Tomar apelidos do cônjuge Mulher
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Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caros Confrades
Agradecia, que um dos nossos Confrades, peritos em Direito e que, tantas vezes aqui vêm dar-nos doutos ensinamentos me elucidassem do seguinte:
Aqui, na base de dados do geneall e em algumas publicações genealógicas, aparece o Senhor Joaquim António de Carvalho Santa Marta de Mesquita e Melo. Este Senhor é filho de Domingos de Carvalho (de quem não se sabe mais nada) e de Teresa Maria de Jesus (Senhora, em princípio, sem apelido e de quem, também, não se sabe mais nada).
É estranho que alguém, com esta filiação, possa usar aquele nome. Segundo parece havia punições graves para quem usasse apelidos ou armas a que não tivesse direito.
Porém, é isso que me intriga, a Mulher deste Senhor chama-se: Luisa Leocádia de Mesquita Alcoforado de Almada e Melo! Tirando o "Santa Marta" que poderia ser acrescentado como honra a Santa da sua devoção (!) os outros apelidos que, dá ideia, o Senhor tomou são apelidos de sua Mulher.
Seria isto possível? Ou tratar-se-á duma apropriação indevida?
Com os meus melhores cumprimentos fico a aguardar os vossos esclarecimentos que, mais uma vez, agradeço.
João de Mariz Sarmento Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro J. Macieira
Na minha opinião ou se trata de uma apropriação indevida, ou esses apelidos foram herdados de algum avô/ó. Nesta época (sec XVIII) nem as mulheres adoptavam o apelido dos maridos (hábito que só se começou a generalizar em Portugal no sec XIX) , quanto mais os homens.
Hoje em dia já é possível o conjugue homem adquirir até dois apelidos da mulher, no momento do casamento.
Cumprimentos
E.Simões
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro Confrade Simões
Aquilo que me diz, e que desde já agradeço, é o que eu sabia e pensava estar certo. Até que, como sabe, ainda hoje há muitas Senhoras que não adoptam o nome de família dos maridos. Se pensarmos bem é uma coisa sem nexo e, como alguns dizem "Mulher não é família". A adopção do apelido dos maridos, já nos finais do séc. XIX, deve-se à política maçónico-liberal que, com este e outros procedimentos, mais não tinham em mente que estabelecer confusão e não se saber, bem, quem é quem.
Neste particular o que acontece, de facto, é que os Pais daquele Senhor são aqueles que eu menciono, desconhece-se a sua filiação e são, certamente, pessoas do povo.
Um filho deste Senhor é feito Fidalgo da Casa Real, tomado de novo, e por ter casado com uma Senhora a quem tinha sido dado, ou prometido, esse Foro, a quem com ela casasse.
Mais uma vez o meu agradecimento e fico na esperança de que apareçam mais algumas opiniões.
João Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro João de Mariz Sarmento Macieira:
O caso que descreve parece ser semelhante a um que não estudei mas que me foi contado por um amigo genealogista, passado no século XIX: ao casar, uma senhora herdeira de um morgadio transmitiu ao marido os apelidos. Penso que no caso que descrevo a transmissão de apelidos ao marido poderá ter estado relacionada com as regras do vínculo em causa.
A situação que descreve será portanto muito rara mas não inédita.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Pereira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro João de Mariz Sarmento Macieira,
Partilho da opinião do Confrade Rui Pereira, pode muito bem ser um vínculo a obrigar ao uso de apelidos específicos. Mas também pode ser, e esta hipótese seria mais simples e mais frequente, que tivesse usado esses apelidos a partir do baptismo. Não sei se é possível saber os nomes dos padrinhos... Mesmo há poucas décadas era caso comum usar nomes desse modo.
Cumprimentos,
Pedro Coimbra
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro Confrade,
Segundo o livro Mordomia-Mor da Casa Real, Tomo I página 626, de Nuno Borrego:
"José Germano Santa-Marta Mesquita e Melo, natural da freguesia São Vicente do Paúl, Santarém, Desembargador, filho do Desembargador Joaquim António de Carvalho Santa-Marta.
Fidalgo Cavaleiro (tomado de novo), com 1$600 réis de moradia por mês e 1 alqueire de cevada por dia, por estar casado com D. Antónia do Vadre Almeida Castelo-Branco, Açafata da Casa Real. Em 13.11.1806 (fls 131)"
Sendo Joaquim António de Carvalho Santa-Marta (Mesquita e Melo ?) Desembargador, deverá existir um processo de Leitura de Bachareis na TT, no qual deverá constar nome dos Pais e Avós, sua origem, seus oficios, ..., vários testemunhos quanto à Nobreza ( ou não ) dos seus ascendentes.
Só o facto de ser Dezembargador é um indicio do seu extracto social, seus ascendentes poderão não ser do Povo. Por outro lado o facto de seu Pai só utilizar o apelido Carvalho e sua Mãe não utilizar apelido nenhum não significa que não sejam Nobres.
A consulta dos registos paroquiais de São Vicente do Paúl, Santarém poderá ajudar a responder a origem dos apelidos Mesquita e Melo que o Joaquim António de Carvalho Santa-Marta utilizou.
P.S. mais estranho é o facto do filho de José Germano, Joaquim José do Vadre de Santa Marta de Mesquita e Melo ter "herdado" o titulo de Visconde de Andaluz, não sendo descendente directo do 1º Visconde, era apenas sobrinho da sua Esposa
Melhores cumprimentos
António Bento
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento
Como deve ter notado os apelidos que o dito Senhor usa são apelidos de sua Mulher.
Quanto ao título de Visconde de Andaluz sou, por ser Chefe da Família Mariz Sarmento, o actual representante do 1º Visconde.
Em breve tenciono publicar um pequeno trabalho, devidamente documentado, onde se esclarece essa "passagem" anormal mas que aconteceu. O texto e os documentos são elucidativos e confirmam uma fraude que aconteceu em 1840 com o apoio de altas figuras do Estado. O mal já vem de longe! Não digo mais. Espero que leia a minha publicação.
Melhores cumprimentos
João de Mariz Sarmento Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro João de Mariz Sarmento Macieira,
Do pouco que sei e percebo do assunto dou-lhe toda a razão. Algo de estranho se passou na transmissão do titulo.
Vou ler o seu trabalho com o maior interesse, a minha Mulher é um dos descendentes do 2º Visconde. Onde será publicado?
Melhores cumprimentos
António Bento
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento
Por enquanto ainda não sei.
Gostava muito que fosse publicado pelas Edições Guarda Mor (geneall).
Deixei o trabalho para apreciação e cálculo de custos e estou à espera que o Amigo Luis Amaral me diga alguma coisa.
Vai ser uma edição simples, a preto e branco, sem quaisquer prosápias!
Penso que sou claro e que, ao lê-lo, qualquer pessoa fica ciente da verdade.
Com amizade e estima
João de Mariz sarmento Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento
Há coisas engraçadas.
A Senhora Dona Maria Carlota do Vadre Santa Marta de Mesquita e Melo, antepassada de sua Mulher, que casou com o Senhor José Maria Raposo de Andrade de Sousa d'Alte Espargosa, segundo Affonso Dornelas no livro "D. António Caetano de Sousa e a sua família", onde se fala largamente da família Mariz Sarmento, diz que aquela Senhora estivera para casar com um meu parente - FRANCISCO LIBÓRIO DE SOUSA DE MARIZ SARMENTO - sobrinho do Almirante Mariz Sarmento, primo direito do meu 5º Avô (Chefe de Casa) e de seu Irmão o Visconde de Andaluz. A Senhora era sobrinha da Mulher do meu Tio.
Não sei se sabia. Acho curioso.
Melhores cumprimentos
João de Mariz Sarmento Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro João de Mariz Sarmento Macieira,
Não sabia, obrigado pela informação adicional.
Vou aguardar a publicação do seu trabalho.
Melhores cumprimentos
António Bento
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro João de Mariz Sarmento Macieira,
Acabo de ver no Etombo o registo de casamento de José Germano de Santa Marta Mesquita e Melo com D. Antónia do Vadre Almeida Castelo-Branco. O pai do José Germano é só Joaquim António Carvalho de Santa Marta. O Mesquita e Melo é do lado da Mãe.
Paroquiais Lisboa, São Sebastião da Pedreira livro C-5 fls 172 e 172v.
A titulo de curiosidade, uma das testemunhas foi António Luís Mariz Sarmento.
Cumprimentos
António Bento
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento
Votos de um bom Domingo e muito obrigado pela sua notícia.
Quanto ao livro de que lhe falei está pronto. Penso prepará-lo durante o mês de Agosto e sair no princípio de Setembro.
Como deve calcular o livro explicativo do acontecido, há 170 anos, tem como base documentação legal!!! e bem elucidativa da fraude.
Melhores cumprimentos
João Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento
Por acaso, há bocado, vim ao Fórum e dei com esta conversa.
Conheços a sua família, do Baleal, conheço o seu sogro, a sua sogra, enfim...
No São Martinho de 2010 almocei com o seu sogro, na Golegã, no Pavilhão improvisado do Bernardo Mesquitela.
Sobre este assunto e do livro, que agora vai mesmo sair, gostaria de falar consigo.
Vou deixar-lhe o meu mai para que me contacte e eu o faça de volta.
joaoandaluzarrobasapopontopt
Muito obrigado
João Macieira
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RE: Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro Joao Macieira,
Nao sei se tem ligacao aos seus ou se ja 'e do seu conhecimento mas enquanto pesquisava a freguesia de S. Jose, Lisboa, encontrei este assento de obito (1768) do P.e Antonio Jose Mariz Sarmento e que nao esta' nesta base de dados.
http://digitarq.adlsb.dgarq.gov.pt/viewer?id=3655688 m0680.TIF e seguinte.
Pensei em enviar-lhe caso possa ter interesse.
Cumprimentos.
Rosario
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Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento
Os meus cumprimentos....
Já publiquei o tal livro o ano passado. Peço desculpa mas nunca mais me lembrei.
Terei imenso gosto em oferecer-lhe, e a sua Mulher, um exemplar.
Agradecia que me desse o seu endereço postal.
Poderá fazê-lo para joaoandaluz@sapo.pt
Renovo os meus cumprimentos e sou
Com estima e consideração
João Macieira
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Tomar apelidos do cônjuge Mulher
Caro António Bento,
Deparei-me com esta discussão e gostaria de saber se dispõe de mais informação sobre os Santa-Marta da zona de Santarém e Lisboa. No início do século XX a quinta das Galinheiras (se não me engano no nome) onde se situou depois a Escola Agricola de Santarém, actual Escola Superior Agrária, era propriedade das 'irmãs Santa-Marta', solteiras, que viviam em Lisboa, e um meu bisavô teria sido intermediário nesse negócio. Mas infelizmente não encontro nada, registo algum, sobre o nome dessas irmãs ou a sua propriedade, e gostava de saber mais detalhes que me conduzam a essa informação. Se tiver alguma informação que possa ser útil fico-lhe agradecida.
Com os melhores cumprimentos,
Isabel Rodrigues
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