João Camossa

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João Camossa

#248314 | sa_monteiro | 23 gen 2010 10:57

Vou pedir que me perdoem. Quisera eu ser Poeta e poder num ímpeto de genialidade escrever o Poema que a Memória deste Homem merece. Apenas palavras, sentidas, em modos de poesia, mais como um testamento político. Porque qualquer um de nós pode testar, muito ou pouco. Pelo menos a experiência de uma vivência mais ou menos rica e preenchida.
Tudo muda, como o tempo. Tudo se transforma, como uma célula viva. Tudo se repete, como o início de qualquer ser. Amor na semente que iremos construindo, pacientemente, ao longo do tempo. Porque nada mais restará na vida se essa pequena palavra não for repetida e reensinada dia a dia. AMAR!
Tempo que é chegado, tempo que é curto e breve como o tempo de uma vida, como o tempo de uma gota de água escorrendo para o mar infinito. Não sei usar mais as sílabas desse tempo.
Porque sempre, quase sempre, nos fica aquele sabor amargo das coisas inacabadas. Porque sempre, quase sempre, nos resta a imagem de qualquer coisa que nos escapa por entre as mãos abertas.
Para ti João, fica esta mensagem. Mensagem de alguém que teimosamente (e bebendo sofregamente na tua lição de vida tão excelente) se mantem fiel ao nosso amor de sempre: a Monarquia Portuguesa.
Gravo no granito da memória este poema que eu poderia ter um dia escrito a pensar em ti, João!
Nada mais tenho para te dar. Apenas e só essa ofuscante claridade, feita de sensualidade, paixão e secretas cores. A busca, no limiar do infinito, da beleza que só nos será dada se conseguirmos alimentar esse sonho, sem limites temporais, como brisa de contornos mágicos.
Um poema, feito de espadas e penas, mas também de regatos de águas serenas e constantes.
É esse poema que te quero oferecer. Um poema de Amor e Esperança


Eu, monárquico, me confesso!

Um dia, bem distante e tão presente,
perguntei a meu pai porque sorria.
E ele, num ímpeto de carinho e desalento,
me respondeu: - Meu filho, por te conhecer
aceito a verdade da tua escolha.
Mas ao percorrer a vida passo a passo,
sofro pelo futuro que te espera.
Singelas palavras, sábia profecia!
Quisera eu que essa visão não fosse
nada mais do que um fantasma,
tentando ensombrar a claridade deste sonho!

Os dias e os anos foram desgastando,
vertiginosamente, deixando em mim presentes
as palavras sussurradas naquele momento
de discreto e sugerido lamento.
Apenas um instante, um instante apenas,
feito de mastros de navios, em marés acordadas.
Era uma canção escrita com cenas dum grito
de revolta, repulsa e desalento. E eu, em cada crise
em que me envolvo, transfiguro-me e vagueio por
todos os locais feitos de imagens, sozinho e nu.

Eu pecador me confesso! No meu grito de revolta,
alcanço ainda forças para um poema de esperança,
qual regato de águas serenas e cantantes, vibrando
pelo Rei ausente, mas de desejo bem constante.
E, de súbito, todo aquele poema de espadas e penas
se transforma num sonho pueril e distante.
Ser monárquico, é sonhar a inocência singular duma
fidelidade a ideais de cavaleiro andante, a juramentos
impregnados da candura do acreditar na beleza original.
Ser monárquico, é recriar a imagem da saudade paterna,
do aconchegante regaço maternal, da inocência de padrões
de conduta, que mergulham nas raizes mais distantes.

Por isso me confesso pecador! Por acreditar nessa simbiose
de saudade e futuro, de passado e presente, qual grito rebelde
de liberdade, voando por memórias renascidas.
Por isso me confesso pecador! Por ter presente dia a dia,
que o Rei da minha nostalgia desejada, transforma em poema
todas as vagas profundas e enfurecidas dum grito de igualdade,
suportado por recordações de injustiças e mãos vazias.
Por acreditar nesta bandeira azul e branca, símbolo dum dia
claro de sol vibrante e águas límpidas.
E se o sonho for poema acrescentado, rebelde como um grito
de criança, constante como marés acordadas, intenso como
paixão de secretas cores, onde me possa afogar absorvendo
a beleza nesse limiar do infinito, com vigor gritarei ainda:
Real, Real, pelo Rei de Portugal!

Deixai-me ainda acreditar no sonho!
Deixai embora que essa ofuscante claridade,
rasgue as vestes sombrias dos sentidos
e percorra todo o meu ser, até ao limiar do infinito.
Deixai que o símbolo da minha demência, seja a demência dos
símbolos da dignidade renascida, da portugalidade recriada,
do orgulho numa fraternidade de diferenciação entre iguais.
Deixai que eu seja um mero menestrel
duma sociedade de sentido renascido,
cantando a beleza da minha bandeira azul e branca,
gritando esse brado do Álcacer da nossa perdição,
qual Sebastião de Sá, que me honra o sangue, morrendo,
entre iguais sem desistir de lutar: - O meu cavalo não sabe voltar!


Fernando de Sá Monteiro

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RE: A MINHA HOMENAGEM À MEMÓRIA DE JOÃO CAMOSSA

#248316 | João Borges | 23 gen 2010 11:12 | In reply to: #248314

caro Fernando de Sá Monteiro

Poesia de poeta.

com amizade
João Borges

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