Morgado de Pancas, em Alenquer
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caros Senhores,
Segundo a informação disponível no site da empresa que explora a Quinta de Pancas, o Morgado de Pancas terá sido fundado em 1495, por D. Pedro Fernandes, Bispo de Bona, a favor de seu irmão Domingos Fernandes. D. Pedro Fernandes foi Arcediago de Santarém, Cónego da Sé de Lisboa e depois Bispo Titular de Bona. Instituiu um vínculo em Alenquer, dito do Bispo, com Capela na Sé de Lisboa, e jaz sepultado na Capela de São Pedro da Sé de Lisboa. Domingos Fernandes e D. Pedro Fernandes eram também irmãos de Francisco Fernandes, Arcediago de Santarém.
Julgo que este Domingos Fernandes teve, pelo menos, 3 filhas:
1. ANA FERNANDES, que casou com PEDRO ANES, de quem teve geração. Viveu nos lugares do Porto e Pancas, termo de Alenquer.
2. FRANCISCA FERNANDES, que casou com FRANCISCO TEIXEIRA DE MORAIS. Com geração.
3. MARTA FERNANDES, que casou com ANDRÉ ÁLVARES DA FONSECA, Moço de Guarda-Roupa dos reis D. Sebastião e D. Henrique. Com geração.
Algum dos senhores estuda esta família?
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Onde se lê FRANCISCO TEIXEIRA DE MORAIS deve ler-se FRANCISCO JACOME.
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Segundo José Campos de Sousa em "Frei João da Madre de Deus", Boletim Cultural do Porto, Vol. XVII, pág. 144, o referido Francisco Fernandes, Arcediago de Santarém (ou será um sobrinho homónimo?), era irmão de Francisca Fernandes e instituiu a Capela de Nossa Senhora da Luz, no lugar do Porto, termo da vila de Alenquer, em 10 de Junho de 1557.
Dessa capela fez parte o Retábulo de Porto da Luz, atribuído da Diogo de Contreiras, e cujo "encomendante" se identifica como sendo Francisco Dias, cónego da Sé de Coimbra, que, em 1597, sendo já "muito velho", doou a Domingos da Fonseca e Isabel Perestrelo a sua quinta em Porto da Luz onde estava o retábulo.
Terá partido deste Francisco Fernandes, e não de Francisco Dias, a encomenda da obra? Será Francisco Fernandes o verdadeiro retratado num dos painéis do retábulo?
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Outra nota:
Alão de Morais, no tt. de Pedrosas do Porto, faz referência a Pedrosas de Aldeia Gavinha, próximo de Pancas. A descendência de Ana Fernandes, filha de Domingos Fernandes, usou o sobrenome Pedrosa, havendo, inclusivamente, uma carta de armas com as armas de Pedrosa.
Terá Domingos Fernandes casado com uma senhora da família Pedrosa? Ou seria Pedro Anes, marido de Ana Fernandes, proveniente dessa família?
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Caro Dsousa,
Quanto aos Fernandes mencionados na sua mensagem, não tenho qualquer informação.
Quanto à família Pedrosa, de Ana Fernandes, filha de Domingos Fernandes, posso dizer o seguinte:
João Pedroso Marques, natural do lugar do Porto, termo da vila de Alenquer, cerca de 1575 (conforme é indicado na habilitação de génere do seu neto José Marques Pedrosa - Câmara Eclesiástica de Lisboa, ano de 1653, maço 275, processo 14), que parece ser irmão de Isabel Perestrelo, casada com Domingos da Fonseca, principalmente por dois motivos:
1 - por ter sido este João Pedroso padrinho de baptismo do seu neto, José, juntamente com uma filha de Isabel Perestrelo, da Quinta do Porto, concelho de Alenquer.
2 - e por ter sido Baltazar de Sousa, da Quinta do Porto, padrinho de baptismo de Diogo, irmão de José, acima mencionado. Este Baltazar de Sousa era casado com D. Isabel Perestrelo de Morais, nascida na Quinta do Porto, junto a Pancas , filha de Bernardo de Morais e de sua mulher D. Antónia Perestrelo, herdeira de seu pai e moradora na Quinta do Porto; e neta materna de Domingos da Fonseca, e de Isabel Perestrelo .
João Pedroso Marques casou em Loures, Unhos, a 5.6.1598 com Isabel Ribeiro da Fonseca, natural de Unhos, filha de António Ribeiro e de sua mulher Mécia da Fonseca.
Deste casamento tiveram, pelo menos a:
Diogo Marques da Fonseca, capitão, que nasceu cerca de 1600 e casou cerca de 1640, com Ana Perdigão, filha de Lourenço Rodrigues Perdigão, de Alenquer, e de sua mulher Maria de Matos. Deste casamento tiveram:
a) José Marques de Pedrosa, que nasceu na Aldeia Galega de Merceana, habilitou-se pela Câmara Eclesiática de Lisboa, no ano de 1653 , em cujo processo é indicada a sua filiação, avós paternos e maternos. Faleceu antes de 1656, ano em que foi baptizado o seu irmão, também nomeado José.
b) Diogo Marques da Fonseca, que segue
c) José, que nasceu na Aldeia Galega de Merceana, baptizado a 29.3.1656, sendo padrinhos, João Pedroso, de Freixeal (próximo de Alenquer), e Francisca Perestrelo, filha de Isabel Perestrelo, do Porto, concelho de Alenquer.
c) Diogo Marques da Fonseca, capitão, que nasceu na Aldeia Galega de Merceana, baptizado a 13.7.1654, sendo padrinho Baltazar de Sousa, do Porto, concelho de Alenquer. Casou com D. Ana Maria de Almeida e Sousa, e tiveram, entre outros:
- D. Luísa Antónia Perestrelo da Fonseca, que nasceu em Alenquer, Ventoza cerca de 1704. Casou, em Alenquer, Ventoza, a 21.9.1724, com Diogo de Faria e Sá Frade, e deste casamento, tiveram, entre outros, a D. Ana Leonor Fradeça de Faria, casada em Lisboa, freguesia das Mercês, a 12.2.1762, com José Alemão de Mendonça de Cisneiros e Faria, com sucessão.
Considerando a hipótese provável de João Pedroso Marques ser irmão de Isabel Perestrelo, teríamos a seguinte genealogia:
1 – João de Beja Perestrelo (Felgueiras Gayo, capítulo VIII, Perestrelos, §3-N5), filho de João Afonso de Beja, casou com D. Francisca de Barros, filha de João de Barros, do Porto, e tiveram, entre outros:
2 João de Beja Perestrelo, que segue
2 – João de Beja Perestrelo, foi Pajem de Lança do Infante D. Luís. Casou duas vezes: a 1.ª com Ângela Ferreira Brandão, filha de Lançarote Leitão; e a 2.ª vez com Isabel Pinheiro Botelho.
Do primeiro casamento tiveram:
3 Lançarote Leitão Perestrelo, casado e com geração
3 Frei Luís de Beja, frade Agostinho, deputado do Santo Ofício, Lente de Prima de Teologia, compôs um livro de moral
Do segundo casamento tiveram, entre outros:
3 Joana Perestrelo Correia, que segue
3 – Joana Perestrelo Correia, que poderá ser Joana Perestrelo, também referida por Felgueiras Gaio no título Rangeis (§43-N5), e no título Fonsecas (§30-N1), “da família dos Beja Perestrelo”. De notar que Joana Perestrelo Correia era neta paterna de D. Francisca de Barros, filha de João de Barros, do Porto, e na descendência de Joana Perestrelo, encontra-se então o citado João Pedroso Marques, que nasceu no lugar do Porto, junto a Pancas, concelho de Alenquer. Joana Perestrelo casou com João de Matos de Noronha, e tiveram:
4 Maria Perestrelo, que segue
4 – Maria Perestrelo, que casou com Jerónimo Pedroso (que também surge como Manuel Criado, podendo ser segundo marido), (Felgueiras Gayo, capítulo IX, Quadros, §7-N8; e §3-N9), e tiveram pelo menos a:
5 João Pedroso Marques, supra mencionado, que casou com Isabel Ribeiro da Fonseca, com geração.
5 Isabel Perestrelo que nasceu cerca de 1580, e casou com Domingos da Fonseca, com geração.
Com os melhores cumprimentos,
Vasco Quintanilha Fernandes
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Caro Vasco Quintanilha Fernandes,
Agradeço o seu contributo para o desenvolvimento deste tópico.
A Isabel Perestrelo que refere foi casada com Domingos da Fonseca, que julgo ser filho de Marta Fernandes e de André Álvares da Fonseca, que refiro acima. Foi esse casal (Domingos da Fonseca e Isabel Perestrelo) que recebeu a Quinta e Capela do Porto (da Luz) do Cónego Francisco Dias (será Francisco Fernandes?).
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Caro Vasco Quintanilha Fernandes,
Uma Leonor Pedrosa, que julgo ser neta de Ana Fernandes e de Pedro Anes, natural da freguesia de Santa Justa, em Lisboa, nasceu por volta de 1575 e foi casada com um Jorge Marques.
Esse Jorge Marques foi fiador de Afonso Pinto de Carvalho, morador na Calçada de São Roque, no ofício de Almoxarife de Alenquer, juntamente com sua mulher e com Francisco Rebelo, guarda da Alfândega, morador na Rua dos Cabides, por escritura lavrada a fls. 107 do Livro de Notas do Tabelião Luís Correia de Almeida.
Seria Jorge Marques parente de João Pedroso Marques?
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Caro Daniel Sousa,
A Isabel Perestrelo casada com Domingos da Fonseca, da sua mensagem, são os mesmos indicados na minha mensagem.
De resto, mais nada sei relativamente à Quinta do Porto.
Quanto a Leonor Pedrosa que refere ter nascido cerca de 1575, e julga ser neta de Isabel Perestrelo, é preciso ver a cronologia pois pelas minhas contas Isabel Perestrelo terá nascido cerca de 1580.
Com os melhores cumprimentos,
Vasco Quintanilha Fernandes
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Caro Vasco Quintanilha Fernandes,
Julgo que Leonor Pedrosa é neta de Ana Fernandes e de Pedro Anes, e não de Isabel Perestrelo.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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A quinta de Pancas não é a quinta e vinculo dito do "Bispo" instituído por D. Pedro Fernandes, bispo de Bona, que nem sei precisar onde se localizava, mas certamente muito próxima daquela. A quinta de Pancas foi vinculada por Manuel Ribeiro de Vasconcelos, que morreu solteiro e jaz no convento de S. Francisco de Alenquer, de quem foi herdeira a irmã Luísa, casada com António Perestrelo, 1.º administrador do morgadio do Hespanhol, instituído por seu pai.
Há muitos anos que recolho informações sobre estas famílias, infelizmente sem tempo para a processar. Um dia será, se Deus quiser.
Lourenço Correia de Matos
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Caro Lourenço Correia de Matos,
Agradeço a sua resposta. Suspeitei que a Quinta de Pancas não fosse o vínculo dito do Bispo. No entanto, as propriedades da família do Bispo de Bona não ficariam longe, pois a sobrinha Ana Fernandes aparece documentada como moradora com seu marido em suas quintas dos lugares do Porto e Pancas, termo de Alenquer.
Sabe se Domingos Fernandes, irmão do Bispo, teve mais filhos? Conhece a descendência de Ana Fernandes e sabe de onde poderá vir o sobrenome Pedrosa?
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Caro Daniel,
Nada mais sei dos Fernandes. Julgo que tenho o testamento do bispo. Não sei se a cabeça deste vinculo não seria precisamente a quinta do Porto.
Cumprimentos,
Lourenço Correia de Matos
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Caro Lourenço Correia de Matos,
A família do Bispo parece ter, de facto, ligações à Quinta do Porto, como acima se refere.
Se puder verificar quais os parentes que o Bispo refere ou contempla no seu testamento, ficar-lhe-ei muito grato.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Caro Daniel Sousa,
Eu tenho estado a trabalhar a genealogia de diversas famílias alenquerenses, e naturalmente que me cruzei com esta por diversas vezes. Não tenho sobre ela uma investigação estruturada, mas creio que lhe posso dar algumas pistas, e suscitar novas dúvidas.
Guilherme João Carlos Henriques refere que Marta Fernandes, casada com André Alvares da Fonseca, era sobrinha de Pedro Fernandes, Bispo de Bona, e de seu irmão Francisco Fernandes, pelo que, segundo ele, não seria filha - mas sobrinha - deste último. Talvez fosse filha de uma irmã de ambos.
Há, pelo menos, uma irmã do Bispo de Bona que eu consigo identificar: Leonor Fernandes, que foi casada com Afonso Ferrão, Tabelião em Alenquer, que segundo GJCH se intitulava "Escudeiro Fidalgo da Casa da excelente Senhora". Eles foram pais, pelo menos, de Maria Fernandes, casada com Francisco Teles Rolim, da família dos Teles de Alenquer, filho de Pedro Vaz Rolim e Isabel Teles.
A geografia desta casal também era a Vintena de Porto e Pancas, em localização que não sei precisar mas certamente contígua ou próxima à Quinta de Pancas, tendo a sua quinta chegado no século XVII à família Bettencourt e Macedo, através do casamento de uma sua bisneta, Maria Teles do Couto, com Miguel de Andrade Bettencourt (que casou em segundas núpcias com Maria Costa Macedo).
É, por isso, muito provável que a propriedade de Leonor Fernandes resultasse de uma partilha com os seus irmãos das propriedades do seu pai, que muito provavelmente seria outro Pedro Fernandes, Cavaleiro da Casa do Marquês de Vila Real, também sepultado no Convento de São Francisco de Alenquer (GJCH, A Vila de Alenquer, p. 88).
Por outro lado, e sem querer ser muito categórico a respeito porque, repito, não fiz uma investigação estruturada, é muito provável que o Morgado instituído pelo Bispo de Bona seja, sim, o mesmo que foi (re)instituído por Manuel Ribeiro de Vasconcelos.
Segundo o título dos Fonseca de Alenquer, do Nobiliário de Rangel de Macedo, da Coleção Pombalina da BN, André Álvares da Fonseca e Marta Fernandes foram pais de Paulo Dias da Fonseca, Domingos da Fonseca, João Álvares da Fonseca (Cónego na Sé de Lisboa), André Álvares da Fonseca (Cónego na Sé de Lisboa) e Isabel da Fonseca. O que outras fontes também referem.
Eu posso acrescentar, com base em notas de escrituras de Alenquer copiadas por D. Flamínio de Sousa, que o casal teve ainda duas filhas freiras no Convento de Santa Clara (Nossa Senhora da Conceição) de Alenquer, Francisca da Madre de Deus e Catarina de Santa Clara.
Isabel da Fonseca, por seu turno, foi casada com Rodrigo Homem, e eram "moradores na sua Quinta de Pancas", também segunda uma nota de escritura copiada por D. Flamínio.
Paulo Dias da Fonseca, filho mais velho de André Álvares da Fonseca e Marta Fernandes, sucedeu no morgado instituído pelo Bispo de Bona, tendo casado com D. Maria Henriques, filha de Gomes Henriques Ribeiro, senhor do morgado da Torre das Areias (que se unirá ao morgado do Hespanhol).
Paulo Dias da Fonseca e Maria Henriques foram pais, entre outros, de Manuel Ribeiro de Vasconcelos, que vinculou todos os seus bens no morgado que instituiu na sua Quinta de Pancas, em 1661.
Manuel Ribeiro de Vasconcelos era, por isso, sobrinho de Domingos da Fonseca, casado com Isabel Perestrelo.
Eu estou a prosseguir a minha investigação, no âmbito de um projeto mais abrangente que estou a realizar com o Filipe Soares Rogeiro, Diretor do Arquivo Histórico Municipal de Alenquer, pelo que se aparecer mais alguma pista darei aqui nota.
Entretanto, se quiser que eu lhe envia as fotografias que fiz do título dos Fonseca de Alenquer do referido Nobiliário de Rangel de Macedo, envie o seu endereço de email para o meu gmail, cujo id é cmonteiro8914l.
Saudações
Claudio Monteiro
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Apenas uma nota adicional:
Maria Henriques, casada com Paulo Dias da Fonseca, é referida num registo dos livros de matrícula do Patriarcado de Lisboa como Maria Vasconcelos, sendo pais de António Ribeiro de Vasconcelos, que se habilitou às ordens menores, e que segundo Rangel de Macedo faleceu na India s.g.
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Caro Cláudio Monteiro,
Agradeço o seu precioso contributo para este fórum.
Creio que Marta Fernandes era filha de Domingos Fernandes, irmão do Bispo Pedro Fernandes e de Francisco Fernandes.
Enviar-lhe-ei por email alguns elementos que podem ter interesse para o trabalho que está a desenvolver.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Caro Daniel Sousa,
Ao reler a habilitação de Manuel Teles do Couto, e os paroquiais da Sé, apercebi-me de uma incorreção no que referi anteriormente. Francisca Teles, mulher de Tomé do Couto Arnaut, mãe de Manuel Teles do Couto e filha de Maria Fernandes, é que é sobrinha do Bispo de Bona, e não a mãe. Ou seja, Maria Fernandes é irmã do bispo, D. Pedro Fernandes, e por isso também de Domingos Fernandes e de Francisco Fernandes.
O que significa que todos eles são filhos de Afonso Ferrão e Leonor Fernandes, que eu identifico como pais de Maria Fernandes (do lado materno essa filiação está expressamente estabelecida na referida habilitação).
Caso tenha interesse, o óbito do Bispo de Bona esta registado nos Paroquiais da Sé, em Lisboa, em 5 de março de 1587, embora ele tenha falecido em Alenquer. O seu testamenteiro foi Marcos do Couto, marido de Maria Teles, irmã de Francisca Teles, suas sobrinhas.
Cumprimentos
Claudio Monteiro
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Caro Cláudio Monteiro,
Muito obrigado. Desconhecia a existência do assento de óbito do Bispo de Bona, D. Pedro Fernandes. Vou consultar.
Agradeço, mais uma vez, a sua atenção.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Caro Cláudio,
Informações muito interessantes, que desconhecia, obrigado.
Os vínculos (Bispo e Pancas) são distintos e chegaram os dois autónomos ao séc. XIX. Em 1810 rendiam 800$000 cada e eram administrados por João Perestrelo Amaral Ribeiro de Vasconcelos Fernandes e Sousa.
Como escrevi, não tenho os dados desta gente arrumados mas decobri um esboço de título, essencialmente feito com bibliografia, que aqui partilho.
I - N...
Filhos:
II - D. Pedro Fernandes, Bispo de Bona, Arcediago de Santarém, que instituiu um Morgadio em Alenquer (dito do Bispo) e uma Capela na Sé de Lisboa, de evocação de São Pedro.
II - Domingos, que segue.
II - Domingos Fernandes, que não sabemos com quem casou.
Filhos:
III - Francisca, que segue.
III - Marta Fernandes, c. com André Álvares da Fonseca (vd. Cap. II -FONSECAS de Alenquer)
III - Francisco Fernandes, Arcediago de Santarém
III - Francisca Fernandes, que Felgueiras Gayo diz ser filha de João Fernandes de Portocarreiro.
C. com Francisco Jacome, a quem o Rei D. Sebastião confirmou armas a 5-9-1561 .
Filho de Jacome de Olanda, natural da Holanda, “foi o primeiro que veyo da India por terra e neste Reyno teve grandes contractos com os Reys delle ” e de sua mulher Cosma Mendes, alemã, criada da Rainha D. Leonor.
Filhos:
IV - André Jacome, Arcediago de Santarém segundo Alão de Morais . Será este o Instituidor do vinculo administrado por Mateus Lins de Vasconcelos?
IV - Francisco Jacome, Arcediago da Sé de Lisboa
IV - Isabel Jacome, c. com Sebastião de Morais, Tesoureiro-mor do Reino, Tesoureiro da Arca de D. Sebastião que o mandou a Fez em negócios, Procurador da Cidade, Cavaleiro da Ordem de Cristo, senhor de um Morgadio , filho de Gregório de Valcáçar e de sua mulher Grisanta de Morais.
Filho, entre outros :
V - Vicente de Morais, “que depois de ser Chantre de Coimbra casou ” segundo Frei Vicente Cogominho ou, como diz Alão de Morais, teve filhos de uma mulher que recebeu à hora da morte .
Filho, entre outros, s.m.n.:
VI - Bernardo de Morais que c. com sua parente D. Antónia Perestrelo, c.g. (vd. Cap. II, § 2 - Fonseca, n.º III).
V - D. Joana de Morais, c. com Gonçalo Vaz Coutinho (irmão de Manuel de Sousa Coutinho, depois Frei Luís de Sousa, imortalizado por Almeida Garrett), Governador de Angola e da Ilha de S. Miguel , do Conselho do Rei D. Filipe III, etc filho de Lopo de Sousa Coutinho e de sua mulher D. Maria de Noronha, c.g. .
IV - Jacoma, que segue.
IV - Jacoma Mendes, c. com Tibaldo Lins, que veio para Portugal no tempo de D. João III e teve o contrato do cobre e o da casa da Índia tendo viajado diversas vezes à Flandres e à Alemanha e negócios do dito Rei .
Foi proprietário da Quinta da Capacha Rica em Alhandra que vendeu a D. Maria Jacques, onde esta senhora fundou o Convento de N.ª Sr.ª dos Anjos do Sobralinho. Foi amigo e comensal de Damião Gois. Em 1577 estava no Brasil e devia uma avultada quantia ao Bispo D. Pedro tio de sua mulher, pelo que poderia estar em má situação financeira .
Era filho de Simperto Lins e de sua mulher Barbara Guinguerre, alemães que poderam ter passado a Portugal com seu filho.
Filhos:
V - Francisco Jacome Lins, que foi administrador do Morgadio instituído por seu tio-bisavô D. Pedro Fernandes e morreu solteiro.
V - João Lins, que morreu solteiro.
V - Bartolomeu, que segue.
V - Ana Lins, que também não casou, irmã da Ordem Terceira do Convento de S. Francisco de Alenquer onde foi sepultada no claustro .
SEPULTURA DE ANNA LINS
IRMAM DA ORDEM
TEM 10 MISSAS NA
SVA QVINTA DE
CABANAS E 20
VINDO A MINHA DESTA VILA
V - Bartolomeu Lins, que terá n. em Lisboa cerca de 1557, viveu em Pernambuco, Brasil, e terá sido Fidalgo de Cota de Armas . Foi Administrador do vinculo do Bispo.
C. em Pernambuco, Olinda , com Joana de Gois de Vasconcelos, filha de Arnaldo de Olanda (ou Arnau Florentz de Holanda), n. em Utrecht cerca de 1515, que passou a Pernambuco cerca de 1535, época da sua fundação, teve uma sesmaria por doação do Donatário Duarte Coelho, e de sua mulher, com quem c. em Olinda cerca de 1538, Brites Mendes de Vasconcelos, n. no Crato cerca de 1520 .
Filhos:
VI - Mateus, que segue.
VI - Francisco Jacome Lins (ou de Vasconcelos), sem mais notícia.
VI - Joana Lins, que c. no Brasil com Baltasar (ou Bernardo) de Almeida Botelho, filho de Cristovão Botelho, que viveu em Almada do Satam, no Brasil . No “Dicionário das Famílias Brasileiras” Baltasar é mencionado como n. em Lisboa, Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo e marido de Brites Mendes de Vasconcelos, filha de Cristovão Lins e de Adriana de Holanda, ele meio irmão de Bartolomeu Lins e ela irmã de Joana de Gois de Vasconcelos .
VI - Susana de Gois de Vasconcelos, que morreu solteira.
VI - Mateus Lins de Vasconcelos, que viveu na sua Quinta de Subserra, Alhandra, e foi senhor do Morgadio do Bispo em Alenquer e do do Arcediago André Jácome .
C. com D. Ana de Carvalho, filha de João Álvares de Carvalho, Desembargador do Porto, e de sua mulher D. Maria de Andrade.
Filho:
VII - Francisco Jacome Lins, que morreu novo e não deixou sucessão.
Com a extinção desta linha passou o vinculo do Bispo D. Pedro para a administração dos Perestrelos da Quinta do Hespanhol e de Pancas, descendentes de Marta Fernandes (vd. Supra, n.º III).
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Desculpe, desapareceram todas as notas. Não consigo colar com notas. Mande-me sff o seu e-mail e envio-lhe em word. Como digo os apontamentos terão 20 anos, há muito que não lhes mexo.
Cumprimentos,
Lourenço Correia de Matos
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Caro Lourenço,
Muito obrigado. O meu mail é cmonteiro8914l @ gmail.com.
Por coincidência passei hoje pela TT para espreitar o testamento do Bispo de Bona, mas acabei por pedir uma digitalização para o ler com mais atenção porque o estado de conservação dele não é o melhor. Como disse, embora estas famílias (Fernandes, Fonseca, Perestrelo, Amaral) também me interessem, tenho estado mais focado nos Teles, tendo chegado a eles através do casamento de Francisco Teles Rolim e Maria Fernandes, irmã do bispo.
Seria interessante confrontar os atos de instituição dos dois morgadios/capelas, porque a quinta que é cabeça de ambos eu creio ser a mesma. Há, de facto, duas quintas de (ou em) Pancas, mas a outra, precisamente, seria a quinta que foi de Francisco Teles Rolim e Maria Fernandes, e que através da descendência destes passou para os Bettencourt e Macedo na segunda metade do século XVII, onde permanceu, creio, até ao princípio do século XIX.
A divisão da quinta em dois será, por isso, anterior à instituição dos morgadios, e resultará, creio das partilhas de Leonor Fernandes, mãe de ambos (e também de Domingos Fernandes). Talvez por Maria Fernandes ter ficado com uma parte da quinta originária, o Bispo tenha privilegiado a descendência de Domingos na administração do seu morgado.
Cumprimentos
Claudio Monteiro
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Caro Confrade
Será que tem apontamento da data do testamento e do óbito do aludido Bispo ?
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Caro Cláudio,
Sim, há 2 quintas de Pancas, tenho tudo isso identificado. A do bispo era outra. Mando-lhe o meu e-mail lourencocorreiadematos (arroba) gmail (ponto) com
Cumprimentos,
Lourenço Correia de Matos
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Caro Lourenço Correia de Matos
A quinta de Pancas a que alude é a que se situa próximo de Alcochete ?
Com os meus cumprimentos,
António Pena Monteiro
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O registo do óbito de D. Pedro Fernandes, Bispo de Bona, é de 5 de março de 1587, na freguesia da Sé, em Lisboa.
A transcrição de Edgar Prestage e Pedro Azevedo, in Registo da Freguesia da Sé desde 1563 até 1610, Coimbra, Imp. da Universidade, 1924, é a seguinte:
"Aos synquo dias o Bispo Dom Pedro digo che // gou esse dia ha Misericordia desta çidade de // Alenquer donde falleçeo, seu testament.º he Mar // chos do couto"
Aguardo que a TT me dê a cópia do testamento, pelo que não tenho ainda referência exata da data.
De qualquer forma, e antecipando a resposta do Lourenço Correia de Matos, a(s) Quinta(s) de Pancas de que estamos a falar são em Alenquer.
Cumprimentos
Claudio Monteiro
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Caro Cláudio Monteiro
Muito lhe agradeço a sua informação. Mais, peço-lhe releve o meu lapso ao não ter assinado a mensagem que anteriormente lhe dirigi.
Com os meus cumprimentos,
António Pena Monteiro
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Caro Cláudio,
A divisão das quintas de Pancas acontece nos filhos de André Álvares da Fonseca e de Marta Fernandes: Paulo Dias da Fonseca, casado com Maria Henriques de Vasconcelos, fica com a "de cima" (a designação é minha), e Domingos da Fonseca com a "de baixo", que permaneceu na sua descendência (as armas devem ter sido colocadas por João de Sousa de Sequeira Ferraz de Vilhena e Castro, nascido em 1694).
Mande-me sff o seu e-mail para lhe enviar tudo o que tenho arrumado.
Cumprimentos,
Lourenço Correia de Matos
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Caros Confrades,
Peço desde já desculpas pela extensão do texto.
Dediquei-me finalmente a "arrumar" a genealogia das famílias das Quintas do Porto e Pancas, e dado o interesse suscitado neste fórum partilho aqui algumas das minhas conclusões preliminares, que contém algumas novidades e muitas dúvidas. As novidades resultam essencialmente da transcrição integral, no âmbito do projeto que estou a realizar, do 1º Livro de Registos Mistos da Várzea, e das notas de escrituras de Alenquer de D. Flamínio de Sousa. Infelizmente só a Quinta do Porto da Luz e o lugar do mesmo nome, e o lugar de Pancas, fazem parte da freguesia da Várzea, mas não as duas quintas de Pancas, que pertenciam a São Tiago, para onde não existem registos paroquiais antigos.
As quintas do Porto da Luz, designada nos registos antigos como "Quinta Velha", de Pancas, do Bispo e do Chantre, bem como diversos casais, vinhas e olivais a elas contíguos, abrangendo todo o vale vinhateiro do rio Alenquer desde o Casal do Rolim, à saída da vila, e até ao limite da Quinta de São Bartolomeu, parecem ter formado uma unidade económica ou, pelo menos, pertencido a um proprietário comum, dado terem sido repartidas entre os irmãos Fernandes, nomeadamente Domingos, D. Pedro, Bispo de Bona, Francisco, Arcediago de Santarém, Jorge, Chantre da Sé Catedral de Coimbra, Leonor, casada com Afonso Ferrão e, possivelmente também, Marta, casada com ? de Barros Andrade, tia de outra homónima, filha de Domingos.
A filiação destes irmãos ainda é uma incógnita para mim, o que me surpreende, dada a dimensão da herança e a relevância económica e social dos sucessores. Guilherme João Carlos Henriques sugere que possa ser Pedro Fernandes, Cavaleiro da Casa do Marquês de Vila Real, falecido em 1531 e enterrado na Igreja de Santo Estevão, de que era freguês, mas eu tenho dúvidas. Este, creio, era um tabelião, e estará provavelmente na ascendência de outro do mesmo nome, profissão e freguesia, contemporâneo dos irmãos Fernandes. Tentando ler, com muitas dúvidas, as confrontações do Tombo da Ordem de Cristo, de 1505 que tem duas propriedades que confrontavam com as quintas em questão, aposto num Álvaro Fernandes, que suspeito possa ser filho de Fernando Álvares de Faria, Contador de Alenquer e Sintra, que é identificado no Numeramento de 1497, no título dos Cavaleiros de El Rey. Mas é só uma pista a seguir.
Domingos parece possuir as quintas do Porto da Luz, onde inequivocamente vive, e de Pancas, herdada por sua filha Marta. Contígua à Quinta do Porto da Luz, e mais tarde nela reintegrada, como resulta dos papéis da sua desvinculação em 1816, ficaria a Quinta do Chantre, que pertenceu ao dito, Jorge Fernandes, mas que provavelmente foi inicialmente herdada por Francisco Fernandes, dado ser ele que a vincula. D. Pedro possuiu, naturalmente, a Quinta do Bispo, originariamente dita do Cónego, situada entre os limites do lugar de Pancas e a Quinta de São Bartolomeu, e do qual terá sido destacado um "casal", hoje urbanizado e integrado no lugar de Pancas, que pertenceu à sua sobrinha, Maria Fernandes, filha da sua irmã Leonor, que casou com Francisco Teles «do Rolim», pais de Maria Teles, casada com Marcos do Couto, testamenteiro do Bispo. Uma neta destes, Maria Teles do Couto, casou com Miguel de Andrade Bettencourt e a propriedade andou nos Bettencourt de Alenquer até ao século XIX.
A descendência de Domingos Fernandes é maior do que aquela que normalmente se lhe atribui. Além das duas filhas mais conhecidas, Marta e Francisca Francisca, eu identifico nos Paroquiais e em outras fontes, pelo menos, Ana Fernandes, que se casa com Pedro Anes e está na ascendência dos Pedrosa, Guiomar Dias, casada com João Fernandes, Beatriz Dias, casada com Rui Dias, Cavaleiro Fidalgo, que foi testamenteiro de Domingos Fernandes, falecido em 1556, e finalmente Francisco, que embora seja identificado num assento paroquial como Francisco Fernandes, eu estou convencido - sem ter uma prova concludente disso - que é Francisco Dias, Cónego da Sé de Coimbra, que terá herdado a Quinta do Porto da Luz de Domingos Fernandes e que a vinculou em benefício do seu sobrinho Domingos da Fonseca, e sua descendência. O mesmo que se fez retratar no retábulo da Capela de Nossa Senhora da Luz.
Que a mulher de Domingos Fernandes usaria o apelido Dias, não tenho grandes dúvidas, considerando, nomeadamente, o nome de família adotado pelas suas filhas Guiomar e Beatriz. Daí também eu supor que Francisco Dias é seu filho, somado ao facto de ele possuir a quinta que, tudo indica, pertenceu a Domingos Fernandes. E a cronologia é compatível, dado que ele morre, alegadamente velho, em 1597, nascendo assim ca. 1520's. Eu estimo que Domingos Fernandes terá nascido ca. 1490's, dado que tem filhas a casar a partir da década de 1530's. D. Pedro, Bispo de Bona, terá nascido ca. 1500's, ou mesmo 1510's, falecendo a 5 de março de 1587.
As propriedades acabaram todas na descendência de André Alvares da Fonseca e Marta Fernandes, embora eu esteja também convencido que parte dessa descendência é comum com Ana Fernandes. Isabel Perestrelo, que casa com Domingos da Fonseca, é realmente irmã de João Pedroso Marques, Rui Marques de Almeida e António Marques, mas eles não são filhos de Jerónimo Pedroso e Maria Perestrelo, dos Beja Perestrelo, e sim de Afonso Marques Perestrelo, que eu não consigo enquadrar nos Perestrelo conhecidos, e Jerónima Pedrosa, o que é afirmado por Rangel de Macedo no seu Nobiliário, e confirmado por duas notas de escrituras tirada por D. Flamínio de Sousa. Sem o poder afirmar perentoriamente, inclino-me para que Jerónima Pedrosa seja irmã de Catarina Pedrosa, e de Maria Pedrosa, filhas de Ana Fernandes e Pedro Anes. Domingos da Fonseca, creio, casou-se com a filha de uma sua prima direita.
Domingos da Fonseca beneficiou dos vínculos do Arcediago Francisco Fernandes e do Cónego Francisco Dias, que incluem, entre muitas outras propriedades, a Quinta do Porto da Luz e a Quinta do Chantre, que seguiram a seguinte linha de sucessão:
1. Domingos da Fonseca cc Isabel Perestrelo
2. Antónia Perestrelo, filha dos antecedentes, cc Bernardo de Morais
3. Isabel Perestrelo de Morais, filha dos antecedentes, cc Baltasar Veloso Coutinho de Carvalho
4. Bernardo Sousa Coutinho, filho dos antecedentes, cc Teresa Luísa de Lemos
5. Baltasar de Sousa Coutinho, filho dos antecedentes, cc. Sebastiana Luísa Barbosa Brandão, s.g.
6.
[o vínculo reverteu para a descendência do segundo casamento de Isabel Perestrelo de Morais com João Rodrigues de Sequeira]
6. Desembargador João Pedro de Sousa e Sequeira Ferraz Vilhena e Castro, s.g.
7. Teresa Margarida de Carvalho Salema Castelo cc António Flamíno de Vila Lobos Vasconcelos Cogominho
8. Francisco Maria de Vila Lobos Vasconcelos Cogominho Salema Barreto, filho dos antecedentes, que em 1816 desvinculou as propriedades por subrogação de bens próprios no Alentejo
Na segunda metade do século XIX a Quinta do Porto da Luz foi comprada por José Joaquim do Carmo, em cuja família a propriedade da mesma se mantém.
A Quinta de Pancas, que foi herdada por André Álvares da Fonseca e Marta Fernandes, foi dividida em dois pelos herdeiros destes, em 1570, data em que D. Flamínio de Sousa assinala a escritura de partilhas de Marta Fernandes. A Quinta de Pancas «de baixo», hoje de maior dimensão e mais conhecida, por ter entretanto incorporado a Quinta do Bispo, e outras vinhas que foram compradas em Parrotes de Baixo e no Pedrulho, ficou para Paulo Dias da Fonseca cc Maria Henriques de Vasconcelos e sua descendência, e a «quinta de cima», junto à estrada, para Isabel da Fonseca cc com Rodrigo Homem e sua descendência.
É conhecida a instituição do Morgado de Pancas por Manuel Ribeiro da Fonseca, filho de Paulo Dias da Fonseca e Maria Henriques de Vasconcelos, cc Filipa de Vilhena e Castro, de cujo casamento não houve geração, ficando a administração do vínculo na descendência de sua irmã Luísa de Vasconcelos cc António Perestrelo.
1. Sebastião Perestrelo do Amaral e Vasconcelos, filho de António Perestrelo e Luísa de Vasconcelos, cc Ana de Vilhena
2. António Perestrelo Ribeiro de Vasconcelos, filho dos antecedentes, cc Isabel Gomes
3. João Perestrelo do Amaral Ribeiro de Vasconcelos, filho dos antecedentes, cc Luísa Teresa
4. Josefa Perestrelo do Amaral Ribeiro de Vasconcelos, filha dos antecedentes, nascida antes do casamento, cc André de Sousa Pinheiro da Câmara
5. Ana Filipa Perestrelo do Amaral Ribeiro de Vasconcelos Fernandes e Sousa Pinheiro, filha dos antecedentes, cc Pedro Correia de Almeida de Meneses, s.g.
6. Maria da Penha de França Perestrelo do Amaral Ribeiro de Vasconcelos, irmã da antecedente, cc Luís Coelho Ferreira do Vale e Faria de Almeida
7. João Perestrelo do Amaral Ribeiro de Vasconcelos Fernandes de Sousa, filho dos antecedentes, cc Ana Joaquina da Costa de Sousa de Macedo
8. Sebastião Perestrelo do Amaral de Vasconcelos e Sousa, cc em primas núpcias com Maria da Conceição de Noronha e em segundas Maria Eugénia de Sousa Anahory
Após a extinção do vínculo, a propriedade da quinta manteve-se na família Perestrelo do Amaral, mais tarde Perestrelo Guimarães até há cerca de 20 anos, pertencendo hoje à Companhia das Quintas.
A Quinta do Bispo foi vinculada por D. Pedro, que nomeou como administrador o seu sobrinho-neto, Francisco Jacome Lins, filho de Jácoma Mendes e neto de Francisca Fernandes, a quem sucedeu o seu irmão Bartolomeu Lins cc Joana de Góis de Vasconcelos, e o filho destes, Mateus Lins de Vasconcelos (e a este, possivelmente, uma sua irmã ou filha de nome Lourença de Góis, que tomou posse da quinta em 1638). O vínculo ficou deserto antes de 1661, revertendo para Manuel Ribeiro de Vasconcelos e sua descendência, «unindo-se», assim, ao respetivo Morgado e reintegrando-se na Quinta de Pancas «de baixo», de que hoje faz parte.
A Quinta de Pancas «de cima» não foi vinculada, e seguiu a sucessão hereditária de Isabel da Fonseca e do Desembargador Rodrigo Homem, pertencendo a:
1. Maria de Melo cc Francisco Caldeira de Quinhones
2. Luísa Madalena de Melo, filha dos antecedentes, cc André de Azevedo de Vasconcelos
3. Maria Josefa de Melo, filha dos antecedentes, cc André de Azevedo de Vasconcelos, primo do anterior
4. Luís José de Vasconcelos e Azevedo, filho dos antecedentes, cc Hipólita Caffaro
5. André de Vasconcelos e Azevedo, filho dos antecedentes, cc Beatriz Maria Ulhoa Carvajal
[A quinta parece ter sido possuída nos primeiros anos do século XVIII por Pedro Velho da Silva, que foi Juiz de Fora e Ouvidor de Alenquer, que pode eventualmente ter casado com uma das irmãs de André de Vasconcelos e Azevedo, mas por um ou por outro a mesma foi vendida aos Vilhena e Castro, descendentes do segundo casamento de Isabel Perestrelo de Morais com João Rodrigues de Sequeira, da Quinta do Porto da Luz]
1. Monsenhor Francisco de Sousa Sequeira Vilhena e Castro, que tinha a quinta à data do terramoto
2. Mariana Joaquina da Silva e Sousa Vilhena e Castro, sobrinha neta do antecedente, cc Manuel António de Sousa Meneses
[presumo que o marido da antecedente, ou um seu filho, manteve uma relação extraconjugal com Margarida Rosa de Sousa, que eu presumo pertencer à família Henriques de Oliveira, da pequena burguesia de Alenquer, e que herdou a quinta]
1. Margarida Rosa do Carmo
2. Francisca Emília de Assis e Castro, filha de pais incógnitos, mas certamente filha da antecedente, cc. Francisco Maria Caldeira de Castelo-Branco de Almeida e Vasconcelos
3. Guilhermina Augusta Teles de Menezes Caldeira Castelo-Branco e Vasconcelos, e a sua irmã Maria Emília Teles de Meneses Caldeira Castelo Branco e Vasconcelos, filhas dos antecedentes, esta ultima cc António José Xavier
Nas primeiras décadas do século XX, a quinta terá sido vendida por uma das referidas herdeiras, ou pelos seus sucessores, a Jorge da Cunha e Carmo, em cuja família a quinta se mantém.
Espero que esta notas suscitem o vosso interesse e contribuam para as vossas próprias pesquisas. Agradeço as críticas, e as sugestões ou observações que queiram fazer. E estou à disposição para concretizar melhor algum aspeto menos claro.
Saudações cordiais
Claudio Monteiro
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Onde por lapso escrevi Margarida Rosa de Sousa deve ler-se Margarida Rosa do Carmo
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Cláudio Monteiro,
Muito obrigado por estas interessantes informações, para mim, inéditas.
Na parte que me interessa mais, confirma-se então que João Pedroso Marques era irmão de Isabel Perestrelo.
Resta saber quem foi Afonso Marques Perestrelo casado com Jerónima Pedroso.
Com os melhores cumprimentos,
Vasco Fernandes
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Vasco Fernandes,
Muito obrigado.
Das duas vezes que D. Flamínio se refere a ele trata-o apenas por Afonso Marques. Rangel de Macedo é que o nomeia Afonso Marques Perestrelo. Dado que os irmãos usaram todos o apelido Marques, ou Marques de Almeida, eu suponho que Isabel foi buscar o seu à avó paterna.
Entretanto esqueci-me de lhe referir que, além do Rangel de Macedo e das notas do Flamínio, no Tomo IV do Index das escrituras de Lisboa há também referência a uma escritura de 8 de fevereiro de 1629, em que Rui Marque, Isabel Perestrelo e João Pedroso Marque, expressamente identificados como irmãos e filhos de Jerónima Pedrosa, vendem uma vinha.
Cumprimentos
Claudio Monteiro
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Entretanto mais duas correções ao que escrevei.
Antes de reverter para os Vilhena e Castro, o vínculo da Quinta do Porto da Luz ainda foi administrador por Maria Caetana Coutinho, freira no Convento de Santa Clara de Alenquer, e irmã de Baltasar de Sousa Coutinho. É ela que é coletada na décima de 1763, então já com 76 anos.
Quem, nas primeiras décadas do século XX, comprou a Quinta de Pancas «de cima» às irmãs Caldeira foi Duarte José de Oliveira e Carmo, pai de Jorge da Cunha e Carmo, e não o próprio.
Claudio Monteiro
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Cláudio Monteiro,
Entretanto fui ver nos meus ficheiros e encontrei a referência a Afonso Marques de Almeida casado com Jerónima Pedroso Perestrelo numa publicação de D. Flaminio que irei consultar para confirmar.
Talvez Felgueiras Gayo tenha saltado uma geração ao considerar Isabel Perestrelo filha de Jerónimo Pedroso e de sua mulher Maria Perestrelo, quando possivelmente será a sua mãe, Jerónima Pedroso Perestrelo quem é filha deste casal.
Podia dizer qual é o título de Rangel de Macedo que contém esta informação? Procurei nos Perestrelos e não encontrei. Será nos Pedrosos?
Cumprimentos,
Vasco Fernandes
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Vasco Fernandes,
A referência de Rangel de Macedo está nos Fonseca de Alenquer. Se me enviar um email para cmonteiro8914l @ gmail.com eu devolvo-lhe na volta do correio a digitalização (fotografia) que fiz desse título.
Aproveito também para lhe pedir a referência de D. Flamínio que tem. Eu continuo nos Pedrosa, nomeadamente por causa da sua ligação, em Aldeia Gavinha, aos Botelho de Lemos, e também à Quinta de São Bartolomeu
Cumprimentos
Claudio Monteiro
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Cláudio Monteiro,
Agradeço os seus valiosos contributos para este fórum.
Aproveito para deixar nota de uns outros Pedrosas (de Meireles), que poderão ter ligação a esses que refere:
I. LEONOR PEDROSA que nasceu, muito provavelmente, na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, por volta de 1575. Foi casada com Jorge Marques e faleceu na freguesia de São Cristóvão, intestada, em 24 de Maio de 1647, tendo sido sepultada no Convento de São Francisco da Cidade. Jorge Marques, também documentado como Jorge de Matos, seu marido, foi fiador de Afonso Pinto de Carvalho, morador na Calçada de São Roque, no ofício de Almoxarife de Alenquer, juntamente com sua mulher e com Francisco Rebelo, guarda da Alfândega, morador na Rua dos Cabides, por escritura lavrada a fls. 107 do Livro de Notas do Tabelião Luís Correia de Almeida, sendo testemunhas o Beneficiado André Dinis de Brito e seu irmão Francisco de Brito, moradores na referida Calçada de São Roque. Faleceu na Rua da Achada, em São Cristóvão, em 5 de Junho de 1647, intestado, tendo sido sepultado no Convento de São Francisco da Cidade.
Filhos:
1 (II) CATARINA PEDROSA DE MEIRELES, que nasceu na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, por volta de 1595. Casou na igreja de São Cristóvão, em Lisboa, em 13 de Fevereiro de 1623, com António Antunes Cavaleiro, natural de Tancos, filho de Francisco Antunes Cavaleiro e de Inês Freire de Andrade, sendo ela, a nubente, à data do matrimónio, residente na freguesia de São Cristóvão. Faleceu na Rua da Achada, em São Cristóvão, em 14 de Fevereiro de 1660, intestada, tendo sido sepultada na igreja dessa freguesia. O marido foi cavaleiro-fidalgo da Casa Real e proprietário do ofício de feitor da descarga do Paço da Madeira, na Alfândega de Lisboa. Com geração.
2 (II) MARIA, que nasceu na freguesia de São Cristóvão. Foi baptizada em 2 de Dezembro de 1607, tendo como padrinho Nicolau Rodrigues. Faleceu menor.
3 (II) MARIA, a segunda com o mesmo nome, nascida ibidem. Recebeu o baptismo em 15 de Novembro de 1609, tendo sido apadrinhada por Francisco de Andrade e por Bárbara Nunes.
É possível que este Jorge Marques, marido de Leonor Pedrosa, fosse irmão de António Marques Moreira que casou com Joana Lopes, pais António Marques Moreira, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Provedor dos Contos, que casou na freguesia de São Cristóvão, em Lisboa, em 2 de Janeiro de 1635, com Isabel de Brito, filha de Jerónimo Dinis de Brito e de Catarina Luís, sendo procurador da nubente António Antunes Cavaleiro (erradamente designado de António Nunes Cavaleiro), e testemunhas o Cónego Gregório da Fonseca, Marçal da Costa, Jorge Marques (este Jorge Marques) e António de Oliveira. Isabel de Brito era irmã do Beneficiado André Dinis de Brito, falecido na Rua da Achada, em São Cristóvão, em 2 de Março de 1658, e de Francisco de Brito. Este casal tem geração nos Viscondes de Pina Manique. António Marques Moreira e Joana Lopes foram também pais do Cónego Domingos de Matos Moreira e do Dr. João Marques Moreira, Governador do Bispado da China e Comissário do Santo Ofício e da Bula da Santa Cruzada.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caros Confrades,
Queria dar-vos nota de mais um desenvolvimento da minha investigação sobre estes Fernandes das quintas do Porto da Luz e de Pancas.
Acho que posso dizer com alguma segurança que existem duas Francisca Fernandes, primas direitas, ambas sobrinhas do Bispo de Bona, D. Pedro Fernandes:
- Francisca Fernandes, filha de João Fernandes, Protonotário Apostólico, e irmã de (i) Francisco Fernandes, Arcediago de Santarém, e (ii) Jorge Fernandes, Chantre da Sé de Coimbra. Esta Francisca Fernandes foi casada com Francisco Jácome, e está nas ascendência dos Lins que administraram o vínculo instituído pelo Bispo de Bona. Ela própria foi administradora do vínculo instituído pelo seu irmão Francisco Fernandes;
- Francisca Fernandes, filha de Domingos Fernandes, e irmã de (i) Ana Fernandes, mulher de Pedro Anes, (ii) Marta Fernandes, mulher de André Álvares da Fonseca, (iii) Francisco Dias, Cónego na Sé de Coimbra, autor da encomenda do retábulo da Capela de Nossa Senhora da Luz e instituidor do vínculo da Quinta do Porto da Luz, (iv) Guiomar Dias, (v) Beatriz Dias, mulher de Rui Dias, e (vi) Isabel Fernandes (e, possivelmente, também (vii) Domingas Fernandes, mulher de Luís Álvares). Esta Francisca Fernandes foi casada com Francisco Teixeira de Morais, Cavaleiro Fidalgo, Almoxarife do Paúl de Ota, e Procurador de Alenquer às Cortes de 1581 e 1583. Não sei ainda se deste casamento houve geração, sendo que a geração que conheço a Francisco Teixeira de Morais será, em princípio, de um segundo casamento, cuja mulher também ainda não identifiquei.
A esta conclusão cheguei com base em algumas fontes, diretas e indiretas, mas também com base na evidência cronológica, já que a primeira Francisca Fernandes tem de ser, pelo menos, vinte anos mais velha do que a segunda.
Quem identifica o protonotário apostólico João Fernandes como pai da primeira Francisca Fernandes é o tenente-Coronel Henrique Óscar Wiederspahn, num artigo publicado em 1964 na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, sobre os Lins (Dos Lins de Ulm e Augsburg aos Lins de Pernambuco). Ele não identifica a fonte dessa relação, mas Felgueiras Gayo também atribui à mulher de Francisco Jácome a filiação de João Fernandes, que diz ser Portocarreiro.
Ora, no seu testamento, Francisco Fernandes, Arcediago de Santarém, que faleceu em 1561, pede para ser enterrado na Sepultura de João Fernandes, Protonotário, na desaparecida Igreja de São Jorge, em Lisboa, o que indicia tratar-se do seu pai. Sendo que, no mesmo testamento, ele identifica Francisca Fernandes, mulher de Francisco Jácome, como sua irmã, a quem comete a responsabilidade pela administração do seu vínculo.
Acresce que, na escritura de instituição do Morgado do Bispo de Bona, em 1571, depois de nomear administradores Francisco Jácome Lins e Bartolomeu Lins, sucessivamente, D. Pedro dispõe que, não havendo filho ou descendente de Bartolomeu Lins, “sucederão os descendentes de Domingos Fernandes que Deus tenha em glória, irmão dele instituidor", deixando assim claro que os primeiros não são descendentes de Domingos Fernandes.
Por outro lado, e de acordo com a genealogia dos Lins, Jácoma Mendes, filha de Francisco Jácome e Francisca Fernandes, casou com Sibaldo Lins cerca de 1553, nascendo Francisco Jácome Lins em 1554 e Bartolomeu Lins em 1555, o que se comprova, aproximadamente, pela data das suas matrículas no colégio na Alemanha para onde o pai os mandou estudar, e que Wiederspahn identifica. Ora, Francisca Fernandes, filha de Domingos Fernandes, é referida como solteira num assento paroquial da Várzea em 1549, pelo que não poderia ter tido filhos e netos no espaço de 5 anos. De um outro assento da Várzea retira-se que Francisco Fernandes já seria Arcediago, e o seu irmão Jorge Chantre de Coimbra, em 1535, pelo que os filhos de João Fernandes são muito mais velhos, provavelmente da mesma idade que o tio, D. Pedro Fernandes, o que aliás explica que ele nomeie como administrador do seu vínculo um neto da sua sobrinha, já adulto, e seu contemporâneo. O Bispo, recorde-se, faleceu em 1587, presumindo-se, inclusive, que sobreviveu ao referido Francisco Jácome Lins.
Acresce ainda mais que, no seu testamento (1561), Francisco Fernandes refere que a sua mãe, que não nomeia, ainda é viva e reside em Lisboa, sendo certo que nos paroquiais da Várzea, onde Domingos Fernandes e as filhas são padrinhos em dezenas de batizados, nunca a mulher de Domingos Fernandes é referida. São inequivocamente duas pessoas diferentes. A mulher de Domingos Fernandes, creio, terá falecido antes de 1531, data do primeiro assento da Várzea.
Esta nova "arrumação" torna claro para mim que o Cónego Francisco Dias é o filho de Domingos Fernandes. Que Dias é o nome de família da mulher de Domingos Fernandes não tenho grandes dúvidas, atentas as referências expressas que nos Paroquiais da Várzea se fazem às suas filhas Guiomar e Beatriz Dias. E também ao facto de o filho mais velho de Marta Fernandes usar o nome de Paulo Dias da Fonseca. Sendo que Guiomar Dias é referida num primeiro assento como Guiomar Fernandes, o mesmo acontecendo com o seu irmão Francisco que, contudo, terá adotado posteriormente o nome de família da mãe, Dias, prática, aliás, corrente, em filhos eclesiásticos. Sendo ele o único filho varão, compreende-se que tenha herdado a Quinta do Porto da Luz, e que a tenha vinculado em 1597, nomeando Domingos da Fonseca, seu sobrinho, como administrador.
Este desenvolvimento abre a porta para o passo seguinte da investigação, já que dá maior credibilidade à afirmação de Felgueiras Gayo de que estes Fernandes são oriundos da família Portocarreiro. Para já é apenas uma linha de investigação, até porque é estranho que um nome tão forte, e tão diferenciado, nunca surja associado a estes Fernandes em outras fontes. Mas há, desde já, uma pista a seguir, dada a relação conhecida entre um ramo dos Portocarreiro e Santarém, onde está enterrado, no Convento da Graça, Pedro Rodrigues Portocarreiro, depois de ter sido trasladado da Igreja de Marvila, a mesma onde está enterrado Paulo de Pedrosa Meireles, bisneto de Domingos Fernandes, e Vigário-Geral de Santarém, herdeiro de uma linhagem de três Arcediagos de Santarém: Francisco Fernandes, a quem sucedeu, em 1561, Pedro Fernandes, Bispo de Bona, a quem sucedeu, ainda em vida daquele, André Jácome, seu sobrinho neto, filho de Francisca Fernandes, irmão de Jácoma Fernandes, que ainda exercia a função em 1601, sendo como tal identificado num assento paroquial de Santa Cruz do Castelo. A família, aliás, parece ter propriedades em Santarém, pois Wiederspahn refere que Sibaldo Lins, marido de Jácoma Fernandes, terá falecido em Santarém.
Muito agradeço as vossas críticas e sugestões.
Saudações cordiais
Claudio Monteiro
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Cláudio Monteiro,
Obrigado por estas úteis e importantes informações.
Não tenho conhecimento de novos dados que possam ajudar, porém, tenho uma antepassada, Mécia da Fonseca, nascida cerca de 1555, casada com António Ribeiro e tiveram a Isabel Ribeiro da Fonseca, casada em Loures, Unhos, a 5.6.1598, com João Pedroso Marques, o qual era irmão de Isabel Perestrelo casada com Domingos da Fonseca. Será que os cunhados Domingos da Fonseca e Isabel Ribeiro da Fonseca têm algum parentesco?
Só me resta, mais uma vez, agradecer as digitalizações que me enviou, com os Códices de D. Flamínio, que se encontram na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra; a Escritura outorgada em 8 de fevereiro de 1629 num tabelião de Lisboa e que consta do Vol. I do Index das Escrituras de Lisboa; e o título dos Bejas Perestrelos do Nobiliário de D. Flamínio, onde, nos primeiros pude confirmar a filiação de João Pedroso Marques, e no último, pude confirmar que Joana Perestrelo Correia, da família Beja Perestrelo foi mesmo casada com João de Matos de Noronha, filho de Francisco Lobo (?), e pais de Maria Perestrelo casada com Manuel Criado (estes últimos já segundo Felgueiras Gayo).
Uma curiosidade, no título de Bejas Perestrelos, de D. Flamínio, é que Joana Perestrelo Correia, usou o apelido Correia, da sua bisavó, Jerónima Correia (filha do Bailio, Payo Correia), tal como o seu tio-avô Francisco Perestrelo Correia (filho da mesma Jerónima Correia), casado e com geração. Por outro lado, Joana Perestrelo Correia era neta paterna de João de Beja Perestrelo e de sua mulher Francisca de Barros, filha de João de Barros, do Porto, curiosamente, o mesmo local onde morou Jerónima Pedroso Perestrelo (também Jerónima), moradora no Porto da Luz, termo da vila de Alenquer, e que, segundo creio, seria filha de Manuel Criado e de sua mulher Maria Perestrelo e neta materna desta Joana Perestrelo Correia.
Um abraço,
Vasco
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Vasco Quintanilha Fernandes,
Muito obrigado.
Não sei se existe uma relação entre Isabel Ribeiro Fonseca e os Fonseca de Pancas e do Porto da Luz, porque ainda não estudei a genealogia de André Álvares da Fonseca. Não é claro, para mim, nomeadamente, se ele tem uma relação anterior com Alenquer, e se a quinta de Pancas vem da sua familia ou dos Fernandes, como parece.
Não mencionei no meu post anterior que também identifiquei uma segunda Marta Fernandes, irmã de Domingos Fernandes, que foi casada com um Barros, cuja identidade desconheço. Mas que é mãe de Jorge Barros de Andrade, que o bispo menciona no seu testamento como seu sobrinho, e de Isabel de Barros, identificada como sua filha num assento paroquial da Várzea. Mas não sei se são os mesmos Barros que se ligaram aos Perestrelo, nem estou ainda seguro de que esses Barros sejam do Porto da Luz, e não da cidade do Porto. Mas podem eventualmente ser os mesmos.
Um abraço
Claudio
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Cláudio Monteiro,
Agradeço estas novas informações. Graças às suas constantes descobertas e intervenções neste fórum, vai-se reconstruindo a genealogia destas gentes e a história destes locais.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caros Confrades,
Venho fazer mais uma (longa) atualização do estado da minha investigação sobre as quintas e as famílias do Vale da Ribeira de Pancas, em Alenquer.
A "descoberta" de livros de registo da Provedoria de Alenquer no fundo do Hospital de São José na TT, bem como, com a ajuda da Professora Maria de Lurdes Rosa, e do projeto Vinculum, de outra documentação sobre morgados e capelas de Alenquer, permitem fazer uma reconstituição bastante mais rigorosa da génese daquelas quintas e respetivas famílias. Mas no plano genealógico, apesar de muitas pistas novas que agora se abriram, subsistem muitas interrogações, incluíndo a interrogação maior sobre a origem destes Fernandes, que estão na ascendência de Fonsecas, Perestrelos, Pedrosos, Morais, Vilhenas, Cogominhos, etc...
Os Vila Lobos e Vasconcelos Cogominho que possuíram a Quinta do Porto da Luz e outras propriedades na região, entre o final do século XVIII e o princípio do século XIX, herdaram, na verdade, seis vínculos (e um sétimo em Lisboa), cujas origens e linhas sucessórias não são totalmente coincidentes, pelo menos até se reunirem em Antónia Perestrelo.
- a Quinta do Porto da Luz propriamente dita foi vinculada à Capela de Nossa Senhora da Luz, instituída em 1557 por Francisco Fernandes, Cónego da Sé de Lisboa e Arcediago de Santarém, filho de João Fernandes, Protonotário Apostólico da Sé de Lisboa, que nomeou a sua irmã Francisca Fernandes, casada como Francisco Jácome, como sua primeira administradora. Esta, no entanto, em 1560, renunciou à administração da mesma em favor do seu filho André Jácome, também Cónego da Sé de Lisboa e Arcediago de Santarém, que viveu, pelo menos, até 1601, data em que apadrinha uma criança na Sé de Lisboa. Suponho que a administração da Capela passa de André Jácome diretamente para Vicente de Morais, seu sobrinho, filho de sua irmã Isabel Jácome que foi casada com Sebastião de Morais, porque em 24.4.1653 o juiz de Fora de Alenquer, Luís Pacheco de Mendonça, foi às "pousadas de Vicente de Morais citas no lugar do Porto termo da Vila de Alenquer e sendo nas suas pousadas por ele me foi mostrado os papéis que são os de que o Suplicante faz menção”. Os papéis em questão eram relativos ao escambo feito por André Jácome com Francisco de Araújo de Carvalho, em 1561, de 2/3 da Quinta da Bufuaria, que estavam vinculados à Capela, por outras propriedades de igual valor em Alenquer. Note-se que este Vicente de Morais, que parece ser, à data, o administrador da Capela, não pode ser o filho de Sebastião de Morais, que nasceu ca. 1560, mas o neto homónimo do pai, que foi Procurador de Alenquer às Cortes de Lisboa de 1645/46. Este Vicente era o irmão mais velho de Bernardo de Morais, que casou com Antónia Perestrelo, filha de Domingos da Fonseca e Isabel Perestrelo, não sendo claro se Bernardo sobreviveu ao irmão, que não teve geração, e administrou a Capela, ou se a administração passou diretamente à sua mulher Antónia Perestrelo, de que o seu neto Bernardo de Sousa Coutinho recebeu a administração em 1684, data da sua morte. Ou seja, nem Domingos Fernandes, nem Domingos da Fonseca, possuíram a quinta e administraram a respetiva Capela, embora nela tenham vivido, como grande parte da família Fernandes.
- Um segunda Capela, vinculando bens pouco relevantes na região, foi instituída por Francisco Fernandes, também Cónego da Sé de Lisboa, mas tio do Arcediago, irmão, entre outros, de João Fernandes, Domingos Fernandes, e Pedro Fernandes, Bispo de Bona. Embora ele tenha declarado querer vincular os seus bens no testamento que outorgou em 1569, data em que terá falecido, essa vinculação só foi feita anos mais tarde, em 1590, pelo filho natural que teve com Beatriz Pinto, Francisco de Almada Pinto, Bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra, que para o efeito mandatou o seu primo, o Cónego André Álvares, irmão de Domingos da Fonseca. Pesquisando no Arquivo da Universidade de Coimbra, encontro um Francisco de Almada que concluiu o Bacharelato em Cânones em 1588, dizendo-se no seu registo ser filho de Francisco Fernandes de Almada. Ora, esta é a pista mais importante sobre a origem dos Fernandes, pois quando Gayo chama João Fernandes Portocarreiro ao pai de Francisca Fernandes, talvez ele não se refira aos Portocarreiros antigos, mas aos Carreiro de Almada, que também usaram o nome de Portocarreiro a partir do século XVIII. Uma associação que salta imediatamente à vista, mas para a qual não disponho de nenhuma informação concreta que os relacione, é com os Fernandes de Almada, descendentes de Fernão Rodrigues de Almada e Catarina Carreiro de Almada, e nomeadamente com um filho deste casal, Pedro Fernandes de Almada, que pelo menos em teoria poderia estar na ascendência dos "nossos" Fernandes.
- uma terceira Capela foi instituída em 1597 por Francisco Dias, Cónego da Sé de Coimbra, filho de Domingos Fernandes, que institui como seu herdeiro e administrador do vínculo a Domingos da Fonseca, seu sobrinho. Francisco Dias é o responsável pela encomenda do retábulo da Capela de Nossa Senhora da Luz, que no entanto não administrou, e está enterrado numa sepultura própria no Convento de São Francisco. Deixou também a sua Quinta da Charneca à sua sobrinha Isabel da Fonseca.
- uma quarta Capela, ou Morgado e Capela, foi instituído em 1616 por Domingos da Fonseca, ao qual vinculou, entre outros, a sua "quinta que foi do Chantre", junto à Quinta de São Bartolomeu. O Chantre (da Sé de Coimbra) é Jorge Fernandes, também filho de João Fernandes, Protonotário, irmão do Arcediago Francisco Fernandes, de Francisca Fernandes, e também de Ana Fernandes, primeira mulher de Simão Ferreira, que foi Secretário da Índia no tempo do Vice-Rei Nuno da Cunha, e que instituiu o vínculo da Quinta de D. Carlos, que foi - e ainda é - dos Cunhas. Ana Fernandes e Simão Ferreira tiveram três filhas, uma delas, Antónia Ferreira, casada com Francisco de Barros de Azevedo, pais de Jorge de Barros, que eu suponho ser o "sobrinho" do Bispo de Bona que testemunha na aprovação do seu testamento.
As outras duas capelas que os ditos Vila Lobos e Vasconcelos Cogominho administravam - instituídas por Ana Lopes e António Pires - eram insignificantes e a sua origem não é clara. É possível que Ana Lopes tenha uma relação com Catarina Lopes, ou Catarina Vaz de Araújo, que foi mulher de Gonçalo Vaz de Araújo, senhor da Quinta da Abrigada. Foi a Catarina Lopes que Francisco de Araújo Carvalho diz que comprou o terço da Quinta da Bufuaria que uniu aos dois terços que trocou com o Arcediago André Jácome, sendo que Catarina Lopes era filha de Álvaro Fernandes de Araújo, que (eu quase que posso afirmar) era filho do Almoxarife Vasco Gonçalves de Araújo e de sua primeira mulher, ignorada pelos nobiliários, Margarida Fernandes, que muito possivelmente também seria irmã destes Fernandes.
Uma nota para a(s) quinta(s) de Pancas propriamente ditas. Ela pertenceu ao Cónego André Álvares, que no seu testamento, de 1608, a dividiu em dois, deixando a parte "de baixo", a sul do ribeiro que vem do Pedrulho, ao seu sobrinho Manuel Ribeiro de Vasconcelos, que instituirá o respetivo morgado em 1666, e a parte "de cima", a norte daquele ribeiro, ao seu irmão Domingos da Fonseca. Este terá vendido, permutado ou doado a sua parte à sua irmã Isabel da Fonseca, que nela viveu e a cujos herdeiros a quinta pertenceu. A parte de cima nunca foi vinculada, e foi vendida (supõe-se que por Luis José de Vasconcelos e Azevedo, ou ainda pela sua mãe, Maria Josefa de Melo) a Pedro Velho da Silva, que foi Juiz de Fora e Ouvidor em Alenquer entre 1702 e 1717. A quinta ainda lhe pertencia em 1719, quando foi feita uma visitação patriarcal à respetiva Ermida, mas terá sido, por ele ou os pelos seus herdeiros, vendida aos Vilhenas da Quinta do Porto da Luz, nomeadamente a Monsenhor Manuel de Sousa de Vilhena e Castro, neto de Isabel Perestrelo de Morais, certamente ainda antes do Terramoto de 1755.
Ao contrário do que tem sido escrito, e é repetido pelos respetivos proprietários, a Quinta de Pancas não parece ter existido enquanto unidade económica antes de pertencer ao Cónego André Álvares, a não ser eventualmente em parte. Não creio, por isso, que tenha sido "fundada em 1495", como se diz nos rótulos do Vinho de Pancas. Comparando as confrontações de courelas de vinha ou pomar em Pancas, que pertenceram, respetivamente, ao Morgado de Santa Catarina (Tombos de 1508 e 1623) e ao Prazo de D. Leão de Noronha (Tombos de 1583 e 1634), verifica-se que parcelas que no século XVII confrontam exclusivamente com Manuel Ribeiro de Vasconcelos, no século XVI confrontavam com múltiplos proprietários. Sendo que, numa nota de escritura transcrita por D. Flamínio de Sousa, André Álvares da Fonseca e Marta Fernandes, pais do cónego, são dados como residente na Quinta do Ruberte, ou do Roberto, no Fiandal, quinta que foi vinculada posteriormente por André Ribeiro de Vasconcelos, mas que acabaria por ir parar às mãos dos Perestrelo do Amaral de Pancas também. Ou seja, se André Álvares herdou algo, não foi a quinta tal como ele a deixou aos seus herdeiros. Terá sido ele a comprar sistematicamente e a unificar as parcelas que viriam a constituí-la.
E uma última nota para a Capela do Bispo, instituída por D. Pedro Fernandes, Bispo de Bona, em 1571, na sua quinta na "Ribeira de Pancas". Ribeira de Pancas era como se designava, então, o Rio de Alenquer, no vale entre a Espiçandeira e a Vila, e nada tem a ver com a ribeira a que hoje se dá esse nome, que divide a Quinta de Pancas em dois. Essa é, entre outras, a causa da confusão que se tem estabelecido entre a Quinta de Pancas propriamente dita e a Quinta do Bispo, próxima dela (a norte da Quinta de Pancas "de cima", entre as Quintas de D. Carlos, de São Bartolomeu e da Taipa), mas distinta, e que os Perestrelo de Amaral viriam também a administrar por força das regras de sucessão da Capela. D. Pedro nomeou como seu primeiro administrador Francisco Jácome Lins, filho da sua sobrinha Jácoma Mendes, casada com Sibaldo Lins, cuja linha sucessória ficou extinta em meados do século XVII, após a morte de Susana de Góis de Vasconcelos, sobrinha-neta do primeiro administrador, revertendo a administração da capela para o filho varão mais velho dos herdeiros de Domingos Fernandes, que era, à data, Manuel Ribeiro de Vasconcelos, instituidor do Morgado de Pancas. Mas a Capela tinha regras sucessórias distintas do Morgado de Pancas, pelo que a Manuel Ribeiro de Vasconcelos sucedeu o seu irmão André Ribeiro de Vasconcelos, sua filha Filipa de Vasconcelos e o seu neto Diogo Remualdo de Vasconcelos, apenas regressando aos Perestrelo do Amaral de Pancas com a extinção da geração deste.
Espero que algumas das pistas abertas por estes novos dados possa ser úteis às vossas - e às minhas - investigações, que obviamente não está concluída. Estou a preparar uma comunicação (e eventualmente um artigo) para um encontro académico que se realizará em Alenquer no primeiro trimestre do próximo ano, no âmbito do Projeto Vinculum, pelo que agradeço quaisquer novos contributos.
Saudações cordiais
Claudio
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Morgado de Pancas, em Alenquer
Caro Cláudio Monteiro,
Excelente trabalho, o que tem desenvolvido. Agradecendo o seu grande contributo para este fórum, fico a aguardar a publicação do produto das suas investigações.
Com os melhores cumprimentos,
Daniel Sousa
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