendo até quem dissesse que nem mesmo descendentes de Adão eram.
Assim, logo se alastrou o preceito de que se chegara apenas nas "antilhas", ou seja, terra inculta e inóspita a caminho das Índias, razão por que, em 1506, Juan Dias de Solis e Vicente Yáñez Pinzón, quando chegaram ao México, no extremo norte do Iucatã, julgaram tratar-se apenas de mais outra ilha.
Nem no sôfrego desembarque emergencial de um punhado de sobreviventes de uma expedição de Vasco Nuñes de Balboa, em 1511, nas costas do México, nem a chegada de Ponce de León em 1513, mais ao norte, na Flórida, deram notícia dos Maias, que continuaram ignorados mesmo de Fernando Cortez quando se apoderava do Império Asteca no México Central a partir de 1519.
Foi somente em 4 de março de 1517 que a flotilha comandada por Francisco Hernandes de Córdoba – que estava à cata de índios para os escravizar nas fazendas de Cuba –, fugindo a uma tempestade que já durava dois dias, aportou no norte do Iucatã e logo foi assediada por algumas canoas repletas de maias vestidos em túnicas de algodão e (em razão de suas aparências) os espanhóis logo lhes atribuíram mais razão que os habitantes de Cuba.
As sólidas e grandiosas construções ("casas de cal y canto"), visíveis do mar, inspiraram o nome que os espanhóis deram ao lugar: "Gran Cairo" que evocava a cultura islamita da qual os ibéricos eram tradicionais adversários (recorrentemente chamavam as pirâmides de mesquitas). Tratava-se do primeiro contacto entre as duas civilizações.
Entendendo-se por sinais, os espanhóis aceitaram o convite e desembarcaram no dia seguinte e, após duas horas de marcha continente adentro, foram surpreendidos pelo ataque dos maias no qual, já de início, sucumbiram 15 espanhóis. E sucumbiriam todos, se não fora o uso dos mosquetes que, mais pelo barulho que pelo efeito fatal, pôs os atacantes em fuga.
Nos conta Bernal Diaz de Castilho, em sua obra "História da Conquista da Nova Espanha", que ficaram horrorizados pelo grande número de ídolos de argila, uns com cabeças monstruosas, mulheres de grande estatura, todos em cenas e gestos diabólicos e que "...Gonzales, o padre da expedição, passou os cinco dedos em diversos deles e confiscou todo o ouro que encontrou".
Apresando dois maias, a expedição se fez ao mar novamente e navegou a oeste e sul até chegar na atual Campeche cujas duas grandes torres visíveis ao longe do mar inspiraram o nome Punta de las Mujeres dado ao local.
Aí os espanhóis horrorizaram-se, pois o sacerdote local acabara de praticar um sacrifício, e as paredes, assim como os cabelos do sacerdote, estavam ensopados de sangue (e era preceito rigoroso que não se os podia limpar). O mal estar deve ter ficado explícito e o sacerdote, convocando um grande número de guerreiros, fez os espanhóis entenderem que não eram bem-vindos: acenderam uma pequena fogueira deram a entender que se eles não se fossem até o fogo se extinguir, iria haver violência.
Cautelosa a tripulação retirou-se e rumou mais para o sul até Champoton onde desembarcaram pois a provisão de água dos navios tinha se acabado e era necessário renová-la. Tentando encher suas pipas e vasilhas num poço do maias, estes os hostilizaram e atacaram por dias a fio, flexando-os a distância do fio das espadas e dos tiros de mosquetes, que já não os assustavam.
Sem outra alternativa, os espanhóis romperam o cerco e fugiram em direção aos navios, abandonando as vasilhas de água. Na fuga, os batéis emborcaram e os espanhóis seguiram meio a nado, meio agarrados aos escombros, e depois foram resgatados. Da centena de homens do início da expedição, neste embate cinquenta foram mortos e os que não tiveram suas gargantas cortadas com espadas de madeira encravadas de sílex foram capturados para servirem a futuros sacrifícios, e todos os demais ficaram feridos a exceção de um único soldado que surpreendentemente saiu ileso.
O próprio cronista Bernal Diaz de Castilhos, então com 25 anos, havia levado três flechadas, e o chefe da expedição, Hernandes de Córdoba, veio a falecer das complicações dos ferimentos daqueles combates.
Feitos ao mar sem água potável, com pesadas baixas mas com um punhado de ouro, estes primeiros conquistadores foram o estopim para futuras expedições de outros tantos aventureiros. Assim se iniciava a conquista dos estados maias.
As colônias espanholas americanas estavam muito afastadas do mundo exterior, e as ruínas das grandes cidades antigas eram pouco conhecidas exceto pelos locais.
Entretanto, em 1839, o explorador americano John Lloyd Stephens, escutando notícias de ruínas perdidas nas selvas, visitou Copán, Palenque, e outras localidades acompanhado do arquiteto e desenhista Frederick Catherwood.
Seu diário de viagem ilustrado sobre as ruínas incendiaram um forte interesse pela região e sua gente promovendo a assimilação do vínculo com a cultura maia entre os dirigentes locais.
A maioria da população rural contemporânea da Guatemala e Belize é maia por descendência e idioma primário; em áreas rurais do México, ainda existe uma cultura maia."
http://www.youtube.com/watch?v=wQ2PNGbfcuw
http://goo.gl/maps/I5kxr
Elementos retirados nett.
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Ana Simões
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RE: A Civilização ASTECA
História da Civilização Asteca
" Estamos diante de uma civilização que incorporou a arquitetura, o cálculo, a escrita, e a religião ao seu dia-a-dia. A confederação Asteca, em termos culturais, era uma degeneração de civilizações preexistentes, eles absorveram aspectos dessa cultura incorporando à sua.
Os Astecas, foram um dos povos mais civilizados e poderosos da América pré-colombiana. Ocuparam como se autodenominaram os habitantes do Vale do México (em uma ilha do Lago Texcoco), vieram para essa região, depois de uma longa e lenta migração. Chegaram de um lugar chamado Aztlán, situado no sudoeste do atual Estados unidos, onde viviam como tribos guerreiras nômades. Desde a Era Cristã, existiam civilizações urbanas, sedentárias e agrícolas na região a exemplo dos toltecas.
Os últimos a chegar ao refinado mundo do planalto mexicano foram os astecas sedentarizaram-se e mesclaram-se com os toltecas e a partir da aliança feita entre as cidades de Texcoco e Tlacopan, surgiu o "Império Asteca", tendo como centro a cidade asteca de Tenochtitlán. Cada uma das cidades-estados possuía o seu próprio rei, mas os astecas tinham o comando militar na época em que ocorreu a ocupação espanhola, o imenso império só reconhecia um chefe: Montezuma, o imperador asteca.
A partir de sua capital, Tenochtitlán (hoje a cidade do México, tinha uma população de 400.000 habitantes, na época, maior que qualquer cidade Européia, era uma vasta metrópole cercada de água, como em Veneza, com um labirinto de canais que atravessava em todas as direções), os Astecas controlavam um grande império que incluía quase todo o centro e sul do México. Foram guerreiros famosos, com uma organização militar muito desenvolvida.
Eles eram fortes, de pele escura, cabelos curtos e grossos, e rostos redondos. Assemelhavam-se a alguns grupos de indígenas que hoje vivem em pequenas aldeias perto da Cidade do México.
* Curiosidade: Quase todos falavam a língua Náuatle, que em determinadas palavras assemelha-se ao português, por exemplo; tomate e chocolate, que em Náuatle é tomatl, chocolete.
Teotihuacán
Esta cidade Asteca apresentava um gigantesco conjunto arquitetônico, no qual se destacavam a "pirâmide do Sol" (60m de altura, 225m de lado na base quadrada, resultando em 1 milhão de metros cúbicos de terra revestida de pedra) e a "pirâmide da Lua" (42m de altura, 1600 m² na base).
Os Astecas construíram a pirâmide dos Ninchos de El Tajin, com 365 ninchos, um para cada dia do ano, e a célebre "pedra do sol", um imenso calendário solar.
A conquista do México
Os Astecas acreditavam que viria um grande Deus pelo mar. Quando os espanhóis então chegaram com suas caravelas, eles achavam que eles eram Deuses. Assim, a princípio, Montezuma, o imperador asteca, ofereceu vários presentes a Hernán Cortés.
Era comum na civilização asteca sacrificar humanos para celebrar os seus deuses, assim vários foram sacrificados, e apesar de parecer hoje bárbara essa atitude, na época era comum, e as pessoas iam felizes para seus sacrifícios (abaixo).
Depois, os astecas perceberam o real interesse dos espanhóis e então, juraram a seus deuses não deixar os invasores saírem com vida. Ocorreu então uma longa batalha durante dias e noites que foi responsável pela morte de várias pessoas (abaixo
Os espanhóis uniram-se aos índios tlaxcalas (povo dominado pelos astecas), mas sofreram uma destruidora oposição. Cortés ainda pediu a paz, porém negada pelos astecas. Escasseando a pólvora e os mantimentos os espanhóis recuaram.
Porém os brancos contaram com reforços e reorganizaram as tropas com mais 600 espanhóis, 40 cavalos e 1000 guerreiros tlaxcalas ansiosos para destruírem definitivamente seus inimigos de sempre. Entre os provimentos encontrava-se material para construir 13 embarcações para dar apoio às tropas no lago de Tenochitlán. Dessa vez a guerra foi longa e sangrenta.
Uma epidemia de varíola trazida como sempre pelos europeus estava causando uma mortalidade elevadíssima em Tenochtitlán. Além disso, famintos que Diaz descreveu como "tão magros, amarelos e sujos que era um dó vê-los", tinham de arrastar-se pelo chão em busca de raízes e arrancavam a casca das árvores para se alimentarem. A seguir, a resistência dos astecas enfraquecera a tal ponto que conseguiram entrar no centro da cidade. Capturaram Cualhtemoc, sucessor de Montezuma; Aos espanhóis, o México pertencia-lhes.
Lenda
Os astecas, de acordo com sua própria história lendária, surgiram de sete cavernas a noroeste da Cidade do México. Na verdade, esta lenda diz respeito apenas aos tenochca, um dos grupos astecas. Esta tribo dominou o Vale do México e fundou Tenochtitlán, que se tornaria a capital do império asteca, por volta do ano 1325 d.C. Conta a lenda que o deus Huitzilopochtli conduziu o povo a uma ilha no Lago Texcoco. Ali viram uma águia, empoleirada num cacto, comendo uma serpente. Segundo uma profecia, este seria o sinal divino para o local da construção de sua cidade.
Os tenochca começaram com um pequeno templo e logo tornaram-se os líderes da grande nação asteca. A primeira parte da história asteca é lendária. Mas o resultado das escavações arqueológicas e os livros astecas servem de base para um relato histórico verídico. A história possui um registro bastante autêntico da linhagem dos reis astecas, desde Acamapichtli, em 1375, a Montezuma II, que era o imperador quando Hernán Cortés entrou na capital asteca em 1519."
Elementos retirados net.
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http://www.historiadomundo.com.br/imagens/asteca_historia1.jpg
http://www.historiadomundo.com.br/imagens/asteca_historia2.jpg
http://www.historiadomundo.com.br/imagens/asteca_historia5.jpg
... para A [ Ctrl + ].
HRC
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RE: A Civilização ASTECA
da NET
A beterraba (género Beta L.) é uma planta herbácea da família das Quenopodiáceas, por Cronquist, ou das Amarantáceas, pela APG. O nome é derivado do substantivo francês betterave (sendo bette a acelga, e rave nabo). O colo tuberizado serve, para além dos fins culinários, produção de açúcar (sacarose). Também existe uma variante cultivada para alimentação animal.
É comum achar que a beterraba é uma raíz, como a cenoura, porém o orgão de reserva é o caule, mais especificamente o colo da planta.
Beterraba encontrada no Rio de Janeiro.
A beterraba é rica em açúcares. Quando em condição natural, a beterraba se conserva por até uma semana, se mantida em local fresco e sombreado. Em geladeira, pode ser mantida por até quinze dias, embalada em saco de plástico perfurado. Quando guardadas já descascadas, raladas ou picadas, sua durabilidade será reduzida a três ou quatro dias devendo obrigatoriamente ser conservadas em geladeira, dentro de saco ou vasilha de plástico.
A beterraba é usada também como combústivel alternativo na Europa, sendo usada para a preparação de etanol.
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RE: A Civilização ASTECA
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RE: FAMILIA [ GONÇALVES ] EM OLIVEIRA HOSPITAL ! ! 14-01-2012, 02:00
Autor: manuelr [responder para o fórum] Cara Ana Simões
Tenho lido o tópico desde o princípio. Mas dou-lhe um conselho. Não faça genealogia sentada numa cadeira em casa.
Cordiais cumprimentos
Manuel da Silva Rolão
[Topo]
RE: FAMILIA [ GONÇALVES ] EM OLIVEIRA HOSPITAL ! ! 14-01-2012, 02:06
Autor: HRC1947 [responder para o fórum] Confrade Manuel Rolão;
Espero que não tenha ficado aborrecido.
Quero dizer-lhe que por vezes chego a "queimar as pestanas" de tanto ler e procurar
em Arquivos, Conservatórias, Bibliotecas etc.
Sempre à sua disposição
atentamente
Ana Simões
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HRC
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RE: O galo de Barcelos
Da Net
A lenda do Galo de Barcelos narra a intervenção milagrosa de um galo morto na prova da inocência de um homem erradamente acusado. Está associada ao cruzeiro seiscentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico, situado no Paço dos Condes de Barcelos.
Segundo a lenda, os habitantes de Barcelos andavam alarmados com um crime, do qual ainda não se tinha descoberto o criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo, apesar dos seus juramentos de inocência, que estava apenas de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela, em cumprimento duma promessa.
Condenado à forca, o homem pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou: "É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem."
O juiz empurrou o prato para o lado e ignorou o apelo, mas quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Compreendendo o seu erro, o juiz correu para a forca e descobriu que o galego se salvara graças a um nó mal feito. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.
Alguns anos mais tarde, o galego teria voltado a Barcelos para esculpir o Cruzeiro do Senhor do Galo em louvor à Virgem Maria e a São Tiago, monumento que se encontra no Museu Arqueológico de Barcelos. Este também é representado pelo artesanato minhoto, geralmente de barro, conhecida por galo de Barcelos e um dos símbolos de Portugal.~
Cumprimentos
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RE: O CÉREBRO
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Existem basicamente três tipos de pessoas: as Emocionais, as Mentais e as Ativas. Cada uma delas com suas características, motivações e reações diferenciadas.
Todos nós sofremos a interferência de uma determinada parte de nosso cérebro, o objetivo deste artigo é aplicarmos um pequeno teste de QT (Quociente Tricerebral), para podermos nos auto conhecer e observar onde estamos falhando em nossas ações.
Os Três cérebros são: Reptiliano, Límbico e Neo-córtex.
• Reptiliano - Parte interna do cérebro nos mamíferos, que se pode simplificar dizendo que corresponde ao cerebelo que é o “único” cérebro dos répteis. É responsável pelo comportamento agressivo de luta de reprodução e sobrevivência, pelo estabelecimento de hierarquias sociais, (poder) e os rituais correspondentes. Nele ocorrem também os padrões automáticos, os hábitos e as rotinas. Foco Ativo.
• Límbico - Segunda camada do cérebro, onde se encontram, dentre outras, as estruturas do tálamo e hipotálamo; comum a todos os mamíferos, é responsável pela emoção, comportamento e controle do sistema nervoso autônomo. É também conhecido como o cérebro do sentimento. Foco Emocional.
• Neo-córtex - Camada mais externa e evoluída do cérebro, típica dos mamíferos superiores e do homem: racionalidade, linguagem conceitual, verbal e simbólico. É chamado de “cérebro inteligente”, mesmo porque, os seus neurônios altamente especializados, lhe possibilitam múltiplas tarefas simultâneas. Foco Mental.
Todas as pessoas, logicamente, possuem os três cérebros e os utilizam quando convenientes em cada situação da vida. Ou seja, em momentos de vida ou morte, por exemplo, estaremos sob a interferência de nosso cérebro instintivo, o reptiliano, que sem pensar ou sentir, toma uma atitude “rápida e rasteira”.
Se pesquisarmos mais sobre estes três centros de comandos, podemos obter conclusões sobre o padrão de ação de cada pessoa. As diferenças entre elas, muitas vezes, são gritantes. O mais interessante é que todos temos os três cérebros, porém encontramos em um deles, nosso conforto e segurança.
Conhecendo os três cérebros:
Para você se conhecer e aquilatar o poder de seus três cérebros, vamos oferecer um exercício que se chama o Revelador do Quociente Tricerebral que foi estruturado por Waldemar De Gregori (in Construção Familiar-Escolar dos Três Cérebros). O exercício consta de 27 itens em que você deve se auto-avaliar. As notas obedecerão a escala de 1 (menor) a 5 (maior).
Obs.: Em uma folha de papel anote a cada pergunta seu símbolo [(q), (t) ou (c)] e ao lado numere a nota de 1 a 5. Tente ser o mais verdadeiro em suas respostas, o teste não visa excluir pessoas, apenas avaliar você mesmo.
QT - Revelador do Quociente Tricerebral
01 Você confere os dados de uma passagem, de uma nota, de uma conta? Ao fim do dia, da semana, de uma atividade, você faz revisão, avaliação? (q)
02 Em seu quarto, em sua casa tem ordem? Costuma prever o onde, o quando, o como, o curso, o resultado do que pretende fazer? (t)
03 Você crê em alguma força maior, como o amor, a vida, alguma entidade superior? Você crê que faz parte de um todo maior, invisível, espiritual? (b)
04 Você anda alegre, gosta de brincadeira, piada, festa? Você é otimista apesar de tudo? (b)
05 Numa discussão, você tem boas explicações, tem bons argumentos, sabe rebater? Sabe levar adiante uma discussão com paciência? (q)
06 Você tem pressentimentos, previsões ou sonhos que se cumprem? Você tem estalos, insights, idéias luminosas, para resolver seus problemas? (b)
07 No relacionamento afetivo você entra pra valer, com romantismo, com paixão? (b)
08 Você fala bem em grupo, tem bom vocabulário, tem fluência e correção gramatical? Você sabe convencer os outros? (q)
09 Ao falar, você gesticula você olha todas as pessoas, você movimenta bem e com elegância todas as partes do corpo? (b)
10 Você é capaz de pôr-se no lugar de outrem, de imaginar-se na situação de uma outra pessoa e sentir como ela se sente? (b
11 Diante de uma situação, você combina os prós e os contras, você faz diagnósticos realistas, faz julgamentos bons, acertados? (q)
12 Ao narrar algum fato você dá muitos detalhes, você gosta de descer às minúcias, aos pormenores? (q)
13 Quando compra ou vende, você se sai bem? Se tivesse um negócio, você teria êxito financeiro, saberia ganhar e multiplicar dinheiro? (t)
14 Você gosta de modificar a rotina do dia-a-dia, do ambiente? Você acha soluções criativas, originais? Gosta de andar inventando? (b)
15 Você controla seus ímpetos? Pára e pensa antes de agir? Pensa nas conseqüências antes de agir? (q)
16 Antes de tomar uma informação como certa, você se dedica a coletar mais dados, a ouvir o outro lado, a averiguar as fontes, a buscar comprovação? (q)
17 Como vão suas mãos em artesanato, consertos, uso de agulhas, facas, serrote, martelo, ferramentas, jardinagem, habilidades manuais? (t)
18 Frente a dificuldade, você tem capacidade de concentração, dedicação continuada, você tem boa resistência, agüenta muito? (t)
19 Na posição de chefe, você sabe dividir tarefas, calcular o tempo para cada coisa? Sabe dar comandos curtos, exatos, e cobrar a execução? (t)
20 Você gosta de decoração, arrumação de ambientes? Você se arruma bem? Você presta atenção a um pôr-do-sol, a um pássaro, a uma paisagem? (b)
21 Você tem atração por aventuras, por desbravar caminhos, por tarefas desconhecidas, pioneiras, que ninguém fez antes? (t)
22 Você se autoriza a questionar pessoas e informações de TV, jornal, de política, religião, ciência, e denunciar seus interesses disfarçados? (q)
23 Você consegue transformar seus sonhos e Idéias em fatos, em coisas concretas? Seus empreendimentos, suas iniciativas, progridem e duram? (t)
24 Você fica imaginando o que poderá acontecer no ano que vem, daqui a 10 anos, e nos possíveis rumos dos acontecimentos? (b)
25 Você se dá bem com a tecnologia, gravador, máquina de lavar, calculadora, máquina fotográfica, cronômetros e os botões da eletrônica? (t)
26 Você é rápido (a) no que faz? Resolve logo? Termina bem o que faz e no prazo certo? Seu tempo rende mais que o de seus colegas? (t)
27 Quando se comunica, você usa números, medidas, estatísticas, matemática, além do palavrório popular? q)
Vamos, agora, à apuração e interpretação do exercício.
1. Some as notas de todos os (q) e escreva o escore; some também as notas de todos os (t)e (b).
2. Observe os seguintes critérios:
2.1 A média está entre 28 e 35 pontos.
2.2 Abaixo de 28 é fraco, sendo 9 o mínimo.
2.3. Acima de 35 é forte, sendo o máximo 45 pontos.
2.4 Os três processos não podem ter pontos iguais, pois se anulam, sofrem de impasse; nem mais de 07 pontos de diferença entre si pois ficam desproporcionais.
2.5. Se o escore de um processo mental está muito abaixo de 27 pontos, ou seja, baixando em direção ao 9, trata-se de atrofia, excepcionalidade negativa; se o escore for acima de 35, aproximando-se de 45, trata-se de superdotado, excepcionalidade positiva. É impossível ser superdotado nos três processos.
2.6. Não dê muito valor aos resultados. Na primeira vez, as pessoas fazem infravalorização ou supervalorização. É aconselhável passar a observar seus processos mentais e ouvir o parecer de pessoas de sua convivência.
3. Comece pelo escore mais alto. Este é o processo mental onde você tem mais êxito.
3.4. Se for o (t), a parte central do encéfalo, então você é pessoa prática, organizada, com êxito no trabalho, nos negócios, é líder de ação. Localize o segundo escore mais alto. Tanto pode ser o lógico, científico, como pode ser o intuitivo. Se o (t) tiver o escore mais baixo, então a luta pela sobrevivência, a vida prática não é seu campo preferido.
3.5. Se o escore mais alto for o do (b), ou do hemisfério direito (límbico), você é pessoa de sensibilidade, afetuosa, criativa, sonhadora. Se a segunda nota mais alta for o (t), você tem os pés no chão; mas se for o lado lógico, você voa longe da realidade: deve ser poeta ou místico.
3.6. Se o escore mais alto for o do (q), lógico, você age conscientemente, é pensador, intelectual. Se sua 2ª nota for a do (t) você raciocina em função de sobrevivência; mas se sua segunda nota mais alta for a do (b) (processo intuitivo) você é um teórico, um distraído.
3.7. Existem casos extremos, de um só processo afastar-se muito dos outros dois. Nesse caso, existe a genialidade (típica de cada processo: cientista, artista, realizador), aliada à esquisitice. São conhecidas as esquisitices dos sábios (processo lógico); dos videntes, artistas e santos (processo intuitivo); e dos capitães de indústria, estadistas e generais (processo operacional). Neste caso, existe a desproporcionalidade entre os três processos.
4. Feita a interpretação, cada pessoa identifica seu processo predominante e seu campo de ação favorito (ciência, profissão, etc.) sem excluir os outros dois. Mesmo dentro de seu processo predominante existem os outros dois processos, pois aceitamos que cada porção do encéfalo seja polivalente, podendo assumir funções das outras, até um certo ponto, o que significa que não há uma localização rígida de funções cerebrais ou mentais.
4.1. O importante, entretanto, é a possibilidade de autocondução, de modificação dos processos mentais. Depois da interpretação, cada um pode investir na reeducação ou cultivo de determinados itens de um dos processos mentais, seja para ficar proporcional aos outros, seja para distanciar os que têm pontos iguais, seja para cultivar um item esquecido."
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HRC
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RE: Os Abelharucos
Da Net
Meropidae é uma família de aves coraciiformes que inclui os abelharucos, também conhecidos como melharuco, abelheiro, abelhuco,alrute, barranqueiro, milheirós e pita-barranqueira. O grupo inclui cerca de 26 espécies, classificadas em dois géneros. Os abelharucos distribuem-se pela Europa, África e Madagascar, sul da Ásia e Austrália. Em Portugal, são abundantes na zona do Alto Alentejo, nas zonas de montado. São aves migratórias que vivem a maior parte do ano em latitudes elevadas, migrando para zonas tropicais e subtropicais na época de reprodução.
Os abelharucos têm uma alimentação baseada em insectos, principalmente abelhas e vespas, como o seu próprio nome comum do grupo indica. As presas são caçadas em voo e antes de ingerir a sua refeição, o abelharuco retira o ferrão do insecto esmagando-o contra uma superfície dura.
O grupo tem hábitos gregários e forma geralmente colónias, embora algumas espécies vivam isoladas ou em casais. Os ninhos são escavados em margens de rios, ou reciclados de tocas de outros animais. As posturas contêm entre 2 a 6 ovos brancos e os juvenis recebem os cuidados parentais de ambos os progenitores.
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RE: Os Lindos Abelharucos
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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/39/Merops_orientalis.jpg
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RE: Os Cucos
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Embora, em muitos locais, seja aguardado ansiosamente como um sinal da chegada da Primavera, o canto do Cuco não é um bom presságio para muitas aves. É que o Cuco é um parasita, que utiliza ninhos alheios para pôr os seus ovos.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O Cuco-canoro é uma ave pertencente à Ordem dos Cuculiformes e à Família Cuculidae, que tem de comprimento entre 32 e 34 cm, de envergadura entre 55 e 60 cm e que pesa cerca de 100 gramas. A sua silhueta é marcada por uma cauda comprida, com quase metade do comprimento total da ave e por asas estreitas, compridas e pontiagudas. A cabeça é pequena e o bico é curvo. A plumagem do macho e da fêmea é semelhante, com a parte superior, a cabeça e o pescoço cinzentos, e a parte inferior branca com barras pretas ou castanhas, que formam um padrão de riscas transversais. A cauda é mais escura, quase negra, com as extremidades das penas em branco. Mais raramente, as fêmeas ostentam este padrão, mas com uma coloração ruiva. A vocalização característica do Cuco, que originou o seu nome científico e vernáculo, é muitas vezes o sinal mais óbvio da presença da espécie.
DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA
O Cuco-canoro distribui-se desde o Norte de África e Península Ibérica, até à Península de Kamchatka, no extremo oriental da Rússia, passando pelas Ilhas Britânicas, pela Escandinávia, Sibéria, Índia, China, Vietname e Japão. Inverna na África Sub-saariana, no Sul da Índia, no Sudoeste Asiático e nas Filipinas.
Na Europa, a distribuição do Cuco é bastante contínua, ocorrendo em 37 países diferentes, com um efectivo populacional estimado num milhão e meio de indivíduos. As densidades de Cuco estão, aparentemente, bastante relacionadas com as densidades das espécies que parasitam.
ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO
Ainda que à escala europeia a área de distribuição do Cuco se tenha mantido estável ao longo do século XX, pensa-se que devido à destruição do habitat, a população tenha sofrido uma diminuição, em particular durante a década de setenta, nos países Escandinavos, nos estados Bálticos e no Reino Unido. Mesmo assim, esta espécie não se encontra entre as espécies europeias de conservação prioritária, e o seu estatuto de ameaça é considerado Seguro.
HABITAT
É uma espécie bastante ecléctica na selecção do habitat, que é sobretudo condicionada pela presença de hospedeiros. No entanto, rejeita a tundra árctica, as zonas desérticas, as florestas muito densas e as zonas urbanas. Em África, existem registos da invernada em savana e em zonas de coqueiros. Em Portugal ocorre em zonas de montados, pomares, sebes, matas, caniçais e matagais.
ALIMENTAÇÃO
Ainda que existam vários casos documentados da ingestão de frutos, plantas, anfíbios e aracnídeos, os Cucos ingerem maioritariamente insectos, em particular lagartas. De uma forma geral, os Cucos detectam as suas presas a partir de um ponto elevado, como uma árvore ou um poste, e depois capturam-nas do solo, de um tronco ou de uma parede, por vezes sem poisar.
REPRODUÇÃO
Não obstante a existência de alguns casos, embora raríssimos, de fêmeas de Cucos que criaram a sua própria prole, a principal particularidade da Família Cuculidae prende-se com o facto de se tratarem de aves que parasitam outras, que lhes incubam os ovos e lhes alimentam as crias. Só na Europa sabe-se que esta espécie parasita mais de 100 espécies de aves diferentes, embora cada fêmea se especialize numa espécie em particular.
Os Cucos são uma espécie promíscua, ou seja, as fêmeas e os machos acasalam com vários indivíduos. No início da estação, as fêmeas procuram activamente ninhos para parasitarem. Caso a estação já esteja adiantada, podem destruir a postura ou mesmo o ninho encontrado, para que o hospedeiro tenha que fazer uma segunda postura, abrindo assim uma nova oportunidade ao parasita. Uma vez seleccionado o ninho, a fêmea espera uma ausência dos progenitores para dele se acercar, pondo lá um ovo. Ao espalhar os seus ovos por diferentes ninhos, os Cucos asseguram uma maior probabilidade de pelo menos algum deles ter sucesso.
Os Cucos possuem patas bem adaptadas para poderem segurar-se bem em ninhos que não foram feitos para aves da sua dimensão e a casca dos seus ovos é particularmente resistente, para que possam ser largados de alto, sem se partirem. Após a postura, a fêmea de Cuco retira um dos ovos ou crias que já ocupam o ninho, e ingere-o. Frequentemente, os ovos dos Cucos assemelham-se no padrão aos das espécies que parasitam. A incubação demora 12 dias e, com apenas 8 a 10 horas de vida, as crias de Cuco expulsam do ninho os ovos ou as crias do hospedeiro, ficando este disponível para alimentar uma única cria, que muitas vezes ultrapassa a sua própria dimensão. Aos 19 dias de vida as crias de Cuco estão prontas para abandonar o ninho. Reproduzem-se pela primeira vez com um ou, mais frequentemente, com dois anos de idade.
É uma espécie migradora, que se desloca para Sul no Inverno e para Norte durante o Verão. Durante a migração, e imediatamente antes da partida e depois da chegada, pode andar em bandos de pequena dimensão. Apesar de não construírem ninho, quando há densidades mais elevadas, os machos defendem território, mantendo-se nas suas imediações ao longo da estação. Após abandonarem o ninho, as crias efectuam movimentos dispersivos errantes, antes de iniciarem a migração para Sul."
http://lablogatorios.com.br/rainha/files/2008/09/cuco.jpg
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HRC
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RE: Pássaros de Gaiola
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Pássaros de gaiola
A maioria dos pássaros pode viver dentro de casa ou ao ar livre. No entanto, quando sozinhos numa gaiola, periquitos, canários e papagaios apreciam a companhia humana e gostam que se lhes preste atenção, pelo que, neste caso, é preferível tê-los dentro de casa.
Se os pássaros viverem no exterior — em gaiolas grandes ou em aviários construídos para o efeito — , deverão dispor de uma caixa que sirva de ninho para dormirem ou se abrigarem quando o tempo estiver frio ou chuvoso.
Escolher a gaiola
As gaiolas devem ser mais largas do que a envergadura das asas do pássaro, mas nenhuma gaiola é demasiado grande Orifício para o ar. No Inverno, ponha uma bola no lago. Se este gelar, retire a bola e tire água pelo buraco até ela ficar 3 cm abaixo do gelo (para dar espaço para o ar).
Se um lago tiver gelado, aqueça uma caçarola e coloque-a sobre o gelo para fazer um buraco. Atenção. Nunca parta o gelo de um lago com peixes com uma pancada brusca. Se quiser ter em casa um periquito ou um canário, compre uma gaiola com a forma e as dimensões correctas. As medidas mínimas aconselháveis são Uma gaiola para papagaios ou catatuas deve ter, no mínimo, uma base com 55 cm de lado e 90 cm de altura.
Poleiros e brinquedos
Coloque na gaiola um bom poleiro (siga as indicações que se apresentam em baixo) e alguns brinquedos, mas evite enchê-la com “ornamentos desnecessários. Os poleiros de madeira dura e diâmetro uniforme são inadequados para as patas dos pássaros. Substitua-os por poleiros de diâmetro variável, como varinhas de bambu, e freixo ou de salgueiro. Não cubra o poleiro com lixa, como por vezes se sugere, para evitar que as unhas cresçam demais. Os grãos da lixa podem cravar-se nas patas do pássaro e provocar doenças. Se necessário, peça ao veterinário que corte as unhas do animal.
Os pássaros solitários ficarão contentes se lhes puser um espelho na gaiola. Mas não se admire se um periquito macho vomitar a comida em frente ao espelho — é um ritual para cortejar as fêmeas.
Nas gaiolas dos papagaios coloque ramos de madeira dura — freixo, sabugueiro ou faia — para os pássaros treparem e picarem. Lave-os com sabão e passe-os bem por água antes de os pôr na gaiola.
Algumas espécies de periquitos gostam de arrancar tiras de casca de salgueiro para forrar as caixas que lhes servem de ninho.
Deixe o seu pássaro voar livremente
Todos os pássaros de gaiola gostam de voar livremente sempre que possível. Para as variedades de maior porte, é mesmo essencial.
Se pretender deixar o seu pássaro voar fora da gaiola, alimente-o ocasionalmente à mão, desde o início, para o ir domesticando. Em geral, os pássaros muito jovens deixam que se lhes pegue, o que torna mais fácil apanhá-los depois de terem sido libertados da gaiola.
Solte o seu pássaro numa divisão com poucos móveis e pendure um lençol em frente das janelas para evitar que o pássaro voe contra ela.
Uma alimentação equilibrada
A maioria dos pássaros de estimação come sementes. As misturas de sementes à venda constituem uma alimentação equilibrada.
Os papagaios apreciam legumes verdes, frutos e cenouras. Dê milho só ocasionalmente, porque os pássaros têm tendência para o comerem e deixarem de lado os outros alimentos.
Tenha areia na gaiola para ajudar o pássaro a digerir as sementes. Mude a água de beber diariamente. Compre um bebedouro próprio.
Problemas frequentes
Arrancar as penas. Muitos pássaros que vivem sozinhos criam o hábito de arrancar as penas — pensa-se que por tédio. Arranje-lhe um companheiro.
Retenção de ovos
As fêmeas com sinais de distensão abdominal, esforço, exaustão, depressão e que se agacham frequentemente podem ter ovos retidos. Aumente a temperatura para 30–32°C durante umas horas. Se não resultar, leve o pássaro ao veterinário.
Apanhar um pássaro que fugiu
Tente atrair o pássaro com um dos seus alimentos preferidos. Se a comida não o seduzir, experimente pôr a divisão quase às escuras. Com luz fraca, os pássaros tornam-se menos activos.
Aproxime-se lentamente. Uma perseguição frenética pode provocar a morte súbita do animal. Os canários são particularmente susceptíveis. Agarre o pássaro delicada mas firmemente quando conseguir apanhá-lo. Alguns pássaros podem ser mais fáceis de apanhar quando se atira um pano para cima deles antes de se tentar agarrá-los.
Mesmo os pássaros pequenos, como, por exemplo, os periquitos, podem infligir uma bicada dolorosa; evite apertar o seu pássaro com mais força se ele o picar — poderia estrangulá-lo.
Aproxime-se dos pássaros maiores por cima quando tiverem as asas recolhidas. Se baterem as asas durante a captura, arriscam-se a ficar feridos.
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RE: Os Gafanhotos
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O gafanhoto é considerado uma das piores pragas da agricultura brasileira. Pois pode chegar a causar danos em áreas muito grande, as áreas de plantio é um de seus habitat favoritos. Além de gregário, já que só anda em bandos, esse inseto é capaz de comer o correspondente a seu peso por dia se alimentam desde gramíneas e pastagens até roupas e móveis e, por esse motivo, não é à toa que o governo brasileiro gasta anualmente cerca de um milhão de dólares em inseticidas químicos para controlar o gafanhoto.
Estes insetos reúnem-se em grande número e comem todas as plantações que estão pela frente. Encontrados na África e na Ásia ele podem viajar muitos quilômetros.
Após o acasalamento a fêmea põe os ovos em um local quente e arenoso, os ovos são colocados em uma espécie de cartucho em forma de lingüiça contendo até 100 ovos. Após depositar os ovos no buraco ela tampa o mesmo com uma espécie de espuma produzida pelo abdômen, esta espuma endurece protegendo-os e impedindo que eles fiquem secos. Com cerca de 10 dias os filhotes saem do ovo e são chamados de ninfas, são perfeitas miniaturas de gafanhotos só faltando as asas. O filhote tem mandíbulas forte e começa a se alimentar devorando plantas logo que eclode do ovo.
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RE: O Feijão Frade
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O feijão-fradinho, feijão-frade ou feijão-de-corda (Vigna unguiculata) é uma planta da família das leguminosas (Fabaceae), subfamília papilionoídea (Faboideae). São plantas geralmente anuais, erectas ou trepadoras, com caules estriados e glabrescentes, isto é, com tendência a perder os pêlos que se dispõem na suas hastes. As suas folhas são trifolioladas, com apêndices (estípulas) na base do pecíolo, sendo os dois folíolos laterais oblíquos em relação ao plano do folíolo central. As flores dispõem-se em pequenos grupos semelhantes a cachos, com poucas flores, que partem da base do pecíolo das folhas (ou seja, em pseudocachos paucifloros axilares). As flores, completas, têm o cálice bilabiado (formando duas partes que se dispõem como dois lábios), apresentando o lábio superior dois lóbulos e o inferior três. A corola é papilionácea, isto é, com cinco pétalas com a seguinte disposição: uma maior, externa (o estandarte ou vexilo) sob a qual se dispõem duas pétalas laterais (as "asas") fechadas sobre duas pétalas internas, unidas em forma de quilha (ou carena) que, por sua vez, protegem os órgãos reprodutores da flor. O estandarte é arredondado, geralmente de cor branca, esverdeada, amarela ou lilacínea, enquanto que as asas variam do azul ao púrpura. A quilha é esbranquiçada e não espiralada. Existe uma variedade de flores lilacíneas e outra de flores violáceas com vexilo amarelo. Cada flor tem dez estames, dos quais nove estão unidos uns aos outros e um é livre. O carpelo tem um estigma encurvado e húmido que facilita a aderência dos grãos de pólen. O ovário é estreito e alongado, com os óvulos distribuídos em linha, o que explica o comprimento invulgarmente extenso da vagem. As flores abrem-se apenas nas primeiras horas da manhã, não permitindo que a polinização por parte de insectos ocorra frequentemente. De facto, a autopolinização é a regra nesta espécie.
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RE: Escatologia
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Escatologia (do grego antigo εσχατος, "último", mais o sufixo -logia) é uma parte da teologia e filosofia que trata dos últimos eventos na história do mundo ou do destino final do gênero humano, comumente denominado como fim do mundo. Em muitas religiões, o fim do mundo é um evento futuro profetizado no texto sagrado ou no folclore. De forma ampla, escatologia costuma relacionar-se com conceitos tais como Messias ou Era Messiânica, a pós-vida, e a alma.
A maioria das religiões monoteístas ocidentais tem uma doutrina que prega que seus membros 'escolhidos' ou 'valorosos' de uma fé verdadeira irão ser poupados ou livrados do julgamento prometido e da fúria de Deus. Eles irão ser conduzidos para o paraíso antes, durante ou após isto dependendo do cenário do fim do mundo para que eles estejam esperando. Outras religiões politeístas também possuem conceitos de um destino individual após a morte ou um ciclo de renascimentos, sendo que algumas também apresentam a ideia de uma abrupta transformação da situação colectiva da humanidade.
Jesus Cristo, conforme registrado nos Evangelhos de Mateus, capítulos 24 e 25, Marcos, capítulo 13 e Lucas, capítulo 21, teceu considerações extensas sobre aquilo que ensinou ser a sua próxima vinda ou advento bem como o fim do mundo. No entanto, afirmou que mais ninguém além de Deus sabia quando isso viria a acontecer. As palavras gregas syntéleia e aión que dão origem à expressão fim do mundo em algumas traduções da Bíblia, são no entanto vertidas por outras expressões por diferentes tradutores. Tomando como exemplo o versículo de Mateus 24:3, a versão Almeida, Versão Corrigida e Fiel, reza:
"E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?"
Assim, para muitos comentadores bíblicos, esta expressão permite conceber um fim definitivo para o planeta Terra, junto com todo o seu conteúdo. Em contraste, para vários outros, o que realmente chegará ao fim é uma "era" e não a terra literal e seus habitantes, visto que aión é diferente de kósmos, palavra que em geral designa o mundo da humanidade. Também, as palavras "conclusão", "consumação" ou "terminação" são traduções mais precisas da palavra grega syntéleia, que é diferente de telos, usualmente traduzida por fim ou fim completo.
Alguns cristãos no Século I d.C. acreditavam que o fim do mundo ou das eras, como consequência da segunda vinda de Cristo, ocorreria durante as suas vidas. À base dos conselhos que o apóstolo Paulo deu aos cristãos em Tessalônica, percebe-se que alguns argumentavam que a volta de Jesus era iminente e que tais especuladores pregavam ativamente essa sua teoria. Parece que alguns até mesmo usavam isso como desculpa para não trabalhar para o seu próprio sustento. O apóstolo Paulo alertou então:
"Agora, irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com ele, pedimos a vocês o seguinte: não se deixem perturbar tão facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor estivesse para chegar logo, mesmo que isso esteja sendo veiculado por alguma suposta inspiração, palavra, ou carta atribuída a nós." (2 Tessalonicenses 2:1,2) - Redação IntraText - Bíblia Pastoral da Editora São Paulo, 1993
No entanto, alguns anos mais tarde, a carta atribuída ao Apóstolo Pedro, continha o seguinte alerta:
"Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação." (2 Pedro 3:1-4) – Almeida, Versão Revista e Atualizada
As palavras concludentes do último livro da Bíblia, Revelação ou Apocalipse, expressam a esperança cristã da vinda de Cristo e da consequente consumação dos tempos, com as seguintes palavras:
"Aquele que atesta essas coisas, diz: 'Sim! Venho muito em breve.' Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Apocalipse 22:20) - Bíblia de Jerusalém, nova edição revista e ampliada, 2002
Com base nesta esperança do segundo advento de Jesus Cristo, várias denominações cristãs vieram a desenvolver os seus conceitos, sendo que alguns deles são divergentes, conforme se poderá observar na análise comparativa das suas doutrinas.
Em 130 d.C. Justino, o Mártir acreditava que Deus estaria a atrasar o fim do mundo porque desejava que o Cristianismo se tornasse uma religião mundial. Por volta do Século III a maioria dos professos cristãos acreditava que o fim dos tempos ocorreria depois de suas mortes. Em 250 d.C. Cipriano, Bispo de Cartago, escreveu que os pecados dos cristãos eram um prelúdio e prova de que o fim dos tempos estava próximo. Alguns, recorrendo às Tradições Judaicas, fixaram o fim das eras na Sexta Idade do Mundo. Usando este sistema, o fim foi anunciado para 202 d.C. mas, quando esta data passou, foi fixada uma nova data. Na época de Clóvis I, considerado o fundador da França e que se converteu ao catolicismo após ser entronizado como rei em 481 d.C., alguns escritores católicos haviam apresentado a ideia de que o ano 500 d.C marcaria o fim do mundo. Depois de 500 d.C., a importância e a expectativa da vinda do fim do mundo ou das eras como parte dos fundamentos do Cristianismo foi marginalizada e gradualmente abandonada. Apesar disso, surgiu um temporário reavivamento dos temores relacionados com o fim dos tempos com a aproximação do milésimo ano do nascimento de Cristo. Muitos acreditavam na iminência do fim do mundo ao se aproximar o ano 1000. Segundo consta, as atividades artísticas e culturais nos mosteiros da Europa praticamente cessaram. Eric Russell observou no seu livro Astrology and Prediction: "'Em vista da proximidade do fim do mundo’ era uma expressão muito comum nos testamentos validados durante a segunda metade do Século X."
Para muitos católicos hoje em dia, expressões tais como "Juízo Final", "Dia do Juízo" ou "fim do mundo" suscitam visões dum ajuste de contas final e da destruição da Terra. Sob o cabeçalho "Fim do Mundo", o conceituado Dictionnaire de Théologie Catholique (Dicionário de Teologia Católica), declara: "A Igreja Católica crê e ensina que o mundo atual, assim como Deus o fez e assim como é, não durará para sempre. Todas as criaturas visíveis feitas por Deus no decorrer das eras[...] deixarão de existir e serão transformadas numa nova criação." Também, o católico Dictionary of Biblical Theology (Dicionário de Teologia Bíblica) exalta a criação como "a bondade de Deus", e, como "uma verdadeira obra de arte", mas prossegue descrevendo como os elementos literais, físicos, experimentarão uma "total inversão, mediante uma súbita volta ao caos".
No entanto, muitos outros católicos rejeitam a idéia do "fim do mundo", sendo que para eles, a expressão apenas indica um estado de mudança das atuais condições do mundo para condições novas, tal como o mundo já teria sofrido outras metamorfoses no passado. Interpretam a passagem do Evangelho de João, no capítulo 14, versículo 12: "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai." como um sinal de constante desenvolvimento e aperfeiçoamento infinito do homem.
A escatologia preocupa-se mais com o fim do mundo e com o destino colectivo da humanidade do que com o destino individual das almas após a sua morte. Acerca disso, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) ensina que ocorrerá um Juízo final nos últimos momentos que precedem ao fim do mundo, "do qual só Deus conhece o dia e a hora" [1]. Mesmo antes disso, Jesus Cristo, que também "verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre", ressuscitará toda a humanidade, dando, mais concretamente, uma nova vida, mas desta vez imortal, para todos os corpos que pereceram. Neste momento, todas as almas, quer estejam no Céu, no Purgatório ou no Inferno, regressarão definitivamente aos seus novos corpos [2].
Assim sendo, toda a humanidade reunir-se-á diante de Deus, mais concretamente de Jesus, que irá regressar triunfalmente à terra "como juiz dos vivos e dos mortos". Ele confirmará o julgamento realizado nos inúmeros juízos particulares e permitirá consequentemente que o corpo ressuscitado possa "participar na retribuição que a alma teve no juízo particular". Esta retribuição consiste na "vida bem-aventurada" e santa (para os que estão no Céu ou no Purgatório) ou "na condenação eterna" (para os que estão no Inferno) [3].
Depois do juízo final, dá-se finalmente o fim do mundo. O antigo mundo, que foi criado no início por Deus, é "libertado da escravidão" do pecado e transformado nos "«novos céus e na nova terra» (2 Ped 3,13)". Neste novo estado de coisas, é também "alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja, a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do céu e as da terra» (Ef 1,10)". Nesse misterioso Reino, onde o mal é inexistente, os santos (ou salvos) gozarão a sua felicidade eterna e "Deus será «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida eterna", formando assim uma grande família e comunhão de amor. Os condenados ou ímpios (maus) viverão para sempre no "fogo eterno" e afastados do Reino de Deus. Para mais ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escatologia
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RE: A Prova dos 9 (ou noves fora)
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Prova dos noves (ou noves fora) é um método para verificar erros realizados nas quatro operações que consiste em tirar os noves dos números de entrada e saída da conta.
Tirar os noves é, matematicamente, pegar um número escrito na base decimal e obter o resto da sua divisão por nove (se esta não for exata) ou o próprio nove (se esta for exata) somando-se os algarismos do número, somando-se os algarismos da conta resultante da soma anterior, e continuar somando até sobrar apenas um número de um algarismo. A conta pode ser acelerada quando, ao se somarem os algarismos, os noves forem ignorados, ou quando forem sendo subtraídos 9 a cada soma.[1]
Exemplo: o resto da divisão de 472856 por 9 por ser obtido fazendo as contas:
4 + 7 = 11, tirando 9, fica 2
2 + 2 = 4
4 + 8 = 12, tirando 9, fica 3
3 + 5 = 8
8 + 6 = 14, tirando 9, fica 5
Este resultado é o mesmo se fosse feita a soma (4 + 7 + 2 + 8 + 5 + 6), e sobre este resultado calculado o resto da sua divisão por 9.[1]
• Prova da adição: Tiram-se os noves às parcelas e, separadamente, à soma. Os resultados devem ser iguais.
• Prova da subtração: Tiram-se os noves ao subtraendo e ao resto, e, separadamente, ao minuendo. Os resultados devem ser iguais.
• Prova da multiplicação: Tiram-se os noves ao multiplicando e ao multiplicador, multiplicam-se os dois resultados, e tiram-se os noves do resultado. Tiram-se os noves do produto. Os resultados devem ser iguais.
• Prova da divisão:
• Divisão exata: Tiram-se os noves do divisor e do quociente, multiplicam-se os dois resultados, e tiram-se os noves do resultado. Tiram-se os noves do dividendo. Os resultados devem ser iguais.
• Divisão inexata: Tiram-se os noves do divisor e do quociente, multiplicam-se os dois resultados, tiram-se os noves deste resultado junto ao resto da divisão. Tiram-se os noves do dividendo. Os resultados devem ser iguais.[1]
Cordiais cumprimentos
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RE: Os Nabos e as Nabiças
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" Nabo e Nabiça: uma origem, destinos diferentes, mais protecção, nabos e nabiças embora apresentem
aspectos muito diferentes, o nabo e a nabiça são legumes com mesma origem.São verdadeiras crucíferas da
família couves. O nabo é uma raiz e a nabiça é claramente a folha. Quanto à constituição, da planta destinada à alimentação não oferece dúvidas. Têm destinos diferentes mas utilizam-se quase sempre na confecção de coisas muito simples, deliciosas e saudáveis como são as sopas e as saladas.
Ainda não são considerados alimentos tipo gourmet, mas quando colhidos tenros, em cru ou cozidos ao vapor, podem surpreender o paladar. O nabo, por exemplo, tem um sabor doce e suave, semelhante a nozes.
A energia que estes dois legumes frescos proporcionam é desprezível: 28 e 32 calorias, respectivamente para o nabo e para a nabiça, por cada 100 gramas de parte comestível. Para quem se preocupa em manter um peso saudável, sinta-se livre para os inserir no prato.
A sua riqueza nutricional expressa-se pela fibra dietética que disponibiliza (1,8 g para o nabo e 3,2 g para a nabiça, por cada 100 g), sendo muito vantajosa para quem sofre de obstipação, e pela ampla variedade de vitaminas (K, A, C, E, folatos e B6) e minerais (manganésio, cálcio, cobre, magnésio e potássio), possibilitando uma ingestão adequada destes nutrientes essenciais.
O nabo e a nabiça também facilitam o acesso a um conjunto de compostos biologicamente activos, os fitoquímicos. Os resultados de um estudo português revelaram a presença de 14 compostos fenólicos, exibindo um forte potencial antioxidante.
No entanto, o melhor do nabo e da nabiça está nas concentrações elevadas em glucosinolatos, os percursores dos isotiocianatos. Através da acção enzimática da mirosinase no intestino, os glucosinolatos são hidrolisados e transformados em diversos metabolitos, entre eles 3 isotiocianatos, identificados quimicamente por 3-butenil, 4-pentenil e β-feniletil isotiocinato e com um teor total a variar entre 147 a 151 μmol/100 g.
Actualmente estão bem documentados os efeitos anticancerígenos destas substâncias na prevenção do cancro do pulmão, colon, fígado, estômago e mama. Estão já identificados alguns dos mecanismos: indução da apoptose, regulação e inibição da proliferação das células tumorais; conseguem aumentar eficazmente a excreção urinária de substâncias cancerígenas, como são as aminas heterocíclicas encontradas nas carnes."
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HRC
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RE: As Minas Rei Salomão
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" Um arqueólogo encontrou os restos de uma antiga mina de cobre na Jordânia e alega que esta pertenceu ao lendário Rei Salomão, famoso por apartar briga de lavadeiras.
Escavações na Jordânia sugerem que a extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom – região que, segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel – coincide, em seu auge, com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres “minas do rei Salomão” podem ter existido do outro lado do rio Jordão.
Gostou? Legal, eu espero você parar de rir. A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista científica americana PNAS, e tenta refutar aqueles que que vaicinam que Salomão é tão real quanto a Fada do Dente, como o arqueólogo israelense Israel Finkelstein, da Universidade de Tel-Aviv.
Segundo Levy, cujo resumo do trabalho você pode ler AQUI, realmente havia uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 A.E.C., enquanto Finkelstein, determina segundo suas pesquisas, que tanto a região de Jerusalém quanto a área de Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois.
E agora começa o processo científico.
Levy discorda. “O que nós mostramos de forma definitiva é a produção de metal em larga escala e a presença de sociedades complexas, que podemos chamar de reino ou Estado arcaico, nos séculos 10 A.E.C. e 9 A.E.C. em Edom. Trabalhos anteriores afirmavam que o que a Bíblia dizia a respeito disso era um mito. Nossos dados simplesmente mostram que a história de Edom no começo da Idade do Ferro precisa ser reinvestigada usando ferramentas científicas”.
Só tem UM pequeno detalhe que Levy não está levando (Levy levando é o máximo!) em conta. Ele achou nada menos que.. UMA MINA DE COBRE!!! Daí, eu pergunto: E daí?
Daí que no máximo que o achado prova é que… havia uma mina de cobrelá. Dizer que isso mostra que Salomão existiu é o mesmo que eu dizer que O King Kong existe, porque eu fui em Nova York e o Empire State realmente está lá. Uma falácia da boa, hein Thomas? hehehe
A região escavada por Levy e seus colegas na Jordânia é uma velha suspeita de ter abrigado as famosas minas salomônicas. Nos anos 1940, o arqueólogo americano Nelson Glueck já tinha defendido a idéia. No entanto, foi só com as escavações em larga escala no sítio de Khirbat en-Nahas (em árabe, “as ruínas de cobre”), ao sul do mar Morto, que o tamanho da atividade mineradora ali ficou claro. Estima-se que, só em sobras da extração do minério, existam no local entre 50 mil e 60 mil toneladas de detritos.
Levy é apoiado pela instituição Friends of Archaeology & Heritage, juntamente com a National Geographic Society.
Segundo o G1, ao ser solicitado para dar uma opinião, Finkelstein não se mostrou nem um pouco convencido, pelo contrário! O cara baixou a lenha na argumentação de Levy.
“Na época em que Nahas está ativa, não há um único sítio arqueológico no platô de Edom, que só passa a ser ocupado nos séculos 8 A.E.C. e 7 A.E.C.”, diz Finkelstein, e complementa: “A mineração em Nahas não tem a ver com o povoamento de Edom, mas com o do vale de Bersabéia (que foi parte do reino israelita de Judá), que fica a oeste, ao longo das estradas pelas quais o cobre era transportado até o Mediterrâneo”.
Finkelstein também critica o fato de Levy e seus colegas teram usado os rejeitos de mineração como base para sua estratigrafia, ou seja, as camadas que ajudam a datar o sítio arqueológico, porque eles formariam estratos naturalmente “bagunçados” de terra. E afirma que a fortaleza estudada pelos pesquisadores também é posterior ao século 10 A.E.C.
A datação feita por Levy levou (caraca…) em conta os restos de madeira que teoricamente teriam sido usados para produzir calor e derreter os minérios para a fundição. Estes restos foram datados com Carbono-14 e de fato oferecem a data do século 10 A.E.C.
“Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 A.E.C. e 7 A.E.C. Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o material bíblico sobre Salomão”, arremata Finkelstein.
Da mesma forma, o arqueólogo Piotr Bienkowski da Universidade de Manchester, na Inglaterra diz que também não viu nenhuma evidência para que o assentamento ou as construções estejam entre o século 10 e o século 9 A.E.C., conforme é dito no Science News.
Bienkowski e Finkelstein argumentam que o sítio arqueológico foi usado e reusado várias vezes, deixando uma mixórdia de resíduos da mina e muiotos outros materiais que dificultam a separação e distinção dos estratos afim de formar uma linha do tempo clara.
Levy, como todo bom sujeito que é pego com as calças curtas, preferiu não responder diretamente as críticas do israelense, embora um artigo anterior de sua lavra aponte que, ao contrário do que diz Finkelstein, há ligação cultural entre os habitantes das terras baixas e os edomitas do planalto. “Suponho que, toda vez que há uma interface entre textos sagrados e dados arqueológicos, é natural que o debate se torne emocional”, diz ele. Ou seja, como ele vê que não tem argumentos, alega que Finkelstein parte pro lado emocional da coisa, só faltando perguntar “Por que você não acredita, hein? Jesus vai te castigar!”, isto é, o tipo de coisa que cansamos de ouvir aqui.
A verdade é que muito pouco pode ser verdadeiro no tocante à ligação da mina com a existência de Salomão. Um dos motivos é que a Bíblia, segundo sua cronologia, não poderia ser escrita antes do oitavo século A.E.C. e por motivos simples: todas as descrições dos locais fazem referência a algo que só apareceu depois do século 7 A.E.C Um exemplo são as inúmeras menções a camelos e caravanas.
Parece um dado sem importância, mas tem e muita, pois os camelos na região só foram domesticados no século… NOVE A.E.C. É triste, mas é a verdade. Isso é claramente demonstrado no próprio livro do Finkelstein, a Bíblia não tinha razão, onde ele argumenta que as caravanas de especiarias (da forma como descrita em Gênesis cap. 37) só passou a ocorrer em meados do século 7 A.E.C. Nem mesmo W. F. Albright acreditava na cronologia bíblica como fonte de exatidão, porque ele mesmo encontrou vários anacronismos.
Assim, pessoal, vemos como funciona a Ciência. Não basta um alegar, outros cientistas no muno todo examinarão suas descobertas e criticarão ou concordarão com elas, sem as besteiras ditas por idiotas, em que há um mega-complô para destruir a moral e cultura dos povos."
http://ceticismo.net/wp-content/uploads/khirbat-en-nahas.jpg
http://www.youtube.com/watch?v=DpEIDJQVb_A
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HRC
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RE: Cântico dos Cânticos
Da Net
O livro de Cântico dos Cânticos, também chamado de Cantares, Cântico Superlativo, ou Cântico de Salomão, faz parte dos livros poéticos do Antigo Testamento, vem depois de Eclesiastes e antes do livro da Sabedoria, na Bíblia católica, e antes de Isaías, na Bíblia protestante. Representa, em hebraico, uma fórmula de superlativo; significa o mais belo dos cânticos, Cântico por Excelência[1] ou o cântico maior.[2][3]
Autoria
De acordo com o título em 1.1, o cântico dos cânticos foi escrito por Salomão, filho do Rei Davi. Pode-se dizer que é "de Salomão", pois a expressão hebraica "de Salomão"(1.1) pode ser traduzida "de" Salomão (como o seu autor) ou "para" Salomão (como a pessoa à qual o livro é dedicado). A opinião tradicional entre judeus é a de que Salomão foi o seu autor (Cf. 1Rs.4.32); para os católicos este livro pertence ao agrupamento dos Sapienciais, que condensam a sabedoria infundida por Deus no povo de Israel. Como pertence ao grupo dos sapienciais recebe como autor a figura simbólica de Salomão, o modelo da sabedoria em Israel. Tem sua escrita estimada por volta do ano 400 a.C, e constitui-se de uma coletânea de hinos núpcias.
Segundo a Edição Pastoral da Bíblia, o livro é uma coleção de cantos populares de amor, usados talvez em festas de casamento, em que noivo e noiva eram chamados de rei e rainha, que foram reunidos, formando uma espécie de drama poético, e atribuídos ao rei Salomão, reconhecido em Israel como patrono da literatura sapiencial. A forma final do livro, remonta ao século V ou IV AC[1] .
A Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que seu autor certamente não é Salomão.[4]
Estrutura
Cânticos dos Cânticos é um livro curto com apenas oito capítulos. Apesar de sua brevidade, apresenta uma estrutura complexa que, por vezes, pode confundir o leitor. Diferentes personagens têm voz, ou falam, nesse poema lírico. Em muitas traduções da Bíblia,[2][3] esses emissores alternam sua fala de modo inesperado, sem indicação ao leitor, dificultando, assim, sua leitura. Algumas versões, como a Almeida Revista e Atualizada e a Bíblia de Jerusalém, eliminam o problema com a indicação de quem está falando.
Os três participantes principais do poema são: (1) o noivo, o Rei (1,4.12)[5] Salomão, isto é, "o Pacífico" (3,7.9)[5]; (2); a noiva, mulher mencionada como "Sulamita" (6.13), a Pacificada[5], aquela que encontro a paz (8,10)[5]; e as "filhas de Jerusalém"(2.7). Tais mulheres devem ter sido escravas da realeza que serviam como criadas da noiva do rei Salomão. No poema, servem como coro para ecoar os sentimentos da Sulamita, enfatizando seu amor e afeição pelo noivo.
Além dos personagens principais, são mencionados os irmãos da Sulamita (8.8-9), que devem ter sido seus meio-irmãos. O poema indica que ela trabalhava, por ordem dos irmãos, como "guarda de vinhas" (1.6).
Essa canção de amor divide-se praticamente em duas seções principais com mais ou menos o mesmo tamanho. O início do Amor (Cap.1-4) e seu Amadurecimento (cap.5-8).
Por ser um poema escrito em uma linguagem considerada sensual, sua validade como texto bíblico já foi questionado ao longo dos tempos. O poema fala do amor entre o noivo e sua noiva. O nome de Deus só aparece nele de forma abreviada, em 8,6, "uma chama de Iah(weh)"[5].
A interpretação alegórica, segundo a qual o amor de Deus por Israel e o do povo por seu Deus são representados como as relações entre dois esposos, tornou-se comum entre os judeus a partir do séc. II DC, tal interpretação tem paralelo no tema da alegria nupcial que os profetas desenvolveram a partir de Oséias[5].
Orígenes seguia essa mesma linha, mas via as núpcias de Cristo com a Igreja, ou a união mística da alma com Deus[5], São João da Cruz teria o mesmo entendimento.[6]
O poeta parece retomar a linguagem profética da aliança, como na expressão "procurar, encontrar" (3:1-2), além disso, a obra teria contatos com o Salmo 45[5].
Outros exegetas entendem que o livro celebra o amor mútuo e fiel, que sela o matrimônio abençoado por Deus.[7][8]
Contexto
Apesar de mostrar alguns vislumbres da corte de Jerusalém, o cenário campestre dá o tom do enredo. O autor faz alusões a jardins, árvores, flores, montanhas arborizadas, animais selvagens, vinhas e fontes. Os locais variam de Em-Gedi e Jerusalém: “Como um cacho de Chipre nas vinhas de En-Gedi, é para mim o meu amado.” (1:14); “Formosa és, amiga minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, formidável como um exército com bandeiras.” (6:4), no sul, até os montes Hermom: “Vem comigo do Líbano, minha esposa, vem comigo do Líbano; olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde as moradas dos leões, desde os montes dos leopardos.” (4:8) e Líbano: “O rei Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano.” (3:9); “Vem comigo do Líbano, minha esposa, vem comigo do Líbano; olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde as moradas dos leões, desde os montes dos leopardos. Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro das tuas vestes é como o cheiro do Líbano. És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!” (4:8,11,15), no norte.[9]
Cordiais cumprimentos
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RE: SPAM
Da Segunda Guerra Mundial a Monty Python, aqui fica a interessante historia:
"El Spam (llamado también en algunos países carne de almuerzo o jamonada) es una variedad de carne en lata elaborada por la empresa Hormel Foods Corporation.
Historia
El Spam alimentó a los soldados soviéticos y británicos en la Segunda Guerra Mundial, y desde 1957 fue comercializado en todo el mundo. En los años 60 se hizo aún más popular gracias a su innovadora anilla de apertura automática, que ahorraba al consumidor el uso del abrelatas.
Origen del nombre
Fue introducido el 5 de julio de 1937, el nombre "Spam" fue elegido en lo 1930s cuando el producto, que por entonces se denominaba como: Hormel Spiced Ham, empezaba a perder cuota de mercado. El nombre fue elegido entre varias posibles denominaciones. Un ejecutivo de la empresa Hormel decidió finalmente que el nombre fuera SPAM, acrónimo de "Shoulder of Pork And haM" ("Paleta de Cerdo y Jamón"). De acuerdo con la escritora Marguerite Patten en Spam – The Cookbook,1 el nombre fue sugerido por Kenneth Daigneau, un actor de hermano de vicepresidente de la Hormel. La versión oficial es que es una abreviación de "SPiced hAM" ("Jamón Condimentado").
Características
El Spam se elabora, entre otros lugares, en Austin, Minnesota, EE. UU. (denominada también como: Spam Town USA). Los ingredientes etiquetados en la variedad de Spam son carne de cerdo procedente del jamón a la que se agrega sal, agua, azúcar, y nitrito de sodio. Existen otras variedades de Spam como el Spam Lite que contiene una mezcla de cerdo y pollo, y existe además otra variedad que contiene sólo pavo asado permitiendo así que sea un alimento halal, es decir que no esté prohibido por el Islam, esta variedad es especialmente popular en mercados musulmanes. También existe en una variedad con bajo contenido de sal.
Muchos de los más graciosos retroacrónimos han sido imaginados sin justificación tal y como: "Squirrel, Possum, And Mouse" ("Ardilla, Zarigüeya, y Ratón"), "Spare-Parts-Already-Minced" ("Partes Sobrantes Previamente Picadas"), "Something Posing As Meat" ("Algo Haciéndose Pasar Por Carne"), y "Specially Processed Artificial Meat." ("Carne Artificial Especialmente Elaborada")2
De acuerdo con las directivas de trademark de la empresa Hormel, Spam debería ser escrito en mayúsculas, por ejemplo: SPAM luncheon meat. Como muchas otras marcas registradas, existe el problema de que, como por ejemplo Xerox o Kleenex, se refieren a productos comerciales similares.
Spam en los medios
Los Monty Python empezaron a hacer burla de la carne en lata. Su costumbre de gritar la palabra spam en diversos tonos y volúmenes se trasladó metafóricamente al correo electrónico no solicitado, que perturba la comunicación normal en Internet. En un famoso sketch de 1970 de la serie de televisión Monty Python's Flying Circus los comediantes británicos representaban a una pareja que se sentaba a la mesa en un restaurante y se les ofrecía "huevo y panceta; huevo, salchichas y panceta; huevo y spam; huevo, panceta, salchichas y spam; spam, panceta, salchichas y spam; spam, huevo, spam, spam, panceta y spam; salchichas, spam, spam, panceta, spam, tomate y spam, ..." y no conseguían ningún plato que no contenga spam. Mientras, un grupo de ruidosos vikingos cantaban a coro cada vez más fuerte "Spam, spam, spam, spam. ¡Rico spam! ¡Maravilloso spam! Spam, spa-a-a-a-a-am, spa-a-a-a-a-a-am, spam. ¡Rico spam! ¡Rico spam! ¡Rico spam! ¡Rico spam! ¡Rico spam! Spam, spam, spam, spam". Como la canción, el spam es una repetición sin fin de texto de muy poco valor o ninguno, que aplicado a los mensajes electrónicos, se refiere hoy en día a los mensajes enviados de forma masiva y dirigidos a personas que, en principio, no desean recibirlos."
Elementos retirados da net ;-)
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RE: SPAM
Caro Anachronico
Eu prefiro o termo de Empastelamento, talvez por me ser mais familiar e usado nas transmissões rádio e não só. "a bon entendeur..." eu traduzo; para bom entendedor...
Cordiais cumprimentos e votos de um Santo Natal
Manuel da Silva Rolão
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RE: "Mas não entres em questões loucas..." (Tito 3:9)
Cá estamos, todos, diante duma formidável perda de tempo.
Feliz Natal.
D.
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RE: O PRECONCEITO
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O cérebro humano funciona como um elaborado engenho classificatório. O processamento cerebral rotula naturalmente nossas experiências, observações e sensações.
Uma faca é diferente de uma tesoura. Quando se apresenta um novo objeto pontiguado com lâmina lateral, nosso cérebro vai muito rapidamente percorrer um inventário de possiveis classificações para aquele objeto, comparando o novo com os antes memorizados. Se houver muitas semelhanças, o objeto encontra seus pares e ganha um nome: faca. Esse é o papel da linguagem.
Numa outra ocasião, deparamo-nos com um objeto novo. Ele é também pontiagudo e tem lâmina lateral, mas apresenta um anel duplo e duas laminas paralelas. Se nunca tivermos visto uma tesoura antes, três possibilidades se apresentam:
1. O novo objeto é desprezado e vai para uma espécie de limbo.
2. O novo objeto vira uma faca.
3. O novo objeto inaugura a nova categoria das tesouras.
Sinteticamente, essa analogia nos permite encontrar três diferentes cérebros. O primeiro é o mais primitivo porque refratário às novidades. O segundo é mais evoluído porque se utiliza de um repertório aproximado para encarar a novidade. O terceiro é o cérebro criativo porque tem a capacidade de inventar novas categorias para o que é novo.
É provável que a imensa maioria dos seres humanos pertençam às duas primeiras categorias.
Na primeira, encontramos os preconceituosos, por exemplo: se é diferente daquilo que já conheço, então não me interessa. E nesse caso, preconceito é sinônimo de ignorância. A tesoura é estranha, portanto não tem razão de existir ou de conviver comigo.
Na segunda categoria encontramos um tipo muito banal que aceita o novo desde que possa ser facilmente classificado: se é parecido com o que já conheço, então é a mesma coisa. Este é o cérebro que manipula a linguagem classificatória para entender as novidades. Assim, uma tesoura para ele é uma espécie de faca, portanto é uma faca. Um travesti é uma espécie de mulher, portanto é uma mulher. São cérebros que referenciam antes de apreciarem: um Braque é uma espécie de Picasso. Esse cérebro, generalista, pragmático e superficial tem muitas variantes, é claro, dependendo do seu repertório mas é tão pouco criativo quanto o primeiro.
Finalmente, o terceiro tipo é o cérebro aberto, elástico, generoso. Ele é evidentemente raríssimo. É o cérebro menos compreendido também pelos dois outros cérebros justamente porque é aquele que cria as novas tesouras. Mas esse é o cérebro que move o mundo adiante, uma vez que o primeiro puxa para trás e o segundo para os lados. É o cérebro dos criadores e dos apreciadores.
Mas nem tudo é tão simples e toda classificação é ingênua, inclusive esta, mas ela ajuda a fazer exames de consciência: toda vez que nos defrontamos com algo que não conhecemos, é importante fazer uma auto-análise do processo cerebral. Estamos rejeitando? Estamos só comparando? Estamos apreciando?
É extremamente comum ainda protegermos nossos pendores primitivos com afirmações do tipo “é uma questão de gosto” ou “esse é o meu jeito” ou “sou sincero comigo mesmo”.
Gosto muda. Gosto evolui. Jeito também. Ainda bem. Não tem graça viver num mundo sem criatividade, mas como ele sofre com a sinceridade daqueles que se assumem primitivos!
HRC
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Uma menina tolinha?! -- RE: A civilização Maia
Da NET:
Uma menina tolinha?!
Fato que eu era bobinha demais. Eu fazia umas coisas que, hoje quando conto aos meus filhos, eles caem na risada. "Mae, que tolice!". Eu tinha a idade deles, em algum tempo, e nao tinha a inteligência que eles tem. Nao diria que eu era burra, apesar de pensar sobre isso muito seriamente quando recebia minhas provas de matemática, mas tinha talvez um outro tipo de inteligência, ou era simplesmente uma outra época, nao sei. Eu era muito sonhadora, muito perdida em sonhos, muito distante de tudo e de mim mesma. Centrada em coisas que outras criancas nao estavam interessadas... Na época, eu era apenas uma pequena estranha, com olhos puxados demais, pequena demais, que falava rápido demais, e que tinha a cabeca grande demais, acho que era só isso o que as pessoas viam, nada mais...
Enquanto isso eu sonhava.
Como uma bobinha sonhadora, longe da realidade, longe de tudo, no meu mundo imaginário.
Minha mae tinha uma lampadinha de louca branca, que parecia a do Aladim, pelo menos pra gente. Às vezes eu pegava a lampadinha, me sentava no tapete que roubava da casa e colocava debaixo da minha mangueira, à sua sombra acolhedora com delicioso cheiro de manga. Nem precisava fechar os olhos pra comecar a sonhar.
No meu mundo encantado, de faz de conta e "burro", nao tinha ninguém pra me incomodar.
Às vezes uma crianca que parece burrinha ou tolinha, tá é matutando muitas coisas mirabolantes dentro da cuca...
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RE: A BRUXA
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A verdadeira história da Bruxa de Blair;
Todo mundo já deve ter visto ou pelo menos ouvido falar do filme A Bruxa de Blair, que é um longa de terror que fez um sucesso gigantesco no fim dos anos 90. O filme contava a história de 3 jovens que foram para a floresta de Burkittsville, Maryland, Estados Unidos, para gravar um documentário sobre uma lenda local de uma bruxa.
Durante o filme a lenda que eles investigam se mostra real e a bruxa os deixa perdidos na floresta, fazendo com que todos corram. Contudo o que deixou o longa mais famoso foi que ele era gravado como se fosse um documentário dando a impressão que a história era real, mas não era.
Apesar disso, a lenda da bruxa não é falsa, pois desde sua fundação, quando ainda era chamada de Blair, a cidade próxima à floresta teve momentos macabros, com acontecimentos inexplicáveis, mortes e crianças desaparecidas. Talvez a história do filme não seja verdadeira, mas a lenda da bruxa certamente tem seu fundo de verdade:
A Bruxa de Blair
A história dessa cidade, chamada de Blair, é mais antiga do que se possa imaginar, remontando o ano de 1771 que foi a data de sua fundação, quando ela tinha não mais do que duas ruas e uma dúzia de casas. Durante 14 anos a cidade prosperou normalmente, até que no fim de 1785, uma mulher que vivia no local, Elly Kedward, foi acusada de bruxaria. Algumas crianças disseram que ela as levava para sua casa e tirava sangue dos pequenos.
No meio do inverno daquele ano a mulher bruxa foi considerada culpada e foi expulsa do vilarejo. Sendo deixada na floresta à sua própria sorte, o que certamente deve ter causado sua morte. Talvez ela tenha morrido congelada, mas dizem que ela se afogou depois de cair na água gelada enquanto andava na floresta à noite.
Um ano se passou até que as coisas começaram a ficar feias na cidade. Durante o rigoroso inverno de 1786, todas as crianças e adultos locais que haviam acusado Elly de bruxa simplesmente desapareceram sem explicação alguma. Todos que sobraram juraram jamais citar o nome da bruxa de novo.
Muitos anos se passaram e um novo século havia surgido. E foi no ano de 1809, que um misterioso livro surgiu, como o nome de O Culto da Bruxa de Blair. A única edição dele está bastante destruída e mal pode-se ler seu conteúdo, mas pequenas partes ainda legíveis nos revelam que ele conta a história de Elly, a bruxa que foi abandonada na floresta para morrer:
“A velha horrorosa arrancou a cabeça do menino do corpo e manchou toda a Igreja com o sangue quente dele. Notei que um dente de cão surgia na perna dela… e ela controlava os animais da floresta.”
“Dentro dos buracos da falada parede, encontraram diversos marionetes, feitos com gravetos e pedaços de pano, todos sem cabeça."
“Despertando em uma noite, ele viu claramente uma mulher entre o berço e as camas ao lado, olhando sobre ele. Ela desapareceu… E ele encontrou todas as portas batendo… Logo viu a mesma mulher, na mesma aparência novamente, e disse: “Em nome de Deus, o que é que você é?" Ela caminhou para longe e no seu lugar havia sangue…”
“Ela foi acusada de bruxaria por diversas crianças na vizinhança, Kedward antes dos magistrados, negou a acusação que está sendo colocada em cima dela…”
Em 1825, logo depois da cidade deixar de se chamar Blair e se tornar Burkittsville, as coisas começaram a ficar realmente assustadoras, pois a morte de uma criança fez com que todos temessem a volta da bruxa,
pois no mês de agosto daquele ano 11 pessoas assistiram uma menina de apenas dez anos morrer afogada no riacho Tappy East.Todos que assistiram ao terrível acontecimento dizem que viram claramente uma mão pálida brotar da água e puxar a menina para morte.
O corpo dela jamais foi encontrado, apesar de todos o esforço. E parecia que algo não queria que fosse, pois durante 13 dias após o afogamento o riacho ficou obstruído por madeiras e gravetos, como se quisessem dificultar as buscas…
Depois dessa morte estranha a macabra, parece que a Bruxa de Blair realmente havia acordado, pois os acontecimentos que seguiram revelaram que uma maldição estava sobre aquele lugar…
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HRC
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RE: A TELEGRAFIA SEM FIOS EM PORTUGAL
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Um longo caminho foi percorrido pelas telecomunicações portuguesas antes da Telegrafia Sem Fios ser uma realidade nacional. A T.S.F. foi precedida pela telegrafia eléctrica e, ainda antes desta, pelas telegrafias semafórica e óptica .
A telegrafia semafórica foi criada em 1803, mas em 1810, por causa da Guerra Peninsular, foi criada a telegrafia óptica para apoiar as comunicações militares nas linhas de Torres Vedras. Este género de comunicação conheceu um período de expansão - a par da telegrafia semafórica - mas acabaria por desaparecer em 1855. A 16 de Setembro de 1857, é inaugurado o telegrafo eléctrico em Portugal. A telegrafia semafórica acabaria por ser incorporada neste serviço em 1867.
As primeiras ligações telefónicas em Portugal são ensaiadas em 1879, por Cristiano Bramão, sendo a primeira rede pública inaugurada a 26 de Abril 1882, em Lisboa.
Em 1900 - já a Telegrafia Sem Fios era uma realidade na Europa e nos Estados Unidos - é publicado na “Revista do Exercito e da Armada” um artigo do Capitão de Artilharia Eduardo Pellen que descreve a Telegrafia Sem Fios e a sua aplicação no campo de batalha.
Este Capitão de Artilharia mostrava desejos de ver aplicado rapidamente este novo invento aos serviços militares portugueses porque, até aí, as telecomunicações existentes eram efectuadas através do telegrafo eléctrico e do telefone – sistemas que necessitavam de fios de cobre para funcionar, sendo dispendiosos e morosos na montagem, além de ficarem vulneráveis a ataques de sabotadores.
A 12 de Fevereiro de 1901, o “Diário de Notícias” dava conta do interesse do governo português na Telegrafia Sem Fios para fins comerciais, tendo sido incumbida a Direcção Geral dos Correios e Telegraphos de adquirir aparelhos de T.S.F. «que podiam ser do sistema Marconi ou de outro semelhante e realizar uma experiência entre o castelo de S. Jorge e Palmela». Segundo o governo, estes aparelhos seriam depois colocados noutros locais onde seriam úteis à navegação ou ao comércio.
Estas experiências não chegaram a ser efectuadas, e os aparelhos que chegaram mais tarde a Portugal tiveram como primeiro destinatário o exército.
A 25 de Fevereiro de 1901, noticiava o correspondente de Paris do jornal “O Século” que «(...) O engenheiro electricista Galbraille partiu para Lisboa, onde vae tomar parte nas experiencias da telegraphia sem fios, pelo systhema Tesla.
Este ultimo espera communicar facilmente entre Nova Jersey e a costa de Portugal.»
Se a experiência se fez ou não, não há registos que o demonstrem, mas se esta situação se deu, então realizou-se muito antes do ensaio de Marconi, que terá efectuado aquela que é considerada a primeira transmissão através do Atlântico, via T.S.F., a 12 de Dezembro de 1901.
Notícia no jornal “O Século”, de 25 de Fevereiro de 1901 (2)
Existiam no início do Século XX vários sistemas concorrentes de T.S.F.: O Marconi propriedade do inventor italiano, o Slaby & Arco uma associação do professor Eduard Brandly com o Barão Von Arco, o Tesla, do inventor Croata, o DeForrest, do americano Lee DeForrest e o Poulsen, do dinamarquês Valdemar Poulsen. Existiam outros sistemas de T.S.F., mas estes eram os mais comercializados.
As primeiras experiências com a Telegrafia Sem Fios em Portugal foram realizadas a 9 de Março de 1901, em Lisboa, entre o forte da Raposeira na Trafaria e o Regimento de Engenharia no forte do Alto do Duque. Dirigiram estes testes, desde o forte da Trafaria, o Capitão João Severo da Cunha e o Tenente Pedro Alvares. Assistiu a este primeiro ensaio o Ministro da Guerra da altura e o comandante da 1ª. divisão de engenharia.
Para os radio-telegrafistas terem a certeza que os aparelhos funcionavam sem falhas, transmitia-se um telegrama que o posto receptor retransmitia para o posto emissor inicial. A primeira experiência foi coroada de êxito.
O cruzador “D. Carlos” foi equipado com o equipamento de T.S.F. retirado do Forte do Alto do Duque e foi testado nas manobras navais de 19 de Agosto de 1901.
Estas foram as primeiras experiências realizadas em Portugal, foram feitas pelos militares pois a vantagem deste sistema já tinha sido comprovada noutros países. Desde 1897, que existia em Spezia, Itália, um posto de Telegrafia Sem Fios que comunicava com a armada italiana e, desde 1899, que a armada inglesa comunicava entre si através da T.S. F..
Portugal foi acompanhando o evoluir da T.S.F. e, logo em 1901, foram aprovados os princípios gerais dos Correios e Telegraphos. A 24 e a 30 de Dezembro, são aprovados os decretos que determinam os serviços e a distribuição do pessoal.
O jornal “O Século” publicou os regulamentos completos dos correios e telégrafos nas suas edições de 27 e 30 de Dezembro de 1901. Juntamente com estes decretos são aprovados outros que «(...) limitam no governo o direito de executar experiências e ensaios de telegraphia, eléctrica ou de outra espécie, comprehendendo neste exclusivo a telegraphia sem fios.(...)»
Cabeça do jornal “O Século” de 10 de Novembro de 1901. Nesta edição saiu o primeiro artigo exaustivo sobre a Telegrafia Sem Fios. A segunda parte do artigo saiu a 8 de Dezembro de 1901 (2)
A 26 de Maio de 1902, são efectuadas mais algumas experiências de T.S.F.. Trocaram-se mensagens entre a estação de semáforos de Cascais e o cruzador “D. Carlos”. Esta estação estava equipada com um equipamento da marca Slaby & Arco.
Esta experiência de T.S.F. apenas mereceu umas linhas explicativas do feito na imprensa da época. Entre outras noticias apenas o titulo «Telegraphia sem fios» se destacava.
Na revista “T.S.F. em Portugal” no n.º 17 de 1 de Março de 1925, está escrito que esta experiência entre o cruzador “D. Carlos” e a estação de semáforos de Cascais foi a primeira efectuada em Portugal, mas já tinham sido feitas várias experiências em território português, o que aconteceu em 1902, foi que, provavelmente, pela primeira vez houve civis encarregados das transmissões.
Em 1903, o navio mercante “Portugal” também foi equipado com um posto de T.S.F. da marca Slaby & Arco. Este foi o primeiro navio mercante português equipado com Telegrafia Sem Fios.
O jornal “O Século” de 7 de Junho de 1902, noticiava que o rei D. Carlos assistira a uma demonstração no dia anterior e que, depois de ver o sucesso do sistema, determinou que os equipamentos de T.S.F. ficariam definitivamente instalados no navio e na estação terrestre, só que tal não aconteceu - em 1903, os equipamentos foram desmontados dos navios “D. Carlos” e “Portugal” e na estação terrestre de Cascais.
Ainda em 1902, são feitas as primeiras tentativas em Portugal para pôr em funcionamento um emissor de T.S.F. Amador construído por José Celestino Soares, um estudante da Escola Politécnica de Lisboa, valeu-lhe esta acção a apreensão do material pela policia, pois era proibido o uso deste género de dispositivos por particulares. O uso da T.S.F. estava ainda restrita ao governo pela Lei de 24 de Dezembro de 1901. José Celestino Soares seria – anos mais tarde - um dos sócios fundadores da Rádio Academia de Portugal.
Por esta altura as emissões eram apenas por “chispa” – em código morse - pois com a tecnologia disponível era muito difícil modular os sons complexos da voz - e porque a frequência de emissão não era constante - embora o padre brasileiro Roberto Landell de Moura tenha apresentado, em 1893, esquemas para a transmissão de voz sem fios através de luz (que é uma manifestação electromagnética de frequência superior à das ondas de rádio) e só por isso mais extraordinário que a própria rádio, mas não está provado que tenha efectuado alguma experiência pratica, ou até que o sistema funcionasse, mas não é por isso que merece menos mérito.
Atribui-se, no entanto, a Reginald Fessenden a primeira emissão com voz e, também, aquele que é considerado o primeiro programa radiofónico, transmitido a 24 de Dezembro de 1906. Esta emissão só foi efectuada depois da invenção da válvula termiónica de três eléctrodos (tríodo) em 1906, por Lee DeForest – que lhe chamou Audion - e que permite a amplificação e modulação em amplitude da música ou voz.
Corria o ano de 1905, e a Direcção Geral de Telegraphos, Correios e Telefones firmou um contrato provisório com a Eastern Telegraph para a montagem de postos radio-telegráficos no arquipélago dos Açores, para terminar com o isolamento entre as ilhas do arquipélago, já que os açorianos apenas estavam ligados ao continente através de um cabo submarino. A 4 de Março de 1907, o contrato passou a definitivo.
A companhia Eastern Telegraph começou por tentar adquirir equipamento à companhia Marconi, mas esta não se quis sujeitar às condições impostas pelo governo português. Os sistemas necessários foram então adquiridos à Amalgamated Radio Telegraph Company que explorava os sistemas de Poulsen e os de DeForest.
O interesse pelas telecomunicações foi crescendo e, em 1907, é publicado em Lisboa o livro "A Telegraphia Sem Fios" da autoria de Amadeu Vasconcelos.
A partir daqui houve muitas tentativas para construção de equipamentos de T.S.F., alguns, mais ou menos bem sucedidos, que provocavam interferências nas comunicações oficiais.
Com este cenário, em 10 de Julho 1908, é publicada uma lei sobre os aparelhos de Telegrafia Sem Fios e que impedia que fossem usados sem uma licença concedida pela Direcção Geral dos Correios, Telégraphos e Faróis.
A lei na forma como foi redigida entende-se que se proíbe tanto a emissão como a recepção de sinais rádio.
Em virtude de um aumento do interesse em torno da electrotecnia a revista "Electricidade e Mecânica", do Engenheiro Luiz de Sequeira Oliva Júnior, inicia a sua publicação em 1909, na cidade de Lisboa.
Luiz de Sequeira Oliva Júnior além da revista “Electricidade e Mecânica”, publicou vários livros técnicos sobre electromecânica – entre eles “A Telefonia e a Telegrafia Sem Fios” - e foi colaborador da “Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”.
Luiz de Sequeira Oliva Júnior, nasceu em Lisboa em 1877, e formou-se em Engenharia electrotécnica em Londres.
Em 25 de Maio de 1911, é criada a Administração Geral dos Correios e Telégrafos, que fica incumbida de passar as licenças para rádio-telegrafistas civis.
Em Maio de 1912, Alberto Carlos de Oliveira, que vivia em Cabo Verde, é reconhecido oficialmente como o primeiro rádio-telegrafista português amador. Anos mais tarde foram-lhe atribuídos os códigos P3AA – mais tarde CT3AA - enquanto viveu na Ilha da Madeira, e CT1DX, quando passou a morar em Lisboa.
Existe, em 1912, um contacto do governo português com a Companhia Marconi para a instalação de vários postos de T.S.F.. A 22 de Maio chega a Lisboa Guglielmo Marconi para encetar negociações com o governo. Desta visita resultou um contrato para o estabelecimento de instalações de T.S.F. em território nacional, mas nada foi feito pois o governo faltou às obrigações que contraíra com a Marconi.
Marconi visitaria Portugal três vezes para negociações com os sucessivos governos até ser firmado um contrato que culminaria na criação da Companhia Portuguesa Rádio Marconi, S.A.R.L., em 1925.
A ultima vez que Marconi se deslocou a Portugal foi em 1929, para tentar melhorar o relacionamento da sua companhia com a Administração Geral dos Correios e Telégrafos que defendia os interesses das companhias de cabos submarinos.
O jornal “O Século” de 23 de Fevereiro de 1912, dava conta de um acordo no gabinete do Ministro do Fomento entre o estado português e a casa Marconi para instalação de estações radio-telegráficas em Lisboa e Porto e postos de T.S.F. em S. Miguel, Funchal e S. Vicente de Cabo Verde, mas só em 1926 é que as primeiras estações de T.S.F. de Marconi entraram em funcionamento. Os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram contemplados ainda em 1926, e um ano mais tarde inaugurou-se as de Luanda, Lourenço Marques e Cabo Verde.
Com o início da primeira grande guerra, os governos passam a dar uma maior importância à Telegrafia Sem Fios. As vantagens da comunicação à distancia sem ligações físicas são evidentes nos campos de batalha e a T.S.F. vê o seu desenvolvimento ser mais rápido.
Não existia nenhum exercito beligerante que não tivesse ao seu dispor aparelhos de Telegrafia Sem Fios e, já nalguns casos, de Telefonia Sem Fios.
A primeira guerra mundial intensificava-se e em Fevereiro de 1916, a Inglaterra pede a Portugal - seu aliado à mais de 500 anos - para apresar nos seus portos os navios alemães lá fundeados. Esta acção leva a uma declaração de guerra a Portugal por parte da Alemanha e neste cenário o rádio–telegrafista Alberto Carlos de Oliveira, a trabalhar na Estação Telegráfica de S. Vicente de Cabo Verde, serve de posto intermediário entre a esquadra Britânica no Atlântico Sul e o almirantado em Londres.
A T.S.F. foi colocada ao serviço do Corpo Expedicionário Português, embora estivesse muito limitada devido a dificuldades económicas e à agitação social que se sentia em Portugal, mas mesmo assim, cada divisão do exercito português tinha uma secção de T.S.F. com dois oficiais para a operarem.
O governo Inglês patrocinou a instalação na Ilha da Madeira, na Quinta de Santana, de um posto de Telegrafia Sem Fios destinada a receber informações sobre a guerra e a divulgá-la através dos periódicos locais. Este posto deixou de ter interesse ao governo britânico depois da I Guerra Mundial e foi encerrado a 2 de Abril de 1919. As instalações da Quinta de Santana ainda chegariam a despertar algum interesse no governo português, mas desistiu-se deste posto por razões nunca explicadas. Curiosamente, por despacho do Ministério das Finanças em 12 de Dezembro de 1921, foi autorizada a instalação de um posto Rádio-telegráfico na ilha da Madeira mas também tal instalação nunca chegou a realizar-se. Só em 1926 é que a Companhia Portuguesa Rádio Marconi instalaria na Madeira um posto de T.S.F..
Com o aumento do interesse da comunicação via rádio, cresceu também o número de solicitações para licenças de transmissão. O governo, ciente disto, publica, em 1916, o primeiro regulamento dos postos amadores de T.S.F. em Portugal.
Um ano depois José Joaquim Sousa Dias de Melo, que tinha frequentado uma escola de preparação liceal em França e na qual tinha assistido às primeiras experiências de rádio, requer uma licença de posto de T.S.F.. Neste ano de 1917, ele começou as suas experiências em Lisboa, comunicando com outros radioamadores, mas ainda em Morse. Anos mais tarde, com a reformulação da lei das telecomunicações, passam a ser atribuídos códigos aos radioamadores, e embora J. J. Sousa Dias de Melo tenha uma licença desde 1917, o código P1AA seria atribuído a outro radioamador - Abílio Nunes dos Santos Júnior. A José Joaquim Sousa Dias de Melo foi-lhe atribuído o código de chamada P1AB.
Pelo resto do país, lentamente, vai-se instalando a ideia da comunicação via ondas electromagnéticas, as experiências não terão sido muitas pois não há registo disso e porque a situação socio-económica do país e a guerra limitavam em muito a acção dos entusiastas.
Mesmo com o cenário negro da I grande guerra, na cidade de Tavira, Luís A. Pereira Chaves fez as suas primeiras experiências com um equipamento de T.S.F..
Em 1918, Fernando dos Santos Pinto, um aluno do Instituto Superior Técnico (P1AI) começou a fazer experiências com equipamentos de T.S.F., mas em consequência da situação social bastante instável um grupo de revoltosos apreendeu-lhe o material, o que o impediu de continuar a efectuar transmissões. Não se sabe exactamente qual a razão que levou os revoltosos a tal acto.
Os emissores particulares existentes em Portugal entre 1902 e 1920, eram quase todos - senão mesmo todos - construídos pelos próprios entusiastas da T.S.F.. Estes aparelhos eram muito rudimentares: o emissor era quase sempre de fraca potência e o receptor só captava os postos mais potentes ou mais próximos, sendo que a esmagadora maioria dos “senfilistas” escutava as transmissões musicais provenientes do estrangeiro num receptor de Galena.
Naquela altura os radioamadores comunicavam entre si apenas por passatempo, embora as mensagens fossem, muitas vezes, enviadas a um auditório indefinido na esperança que fossem captadas por outro radioamador.
Com o final da I Guerra Mundial foram aparecendo as emissões em fonia, o que, rapidamente, levaria à criação das primeiras estações de radiodifusão.
Noticia do Jornal “O Século” de 6 de Setembro de 1901, sobre a primeira experiência com a Telegrafia Sem Fios a bordo do cruzador “D. Carlos” a 19 de Agosto
Publicamos em seguida o primeiro de uma série de artigos ácerca da telegraphia sem fio, e que se referem ás experiencias realizadas durante as ultimas manobras navaes. O assunto é interessante e novo no nosso paiz. Pode, pois, ver-se que as experiencias da telegrahia sem fio deram resultados satisfactorios e que, com o auxilio de semelhante transmissão, muito se pode aproveitar em tempo de guerra, procedendo-se com a prudencia necessaria, de modo a evitar que o inimigo receba tambem as communicações telegraphicas.
As manobras navaes revelaram tambem, como já há tempos frisámos, a necessidade da acquisição de torpedeiros, de preferencia aos grandes navios, que, além de custarem muito dinheiro, sacrificio com que não podemos, sorvem ao mesmo tempo uma diaria sustentação extraordinariamente cara.
Os torpedeiros, sob esses dois pontos de vista, são de uma barateza excessiva, em relação ao custo dos outros navios. De resto se tivermos em vista as experiencias ultimamente realisadas com os submarinos, deprehende-se o pessimo futuro reservado aos grandes navios de esquadra. Sem o esperarem, n’um momento, afundam-se no meio do mar, sacudidos pelo torpedo de algum submarino cauto ou de algum torpedeiro ousado.
A acquisição de torpedeiros modernos impõe-se, repetimos, de preferencia a quaesquer outros barcos, assim como de submarinos, que melhor cumpram o fim a que são destinados. Temos ahi o submarino Fontes, que parece tambem participar das qualidades dos submarinos, e o governo não praticaria nada de reprovavel, antes pelo contrario, se o estudasse e analysasse, de accordo com o seu inventor, cotejando ao mesmo tempo os modelos estrangeiros.
As manobras não foram inuteis, pelo ensinamento tirado d’ellas e tambem pela confirmação, que era escusada, da prudencia, da disciplina e valentia dos nossos marinheiros, desde os officiaes mais superiores até ao ultimo dos grumetes.
Vae, em seguida, o primeiro artigo da série, a que acima referimos
Foram muito superiores aos que se esperavam os resultados obtidos com a telegraphia sem fio nas experiencias a bordo do cruzador D. Carlos, por occasião das ultimas manobras da divisão naval.
Foram tres os dias em que essas experiencias se realizaram-dia da partida da divisão naval, dia da entrada das esquadras inglezas na bahia de Lagos e dia do regresso da divisão a Lisboa, Isto é, 19 e 30 de agosto e 2 de setembro.
No primeiro e ultimo d’esses dias ellas tiveram logar entre o cruzador D. Carlos, em marcha, e o forte da Rapozeira, na Trafaria e no dia 30 entre o cruzador D. Carlos, ancorado na bahia de Lagos, e os navios das esquadras inglezas do Canal e do Mediterraneo, os quaes, tendo-se concentrado nas alturas do cabo de S. Vicente, demandaram na manhã d’aquelle dia a mesma bahia.
Os trabalhos da telegraphia sem fio estiveram a cargo, a bordo do D. Carlos, do sr. Capitão de engenheria Pedro Alvares e, no forte da Rapozeira, do sr capitão da mesma arma João Severo Cunha; n’uma e outra estação o serviço foi executado em harmonia com umas instrucções que este distincto official elaborou por occasião das experiencias há tempos feitas no campo entricheirado de Lisboa na presença do sr. Ministro da guerra, e de que este jornal deu desenvolvida noticia.
No dia da partida a primeira parte da experiencia foi um pouco accidentada, devido a varios contra tempos que á ultima hora surgiram e foi preciso reparar de prompto, filhos, uns, de mero acaso e, outros, da muita pressa com que os apparelhos foram montados e do pouco ou, melhor, nenhum tempo que houve para proceder ás convenientes experiencias preperatorias.
Na Rapozeira há já de há muito uma estação montada; no D. Carlos, porém, nenhuns apparelhos havia, e foi, portanto, preciso transportar para lá a segunda estação pertencente ao regimento de engenharia. Essa estação, devido a uma carangueija supplementar, que foi necessario addicionar ao mastro da ré, a fim de aumentar a altura da antenna, só pode estar prompta à uma hora da tarde da ante-vespera da partida e n’esse dia pouco se trabalhou para a Rapozeira, porque uma ou duas horas depois o D. Carlos, voltando, por causa da maré, a proa para a barra, impossibilitou a transmissão da onda hertziana, pois que a mastreação, interpondo-se entre as duas estações, a absorvia quasi por completo.
Em todo o caso, tanto o sr. Capitão Cunha como o sr. Capitão Alvares sahiram do D. Carlos, convencidos de que, apezar de se não avistar do fundeadouro a Rapozeira, a transmissão e a recepção se fariam perfeitamente, em virtude do phenomeno da diffracção.
No dia seguinte, isto é, na vespera da partida, os mesmos officiaes voltaram às 9 horas da manhã para bordo do D. Carlos, a fim de afinar os apparelhos, mas pouco depois, notaram que os accumuladores estavam baixos e que era preciso, portanto, carregal-os immediatamente.
Por causa d’este contra-tempo, chegou-se ao proprio dia da partida da esquadra sem que tivesse havido uma única experiencia seguida e demorada entre o D. Carlos e a Rapozeira. Nesse dia o sr. Capitão Alvares, que chegara, como era natural, primeiro ao seu posto, fez ás 10 horas a 1.ª chamada, mas sem resultado algum, e assim continuou a succeder desde essa hora até ao momento em que o D. Carlos, tendo, junto com o resto da divisão, levantado o ferro, chegou às alturas do Lazareto.
A que attribuir semelhante contrariedade? A qualquer desarranjo na estação da Rapozeira ou á imposssibilidade de communicações entre o cruzador e aquella estação?
A uma e outra coisa. Até ás onze e tres quartos, a estação da Rapozeira esteve impossibilitada de trabalhar, por causa d’um desarranjo a que adiante nos revfeiremos; depois d’essa hora, primeiro a mastreação do navio que aproára já para a barra e depois a garnde proximidade dos montes da margem esquerda do Tejo, a montante da Rapozeira, impediram que se podesse fazer a communicação entre o navio e a terra.
Logo, porém, que o D. Carlos chegou ás alturas do Lazareto, a onda, desembaraçada de um e outro obstaculo, chegou franca ao apparelho receptor e appareceu co toda a nitidez, na fita Morse de bordo, a transmissão da Rapozeira.
Do D. Carlos respondeu-se-lhe com um telegramma de serviço, indicando o funccionamento perfeito dos apparelhos.
O sr. Capitão Cunha enviou então um telegramma de boa viagem para o commandante da esquadra, o qual lhe foi entregue logo que do navio se deu para a Rapozeira a respectiva conferencia regulamentar.
Depois d’isto, como de bordo nenhum telegramma se mandasse, o sr. Capitão Cunha enviou ao sr. Capitão Alvares um longo telegramma, communicando-lhe que a estação da Rapozeira não pudera funccionar antes das 11 e tres quartos, por terem apparecido exgotados os elementos de pilha secca que serviam n’um dos apparelhos e fora necessario substituir á ultima hora por elementos de pilha ordinaria Leclanché.
Este telegramma appareceu com alguns brancos, porque n’esta altura os navios, que se seguiam na cauda da columna, interpunham-se algumas vezes entre a Rapozeira e o D. Carlos. Comprehende-se que, se este navio seguisse na cauda da divisão, semelhante inconveniente se não teria dado; mas comprehende-se tambem melhor que, não sendo as experiencias de telegraphia sem fio um dos objectivos mais importantes das ultimas manobras navaes, de forma nenhuma o navio chefe podia sahir a barra n’aquella posição.
O sr. Capitão Alvares procurou preencher os brancos do telegramma recebido, pedindo para a Rapozeira a repetição do mesmo. Esta foi demorada para se obter o fim desejado, de modo que, quando de bordo se procurava transmitir para o sr. Ministro da marinha um telegramma que o sr. Commandante da esquadra entregou, depois de se ter feito a salva do estylo ao hiate real, a divisão naval estava fora do alcance efficaz dos apparelhos, e á terra só chegavam letras e algumas vezes palavras desconnexas, mostrando ter-se attingido o limite de distancia para a transmissão efficaz.
N’esta primeira experiencia concluiu-se que com apparelhos que possuimos, e para as alturas de antenna empregadas-uns 30 m, tanto na Rapozeira como no D. Carlos- o alcançe maximo obtido era de 20 kilometros, pouco mais ou menos.
Esta noticia foi transcrita na integra com a linguagem utilizada na altura e exactamente como foi publicada, inclusivamente com os erros tipográficos.
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HRC
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RE: A civilização Maia
E como este Fórum é de Genealogia, se saísse uma árvore genealógica dos reis Incas, até tinha um certo interesse
MOOM
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Muito inquietante, este tema. Mas explica muita coisa.
Muito inquietante, este estudo. Mas explica muita coisa.
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> «Fomos amestrados para acreditar que, quando os especialistas nos dizem que algo é inevitável, devemos acreditar nisso cegamente, mesmo que (ou sobretudo quando) tenhamos as maiores dúvidas.
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> "Ninguém gosta de tomar decisões que provocam sofrimento noutras pessoas". Há evidentemente pessoas (talvez poucas) que gostam de provocar sofrimento noutras: logo, a análise lógica desta declaração conclui pela sua evidente falsidade.
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> No entanto, ela parece-nos psicologicamente verdadeira, porque verosímil: todos nós causámos já conscientemente dor a outrem no intuito de evitar um mal maior, por exemplo, castigando um filho para o ajudar a enfrentar os perigos da vida.
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> Falta porém explicar porque é que, em certas circunstâncias, tanta gente aparentemente normal se presta de boa mente a colaborar em processos que infligem sofrimento extremo a milhões de seres humanos sem sequer tentar resistir a algo que contraria frontalmente os valores que aparentemente professa.
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> Impressionado com a tese da "banalidade do mal", formulada por Hannah Arendt após assistir ao julgamento de Adolf Eichmann, o oficial SS que superintendeu toda a organização e implementação da chamada Solução Final, Stanley Milgram, à data Professor de Psicologia Social em Yale, decidiu investigar o assunto.
>
> A experiência concebida em 1961 por Milgram consistia aparentemente num teste de memorização. Nela participavam um Experimentador, um Professor e um Aluno. O Professor recebia uma lista de pares de palavras que deveria ensinar ao Aluno. Depois de recitar a lista completa, o Professor leria ao Aluno a primeira palavra de cada par e pedia-lhe para escolher a segunda dentre quatro possíveis. Se a resposta fosse incorrecta, o Professor carregaria num botão que aplicaria ao Aluno um choque eléctrico, que aumentaria 15 volts por cada erro. Se fosse correcta, passaria à questão seguinte.
>
> Embora o Professor - o verdadeiro sujeito da experiência - o ignorasse, o Aluno era na verdade um actor que, fechado numa sala ao lado, simulava sofrer os alegados choques eléctricos. Os gritos de dor do Aluno aumentavam de intensidade à medida que a voltagem "aumentava". A partir de certa altura, o Aluno queixava-se de problemas cardíacos e deixava de reagir. Atingidos os 135 volts, muitas pessoas questionavam a experiência e declaravam a sua intenção de abandoná-la, mas a maioria continuava depois de lhe ser assegurado que os choques não provocariam danos irreversíveis no Aluno. Quando o Professor insistia em abandonar, o Experimentador procurava dissuadi-lo, dizendo-lhe, por esta ordem:
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> 1. Por favor, continue.
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> 2. A experiência exige que continue.
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> 3. É absolutamente essencial que continue.
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> 4. Não há alternativa, tem de continuar.
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> Se o Professor assentisse, a experiência continuaria até ao choque máximo de 450 volts. Antes de iniciar as suas experiências, Milgram perguntou a um painel de especialistas que percentagem de Professores iria até ao enfim. A previsão apontava para 1,2%. Porém, 65% dos sujeitos aplicaram na primeira experiência o hipotético castigo de 450 volts, apesar de quase todos revelarem sinais de perturbação e tensão extremas, incluindo riso nervoso, suores e tremores. A experiência de Milgram foi desde então repetida inúmeras vezes ao longo de décadas, sem alteração notável dos resultados. Uma meta-análise publicada em 2002 por Thomas Blass, da Universidade de Maryland, concluiu que a proporção de participantes preparados para infligir a punição extrema se situa usualmente entre 61 e 66%, independentemente do tempo e do lugar.
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> Milgram resumiu assim as conclusões da experiência: "Pessoas normais, que se limitam a fazer o seu trabalho, podem tornar-se agentes de um processo terrivelmente destrutivo apesar de não serem movidas por qualquer hostilidade particular. Mesmo quando os efeitos destrutivos da sua acção se tornam evidentes e lhes é pedido que levem a cabo algo incompatível com padrões éticos fundamentais, pouca gente tem energia para resistir à autoridade."
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> O mais perturbador é que ninguém o faz por mal. Muita gente parece achar legítimo cometer as piores barbaridades na condição de que elas sejam legitimadas por uma autoridade estribada num suposto bem comum, numa linha de rumo que não se sabe bem quem traçou, de preferência sustentada pelo conhecimento científico ou, pelo menos, pela força objectiva das coisas. A diluição da responsabilidade individual desempenha aqui um papel fundamental, dado que a violência não parece resultar da vontade individual dos agentes do castigo, mas da inevitabilidade da situação ("a experiência exige que continue", "não há alternativa").
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> Fomos amestrados para acreditar que, quando os especialistas nos dizem que algo é inevitável, devemos acreditar nisso cegamente, mesmo que (ou sobretudo quando) tenhamos as maiores dúvidas. O Aluno existe para ser castigado pelo Professor sob a superior orientação do Experimentador. Mais claro que isto, é impossível.
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> P.S.: O leitor interessado em aprofundar o assunto poderá visionar no YouTube o programa em três partes "Milgram's Obedience to Authority Experiment", produzido pela BBC em 2009. Complementarmente, recomendo a conferência TED de Philip Zimbardo "The Psychology of Evil", de 2008»
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RE: Da Válvula electrónica ao Transistor...
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"Sem ele, o mundo e a história moderna seriam radicalmente diferentes: não haveria, por exemplo, indústria de computadores na escala que conhecemos, não haveria satélites de comunicação e, não haveria viagens espaciais."
As palavras, do físico norte-americano William Shockley , se referem a um diminuto dispositivo, hoje tão comum que sequer chama a atenção - o transistor.
Criado nos laboratórios da Bell Telephone, nos Estados Unidos, em 1947, o transistor valeu ao próprio Shockley e a Walter Brattain e John Bardeen o prêmio Nobel de Física de 1956. Milhões de pessoas que compraram pela primeira vez um radinho de pilha sabem que foi uma premiação merecida.
O rádio começou a se incorporar ao cotidiano já nos anos de euforia que antecederam a Primeira Guerra Mundial, somando-se a outras invenções, como o automóvel e o cinema, que faziam a delícia de um mundo deslumbrado com a modernidade. Seu princípio básico consiste em fazer com que uma onda eletromagnética, produzida por um circuito elétrico, transporte informações à longa distância, através do espaço. Para entender como isso pode ser feito, é útil comparar as ondas de rádio com ondas formadas na superfície de um lago quando se atira uma pedra na água. Quatro grandezas físicas são importantes para caracterizar esse fenômeno: a freqüência, isto é, quantas ondas são produzidas num determinado intervalo de tempo; a amplitude, ou distância entre o nível mais alto (crista) e o nível mais baixo (cavado) da água; o comprimento da onda, isto é, a distância entre duas cristas consecutivas; e, finalmente, a velocidade com que a onda se propaga na água.
No caso das ondas eletromagnéticas, uma das maneiras de fazer a onda transportar informações complexas é sobrepor a uma emissão de freqüência constante e bastante elevada, chamada onda portadora, uma segunda emissão que produza variações na amplitude, que dependem das variações de energia geradas pelas ondas sonoras captadas pelo microfone. Ao sintonizar o rádio receptor na mesma freqüência da emissora, é possível reconverter o sinal secundário em ondas sonoras idênticas às que o produziram. Esse é o processo de amplitude modulada (AM). Outra maneira, utilizada em emissões radiofônicas de freqüências ainda mais altas, consiste em traduzir as variações de energia produzidas pelas ondas sonoras em pequenas variações de freqüência da onda portadora. É o processo de freqüência modulada (FM).
Nada disso seria possível, porém, sem a invenção da válvula eletrônica. Ainda em fins do século passado, trabalhando com um bulbo de vidro do qual havia retirado o ar, o americano Thomas Edison - criador da lâmpada elétrica - havia observado que uma faísca fluía através do vácuo entre um filamento aquecido e uma placa fria de metal. A descoberta permaneceu como simples curiosidade até que, em 1897, o inglês J.J. Thomson demonstrou que o efeito Edison era, na verdade, um fluxo de elétrons.
O passo seguinte, já no começo deste século, foi dado por outro inglês, J. A. Fleming, que percebeu o alcance prático que o fenômeno poderia ter e construiu um dispositivo - chamado diodo - formado por um tubo com vácuo, em cujo interior havia, numa das extremidades, um filamento emissor de elétrons, o catodo, e, na outra, uma placa receptora, o anodo. Como os elétrons só fluíam do catodo para o anodo, o diodo tinha a propriedade de, uma vez incorporado a um circuito elétrico, funcionar como uma válvula permitindo que a corrente se deslocasse num único sentido.
A invenção não pareceu grande coisa no princípio; porém, dois anos mais tarde, em 1906, o americano Lee De Forest teve a idéia de juntar um terceiro elemento ao dispositivo de Fleming: uma rede situada entre o catodo e o anodo. Impondo à rede um potencial elétrico, tornava-se possível aumentar ou diminuir o fluxo de elétrons entre os outros dois elementos. Ou seja, a válvula passava a funcionar também como amplificador. E não apenas isso, pois a corrente da rede passa a impor o seu perfil à corrente entre o catodo e o anodo. Quando um sinal de rádio - invariavelmente mais fraco do que o fluxo eletrônico - passa pela rede, determina a intensidade do fluxo entre o catodo e o anodo, que se torna, então, uma cópia amplificada do sinal recebido. A partir daí, é possível uma reprodução quase perfeita do som que produziu o sinal.
A válvula era uma invenção fantástica, mas tinha também alguns defeitos importantes: era grande e pesada demais, o que tornava os aparelhos de rádio uns enormes trambolhos; exigia um certo tempo para começar a funcionar e consumia muita energia, já que a emissão de elétrons só ocorre a partir do aquecimento elétrico do catodo; enfim, tinha um tempo de vida relativamente curto, devido ao desgaste dos componentes, além de ser uma peça frágil.
A busca de uma alternativa levou o técnico americano George Southworth, da Bell Telephone, a empreender na década de 30 uma curiosa marcha à ré. Southworth teve a idéia de voltar aos dispositivos utilizados na detecção das emissões de rádio antes da invenção da válvula. Eram os retificadores naturais de correntes, o mais bem-sucedido dos quais havia sido a galena, um mineral de chumbo empregado nos primeiros aparelhos de rádio. Southworth custou a encontrar um rádio de galena nas lojas de artigos de segunda mão, mas finalmente pôde comprovar que o material era realmente superior à válvula na detecção de altas freqüências.
A pesquisa, que envolvia o estudo dos chamados semicondutores - materiais cuja capacidade de conduzir correntes se situa entre a dos metais, ótimos condutores, e a dos isolantes, através dos quais a corrente praticamente não passa - foi retomada logo após a Segunda Guerra Mundial. Em 1947, comandando um grupo de físicos, Shockley, Brattain e Bardeen faziam experiências com uma amostra do mineral germânio à qual fora acrescentado um pontinho de ouro. Ao aproximá-los de um filamento de volfrâmio, que acabara de receber uma descarga elétrica acidental, Brattain teve uma surpresa. Ele esperava ver fluir um jorro de elétrons do filamento para o semicondutor; o jorro de fato ocorreu, só que em sentido contrário: os elétrons saíam da amostra de germânio em lugar de entrar.
Brattain e Bardeen se deram conta imediatamente de que estavam diante de uma descoberta fundamental. Dias depois, repetiram a experiência com o filamento mais próximo do ponto de ouro e obtiveram uma amplificação. Estava aberto o caminho para a construção do primeiro transmissor. O princípio básico de que ele partia é que a adição de certas impurezas ao material altamente purificado afeta a mobilidade dos elétrons, torna possível formar um dispositivo compacto em camadas, de tal forma que uma pequena corrente, fluindo numa das camadas, pode ser usada para controlar uma corrente muito mais intensa em outra, produzindo uma amplificação. Assim, quando transistor recebe um sinal de rádio, os elétrons da corrente passam a fluir numa intensidade proporcional à do sinal. A corrente, assim modificada, se torna então uma cópia amplificada do sinal recebido.
Embora sem a mesma qualidade da válvula na reprodução do som original - o que explica o renovado interesse dos ouvintes mais exigentes pelas velhas válvulas - o transistor apresentava uma série de vantagens: baixo consumo de energia, longa vida, maior resistência aos choques e, principalmente, uma extraordinária redução de tamanho e peso. Isso possibilitaria, em pouco tempo, a construção de circuitos integrados com milhares de transistores, condensadores e resistências concentrados num chip do tamanho de uma unha humana.
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HRC
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RE: A Condição de Mulher
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Na Grécia antiga o papel das mulheres era restrito à manutenção do lar e ao cuidado para com os filhos. Somente os homens tinham acesso as actividades públicas como a filosofia, a política e a arte. A mulher servia de suporte à vida do homem. No Império Romano a discriminação era semelhante, a legislação garantia ao homem, através da instituição do " paterfamilias," poder absoluto sobre a mulher, filhos e escravos.
Já outras sociedades, como na Gália, na Germânia em alguns povos da América pré-colombiana [como os Iroqueses e os Hurons]possuíam uma organização que não atribuía diferenças hierárquicas em função das diferenças de sexo. Nas últimas duas, não existia uma distinção entre economia doméstica e economia social, as tarefas eram divididas independentemente do sexo da pessoa.
Durante a Idade Média as mulheres tinham acesso à grande parte das profissões, assim como o direito à propriedade. Também era comum assumirem a chefia da família quando se tornavam viúvas. Há também registos de mulheres que estudaram nas universidades da época, porém em número muito inferior aos homens.
A escritora francesa Christine de Pizan[1364 - 1430], autora do livro "A Cidade das Mulheres" onde defende que há igualdade por natureza entre os sexos, pode ser considerada uma das primeiras feministas por apresentar um discurso em favor da igualdade entre os sexos. Defendendo, por exemplo, uma educação idêntica à meninas e meninos.
Com a desestruturação do modo de produção feudal e o início do Renascimento, marcado pelo mercantilismo, formação dos Estados Nacionais e retomada do Direito romano, surgem uma série de retrocessos na condição da mulher na sociedade ocidental. As mulheres praticamente deixam de frequentar as universidades, têm restringido grande parte de seus direitos civis [como o direito à propriedade e heranças]. O universo do trabalho também se fecha às mulheres, estas passam a transitar num restrito número de profissões, justamente num momento em que o trabalho passa a ter valor enquanto statuscaça às bruxas iniciada pela igreja no século XV. social. Como símbolo maior desse período de retrocessos está a
O feminismo, enquanto um movimento e uma filosofia, tem sua origem na Europa Ocidental a partir do século XVIII. Para alguns, este tipo de perspectiva só seria possível após o fenómeno do iluminismo com pensadoras como Mary Wortley Montagu e a Marquesa de Condorcet, lutadoras da educação feminina. A primeira sociedade científica para mulheres foi fundada em Middelburge, uma cidade ao sul da Holanda, em 1785.
É a partir das grandes revoluções que o feminismo incorpora seu cunho reivindicatório e, unindo-se a alguns Partidos, ganha força de expressão. Com a expansão do capitalismo e a Revolução Francesa surgem os partidos de esquerda onde as mulheres encontram espaço para as suas manifestações. Os partidos precisavam de mais colaboradores e as mulheres precisavam de um espaço para manifestar as suas reivindicações, como por exemplo, o direito ao voto. Os movimentos feministas passaram a ficar intimamente ligados aos movimentos políticos. Buscando ampliar as ideias liberais, as feministas defendiam que os direitos conquistados pelas revoluções deveriam se estender a ambos os sexos, por serem os direitos naturais de mulheres e homens iguais. Como resultado da participação das mulheres na Revolução Francesa, registra-se, por exemplo, a instauração do casamento civil e a legislação do divórcio.
O livro "Em defesa dos direitos da mulher", de Mary Wollstonecraft, é um dos poucos trabalhos escritos antes do século XIX que podem ser classificados como feminista. Pelos padrões modernos, a sua metáfora das mulheres como sendo a nobreza, a elite da sociedade e em perigo de preguiça intelectual e moral, não soa como um argumento feminista. Wollstonecraft acreditou que ambos os sexos contribuíam para a degradação da mulher e tomou como uma verdade que as mulheres tinham um poder considerável sobre os homens.
No século XIX, no contexto da Revolução Industrial, o número de mulheres empregadas aumenta significativamente. Sem com isso diminuir a diferença salarial entre os sexos, que tinha como justificativa o pressuposto de que as mulheres teriam quem as sustentasse. Nesse período a análise socialista ganha forma. No contexto desta visão, a situação da mulher aparece como parte das relações de exploração na sociedade de classes. Assim, o movimento feminista se fortifica como um aliado do movimento operário. Como movimento organizado, data da primeira convenção dos direitos da mulher em Séneca Falls, Nova Iorque em 1848.
Em 1893 a Nova Zelândia foi primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres. Em 1918, a Alemanha e o Reino Unido voto feminino, que só chegaria à França, à Itália e ao Japão em 1945. permitem o
Nas décadas de 1930 e 1940, as reivindicações do movimento haviam sido formalmente conquistadas na maior parte dos países ocidentais [direito ao voto e escolarização e acesso ao mercado de trabalho ]. A possibilidade da mulher trabalhar ganhou força principalmente no contexto das duas grandes guerras, com grande parte dos homens envolvidos com a guerra as mulheres ocuparam os postos de trabalho vagos. Ao fim de ambas as guerras surgiram campanhas para desvalorizar o trabalho feminino, mostrando que os avanços conseguidos estavam ainda restritos ao âmbito legislativo.
Já na década de 1960, o movimento, influenciado por publicações como O Segundo Sexo[1949] de Simone de Beauvoir, passa a defender que a hierarquia entre os sexos não é uma fatalidade biológica e sim uma construção social. Para além da luta pela igualdade de direitos, incorpora o questionamento das raízes culturais das desigualdades.
O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março de todos os anos. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. De entre outros eventos históricos relevantes, comemora-se o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist [Nova Iorque, 1911]em que 140 mulheres perderam a vida.
O movimento pelo sufrágio feminino, é um movimento social, político e económico de reforma, com o objectivo de estender o sufrágio[o direito de votar] às mulheres. Participa do sufrágio feminino, mulheres ou homens, denominados sufragistas.
Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.
Em que pese o fato de as primeiras feministas terem encontrado nos ideais democráticos de inspiração iluminista – igualdade e liberdade, representados mais directamente pelo direito à participação na vida política e por leis que promovam uma justiça mais igualitária – o campo propício para suas reivindicações, o cerne das referências filosóficas que embalam os ideais democráticos – representadas por pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Jeremy Bentham – estava já impregnado de conceitos que excluíam a mulher de uma participação mais activa na condução da sociedade. Um forte exemplo disso é o direito ao voto, que já na Grécia clássica, em pleno nascedouro da democracia ateniense, era vetado para as mulheres.
A luta pelo voto feminino foi sempre o primeiro passo a ser alcançado no horizonte das feministas da era pós-Revolução Industrial. As suffragettes [em português, sufragistas], primeiras activistas do feminismo no século XIX, eram assim conhecidas justamente por terem iniciado um movimento no Reino Unido a favor da concessão às mulheres do direito ao voto. Seu início deu-se em 1897, com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino por Millicent Fawcett [1847-1929], uma educadora britânica. O movimento das sufragistas, que inicialmente era pacífico, questionava o fato de as mulheres do final daquele século serem consideradas capazes de assumir postos de importância na sociedade inglesa como, por exemplo, o corpo directivo das escolas e o trabalho de educadoras em geral, mas serem vistas com desconfiança como possíveis eleitoras. As leis do Reino Unido eram, afinal, aplicáveis às mulheres, mas elas não eram consultadas ou convidadas a participar de seu processo de elaboração.
Ainda que obtendo um limitado sucesso em sua empreitada - a conversão de alguns membros do então embrionário Partido Trabalhista Britânico para a causa dos direitos das mulheres é um exemplo -, a maioria dos parlamentares daquele país acreditavam, ainda presos as ideias de filósofos britânicos como John Locke e David Hume, que as mulheres eram incapazes de compreender o funcionamento do Parlamento Britânico e, por conseguinte, não podiam tomar parte no processo eleitoral.
O movimento feminino ganhou, então, as ruas e suas activistas passaram então a ser conhecidas pela sociedade em geral pelo[à época, ofensivo]epíteto de sufragistas, sobretudo aquelas vinculadas à União Social e Política das Mulheres [Women's Social and Political Union - WSPU]movimento que pretendeu revelar o sexismo institucional na sociedade britânica, fundado por Emmeline Pankhurst [1858-1928]. Após ser presa repetidas vezes com base na lei "Cat and Mouse", por infracções triviais, inspirou membros do grupo a fazer greves de fome. Ao serem alimentadas à força e ficarem doentes, chamaram à atenção pela brutalidade do sistema legal na época e também divulgaram sua causa. Ela foi uma militante que imprimiu um estilo mais enérgico ao movimento, o qual culminou com situações de confronto entre sufragistas e policiais e, finalmente, com a morte de uma manifestante, Emily Wilding Davison [1872-191]), que se atirou à frente do cavalo do rei da Inglaterra no célebre Derby de 1913, tornando-se a primeira mártir do movimento.
Cartaz soviético comemora o direito de voto das mulheres, uma das primeiras medidas da Revolução de 1917.
Mesmo que tenha causado grande comoção o movimento pelo voto feminino na Inglaterra da década de 1910, as acções de protesto empreendidas pelas sufragistas, contudo, apenas vieram a obter um parcial sucesso com a aprovação do Representation of the People Act de 1918, o qual estabeleceu o voto feminino no Reino Unido – em grande parte, dizem alguns historiadores, motivado pela actuação do movimento das sufragistas na Primeira Grande Guerra, já que as sufragistas deixaram as ruas e assumiram importante papel nos esforços de guerra.
A lei britânica de 1918 deu forças a mulheres de diversos outros países para que buscassem seus direitos ao voto, que as primeiras feministas consideravam de importância maior que outras questões referentes à situação feminina justamente por acreditarem que pelo voto as mulheres seriam capazes de solucionar problemas causados por leis injustas que lhes vetavam o acesso ao trabalho e à propriedade, por exemplo. Habilitando-se ao sufrágio, as mulheres passariam a ser também elegíveis e assim, pensavam as feministas, poderiam concorrer de igual para igual com os homens por cargos electivos.
Por mais que a opressão feminina seja ainda uma cruel realidade em alguns países, as mulheres têm direito ao voto e à participação política ampla na maioria dos países do mundo. Embora em países como o Kuwait, por exemplo, haja ainda movimentos que reproduzem as mesmas lutas das sufragistas do século XIX, na tentativa de forçar o governo daquele país a mudar sua legislação eleitoral e adoptar o voto universal em pleno século XXI.
A primeira mulher a votar em Portugal foi Adelaide Cabete [primeira mulher a votar no quadro dos doze países europeus que vieram a constituir a União Europeia] em 1911 contornando a lei que só permitia aos chefes de família de votar [era viúva]. Para evitar estes contornos foi modificada o direito abrangente somente o sexo masculino.
Só com o decreto-lei nº 19694 de 5 de Maio de 1931 é que pela primeira vez, na história política do país, as mulheres são consideradas como eleitoras.
Este decreto contudo era bastante limitativo, pois permitia que as mulheres votassem para as juntas de freguesia, mas só aquelas que eram chefes de família, ou seja, as viúvas, divorciadas, separadas de pessoas e bens, com família própria e aquelas que estivessem casadas mas que os maridos estivessem no estrangeiro ou nas colónias. Não obstante só o podiam as mulheres que tivessem completado o ensino secundário ou fossem titulares de um curso superior com certificado.
Só foi permitido a todas as mulheres o direito de voto após o 25 de Abril de 1974.
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RE: Machu Picchu no século XIX
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http://goo.gl/maps/3I40e
Em 1865, no curso de suas viagens de exploração pelo Peru, o naturalista italiano Antonio Raimondi passou ao pé das ruínas sem sabê-lo e menciona o quão escassamente povoada era a região na época. Porém, tudo indica que foi por esses anos que a região começou a receber visitas por interesses distintos dos meramente científicos.
De fato, uma investigação em curso divulgada recentemente[2][3] revela informação sobre um empresário alemão chamado Augusto Berns que em 1867 não só havia "descoberto" as ruínas mas também havia fundado uma empresa "mineira" para explorar os presumidos "tesouros" que abrigavam (a "Compañía Anónima Explotadora de las Huacas del Inca"). De acordo com esta fonte, entre 1867 e 1870 e com a aprovação do governo de José Balta, a companhia havia operado na zona e logo vendido "tudo o que encontrou" a colecionadores europeus e norte-americanos.[4]
Huayna Picchu - A montanha maior, atrás da cidade.
Conectados ou não com esta suposta empresa (cuja existência espera ser confirmada por outras fontes e autores) o certo é que nesta época que os mapas de prospecções mineiras começam a mencionar Machu Picchu. Assim, em 1870, o norte-americano Harry Singer coloca pela primeira vez em um mapa a localização do Cerro Machu Picchu e se refere ao Huayna Picchu como "Punta Huaca del Inca". O nome revela uma inédita relação entre os incas e a montanha e inclusive sugere un caráter religioso (uma huaca nos Andes antigos era um lugar sagrado).[5]
Um segundo mapa de 1874, elaborado pelo alemão Herman Gohring, menciona e localiza em seu local exato ambas montanhas.[6]
Por fim, em 1880 o explorador francês Charles Wiener confirma a existência de restos arqueológicos no lugar (afirma "há ruínas na Machu Picchu"), embora não possa chegar ao local.[7] Em qualquer caso está claro que a existência da suposta "cidade perdida" não se havia esquecido, como se acreditava até há alguns anos.
Vista da cidadela de Machu Picchu em 1911.
Foi o professor norte-americano Hiram Bingham quem, à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu em 24 de julho de 1911. Este antropólogo, historiador ou simplesmente, explorador aficcionado da arqueologia, realizou uma investigação da zona depois de haver iniciado os estudos arqueológicos. Bingham criou o nome de "a Cidade Perdida dos Incas" através de seu primeiro livro, Lost City of the Incas. Porém, naquela época, a meta de Bingham era outra: encontrar a legendária capital dos descendentes dos Incas, Vilcabamba, tida como baluarte da resistência contra os invasores espanhóis, entre 1536 e 1572. Ao penetrar pelo cânion do Urubamba, Bingham, no desolado sítio de Mandorbamba, recebeu do camponês Melchor Arteaga o relato que no alto de cerro Machu Picchu existiam abundantes ruínas. Alcançá-las significava subir por uma empinada ladeira coberta de vegetação.
Quando Bingham chegou à cidade pela primeira vez, obviamente encontrou a cidade tomada por vegetação nativa e árvore. E também era infestada de víboras.
Embora céptico, conhecedor dos muitos mitos que existem sobre as cidades perdidas, Bingham insistiu em ser guiado ao lugar. Chegando ao cume, um dos meninos das duas famílias de pastores que residiam no local o conduziu aonde, efetivamente, apareciam imponentes construções arqueológicas cobertas pelo manto verde da vegetação tropical e, em evidente estado de abandono há muitos séculos. Enquanto inspecionava as ruínas, Bingham, assombrado, anotou em seu diário:
Cquote1.svg Would anyone believe what I have found?" (Acreditará alguém no que encontrei?) Cquote2.svg
— Hiram Bingham
Depois desta expedição, Bingham voltou ao lugar em 1912 e, nos anos seguintes (1914 e 1915), diversos exploradores levantaram mapas e exploraram detalhadamente o local e os arredores.
Suas escavações, não muito ortodoxas, em diversos lugares de Machu Picchu, permitiram-lhe reunir 555 vasos, aproximadamente 220 objetos de bronze, cobre, prata e de pedra, entre outros materiais. A cerâmica mostra expressões da arte inca e o mesmo deve dizer-se das peças de metal: braceletes, brincos e prendedores decorados, além de facas e machados. Ainda que não tenham sido encontrados objetos de ouro, o material identificado por Bingham era suficiente para inferir que Machu Picchu remonta aos tempos de esplendor inca, algo que já evidenciava seu estilo arquitetônico.
Bingham reconheceu também outros importantes grupos arqueológicos nas imediações: Sayacmarca, Phuyupatamarca, a fortaleza de Vitcos e importantes trechos de caminhos (Caminho Inca), todos eles interessantes exemplos da arquitetura desse império. Tanto os restos encontrados como as evidências arquitetônicas levam os investigadores a crer que a cidade de Machu Picchu terminou de ser construída entre fim do século XV e início do século XVI.
A expedição de Bingham, patrocinada não somente pela Universidade de Yale como também pela National Geographic Society, foi registrada em uma edição especial da revista, publicada em 1913, contendo um total de 186 páginas, que incluía centenas de fotografias.
Panorama de Machu Picchu em meio às cadeias de montanhas peruanas.
Localização das ruínas de Machu Picchu, no Canhão) do Urubamba. Observe-se a curva que o rio descrevem em torno das montañas Machu Picchu e Huayna Picchu.
Machu Picchu se encontra a 13º 9' 47" de latitude sul e 72º 32' 44" de longitude oeste. Faz parte do distrito de mesmo nome, na província de Urubamba, no Departamento de Cusco, no Peru. A cidade importante mais próxima é Cusco, atual capital regional e antiga capital dos incas, a 130 quilômetros dali.
A 2400 metros de altitude, Machu Picchu está situada no alto de uma montanha, cercada por outras montanhas e circundada pelo rio Urubamba, o que lhe proporciona uma atmosfera única de segurança e beleza
As montanhas Machu Picchu e Huayna Picchu são parte de uma grande formação orográfica conhecida como Batolito de Vilcabamba, na Cordilheira Central dos Andes peruanos. Encontram-se na margem esquerda do chamado Canyon do Urubamba, conhecido antigamente como Quebrada de Picchu.[8] Ao pé dos montes e praticamente rodeando-os, corre o rio Urubamba (Vilcanota). As ruínas incas encontram-se a meio caminho entre os picos das duas montanha, a 450 metros acima do nível do vale e a 2.438 metros acima do nível do mar. A superfície edificada tem aproximadamente 530 metros de comprimento por 200 de largura e contém 172 edifícios em sua área urbana.
As ruínas, propriamente ditas, estão dentro de um território do Sistema Nacional de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado (SINANPE),[9] chamado Santuário Histórico de Machu Picchu, que se estende sobre uma superfície de 32 592 hectares, (80 535 acres ou 325,92 km²) da bacia do rio Vilcanota-Urubamba (o Willka mayu ou "rio sagrado" dos incas). O Santuário Histórico protege uma série de espécies biológicas em perigo de extinção e vários estabelecimentos incas,[10] entre os quais Machu Picchu é considerado o principal.
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RE: O direito da primogenitura na Antiguidade
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Os grandes Impérios da Antiguidade tinham como força de expansão um líder carismático, um exército altamente especializado em seu comando e uma população imbuída de uma missão civilizadora, no entanto um dos principais motivos pela derrocada destes mesmos Impérios era a fragilidade na indicação do sucessor e na manutenção dos interesses sucessórios. A escolha do sucessor tinha por prerrogativa o primogênito, mas na maioria das vezes os irmãos e tios que não tinham direito legal sobre o trono, procuravam usurpar o reinado e iniciar a própria dinastia.
Na Roma imperial como exemplo clássico podemos apresentar a sucessão do imperador Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), que sem opções para continuar a dinastia adota o filho da sua esposa Lívia[1] que viria a ser o próximo imperador. O imperador Tibério[2] sabia da necessidade de matar os possíveis usurpadores, o assassinato era uma prerrogativa para manter-se no poder. Segundo Paul Veyne[3] em seu livro “História da vida privada Do império Romano ao Ano mil” relata detalhadamente a escolha de um sucessor.
O futuro imperador Galba é viúvo e seus dois filhos morreram; desde algum tempo ele percebeu os méritos de um jovem nobre Pisão; redige seu testamento, instituindo-o herdeiro, e acaba por adotá-lo. (VEYNE, p.28)
[1] Lívia Drusa (58 a.C. – 29 d.C.) esposa de Otávio Augusto filha de senador e próspera família que resistiu o período de turbulência devido à guerra civil iniciada em 49 a.C. mãe de Tibério, filho adotado por pelo Augusto para ser o próximo governante.
[1] Tibério (42 a.C.- 37 d.C) segundo imperador romano, foi governante no período da crucificação de Jesus pertencente a dinastia Júlio -Claudiana.
[1] Paul Veyne arqueólogo e historiador francês especialista em antiguidade romana.
http://cpantiguidade.files.wordpress.com/2011/10/imagem2.jpg?w=950
Assim nós temos na sociedade humana um grande impasse para a continuação de um império, a garantia ao direito sucessório, atravessando os milênios e os continentes, os primogênitos ou futuros comandantes deveriam antes de tudo obter o apoio da elite, do exército e do povo para legitimar-se no poder. Um exemplo clássico sucessório foi o do império conquistado por Alexandre, o Grande (323 a.C.- 356 a.C.) uma morte prematura sem herdeiros capazes de substituí-lo o império helênico foi dividido pelos seus generais e entrou em um período de anarquia civil controlado então por esses soldados que iniciaram novas dinastias.
A conquista espanhola iniciada em 1492 d.C., liderada por Pizarro[4] no exemplo sul americano encontrou um forte apoio da população subjugada pelos incas, mas principalmente pelo efeito arrasador que assolava o império Inca uma guerra civil entre os irmãos Húascar[5] o herdeiro legitimo e Atahualpa[6] o usurpador, uma fraqueza momentânea que permitiu a destruição de uma civilização milenar.
Húascar era filho de Huanyna Cápac e da Coya[7],irmã de seu pai, portanto, segundo as leis dos incas, herdeiro indiscutível da coroa.Atahualpa era filho de Huayna Cápac e de uma índia quilaco chamada Tuta Palla, portanto sem direito da sucessão. ( 2000 Freire).
[1] Francisco Pizarro foi conquistador e explorador espanhol, que liderou a conquista do império Inca em 1526 .
[1] Huascar herdeiro legal do império Inca filho de Huayna Capac com a Coya (Rainha) principal
[1] Athaualpa filho de Huauna Capac com uma concubina general do Norte obteve o apoio da nova elite para assumir o poder do império
[1] Coya titulo dado a rainha dos incas .
http://cpantiguidade.files.wordpress.com/2011/10/imagem11.jpg?w=950
Podemos, portanto concluir que não bastava ao novo governante ser o primogênito ele deveria traçar alianças e através da força se impor diante da sociedade assumir a direção do reinado e seguir com a linhagem, na maioria das vezes a expansão de um império acompanhava uma fraqueza ditada pela organização administrativa central que tinha por necessidade estratégica dividir as regiões conquistadas com a elite local enfraquecendo a figura do imperador.
Fontes iconográficas:
Fig.1 Árvore genealógica dos descendentes do Imperador Otávio Augusto Descrição do Livro Os doze Césares Suetônio
Fig.2 Árvore genealógica dos filhos do Sapa Inca Huayna Cápac com suas concubinas. (cpantiguidade.com/author/amarildosalvador/
Referências Bibliográficas:
FREIRE, Pedro Ribeiro. O soldado Pedro de Cieza de León e o império incaico. Rio de Janeiro: Ed UERJ, 2000.
PLUTARCO, Alexandre , O Grande 1. Ed. Ediouro, 2009
SUETÔNIO. A vida dos doze Césares. São Paulo Ed Ediouro, 2002.
VEYNE, Paul. História da vida privada Do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009
[1] Lívia Drusa (58 a.C. – 29 d.C.) esposa de Otávio Augusto filha de senador e próspera família que resistiu o período de turbulência devido à guerra civil iniciada em 49 a.C. mãe de Tibério, filho adotado por pelo Augusto para ser o próximo governante.
[2] Tibério (42 a.C.- 37 d.C) segundo imperador romano, foi governante no período da crucificação de Jesus pertencente a dinastia Júlio-Claudiana
[3] Paul Veyne arqueólogo e historiador francês especialista em antiguidade romana.
[4] Francisco Pizarro foi conquistador e explorador espanhol, que liderou a conquista do império Inca em 1526 .
[5] Huascar herdeiro legal do império Inca filho de Huayna Capac com a Coya(Rainha) principal
[6] Athaualpa filho de Huauna Capac com uma concubina general do Norte obteve o apoio da nova elite para assumir o poder do império.
[7] Coya titulo dado a rainha dos incas.
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Transtorno Bipolar: a Normal "Patologia" de Tomás de Aquino
Transtorno Bipolar: a Normal
"Patologia" de Tomás de Aquino
(em memória de J. Pieper)
L. Jean Lauand
Universidade de São Paulo - jeanlaua@usp.br
Os apelos da criatura
No dia 6 de novembro , completam-se dois anos do falecimento de Josef Pieper, um dos mais notáveis filósofos do século. Profundamente identificado com o filosofar de Tomás de Aquino - que soube trazer ao diálogo com a realidade contemporânea -, Pieper sempre recusou energicamente o rótulo de "tomista": Santo Tomás é grande demais para caber num "ismo"; e seu pensamento, desconcertante demais para ser espartilhado por compêndios de escola.
Consideraremos aqui - ampliando uma aguda intuição de Pieper - uma das mais surpreendentes teses de Tomás: sua ambivalente postura fundamental diante do mundo, a que Pieper designou por "Psicose Maníaco-Depressiva". Reproduzimos, a seguir, o texto da nota "Manisch-Depressiv" publicada nos Buchstabier Übungen, München, Kösel, 1980.
Josef Pieper (1904-1997)
Psicose Maníaco-Depressiva
Josef Pieper
(trad.: L. Jean Lauand e H. Marianetti Neto)
O mundo está constituído de tal forma que quem o compreendesse a fundo poderia ser precipitado num abismo de tristeza: o próprio Verbo de Deus feito homem teve de padecer uma morte terrível e infamante. E no fim dos tempos, ocorrerá o domínio universal do mal. Tomás de Aquino ensina que o dom da ciência (que permite conhecer o que é este mundo) corresponde à bem-aventurança: "Bem-aventurados os que choram...".
Quem pensa nisto (e o ser humano não precisa necessariamente de uma reflexão consciente para aperceber-se dessa realidade) pode muito bem verter lágrimas e cair na mais profunda depressão; depressão que, aliás, não tem porque ser considerada "infundada" ou "sem objeto", uma vez que a criatura procede do nada.
Mas a criatura é também - para além de qualquer medida concebível - tão intensamente mantida na existência pelo Amor de Deus que, quem considera este fundamento e sabe reconhecê-lo, pode facilmente ser invadido pela alegria (também aparentemente "infundada" e efetivamente não causada por nenhum motivo externo próximo e determinado). Uma alegria tão arrebatadora que, pura e simplesmente, extravasa a capacidade de recepção da alma.
Como é que fica então o meio-termo, o "normal"? E por que meios é essa normalidade regulada? Talvez pelo estado fisiológico do aparelho hormonal das glândulas ou do sistema nervoso.
Assim, segundo Tomás, a criatura é dúplice em sua estrutura fundamental: por um lado, participa do Ser (e da verdade, da bondade, da beleza...) de Deus; mas, por outro lado, é treva, enquanto procede do nada. E essa estrutura dúplice projeta-se num apelo contraditório ao homem (também ele criatura...) em seu relacionamento com o mundo: daí a "normalidade" da psicose maníaco-depressiva ou, como se diz hoje, do transtorno bipolar.
A gravidade da "patológica" normalidade - que deveria ser a constante situação do ser humano no mundo -, passa, na verdade, despercebida para a imensa maioria, que não se dá conta de nenhum dos dois pólos do transtorno, situando-se numa morna mediocridade, alheia ao dramático potencial contido em cada centímetro quadrado do quotidiano. Essa incapacidade de se deixar abalar, de sentir a vertigem existencial do apelo da realidade, traz consigo a "tranqüilidade" do anestesiado, que só se inquieta para reagir quando algo ameaça romper a segura redoma em que instalou seu pequeno mundo[1].
Na realidade, a criatura é mais do que seu ser aparente. É uma questão de saber ver, de epistéme theoretiké, no sentido - resgatado por Heidegger - de competência (appartenance) do olhar. Essa competência do mirandum - como diz Tomás, em seu comentário à Metafísica de Aristóteles - é o que aproxima o filósofo do poeta. E ninguém melhor do que a poeta Adélia Prado - que em "De profundis"[2] também fala do transtorno bipolar, da "alma ciclotímica"! - para testemunhar esse plus:
"De vez em quando Deus me tira a poesia.
Olho pedra, vejo pedra mesmo"[3].
O pólo positivo do transtorno - a que, segundo Tomás, a criatura nos convoca - é exposto no capítulo 2 da Contra Gentiles II e - como todos os temas essenciais de seu pensamento - remete-nos à doutrina da participação.
"Meditei em todas as tuas obras e em todas as coisas feitas pelas tuas mãos"[4]. Esta sentença do Salmo (143, 5) é posta como epígrafe do Livro II da Contra Gentiles e é - como diz o próprio Tomás - o princípio estruturador de seus estudos[5] sobre a criação. Interessa-nos aqui, principalmente, a segunda parte dessa epígrafe: Deus, como artífice e artista, deixa sua marca nas coisas criadas[6].
A criação impõe um convite a meditar[7]. Meditar sobre as criaturas para conhecer o artista que as fez. E isto - sempre seguindo o II, 2 da CG - por quatro razões:
1) Para conhecer, admirar e considerar a sabedoria divina. A sabedoria que se encontra "concentrada" em Deus está, em semelhança, espalhada (sparsa) nas criaturas. Este é o sentido do salmo 138, quando afirma que "A noite é luz para mim..."[8]: considerando a obra, proclamaremos a sabedoria de quem a fez.
2) Essa consideração leva a uma atitude de admiração e de reverência ante o poder de Deus.
3) Essa consideração produz, ademais, um incêndio de amor a Deus na alma humana pois "toda a bondade e perfeição que se encontra espalhada aqui e ali nas diversas criaturas encontra-se acumulada em Deus como numa fonte". "Se, pois, a bondade, a beleza e suavidade (suavitas) das criaturas cativam tanto o homem, a consideração de Deus como fonte de bondade (e das criaturas como riachinhos) inflamará um arrebatado incêndio de amor".
4) Essa consideração situa os homens em certa semelhança com Deus, que se conhece em suas obras.
A palavra chave - também aqui - é "participação". O arrebatador encanto das criaturas é apenas rivulus, riachinho, "café pequeno" ante o oceano fontal de Deus.
Contra Gentiles II, 2
Quod consideratio creaturarum utilis est ad fidei instructionem.
Huiusmodi quidem divinorum factorum meditatio ad fidem humanam instruendam de Deo necessaria est.
Primo quidem, quia ex factorum meditatione divinam sapientiam utcumque possumus admirari et considerare. Ea enim quae arte fiunt, ipsius artis sunt repraesentativa, utpote ad similitudinem artis facta. Deus autem sua sapientia res in esse produxit: propter quod in Psalmo dicitur: Omnia in sapientia fecisti. Unde ex factorum consideratione divinam sapientiam colligere possumus, sicut in rebus factis per quandam communicationem suae similitudinis sparsam. Dicitur enim Eccli. 1-10: Effudit illam, scilicet sapientiam, super omnia opera sua. Unde, cum Psalmus (138, 6 sqq) diceret, Mirabilis facta est scientia tua ex me: confortata est, et non potero ad eam: et adiungeret divinae illuminationis auxilium cum dicit. Nox illuminatio mea etc.; ex consideratione divinorum operum se adiutum ad divinam sapientiam cognoscendam confitetur, dicens: Mirabilia opera tua, et anima mea cognoscet nimis.
Secundo, haec consideratio in admirationem altissimae Dei virtutis ducit: et per consequens in cordibus hominum reverentiam Dei parit. oportet enim quod virtus facientis eminentior rebus factis intelligatur. Et ideo dicitur Sap. 13-4: Si virtutem et opera eorum, scilicet caeli et stellarum et elementorum mundi, mirati sunt, scilicet philosophi, intelligant quoniam qui fecit haec, fortior est illis. Et Rom. 1-20 dicitur: Invisibilia Dei per ea quae facta sunt intellecta conspiciuntur: sempiterna quoque virtus eius et divinitas. Ex hac autem admiratione Dei timor procedit et reverentia. Unde dicitur Ierem. 10-6 Magnum est nomen tuum in fortitudine. quis non timebit te, o Rex gentium?
Tertio, haec consideratio animas hominum in amorem divinae bonitatis accendit. quicquid enim bonitatis et perfectionis in diversis creaturis particulariter distributum est, totum in ipso universaliter est adunatum, sicut in fonte totius bonitatis, ut in primo libro ostensum est. si igitur creaturarum bonitas, pulchritudo et suavitas sic animos hominum allicit, ipsius Dei fontana bonitas, rivulis bonitatum in singulis creaturis repertis diligenter comparata, animas hominum inflammatas totaliter ad se trahet. unde in Psalmo dicitur: Delectasti me, Domine, in factura tua, et in operibus manuum tuarum exsultabo. Et alibi de filiis hominum dicitur: Inebriabuntur ab ubertate domus tuae, quasi totius creaturae, et sicut torrente voluptatis tuae potabis eos: quoniam apud te est fons vitae. Et Sap. 13-1, dicitur contra quosdam: Ex his quae videntur bona, scilicet creaturis, quae sunt bona per quandam participationem, non potuerunt intelligere eum qui est, scilicet vere bonus, immo ipsa bonitas, ut in primo ostensum est.
Quarto, haec consideratio homines in quadam similitudine divinae perfectionis constituit. Ostensum est enim in primo libro quod Deus, cognoscendo se-ipsum, in se omnia alia intuetur. Cum igitur christiana fides hominem de Deo principaliter instruit, et per lumen divinae revelationis eum creaturarum cognitorem facit, fit in homine quaedam divinae sapientiae similitudo. hinc est quod dicitur 2 Cor. 3-18: Nos vero omnes, revelata facie gloriam domini speculantes, in eandem imaginem transformamur.
Sic igitur patet quod consideratio creaturarum pertinet ad instructionem fidei christianae. et ideo dicitur Eccli. 42-15: Memor ero operum Domini, et quae vidi annuntiabo: in sermonibus Domini opera eius.
Nota sobre ser e participação em Tomás
Assim, para bem entender o pensamento e a linguagem de Tomás, é necessária uma nota sobre sua doutrina da participação. Essa doutrina é a base, tanto de sua concepção do ser, como - no plano estritamente teológico - da graça. Indicaremos, aqui, resumidamente, suas linhas principais.
Como sempre, voltemo-nos para a linguagem. Comecemos reparando no fato de que na linguagem comum, "participar" significa - e deriva de - "tomar parte" (partem capere). Ora, há diversos sentidos e modos desse "tomar parte"[9]. Um primeiro é o de "participar" de modo quantitativo, caso em que o todo "participado" é materialmente subdividido e deixa de existir: se quatro pessoas participam de uma pizza, ela se desfaz no momento em que cada um "toma a sua parte".
Num segundo sentido, "participar" indica "ter em comum" algo imaterial, uma realidade que não se desfaz, nem se altera quando participada; é assim que se "participa" a mudança de endereço "a amigos e clientes", ou ainda que se "dá parte à polícia". O terceiro sentido, mais profundo e decisivo, é o que é expresso pela palavra grega metékhein, que indica um "co-ter", um "ter com", ou simplesmente um "ter" em oposição a "ser"; um "ter" pela dependência (participação) com outro que "é". Ao tratar da Criação, Tomás já utiliza precisamente este conceito: a criatura tem o ser, por participar do ser de Deus, que é ser. E a graça nada mais é do que ter - por participação na filiação divina que é em Cristo - a vida divina que é na Santíssima Trindade.
Há - como indica Weisheipl[10] - três argumentos subjacentes à doutrina da participação: 1) Sempre que há algo comum a duas ou mais coisas, deve haver uma causa comum. 2) Sempre que algum atributo é compartilhado por muitas coisas segundo diferentes graus de participação, ele pertence propriamente àquela que o tem de modo mais perfeito. 3) Tudo que é compartilhado "procedente de outro" reduz-se causalmente àquele que é "per se".
Nesse sentido, estão as metáforas de que Tomás se vale para exemplificar: ele compara o ato de ser - conferido em participação às criaturas - à luz e ao fogo: um ferro em brasa tem calor, porque participa do fogo, que "é calor"[11]; um objeto iluminado "tem luz", por participar da luz que é na fonte luminosa. Tendo em conta essa doutrina, já entendemos melhor a sentença de Guimarães Rosa: "O sol não é os raios dele, é o fogo da bola"[12].
Participação envolve, pois, graus e procedência. Tomás parte do fenômeno evidente de que há realidades que admitem graus (como diz a antiga canção de Chico Buarque: "tem mais samba no encontro que na espera...; tem mais samba o perdão que a despedida"). E pode acontecer que a partir de um (in)certo ponto, a palavra já não suporte o esticamento semântico: se chamamos vinho a um excelente Bordeaux, hesitamos em aplicar este nome ao equívoco "Chateau de Vila Xiririca" ou "Baron de Várzea Grande".
As coisas se complicam - e é o caso contemplado por Tomás - quando uma das realidades designadas pela palavra é fonte e raiz da outra: em sua concepção de participação, a rigor, não poderíamos atribuir o predicado "quente" ao sol, se, a cada momento, dizemos que o dia ou a casa estão quentes (o dia ou a casa têm calor porque o sol é quente). Assim, deixa de ser incompreensível para o leitor contemporâneo que, no artigo 6 das Questões disputadas sobre a verdade, Tomás afirme que não se possa dizer que o sol é quente (sol non potest dici calidus). Na Contra Gentiles (I, 29, 2), o Aquinate explica que acabamos dizendo quente para o sol e para as coisas que recebem seu calor, porque a linguagem é assim mesmo[13].
Essas considerações parecem extremamente naturais quando nos damos conta de que ocorrem em instâncias familiares e quotidianas de nossa própria língua: um grupo de amigos vai fazer um piquenique em lugar ermo e compra alguns pacotes de gelo (desses que se vendem em postos de gasolina nas estradas) para a cerveja e os refrigerantes. As bebidas foram dispostas em diversos graus de contato com o gelo: algumas garrafas são circundadas por muito gelo; outras, por menos. De tal modo que cada um pode escolher: desde a cerveja "estupidamente gelada" até o refrigerante só "um pouquinho gelado"... Ora, é evidente que o grau de "gelado" é uma qualidade tida, que depende do contato, da participação da fonte: o gelo, que, ele mesmo, não pode ser qualificado de "gelado"... Estes fatos de participação são-nos, no fundo, evidentes, pois com toda a naturalidade dizemos que "gelado", gramaticalmente, é um particípio...
Um último exemplo. Participar é receber de outrem algo; mas o que é recebido, é recebido não totalmente: assim participar implica um receber parcial de algo (aliquid) de outro (ab alio). Um axioma de que Tomás se vale, diz: "Tudo que é recebido, é recebido segundo a capacidade do recepiente" (per modum recipientis recipitur). E assim "Omne quod est participatum in aliquo, est in eo per modum participantis: quia nihil potest recipere ultra mensuram suam" (I Sent. d.8, q.1 a.2 sc2), algo que é participado é recebido segundo a capacidade do participante, pois não se pode receber algo que ultrapasse a sua medida (mensura). Numa sala de aula, por exemplo, cada aluno participa da aula segundo sua capacidade de apreensão: alguns aprenderão mais; outros, menos...
Da citada CG, retenhamos uma sentença essencial: "Deus, que distribui todas as suas perfeições entre as coisas é-lhes semelhante e, ao mesmo tempo, dessemelhante". Pela semelhança-procedência de Deus, as criaturas podem produzir o efeito arrebatador de alegria, o lado "mania" da PMD.
Ainda o pólo positivo do transtorno
Daí que, em palavras de Chesterton, "Há em Santo Tomás um tom geral e um temperamento que é tão difícil de evitar como a luz do dia numa casa grande com janelas. É a atitude positiva de um espírito como que cheio e repassado da luz do sol e do calor da admiração pelas coisas criadas. Por isso deveria chamar-se Tomás do Deus Criador"[14].
Tomás insiste uma e outra vez: todas as criaturas são boas e têm de bondade o que têm de ser: "Unaquaeque creatura quantumcumque participat de esse, tantum participat de bonitate" (Ver. 20,4). E mais: é certo que a felicidade definitiva do homem reside na posse de Deus pela contemplação, pelo olhar de amor; mas, para o Aquinate, essa felicidade não é algo "transferido" para depois da morte, e sim, algo que irrompe, que já se inicia nesta vida, pela fruição do bem de Deus nos bens do mundo, até mesmo em um copo de água fresca num dia de calor: "Assim como o bem criado é uma certa semelhança e participação do Bem Incriado, assim também a consecução de um bem criado é uma certa semelhança e participação da bem-aventurança final" (De malo 5,1, ad 5)[15].
Tudo isto é muito bonito e está na base não só da doutrina do ser de Tomás, mas também de sua estética[16]. Porém, essa análise ficaria incompleta e falsa, se não víssemos o outro lado, o da dessemelhança, o depressivo...
O pólo negativo do transtorno
De fato, o dom da ciência (conhecer a fundo as coisas criadas), corresponde à bem-aventurança dos que choram: "scientia convenit lugentibus" (II-II 9, 4 sc). Pois a criatura, enquanto procede do nada, de per si é treva "creatura est tenebra in quantum est ex nihilo" (só é luz enquanto, por participação, se assemelha a Deus"in quantum vero est a Deo, similitudinem aliquam eius participat, et sic in eius similitudinem ducit") (De Ver. 18, 2, ad 5). E obscuro é também o conhecimento que a criatura oferece: "sed quia creatura ex hoc quod ex nihilo est, tenebras possibilitatis et imperfectionis habet, ideo cognitio qua creatura cognoscitur, tenebris admixta est" (In II Sent. r3, c)
Quanto mais scientia, maior a depressão: porque se constata quão deficientes são as coisas do mundo "Ad lugendum autem movet praecipue scientia, per quam homo cognoscit defectus suos et rerum mundanarum; secundum illud Eccle. I qui addit scientiam, addit et dolorem" (I-II, 69, 3 ad3). A referência ao Eclesiastes não é casual: Salomão, que tem "mais sabedoria que todos seus antecessores" (I, 16), verifica - após examinar as coisas mais magníficas - que "tudo é vento" e "quanto mais conhecimento, mais sofrimento".
Essa situação do homem foi extraordinariamente expressa por Adélia Prado em "Acácias"[17], que fala do transtorno bipolar - "magnífica insuficiência" - ante a beleza de uma criatura, uma simples acácia que seja.
ACÁCIAS[18]
Minha alma quer ver a Deus.
Eu não quero morrer.
Quero amar sem limites
E perdoar a ponto de esquecer-me
Radical, quer dizer pela raiz
O perdão radical gera alegria
Exorciza doenças, mata o medo
Dá poder sobre feras e demônios
Falo. E falo é também membro viril,
Todo léxico é pobre,
Idiomas são pecados;
Poemas, culpas antecipadamente perdoadas
Eis, esta acácia florida gera angústia
Para livrar-me, empenho-me
Em esgotar-lhe a beleza
Beleza importuna,
Magnífica insuficiência,
Porque ainda convoca
O poema perfeito.
A doutrina de Tomás encontra uma inesperada e discreta confirmação na famosa canção "Garota de Ipanema" de Vinicius e Tom Jobim[19]. A letra, como todos recordam vai falando da beleza ("Olha que cosa mais linda / mais cheia de graça / É ela menina que vem e que passa") e de como "o mundo inteirinho se enche de graça etc. " e, de repente, o verso, tão profundo quanto inesperado e (só) aparentemente contraditório:
"Oh, por que tudo é tão triste?"
Por que a beleza traz consigo também a sensação de solidão e tristeza? Talvez também porque se advinha que a criatura tem a beleza de modo precário e contingente; só Deus é a Beleza incondicional e simpliciter. "Est autem duplex defectus pulchritudinis in creaturis: unus, quod quaedam sunt quae habent pulchritudinem variabilem, sicut de rebus corruptibilibus apparet (...) Secundus autem defectus pulchritudinis est quod omnes creaturae habent aliquo modo particulatam pulchritudinem sicut et particulatam naturam; hunc defectum excludit a Deo, quantum ad omnem modum particulationis... Deus quoad omnes et simpliciter pulcher est" (De div. nom. cp 4, lc 5).
Para finalizar, a título de Apêndice, apresentamos alguns textos selecionados de Agostinho.
A Dúplice Mensagem das Criaturas - Textos de Agostinho
(Extraídos das Enarrationes in Psalmos. Trad.: de LJL)
Está em toda a parte a beleza da obra que te dá a conhecer a grandeza do artífice. Admira a obra, ama o seu autor.
Undique pulchritudo operis, quae tibi commendat artificem. Miraris fabricam, ama fabricatorem. (En. in Ps. 145, 5; PL 37, 1887).
Olhai para o mundo: vede a harmonia que tem. Que belos são a terra, o mar, o céu, os astros! Acaso não estremece de espanto toda consideração dessas realidades?
Mundum istum attendite; decorem habet. Quem decorem habet terra, mare, aer, coelum, sidera! Omnia haec nonne omnem considerationem terrent? (En. in Ps. 144, 15; PL 37, 1879)
Tudo aquilo com que nos deparamos nos é amargo a não ser Deus; nada do que nos deu queremos, se não se nos dá a si mesmo aquele que no-las deu.
...in miseriiis suspiremus. Quidquid nobis adest praeter Deum nostrum, non est dulce: nolumus omnia quae dedit, si non dat seipsum qui omnia dedit. (En. in Ps. 85, 11; PL 37, 1090).
Se abismo é profundezas, não é abismo o coração do homem? Haverá algo mais profundo que esse abismo? Pode o homem falar, podemos vê-lo pelo movimento, ouvir-lhe as palavras; mas acaso se lhe pode penetrar o pensamento e o coração? Quem é capaz de entender o que ele traz dentro de si? O que dentro de si pode? O que faz, o que maquina, o que dentro de si quer ou não quer?
Si profunditas est abyssus, putamus non cor hominis abyssus est? Qui enim est profundius hac abysso? Loqui homines possunt, videri possunt per operationem membrorum, audiri in sermone: sed cuius cogitatio penetratur, cuius cor inspicitur? Quid intus gerat, quid intus possit, quid intus agat, quid intus disponat, quid intus velit, quid intus nolit, quis comprehendet? (En. in Ps. 41, 13; PL 36, 473)
Admiras-te do mundo; por que não do artífice do mundo? Contemplas o céu e estremeces de medo. Teu pensamento percorre a terra e tremes. Podes com teu pensamento abarcar a grandeza do mar?
Miraris mundum, quare non artificem mundi? Suspicis coelum, et exhorrescis; cogitas universam terram, et contremiscis; maris magnitudinem quando cogitatione occupas? (En. in Ps. 145, 12; PL 37, 1892)
Acaso quando contemplas toda a beleza deste mundo não ouves essa mesma beleza responder-te a uma só voz: "Não fui eu que me fiz, foi Deus que me fez?
Nonne considerata universa pulchritudine mundi huius, tamquam una voce tibi species ipsa respondit: Non me ego feci, sed Deus? (En. in Ps. 144, 13; PL 37, 1878-9)
Propõem-se às crianças na escola louvores, louvores de todas as coisas que Deus fez. Propõe-se ao homem o louvor do sol, do céu da terra; e - para às coisas menores me referir também -, o louvor da rosa, o louvor do louro. Tudo isto são obras de Deus. Propõem-se, aceitam-se, são elogiadas. Festejam-se as obras, mas nem uma palavra sobre o seu criador. Eu, por mim, quero que nas obras se louve o criador: a quem louva e é ingrato, eu não o amo.
Proponantur laudes pueris in schola, et omnia talia proponuntur quae laudentur, quae Deus est operatus: proponitur homini laus solis, laus coeli, laus terrae, ut ad minora etiam veniam, laus rosae, laus lauri: omnia ista opera Dei sunt, proponuntur, suscipiuntur, laudantur; opera celebrantur de operatore tacetur. Ego in operibus volo laudari Creatorem; ingratum non amo laudatorem. (En. in Ps. 144, 7; PL 37, 1873)
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[1]. Tomás - comentando aquela inquietante cena do Evangelho na qual, após Cristo livrar a cidade de um energúmeno furioso, os habitantes unanimente rogam-lhe que vá embora (Mt 8, 34; Mc 5, 17; Lc 8, 37) - desfere um terrível diagnóstico: "Infirma enim mens... non potest pondus sustinere sapientiae", a mediocridade não suporta a grandeza da sabedoria...
Só a partir da "felicidade" do néscio, se faz, de algum modo, compreensível a mudança de sentido da palavra "nice" (do latim nescius) em inglês (cfr. OED): desde seu significado original - 1. Foolish, stupid, senseless. (common in 14th and 15th c.) - até o atual: 15. Agreeable; that one derives pleasure or satisfaction from; delightful. O OED observa ainda - no sentido do Aquinate: "Dicitur enim aliquis insensatus, si in aetate perfecta discretione careat, non autem in puerili aetate" (In Met. X, 6, 20) - que nice se aplica propriamente a adultos. The Oxford English Dictionary, 2nd. Edition on Compact Disk, Oxford University Press, 1992.
[2]. Prado, Adélia Poesia Reunida, São Paulo, Siciliano, 1991.
[3]. Ibidem, "Paixão".
[4]. "Meditatus sum in omnibus operibus tuis, et in factis manuum tuarum meditabar".
[5]. "Quem quidem ordinem ex praemissis verbis sumere possumus" CG II, 1
[6]. "Secunda vero, eo, quod sit perfectio facti, 'factionis', nomen assumit; unde 'manufacta' dicuntur quae per actionem huiusmodi ab artifice in esse procedunt" (CG II, 1).
[7]. "Divinorum factorum meditatio necessaria est - CG II, 2
[8]. "Nox illuminatio mea..."
[9]. Cfr. Ocáriz, F. Hijos de Dios en Cristo, Pamplona, Eunsa, 1972, pp. 42 e ss.
[10]. Weisheipl, James A. Tomás de Aquino - Vida, obras y doctrina, Pamplona, Eunsa, 1994, pp. 240-241.
[11]. Evidentemente, não no sentido da Física atual, mas o exemplo é compreensível.
[12]. Noites do Sertão, Rio de Janeiro, José Olympio, 6a. ed., 1979, p. 71.
[13]. "Como os efeitos não têm a plenitude de suas causas, não lhes compete (quando se trata da 'verdade da coisa') o mesmo nome e definição delas. No entanto (quando se trata da 'verdade da predicação'), é necessário encontrar entre uns e outros alguma semelhança, pois é da própria natureza da ação, que o agente produza algo semelhante a si (Aristóteles), já que todo agente age segundo o ato que é. Daí que a forma (deficiente) do efeito encontre-se a outro título e segundo outro modo (plenamente) na causa. Por isso não é unívoca a aplicação do mesmo nome para designar a mesma ratio na causa e no efeito. Assim, o sol causa o calor nos corpos inferiores agindo segundo o calor que ele é em ato: então, é necessário que se afirme alguma semelhança entre o calor gerado pelo sol nas coisas e a virtude ativa do próprio sol, pela qual o calor é causado nelas: daí que se acabe dizendo que o sol é quente, se bem que não segundo o mesmo título pelo qual se afirma que as coisas são quentes. Desse modo, diz-se que o sol - de algum modo - é semelhante a todas as coisas sobre as quais exerce eficazmente seu influxo; mas, por outro lado, é-lhes dessemelhante porque o modo como as coisas possuem o calor é diferente do modo como ele se encontra no sol. Assim também, Deus, que distribui todas as suas perfeições entre as coisas é-lhes semelhante e, ao mesmo tempo, dessemelhante".
[14]. G. K. Chesterton, São Tomás de Aquino, Livr. Cruz, Braga, 1957, pág. 164.
[15]. "Sicut bonum creatum est quaedam similitudo et participatio boni increati, ita adeptio boni creati est quaedam similitudinaria beatitudo".
[16]. Cfr. p. ex. "A doutrina da participação na Estética clássica", Revista Internacional d'Humanitats, Univ. Autònoma de Barcelona - Dep. de Ciències de l'Ant. i de l'Edat Mitjana/ Edf-Feusp, Barcelona-S. Paulo, vol. II, 1999, pp. 51-58.
[17]. Um poema desgarrado, pois a autora ofertou-me o único manuscrito - durante a entrevista que me concedeu em 5-11-93 e que foi publicada em Lauand, L. J. Interfaces, São Paulo, Hottopos, 1997 - com a sugestiva dedicatória "com a esperança do Reino, que já está aqui".
[18]. Na citada entrevista, a autora comenta: "O poema, minha Nossa Senhora!..., o que está por trás dele é o que interessa, por isso que não dá para adorar a arte (os adoradores da arte...). A arte..., ela remete, ela remete... A única coisa que não remete é Deus. Deus, Ele não remete a mais nada. E o que você quer? Esta acácia aqui, essa benditinha dessa acácia..., o que é uma acácia florida? É uma coisa tão angustiante, uma coisa bela demais, que você quer morrer pra ter sossego, não é? (risos). Aí você faz um poema pra ver se descansa. Mas, é porque a alma, ela quer realmente adorar, ela quer seu fundamento, não é? A gente quer adorar a Deus, essa é a única coisa..., eu acho que a gente nasceu só pra isso...".
[19]. Note-se que Tom Jobim afirma uma concepção de arte como participação, no sentido tomasiano, como procurei mostrar em "A Filosofia da arte de S. Tomás e Tom Jobim", Atualidade, semanário da PUC-PR, N. 246, 28-7 a 3-8-91, p.8. Nesse sentido está "... o depoimento, imensamente profundo, de Tom Jobim sobre a criação artística em recente entrevista quando foi contemplado nos EUA com a mais alta distinção com que pode ser premiado um compositor, o Hall of Fame : 'Glória? A glória é de Deus e não da pessoa. Você pode até participar dela quando faz um samba de manhã'. E complementa: 'Glória são os peixes do mar, é mulher andando na praia, é fazer um samba de manhã'".
Direct link:
RE: DEUSES DO OLIMPO
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No princípio tudo era o Caos. Este é considerado o deus primordial da Mitologia.
Tudo existia, porém não havia ordem. A fonte de todas as coisas pairava latente em sua natureza. Em um determinado instante uma ordem se manifestou e surgiu então a primeira divindade concreta: Gaia, a Terra.
Esta por sua vez, aproveitando o material disponível no Caos, fez surgir para sua companhia o Céu, Urano, que passa a fecundá-la todas as noites, gerando inúmeros filhos. Os Titãs: Oceano, Hiperíon, Crio, Coio, Jápeto e Cronos; e as Titanides: Téia, Tétis, Têmis, Rea, Febe e Mnimosine. Em seguida nasceram desta união os Ciclópes, chamados Arges, Brontés e Esteropés, divindades dos relâmpagos, dos trovões e dos raios. Finalmente nasceram os Hecatônquiros, gigantes violentos de cem braços: Briareu, Coto e Gies.
Estes últimos odiavam seu pai que os mantinham presos no Tártaro, nas profundezas da Terra, longe da luz, por não gostar de suas criações monstruosas.
Gaia, que desejava curtir sua maternidade, induziu seus filhos a vingarem-se por ela, oferecendo uma foice que confeccionara. Cronos, Saturno, seu filho mais novo dos Titãs, aceitou a responsabilidade de castrar o seu pai, interrompendo assim sua fecundidade.
Urano representa a potencialidade criativa do ser humano, porém, quando manifestada de forma impaciente, o resultado não é apreciado, pois o tempo é importante no aprimoramento de uma idéia. Uma simbologia parecida é encontrado no personagem de Walt Disney, o Professor Pardal, que possui montes de invenções não aprimoradas e entulhadas em um canto (escuro).
Este tempo é simbolizado por Saturno, que assume a função de interromper o fluxo de criatividade, permitindo que as criações possam se desenvolver e aprimorar-se.
Aproveitando a aproximação de Urano quando este vem se deitar sobre Gaia, Saturno corta-lhe os testículos e liberta seus irmãos. O sangue saído do ferimento caiu sobre Gaia e a fecundou, dando origem às Fúrias ou Eríneas, aos Gigantes e às ninfas, seres da natureza que habitam e cuidam das árvores, das águas e etc.
Os testículos de Urano caíram no Oceano, Netuno, e o sêmen fecunda mais uma vez Gaia surgindo das águas marinhas Vênus, numa concha e é levada até o Olimpo pelas deusas chamadas Horas, que a vestiram e a enfeitaram, tornando-a a deusa mais admirada por sua beleza.
Saturno torna-se assim, um reflexo das castrações humanas provocadas pelo tempo que nos impele ao amadurecimento de forma dura e definitiva, obrigando-nos a deixar surgir as nossa imperfeições e permitir o desenvolvimento de nossas belezas.
Desejando manter-se no trono dos deuses ocupado após vencer o seu pai e com medo de sofrer uma traição idêntica ao que impôs ao seu progenitor, prendeu seus irmãos de outras linhagens no Tártaro, casando-se com sua irmã Titã Cibele, Rea, que simboliza a natureza selvagem, para não dividir o reino.
Foi até um oráculo e este lhe informou que um de seus filhos iria destroná-lo. Este decidiu que engoliria todos os filhos que gerasse, pedindo a sua esposa Cibele, que entregasse seus rebentos logo após o nascimento. Neste gesto, vemos repetido o sentimento humano paterno, da disputa que seus filhos empreenderão na conquista do seu lugar ao lado da mãe, no desejo de ser o foco do amor materno.
Sua esposa no entanto, repete a história de sua mãe e entrega após o nascimento de Zeus, Júpiter, uma pedra do tamanho de um bebê, envolvido com fraldas e um manto. Saturno engoliu acreditando ser seu filho, e assim acabou por consumar o destino previsto pelo oráculo.
Júpiter foi entregue às Ninfas e aos Curêtes, que batiam suas lanças para abafar o choro do bebê. A cabra Amálteia foi sua ama de leite, sendo alimentado com mel pelas abelhas.
Saturno simboliza o medo que impele nossa imaginação a atrair a consumação do não desejado. Cada vez que construímos em nosso pensamento, imagens não desejadas, fortalecemos nosso inconsciente a produzir um momento adequado para que possamos vivenciá-las.
Chegando à idade adulta Júpiter resolve conquistar o poder. Com este intuito consultou Métis, Prudência, de quem recebeu uma droga mágica que faria seu pai vomitar os irmãos engolidos. Cibele tratou de oferecer esta bebida ao marido e trouxe de volta a vida dos seus filhos, que se uniram a Júpiter para lutarem contra o pai, e após combate feroz, venceram Saturno e os Titãs, e os expulsaram do céu.
Zeus e seus irmãos dividiram o poder, cabendo a Hades, Plutão, o inferno e o domínio sobre o subterrâneo, a Posedon, Netuno, coube o domínio sobre a terra e o mar, mas este devolveu a Júpiter o poder sobre a terra, sendo incumbido por este último a cuidar das correntes dos rios e dos fenômenos da natureza, como terremotos, maremotos, etc. A Júpiter ficou o domínio do céu e da terra e a preeminência sobre os demais deuses e sobre tudo no universo, inclusive ditar o destino dos mortais, bem como manter a lei e a ordem, julgando todos os fatos.
Saturno e Cibele tiveram vários outros filhos, dos quais destacamos: Vesta, que simboliza o fogo; Ceres, que representa a agricultura; e Juno, Hera, esposa de Júpiter, identificada como a "Grande Mãe", em cujo nome realizavam uma festa chamada Matronalia.
Zeus foi o deus que mais gerou filhos, comparado apenas ao seu irmão Netuno, ambos envolveram-se em diversos romances, sendo que Juno esposa de Zeus, estabelecia verdadeira guerra contra as amantes de seu marido, investindo sua ira contra os filhos destes romances, enquanto Anfitrite, esposa de Poseidon, fazia-se de cega perante as aventuras de seu marido.
Os artifícios utilizados por Zeus para burlar a vigilância de Juno, são interessantes e significativos. Utilizaremos alguns exemplos:
Utilizando o seu poder, Zeus se transformou na figura de Anfitrião, enquanto este comandava um exército na guerra contra os Teleboios, conseguindo assim possuir Alcmene, sua esposa, cuja fidelidade era inabalada e deste relacionamento nasceu Hércules.
Em outro momento transformou-se em um jovem touro para raptar Europa, em nuvem para seduzir Io, a sacerdotisa de Hera, em cavalo para engravidar a virgem Dia, em cisne para amar Leda, em pombo para possuir Ftia, em pastor para gerar nove filhas com Mnemósine, a Memória, para fecundar Dânae tornou-se uma chuva de ouro, e muitas outras aventuras conquistadas com artifícios parecidos.
O mito de Júpiter traz à tona a parte encontrada em nosso inconsciente, geradora de máscaras, para conquistarmos nossos objetivos ou seja, podermos realizar nossas aventuras desejando não sermos reconhecidos.
Zeus tornou-se o deus mais importante do Olimpo e o encontramos em muitos momentos usando o seu poder, ora em benefício próprio como os casos amorosos, ora em nome da lei e da ordem como no momento em que manda matar Esculápio, Asclépio, filho do Sol com Coronis, que em suas pesquisas descobriu um elixir para curar os doentes e ressuscitar os mortos, burlando a ordem sagrada de que os mortais necessitam da dor e da morte.
Este mito faz o perfil de muitos (para não dizer todos) que ocupam cargos de legislação, que julgam os atos dos outros e que burlam as regras, quando querem favorecimentos.
O adultério é uma constante nos mitos dos grandes deuses dos Olimpo. Netuno, Poseidon, foi outro mito com muitas ligações clandestinas, porém, como foi dito anteriormente, sua esposa permanecia em seu castelo no fundo do oceano, recebendo sempre festiva a chegada de seu marido após suas caravanas de aventuras, onde se relacionava com as diversas personagens femininas do reino aquático. É comum encontrarmos pessoas com este dom de trair suas companheiras ou companheiros e obter deste a cumplicidade, ou não questionar suas andanças, como se tudo não passasse de uma brincadeira ingênua.
Digno de nota, para este trabalho, é o acontecimento ao seu filho Halirrôtio, nascido do romance com Eurite, quando este, apaixonado por Alcipe, filha de Marte com Aglauro, tentou forçosamente possuí-la. Marte não conteve sua ira e matou Halirrôtio.
Diante da morte de seu filho, Netuno solicitou de Zeus o julgamento de Marte pelo seu crime. Marte, Ares, filho de Zeus e Juno, realizou sua própria defesa diante do júri composto por vários deuses e deusas, e como sua eloquência foi esplêndida, ele foi absolvido e o lugar onde foi o julgamento passou a se chamar "Areópago" em sua homenagem.
A paixão também é a marca deste deus. Marte viveu o amor mais intenso de toda a mitologia, um amor trágico, com a maravilhosa Vênus.
Antes de relatar este acontecimento, vamos conhecer a história desta deusa que encantou o Olimpo.
Quando Saturno cortou os testículos de seu pai Urano, estes ao cair no mar misturando o sêmen com as águas, fecundou Gaia gerando a Vênus, Afrodite, uma deusa lindíssima que surge numa concha e é levada ao Olimpo pelas Horas, que cuidaram de sua beleza, tratando de vestí-la com belas roupas. Ao chegar na morada dos deuses, todos correram para admirá-la. Como diz o ditado popular: "É impossível agradar a Gregos e Troianos"; a Vênus não fugiu a esta regra. A deusa da Razão, Minerva, Atena, a deusa das Artes, Diana, e a deusa do Lar, Vesta, Hestia, insatisfeitas com a presença da bela deusa que faziam os homens perderem a razão, afastava-os de seus lares e ofuscava as artes com sua beleza, foram até Júpiter solicitando que este prejudicasse a Vênus em alguma coisa, e propuseram que ela casasse com o deus mais feio do Olimpo, Vulcano, Hefesto, que era coxo e com marcas de cicatrizes no rosto, devido ter sido atirado do alto do Olimpo, por sua mãe, Juno que o gerou sozinha por raiva do amor de seu marido com a bela Atenas, por achá-lo feio demais e tendo vergonha de apresentá-lo aos outros deuses. Vulcano demorou um dia e uma noite rolando morro abaixo e foi resgatado pelos povos próximos do vulcão Vesúvio, que cuidaram de seus ferimentos e o ensinaram as artes dos metais e do fogo, tornando-se em grande artesão.
Casou-se Vênus contra sua vontade, ela que já se apaixonara pelo jovem e valente Marte. Estes se encontravam constantemente até que o Sol, Apolo, o deus que tudo via, contou a Vulcano que sua mulher o traía. Este confeccionou uma rede de ouro invisível e armou uma armadilha para os amantes. Quando foram consumar mais uma vez o adultério, Vênus e Marte ficaram aprisionados ao leito e Vulcano trouxe todos os deuses para observar a vergonha da Vênus. Ao serem libertados, Vênus esperava que Marte assumisse o seu amor e mesmo expulsos do Olimpo fossem vagar pelos cantos da terra juntos. Porém Marte frustou a deusa abandonando-a. Vênus, a deusa do Amor, transformando seu amor em ódio, rogou uma praga para que Marte se apaixonasse por todas mulheres que visse, tornando-se assim um deus constantemente apaixonado e agressivo, que tomava as mulheres a força quando estas não cediam à sua sedução. A primeira mulher que encontrou e se apaixonou foi Aurora esposa de Astreu.
Encontramos neste mito o Arquétipo do masculino e do feminino. A mulher sempre desejando ser amada mesmo diante de situações mais difíceis, enquanto o homem não consegue assumir o amor que sente, procurando afogar suas paixões se entregando a outras.
Durante o período belo deste amor, nasceram Harmonia e Cupido, Eros, que acompanhavam a Vênus, e no período mais tumultuado desta paixão nasceram Deimos, o Terror e Fobos, o Medo, que acompanhavam Marte em suas batalhas, chegando sempre a sua frente e espalhando pânico entre os moradores das cidades.
Vênus teve ainda inúmeros amores entre os quais citamos Mercúrio. Esta relação traz à tona uma combinação interessante a começar pelos nomes dos amantes: Mercúrio é Hermes o deus do conhecimento e Vênus é Afrodite, a deusa do amor. O filho deste romance recebeu o nome de Hermafrodito, somando conhecimento e amor. Sua natureza era de tranqüilidade e sabedoria, não importando-se com sentimentos relacionados aos instintos humanos. Uma ninfa do lago da Salmácida apaixonou-se por Hermafrodito que sempre se esquivava, e ela cansada de tentar prendê-lo pelo amor, foi até Zeus e pediu que usasse seu poder para uní-los. Zeus chamou Hermafrodito e ouviu suas prerrogativas, solicitando que para casar-se com a ninfa o deus deveria transformá-los em um único ser, unidos eternamente, o que foi atendido. Após esta fusão este novo ser assexuado, por ter em si mesmo as duas naturezas, masculina e feminina, foi para a Salmácida, o seu novo lar. Conta a lenda que os que se banhavam nas águas deste lago, acalmavam seus instintos sexuais, buscando o amor mais intelectual.
Nada mais significativo para explicar os diversos padrões de comportamento em relação aos instintos, as paixões e ainda o amor ao conhecimento.
MercúrioMercúrio, Hermes, filho de Zeus e sua amante Maia, possui uma história interessante. Ao nascer sua mãe o envolve em folhas de salgueiro, uma planta que tira os maus olhados tal qual a arruda conhecida por nós, e o coloca em seu berço no monte Cilene, na Arcádia. Com dois dias de vida, Mercúrio desata os nós das folhas e desce do berço para aventurar-se pelo mundo. Quando passa pelos campos onde estava o gado de Admeto, resolve roubá-lo e amarra galhos no rabo dos animais para apagarem as pegadas, levando-os para uma gruta. Um senhor que estava na estrada foi testemunha deste roubo e Mercúrio o persuadiu oferecendo uma novilha. Ao terminar de esconder o gado encontrou uma espécie de tartaruga, e após se alimentar com sua carne aproveitou o casco construindo uma lira, usando as tripas como cordas. Após esta façanha voltou para o seu berço, atando-se novamente com o salgueiro.
O Sol que tudo vê, responsável por cuidar do gado de Admeto devido uma punição por ter se unido numa batalha contra o soberano dos céus, descobriu o roubo e foi até Júpiter para solicitar que seu filho Mercúrio devolvesse os animais. Júpiter ficou surpreso com a façanha de seu filho tão novo, e só não duvidou por se tratar de uma denúncia do deus da Verdade. Chamou a mãe do menino deus que tratou de defendê-lo alegando a impossibilidade do feito por estar seu filho dormindo calmamente no berço. Zeus foi obrigado a pedir a presença do menino que tratou de enrolá-los com o seu dom de oratória, alegando inclusive que até sabia onde estava os animais, pois ficou curioso vendo-os passar, e pegando sua lira desconversou tocando melodias para os deuses ali presentes. Zeus ficou maravilhado com o seu filho e ofereceu-lhe o caduceu, dando-lhe a honra de cuidar das ciências e o chapéu e botas aladas, para que se tornasse o mensageiro dos deuses, podendo descer aos infernos e ir aos céus, sem ser contaminado pelas influências de onde passasse. O deus da verdade também encantou-se por Mercúrio e ofereceu trocar a lira pelos animais, recebendo assim também o comando sobre os animais domésticos.
Este é o perfil dos que utilizam a lábia e a esperteza para conseguirem suas coisas, acabando por conquistarem a admiração dos outros.
PlutãoPlutão, Hades, é o deus do inferno. Seu mito é menos romântico e ligado aos sentimentos mais instintivos dos homens, suas transformações, dores e a morte. Com a divisão dos reinos, Plutão foi para o seu domínio do subterrâneo, do inferno e de tudo que se passa escondido, inclusive os pesadelos e as culpas que pesam a consciência dos seres mortais, e só saiu de lá duas vezes. Uma para pedir a Júpiter que lhe desse sua filha Perséfone, Prosérpina, em casamento, recebendo a resposta de que sua mãe é que haveria de ser ouvida, e chamou Deméter, Ceres, esta afirmou que necessitava de sua filha para a fecundação das plantas. Plutão não se deu por vencido e aproveitando o momento em que Perséfone estava na Sicília colhendo flores, raptou-a utilizando o seu manto de invisibilidade. Quando Deméter percebeu o desaparecimento de sua filha, procurou Júpiter que consultou ao deus que tudo via, o Sol, que lhe informou do ato de Plutão. Deméter então prometeu provocar a escassez de alimentos até que sua filha voltasse, mas só aceitaria sua volta se esta não houvesse consumido alimentos no reino dos infernos. Mercúrio, o mensageiro dos deuses, foi chamado para descer ao reino de Hades e convencê-lo de devolver Perséfone. Mas já era tarde, ela tinha comido um grão de romã, ficando presa eternamente no subterrâneo. Mercúrio conseguiu convencer Plutão a dividir sua amada com a sua mãe e esta a aceitar sua filha. Perséfone passou então a freqüentar o reino dos infernos durante o outono e inverno, a ajudar sua mãe durante a primavera e brilhar no Olimpo durante o verão.
Plutão comandava vários outros deuses menores que o ajudavam nos trabalhos do seu reino. As Hárpias eram deusas que pertubavam a mente dos criminosos e confundiam a mente dos sábios e videntes para que eles não vissem o futuro real. Hipnos, o Sono, filho de Nix, a Noite, e Érebo, as trevas do inferno, irmão gêmeo de Tânatos, a Morte, tinha incontáveis filhos chamados Sonhos, dos quais se destacavam Morfeu, que tomava a forma de todas as criaturas, Ícelo, conhecido como "o terrificante" e Fântaso que imitava todos os corpos inanimados.
Este mito nos fala dos sentimentos humanos relacionados a morte, aos pesadelos, as tormentas, as culpas e etc. A existência de um destino que os sábios e videntes não podem descobrir em sua totalidade, para permanecer a sensação de que o nosso futuro é construído pelas nossa ações. Da sexualidade, que depois de experimentada, mesmo uma porção tão pequena quanto um grão de romã, nos prende ao desejo de aprofundarmos cada vez mais nas sensações descobertas. De como os desejos mais profundos de nosso ser nos capturam e nos conduzem a atos duros, quando nos é negado o que queremos.
Do amor de Júpiter com Latona, Letó, nasceram dois filhos gêmeos, o Sol, Apolo ou Hélios e a Lua, Diana ou Artêmis. Este foi o parto mais difícil que já se relatou no Olimpo. Juno, irada por mais um romance de seu marido, mandou que sua filha Ilítia, deusa do parto, não comparecesse ao nascimento dos filhos de Latona, e esta agonizou por nove dias e nove noites, sendo cuidada por todas as deusas, menos Juno e Ilítia, até que Íris ofereceu um longo colar de ouro e âmbar, que a deusa do parto aceitou e assistiu Latona, permitindo o nascimento da Lua, que assistindo o parto de seu irmão, pediu ao seu pai que nunca tivesse filhos e este aceitou o pedido dando-lhe a obrigação de zelar pela fecundidade dos seres humanos, animais e vegetais. Sua lenda também é associada com Seleme, que passeava com seu carro dourado puxada por cavalos brancos atraindo vários amantes, sendo mais conhecido o romance com o pastor Endimião com o qual teve cinqüenta filhas, associando-se assim a deusa da fecundidade. Desta forma identificamos a Lua controlando o ciclo menstrual feminino de 28 dias, e a sua utilização na agricultura, bem como médicos homeopatas que utilizam a tábua das marés, influenciada pela Lua, para calcular o momento do parto de suas pacientes e a conhecida importância da Lua no crescimento dos cabelos.
O Sol, Hélios ou Apolo, tinha em volta da cabeça raios de luz em vez de cabelos, e percorria o céu num carro de fogo puxado por cavalos velocíssimos chamados Aêton, Éoo, Flêgon e Piroís, associados com a luz e as chamas. Sua viagem eterna do oriente para o ocidente só foi interrompida uma vez, devido seu filho Faêton pedir-lhe para guiar os cavalos acabando por quase incendiar a terra, quando assustou-se ao aproximar-se dos animais do Zodíaco. Todas as noites, após se banhar no oceano e recuperar as forças de seus cavalos, retornava ao oriente dentro de seu carro que servia de nau. Devido sua fama de ver tudo que se passava, recebeu o título de deus da verdade. Muitos templos foram erguidos em seu nome, sendo mais famoso o "Oráculo de Delphos", onde jovens virgens chamadas Pitonisas, nome derivado de um dos nomes do Sol, Píton, atendiam a população. Um oráculo era como nos dias atuais, a consulta ao Tarô, ao I Ching, as Runas, ou a outro método de acesso ao inconsciente, a diferença é que os oráculos ficavam dentro dos templos religiosos. Este oráculo se tornou famoso devido ao filósofo grego Sócrates que caminhou até a cidade de Delphos para perguntar ao oráculo quem era o homem mais sábio do mundo, pois gostaria de conversar com ele. "És tu Sócrates", foi a resposta obtida. Sócrates saiu do templo achando que fora vítima de brincadeira, porém, por toda a sua vida, buscou de cidade em cidade encontrar um homem sábio, e deparava-se com pessoas comuns, consideradas sábias por moradores daquelas cidades. Próximo ao fim de sua vida, Sócrates começou a duvidar se o oráculo não lhe teria dito a verdade. Lembrou-se então da inscrição contida no portal do templo de Delphos: Conhece-te a ti mesmo... e conhecerás o universo e os Deuses. Este mito influenciou nossas igrejas até pouco tempo, simbolizado pelo galo colocado em cima do telhado. Galinteo era um companheiro de Apolo em suas viagens, indo sempre a frente anunciando sua aproximação. Foi transformado num galo por Zeus, eternizando-o por seus serviços de anunciar a chegada do deus da verdade. Ao colocar o galo nos telhados das igrejas se desejava dizer: "aqui se anuncia a verdade".
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HRC
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