Rodrigues Moreira, Moreira de Barbuda - Portimão

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Rodrigues Moreira, Moreira de Barbuda - Portimão

#17880 | rmfrp | 02 mars 2002 00:00

Boa noite.

Procuro informações sobre a genealogia de uma família Moreira, residente na região de Portimão pelo menos desde cerca de 1600, cujos membros usaram "Rodrigues Moreira" e "Moreira de Barbuda".

O elemento mais antigo que conheço desta família é D. Isabel Rodrigues Moreira, que terá nascido cerca de 1580-1590 e residiu na freguesia de Estômbar, esposa de Belchior Fernandes Canelas, pagador-geral da gente da guerra do Reino do Algarve. À mesma família pertenceram provavelmente Simão Rodrigues Moreira, Governador de Sagres em 1688, e António Moreira de Barbuda Batavias, Governador de Portimão em 1717.

Agradeço desde já qualquer informação sobre este tema.

Rui Pereira

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RE: Rodrigues Moreira, Moreira de Barbuda - Portimão

#75128 | SUÃO | 16 oct. 2004 20:12 | In reply to: #17880

Meu caro Rui Pereira:

Só agora respondo a esta sua antiga comunicação, porque também só agora dei conta dela. De qualquer modo, aqui vão algumas notas que penso o ajudarão para um melhor conhecimento da família e genealogia desta nossa ascendente em comum.

Para começar, Isabel Rodrigues nunca foi "D." nem "Moreira", nem nada tinha a ver com os Rodrigues Moreira /Moreira de Barbudo de Lagos, família nobre da mesma cidade com foros de moços da câmara e seus acrescentamentos (EFCR e CFCR) desde a 1ª metade do séc. XVI.

Pelo contrário, a nossa Isabel Rodrigues, natural da Mexilhoeira da Carregação, pertencia a uma modesta família popular desse lugar, como filha que foi de Baltasar Fernandes e de sua 1ª mulher Maria Rodrigues; neta paterna de João Fernandes e de sua mulher Inês Jorge; neta materna de Brás Afonso e de sua mulher Isabel Rodrigues, todos naturais e moradores da Mexelhoeira da Carregação.
Casou no mesmo grupo social com o então moleiro Belchior Fernandes Canelas, natural de Estombar, filho de António Fernandes Leiria, igualmente moleiro de profissão, natural da cidade do seu apelido donde passou ao Algarve, e de sua mulher Violante Rodrigues, que "fora gente humilde e pobre"; neta paterna de João Fernandes e de sua mulher Inês Álvares; neta materna de Gonçalo Canelas e de sua mulher Branca Rodrigues, estes de Estombar.

António Fernandes Leiria, "sendo muleiro viera a enrequisser seu filho Belchior Fernandes que o adiudava no ditto ministerio por se dizer que nos olhais do moinho que são de mare achara hum cofre cheo de dinheiro ou couzas com que veio a inrequeçer"

Eis a razão da rápida ascensão económica e social de Belchior Fernandes Canelas, "moleiro em seu principio". A par da inesperada e surpreendente fortuna, surgem: a sua patente de capitão de infantaria de Estombar e Mexilhoeira da Carregação; o seu cargo de pagador geral da gente de guerra do Algarve (que habitualmente requeria capacidade monetária por parte dos seus detentores capaz de adiantar soldos aos soldados face aos tradicionais atrasos do Erário Público); os seus serviços militares em Sagres em prol da Restauração a que correspondeu o prémio do hábito da Ordem de Cristo com 20$000 réis de tença (4.8.1656); e os casamentos dos filhos na nobreza e fidalguia. Relacionado ainda com a descoberta do tesouro, estará o próprio apelido Rocha que o filho e filhas (abaixo nomeados) passaram a usar (sem explicação genealógica à vista), tendo em conta que os olhais daqueles moinhos se situavam junto à praia da Rocha.
De sua mulher Isabel Rodrigues, que instituiu o vínculo da capela de S.Marcos, erecta no convento de Santo António do Parchal, em Estombar, teve os seguintes filhos:
1-Francisco da Rocha Pereira, bacharel em Leis pela UC, capitão de infantaria de companhia que levantou à sua custa com 150 soldados, assasinado em Faro, em noite anterior a 11.5.1657, "duma estoucada" que lhe deu Francisco Fernandes Seixas, estudante de Leis na UC.
Casou em Portimão a 20.2.1653 com Isabel Correia (irmã de Matias Correia, seu cunhado, abaixo), de quem teve uma só filha de nome Laurência da Rocha, s.m.n.
2-Violante Rodrigues, administradora da capela de S.Marcos, c.c. o capitão Afonso Álvares Marreiro, falecido em Estombar a 4.5.1666, c.g. (Marreiros)
3-Branca dos Santos da Rocha ("D.Branca da Rocha" após o seu 2º cas.), casou 1ª vez, antes de 1655, com Rafael Monteiro, executor geral das terras da Rainha no Algarve, almoxarife dos direitos reais de Faro, juiz da portagem de Faro, feitor-mor da Rainha, moço da câmara d'El-Rei, que obteve mercê de 20$000 réis anuais, além dos 80$000 que já tinha, por alv. de 14.5.1683, falecido antes de 18.7.1659.
Casou 2ª vez com Matias Correia, FCCR, COC, "dos maes ricos homes da cidade de Tavira e vive com muita abundancia segundo seu estado", em cuja descendência primogénita andou e foi abolida a citada capela de S.Marcos, c.g. (Correia Mascarenhas, Mendonça Pessanha Mascarenhas, etc)
4-Maria Rodrigues da Rocha, nascida em estombar em 1615, "molher nobre", casou com Álvaro de Castro da Silveira, de Odemira, onde vivia com 70 anos em 17.2.1685
5-Gracia Fernandes da Rocha, n. Mexilhoeira da Carregação ci 1619, que viveu em Portimão muitos anos e vivia em Faro com 66 anos em 22.3.1685, c.c. Heitor de Alvarenga da Gama, n. Arraiolos, COC, moço da câmara, feitor-mor das alfândegas do Algarve, c.g. (Ribeiro da Gama e Ribeiro de Alvarenga)
6-Guiomar Fernandes, s.m.n
7-Arcângela de S.Miguel
8-Isabel da Luz, ambas freiras professas no convento da Esperança de Beja

Dentro do meu pouco tempo disponível, e sempre que se proporcionar, irei tentando dar as achegas que puder e souber, tendo em conta, meu caro Rui Pereira, o seu carácter como investigador genealógico do Algarve que busca sempre e apenas a verdade, característica que nem sempre é apanágio de muitos dos que praticam a genealogia entre nós.

Um grande abraço do
Miguel Côrte-Real

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RE: Rodrigues Moreira, Moreira de Barbuda - Portimão

#75131 | SUÃO | 16 oct. 2004 21:03 | In reply to: #75128

Caro Rui Pereira:

Por favor queira corrigir as seguintes gralhas:

No 3º período, onde diz: "neta paterna de João Fernandes e de Inês Jorge... e neta materna de Gonçalo Canelas e de sua mulher Branca Rodrigues, dever-se-á ler "neto paterno.... e neto materno";
No 5º período, onde se diz: "3-Branca dos Santos da Rocha...., por alv. de 14.5.1683", leia-se "3- Branca dos Santos da Rocha (...), por alv. de 14.5.1653"

Com as minhas desculpas
Miguel Côrte-Real

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RE: Rodrigues Moreira, Moreira de Barbuda - Portimão

#75156 | rmfrp | 17 oct. 2004 14:54 | In reply to: #75131

Caro Miguel Côrte-Real:

Em primeiro lugar devo agradecer-lhe a excelente síntese que aqui disponibilizou relativamente à descendência de Belchior Fernandes Canelas, assim como os seus elogios.

Como teve oportunidade de verificar, a mensagem a que agora respondeu é bastante antiga e fundamentou-se num equívoco: o de que Isabel Rodrigues seria, provavelmente, de uma família nobre. De facto, só mais tarde localizei documentação que referia a origem modesta de Belchior Fernandes Canelas, incluindo o facto essencial de ele ser ainda pobre quando casou com Isabel Rodrigues, conforme declarado pelo Dr. Diogo Lopes de Almeida (antigo Juiz de Fora em Silves, onde Belchior Fernandes Canelas fora seu vereador) na inquirição realizada em Leiria a 5 de Abril de 1668 para a habilitação do Santo Ofício de Matias Correia.

Relativamente ao título de Dona e ao apelido Moreira, sucede que em Fevereiro de 2002, pouco tempo antes da minha mensagem original sobre este tema, localizei no Arquivo Distrital de Faro uma obrigação de dívida datada de 8 de Dezembro de 1664 em que Cosme Rodrigues de Castilho, homem de negócio, morador em Vila Nova de Portimão, afirma dever a Isabel Rodrigues Moreira, dona viúva do Capitão Belchior Fernandes Canelas, Pagador Geral que foi neste Reino do Algarve, moradora na Mexilhoeira da Carregação, termo da cidade de Silves, 110$000 réis que lhe emprestou em dinheiro (Arquivo Distrital de Faro, fundo notarial, Cartório de Portimão, tabelião Manuel do Vabo Pimentel, livro 5-5-453, folha 47).

A minha interpretação, eventualmente errada, da designação "dona viúva" (que já encontrei mais algumas vezes relativamente a outras pessoas), foi a de que tal corresponderia a uma forma alternativa do título de Dona. Quanto ao apelido Moreira, pode ter-se tratado de uma leitura incorrecta da minha parte, o que não tenho neste momento hipótese de confirmar pois não tenho fotocópia do documento em questão, ou de um equívoco do próprio tabelião.

Confirmando-se a sua existência, este apelido Moreira seria apenas mais um de vários que parecem ter sido "inventados" quando a família enriqueceu: há também o caso que referiu do apelido Rocha, ao qual eu acrescentaria ainda o apelido Pereira adoptado pelo filho Francisco. Este núcleo familiar parece ser aliás um autêntico "case study" do tema omissão/adopção de apelidos que recentemente vem sendo debatido neste mesmo Fórum.

Com os melhores cumprimentos,

Rui Pereira

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