Baptismo de filhos de pais incógnitos

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Baptismo de filhos de pais incógnitos

#92805 | Filipe Prista Lucas | 07 juin 2005 14:24

Com base no que tem sido discutido no tópico "Pina de Abreu de Tondela", lanço agora uma questão: no baptismo de filhos de pais incógnitos, é usual os verdadeiros pais figurarem como padrinhos? Nos casos em que sim, qual deles é mais usual: pai ou mãe? Será que podemos detectar algum tipo de "costume" nesta matéria?

Nos casos de dois antepassados meus filhos de pais incógnitos, ambos surgem como afilhados de uma senhora solteira, referindo-se também o nome do pai desta. Num deles, tenho a certeza tratar-se da sua mãe, por posterior testemunho do próprio antepassado. No outro - precisamente, aquele referido no tópico acima mencionado - não há quaisquer certezas, apenas probabilidades.

Com os melhores cumprimentos,

Filipe Lucas

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RE: Baptismo de filhos de pais incógnitos

#92813 | aeiou2 | 07 juin 2005 16:49 | In reply to: #92805

Caro Filipe Lucas,

Não tenho muita experiência desses casos,mas numa pesquisa que efectuei encontrei um filho de pais incógnitos,em que os padrinhos eram um casal morando na mesma freguesia do pai da criança. Tinha esses dados bem como a data do baptismo e o nome próprio
Isto posso inferir porque essa criança embora nunca legitimada torna-se importante e usa o nome da famíla do "verdadeiro pai",e no testamento de seu "pai" a mulher que aparece como madrinha aparece como ama.
Nos documentos oficiais dessa criança e depois homem,nunca é referida a família quer paterna (embora usando esse apelido)quer materna

Com os melhores cumprimentos

Maria

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RE: Baptismo de filhos de pais incógnitos

#93007 | Rodarte | 10 juin 2005 10:13 | In reply to: #92805

Caro Filipe,

Não necessariamente os pais incógnitos apadrinham seus filhos: existe ainda a possibilidade de o afilhado enjeitado ter adotado o sobrenome de um de seus padrinhos (com os quais tem "parentesco espiritual"). Sei do caso de um afilhado que, sendo filho enjeitado, optou por adotar o sobrenome do padrinho, dizendo-se seu filho, mas o padrinho, em testamento, procura esclarecer a questão: diz que não sabe se o afilhado se dizia seu filho no sentido figurado, posto que concorrera para seus estudos e ordenação eclesiástica, dando-lhe a amizade e o amparo que o pai biológico negara-lhe, ou se por outros motivos (leia-se nas entrelinhas "por causa de minha herança"). Dizia que o afilhado tinha por pai outro sujeito - que ele, padrinho, dera a conhecer ao próprio afilhado. O silêncio das fontes, ocultando nomes sob a simples fórmula de "pais incógnitos", nem sempre implica em desconhecimento dos mesmos: cochichava-se, mas não se deixava registrado em papel (salvo casos de perfilhação ou indiscrições extra-judiciais).

A presença de pais como padrinhos, parece-me, é mais comum em se tratando de filhos espúrios de clérigos. No entanto, cada caso é um caso. Minha sugestão é pesquisar os testamentos, caso existam, dos padrinhos (onde pode ou não haver uma revelação sobre esse nascimento - indicando-lhe a filiação). Os testamentos, de maneira explícita ou implícita, revelam sempre uma ou outra coisa que nossos ancestrais, em vida, procuraram esconder.

Mui cordialmente,

Claus Rodarte

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RE: Baptismo de filhos de pais incógnitos

#93008 | Rodarte | 10 juin 2005 10:17 | In reply to: #92805

Esqueci-me de mencionar: vale lembrar que as Ordenações Filipinas puniam com o confisco dos bens, metade para a Coroa e a outra metade para o denunciante, nos casos de usurpação de apelidos com solar ou foros de fidalguia por gente que deles não descendesse. Confesso, no entanto, que não sei quão eficaz foi a aplicação dessa lei...

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