«Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
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«Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caros Confrades
Creio que num outro tópico se referiu já a obra «Do Ultimato à República», de Lourenço de Pereira Coutinho, recentemente editado. É um trabalho fácil de ler, com uma abordagem muito interessante do que foi o século XIX português.
Na estrutura, esta obra divide-se em três partes:
- I - análise do contexto europeu do século XIX;
- II - análise do contexto ibérico e, sobretudo, português do século XIX;
- III - análise do e o período balizado pelo Ultimatum inglês e a implantação da República.
Nas primeiras partes, o Autor contribui com uma das mais claras, interessantes e lúcidas análises do século XIX português. Sempre com o mundo político como pano de fundo, com as suas intrigas, tricas e afins, peca por quase ignorar a abordagem social e económica, de que os nossos académicos da História têm sido prolíficos nos últimos anos. Podemos considerar ultrapassadas as tendências economicistas, sociais e demográficas com que nos inundaram nas últimas quatro décadas da Historiografia Portuguesa; contudo, não podemos negar a sua existência, nem tampouco esquecer a sua valia... O tempo da querela entre A. de Almeida Fernandes e J. Matoso já passou...
Fica a obra, certamente de referência obrigatória em estudos futuros sobre o período em causa. Fica uma análise clara de um século tão complexo e cheio de acontecimentos, como foi o século XIX português.
Melhores cumprimentos
Manuel Azevedo Graça
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caro Manuel Azevedo Graça:
Agradeço as suas simpáticas palavras sobre o livro "Do Ultimato à República".
Foi propósito do mesmo resumir o que de mais importante se passou em Portugal, a nível político e diplomático, no período que decorre do Ultimato inglês à implantação da República, pelo que os aspectos económicos e sociais não foram alvo de tanta atenção, o que não invalida que concorde consigo quando relembra a importância fundamental destes últimos para o estudo e compreensão da História.
As suas palavras sobre este meu primeiro livro são mais um estímulo para continuar a investigar e para tirar da gaveta os projectos que tenho guardados.
Com os meus melhores cumprimentos,
Lourenço Pereira Coutinho
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caro Lourenço Pereira Coutinho
Quando abri este tópico, estava longe de imaginar que o Autor do livro em causa iria ler os meus comentários. Já não é a primeira vez que aqui falo de um livro, recomendando vivamente a sua leitura.
Aproveito a oportunidade para dizer que fico a aguardar mais trabalhos da sua autoria. Primeiro, pela qualidade aqui mostrada. Depois, porque o período que trata neste livro interessa-me muito particularmente, até por alguns dos projectos que também ainda guardo na minha gaveta.
Sou da opinião que o século XIX continua mal estudado pelos nossos investigadores; pior panorama conhece a passagem para o século XX. É certo que temos alguns relatos de época, normalmente escritos por alguns dos intervenientes nos acontecimentos. É impossível negar a importância dos trabalhos escritos – neste período e sobre este período –, desde os livros de Luz Soriano até às obras de Carlos Bastos. Contudo, a intervenção activa dos seus autores no processo histórico e a falta de distanciamento (até crítico e analítico), faz com que as suas obras se transformem em fontes históricas, quase ao nível das Memórias do Conde de Lavradio e do seu descendente Marquês de Lavradio, ou das Cartas... de João Franco (para dar só alguns dos exemplos mais conhecidos).
Também é certo que os estudos de História Contemporânea têm evoluído na última década. No que diz respeito ao século XIX, é referência obrigatória a Fac. de Letras da Univ. do Porto, com Gaspar Martins Pereira e Jorge Fernandes Alves à cabeça; e no que diz respeito à passagem do século XIX para o século XX, sobretudo por acção da Universidade Nova de Lisboa e pelas penas de Fernando Rosas e Vasco Pulido Valente, entre outros. Contudo, continua a ser um esforço insuficiente, sobretudo por ainda estar num princípio... Espera-se, ainda, que estas academias abandonem definitivamente a escola marxista da História (de enorme valia, mas já ultrapassada, que tentava tudo ver pelas sociologias, demografias e economias), mas sem nunca esquecer a sua produção, o que irá completar a panorâmica...
Acredito que, enquanto não resolvermos historiograficamente este importante período da nossa História (passo o pleonasmo), não seremos capazes de compreender plenamente os acontecimentos dos anos subsequentes. Continua a faltar uma reflexão séria, científica e profunda (leia-se imparcial) sobre o que realmente aconteceu neste período: sobre todo o processo colonial (talvez seja o seu estudo o primeiro a focar definitivamente este problema, comparando os interesses internacionais – sobretudo britânicos – e dimensionando a realidade nacional, processo colonial este, que tanto condicionou o percurso histórico de Portugal); sobre a intervenção (ou falta dela!) dos monárquicos nos acontecimentos que precederam e que sucederam o 5 de Outubro de 1910; sobre o próprio Regicídio e os seus autores (os materiais, Buíça e Costa; e os morais, muito provavelmente o Alpoim e o Ribeira Brava); sobre o comportamento dos governos de Luciano de Castro, Hintze, Franco, Ferreira do Amaral e Campos Henriques; e, sobretudo, sobre toda I República, que continua por estudar...
Já vai longo este testamento. Ficam os mais sinceros parabéns pelo seu livro, esforço sério e balanço importante, que, espera-se, permitirá avançar a historiografia do período em causa.
Com os meus melhores cumprimentos
Manuel Azevedo Graça
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caro Lourenço Pereira Coutinho
Comprei anteontem o seu livro por sugestão de Manuel Azevedo Graça neste tópico. As primeiras páginas que li, achei-as agradáveis de conteúdo honesto e rico. Saltou-me no entanto à vista no início, uma pequena biografia e a data do seu nascimento, e que é a de hoje. Pessoalmente tem a particularidade de também ser a minha, se bem que de uma colheita anterior.
Parabéns pelo dia e pelo livro.
José de Azevedo Coutinho
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caros
Lourenço Pereira Coutinho
e José de Azevedo Coutinho
Ainda que com um dia de atraso, aproveito para deixar os meus mais sinceros parabéns pelo dia de ontem e os votos de que seja por muitos e bons anos...
Melhores cumprimentos
Manuel Azevedo Graça
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caro Manuel Azevedo Graça
Sinceramente grato.
José Azevedo Coutinho
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caros José Azevedo Coutinho e Manuel Azevedo Graça:
Agradeço a ambos e aproveito para dar também os parabéns (embora com algum atraso) ao José Azevedo Coutinho.
Lourenço Pereira Coutinho
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RE: «Do Ultimato à República», de Pereira Coutinho
Caro Manuel S.P.A. Graça
Palpita-me que vou ter o prazer de ler interessantes trabalhos vossos em parceria!
MM
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