Marquês de Vale Flor
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Marquês de Vale Flor
Estive recentemente hospedado no palácio do Marquês de Vale Flor que actualmente é um hotel da cadeia Carlton. Quando dessa estada, disse aos meus convidados que comigo aí se encontravam que, apesar da sumptuosidade do edifício, notava alguns sinais que na altura por ventura seriam de tentivas de exteriorizar riqueza. Fui imediatamente contestado por quem me ouviu, como que nada entende-se do que é belo. É óbvio que não pús em causa a beleza do hotel, no entanto, gostaria de saber um pouco mais acerca deste Marquês. Dado ter sido um título concedido por D. Carlos no fim do séc. XIX ou início do séc. XX, não será legítimo suspeitar de ter sido um título comprado por serviços prestados à coroa nessa altura?
Não entenda quem leia esta mensagem que considero desprezível o facto dos serviços prestados à coroa mais recentes menos dignos que os de outrora.
José Pedro Leão
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro José Pedro,
Talvez já tenha ouvido contar a história que o Rei D. Carlos, ao preparar-se para assinar um decreto de título, teria comentado "Este nem Silva é!". Já ouvi contar que seria o decreto do Vale Flor...
Lourenço Correia de Matos
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro Lourenço,
A minha mulher acabou de acordar com a gargalhada que não consgui conter ao ler a sua mensagem. Devo pois deduzir que as minhas suspeitas estariam correctas.
Um abraço,
Zé Pedro Leão
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro Zé Pedro,
Eis o que consta na Nobreza de Portugal e Brasil, Tomo III, pp. 466-467.
Abraço
Nuno Borrego
VALE FLOR (Visconde, Conde e Marqueses de). Foi único Visconde e Conde e 1º Marquês de Vale Flor José Constantino Dias, que nasceu em Murça a 19-111-1855 e morreu em Bad-Nauheim (Alemanha) a 20-VII-1932.
Iniciou a sua carreira colonial em 1871, na ilha de São Tomé. onde se empregou numa casa comercial. Em 1874 teve ensejo de se ocupar de agricultura, objectivo que o tinha levado para aquela província ultramarina, e três anos depois iniciou uma exploração agrícola por sua conta. Em 1882 comprou a Roça Bela Vista, adquirindo gradualmente os fundamentos de uma das maiores fortunas de Portugal. Foi fidalgo-cavaleiro da Casa Real, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viço$a, grande proprietário na ilha de São Tomé, presidente da Câmara Municipal da mesma ilha, etc.
Casou com D. Maria do Carmo Dias Constantino Ferreira Pinto, que nasceu em 1872 e morreu em Lisboa a 12-11-1952, filha de Elias do Carmo Constantino Ferreira Pinto e de sua mulher, D. Jenny Dias Constantino; c. g. A Marquesa de Vale Flor, que residia habitualmente na sua casa de Paris, foi dedicadíssima amiga da Rainha D. Amélia. Ainda em vida criou a «Fundação Vale Flor», em memória de seus filhos falecidos (José Luís, sucessor no título de Marquês, e Jenny, que morreu em 1912), que estabelece prémios a rapazes e raparigas pobres que se distinguiam pelos seus dotes de carácter e de bondade. É administrada pelo Montepio-Geral, atribui prémios pecuniários, pelo Natal, consagrando um rapaz e uma rapariga, em acto público de grande solenidade, que tem tido a presença do Presidente da República. A Marquesa fundou , também o Instituto Marquês de Vale Flor, destinado a estudos e trabalhos científicos sobre as nossas províncias ultramarinas, tendo e.m vista a melhoria das condições de vida locais, especialmente em Sao Tome, iniciativa que foi dotada com o fundo de dez mIl contos e cedencia do seu palácio da Rua Jau, em Lisboa, para sede do Instituto.
O título de Visconde foi concedido por Decreto de 3-V-1890 (D. Carlos). O mesmo soberano o elevou à Grandeza como Conde, em data que ignoramos, e a Marquês por Decreto de 7-XI-1907.
Foi 2º Marquês José Luís de Vale Flor, que morreu solteiro e s. g. em 1942, filho dos 1ºs Marqueses. : Usou o título por autorização de D. Manuel II, no exílio.
Armas: escudo partido: I, de oiro, cornucópia azul contendo flores (rosas); 2, de vermelho, I entre dois castelos de oiro, uma banda do mesmo metal com a legenda: HONOR ET LABOR. Coroa de Conde (depois substituída pela de Marquês).. Timbre: uma rosa do escudo. Suportes: dois leopardos de oiro. (Armas de merce-nova concedidas por alvará de 18-X-1892 e Carta de 03-XI-1893)
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro Nuno Borrego,
A sua mensagem vem dar razão ao último parágrafo da minha primeira mensagem. A Nobreza não necessita de antiguidade para ser válida. Pela sua descrição, nem de serviços à coroa se trataram os do Marquês de Vale Flor, mas sim serviços às pessoas mais carenciadas.
Um abraço e obrigado,
Zé Pedro
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RE: Marquês de Vale Flor
Caros Colegas,
Existe um episódio relatado salvo erro nas Memórias do Marquês de Lavadio sobre a atribuição deste titulo, vou hoje procurá-lo e amanhã darei mais promenores. De qualquer maneira conheci e fui amigo do recentemente falecido José Luis de Valle Flor posso tentar arranjar mais elementos. Sei que ao seu Pai Guy de Valle Flor foram feitos os seguintes versos:
"Disseram-me que te intulas Marquês
O que me deixou perplexo
Não serás apenas Marques
Com um acento cincunflexo"
Um Abraço
José Tomáz de Mello Breyner
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RE: Marquês de Vale Flor
Uma pequena correcção se me permite.
O Palácio Vale Flor não pertence à cadeia Carlton mas sim à cadeia PESTANA HOTELS & RESORT. Portuguesíssima (com sede na Madeira) e a maior do país contando já com 30 hotéis por Grande Lisboa, Cascais, Porto, Algarve, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador da Bahia, Maputo, Bazaruto, Kruger Park etc.
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RE: Marquês de Vale Flor
Caros Confrades,
No romance escrito pelo Sr. Miguel Sousa Tavares, cuja acção decorre na ilha de São Tomé durante o reinado de D. Carlos, é referido, a páginas tantas, que a elevação a Marquês do Conde de Vale Flôr foi um agradecimento pela forma como este último Senhor recebeu o Principe Luis Filipe na Roça da Bela Vista por ocasião da viagem que ele empreendeu às colónias em 1907.
Não sei se é verdade mas suponho que o autor do romance se tenha documentado devidamente.
Todavia, é interessante verificar que a data do decreto de elevação a Marquês é compatível com a versão apontada no livro.
Cumprimentos,
JP
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RE: Marquês de Vale Flor
Meu Caro Amigo
Aquela passagem do livro do Miguel foi tirada das "Memórias do Marquês de Lavradio" que acompanhou o Principe Real Senhor Dom Luis Filipe na visita às Colónias.
É um interessante livro de Memórias que tenho a sorte de possuir, pois o Sr Marquês de Lavradio após o Regicidio foi nomeado Secretário de El Rei Dom Manuel, tendo-o seguido para o exilio, e neste livro conta episódios interessantissimos.
Aliás vários episódios do Livro Equador são tirados destas Memórias.
Um abraço
JTMB
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro Confrade,
Obrigado pelo seu esclarecimento.
Já agora, uma vez que parece ter lido o livro e conhece bem as fontes no qual ele se baseou, permito-me perguntar que tal lhe pareceram as descrições nele feitas das personagens históricas, nomeadamente, de D. Carlos, de D. Luís Filipe e do Conde de Arnoso.
Um abraço,
JP
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro JP
Pareceram-me o mais fieis possiveis pelo que li principalmente no Diário e nas Memórias do meu Bisavô (que por acaso também é Bisavô do Miguel Sousa Tavares)e que foi outra das fontes do MST - Tenho a certeza que o Miguel se documentou muito bem para escrever este livro que li, reli, e adorei.
Um abraço
JTMB
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro JTMB
Por acaso sabe se o referido livro se refere à passagem do príncipe Luís Filipe pela Ilha de Moçambique?
Muito obrigado
JLiberato
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro J Liberato
As Memórias do Sr Marquês de Lavradio relatam com bastante detalho toda a Viagem do Principe D. Luis Filipe às Colónias, não me lembro concretamente da passagem pela Ilha de Moçambique, mas posso com todo o gosto procurar e confirmar.
Um abraço
JTMB
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RE: Marquês de Vale Flor
Muito obrigado pela sua resposta.
Como provavelmente já reparou pelas minhas intervenções no Forum, interesso-me muito pela Ilha de Moçambique.
Segundo a minha avó contava, teria sido ela a receber o príncipe no cais, talvez entregando-lhe flores. "Reinvindicava" ainda que um sinal que tinha na face provinha do beijinho que o príncipe lhe havia dado naquele momento.
Teria ela então 6 anos. Veio a falecer em 1980.
Todos os elementos àcerca desta presença do príncipe na ilha me interessam.
Um abraço
JLiberato
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro J. Liberato
Há três ou quatro anos Ana e António Pedro Vicente publicaram (Inapa) um livro só sobre D. Luís Filipe quwe ainda se encontra à venda. Há também um livro de Aires d'Ornelas sobre o Príncipe.
Cumprimentos
Lourenço Correia de Matos
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RE: Marquês de Vale Flor
Caro Lourenço Correia de Matos,
Muito obrigado pelas pistas.
JLiberato
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D.Luis Filipe
Nesse livro refere-se que o Príncipe D.Luis Filipe andava perdido de amores pela filha de um Visconde, que apressadamente foi levada para a Suiça, onde viria a morrer tuberculosa, como qualquer heroína romântica que se preze.
Alguém sabe quem era a menina ?
JSPinto
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RE: D.Luis Filipe
caro JSPinto
"(...) o Príncipe D.Luis Filipe andava perdido de amores pela filha de um Visconde, que apressadamente foi levada para a Suiça, onde viria a morrer tuberculosa, como qualquer heroína romântica que se preze."
Por acaso chegou a descobrir a veracidade e quem seria a personagem?
cumprimentos
João Borges
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