Manuel de Araújo, de Aveiro, séculos XV-XVI
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Manuel de Araújo, de Aveiro, séculos XV-XVI
Sou descendente de Manuel de Araújo, letrado, nascido em Guimarães, possivelmente na virada do século XV para o XVI. Foi morador na Vila de Aveiro durante o século XVI.
Um dos filhos dele foi Diogo de Araújo, Feitor e Recebedor da Alfândega de Aveiro, que estimo ter nascido à volta de 1530-1540, pois já tinha filhos matriculados na Universidade de Coimbra na década de 1580, embora nessa mesma época tenham nascido ainda os filhos mais novos. Foi casado com Ana da Mota, filha de Francisco da Veiga, cidadão da Cidade de Coimbra, de onde era natural, e de Petroníia da Mota, sendo irmã do Dr. Francisco Mendes da Mota, formado em Leis pela U.C. (onde já estudava em 1557, de modo que deve ter nascido à volta de 1540, época que também creio ter nascido Ana da Mota), tal como Diogo de Araújo era pai do Prior Manuel de Araújo, formado em Cânones pela U.C. (onde já estudava em 1588).
Apesar de Manuel de Araújo, de Guimarães, ser referido como letrado, não encontro a matrícula dele na U.C., embora suponho que tenha estudado pelas décadas de 1520-1530, o que seria coerente cronologicamente. Também pode ter estudado em outra localidade, como Salamanca.
Gostaria de saber se alguém possui alguma informação sobre Manuel de Araújo, Francisco da Veiga e Petronília da Mota. Se saberiam os pais, irmãos, ou quaisquer outros parentes. Depois, estes Araújos são os mesmos que entroncam com o ramo do Visconde da Aguieira, no século XIX, inclusive do herdeiro dele, o Dr. Guilherme Teles de Araújo Pacheco. Ainda não encontrei o nome da esposa de Manuel de Araújo, e os nomes dos descendentes não indicam a qual família ela pertenceria (todos usam "Mota", "Veiga" ou "Araújo", antes de entroncarem com outras famílias).
Abordei alguns descendentes neste tópico: https://geneall.net/pt/forum/190743/araujo-mota-veiga-pinho-torres-talhadas/#a441379 , embora já tenha avançado muito mais desde essa época.
Agradeço desde já por qualquer ajuda.
Atenciosamente,
João Brianti
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Para o período a que se refere, será difícil encontrar o troco familiar; todavia, pela formação letrada que documenta a Manuel, é provável que esteja ligado à geração de Diogo de Araújo, um dos troncos dos Araújo de Guimarães, talvez irmão deste. Diogo de Araújo teve um filho, também letrado, chamado Manuel de Araújo, possível primo do seu ascendente Diogo de Araújo. Que documento consultado remete para a naturalidade de Guimarães?
Cumprimentos,
Rui Faria
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Caro Rui Faria,
No processo de Potência da Veiga no Santo Ofício consta, na parte da genealogia, que Manuel de Araújo, avô da acusada, era letrado e natural de Guimarães. Não é citado o nome da avó.
Também atentei-me à esse Diogo de Araújo, que consta no Felgueiras Gaio, do ramo de Froilos de Araújo, todos do termo de Guimarães e com alguns letrados, incluindo o Dr. Manuel de Araújo. Creio que possa haver alguma proximidade com o meu ramo, que de lá teria se ausentado, suponho, na primeira metade do século XVI.
Resumo o processo de Potência da Veiga abaixo:
" Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Coimbra, proc. 3781. Consta como cristã-velha inteira, mas com alguns parentes misturados com gente da nação cristã-nova, denunciada pelo Padre Baltazar Teixeira, das Talhadas, por ter proferido na Igreja de Talhadas, em frente a todos, que a salvação ocorria por meio da fé, sem a necessidade de boas obras. Afirmava que os sufrágios da Igreja não eram necessários e que os doentes não deveriam mandar fazer bem por suas almas, pois isso não serviria mais que dar de comer aos clérigos. Tais proposições causaram escândalo na região, tendo as testemunhas afirmado que Potência da Veiga se afirmava saber mais do que todos. É referido que tinha uma irmã, a qual morrera nas Benfeitas (Destriz) e deixara tudo no seu testamento pelo bem de sua alma, e um irmão que servia na Alfândega. Além disso, teria vindo às Talhadas com o seu pai e um irmão, Manuel de Araújo, que foi Prior de Talhadas. Apresentou-se aos 19.02.1639, tendo a prisão e o sequestro de bens decretados aos 08.09.1640, passando por auto de fé no dia seguinte. Foi passado termo de soltura em segredo aos 09.10.1640. "
Ela delcarou, em 1639, ter sessenta anos de idade, ou seja, teria nascido por volta de 1580.
Todo esse processo foi resultante da rivalidade dessa família com o Prior de Talhadas, Baltazar Teixeira, que sucedeu ao irmão de Potência.
O Prior Manuel de Araújo teria deixado para a irmã umas casas em testamento, as quais ela, então, começou a alugar. Porém, o Prior Baltazar Teixeira constestou tal posse e requereu para si essas residências, o que gerou conflitos que culminaram na denúncia dela.
Pouco após, o referido clérigo também denunciou Diogo João dos Santos, Juiz e Almotacé de Talhadas, que foi processado por atuar como Familiar do Santo Ofício sem ter se habilitado para tal. Ele estaria realizando prisões e cobrando as dívidas dos indivíduos da região se dizendo autorizado por Manuel de Sousa, de Vouzela (suponho, Manuel de Sousa e Melo, de nobre linhagem com a varonia dos Melos).
Segundo Diogo João dos Santos, tudo era movido pelo clérigo devido à inimizade entre ambos. Afinal, de acordo com o que relatou, Baltazar Teixeira fizera com que ele gastasse 10 mil réis com a sua tia (na verdade, tia de sua esposa) Potência da Veiga, por ele acusada no Santo Ofício. Teria dito palavras afrontosas ao pároco e à sua ama, além de tê-lo denunciado ao Bispo de Aveiro por viver amancebado com uma mulher casada. O clérigo teria afirmado à Diogo João que o faria gastar toda a sua fazenda no Santo Ofício e haveria de tirá-lo da terra, chamando-o de "vilão ruim e bêbado". Diogo João teria respondido que, "ainda que o diabo o levasse a alma", desterraria o prior e sua ama para longe de Talhadas.
Os processos dessa família, verdadeiramente perseguida pelo Prior Baltazar Teixeira, são vastos de informações acerca dela. Ainda há outro, da parte de um irmão de Potência da Veiga, Jerónimo da Veiga. Ele foi Feitor da Alfândega de Aveiro e se casou com uma cristã-nova (Brites Nunes), a qual foi processada por judaísmo, tal como a filha de ambos (Maria da Veiga).
Agradeço desde já pela ajuda.
Atenciosamente,
João Brianti
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