Cidadão da Cidade do Porto
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Cidadão da Cidade do Porto
Caros confrades,
Por diversas vezes tenho encontrado em biografias de várias personalidades o privilégio o título de Cidadão da Cidade do Porto.
Que privilégio era este? A quem podia ser concedido? Com a sua atribuição era dada uma medalha? Existe em algum museu exemplares dessas medalhas?
Agradeço qualquer ajuda sobre este assunto.
Cumprimentos,
Cristiano Cardoso
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RE: Cidadão da Cidade do Porto
Caro Cristiano Cardoso
Não era um título! E quanto ao previlégio, era o facto de o Foral da cidade do Porto (até 1517) conceder algumas perrogativas diferenciadas de outros forais do seu termo, nomeadamento o cidadão puder usar espada e o almaxarifado cobrar ou prescindir de taxas, serviços de portagem especiais, entre outros. Costuma dizer-se que "o Porto é uma nação" e um dos aspectos era a dita independência fiscal e política da cidade, muito por força do, também, autónomo "Foral do Bispo do Porto". Quanto ao museu que regista essas "medalhas" (não leve a mal a piada) tem-no, por exemplo, no Museu do FCPorto (outra das razões para o Porto ser uma "nação"!!!).
cumprimentos,
João Borges
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RE: Cidadão da Cidade do Porto
Caro João Borges,
Antes de mais muito obrigado pela resposta. É bastante esclarecedora. Eu também suspeitava que fosse mais um privilégio que um título. O que é certo é tenho encontrado nas minhas pesquisas muitos indivíduos que fazem questão de se identificar como cidadão da cidade do Porto, quando muitas vezes até tinham a residência principal ou solar noutras regiões.
Mas permita-me que coloque outras questões. Receber este privilégio pressupõe que o privilegiado vive-se no Porto? Ou poderia viver fora da Cidade e ter por exemplo apenas uma casa dentro dos muros? E quanto à medalha (e concordando que de facto "o Porto é uma nação" virtude do FCP e muitas outras coisas) ela tinha representada as armas da cidade?
Esta questão da medalha é muito importante pois ajudaria a identificar algo que foi recentemente encontrado numa escavação arqueológica.
Cumprimentos,
Cristiano Cardoso
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RE: Cidadão da Cidade do Porto
Caro Cristiano Cardoso
Vou tentar responder-lhe às suas questões, um pouco à pressa, e peço aos confrades mais habilitados que me corrigam ou intervenham. A ver; O Porto teve foral 1123 por interposta acção de D. Diogo Gelmires e de D. Hugo (1º bispo do Porto que como deve saber era de origem Francesa). D. Teresa em 1120 doou o couto e o burgo do Porto ao seu prelado e concedeu-lhes legitimidade para autorgar (em 1123) a carta de Foro. O Porto fica assim, tal como Guimarães e Constantim a ter foral nos primados do séc. XII. E não foi só o foral (de crucial importância política!) foi um couto com particulares mecanismos senhoriais pois tinha o direito de "dispôr" e toda a gerência estava centrada no seu Bispo e cabido para evitar "guerras de posse" entre os burgueses. Abaixo do Bispo só o Meirinho mas era o bispo que detinha a função de juíz. E os burgueses (do "burgo")? Já no sé. XIII e XIV eram uma "nação": podiam usar arma, tinham direito de cobrar algumas taxas, tinham direito a expansão territorial nos limites da cidade para se dedicarem à lavoura, e se fossem alvo de penhora só se podia entrar na casa deles na presença de 3 "homens-bons" do mesmo lugar! Digamos que estes e outros pormenores faziam do Porto – note-se, dos seus habitantes enquanto cidadãos que pagavam impostos e viviam nos seus limites – uma cidade com algumas características jurídicas particulares e peculiares. Acerca do facto de os fidalgos não poderem pernoitar na cidade mais do que três dias, esse era um facto, e se na verdade, num determinado período interessava ao Bispo, afastar o poiso de outros nobres, foi no periodo liberal que o epíteto ganhou fama. Até ao Foral de 1517 de D. Manuel a cidade do Porto gozava de certos previlégios de palavra que se foram dissiminando com a política absolutista Manuelina.
Sobre a "medalha", que posso dizer? Concerteza foram feitas inúmeras mas estou certo que nunca foi feita uma "Medalha" específica para dar a cidadãos por motivos especiais. Não era uma norma. O uso de "hábitos" pertencia às Ordens religiosas e dinásticas e havia regras muito rígidas para a sua ostentação!!
O Brazão da cidade ainda é o brazão Real e graças a Deus os "repúblicanos" não se atreveram a modificá-lo. Nas armas está a história do Porto de 1123 até os dias de hoje: o "burgo dos bispos" (sêlo episcopal), as armas reais, os anjos e escudetes de Portugal, a Virgem com o menino, as muralhas da Cidade (alusão às guerras e invasões), o coração de oiro de D. Pedro (que este doou ao Porto em testamento), etc, etc, e por timbre o DRAGÃO "negro das antigas armas dos senhores Reis dêstes reinos"!, entre outros heráldicos, e importantes, pormenores.
Sobre o Brazão de armas da cidade do Porto recomendo (é obrigatório) os estudos de Armando de Mattos e Artur de Magalhães Basto. Se tem dúvidas sobre a origem e forma da medalha deve consultar o Arquivo Histórico M. do Porto, que o vão ajudar!
Bem, concerteza já me alonguei de mais! É que isto de o Porto ser uma nação, dá trabalho!!
cumprimentos
João Borges (Portuense e Portista)
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RE: Cidadão da Cidade do Porto
Caro Cristiano Cardoso
Quanto a mim, que conheço apenas menos mal o miolo do séc. XIX portuense, cidadão, nessa época, era quem havia servido em cargos municipais.
Cumprimentos,
Manuel.
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RE: Cidadão da Cidade do Porto
Caros Confrades,
Agradeço a ambos a ajuda. A medalha de que falo tem, numa das faces, precisamente a Virgem com o Menino e por trás uma construção que sugere um edifício religioso ou defensivo (ou ambos). Este artefacto foi encontrado em contexto da segunda metade do século XVII, num casal que aparece ligado aos capitães-mores de Lousada.
Cumprimentos,
Cristiano Cardoso
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