Jácomes, de Avô - Beira Alta
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Jácomes, de Avô - Beira Alta
Sendo Jácome patronimico, parece existirem varias familias homonimas de origem diferente com este apelido em Portugal. Ao ler noutro topico Vasco Jácome afirmar que os ramos de Viana e de Braga teem a mesma fonte, ocorreu-me perguntar se ele ou alguem neste forum sabe se a família Jácome, da vila de Avô, documentada desde os scs. XV/XVI e ligada por casamento com as familias Madeira Arrais, Madeira da Costa, e Figueiredo, possa entroncar com os Jacomes do Minho ja referidos, ou com os da Covilha. Nos dados que tenho ao dispor Jacome aparece sempre como sobrenome, e uma única vez como nome inicial em homem (nome proprio?).
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RE: Jácomes, de Avô - Beira Alta
Caro Alexandre Tavares Festas
Infelizmente, não conheço esse ramo de Jácomes beirão e ligado a Madeiras.
O estudo mais completo que conheço sobre ramificações de Jácomes é o ttº que está no Felgueiras Gayo, onde não encontro a tal ligação.
Como bem disse, Jácome era nome próprio masculino, pelo que pode haver várias famílias que tenham começado por usar este nome e que em gerações seguintes se tenha transformado em apelido. Será o caso dos Jácomes Correia, dos Açores.
De qualquer modo, se colocar aqui dados biográficos sobre esses indivíduos do séc. XV e XVI, talvez inspire qualquer comentário.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: Jácomes, de Avô - Alguns Dados
Caro Vasco Jácome
Obrigado pela sua tao pronta resposta, e pela simpatica pesquisa no Gaio, que nao possuo. Os elementos principais de que disponho foram estudados genealogicamente pelo Dr. Antonio de Vasconcelos e publicados pela Imprensa da Univ. de Coimbra em 1922, em anexo à sua obra "Braz Garcia Mascarenhas".
Aqui ficam alguns dos dados biograficos que me aconselhou trazer ao forum:
- Meu 6º avo Alexandre de Figueiredo Jácome, último na minha familia por ascendencia recta a usar o apelido Jacome, e primeiro da linha dos Alexandres (de Figueiredo) que me trouxeram o nome, foi b. a 13 mar. 1646, em Avô (naturalidade igualmente de todos os que se vao seguir, excepto quando assinalado). Foi habilitado para receber ordens menores em dezº 1661, sendo o único de 8 irmaos sobrevivos que nao passou ás ordens ou votos maiores. Casou com D.Feliciana Coelho de Miranda, fª de Antonio Coelho de Miranda, de S. Romao, e de D.Maria Mascarenhas, de Coja. Sucedeu a seu Pai no oficio de tabeliao do publico e judicial daquela vila. Seu irmao mais velho o Dr.Matias Jácome de Mendonça Figueiredo, teologo, b.14.jul.1644, afilhado do Braz Garcia Mascarenhas autor do poema epico em alexandrinos "Viriato Tragico", iniciou o processo de genere para a sua ordenaçao em novº de 1666. Depois de ordenado presbitero, foi enviado para a India como Provisor do Arcebispado de Goa, aonde fal. em 8 jan. 1676. Aparecendo denuncia ao habilitar-se do impedimento de impureza de sangue, teve de correr um processo especial de investigaçao em varias localidades, apensando-se a este um outro processo que correra contra o P.e Matias Garcia, irmao de Braz Garcia Mascarenhas, por ter chamado "judeu" ao pai do Dr.Matias Jacome. Por fim foi pronunciada, a 12.4.1668, a sentença declarando-o cristao velho, limpo de qualquer contágio de "infecta naçao, das reprovadas em direito". Este processo e sentença, de que possuo cópia por inteiro, inspiraria um romance a Camilo, tao repleto de cor, de episodios clerico-militares e de pitoresco é, e diz respeito à origem dos Figueiredos de Avô, nao à dos Jácomes. Dos restantes 6 irmaos, 3 foram freiras no mosteiro de Celas, em Coimbra, dois frades (um cisterciense e outro trino), e um 2º Padre, de nome Simao Madeira da Costa, foi Abade de Moncorvo e de Fornos. Filhos ambos de:
- D.Maria Jacome de Mendonça, que casou em Avô na capela de Nª Sra. do Mosteiro - daonde lhe vieram talvez os 7 filhos religiosos professos em 8 que teve - em 8.2.1641 com Bernardo Duarte de Figueiredo, sargento-mor de Avo, tabeliao do publico e judicial, filho de Salvador Duarte de Figueiredo, capitao-mor de Pombeiro da Beira, e de Catarina Gomes da Silva, "da qual (senhora) proveio aos seus descendentes fama, embora infundada, de impureza de sangue"; Filha esta D. Mª Jacome de:
- D.Isabel Nunes de Mendonça, fal. em 1641, mulher de seu primo Simao Madeira da Costa, escrivao dos orfaos de Avo, Vila Cova e S.Sebastiao da Feira, fº do Capitao Mor de Avo Gaspar Dias da Costa que ai casou a 16.2.1586 com Susana Manuel, que se dizia descendente de Antonio Rodrigues, de Buarcos, escudeiro de D.Joao I. Gaspar Dias da Costa, "alem dos rendimentos da sua Casa, auferia lucros da industria de fabricaçao de tecidos de linho e lã, e do comercio, sendo fº de Fernao Gil da Costa industrial de las e fabricaçao de tecidos, industria que depois abandonou, neto materno este Fernao Gil de Andre Quaresma, de Arganil, FCCR (D.JoaoIII),descendente estes Quaresmas "segundo se afirmava, de D.Paio Soares Correia, da nobre estirpe de Paio Ramires que passou a Portugal com o conde D.Henrique", e neto paterno de Pedro Dias da Costa, tambem de Arganil, EFCR, fº de Diogo Alves da Costa, "segundo diziam dos Costas do Cardeal" de Alpedrinha D.Jorge. Filha de
- D.Maria Jacome e seu marido Antonio Simoes, de Vila-Cova-sob-Avô (tiveram filhos de 1597 em diante). Filha esta D.Mª Jacome de outra sua homonima:
- D.Maria Jacome, n. antes de 1583 e c.c. seu primo co-irmao Domingos Fernandes, sargento mor de Avo, fº de Henrique Madeira e sua mulher e prima Leonor Madeira. Em 1586 foi este Henrique Madeira eleito deputado para (...) regular aforamentos dos bens das confrarias de Avo. Neto paterno de Henrique Madeira Arrais que n. em Avo em maio de 1458 (sic), e ai fal. em 1525, sepultado no altar lateral que possuia na capela mor da Matriz de Avo, fidalgo escudeiro da rainha D.Leonor de Aviz e de sua 1ª mulher Leonor Fernandes, "que fora criada de uma colaça daquele rei" (D.Joao II).
Para cima destes 12ºs avos, em ramo de Jacomes, nada mais sei. Sao numerosissimos no entanto os Jacomes em Avo, colaterais e descendentes, conforme se pode ver na obra referida, com varios casamentos entre primos. O nome parece ser usado desde praticamente o inicio do que esta documentado, mas nao se compreende a sua origem inicial, ou eventuais entroncamentos para fora desta vila.
Com os Melhores Cumprimentos
Alexandre Tavares Festas
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RE: Jácomes, de Avô - Alguns Dados
Caro Alexandre Tavares Festas
Infelizmente, ainda não consegui descortinar essa gente no Gayo nem a origem desse Jácome.
No entanto, no ttº de Figueiredos, encontro alguns Duarte de Figueiredo, ligados a Gois.
Conhece a origem desse Salvador Duarte de Figueiredo? É possível que se trate de um ramo que Gayo não identificou.
Por agora é tudo que consigo adiantar,
Vasco Jácome
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RE: Figueiredos, de Avô
Caro Vasco Jacome
Muito interessante o que diz sobre Duartes de Figueiredo em Góis. Serao os mesmos?
Salvador Duarte de Figueiredo teve 3 filhos: Mateus Duarte de Figueiredo, capitao-mor de Pombeiro da Beira como seu pai; Bernardo Duarte de Figº que passou daquela vila a Avo, onde casou com D. Maria Jacome, passando a acumular os principais cargos de nobreza, e despertando inveja e perseguiçao por esse motivo; e Marcos Duarte de Figº que casou na Covilha com D.Ana Rodrigues. Donde concluo ser Duarte patronimico comum na familia, depois abandonado.
Durante os 18 anos do processo que moveu ao Pe. Marcos Garcia, irmao de Braz Garcia Mascarenhas, que a cavalo chicoteou por este lhe ter chamado judeu ao passar, processso ganho nas 3 instancias, alega Bernardo Duarte de Figueiredo que seu Pai Salvador Duarte de Figueiredo "era sargento-mor na uilla de Pombeiro, aonde era morador e nella fora Capitao e ouuidor do Senhor da dita uilla, e assim os parentes da parte do dito seu paj como da dita sua may herão dos milhores da dita uilla, e das mais uillas onde uiuião os quais todos seruião, e seruirão os carguos nobres da gouernança dellas assim na Républica como nas Igreias - (...)Prouaria que ele auctor tinha dous Irmãos, dos quais um (...) Capitao de Infanteria na uilla de Pombeiro (...) e outro seruira de Alfes, e de Almotasel nella; (...) e elle autor tinha servido em Auo de Alfes, e juis ordinario por verdadeira elleisâo de Pelouro e os mais cargos nobres da Igreia, e actualmente estava seruindo de tabalião de notas publico e judisial em quatro uillas de propriedade, como era auó, uilla coua de sob auo, nogueira, e São Sebastião da feira - (...)".
O arrazoado do processo segue com investigaçao da ascendencia de Catarina Gomes da Silva, em Vale de Açores, Mortagua, onde ocupavam os mesmos cargos principais e eclesiasticos da vila, nao interessando para a questao a origem de Figueiredos.
Quem seria alias este Senhor de Pombeiro? Senhor donatario ou teria Pombeiro da Beira foral regio? Vou investigar.
Salvador Duarte é considerado "l'Ancetre" entre os Figueiredos, e nada mais sei para cima dele, embora ainda possa vir a descobrir-se, quiçá ligada a esses de Góis. Muito obrigado pela sua colaboraçao e um optimo domingo.
Alexandre Tavares Festas
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RE: Figueiredos, de Avô
Caro Alexandre Tavares Festas
O que Gayo diz de Duarte Figueiredos é, resumidamente:
ttº de Figueiredos §3
N 8 Henrique de Figueiredo, que serviu D. Afonso V, cc Catarina Alvares. Era filho de João Lourenço de Figueiredo e de Senhorinha de Figueiredo que já estão no GP. Tiveram:
N 9 Rui de Figueiredo c 1ª c Maria Jácome, dos de Tomar, mas parece que CG extinta ou em Castela. C. 2ª vez c. D. Maria Correia. Tiveram:
§59
N 10 Duarte de Figueiredo Correia, não se sabe se legítimo ou bastardo, teve:
N 11 Tomé Duarte de Figueiredo, Fidalgo da Casa da Infanta D. Maria fª de D. Manuel,
Casou na vila de Semide com D. Maria de Macedo.
N 12 D. Isabel Duarte de Figueiredo c. na vila de Góis c António Perdigão da Costa
N 13 D. Felícia Duarte de Figueiredo c. na vila de Góis c Cap. António Rz Barreto. Instituíram aí um Morgado de que foi cabeça a capela de S. José. Tiveram:
N 14 António Barreto Perdigão, sucessor e Cap.-mor de Góis cc D. Mariana do Rego CG ttº de Vilasboas §20 N 13.
N 14 Alexandre de Figueiredo Perdigão c. em Aveiro c. D. Filipa da Cunha CG no § 60 dos Figueiredos, mas onde não encontro os seus, nem mais o uso de “Duarte Figueiredo”.
Pode ser que haja aqui um ramo que escapou a Felgueiras Gayo e que seja o de Salvador Duarte de Figueiredo. Até, porque a Beira já não é um território que Gayo domine muito bem.
Quanto á questão do Senhorio de Pombeiro da Beira, deve tratar-se do velho senhorio dos Cunhas.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: Figueiredos, de Avô
Caro Vasco Jácome
Antes de mais as minhas desculpas por so agora agradecer a continuaçao da sua amável ajuda. Depreendo do texto do Gaio que Duarte tera sido nos de Gois patronimico usado na descendencia de Duarte de Figº Correa, podendo ser mero paralelismo de nomenclatura com os meus ascendentes de Avo. Isso era muito corrente na permanente composiçao e recomposiçao da formulaçao de apelidos nas familias beiras da nobreza de toga, quase todas parentes cruzadas entre si de forma mais ou menos endogamica, a nivel local, e distante a nivel regional. Manuel Abranches de Soveral fez hoje o favor de me informar que a permanencia da formaçao de patronimicos, caida em desuso nesta epoca nos principais centros urbanos e entre a alta nobreza, se mantinha na provincia ainda nos scs.XVI e XVII. Ter acreditado que o costume ja desaparecera na totalidade de Portugal foi a razao do meu erro. Por vezes estudamos a cronologia das alteraçoes sociais e esquecemo-nos que a sua disseminaçao é lenta e gradual, razao da minha duvida inicial sobre Jácomes neste tópico, que serao entao patronimico autonomo da vila de Avo, na descendencia de Jácome Madeira, e por abreviatura nos registos paroquiais de Jacome Madeira como nome composto.
Cordiais Cumprimentos
Alexandre Tavares Festas
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