Barão de Arruda dos Vinhos
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Barão de Arruda dos Vinhos
Alguém que queira partilhar investigações feitas a este titulo...
Tiago Ribeiro Corrêa
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Se ainda o desejar posso fornecer-lhe algumas informações sobre o barão e outras familias de Arruda dos Vinhos
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Atendendo ao interesse sobre esta localidade da qual "sou natural", são sempre bem vindas novas informações.
Obrigado,
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Esta é apenas alguma da informação que fui recolhendo sobre Arruda. em artigos, livros antigos, foral, etc. Se quiser mais detalhes sobre algo especifico posso tentar encontrar.
1939
Presidente e Administrador do concelho: Capitão de Cavalaria Celestino Augusto da Costa
Vereadores: José Marques Simões e Manuel Domingos da Lage Júnior
Chefe da Secretaria: Artúlio Lameiras Fernandes
Aspirante: Acácio Dias Sirgado
Escriturário: João Baptista Roxo
Tesoureiro: Júlio Simões Lopes da Silva Pais
Zeladores: José Baptista Roxo e Luis Ferreira
Médico Municipal e Delegado de Saúde: Jorge António de Carvalho
Médico Municipal do Partido de Arranhó: Gustavo de Matos Raúl Carinhas
Inspector Municipal de Sanidade Pecuária: José Augusto Branco Pimentel
Pároco: Padre José Lopes
Conservador: António Martins Deniz Vitorino
Notário: António Marques Caramelo
Provedor do Hospital da Misericórdia: António Martins Deniz Vitorino
Juntas de Freguesia:
Arruda dos Vinhos
Presidente: Rodolfo da Costa Pinheiro
Regedor: Frederico Augusto Viana
Cardosas
Presidente: Joaquim Ribeiro Campos
Regedor: Norberto Henrique Rijo
Arranhó
Presidente: Luiz dos Santos Rodrigues
Regedor: Manuel Custódio Ferreira
S. Tiago
Presidente: Frutuoso Roque de Aguiar
Regedor: Paulo Lopes Baixinho
15 baldios
Área do Concelho 7,701,0000 hectares
Área Baldia 7,8600 hectares
8.000 habitantes
Feiras:
12 e 13 Junho, Feira de Santo António e feira franca anual
Mercado todos os dias, o principal é o último domingo de cada mês
14 a 16 de Agosto, Nossa Senhora da Salvação
8 de Setembro, Romaria de Nossa Senhora da Ajuda
15 de Agosto, feriado municipal
Produções:
Vinho: 7.702.745 litros ( 18.000 pipas)
Trigo: 2.340.450 kilos
Aveia: 3647 litros
Milho: 755.000 litros
Grão: 17.816 litros
Cevada: 47.384 litros
Batata: 100.000 kilos
Fava: 254.654 litros
O Grémio Recreativo data de 12 de Novembro de 1876
Membros da direcção: José Falcão Gamboa de Encerrabodes, José Valentim d’Almeida, Rufino de Bastos Ferreira Leal, Augusto da Silva Nunes Guedes.
“Os fins eram a boa convivência entre todos os sócios, e as distracções honestas por meio de jogos permitidos em sociedade, leitura jornalistica e música.”
1960
Presidente: José Marques Simões Junior
Vice-presidente: João Manuel Vaz Monteiro de Carvalho
Vereadores: Joaquim Alberto Macedo Pinheiro de Lacerda e José Maria Mendes
Juntas de Freguesia:
Arranhó 1959/60
Presidente: Manuel Cândido Junior
Secretário: José da Cruz Além
Tesoureiro: Custódio Soares Ferreira
Cardosas 1959/60
Presidente: Manuel Verdelheiro Carvalho
Secretário: Manuel Duarte do Vale
Tesoureiro: António Vieira do Vale
Santiago dos Velho 1959/60
Presidente: Quintino Soares
Secretário: Manuel Conceição Santos
Tesoureiro: Manuel Tomás Pereira
Nas cercanias de Arruda correm dois pequenos rios; o Rio Grande que desagua perto do Carregado, nas cercanias da ponte da Couraça; e o Rio Barroca que nasce no lugarejo de Vila Nova, afluente do primeiro, um pitoresco local denominado A Pipa, nas vizinhanças de Arruda. Ao longo das margens do Rio Grande existiam numerosas azenhas.
“ São esses dois rios senhores certos de prosperidade e embelezamento aos terrenos que banham. Lindissimas as suas margens, opulentamente vestidas de vinhedos, olivais, e vastos telhões de terra cultivada. Faias, álamos, pinhais, árvores frutiferas, de tudo isso se evolam bons e sãos eflúvios que embalsamaram aquele ar, dando a quem respira a mais deliciosa sensação da vida e da saúde.” Angelina Vidal, in O Domingo Ilustrado, Junho de 1897
É possivel que remonte à dominação romana, já se têm encontrado túmulos, moedas, restos de cerâmica e ruínas de edificações, dessa epoca.
“ Desde remontissimas eras, foi este acidentado ricão trilhado por pés de homens que por aqui estabeleceram residencia, mais ou menos demorada; no alto da Vila Nova, freguesia de S. Tiago, encontrei dois conchários bem fornecidos de conchas fosseis de mexilhoes, ameijoas e ostras. Eram muitos numerosos por toda a área do concelho os objectos talhados pelo homem da idade da pedra polida (não vi nenhum de pedra lascada), variados machados de pedra enegrecidos pela pátina dos seculos, pedras de raio, no dizer do povo, martelos de forma esferoidal, goivas, três fragmentos de um pesado bastão de comando em pedra e osso, facas e pontas de frechas em silex, etc.” Tito de Bourbon e Noronha
“ No Casal das Antas, há um Oiteiro das ma môas, nome que a tradição conservou, e servindo de vedação a uma horta, um quadrilátero, formado por lajes toscas, altas, agora em mau estado de conservação e irregulares em altura e formato, fecham o âmbito de uma grande anta de familia, em laje de cobertura.” Tito de Bourbon e Noronha
“Participada a descoberta ao grande homem da ciência, Dr José Leite de Vasconcelos, foi a anta explorada por aquele sábio antropologista, fornecendo varios blocos de fragmentos de ossos amolgados em terra, machados de pedra polida, uma delgada faca em silex, uma linda conta em vidro azul, facetada, e outros mais artefactos coevos.” Tito de Bourbon e Noronha
“Da epoca romana, sao muito numerosos e variados os vestigios na vila, resto de construção...” Pequena monografia de Arruda dos Vinhos, pág. 263, 264 e 265.
A primeira invocaçao da freguesia de Arruda dos Vinhos foi a de Nossa Senhora de Arruda, passando depois a Nossa Senhora da Salvação.
Pertenceu durante muito tempo ao padroado real, tendo os priores de S. Vicente de Fora, de Lisboa, por concessão de D. Afonso Henriques confirmada por seu filho D. Sancho I, o direito de apresentação, nomeando para o efeito um conego do mosteiro que primeiramente se denominava reitor e mais tarde prior.
Na vila existia o velho uso de, na segunda oitava do espirito santos, os mordomos de S. Sebastião da Serra , distribuirem dois arrateis de carne de vaca, um pão e um merendeiro, benzidos pelo prior de Arruda, a quem lhes oferecesse um alqueire de trigo. Alem desta ermida, um outeiro donde se disfruta admirável panorama levanta-se a capela de Nossa Senhora do Monte.
“Produz igualmente excelente uva de exportação assim como maçãs chamadas de espelho, pelo brilho da sua casca de lindos cambiantes vermelhos. Ainda nos recordamos de ver grandes carregamentos de caixas com maças e com uva, principalmente a de casta diagalves, que vinham em numerosos carros de bois, de cavalos e de mares, ao cais de Alhandra, para que as fragatas do Tejo levassem aos navios que as transportariam até aos portos de Inglaterra, da Alemanha, Africa e Brasil. (...)
As guerras e outros factos, fizeram com que a região perdesse esses mercados de alto valor economicamente o seu progresso.” Junta Nacional do Vinho – contribuição para o cadastro dos vinhos portugueses Vol. II, abrangendo uma pequena monografia, pág 295 e 296.
Nestas extensas vinhas a caça é abundante, principalmente da perdiz e do coelho. O grande caçador e escritor Zacarias d’Açá que foi companheiro do também caçador e poeta, Bulhão Pato, o autor de “Paquita”, relata-nos a sua estreia ás perdizes nos montes das cercanias de Arruda. Pág. 296
“ O solar do extinto Barão de Arruda, familia Falcão Encerrabodes, hoje na posse da familia Vaz Monteiro, é um palacete setecentista, um andar alto da frontaria aristocratica, rasgada de sete janelas de varanda.” Pág. 297 e 298
Indumentária
Dr. Tito de Bourbon e Noronha descreve a indumentária lembrando que há 50 anos ainda “as mulheres usavam jaquetinha aberta ao busto soerguendo os seios, muito cinturada, com pequena aba em canudos, estendidos em leque sobre os quadris, saia em chita ou riscado, lenço de Alcobaça, recatadamente cruzado ao peito, lenço cobrindo a cabeça, pontas cruzadas para a frente do pescoço, amarradas na nuca, botins de cano em cabedal branco.
As raparigas usavam a jaquetinha de aba mais estreita, menos encanuada, ou blusa tambem justa, saia de chita ou riscado mais alegre, bota de cordões azuis, ou sapato grosso de salto baixo, lenço atado no alto da cabeça.
Há vinte cinco anos, a indumentária dos habitantes do campo, igual à dos habitantes da margem alta do Tejo, do concelho de Vila Franca de Xira em pouco diferia do descrito.
Nas vindas à vila ou mercado, o traje domingueiro não metia avental, mas levavam o chaile dobrado no braço esquerdo, empunhando a sombrinha e lenço branco, dobrado.
Nos trabalhos rurais, “de fora” como usam dizer, arregaçam ou suprimem a saia, usando o saiote de castorina encarnada, ou escura, menos frágil e mais resistente. Em rancho numeroso de monda de trigo, bustos dobrados, a extensa fila de saias encarnadas apresenta, de longe, o aspecto pitoresco de seara verde entremeada de renques ondeantes de papoilas gigantescas.
O homem usava jaqueta curta, colete de recorte em quadrado, calça muito justa, moldando a perna até ao tornozelo, onde alargava em polaina, cobrindo o sapato prateleira a que se ajustava, chapéu de feltro preto, copa em cone truncado aba larga rigida e cinta preta segurando a calça. Era o traje domingueiro.
Para o trabalho, camisa de riscado azul, calça e colete de cotim escuro, predominando e anilado, barrete preto enfiado ate ás orelhas, jaqueta ao ombro esquerdo, bota de cano alto ou polaina de cabedal no Inverno, sapato de salto de prateleira no Verão.
Durante o namoro comecado em encontro fortuito, no mercado, na vila, em romaria ou no trabalho o par recolhe ao casal da serra, lado a lado, sorridentes, os dois blaudiciosos, por vezes de mãos dadas, mas quando parados, no seguimento do idilio conservam entre si a distancia regulamentar de metro e meio a dois metros, com respeito ás vozes do mundo; quando já noivos, ele tem licença de ir conversar à porta da mãe ou a companhia complacente de irmazinha mais nova, que assim toma as primeiras lições do curso.
A noiva vai tratando do enxoval, comprado em parte com o produto do seu trabalho e chegada a epoca do casamento, o pai adquire a mobilia precisa e conforme as possibilidades economicas; o rapaz entra apenas com o seu braço, a enxada ou ferramentas do oficio se não é jornaleiro agricola. No lar, depois do casamento ou ajuntamento, o marido é o chefe, o senhor; a mulher reconhecendo-lhe a autoridade doméstica, obedece, já não o acompanha lado a lado, mas dois passos atrás em sinal de inferioridade e submissão, restos de sangue mouro. Como as cidades estão limpas deste sangue, o facto, na generalidade, se não observa nos grandes centros.
Esta autoridade marital, legalizada ou não, nem sempre se manifesta carinhosa, serenamente, mas por vezes, principalmente quando o vinho escalda o sangue, contada de discordias tempestuosas, que, quando em vez, acabam com a aplicaçao mais ou menos contudente da receita de esganarelo do médico à força, para recuperar amisades cansadas.
Na familia tudo trabalha: o homem na faina agricola, propria ou à jorna, ou no oficio, pedreiro, carpinteiro, sapateiro, ferreiro, etc.
Noutros tempos chegou a haver um importante grupo de furiosos dramáticos. Tendo-se construido um teatro que se deveu à iniciativa do farmaceutico António Bernardo Miranda que por muitos anos foi administrador do concelho. Sousa Bastos, nas recordações de teatro, faz alusões aos amadores arrudenses que por algumas vezes chegou a ensaiar.
Durante muito tempo atribuiu-se a Arruda o seguinte brasao: escudo branco ao centro a espada de Santiago, com uma concha de peregrino ao centro. Por timbre tinha uma coroa de barao. Outros autores dao-lhe as seguintes armas: castelo contendo um escudo com as quinas e tres videiras, uma na parte superior da torre e uma de cada lado dela. Pág. 303 e 304.
No ultimo domingo de Julho realiza-se uma feira anual de gado e de generos que costuma ser bastante concorrida. Como simbolo de autonomia administrativa não lhe faltava o Pelourinho.
1574 – 600 vizinhos
1660 – 300 fogos
1817 – 318 fogos
1750 – 500 moios de trigo, 400 moios de cevada, 1.000 pipas de vinho
ate 1834 tinha juiz de fora e duas companhias de ordenanças. Foi sempre fertil de boa água.
Praça de toiros, por ocasião das festas de nossa senhora da salvação perdeu a vida o valente forcado laurentino pereira ao fazer uma pega rija. Uma bandarilha soltando-se do morrilho do toiro espetouse-lhe no pescoço, cortando-lhe as carotidas. Em 1944 um dos toiros saltou para dentro do tanque da monumental fonte. Foi ai mesmo pegado pelos aficcionados.
Arruda é nome comum latino (ruta-ae) tornado proprio e arabizado pela anteposição do artigo definido árabe “al” cujo “l” se assimilou ao “r” inicial do substantivo por ser esta ultima uma letra “solar”. A forma latino-árabe seria portanto ar-ruta (a arruda).
As “pulhas”
É ainda frenquente pelo entrudo em muitas localidades da estremadura, “deitar pulhas”. Maneira de gracejar, nem sempre comedida e decorosa. Pela calada da noite, individuos munidos de funis para ampliar o som, escolhem os pontos mais elevados da povoação e, com aqueles improvisados altifalantes, estabelecem perguntas e respostas escarninhas, vozeadas em rimas de métrica rasteira.
Divertem-se assim durante toda a noite, mordiscando com sátiras agaitadas a alvoraçada gentinha do lugar.
Na freguesia de Arranhó foram dedicadas pelo Carnaval à diligente professora D.Aurora de Carvalho Santos Pereira, algumas pulhas burlescas. Depois da frase obrigatória –“tambem deito mais esta...” seguida dum desteperado gargalhar “Ah!Ah!Ah!” foram escutados os seguintes dichotes:
Esta noite morreu um burro.
- P’ra quem é a seda do rabo?
- É p’rá senhora professora
Fazer um lindo bordado
Já lá vai o santo Entrudo
Mais a sua carne gorda;
Já lá vem a Quaresma
Do bacalhau e da açorda.
Estes versos, ou outros semelhantes, sao proferidos por um e apoiados em grita acesa por todos os comparsas da barulhenta folia que respondem em coro:
“É verdade!... é verdade!”
Artigo de Dr. Joaquim Fontes – Mem-Martins – Notas históricas e arqueológicas in “Estremadura” II série vol.III 1943 pág. 304
Apodos tópicos
Estas zombarias geográficas (baldas das terras) constituem geralmente rimas estereotipadas, envolvendo certa ironia, e provém muitas vezes da emulação entre povoações cinrcunvizinhas. Conseguimos escolher:
- Mulher de A-do-Baço e boi de alcareia
não provam bem em terra alheia
- De Arruda,
nem mulher, nem mula;
nem vento, nem casamento;
justiça sem entendimento,
rapazes, ladrões em bom tempo
Rifoneiro
Os proverbios constituem o código do lavrador com suas sentenças metereológicas e regras agrárias cheias de observação e de experiência:
-Vai-te embora, Janeiro,
cá fica a minha ovelha e o cordeiro;
Mas, aí vem meu irmão Fevereiro,
Que leva ovelha e cordeiro
E as ovelhas do pastoreiro
(Arranhó)
Quando não chove em Março
Nem palha, nem palhasco
(Arranhó)
Pelo S.Pedro
É deitar tarde e levantar cedo
(Arranhó)
Bibliografia:
- Padre Bento Pereira – Florilégio dos modos de falar e adágios da lingua portuguesa – 1655
- F.R.I.L.E.L – Adagios, proverbios, rifãos e anexias da lingua portuguesa – 1780
- D. Francisco Manuel de Mello – Feira dos Anexins – 1877
- Biblioteca do povo e das escolas – Philisophia popular em proverbios – 1882
- A. Tomás Pires – Calendário Rural – 1893
- Sousa Viterbo – Subsidios para a formação do refraneiro ou adagiário português – 1901
- Leite de Vasconcelos – Paremiographia in “Ensaios ethnográphicos” IV – 1910
- Teófilo Braga – Adagiário Português in “Revista Lusitana” 1914 pág. 225 e 1915 pág. 16
- José Maria Adrião – Retalhos de um adagiário “Revista Lusitana” 1916 pág. 40 e 1917 pág. 298
- António Delicado – Adágios portugueses – nova edição revista e prefaciada por Luis Chaves 1924
- Ladislau Batalha – História Geral dos Adágios Portugueses 1924
- Pedro Chaves – Rifoneiro Português – 1928
- Guilherme Felgueiras – 1948
- Ó meu amor, ó meu bem
a minha alma já é tua
se é p’ra meu castigo, bonda
se é de gosto, continuã
À tua porta menina,
‘stá um pial de veludo,
aonde os meus olhos choram
lágrimas de sangue puro
pelourinho de Arruda, Dr. Luis Chaves, Ethnographo e investigador, citou-o num artigo publicado no “Boletim da Estremadura” em 1943 pág 153
Chora, choradinho, chora,
O chorar faz bem à dor;
Há muito tempo qu’eu choro
Enganos do meu amor
1876
Arranhó – orago S. Lourenço
1.026 habitantes
1883
S. Tiago dos Velhos – orago S. Tiago
955 habitantes
219 fogos
1768 – 103 fogos
1883
Sobral – orago Salvador
1122 habitantes (584 homens e 538 mulheres
282 fogos
1768 – 12 fogos
1883
Sapataria – orago Nossa Sra da Purificação
981 habitantes
251 fogos
1768 – 51 fogos
1881
S.Quintino – orago Nossa Sra da Piedade
2722 habitantes (1422 homens e 1300 mulheres)
681 fogos
1757- 420 fogos
Em 1876 Arruda tem 7 freguesias com 9.427 habitantes. A vila tem 2010 habitantes.
1908
Nas margens do rio, muito arborisadas, há pittorescos recortes; citarei por exemplo, o trecho próximo à Quinta da Venga, propriedade do Sr. José Pato Moniz.
No reinado de D. Afonso III, por consenso dos freires, estava a villa de Arruda em poder da Rainha D. Beatriz de Gusmão, a qual, sendo viuva, lh’a devolveu, mas D. Diniz tratou de fazer escambo com a Ordem de Santiago e d’ella obteve a mesma villa, que offereceu à Rainha Santa.
Os Paços do concelho estão em edificio proprio, e de regular aparencia.
Chafariz pomposo, alto, largo, adornado na cimalha com pilastras e outros ornatos, no frontão um escudo de armas. As bicas jorrando de uma arca, despejam a água sobre um amplo tanque. Este chafariz ergue-se na praça.
Os Duques de Aveiro tiveram em Arruda um palácio que derruíu.
O passeio publico é um agradavel recinto, para o qual se entra por um portão de ferro. Arvores frondosas entreacem os seus ramos em abobada sombria.
A rua direita conflue com o maior movimento commercial e transito de vehiculos com que se anima a villa.
Funciona na villa uma escola Conde de Ferreira, alem de outras para ambos os sexos.
Há um theatro, uma associação de Bombeiros Voluntários, duas sociedades de recreio, grupo dramático e clube arrudense (este ultimo com bibliotheca), duas sociedades musicais – grupo de amadores (com orchestra) e grupo de philarmonicos.
Acham-se estabelecidos na villa representantes de agencias bancarias e de seguros; uma agencia de publicações, casas de hospedes e de pasto, varias lojas de commercio, duas modistas, um médico, uma pharmácia, três alquilarias, etc.
Contam-se sete exportadores de frutas, um consignatário de vides americanas.
Entre a estação de Alhandra e Arruda faz-se um serviço regular de diligências, a 240 reis cada logar, preço de ida e volta é 400 réis.
A villa mais Matta, Carrasqueira, Quinta da Serra bem como numerosos casais e quintas constituem a freguesia de Nossa Senhora da Salvação com 2.287 habitantes.
Feira de 24 a 27 de Julho
Na freguesia de Nossa Senhora da Salvação está comprehendida a Quinta de Monte Gudel, que foi solar da familia Gamboa e Liz e que ainda no século passado era conhecida pela “Casa do Capitão-mor de Arruda”.
Bartolomeu de Gamboa e Liz – Barão a 8 de Agosto de 1845
Morreu em 1870 com 92 anos
A familia extiguiu-se em 1881 com a morte do 6º filho do 1º barão. E a “casa do capitão-mor de Arruda” passou a pessoa estranha à familia por disposição testamentária d’aquele ultimo representante dos Gamboa.
1908
S. Lourenço – Arranhó – 1433 hab.
S. Miguel – Cardosas – 733 hab.
Santiago – 1052 hab.
O concelho de Arruda tem 5.515 hab. e o do Sobral 5.761 hab.
O logar de Arranhó, sede da parochia, está situado em terreno elevado e descoberto, e dista da cabeça do concelho 7 km para sudoeste.
Compreende esta freguesia mais 17 logares (logares e 3 quintas, o Arcão, Alcobella e Paço de Joaquim Ferreira da Encarnação). Há uma escola parochial, mixta.
A freguesia das Cardosas tem a sua sede sobre rochas altas. É sitio muito lavado dos ventos. Gosa de purissimos ares.
Compreende varios casais, 10 lugares (um dele Não há) e quintas do Outeiro, Palmeira, Mato Sobral e Sardinha. Tem escola parochial mixta.
A freguesia de Santiago dos Velhos fica a 7km a sudoeste da Arruda.
Compreende mais 6 lugares e varios casais, tambem ha uma escola parochial mixta.
Censo de 1950
8.250 hab e 2.217 familias
1814 homens e 1390 mulheres sabem ler
Junta de freguesia de Arruda
Presidente – António Joaquim de Bastos
Secretário – José Rocha Mendes
Tesoureiro – Augusto Dias Miguel
Regedor da freguesia – José Filipe Ferreira
Existe um emblema em um sino colocado na parte superior da casa da câmara, junto a inscrição seguinte: mandaram fazer este sino, Juiz de Fora em esta Villa de Arruda e Rui Carvalho e Martim Fernandes em 1561.
A irmandade de Nossa Sra da Salvação é de remontissima data. A provisão que confirma o referido compromisso é expedida em nome de D.Pedro IV no tempo da regência presidida pela Infanta D. Isabel Maria que governou o reino por morte de D. João VI, e tem a data de 8 de Maio de (...?...), quando ainda não era conhecida a abdicação da coroa portuguesa feita pelo Imperador 6 dias antes, no Brasil, a favor de sua filha D. Maria da Glória, depois D. Maria II.
Entre os titulos que enobrecem esta irmandade conta-se dois breves do Papa Pio VI expedidos em 1775, ultimo ano do seu pontificado, concedendo várias indulgencias aos irmãos. Foi sempre fervorosa a devoção pela imagem da Virgem padroeira da Villa, primitivamente venerado com o titulo de Sra Maria da Arruda.
A Igreja foi reedificada de 1528 a 1531.
A sacristia, propria da igreja constitui um corpo separado que comunica com o templo por um pequeno corredor, o qual tem uma porta para a capela lateral do lado do evangelho e outra para uma capela que foi da Ordem Terceira de S. Francisco e hoje é do Santissimo.
Tem duas capelas laterais, uma ao lado da Espistola dedicado a Nossa Sra das Angustias depois de ter sido do Santissimo. E o lado do evangelho dedicado a Nossa Sra do Rosário, Nossa Sra da Piedade.
S. Pedro
Sra dos Prazeres
A capela do Santissimo comunica com uma casa de despacho que foi tambem da Ordem Terceira e que tem uma porta para a Igreja. Deste mesmo lado há uma outra porta de comunicação para a Torre quadrangular que fica na face do templo e anexa a ele. Na parte inferior da torre está a escada para o coro, que ocupa toda a nave central até à primeira coluna.
Imagens
S. Salvação
Sto António em mármore branco
Nossa Senhora da Piedade, antes denominada Nossa Senhora do Pranto, muito imperfeita mas muito antiga, parecendo uma reprodução de outra identica imagem mandada fazer pelo Condestável D. Nuno Alvares Pereira quando fundou o convento do Carmo. Parecem ser do mesmo artista. Ambas de pedra, de dimensões e atitude identicas, igualmente encarnadas. A do Carmo parece estar hoje na Sacristia da Ordem Terceira. A de Arruda é de 1427.
1660
“Tem 300 vizinhos”
Tem estas ermidas: S. Lázaro, S. Sebastião, S. Bento, Nossa Senhora do Paraíso e S. Lourenço.
É comenda da Ordem de Santiago, que rende 2.000 cruzados, que anda na Casa de Aveiro, cujos Duques são Alcaides-mor desta vila.
Cardosas: na praça desta vila ha uma fonte de pedra lavrada com três bicas de excelente água.
Ha nesta vila familias nobres do apelido Sardinha, Castros Pereyras, Barros, Britos, Leytoana (?), Quentaes Sottomayores, Cago, Segurados, Barbudos, Freyres Lobos e Macedos.
Aqui possui por sua mulher, um morgado João de Sande e Castro, moço fidalgo e comendador de S.Mamede do Mogadouro na Ordem de Christo, filho de António Paes de Sancho (?) e de sua mulher D.Catherina de Castro Sotomayor, o qual foi do concelho d’el Rei D.Pedro o II, Provedor dos Armazens, deputado do concelho ultramarino, Governador da India e ultimamente do Rio de Janeiro, onde morreu.
Alcaide-mor de Santiago do Cacém e comendador de S.Mamede de Mogadouro.
Joao de Sande e Castro, neto de Jeronymo de Cana (Cama?) e de Maria Garcia Cabrera, casou com D. Maria de Castro Pereyra, sua prima, filha herdeira de Vicente Pereyra de Castro e D.Leonor Sotomayor. Tiveram os seguintes filhos:
- António Paes de Sande, morreu solteiro
- Nicolao Pereyra de Castro
- Vicente Pereyra de Castro
- Mathias da Cana, noviço da Divina Providência
- D. Felipa de Castro, morreu no Convento da Esperança em Lisboa
- D. Catherina de Castro Sottomayor 1
- D. Genoveia Pereyra de Castro, casou com Gaspar Cardoso do Amaral, comendador da Ordem de Christo e Alcaide-mor da vila de Montalegre na provincia de Trás-os-Montes
- Luiza de Castro
- D. Francisca de Castro
- D. Theresa de Castro, morreu solteira
1. Dona Catherina de Castro Sottomayor casou com Joseph Contador de Argote, cavaleiro da Ordem de Christo, filho de desembargador Luis Contador de Argote e Maria Josepha Lobo 2.
Joseph Contador de Argote era neto de Jeronymo Contador e D. Francisca de Roblez, bisneto de Luis Contador e de Joana Carrilho, fidalgo do Imperador Maximilliano II, 3º neto de Afonso Nunes Contador e de Maria Fernandez Cordeyro, fidalgo do mesmo imperador, aquem serviu quando veio a Castela e lhe deu um brasão de armas; 4º neto de Nicolao Contador e Brites Contador (sua prima), 5º neto de Afonso Montador e Maria Nunes, 6º neto de Joao Rodriguez Contador, 7º neto de Athansio Contador e Alcayde de Los Hijosdalgo, 8º neto de Sancho Fernandez Contador, esmoler mor d’el rei D. João I de Castela.
Sancho Fernandez Contador fundou uma capela com seis capelãs na vila de Alcocer na Mancha, onde têm o seu solar os Contadores.
2. Maria Josepha Lobo é filha de João Maldonado e Azevedo
D. António Maldonado de Mortiveras (mais tarde apelidado de Azevedo) natural de Salamanca (casa do antigo solar de Aldana), foi gentil homem do Imperador Carlos V, acompanhou-o à Alemanha na guerra contra os rebeldes, sucedendo neste tempo a alteração das comunidades no ano de 1520.
Foi embaixador a Castela e Leão, mais tarde a Portugal con o Bispo de Samora, de Portugal foram o Bispo da Guarda e o Barão de Alvite, juntaram-se em Badajoz para determinar as demarcações das ilhas Molucas. O imperador foi avisado que D. António favorecia a justiça de Portugal.
D. António passou para Portugal, sendo chamado por D. João III.
D. António era filho de D.Pedro Maldonado, o velho e de D.Brites Dias de Caravão, Senhores de Espirito. Neto de D. Diogo Maldonado e de Aldonça Henriquez.
D. António casou com D. Isabel da Silva, filha de João Pereyra de Castro e de Brites da Silva Maldonado, que casou com Vicente de Sousa Pinto, filho de Ruy Vas Pinto, Senhor dos Concelhos de Ferreyros e Tandaes, de quem precede o alcaide-mor de Arrayolos, Manoel António de Sousa e seu irmão D. Francisco de Sousa.
D. Constantino Maldonado e Azevedo, cavaleiro da Ordem de Christo, casou com D. Olaya da Silva, filha do desembragador João Nunes Rogado e de Briolanja da Silva. D. Francisco foi despachado a ir a Flandres por (?) do Cardeal Infante D. Fernando, irmaão de Filipe IV, morreu em terra.
Teve D. João Maldonado e Azevedo, desembargador do Porto e casou com Brites da Gama Lobo, filha de Afonso Mendez Lobo, cavaleiro da Ordem de Cristo (o 1º governou Olivença depois da aclamação de D. João IV) e de Maria de Chaves Lobo, filha legitima de Afonso Pestana da Gama e irmã de D. Catherina da Gama, mulher de Lourenço Lobo (cuja descendencia se por ver nos Gamas Lobos de Olivença).
D. João Maldonado e Azevedo teve:
- Olaya da Silva, morreu ainda moça
- D. Maria Josepha Lobo, mulher do desembargador Luis Contador de Argote, que depois de viuvo e ter servido em Lisboa como corregedor Civel, procurador fiscal da Inquisição e desembargador da Casa da Sulicação se aposentou e recolheu na Congregação de S. Felipe Bani (bari?), ficando-lhe só três filhos da dita mulher
- Joseph Contador de Argote, casado com Catherina de Castro Sotomayor
- Padre Jeronymo Contador de Argote, religioso na divina Providencia
- Brites da Cama Lobo, freira no Mosteiro da Anunciada de Lisboa
D. Francisca Maldonado casou na vila de Braga com Joseph Soares de Brito filho de Theotonio Soares de Brito, cavaleiro da Ordem de Cristo e fidalgo da Casa de Sua Majestade, e e Madalena Pereyra de Araujo, de quem tem D.Magdalena Pereyra do Lago, Manuel Joseph Soares de Brito, fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo e Francisco (?) Maldonado.
António Maldonado morreu molo. D. Theresa Antónia Lobo Maldonado religiosa em Santa Clara de Évora.
D. Afonso Thomás Maldonado é o herdeiro dos Morgados e de seus pais, é solteiro.
D. Joseph da Gama Lobo, deputado e promotor na Inquisição de Évora e Inquisitor de Coimbra. Frei Pedro Maldonado, religioso na Ordem de Cristo, Catherina Francisca da Gama Lobo casou com o desembargador António da (?) Aranha, lente na Universidade de Coimbra e colegial de S. Pedro, deputado na mesa da consciencia e teve D. Antonia Francisca, estes sao os filhos do desembargador João Maldonado e Azevedo e Brites da Gama Lobo.
Pré-História
Durante a primeira metade do séc. XX, estudos relacionados com a região conduzidos pelo etnologo Prof. Leite de Vasconcelos e pelo estudioso local Dr. Bourbon de Noronha, permitiram identificar uma necropole funerária (Casal das Antas), o que pressupõe a existencia, no neolitico, de comunidades sedentárias na zona.
Essa hipotese foi confirmada no Verão de 1987, através de investigação conduzida pela equipa tecnica da Assembleia Distrital de Lisboa.
Tais nucleos sedentarios estariam relacionados com a proximidade do vale do Tejo e com a existencia de inumeros cursos de água na região. A própria configuração do “vale” de Arruda e a sua disposição geográfica proporcionavam a essas comunidades defesa razoavel contra rigores do clima ou eventuais inimigos. Contudo, tais comunidades não seriam numerosas e viveriam da pesca e agricultura.
Periodo greco-romano
Escavações arqueologicas efectuadas em 1982 pela Associação de Estudos Arqueológicos e Etnológicos, descobriram na parte oeste do concelho, indicios de “vilas” romanas.
Não se conhece a dimensão desses agregados, e é natural que o tipo de solo arável existente proporcionasse a instalação de explorações agricolas.
Arruda estava situada fora das grandes rotas viárias romanas e os acessos detectados (ponte romana na zona das Cardosas) são prova disso.
Somente placas funerárias (uma pertencente a uma “Patricia” romana, classe nobre, guardada no museu citado) nos permitem atribuir uma certa importância a tais “vilas”. Para alem disso os inumeros objectos de estatutária doméstica não são conclusivos.
Influência Árabe
A tradição fala-nos de um castelo eregido pelo arabes, que por duas vezes foi conquistado pelos cristãos. A sua existencia só seria explicavel dada a proximidade de Lisboa e da linha do Tejo, podendo as duas conquistas cristãs estar relacionadas com a conquista de Lisboa ou com posteriores investidas para o interior. Esta hipotese carece de fundamento.
Fundação do Concelho
Não se conhece a data. A tradição repetida em muitas publicações refere um foral concedido por Afonso Henriques em 1160. É possivel que tenha tido foro desde cerca do séc. XIII e passa a ter carta de Foral a partir de 1517.
Foro – o Senhor concede aos habitantes privilégios fiscais, juridicos e administrativos sem abdicar do seu poder. Ao dialogar com a comunidade a ao conferir-lhe algumas faculdades governativas, reconhece força e poder ao movimento municipalista, contudo a autonomia não é total nem real.
Carta de foral – reconhecimento tácito, ou até legal da total autonomia da população perante o senhor. Com a “carta” nasce o “concelho”, autonomo e independente.
Com o foro o concelho já existe, com a carta passa a existir de direito.
Uma carta enviada por D. Fernando em 23 de Dezembro de 1369, para obter fundos para construir a muralha de Lisboa, o rei refere “juizes, vereadores, moedeiros e homens bons” em Arruda; tal texto demonstra inequivocamente a existencia, pelo menos, de grau de autonomia administrativa que só o foro concede.
Nas segunda metade do séc. XIV, a vila teria 1500 habitantes e o seu termo 400. Era eminentemente rural, dedicada à exploração vinicola e ás fainas do campo.
Os pequenos proprietarios possuiam aproximadamente 50% da riqueza fundiária e constituiam com os assalariados rurais 80% da população da vila e do termo. A restante metade da riqueza fundiária pertencia à percentagem restante da população que era constituida, massivamente, por cavaleiros-vilãos, alguns mesteirais, clérigos e funcionários, categorias não nobres. Só se detectaram três nobres da pequena nobreza, com menos de 3% da riqueza fundiária.
Arruda é nesta altura uma região rural de pequena propriedade, onde cerca de metade da terra é posse de quem, directamente, a cultiva.
A esmagadora maioria dos habitantes está ligado à terra, como proprietário ou assalariado.
Havia, na época, nove “funcionários” municipais todos ricos, dois pregoeiros, dois tabeliões, um tesoureiro, um meirinho, um moedeiro, um procurador e um “escolar” (padre-professor). Conclui-se que o caracter rural não exigia actos juridicos, fiscais ou administrativos complexos, uma vida rural e não burguesa.
Haviam quarenta mesteirais (homens de oficios por conta propria) dos quais os ricos eram dois tosadores (curtumes), seis sapateiros e dois barbeiros. Da pobreza dos três ferreiros e da riqueza do carpinteiro há a concluir, logicamente, o predominio dos arados de madeira e do trabalho braçal, proprio de zona de pequena propriedade.
A vida marginal limitava-se a três judeus (dois ferreiros e um alfaiate) todos pobres e uma prostituta mendiga e um “goliardo” (categoria marginal medieval era composta por frades ou padres que, em conflito com a igreja, cantavam e recitavam versos contra a autoridade eclesiastica).
A existencia deste clerigo vem abonar a autonomia juridica que a vila ja teria em relação ao senhorio eclesiastico (a Ordem de Santiago).
Havia uma tendencia para a concentração de riqueza, mas para a dispersão da propriedade, uma zona marcadamente rural, onde a propria “aristocracia” está ligada à posse de terra.
O nivel economico geral da população pode considerar-se pobre: apenas 29 familias (6,3% da população) possuiam rendimentos acima de 1000 libras, que Oliveira Marques considera o “limiar da pobreza”, na Estremadura.
In “Estratificação Social de uma vila portuguesa da Idade Média – Ensaios de História Medieval Portuguesa” Editorial Vega, Lisboa 1980 pág. 121 a 133
A irmandade fundada em 1427 diziam que o culto à virgem era coevo à presença árabe na zona, estaria ligado ao facto de uma primitiva imagem de Nossa Senhora ter sido escondida numa terra para escapar ás mãos “infiéis” tendo essa parcela sido caracterizada por virtudes milagrosas.
Uma carta de D. Fernando fala de um “Paço D’el Rei” em Arruda.
Em 1551 os Duques de Aveiro passavam a ter bens em Arruda (fala-se que a Escola do Paço lhes pertenceu). Aqui viveu e partiu para o cadafalso o ultimo Duque de Aveiro, D. José de Mascarenhas, acusado de cumplice de tentativa de regicidio a D. José I a 3 de Setembro de 1758. Os bens dele são dispersos por outros nobres.
Nos autos da Inquisição e dos livros de Visitações a identificação no Séc. XVI constam 3 hereges, 2 acusados de judaizantes e 1 fanchono (homosexual); 1 teria sido vitima de auto-da-fé e executado no Monte da Forca, fora da vila.
Arruda VS Sobral
Em 1887 o concelho de Arruda foi anexado ao do Sobral. Grandes desavenças proveram desta anexação até que em 1890 foram de novo distrincados os dois concelhos.
Em 1895 surge uma reforma administrativa que inclui Arruda no concelho de Vila Franca de Xira (João Franco Pinto Castelo Branco era o ministro do reino).
Em 1897 restaura-se o concelho de Arruda, perdendo no entanto a freguesia de Sapataria que ficou a pertencer ao Sobral.
1887
“Começou nessa epoca uma renhida luta sem tréguas entre os dois povos, reavivando os odios antigos e não sendo permitida a passagem de individuos de uma povoação pela outra, sem dano grave. Só o medico municipal, único no concelho, podia livremente, impunemente, transitar sem atender ás delimitações”. Dr Tito de Bourbon e Noronha em Arruda dos Vinhos, Notas históricas e arqueologicas - Vida Ribatejana, 1948 Janeiro, nº especial.
Em 1890, na vigência de um governo da presidencia de António Serpa Pimentel, de novo se constituiram os dois concelhos, ficando Arruda com as freguesias de Arruda, Arranhó, Cardosas, S.Tiago e Sapataria e o concelho do Sobral com as freguesias de Sobral e Santo Quintino.
Nesta altura tudo girava em torno de interesses e tricas eleitorais, em que o caciquismo imperava, e conforme estavam em cima ou de baixo os compadres e os amigos, assim os concelhos surgiam, se modificavam ou suprimiam.
No reinado de D. João I, já os moradores de Montagraço impulsionados pelo espirito de independencia, haviam conseguido não servir o concelho de Torres Vedras nem o de Arruda dos Vinhos, no caso de mobilização ou serviço militar, como se vê na carta seguinte, curiosa por muitos motivos:
“Privillegios de Monte Agraço per razam do Alardo e etc
Dom Joham e etc a quamtos esta carta virem fazemos saber que o Bispo d’Évora do nosso comselho nos disse que o seu lugar de Monte Agraço ha jurdiçam sobressy e que sempre costumaram de seruyr os do dito lugar com o comcelho de Torres Vedras e que nos podia por merçee que mamdassemos que daquy em diante nom fossem allo fazer alardo nem seruyr com os do dito lugar e que o condel d’Arruda os ouvesse de veer e lhes fosse allo fazer alardo. E quando ouvessem de seruyr que serujsem com os do comselho da cidade de Lixboa. E nos vendo o que nos pediam e querendolhe fazer graça e merçee toemos por bem e mandamos que daquy en diante os moradores do dito lugar de Monte Agraço nom vãao fazer alardo nem seruyr com os do comselho da dita villa de Torres Vedras nem aja o condel d’hi com eles mais que veer. E mandamos que o condel que ora he e ao diante for do dito lugar d’Arruda que os aja de veer e lhes lance os cavallos e beestas e armas segundo as comthias que ouverem segundo per nos he mandado e lhe vaão allo fazer alardo cada que vir que compre e lhes façam os comtrangimentos que entenderem a sobre ello comprem e as outras cousas que ao dito officio pertencem ao qual nos per esta nossa carta mandamos que o faça assy. E por quanto o dito lugar da Arruda he da hordem de sam thiago queremos e mandamos que quando o comcelho de Lixboa ouverem de seruyr que os do dito lugar de Monte Agraço siruam com elles e nom com o dito comcelho de Torres Vedras nem d’Arruda nem com outro nenhuu. E porem mandamos a todollos corregedores juizes e justiças e condees e a outros quaesquer officiaes e pessoas que desto ouverem conhecimento a que esta carta for mostrada que o compram e façam assy comprir e guardar e nom vãao nem comsentam hir contra elle em nenhua guisa que seja unde al nom façades dante a cidade de Lixboa xbj dias de Novembro el rrey o mandar per Ruy Lourenço dayam de Cojnbra licenceado en degredos do seu desembardo nom sendo hi Joham Affonso scollar em leis do dito desembargo Alvaro Goncalves a fez era de mill iiijc xxxiiij annos.”
São, em todo o caso, dois concelhos talhados à faca no Ministério do reino, por resolver divergencias locais e contentar a politica de campanário.
Igreja e Santa
Diz-se que António de Sande e Castro, governador da India, terá levado consigo uma mão da padroeira.
A actual igreja data do principio do segundo quartel do séc. XVI, é um formoso templo gótico já adulterado pelas reparações sofridas.
Dividida em três naves, sendo a central muito mais larga do que as laterais e tem no topo o grande arco cruzeiro que dá passagem para a capela-mor, adornada de preciosa talha dourada e de tão grande valor artistico que, apesar de deteriorada pelo tempo, outros dois altares cada um dos lados do arco da capela-mor correspondem ás naves laterais.
Todas as paredes são revestidas de azulejos. Dignas de nota são as imagens que ali se encontram, além de Nossa Sra da Salvação, que é a padroeira. A Nossa Sra do Pranto, rosto que não seja de escultura notável, tem sobre si o valor de antiguidade, pois dizem que é reprodução de outra imagem mandade fazer por D.Nuno Alvares Pereira quando fundou o Convento do Carmo. Parecem ser do mesmo artista, ambos são de pedra, em atitude e dimensões identicas, encarnadas do mesmo modo e ambas se chamaram primitivamente do Pranto, nome que foi mudado para Piedade.
“foi fundada cerca de 1500 anos”
na igreja havia uma colegiada, que gozou de grande importancia e que exercia o culto com muita pompa. Ao principio era constituida por 7 beneficiados passando a 6 no séc. XVIII, número que conservou à extinção. O paroco tinha o rendimento de 180$000 réis.
A igreja matriz, com um admiravel portão manuelino, reedificada em 1528 a 1531, é justamente considerada monumento nacional.
Não restam muitos vestigios da construção anterior. A arquitectura, na generalidade, lembra o estilo gótico, embora bastante deturpado pela reedificação.
O corpo da igreja é um grande paralelograma, dividido em três naves por colunas sustentando arcadas semi-circulares, sobre as quais o tecto assenta.
A nave central é muito mais larga do que as laterais, formando um conjunto elegante e proporcionado. No topo existe o grande arco do cruzeiro e depois rasga-se a capela-mor, com excelente talha dourada em alto relevo.
Em cada um dos lados do arco abrem-se outros mais pequenos que correspondem ás naves laterais, comunicando com duas capelas que por sua vez têm portas para a capela-mor.
Dr. Tito de Bourbon – pág. 290
O Decreto de 27 de Março de 1944 considera o templo movel de interesse publico.
Modernamente existe tambem uma imagem de Nossa Sra de Fátima.
O terramoto de 1755, que se não fez grandemente sentir na localidade, arruinou a abobada da capela-mor, cujo tecto teve de ser reconstruido.
Em 1774 sofreu obras e parece não ser estranha a mão do Arquitecto Mateus Vicente de Oliveira.
Apesar das razias efectuadas pela tropa francesa ainda se consegui salvar alguns pergaminhos do séc. XII, ricos e antigos paramentos “em veludo e seda, bordados a ouro, prata e matiz, de alto valor artistico, dois valiosos lustres antigos de cristais facetados de muitos lumes e algumas lampadas pendentes, grandes, de boas ligas em metal amarelo.”
A Imagem de Nossa Senhora da Salvação possui uma artistica coroa de prata cravejada de pedraria.
A imagem é muito antiga, segundo alguns autores foi renovada por ocasião da reedificação da Igreja, por volta de 1531.
Diz-se que é desta época o rosto da Virgem e do menino Jesus que traz ao colo. A restante imagem parece, sem duvida, ser muito anterior, devido à sua imperfeição. Este facto levou os fieis a vestirem a imagem. É de escultura inteira e está sentada.
“Corre a tradição de que a imagem fora escondida, pelos godos no sitio das Antas quando os moiros invadiram a peninsula. Aí pelos seculos fora, lhe prestavam os cristãos o seu culto, enquanto viveram sob o regime sarraceno. A estada da imagem neste lugar deu ao sitio certa virtude, foi o caso de que com pedras das Antas se fizeram três fornos destinados a cozerem o pão, não só para os habitantes da vila, mas tambem para os arredores. Os fornos, uma vez aquecidos, não necessitavam de voltar a sê-lo por muito tempo. As pedras só conservaram esta virtude no local, pois mudadas para outro tornavam-se vulgares.”
Segundo a tradição António de Castro e Sande, governador da India e ilustre arrudense, quando partiu para o Oriente levou consigo uma mão da imagem para que o guiasse e protegesse.
Julga-se que a mudança do nome da Virgem teria sido motivada pelo grande numero de arrudenses, da melhor nobreza, que embarcaram nas naus e galeões a conquistar e firmar o Império Português.
Outra versão informa que, grassando em Lisboa, em 1525 a peste, D.Manuel e a corte se refugiaram em Arruda. Como o mal não vitimou nenhum dos habitantes e atribuindo o caso a protecção divina, o rei resolveu que a invocação passasse a Nossa Senhora da Salvação.
A lenda que conta ter sido a imagem salva de cair em poder dos mouros pelos seus fieis, não tem qualquer fundamento pois a imagem actual é escultura do séc. XV em madeira policromada.
A igreja paroquial de Arruda dos Vinhos reconstituida na 1ª metade do séc. XVI, alem dos seus sugestivos azulejos setecentistas onde largamente se historia a vida de S. Cristovão, exibe um portal manuelino de elegante contextura.
1908
Igreja Matriz – de 3 naves, com um lindo portico, e de boa obra de talha no altar-mor. Este templo foi fundado pelo povo e tem sido restaurado em varias epocas, creio que a mais moderna foi 1875.
Quando a conquista da vila por D.Afonso Henriques, logo o novo templo cristão foi por ele dedicado à mãe de Deus, sob a invocação genérica de Santa Maria e depois Santa Maria de Arruda. Esta invocação terá-se conservado até ao sec. XVI, sendo em 1525 mudado por D. Manuel I para o de Nossa Senhora da Salvação, em acção de graças quando mandou restaurar todo o templo.
Invasões francesas
As tropas de Napoleão marcham sobre Lisboa, mas são detidas nas linhas de Torres que as impedem de tomar a capital do reino,
Os exércitos napoleónicos aquartelam-se em Arruda. A Igreja é profanada e saqueada.
Diz-se que uma cadeira de prata onde a santa estava sentada foi roubada.
Resistem ainda restos dos redutos das tropas que reagiram aos ataques das tropas francesas, nomeadamente no Moinho do Céu, Carvalha e Infesta.
Em 1814 o reduto de S. Sebastião possuia 3 peças de calibre 9, 1 de 12 e 4 canhoeiras. O da Carvalha com 2 peças de 9 e 4 canhoeiras e o de Moinho do Céu com 2 peças de 12. Todo este material foi retirado em 1818 para o Arsenal do Exército.
A ala direita das Linhas de Torres apoiava-se junto de Alhandra e segui até Arruda, Sobral e Torres.
O Marechal Massena, num total de 65.000 homens, com o 2º corpo comandado pelo general Reynter, o 6º comando do Marechal Ney e o 8º do General Junot, resolveram atacar pela margem direita do Tejo. Apoderaram-se de Ciudad Rodrigo e de Almeida, depois Viseu. Queria apoderar-se de Coimbra para depois atacar Lisboa.
Wellington bloqueou-os através das linhas de Torres. Conhecia todos os trabalhos efectuados por oficiais portugueses. Foi José Maria das Neves e Costa, oficial de Engenharia, quem primeiro realizou o reconhecimento dos terrenos onde foram posteriormente construidas as linhas de Torres.
JOHN JONES, Inglês, engenheiro militar que dirigiu os trabalhos das linhas
Memórias:
“Em alguns dos distritos (zonas em que para a construção estavam as linhas divididas) um subalterno de engenharia, assistido apenas por um pequeno numero de soldados ingleses, sem nenhum conhecimento da lingua do país, dirigia e fiscalizava o trabalho de 1.000 a 1.500 camponeses, forçados a trabalhar a maior parte das vezes a 45 milhas de distância das suas habitações, enquanto que as suas terras estavam sem cultivo, e nenhuma oficina portuguesa teve nunca por dirigente mais do que um cubo! Todavia, durante o ano todo em que durou aquele trabalho forçado não se viu um unico exemplo de insubordinação nem queixa, e aos portugueses se deve a justiça de reconhecer que aos habitos regulares e ao seu zelo firme se deve atribuir o imenso trabalho que foi executado, mais do que à eficácia da vigilância sobre eles exercida. Tinha-se recomendade o mais profundo segredo sobre a extensão e natureza dos trabalhos a executar, e é honrosissimo, para todos os que neles tomarem parte, observar que apenas uma frase vaga se pode insinuar nos papeis publicos, e, apesar da imensidade das obras, os franceses ignoravam a natureza das barreiras que contra eles se levantaram até ao momento em que encontraram o exercito formado em batalha para se contrapor aos seus esforços.”
C.W.ROBINSON, antigo professor de História militar em Sandhurst, publicou em 1871, um estudo estratégico sobre as linhas.
“O segredo com que a construção das linhas de Torres Vedras foi efectuado impressiona como se fosse um facto quase inexplicável e abona muitissimo, não só a actividade de Wellington, como tambem o patriotismo dos portugueses, sem o qual nem mesmo o temor da pena de morte imposta aos que comunicassem com o inimigo seria capaz de evitar que qualquer noticia chegasse ao conhecimento deste.”
A 1ª linha que no projecto primitivo não existia, com seguros abrigos colocados nas encostas, assegurando uma melhor protecção à artilharia, começava no alto da Calhandriz, sobranceiro a Alhandra.
Era aqui o 1º distrito e a direita das linhas com 30 redutos e 86 bocas de fogo.
Corria sobranceira a Arruda, até ao Moinho do Céu e, dali, seguia para o Sobral de Monte Agraço, onde ficava o 2º distrito, e de cuja posição se descobriam todas as extensas linhas, motivo por que, se se tivesse chamado ás mesmas Linhas de Torres e Sobral, teria toda a propriedade.
O 2º distrito possuia 11 redutos com 72 bocas de fogo e 3 obuses.
O 3º distrito (Torres Vedras) tinha 32 redutos com 273 bocas de fogo e 3 obuses.
Durante o Inverno, que foi muito rigoroso, os ingleses trataram de completar o mais possivel as duas primeiras linhas defensivas quer tornando mais asperas as escarpas, quer aperfeiçoando e facilitando as respectivas comunicações. Assim, construiram duas estradas, uma ligando Pero Negro com a 2ª linha, outra desde a esquerda de Alhandra, seguindo o vale da Calhandriz, e à rectaguarda do desfiladeiro da Mata até Monte Agraço, de que existem ainda seguros vestigios.
Como medida de segurança para evitar tambem outros possiveis torneamentos pela direita, foram construidos ainda mais os seguintes redutos: Batalha e Passo, Pé-do-Monte (ou Moinho do Céu), Carvalha e S.Sebastião, cujas ruinas ainda agora ocupam extensivamente cabeços sobranceiros ao pronunciado vale de Arruda. Estavam todos ligados por extensas estradas militares, de calçada portuguesa, de que ainda há ruinas bem conservadas. Junto dos vestigios do reduto da Carvalha ainda existe um poço, agora impraticável, aberto para serviço das tropas, conhecido por Poço dos Militares.
Quanto à posição avançada de Alhandra, igualmente bastante importante, foi fortificada de modo a cobrir o flanco direito da linha principal que, naturalmente se julgou pouco segura, dada a proximidade dos perigosos vales de Arruda e Calhandriz.
As forças de Hill, seguiram de Tomar por Santarém e Vila Franca, para Alhandra por onde entraram nas linhas de Torres a 8 de Outubro de 1810.
Todo o exercito aliado ficou recolhido nas linhas, com excepção da Divisão ligeira e da Brigada de Pock que, devendo entrar por Arruda, se demoraram em Alenquer e ali se deixaram surpreender pelas tropas de Montbrun, abandonando precipitadamente aquela vila com a perda de bagagens e bastantes feridos, dirigindo-se para o Sobral, tendo na noite de 11 para 12 realizado uma marcha de flanco junto ás linhas, para ganhar Arruda, cujo vale, durante todo esse tempo ficou perigosamente aberto ao inimigo.
Massena, chegado ás linhas, efectuou um reconhecimento, na esperança de serem vulneráveis pelo vale de Arruda e Calhandriz. Em Arruda encontravam-se já cavalarias ligando os 6º e 8º corpos e que durante a retirada foi bastante reforçado e se manteve até final escoamento de todas as tropas francesas.
Massena mandou tambem reconhecer o Sobral. Os referidos vales estavam cortados por enormes abatises de carvalhos e castanheiros arrancados da terra todos inteiros com as suas potentes raizes e trazidas, com titanicos e sobre-humanos esforços, de enormes distâncias, para o local, proeza que ainda hoje seria de notavel registo, apesar do auxilio dos modernos engenhos mecanicos. Estas paliçadas de troncos e ramaria estavam precedidas de distancia a distancia por gigantescas obras de alvenaria que lhes aumentavam as condições naturais de defesa, de modo raras vezes até então executadas ou vistas.
Os picos dos montes, na extensão de mais de uma légua, tinham sido ligados intimamente por uma grande obra de entrincheiramentos, que em alguns pontos formavam muralhas de grande altura, no interior da qual corria a Banqueta para o fogo da fuzilaria.
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Ainda sobre o Barão:
Arruda (Bartolomeu de Gambôa e Liz, 1º Barão) – Par do reino, por carta régia de 1 de Setembro de 1834, de que prestou juramento e tomou posse na câmara respectiva, na sessão de 4 do referido mês e ano; foi eleito senador pelo círculo de Alenquer em 1848; cavaleiro-fidalgo da Casa Real, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e comendador da mesma ordem; coronel agregado ao regimento de milícias de Soure, em 1807, e depois de reformado. Capitão-mor da vila de Arruda, e abastado proprietário. Nasce em Arruda dos Vinhos a 10 de Janeiro de 1778 e faleceu a 26 de Março de 1870. Era filho de António Teodoro de Gambôa e Liz, cavaleiro-fidalgo da Casa Real, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, capitão-mor de Arruda, de onde era natural, proprietário da Quinta de Monte Gudel (gadel?), familiar do Santo Oficio, casado com D. Maria Rita de Quintal Souto Maior, filha de António Caetano Ruas e de sua mulher D. Ana Luiza Souto Maior. Casou a 9 de Setembro de 1793 com sua prima, D. Maria Joaquina de Gambôa e Liz, filha de Domingos de Gambôa e Liz, cavaleiro-fidalgo Casa Real, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, desembargador da relação e Casa do Porto, com exercício de primeiro deputado da Junta da Administração das Fábricas do Reino e obras das Águas Livres; antigo juiz de fora de Torres Vedras, casado com D. Ana Rosa da Silva: deste matrimónio houve seis filhos, distinguindo-se o primogénito, António de Gambôa e Liz, que nasceu a 27 de Junho de 1799, e foi par do Reino, por sucessão a seu pai, de que prestou juramento e tomou posse na câmara dos Pares, na sessão de 25 de Novembro de 1870; fidalgo da Casa Real por sucessão dos seus maiores, do conselho de Sua Majestade, comendador da Ordem de Cristo, condecorado com a medalha das campanhas da Liberdade, algarismo nº5, por serviços civis prestados durante este período; bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra; juiz de fora da Vila de Arronches em 1825; exerceu altos cargos administrativos, sendo sub-prefeito da comarca de Alenquer em 1835, governador civil nos distritos de Funchal e Lisboa em 1839 e 1840, Administrador Geral da Alfandega das Sete Casas, juiz presidente da Praça dos Leilões e arrematações judiciais no Depósito Público da Cidade de Lisboa. Faleceu a 19 de Março de 1873, sendo juiz de direito aposentado. O titulo de barão foi concedido pela rainha D. Maria II, em sua vida, pelo decreto em carta de 27 de Agosto de 1845; e de honras e grandezas, pela mesma soberana, em carta de 27 de Janeiro de 1837. O brasão consta do seguinte: um escudo partido em palma(??) na primeira as armas dos Lizes, em campo de oiro sete folhas verdes; e na segunda as armas dos Cayados, em campo vermelho um elmo em prata entre um lobo de sua cor armado de oiro, e um cão de prata com coleira azul; chefe, em campo de oiro três folhas de golfão azul. Os bens da família de Gambôa e Liz, conhecida pela casa do Capitão-mor de Arruda, passaram a pessoa estranha a família, por disposição testamentária do último herdeiro.
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Nadea Dinis,
Em minha base sobre os Castros tenho o casal Catarina de Castro Sottomayor c. c. Joseph Contador de Argote. Sabe informar se tiveram descendência ?
Quanto ao João Pereira de Castro c. c. Brites da Silva Maldonado, sabe informar a ascendência dele ?
Antecipo agradecimentos. Fraterno abraço.
Samuel de Castro
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Muito Obrigado.
A informação é excelente.
Vou ler com muita atenção e gosto.
Aproveito a sua oferta de ajuda para renascer um tema que me interessa particularmente : Irmandade de Nossa Senhora de Arruda ou de Nossa Senhora da Salvação ou Confraria de Nossa Senhora da Salvação.
Sei que existiu algo no período de 1811- 1911. Existiu? O que aconteceu?
Obrigado.
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Cara Nadea Dinis,
Procuro a ascendência do Padre António Gomes Freire, nascido na Arruda cerca de 1520-1530, este nome diz-lhe alguma coisa?
E o apelido?
Já agora tem informação de Lemos de Faria na Arruda? É que tenho um parente André de Lemos Baracho, moço de câmara em 1650, natural da Arruda, o qual era filho de Nicolau de Lemos de Faria.
Muito obrigado.
Pedro Borges de Lemos.
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Descobri um artigo bastante interessante sobre o Barão
ReplyDirect link:
RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Se fizer uma pesquisa no google com a frase exacta: "Ouro, prata e outras riquezas setecentistas numa herança da Baía (Brasil)".
É bastante interessante e dá-nos uma ideia da riqueza do Barão.
Direct link:
RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Muito Obrigado.
Leitura sempre interessante.
De onde vem o seu interesse pelas Gentes de Arruda, se não for indiscrição da minha parte?
Cumprimentos,
Tiago Corrêa
Direct link:
RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Em relação à Irmandade da Nossa Senhora da Salvação, ela realmente existiu mas não consigo encontrar informação.
Eu nasci em Arruda, apesar da minha familia não ser daqui. Gosto muito da história de Arruda e com o tempo fui recolhendo bastante informação que só agora estou a organizar.
Cumprimentos,
Nadea Dinis
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Se nasceu em Arruda, é de Arruda e o trabalho que está a fazer é notável.
Já pensou em organizar toda esta investigação e compilar numa publicação tipo as que existem já publicadas e á venda no Posto de Turismo?
Existe um livro engraçado sobre as Quintas de Arruda. Porque não um sobre as Famílias de Arruda?
Continue a dar notícias pois fico-lhe grato.
Tiago Ribeiro Corrêa
Direct link:
RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Olá Boa Tarde,
Parabens por todas as mensagens e informações trocadas sobre Arruda, pessoas e história. Também é um tema que me interessa muito.
Tenho um blog sobre Arruda, arrudadosvinhos.wordpress.com, com informações que vou tirando da internet com referência a Arruda (para além de utilizar o blog para divulgação de outro tipo de eventos).
Existe muito mais informação dispersa pela internet, muita bem interessante e curiosa e que prova que noutros tempos Arruda foi uma terra muito importante e com gente muito ilustre.
Relativamente ao tema "Barão de Arruda", no link em baixo, está uma referência ao 1º Barão e ao seu filho, 2º Barão de Arruda:
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_nov2002/pag28.html
Augusto Salgueiro
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Estimada Nádea Diniz,
Talvez telha-lhe passado despercebido minhas perguntas feitas em 20.5.2008, se puder respondê-las, muito lhe agradeço.
Antecipo agradecimentos. Fraterno abraço.
Samuel de Castro
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Caro Samuel
eu li a sua mensagem e na altura fiz alguma pesquisa, que por enquanto resultou em nada. tenho demasiada informação que vou aos poucos organizando. Se descobrir alguma coisa pode ter a certeza que o informarei.
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Estimada Nádea Diniz,
Muito obrigado pelo retorno e pelas disponibilidade de possível futura informação.
Ratifico agradecimentos. Fraterno abraço.
Samuel de Castro
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
"Arruda estava situada fora das grandes rotas viárias romanas e os acessos detectados (ponte romana na zona das Cardosas) são prova disso."
Não se percebe o sentido desta frase. A prova de estar fora da rede viária +e a existência de uma ponte? Parece-me contraditório.
No posto de turismo existe uma informação que afirma ter existido um ponte de origem romana junto à Quinta dos Corações, próxima do largo Irene Lisboa. Também existem nas redondezas caminhos actualmente rurais que no entanto ainda conservam lajes presumivelmente romanas. Ainda que não estivesse na rotas dos principais eixos viários é provável que constituisse um centro de produção agrícola cujos produtos seriam escoados através de vias construidas para o efeito. É sabido que o rio grande da pipa foi um grande eixo de penetração dos romanos fora do Tejo e mesmo numa época anterior à romana. Na zona situada entre as Antas e as Cahoeiras existem umas estruturas em pedra no solo com aparência muito antiga que parecem constituir canais para transporte àgua, no entanto não posso afirmar que sejam romanos, e actualmente situam-se em terreno não cultivado..
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Prezado autor nadeadinis
Como e onde posso encontrar nomes, locais e datas de nascimento e casamento dos descendentes dos Gama Lobo de Olivença?
Sou brasileira e tenho algumas pistas que minha descendência materna está ligada a este ramos familiar. Agradeço sua colaboração.
Maria Hhelena
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Não sei se a "Raízes e memórias" alguma vez se terá debruçado sobre os Gama Lobo, pertence á Associação portuguesa se genealogia. tenho registo de uns Gama Lobo, militares, em Nova Mazagão por volta de 1770, mas creio que já deve dispor dessa informação.
Nadea Dinis
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Prezada Nadea Dinis.
Pertenço ao INGESC, Instituto de Genealogia de Santa Catarina, Brasil e faço pesquisas há mais de 12 anos sobre meus familiares.
Precido encontar referências sobre Francisco Xavier do Rego casado com Anna Joaquina Libo e pais do Ten-Cel. João Capistrano do Rego Lobo.
Francisco era da cidade de Beja, casado em Beja . Ela da Sé de Vieira, em Óbidos. Já encontrei o batismo dos filhos de João Capistrano através desse fórum.
Quanto ao outro ramo que busco encontrei citação de que era da cidade do Porto: Francisco de Miranda e Castro pai de José de Miranda e Castro da Vila de Pinhel, Bispado da Guarda , avô de Gabrie Ferreira da Cunha,,nascido em Évora. Acho que toda essa minha gente é de Mazagão, vindo para a cidade de Desterro, atualmente Florianópolis.
Agradeço desde já sua primeira intervenção ao fórum.
Maria Helena.
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Nadea Dinis,
Quanto ao João Pereira de Castro c. c. Brites da Silva Maldonado, por acaso já descobriste alguma coisa sobre a ascendência dele ?
Antecipo agradecimentos. Fraterno abraço.
Samuel de Castro
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Caríssimos
Dados possuirem acesso a documentaçõa antiga sobre arruda dos vinhos, porventura possuem desenhos, descrições ou outras informações sobre o percurso do aqueduto e imagens da antiga ponte sobre a ribeira ao pé da adega cooperativa?
three-of-five@hotmail.com
Obrigado
Cumprimentos
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RE: Barão de Arruda dos Vinhos
Olá Boa tarde
Sou Gustavo J.F.Lameiras Fernandes, natural de Arruda dos Vinhos e filho de Artúlio Lameiras Fernandes que, em 1939, ocupava o cargo de Chefe de Secretaria da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Meu pai veio a falecer no dia 18 de Fevereiro de 1941, precisamente no dia em que fiz um ano de idade. Minha mãe veio para Lisboa onde voltou a casar passados quatro anos. Com uma adolescência atribulada a que se seguiu o serviço militar obrigatório e, após, as obrigações profissionais, contribuíram para que conheça mal a terra onde nasci e pouco sei do meu pai.
As andanças profissionais trouxeram-me até ao Brasil, onde conheci a minha companheira, passando a residir nesta terra de além mar há cerca de oito anos.
Assim, agradecia, caso seja possível, maiores informações sobre a terra onde nasci e mal conheço bem como sobre o meu pai, sabendo que, na época houve um jornal ou revista com o nome Ribatejo, que falava do meu pai.
Penso que na Câmara deverá existir registos sobre Artúlio Lameiras Fernandes, mas nunca tive oportunidade de os solicitar.
Reiterando os meus agradecimentos, envio
Fraternal Abraço
Gustavo Lameiras Fernandes
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Barão de Arruda dos Vinhos
Caríssima Nadea Dinis
Sou Bisneto de Celestino Augusto da Costa que foi;
de;1937 a 1946-Presidente e Administrador do concelho de Arruda dos Vinhos: Capitão de Cavalaria Celestino Augusto da Costa, gostaria de lhe perguntar se tem algumas noticias dele pelo tempo que passou por essa região,estando eu a fazer um levantamento genealógico da minha família,muita agradecia
Cumprimentos
Celestino Pinto Costa
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Barão de Arruda dos Vinhos
Digníssimo Gustavo Fernandes
É curioso que o seu pai fez parte do elenco camarário de Figueiró dos Vinhos num dos mandatos do meu bisavô;Capitão Celestino Augusto da Costa no ano de 1939,como refere a nossa confrade Nadea Dinis no seu post nº#197217 do passado dia 20 de Maio de 2008.
Pois eu como estou a fazer o estudo genealógico da minha familia,se souber mais alguma coisa informo-o
Cumprimentos
Celestino Pinto Costa
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Familias de Arruda dos Vinhos
Bom dia,
Reparei no seu saber sobre Arruda dos Vinhos, e tomo a ousadia de lhe perguntar se sabe algo sobre a familia Homem, concretamente, sobre a familia de um Padre Francisco Homem que faleceu em Arruda dos Vinhos em 28/10/1677, foi sepultado na Igreja em sepultura sua, conforme diz o assento na página 56.
Este Padre Francisco Homem, passou algum tempo da sua vida na freguesia de Alvorninha, concelho de Caldas da Rainha, onde foi padrinho de várias crianças, e onde viviam alguns elementos da família Homem, designadamente, Francisco Homem de Azevedo, João Homem da Cunha e, um irmão deste João Homem, Martim da Cunha D Eça.
Este Padre Francisco Homem é o pai de um José Henriques Correia (meu antepassado) conforme consta da declaração feita pelo padre no registo de casamento que se realizou em Alvorninha em 25/11/1694, assento na página 21
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Barão de Arruda dos Vinhos
Bom dia,
Com essas referências e nessas datas, não tenho nenhuma informação comigo que o possa ajudar.
Cumprimentos,
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