António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
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António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
Caros Confrades:
Em 1815, em Lisboa, casa-se uma senhora que se diz viúva de António José de Miranda, Físico-Mor dos Estados da Índia.
Alguém poderá elucidar-me sobre quem seria esta personagem?
Antecipadamente grato,
José Caldeira
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António José de Miranda Almeida
Cito:
"História, Ciências, Saúde-Manguinhos
Print ISSN 0104-5970
Hist. cienc. saúde-Manguinhos vol.11 suppl.1 Rio de Janeiro 2004
ANÁLISE
O ensino da medicina na Índia colonial portuguesa: fundação e primeiras décadas da Escola Médico-cirúrgica de Nova Goa
Cristiana Bastos
Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa Av. Prof. Aníbal Bettencourt, 9 1600-189 — Lisboa, Portugal c.bastos@ics.ul.pt
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»A fundação da Escola Médica: antecedentes, rupturas e continuidades
A fundação da Escola Médica de Goa, em 1842, está ausente da legislação portuguesa, que só a menciona e legitima por diploma em 1847 (Conselho Ultramarino, 1867, pp. 551-8; Silva, 1844, pp. 128-35). Esta cronologia, bem como os seus antecedentes sugerem tratar-se de um ato mais diretamente ligado aos processos locais do que a determinações do governo português. Instituída e regulamentada pela portaria provincial de 5 de novembro de 1842 (Governo do Estado da Índia, 1842b, 1842c), deve a redação inicial dos seus estatutos a uma junta nomeada pelo conde de Antas, então governador da Índia, e vem na seqüência de algumas tentativas anteriores de organização de um currículo médico (ver nota de pé de página nº 8)
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8 Destaca-se, nestes esforços, o físico António José de Miranda Almeida, recebido calorosamente em Goa para organizar e coordenar a Aula de Medicina no Hospital. Miranda Almeida era um professor da Universidade de Coimbra cuja vida nessa cidade estava estigmatizada por escândalos pessoais (Gracias, 1914; Pita, 1996, pp. 508-11), algo que, como em tantos outros casos, foi elegantemente solucionado com uma prolongada estada na Índia. Do ponto de vista da medicina em Goa, tal estada foi muito saudada e benéfica, e o regresso do professor ao reino, em 1815, foi visto como uma interrupção dos trabalhos iniciados. As tentativas de estruturação do ensino médico prosseguiram com diversos sobressaltos, sendo brevemente coordenada pelo famoso Lima Leitão (Figueiredo, 1961), conhecido pela variedade de postos que assumiu no império e contra ele, inclusive nas tropas de Napoleão. Lima Leitão retornaria à metrópole para exercer funções políticas, deixando o projeto de institucionalização do ensino médico para a geração seguinte.
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Bibliografia
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Gracias, José António Ismael 1914 'Fisicos-Móres da India no Seculo XIX. - Memoria historica'. O Oriente Português, vol. XI, no 11-12, pp. 255-78.
“Pita, 1996” não aparece na bibliografia do artigo, possivelmente por lapso do autor.
É consultar J.A.I. Gracias para conhecer melhor os factos ligados à "fuga" de Coimbra.
Cumprimentos e boas pesquisas. VF
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RE: António José de Miranda Almeida
Caro VF:
Muito obrigado pelas óptimas e rápidas informações.
Já estou bastante elucidado e tenho ainda por onde investigar.
Bem haja e bom domingo!
Cumprimentos,
José Caldeira
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RE: António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
Caro José Caldeira:
Quer que eu lhe veja alguma coisa pelos ficheiros da UC no AUC?
Diga coisas. Na Quinta-Feira deverei passar por lá.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
Caro Pedro França:
Agradeço-lhe muito a oferta e aceito.
Será que este António José de Miranda Almeida não será dos seus Mirandas?
Digo isto porque a sua viúva casa em 2.ªs núpcias com um midonense, numa cerimónia em que foi testemunha um Brandão... Ah, e a senhora era da Lousã. Claro que tudo pode ser a minha imaginação a efabular e não passar de simples coincidências.
Aguardo as suas notícias e apresento-lhe os meus cumprimentos,
José Caldeira
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RE: António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
Caro José Almeida,
O Doutor António José de Miranda e Almeida nasceu em Olivença em 18.5.1768, tendo falecido em S. Mamede a 10.3.1833, sendo filho de Tomás de Miranda e Almeida e de Ana Antónia Pereira. Casou-se com D. Mariana Magalhães Mexia Macedo e Bulhões.
O seu percurso académico na Universidade de Coimbra iniciou-se com a matrícula em Filosofia (5.10.1782), a que se seguiu as matrículas em Matemática (7.10.1783) e em Medicina (6.10.1786). Formou-se em Filosofia em 6.7.1786 e em Matemática em 9.7.1787, tendo obtido o grau de Doutor em Medicina em 15.7.1792.
O motivo para as matrículas em Filosofia e em Matemática decorria dos Estatutos Pombalinos de 1772, que impunha que a matrícula no 1º ano do curso de Medicina só se podia efectuar após a conclusão dos estudos preparatórios nas Faculdades de Filosofia (1º ano) e Matemática (1º a 3º ano), motivo pelo qual o curso de EMdicina se tornava num dos mais extensos da Universidade de Coimbra, totalizando oito anos de frequência.
O Doutor António José de Miranda e Almeida regeu as cadeiras de Teoria (1792), de Terapêutica Cirúrgica (1793-1795), ambas como lente substituto extraordinário, e de Matéria Médica (de 1795 a 1797 como demonstrador e de 1797 a 1799 como professor substituto).
Jubilou-se como Lente de Prima, por Carta Régia de 19.2.1816, tendo ainda exercido o cargo de Secretário da Faculdade de Medicina entre 31.7.1792 e Jlho de 1795.
Ausentou-se da Universidade de Coimbra a partir de 1799 na sequência de problemas com a sua mulher, que lhe mereceram uma censura oficial. A este propósito, o livro de Registo de Ordens Régias cita um Aviso de 28.5.1799, que obrigava o Doutor António José de Miranda e Almeida a descontar uma parte do seu ordenado para a subsistência da mulher. Julga-se, aliás, que foi este incidente que esteve na origem do seu afastamento da Universidade e da sua partida para a Índia como Físico-Mor (nomeado por Carta Régia de 4.5.1800), tendo permanecido em Goa até 1815.
Nuno Barbosa de Madureira
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RE: António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
Caro Nuno Barbosa de Madureira:
Muito obrigado pelas suas preciosas e extensas informações.
Fiquei a conhecer muito bem o Doutor António José de Miranda e Almeida.
Será que me consegue identificar melhor o local de falecimento? É São Mamede, freguesia de Lisboa?
Verifico pela sua mensagem que ele faleceu a 10-3-1833, o que me deixa perplexo, pois a mulher, quando casa com o meu parente a 13-5-1815, declara ser viúva.
Reitero os meus agradecimentos e apresento os meus cumprimentos,
José Caldeira
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RE: António José de Miranda, Físico-Mor da Índia
Caro Confrade Nuno de Madureira,
Por acaso conhece a ascendência imediata da D. Mariana Magalhães Mexia Macedo e Bulhões ou ligação aos Magalhães Mexias da Lousã ?
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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Para o José Caldeira
Caro José Caldeira:
O confrade Nuno Madureira já lhe deu a resposta.
No entanto pode ficar a saber ainda, que o Dr. António José de Miranda e Almeida tem certidão de idade na UC: processo nº 91, Livro V, 1ª Série (1772-1833).
Posso dizer-lhe que foi baptº a 04.06.1768/f. 127v. na Igreja Matriz de Olivença (estes paroquiais ou estão na Biblioteca Municipal de Elvas ou em Olivença mesmo...; eu sei, porque Elvas não cedeu ao ADPortalegre os paroquiais que eram das paróquias de seu antigo bispado; eu vi esses livros na dita Biblioteca há vários anos atrás). O dito médico nasceu a 18.05.1768.
Era filho de Tomás José de Miranda e Almeida, natural de Lisboa (fregª dos Anjos), e de sua mulher Ana Antónia Pereira, de Olivença (Matriz).
Era neto patº do alferes José de Miranda e de Teresa Marcelina.
Era neto matº de António Pereira Mendes e de Guiomar Joaquina.
A certidão tem data de 07.08.1782. Tinha ele 14 anos ao preparar-se para ingressar na UC.
As certidões de idade no AUC só podem ser digitalizadas, e passadas para CD-Rom.
Um abraço e tudo de bom para si.
Sempre,
Pedro França
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Para o Ângelo da Fonseca
Caro Ângelo:
Está de facto interessado nessa senhora?
Diga coisas.
Um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Para o José Caldeira
Caro José Caldeira:
Desculpe-me este apontamento:
- Os Mirandas deste Físico-Mor metem para Lisboa e daí não sei de elo de ligação com os de Midões. Tudo é possível...José de Miranda, alferes?... Hum!... O Arquivo Histórico Militar terá alguma coisa dos sécs. XVII-XVIII em termos de filiações dos oficiais?...
...Bom, um abraço.
Sempre,
Pedro França
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RE: Para o José Caldeira
(resposta às duas mensagens)
Caro Pedro França:
Muito obrigado. Penso que já sei o suficiente sobre o Dr. António José de Miranda e Almeida, graças ao confrade Nuno Madureira e a estas suas novas achegas.
Logo que possa vou dar um salto ao AHM para ver o processo do pai dele. Com um pouco de sorte já está na base de dados que está a ser criada com o apoio do grupo de Amigos do Arquivo Histórico Militar. Vai ser uma boa ajuda quando estiver pronta, pois está muito bem feita e permite vários tipos de busca.
A hipótese que me ocorreu de ser dos Mirandas de Midões foi motivada pelo facto de o 2.º marido também ser daí, embora no arquivo da Casa do Ribeirinho, a que ele pertencia, não haver documento algum que se refira a esse casamento. Terá sido anulado? É que o primeiro marido da senhora, que ela declara morto, para morto estava com muito boa saúde, pois chega nesse mesmo ano da Índia e ainda viveu mais de 2 décadas e parece até que ainda voltou a casar...
Enfim, por muito menos fez Camilo bons romances.
A senhora, cujos apelidos remetem para a Lousã, não consta das muitas obras genealógicas dedicadas aos Macedos Magalhães Mexias Bulhões, nem do último Anuário. A não ser que me tenha escapado.
Espero já ter avançado mais nas investigações quando for a Coimbra no dia 4. Dar-lhe-ei mais pormenores deste enigmático caso, se tiver o prazer de o encontrar na sessão da Associação Portuguesa de Genealogia no AUC ou no dia seguinte em Lagares da Beira.
Um abraço e mais uma vez os meus agradecimentos,
José Caldeira
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RE: Para o Ângelo da Fonseca
Caro Pedro,
Deixei passar em branco esta sua oferta pelo que peço desculpa.
Vou aceitar a sua disponibilidade, tal como digo no e-mail que lhe dirigi hoje.
Dsde já agradecido envio os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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