Ajuda no Dicionário Biográfico de Parlamentares
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Ajuda no Dicionário Biográfico de Parlamentares
Caros confrades
Agradeço a quem tenha a obra , Dicionário Biográfico de Parlamentares , que consulte se existe alguma informação a respeito de , José Perdigão Rosado de Carvalho, 1º Conde da Ervideira, caso exista agradecia a sua transcrição. Desde já o meu muito obrigado.
Com os meus melhores cumprimentos
Rui Filipe Antunes
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RE: Ajuda no Dicionário Biográfico de Parlamentares
RENOVO O MEU PEDIDO , OBRIGADO.
CUMPRIMENTOS
RUI ANTUNES
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RE: Ajuda no Dicionário Biográfico de Parlamentares
Caro Rui Filipe Antunes,
Passo a reproduzir o artigo de Fernando Luís Gameiro, no “Dicionário Biográfico Parlamentar 1834-1910” (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa / Assembleia da República, Lisboa, 2004, Vol I, pp. 654-658) sobre José Perdigão Rosado de Carvalho 1º visconce e 1º conde da Ervideira:
Proprietário e agricultor, José Perdigão Rosado de Carvalho foi o único visconde e 1º conde da Ervideira. Nasceu em 10/10/1862 em Évora, cidade onde faleceu a 17/10/1941. Era filho de João José Rosado de Carvalho (1810-1864) e de Maria Rita Perdigão Rosado de Carvalho. Os pais e o padrasto (Inácio José Rosado de Carvalho, 1824-1881) pertenciam a uma família enraizada nos meios da lavoura eborense desde pelo menos o século XV, tendo sido durante gerações familiares do Santo Ofício e capitães e sargentos de ordenanças. O avô paterno foi o último capitão-mor de Arraiolos. Casou em 1886 com Maria Luísa de Sousa Fernandes, filha de Joaquim Filipe de Piteira Fernandes e Maria José de Sousa Faria e Melo, lavradores. Do casamento houve descendência.
Com o liberalismo a Casa Rosado de Carvalho, do Pigeiro, integrou a elite censitária eborense. Ela não estava representada nem na «Lista dos proprietários, comerciantes e fabricantes elegíveis para senadores» (1838) nem nas listas dos maiores contribuintes do concelho apurados para a década de 1840. Foi apenas na seguinte, desde 1855, que a casa se colocou entre as mais tributadas, e os seus líderes atingiram a posição de poderem ser eleitos para cargos municipais e para a Câmara dos Deputados, funções públicas de que parecem ter estado afastados pelo menos até ao início da década de 1880.
Apesar de grande proprietária fundiária (herdades Mencoca e Furada, no Pigeiro, c. 1.500 hectares em 1870), a integração social desta família na renovada elite urbana eborense do período liberal foi relativamente lenta. Tendo pertencido como sócios efectivos à Sociedade Agrícola do Distrito de Évora (1854-1855), a entrada na «sociedade escolhida» e na «high life eborense» só ocorreu nos anos 1880, já sob a liderança do jovem José Perdigão de Carvalho, que se uniu por laços de casamento com a importante família dos Fernandes, comprou casa na cidade dos vivos (Rua de Alconchel) e jazigo familiar numas das alas principais da cidade dos mortos (Cemitério dos Remédios, 1883), integrou a Sociedade de Exploração do Teatro Garcia de Resende (1884), o clube da elite eborense. A partir de então, o peso social dos Perdigão de Carvalho ganhou uma nova dimensão e aproximou-os dos meios cortesãos.
Rosado de Carvalho foi membro da Federação Agrícola do Distrito de Évora, Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada, fundada em 1886, mais tarde convertida no Sindicato Agrícola Eborense (1897), e sócio da Real Associação Central de Agricultura Portuguesa.
Em 1886 foi agraciado com o título de visconde da Ervideira, facto que esteve associado a um vigoroso donativo «para a construção de casas para pescadores da Caparica», e suscitou uma ironia mordaz nos meios progressistas eborenses, uma reacção negativa «visto porque o meio por que se obteve este viscondado foi o do dinheiro (que o actual visconde possui «fora do comum»)» (“O Manuelinho de Évora”, 1886, nº 271; “Progressos do Alentejo”, 1886). Em 1902 recebeu o título de conde da Ervideira, numa altura em que o seu investimento social passava pela liderança dos regeneradores eborenses, pela Casa Pia eborense, de que foi provedor (1902-1904 e 1909-1910) e por uma ampla acção filantrópica, sendo destacado o empenho posto na fundação e instalação de um asilo de mendicidade e do Recolhimento-Escola e Asilo de Cegos João Baptista Rolo. Pouco mais tarde iniciará a edificação da nova e extraordinária residência na Quinta da Malagueira, nos arredores de Évora, um «parque de Versailles em ponto pequeno», onde o conde, «um artista fidalgo», deu expressão aos seus gostos artísticos e que tornou a principal habitação da família (“Álbum Alentejano – Distrito de Évora”, 1933, pp. 308-310 e 359).
Tendo estudado em Lisboa, onde frequentou o curso liceal, José Perdigão de Carvalho, com 18 anos, foi forçado a interromper os estudos devido à morte do padrasto, para assumir a administração da casa agrícola paterna (1881), destacando-se o seu empenho no desenvolvimento da lavoura familiar. Durante a sua gestão modernizou a exploração das herdades que possuía nos distritos de Évora e de Beja e, pela sua acção, a Casa Ervideira granjeou um grande prestígio, especialmente na produção pecuária, sobretudo de equídeos (Coudelaria Ervideira). Em 1908, «o chefe da política regeneradora» no concelho de Évora, numa operação de propaganda, convidou o jornal “O Distrito de Évora”, que fundara (1906), a visitar a Herdade da Afurada. A reportagem, profusamente ilustrada com fotografias da herdade, realçou «uma das primeiras instalações agrícolas do Alentejo» que «não é um monte, na acepção em que no Alentejo se emprega este termo; é antes uma povoação, em ponto pequeno [...] com suas avenidas arborizadas e iluminadas, com sua torre de relógio, com água e esgotos canalizados em todos os sentidos», a casa de habitação «verdadeiramente principesca, notando-se em todas as salas e em todos os quartos, riqueza e conforto aliados ao bom gosto “rafiné” do seu proprietário». Uma exploração «modelo», que o conde da Ervideira então dirigia tendo a «coadjuvá-lo o Sr. Cayeux, ilustrado director do Jardim Botânico da Escola Politécnica de Lisboa», dotada de acesso «macadamizado», construções, oficinas e equipamentos modernos, com árvores tratadas e água canalizada para rega dos diversos talhões e abastecimento dos bebedouros (“O Distrito de Évora”, 15/3/1908). Em suma, como se escreveu em 1933, uma «cidadezinha industrial» resultante de largos investimentos e melhoramentos, que incluíram ainda o arroteamento de« milhares de hectares de terrenos de mato», levados a cabo pelo conde e lhe conferiram a imagem de um «trabalhador» e «criador de herdades» (“Álbum Alentejano – Distrito de Évora”, 1933, pp. 359-354).
Mais efémera e dramática parece ter sido a sua acção na vida política. Foi uma carreira curta. Iniciou-a na década de 1890 com a experiência do poder municipal. Foi vice-presidente (posse a 7/1/1891) e presidente da Câmara Municipal (28/3/1891), substituindo José Maria de Queiroz Veloso, entretanto nomeado Governador Civil de Viana do Castelo.
Militante do Partido Regenerador, foi eleito seu chefe político no distrito de Évora em 1905. Em Setembro de 1906, o nº 1 do semanário “O Distrito de Évora”, jornal de que foi fundador e director, traçou um perfil polítivo do «chefe do Partido Regenerador nesta cidade»: «é um novo o Sr. Conde da Ervideira; é novo na política e na administração pública desta capital transtagana; mas quer como político [na Câmara Municipal] quer como administrador [na Casa Pia] já S. Exª demonstrou o seu apreciabilíssimo critério, o seu prestígio, a sua honestidade, o seu bom senso».
Nas eleições de Maio de 1906 foi eleito deputado pelo círculo plurinominal de Évora. No Verão de 1910 foi candidato, como regenerador-conservador, pela «Coligação Eleitoral Monárquica pelo concelho de Évora», que abrangeu também os partidos Nacionalista e Progressista. O conde da Ervideira liderou esta coligação como cabeça de lista e chefe da comissão que incluía também Adriano Augusto da Silva Monteiro. Eleito no acto de 28/8/1910 não chegou a tomar posse deste segundo mandato. Não há registo de qualquer intervenção ou acção de relevo como parlamentar.
A sua acção como político activo parece ter acabado em 1912 com a prisão pelos republicanos. Em 4/12/1912, horas depois de uma recepção oferecida «para festejar os seus anos e inaugurar a luz eléctrica nos jardins da Quinta da Malagueira», o conde da Ervideira era preso, acusado pelo «chefe da Carbonária de Évora» de «fazer parte do “complot” de Évora, que conspirava contra a República. Esteve preso durante dez meses e, julgado no Tribunal Marcial de Lisboa, foi absolviso. Segundo o seu filho e biógrafo Luís Carvalho, «terminou aqui a vida política do conde da Ervideira», que veio a falecer em 1941.
Cumprimentos,
NBM
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RE: Ajuda no Dicionário Biográfico de Parlamentares
Caro NBM
Muito obrigado pela sua disponibilidade em transcrever a informação que consta sobre o conde da ervideira no Dicionário Biográfico Parlamentar, informação essa que me ajudará bastante na minha pesquisa sobre essa personalidade, mais uma vez, muito obrigado.
Com os meus melhores cumprimentos
Rui Filipe Antunes
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