Masculinidade portuguesa - Y
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Masculinidade portuguesa - Y
Masculinidade portuguesa – Y
Os recentes avanços na genética podem ser a chave para a genealogia anterior ao ano 1000. Talvez alguns avanços possam explicar as relações entre a história e a demografia. Os homens transmitem em linha masculina o cromossomo Y com poucas variações ao longo de milhares de anos. Os avanços na genética podem oferecer análises de marcadores suficientemente precisos para se classificar a origem da masculinidade portuguesa do século XVI. Todos sabem que a masculinidade portuguesa está quantitativamente muito mais concentrada no Brasil. Da população brasileira de quase 180 milhões de habitantes, temos cerca de 90 milhões de homens, dos quais calcula-se que um pouco mais da metade deva ser de linhagens masculinas portuguesas, ou seja uns 45 milhões de cromossomos Y portugueses na população brasileira. Estes Y portugueses estão nos mais diferentes e diversos conjuntos genéticos, dependendo das regiões, das classes sociais e da história. Temos desde Y portugueses em indivíduos com aparência totalmente africana ou indígena, até Y em indivíduos com aparência da Europa nórdica e central, no Sul do Brasil. O grau de mestiçagem foi muito elevado. Se a masculinidade brasileira de origem portuguesa é superior em várias vezes à masculinidade portuguesa (próxima a 5 milhões) em Portugal, a questão é determinar quais as origens dessa masculinidade. Se moura (árabe, berbere, iemenita, síria), germânica (visigótica/sueva), romana, fenícia, ou aquela das populações pré-romanas encontradas na Ibéria Ocidental (e devem existir muitas outras em milhares de anos). Quais seriam as proporções ? Outra questão é saber se há masculinidades em Portugal e que não atravessaram o Atlântico para o Brasil ao longo dos últimos quinhentos anos e permaneceram exclusivas de Portugal.
Cumprimentos
Ricardo Costa de Oliveira
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RE: Masculinidade portuguesa - Y
Caro Ricardo
Já reparou nas origens "eslavas" e "bascas" da população portuguesa?
Meu caro, o que propõe é de grande complexidade: envolve muitas vertentes; as opiniões dever-se-ão basear em estudos, credíveis, de genética humana.
Pela minha parte, vou envidar esforços junto do Departamento de Genética da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Com os melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Masculinidade portuguesa - Y
Caro Ricardo
Irei, também, contactar o Departamento de Genética da Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa.
Renovados cumprimentos
Artur João
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RE: Masculinidade portuguesa - Y
Caro Artur
Há alguns anos que venho acompanhando os progressos da genética histórico-demográfica. Os avanços nos últimos dez anos foram formidáveis. Saiu um novo livro aqui no Brasil - Homo Brasilis - em que esses temas são discutidos. Tenho esperança de que a ciência seja capaz de oferecer muitas informações sobre o passado dos deslocamentos humanos em bases científicas rigorosas e sérias. Li alguns artigos sobre referências positivas envolvendo conexões entre diferentes judeus "kohanin", isto significa que eles provavelmente tiveram as mesmas linhagens masculinas. Certamente que temos de observar os fundamentos destas pesquisas, mas parece que existem boas credenciais. Temos de procurar desenvolver pesquisas transdisciplinares nesse sentido no Brasil e em Portugal.
Saudações
Ricardo Costa de Oliveira
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RE: Masculinidade portuguesa - Y
Caro Ricardo
Falei com a minha irmã, Maria de Assunção, que é Mestre em Medicina. Ela falou-me na possibilidade de contacto com a Professora Doutora Graça Fialho, do Departamento de Genética da Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa.
É curioso, quando ontem falei com a minha irmã referi a necessidade de existir uma maior colaboração entre os nossos países, neste campo: inclusive, pode ser um factor de relançamento da C.P.L.P.! Este organismo tem que revelar dinamismo; melhor que as "palavras" são as "acções".
Melhores cumprimentos
Artur João
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RE: Masculinidade portuguesa - Y
Caro Artur
Concordo integralmente. É preciso mais ação e menos retórica. A CPLP tem de estabelecer programas científicos e culturais. O que mais nos une é a própria genética, antes de tudo ! Muito dinheiro é gasto em coquetéis e pouco em pesquisa. Temos de pensar no futuro e no incremento de pesquisas interdisciplinares sobre a nossa história em comum.
Abraços
Ricardo
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RE: Masculinidade portuguesa - Y
O interessante texto transcrito abaixo pode ser consultado on-line, porem em respeito as regras do forum, deixo de registrar o link para a revista Ciencia Hoje.
"A formação do povo brasileiro
Estudo confirma dados históricos sobre processo de miscigenação
Não se conhecem os detalhes da miscigenação entre ameríndios, europeus e africanos que deu origem à população brasileira. Para investigar o processo, a equipe do geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisou o DNA de brasileiros brancos. O estudo revela que a maioria das linhagens paternas dessa população veio da Europa e que 60% das linhagens maternas são ameríndias ou africanas.
Amostras de DNA da população do Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil foram analisadas com base no cromossomo Y (200 indivíduos) e no DNA mitocondrial (247 indivíduos), para estabelecer linhagens paternas e maternas, respectivamente. A origem da maioria das linhagens encontradas foi estabelecida por comparação com estudos sobre populações de outros países, pois os haplogrupos (combinações de mutações na seqüência de DNA) já identificados têm distribuição geográfica restrita, com exceção do haplogrupo 2, que pode ter origem na Europa, Ásia ou África.
Origem geográfica e distribuição na população brasileira de haplogrupos
identificados em análises de cromossomo Y (linhagens paternas)
A análise do cromossomo Y identificou que 57% das linhagens paternas vêm da Europa (haplogrupo 1). O número aumenta se considerarmos que o haplogrupo 2 (19% da amostra) tem sua principal origem na Europa, pois é comum nos portugueses. A grande proporção do haplogrupo 2, sobretudo no Sul (28%) e Nordeste (19%), está ligada à imigração de outros europeus e à invasão holandesa, respectivamente. A alta freqüência do haplogrupo 21 (vindo da África do Norte e Mediterrâneo) em brasileiros (14%) explica-se por sua grande proporção em portugueses (12%), devido à invasão da península Ibérica pelos mouros na Idade Média. Assim, vêm da Europa entre 66% e 85% dos cromossomos Y analisados. Não foram encontradas linhagens paternas ameríndias (haplogrupo 18) na amostra.
Origem geográfica e distribuição na população brasileira das linhagens
maternas identificadas em análises de DNA mitocondrial
Os resultados do DNAmt foram mais uniformes: 33% de linhagens ameríndias, 28% de africanas e 39% de européias. As variações regionais são consideráveis: no Sul, 66% dos haplótipos são europeus (reflexo da imigração da Europa para a região nos séculos 19 e 20); no Norte, onde a presença indígena é elevada, 54% das linhagens maternas são ameríndias; no Nordeste, 44% das linhagens são africanas.
Os resultados revelam o padrão de reprodução do brasileiro e confirmam dados históricos sobre o povoamento do país após o descobrimento. Os primeiros imigrantes portugueses não trouxeram suas mulheres e iniciaram a miscigenação com índias e, a partir da segunda metade do século 16, com escravas africanas. O processo gerou um povo que, apesar da linhagem materna ameríndia ou africana e da linhagem paterna européia, ainda não vive em uma ‘democracia racial’.
Thaís Fernandes
Ciência Hoje/RJ
09/01/01"
Alberto Tavares
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Genética, genealogia e história
Vila mineira pode guardar genes de índios botocudos
Cientistas da UFMG acreditam ter encontrado os descendentes de nação indígena extinta pelos portugueses
Cristina Amorim escreve para a ‘Folha de SP’:
Um grupo de brasileiros descobriu que os esforços dos portugueses na época colonial para exterminar os índios aimorés, ou botocudos, não foram tão bem-sucedidos quanto d. João 6 gostaria. Ainda que os últimos da tribo tenham morrido na década de 1920, uma vila no vale do Jequitinhonha (MG) parece guardar os genes dessa nação indígena.
‘É quase a vingança dos vencidos’, diz o geneticista Sergio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Ele e seus colegas buscam em Queixadinha descendentes dos aimorés -especificamente da herança genética passada pela mães índias, o DNA mitocondrial.
Há algumas formas de levantar a história genética de um povo. Uma delas é buscar traços dos ancestrais no cromossomo Y, passado pelo pai aos filhos homens.
Outra é mapear o DNA mitocondrial, ou mtDNA, só transmitido de mãe para filho e apenas transformado por mutações, cujas taxas são conhecidas pelos cientistas, o que o torna um excelente ‘relógio’ molecular.
Tais mutações dividem o mtDNA em linhagens (ou haplótipos, na língua dos geneticistas), normalmente ligadas a uma origem geográfica. Há cinco linhagens ameríndias conhecidas: A, B, C, D e X, a última rara no Brasil, afirma Pena.
O grupo da UFMG vasculhou Queixadinha em busca dessas ‘marcas’, para construir uma árvore genealógica e descobrir a origem da população. ‘Se pegássemos um grupo do vale do Jequitinhonha, onde só viviam aimorés, e que esteja lá desde sempre, as linhagens mitocondriais que obtivéssemos seriam provavelmente de botocudos.’
Os geneticistas analisaram 174 pessoas. Depois de um levantamento de parentesco, eles isolaram 74 linhagens matrilineares, vinte das quais eram ameríndias. O índice era esperado pela equipe. Uma pesquisa anterior havia demonstrado que um terço das marcas deixadas pelo mtDNA no código genético do brasileiro tem origem indígena.
A surpresa veio da análise das 20 linhagens ameríndias. Eles descobriram que a maior parte delas pertencia ao haplótipo C, o terceiro em freqüência no Brasil. Em seguida, perceberam que havia cinco linhagens dentro do grupo C nunca vistas na América do Sul.
A vila está localizada numa das regiões mais pobres do país: 91% das pessoas têm esquistossomose e 60% são analfabetas. ‘Ninguém se muda para lá’, diz o geneticista. A baixa taxa de mobilidade geográfica, somada à história de ocupação botocuda, levou a equipe a deduzir que as cinco linhagens estão ligadas aos aimorés.
Para confirmar a hipótese, eles comparam os haplótipos exclusivos de Queixadinha com material genético de 20 dentes aimorés, guardados no Museu Nacional, no RJ, desde o século 19. Pena espera obter a resposta no começo de 2004.
Ancestralidade
A tese da UFMG, caso confirmada, tem implicações na história antropológica americana. Análises anteriores dos formatos cranianos dos aimorés os apontam como possíveis descendentes da mais antiga habitante das Américas: Luzia, crânio com cerca de 13 mil anos encontrado em Minas Gerais na década de 1970.
Luzia está no centro de uma das teorias mais debatidas sobre o povoamento do continente, proposta pelo bioantropólogo brasileiro Walter Neves. Segundo ele, o crânio tem características físicas semelhantes às dos africanos e dos aborígenes australianos, o que indicaria a colonização americana inicial por povos negróides.
A teoria é criticada devido à falta de traços genéticos de Luzia e seu povo na atual população indígena do continente. Para Neves, os negróides teriam sido substituídos por outra onda migratória, tipicamente asiática (mongolóide).
Só que, até hoje, não se tem notícia de um grupo ‘vencedor’ que não contenha genes dos ‘vencidos’: sempre há mistura, principalmente entre os homens invasores e as mulheres dos invadidos. Se o povo de Luzia foi suplantado por outro, provavelmente houve cruzamento entre eles -e a transmissão do DNA mitocondrial.
Caso os herdeiros tenham sido os aimorés, então os geneticistas podem ter em mãos a comprovação da hipótese de Neves. ‘Seria como ganhar uma loteria científica’, diz Pena. ‘Mas estamos pagando para ver.’
(Folha de SP, 20/9)
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