"Nomes compridos"
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"Nomes compridos"
Caros Confrades
Que eu saiba: em Portugal, o uso de nomes com muitos apelidos só se começou a usar, geralmente, a partir do séc.XVII e sobretudo nos séc.XVIII e XIX ,e mesmo assim, na classe nobre, principalmente quem usufruia do estatuto de fidalgo.
Mas a minha dúvida e é a resposta que gostaria de obter é sobre o uso de nomes extensos em Castela, Aragão e Andaluzia;mas antes, isto é: nos séc. XV e XVI.
Muito grato ficarei a quem me informar.
Rafael Carvalho
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RE: "Nomes compridos"
Em todo o caso, nos Reinos de Espanha, bem mais cedo do que nós parece se terem usado nome próprio, prenome e acumulados cognomes e agnomes. De tal forma que nos inicios dos anos 1700 já se contava uma deliciosa anedota, que não resisto a partilhar:
"Alguns fidalgos de Hefpanha, e outros, que o naõ faõ, excedendo o coftume dos Romanos; e ufo mais ordinario, a carretaõ tantos nomes, e fobrenomes (que fó entaõ faõ carga mais fuave, quando as claufulas dos morgados os obrigaõ) que já hum deu occafiaõ ao que lá fe conta na florefta Hefpanhola, que batendo à porta de huma eftalage defcarregou a quem lhe perguntou quem era, com tanto tropel de nomes, e fobrenomes, que refpondeu o eftalajadeiro, que naõ avia poufada para tanta gente."
Melhores cumprimentos,
Sousa Pina
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RE: "Nomes compridos"
Caro Sousa Pina
Muito interessante e não resisto a contar-lhe outra "anedota",pois foi real:
Um dia, já lá vão muitos anos, reuniram-se numa taberna, nesse tempo os cafés não abundavam com as caracteríticas actuais, três amigos-dois deles de famílias conhecidas pelos seus pergaminhos e um deles-embora,bom amigo e pessoa capaz-mas de "pergaminhos "nada sabia. Comeram e beberam e ao pagar a conta o dinheiro não sobejava e voltaram~se para o dono do estabelecimento e fizeram as apresentações:eu sou Leitão de Aguiar Guerreiro de Aboim(e era, sem dúvida), o outro disse: eu sou Militão de Andrade (dos morgados Militão, família que parece ainda ter descendentes em Almodôvar) e o outro respondeu( porquenada tinha de relevante): como vê, em companhia tão ilustre eu nem digo a minha família para não o deixar envergonhado ao pedir-nos que paguemos tal conta.
E não pagaram,claro e ainda,talvez, receberam desculpas do taberneiro, por ter tido o descaramento de se querer fazer pagar por tão ilustres criaturas. Mas,é verdade; nesse tempo havia grande respeito por certas famílias
Não que me mostre saudoso disso, mas certo tratamento usado,quando era criança, recordo-o com gratidão, porque me foi(foi) dado com amizade e consideração.
Com os melhores cumrimentos e não se esqueça de nos enviar "anedotas semelhantes".
Rafael Carvalho
Rafael Carvalho
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RE: "Nomes compridos"
Desculpem meter-me na vossa conversa, mas essa de "pagamentos", faz-me lembrar um episódio que tenho no meu livro de família:
"...José Bedoya, vecino de Antequera, me persiguió ante la Justicia por 100 maravedis que, según el, le debia y aún consiguió hacerme arrestar; gracias a varios documentos y a la presentación de cartas reales confirmando mi nobleza y la de mis antepasados que me prestara mi tio, la Justicia de Málaga dispuso ponerme en libertad, en vista de que mi persona y mis bienes tenían privilégios. Sin embargo, ruego que después de mi muerte se entregue a los herederos de dicho Bedoya la suma de 200 maravedis para la tranquilidad de mi conciencia."
Assina Jerónimo de Zea Bermúdez 19.12.1694
Aqui em casa ainda hoje há teimas, porque uns dizem que ele devia mesmo esse dinheiro enquanto os que têm o seu ADN, insistem que a dádiva póstuma foi um gesto de grandeza.
Que pensam?
Cumprimentos.
Maria José de Zea Bermúdez
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RE: "Nomes compridos"
Cara Maria José
Todas as dádivas (boas), mesmo póstumas, são dignas de apreço. E estas com relevo especial.
Cumprimentos.
Rafael Carvalho
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RE: "Nomes compridos"
Caros Confrades,
Concordo e sublinho em absoluto a opinião do Rafael Carvalho.
Por favor, aceitem os meus cumprimentos,
Vasco Corrêa Martins
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RE: "Nomes compridos"
Caros confrades:
Já agora conto eu um outro episódio verídico:chegavam à alfândega de Londres um português com sete nomes e este vosso confrade.O polícia olhou para o passaporte do dito, leu,meditou,apontou para a linha do nome do utente e concluiu :so it means you brought the family along.(E depois querem uma Europa unida...)
Cumprimentos.
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