Desafio duelo Gonçalo Vasques Coutinho - Luís Brito, c. 1468
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Desafio duelo Gonçalo Vasques Coutinho - Luís Brito, c. 1468
Caros/as membros do Forum Genea
venho pedir ajuda e informação para análise de um episódio que me encontro a estudar: o desafio para duelo feito, por volta de 1467-68, por Gonçalo Vasques Coutinho (filho de Fernão Coutinho) a Luís de Brito, senhor dos morgados dos Britos e Nogueiras, depois fundador do convento da Rosa, em Lisboa.
Entre a documentação do Arquivo dos Viscondes de Vila Nova de Carveira (depositado no ANTT) encontra-se um sumário de três diplomas sobre o assunto:
- um «instrumento publico» confirmando a ida de Luís de Brito ao duelo e a sua intercepção pelo oficial régio que proibe o desafio (de 27-06-1468);
- uma carta régia de segurança a Luís de Brito, confirmando a supensão do duelo por ordem régia, que tem inserto um alvará de Gonçalo Vasques Coutinho comprometendo-se a manter a paz com Luís de Brito (de 27-07-1469);
- uma carta do rei de Granada, dando por desobrigado Luís de Brito do desafio que lhe fizera GVC, na sua corte e perante ele (sem mais pormenores ou datas sobre a ocorrência) (por datar ao certo, mas de 1468 ou 1469)
Na Chancelaria de D. Afonso V encontra-se o original da carta de segurança.
Apesar de uma pesquisa bastante exaustiva sobre a curiosa ocorrência, não consegui encontrar mais nada. Vinha portanto solicitar a vossa sábia ajuda.
Esta investigação destina-se a um trabalho a apresentar numa reunião cientifica, que terá depois actas. Qualquer informação aqui prestada, que for por mim utilizada nesse trabalho, será devidamente referenciada ao seu autor.
muito obrigado
Mª de Lurdes Rosa
(investigadora e docente em História medieval)
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RE: Desafio duelo Gonçalo Vasques Coutinho - Luís Brito, c. 1468
Cara Maria de Lurdes Rosa: o que lhe posso dizer a esse respeito é o seguinte:
Gonçalo Vasques Coutinho, em 1417, era o marechal do Reino e senhor quase absoluto da comarca de Lamego, graças a excessivas concessões. Por isso, os procuradores do concelho, quase que não faziam outra coisa senão apresentarem queixas e reclamações que entravam por um ouvido da corte e saiam pelo outro.
Quanto ao duelo propriamente dito, suponho que o Brito a única coisa que fez foi salvar as aparências! Pois, se estivesse verdadeiramente interessado em bater-se não seria o aparecimento do tal funcionário que ele sabia muito bem que ia surgir, quiçá, a seu pedido, que barraria o caminho a si e à sua comitiva, onde proliferariam os seus criados.
Duzentos anos mais tarde, nessa mesma cidade, travaram-se combates ferozes entre fidalgos onde nada os conseguia deter: nem a vinda das entidades religiosas, civis e militares com o Alcaide- Mor à cabeça que era, por vezes, dos primeiros a ser ferido ou morto. Nem sequer a saída de uma procissão para apaziguar a luta obtinha qualquer efeito.
Quando terminavam os confrontos, não era invulgar verem-se braços decepados.
Nasci e cresci numa aldeia, onde algumas vezes assisti empoleirado numa das cerejeiras existentes num dos campos da minha avó paterna, a lutas sem quartel, quase domingo sim, domingo não, no campo de futebol da minha aldeia, onde as coisas começavam dentro do rectâgulo de jogo e, rapidamente, propagavam-se aos assistentes, fazendo com que a maioria, GNR incluída e o regedor, homem forte volteando por cima da sua cabeça o pau, se envolvessem num autêntico combate.
Essas coisas já passaram, mas têm a sua emoção...
Cumprimentos / CNT
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RE: Desafio duelo Gonçalo Vasques Coutinho - Luís Brito, c. 1468
Cara Maria de Lurdes Rosa,
De facto ocorrencia curiosa e interessante, sobre um individuo que nao falta de interesse e que ja foi foi um pouco tratado neste forum, por exemplo no topico "Gonçalo Vasques Coutinho que falou depois de morto", mas topico que se extraviou e que nao aprofundou o retrato. Pelo menos é claro que nao foi o episodio referido que deixou rastros na literatura genealogica, mas outros.
Vi a Carta de 28 de julho de 1469 pela qual D. Afonso V estabelece segurança entre Luis de Brito e Gonçalo Vasques Coutinho, fidalgos da casa régia, que andavam desavindos" (Chancelaria de D. Afonso V, liv. 31, fl. 83v), na obra de Luis Miguel Duarte, "Justiça e criminalidade no Portugal medievo (1459-1481)"
Queria apenas deixar mais uma referência, de pouca monta, é certo: no documento da Torre do Tombo que se acha na Chancelaria de D. Afonso V, liv. 31, fl. 75, D. Afonso V confirma alvará de segurança entre Gonçalo Vasques Coutinho, fidalgo da casa régia e conselheiro régio, e Luis de Brito, fidalgo da casa régia, na sequência da desavença e inimizade existente entre eles (21 de julho de 1469).
Lamentando incomodar por tao pouco.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: Desafio duelo Gonçalo Vasques Coutinho - Luís Brito, c. 1468
Olá Carlos
Já faz uns anitos! Espero que esteja bem.
Achei graca ao assunto dos Coutinhos que volta á baila! ehehe
Esses meus familiares, dado que o meu ramo e apelido Coutinho tem origem na filha de Fernão e dos vínculos que ela deixou. Nomeadamente aos seus netos, orfãos de seu filho Pedro Lopes de Azevedo, Sr. S. João de Rei, da primogenitura dos Azevedos. Que por isso, passam a usar o nome composto Azevedo Coutinho. O irmão de Pedro, Diogo que como está na “antiga” mensagem, tem uma trajectoria semelhante aos primos direitos, é algo meio assustador!
Do meu Pai, os indígenas de Manica em Moçambique, chamavam-no "Dois coracões" há mais de meio século, tinha o bom e o mau! Verica-se assim uma franca degenerência! ehehe
Um abraço
José de Azevedo Coutinho
Lindersvold, Dinamarca
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