mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

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mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253266 | evieira | 17 apr 2010 21:43

Caros Confrades:

Muito se tem escrito sobre a figura do Padre António Vieira, mas pouco sobre as suas origens familiares. Uma tese, muito difundida, talvez com origem em meios brasileiros, diz que António Vieira era mulato, ou filho de um mulato. Isto causa-me alguma estupefação:

Genealogia do Padre António Vieira, segundo declarações do próprio no seu processo inquisitorial (1663):

1- Padre António Vieira, n. Lisboa, Sé

2- Cristóvão de Vieira Ravasco, fidalgo, n. Santarém
3- Dona Maria de Azevedo n. Lisboa

4- Baltasar Vieira Ravasco, n. Moura

6- Brás Fernandes de Azevedo, n. Lisboa


Seria possível que o pai de Vieira fosse mulato (filho de uma escrava), sendo fidalgo e tendo exercido funções de importância em Salvador?
Especialmente sabendo, que cem anos depois, era recusada a habilitação de génere para ordens menores a alguém que tivesse um avô suspeito de “mulatice”!

E ainda:
Também se tem escrito que D.António, Prior do Crato, era meio cristão-novo, por parte de sua mãe. Qual o grau de veracidade destas afirmações? Seria aceitável, para D.Luís, um infante de Portugal, ter casado com uma descendente de judeus, apenas uma geração após a conversão?

Agradeço as respostas e comentários dos confrades mais bem informados do que eu.
Cumprimentos,
E.Simões

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253269 | josemariaferreira | 17 apr 2010 21:59 | In reply to: #253266

Caro E. Simões


http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=2715
E Madalena de Granada, que era árabe, neta de Muley Hassam, rey de Granada não se casou com um neto de D. João II?


E D. Teresa que foi mãe de D. Afonso Henriques não era filha de uma árabe?
http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=42


Cumprimentos

Zé Maria

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253272 | evieira | 17 apr 2010 22:23 | In reply to: #253269

Caro José Maria Ferreira

Na minha opinião estamos a falar de contextos históricos e sociais muito diferentes. Pelo que a minha pergunta mantem-se.

De qualquer maneira, agradeço a resposta.

Cmpts
E.Simões

PS: Essa de Afonso VI rei de Castela ter sido árabe é nova para mim.. se quiser pode explicar melhor...mas por favor peço-lhe que o faça noutro tópico porque não queria que o assunto original deste, que me interessa muito, se perdesse no meio de outra discussão pseudo-cientifica..

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253275 | josemariaferreira | 17 apr 2010 22:36 | In reply to: #253272

Caro E. Simões

Eu escrevi que era filha de uma árabe, mas D. Afonso VI, também ele tinha ascendência árabe, por isso ele era considerado Imperador das duas religiões da Espanha!!! (cristã e muçulmana)
Quem esteve para lhe suceder no trono era Sancho, filho de uma árabe, tal como a mãe de Teresa!!!
O filho morreu novo em combate e o conde D. Henrique foi a Toledo e indispôs-se com o sogro, pois queria suceder-lhe no trono!!!

Cumprimentos

Zé Maria

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253277 | evieira | 17 apr 2010 22:46 | In reply to: #253275

Caro José Maria Ferreira

Muito interessante. Mas sobre os avós do Pe António Vieira e de D.António, tem alguma coisa a dizer? É que foi precisamente por esses que eu abri o tópico..

Cmpts
E.Simões

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253279 | josemariaferreira | 17 apr 2010 23:06 | In reply to: #253277

Caro E. Simões

Sobre D. António, Prior do Crato, já escrevi algures aqui no Fórum, é só meter no motor de busca, e fazer o obséquio de procurar. Sobre o Padre António Vieira ainda não se debrucei sobre o caso.

Mas duma coisa fique certo, tudo o que aqui escrevi não foi baseado em qualquer pseudo-história, mas sim na Verdade porque só a Verdade é eterna!!!

Eu não falseio a História do meu País, não tenho nada para esconder!!! Eu não recebo dinheiro de ninguém para escrever sobre a minha Terra, escrevo por Amor, escrevo com o coração, um coração alado mais leve do que a pena para permitir a Salvação desta Nação nascida em Cristo!!!

Cpts

Zé Maria

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253280 | evieira | 17 apr 2010 23:26 | In reply to: #253279

Caro José Maria Ferreira

Tentei procurar o tópico que referiu sobre D.António, mas, ou por incapacidade minha com o motor de busca, ou por os resultados que aparecem serem muitos, não consegui encontrar. Por isso peço-lhe que tenha a amabilidade de me indicar o nome do tópico para eu lá ir ver o que escreveu. Mas só se o que está lá contribuir para o assunto com que iniciei o tópico, se não se importa.

Cmpts
E.Simões

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253282 | evieira | 17 apr 2010 23:45 | In reply to: #253266

Caros Confrades:

Muito se tem escrito sobre a figura do Padre António Vieira, mas pouco sobre as suas origens familiares. Uma tese, muito difundida, talvez com origem em meios brasileiros, diz que António Vieira era mulato, ou filho de um mulato. Isto causa-me alguma estupefação:

Genealogia do Padre António Vieira, segundo declarações do próprio no seu processo inquisitorial (1663):

1- Padre António Vieira, n. Lisboa, Sé

2- Cristóvão de Vieira Ravasco, fidalgo, n. Santarém
3- Dona Maria de Azevedo n. Lisboa

4- Baltasar Vieira Ravasco, n. Moura

6- Brás Fernandes de Azevedo, n. Lisboa


Seria possível que o pai de Vieira fosse mulato (filho de uma escrava), sendo fidalgo e tendo exercido funções de importância em Salvador?
Especialmente sabendo, que cem anos depois, era recusada a habilitação de génere para ordens menores a alguém que tivesse um avô suspeito de “mulatice”!

E ainda:
Também se tem escrito que D.António, Prior do Crato, era meio cristão-novo, por parte de sua mãe. Qual o grau de veracidade destas afirmações? Seria aceitável, para D.Luís, um infante de Portugal, ter casado com uma descendente de judeus, apenas uma geração após a conversão?

Agradeço as respostas e comentários dos confrades mais bem informados do que eu.
Cumprimentos,
E.Simões

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#253283 | josemariaferreira | 17 apr 2010 23:58 | In reply to: #253282

Caro E. Simões

É conhecida uma filha natural de D. Diogo, Duque de Viseu e Beja, que ficou conhecida por Marta de Évora, que casou naquela cidade com um Pedro Gomes do qual nasceu uma filha que teve o nome de Violante Gomes (Baracho?) ligada aos Barachos e que casou secretamente em Évora com D. Luís, Duque de Beja, filho do Rei D. Manuel.

Esta Violante Gomes, ficou conhecida por a Pelicana, a Pandeireta e Pomba entre muitas outras alcunhas difamantes.

Portanto D. António Prior do Crato era descendente de D. Diogo, Duque de Viseu e também estaria ligado aos Barachos de Santarém por parte de sua mãe que também era conhecida por Pomba seria conotação ligada com o brasão da família Baracho? http://heraldica-portuguesa.blogspot.com/2008/07/baracho.html

D. António foi aclamado rei de Portugal em Santarém, entre os principais estavam António Baracho,( seria pura coincidência o nome António?)

D. António, Prior do Crato, http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=3011 também casou secretamente com D. Filipa de Portugal, descendente de Cristóvão Colombo, do qual casamento tiveram vários filhos que usaram o apelido Portugal, entre os quais se destaca CRISTÓVÃO DE PORTUGAL, que recebeu o nome em homenagem de seu bisavô.

Cpts

Zé Maria

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#253288 | A. Luciano | 18 apr 2010 01:01 | In reply to: #253266

Caro E.Simões,

Pressinto que este tópico vá dar asneira. E começo por ter de lhe tecer uma forte crítica:

"E ainda:
Também se tem escrito que D.António, Prior do Crato, era meio cristão-novo, por parte de sua mãe. Qual o grau de veracidade destas afirmações? Seria aceitável, para D.Luís, um infante de Portugal, ter casado com uma descendente de judeus, apenas uma geração após a conversão?"

Independentemente de intenções a sua pergunta revela bem mais do que ignorância.
Judeus e conversos seriam entre 20 a 35% da população portuguesa. Judeus tinham as suas hierarquias que eram reconhecidas "de facto" pelos reis, chegando pelo menos um a chanceler. Como os cristãos, usaram e assumiram armas conhecendo-se selos heráldicos desde o séc. XIII. Um judeu português, salvo erro da família de Dom Abraham Senior, depois num ramo convertida e nobilitada como Mata Coronel terá sido o último a usar o título de Exilarca, que pode em tradução livre dizer Príncipe do/no Exílio, um título da Casa de David.
Sempre houve judeus notáveis, reconhecidos em todas as jurisdições adversas que recorde. Um Baruch, convertido como Pierleoni deu origem a uma das duas mais importantes famílias de Roma de que saíu dierectamente um Papa e indirectamente dois. Até um Braquemont de origem francesa, nobilitado em Navarra, deu origem a uma família condal com grandeza de Espanha.
Um judeu ou converso, não se sabe, possívelmente fugido de Lisboa por ter cometido um homicídio, foi possivelmente criado, ou talvez apenas protegido de Henrique Brandão, e foi baptizado em Londres tendo o rei Eduardo, que apoiara, e daí ter tomado os nomes de Eduardo Brandão, em Inglaterra sir Edward Brampton porque foi cavaleiro da Jarreteira, como saberá a mais exclusiva ordem dinástica. Regressado a Portugal adquiriu propriedades régias depois vinculadas, fora já banqueiro de D. Afonso V e foi conselheiro com D, João II e D. Manuel I.
Cristovão Esteves, filho de mestre Isaac, um farmacêutico, foi baptizado de pé e foi juiz do Desembargo e obteve em 1533 uma Carta de Privilégio que supria a "sua imperfeição de nascimento" sendo nobilitado com o nome da sua propriedade de Espargosa, a qual foi vinculada com os privilégios dos antigos Solares. O seu irmão Bernardim Esteves de Alte, nobilitado com o nome da sua propriedade alentejana, foi assim considerado nobre hereditário, como se toda a sua ascendência fosse nobre, o seu Solar antigo, e seus pais, avós, bisavós e trisavós fossem senhores de Coutos ou Honras. Apesar de solteiro, ambos os filhos foram doutores em Leis por Coimbra, um aí professor e o outro chegou a chanceler do Desembargo do Paço. Realço ainda que este extraordinário privilégio de D. João III - no fundo uma nobilitação de antepassados o que se fazia no império chinês mas é muito raro na Europa - foi confirmado por D. Filipe I, um Habsburg!

Neste quadro fáctico, perguntar se tal casamento era possível, equivale a relegar todos os judeus para uma mesma categoria social inaceitável, sem sequer admitir a excepção de que alguma judia poderia ser aceitável. No fundo, o mesmo que dizer "os pretos" ou "os indianos" ou etc., como se entre eles não existissem diferenças ou, pelo menos, diferenças que merecessem menção.

Antes de clarificar a sua posição não valerá a pena aprofundar a questão mas também lhe digo que a sua pergunta, independentemente de intenções, parece também descabida.
Em Portugal, os inimigos de D. António, designadamente D. Henrique e D. Filipe I afirmaram que a mãe era judia e no seu exílio nos Países-Baixos, nem ele nem os seus apoiantes o negaram. Então para quê e porquê a questão?

A. Luciano

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#253304 | evieira | 18 apr 2010 13:30 | In reply to: #253288

Caro A. Luciano Mendes

Muito lhe agradeço a resposta, que completamente respondeu à minha dúvida.


Na sua mensagem ainda refere que (no início do séx XVI) "Judeus e conversos seriam entre 20 a 35% da população portuguesa". Ou seja mais ou menos entre a 220000 a 385000 pessoas (considerando um valor de 1100000 para a população do Reino em 1527, valor esse que deve pecar por defeito). Dado que a grande maioria dos judeus habitavam em zonas "urbanas", e que a população portuguesa a residir em cidades e vilas na mesma época é apenas estimada entre 20 a 25%, mesmo descontando os judeus que pudessem viver em zonas rurais e os que sairam do Reino, os valores que apresentou significam que judeus formavam a grande maioria da população das cidades e vilas portuguesas (o que torna o "sucesso" da sua integração um verdadeiro milagre). Essa percentagem tambem faria de Portugal o país, a nível mundial, que a qualquer momento da história teve a maior percentagem de judeus relativa á população total (se exceptuarmos o actual Israel, claro).
Certamente valerá a pena da minha parte aprofundar a questão mas mesmo assim se tiver a gentileza de clarificar os valores que referiu ficaria grato pela atenção.


Cmpts
E.Simões

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#253313 | A. Luciano | 18 apr 2010 17:12 | In reply to: #253304

Caro E.Simões,

20 a 35% da "população portuguesa" foi lamentável gralha. Esta estimativa que tenho já dificuldade em localizar referia-se às cidades em que existiu Mesa da Inquisição, Lisboa, Évora e Coimbra, não sei se incluiria o Porto.
Lúcio de Azevedo, em "História dos cristãos-novos portugueses" estimou 75 mil antes da expulsão espanhola, de que resultaram mais 120 mil; seriam assim cerca de 1/5 da população portuguesa.
Maria José Ferro Tavares, com mais ampla base documental, estima 30 mil espalhados pelas principais cidades e vilas antes da expulsão espanhola. Damião de Góes assevera terem atravessado a fronteira 20 mil famílias ou seja, os 195 mil de Lúcio de Azevedo reduzir-se-iam a 130 mil mas, como observou, essencialmente urbanos. Assim 20 a 35% ou seja de 1/5 a 1/3 em Lisboa e Évora será estimativa por baixo; e o casamento do infante D. Luís terá muito provavelmente tido lugar em Évora.
Em algumas vilas da Beira-Baixa e do Alto Alentejo poderiam de facto ser maioritários e, a redução do total não retira o "sucesso da integração" mas, como disse inicialmente, suspeito que o aprofundamento dessa "integração" neste espaço, resultará em disparate.
"Integrações" são normalmente assuntos sensíveis quer porque a sua escalpelização levanta problemas morais difíceis de apreciar quando os valores ou são outros ou já nem valores são, quer porque a grande maioria é inculta e não aceita a sua provável origem e a intolerância anda normalmente de braço dado com a falta de cultura.
Mais do que um estrangeiro anotou o elevado número de escravos negros na cidade de Lisboa antes e durante Pombal, e que não seria em número inferior a 10%. Como "desapareceram" em dois séculos ou pouco mais?
Como saberá, após as conquistas de D. Afonso Henriques e sucessores imediatos, só se exilaram muçulmanos urbanizados - e nem todos - ficando toda uma população rural de que são exemplos conhecidos os arredores de Sintra ou o vale de Loures. O simples facto de termos tido almoxarifes e almotacés - inexistentes na vizinha Espanha - mostra bem que conservámos a pequena administração árabe. Todos esses seriam certamente maioritários em grande parte do sul de Portugal e deram também origem à designação de cristãos-novos. O facto de não mais lembrarmos essa origem de cristãos-novos é prova do sucesso da integração

Continuo a não entender o escopo deste seu tópico. Não vejo ligação possível ente D. António e o pe. António Vieira e em ambos os casos os "mitos" - não me parece que "mitos" seja bem adequado - serão muito mais históricos, sociais e políticos do que genealógicos.

A. Luciano

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#253314 | tmacedo | 18 apr 2010 17:44 | In reply to: #253304

Caro E.Simões:

Certamente que por a mãe de D. António ser judia é que o casamento dos pais, a ter existido, só poderia ter sido secretamente. Um filho de D. Manuel não podia casar com uma judia. Nunca seu irmão aprovaria esse casamento que nunca podia ter tido lugar. Por essa razão (filho de uma judia) o cardeal D. Henrique, ainda por cima inquisidor, não podia aceitar que no trono de Portugal se sentasse o sobrinho D. António, filho da Pelicana, judia de Évora. Era total e completamente impossível. Todos o sabiam no reino. Que, se fosse filho legítimo, como dizia ser, até o precederia na ordem de sucessão do trono.

Cumprimentos,

António Taveira

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#253319 | A. Luciano | 18 apr 2010 18:42 | In reply to: #253314

Caro António Taveira,

"Certamente que por a mãe de D. António ser judia é que o casamento dos pais, a ter existido, só poderia ter sido secretamente."

Quando faz afirmações deste teor deve alertar que se trata de artigo de fé.

Qualquer razão - sem ser preciso aceitar as de José Maria Ferreira - que fizesse o casamento desagradável ao rei, justificaria este ser secreto.

"... a ter existido ..."

Chamo a sua atenção para que ainda não ocorrera o Concílio de Trento que pela primeira vez estatuíu que os casamentos válidos teriam de ser celebrados por sacerdote e em local próprio. Até aí a declaração mútua de aceitação por marido e mulher segundo as leis cristãs, feita na presença de testemunhas, constituía casamento inteiramente válido aos olhos da Igreja.

Depois da derrota e exílio de D. António, ficámos com informação conflituante de que selecciono,
A) de origem portuguesa
1. O infante D. Luís nunca casara:
2. O pai de Violante Gomes era um judeu de baixa extracção;
3. Ela própria seria de duvidosa respeitabilidade (traduzida nas desprestigiantes alcunhas que lhe foram atribuídas).

B) de origem na Flandres
1. O casamento celebrara-se publicamente na presença de vários convidados embora não na Sé de Évora;
2. A família de Violante Gomes era fidalga (sem negar que era de origem judia)
3. D. João III concedera a D. António um brasão sem filete de bastardia (contrariamente ao que concedera ao seu próprio filho que fizera arcebispo aos 19 anos).
4. Violante Gomes, depois de recolhida ao convento era visitada pela rainha D. Catarina, cunhada de D. Luís.

Só em 1917, após publicação do livro do visconde de Faria, significativamente escrito a partir de fontes da Flandres, se soube em Portugal que o pai de Violante se chamaria Pedro Gomes.
Em 1980, um descendente de D. António, dr. J.I.J. van de Kamp publicou um livro intitulado "Emanuel van Portugal en Emilia van Nassau" em que lhe chama Pero Gómez (certamente devido ao editor utilizar um consultor de língua espanhola).
Anos depois o falecido prof. dr. Luiz de Mello Vaz de Sampayo encontra na Sé de Évora um baptismo de 1554 de um escravo de Pedro Gomes, sogro do duque de Beja. Quer Vaz de Sampayo quer outros especialistas, sem discordância de que tenha conhecimento, entendem impensável que o padre chamasse sogro ao pai da concubina. E, como evidente até a não especialistas, nenhum judeu de baixa extracção possuíria escravos.

Ficou assim indubitavelmente provado que D. Henrique e D. Filipe I mentiram e aberto caminho para que a restante informação da Flandres possa igualmente ser verdadeira.
A partir daqui podemos começar a extrapolar.
Como o infante D. Luís preencheu cargos de nomeação régia posteriormente ao seu casamento, este mesmo que não tenha sido do agrado do rei, não foi então formalmente repudiado.
Desde que D. Manuel instaurou alguma disciplina nos usos heráldicos estes adquiriram grande importância e não parece defensável admitir-se que D. António não tivesse tido armas. Porque estas não se encontram á apenas provável que tenham sido destruídos os documentos da chancelaria ou apenas pela inexistência do filete de bastardia ou ainda porque estas revelassem algum elemento perturbador que não levantara objecções quando não se previa a falta de sucessores no Reino.

Abstenho-me de comentar a(s) atitudes do Cardeal-Infante, depois rei D. Henrique.

A. Luciano

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#253322 | tmacedo | 18 apr 2010 19:17 | In reply to: #253319

Caro A. Luciano:

Artigo de crença são as suas afirmações totalmente divergentes dos documentos em que se diz basear...

Conheço bem, certamente melhor do que parece conhecê-lo, o artigo de Luis Vaz de S. Paio publicado na Filermo. Ele por amor à verdade seria certamente o primeiro a desmenti-lo. Não sei como se pode basear nesse artigo e concluir o que concluiu na sua mensagem!!! Ele próprio, Luis Vaz de S. Paio, afirma nunca ter acreditado nesse casamento até ter descoberto o assento que refere (que não é nada do que diz na sua mensagem!!!). A partir daí passou a considerar que o casamento poderá ter tido lugar..... Até porque, ao contrário do que diz, Luis Vaz de S. Paio não viu nenhum assento de baptismo de 1554. Viu, isso sim, uma transcrição do século XVIII onde alguém diz ter visto, num livro antigo um assento de 1544, não de 1554 como diz (entretanto desaparecido), uma referência a um "escravo de Pero Gomes, sogro do infante D. Luis". E isso é totalmente diferente do que diz na sua mensagem. Não afirme pois apressadamente que o cardeal D. Henrique e D. Filipe I mentiram...

Disse e reafirmo ser totalmente impensável que D. João III pudesse consentir no casamento do infante D. Luis com uma filha de um judeu de Évora. E poder continuar como administrador perpétuo do priorado de Crato e da Ordem em Portugal... Por essa razão, mesmo que o casamento tivesse existido (no que Luis Vaz de S. Paio não acreditou e depois duvidou), teria de ter permanecido secreto aos olhos do mundo...

António Taveira

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#253327 | A. Luciano | 18 apr 2010 20:53 | In reply to: #253322

Caro António Taveira,

Tem toda a razão quando diz que não li o artigo da Filerme e confiei em citação de terceiro. Mas continuo a pensar que a crença está mais consigo do que comigo.

Não se tratar de um registo que existe mas de transcrição de um registo que desapareceu faz toda a diferença mas, por questão metodológica e de clareza, agradeço que esclareça duas questões:

1ª Acredita ou admite que essa transcrição possa ser uma falsificação?

2ª Abstraindo de deliberada falsificação alguém defende que o estatuto de "judeu de Évora, pai da Pelicana" é compatível com a propriedade de um escravo?

É que, para mim, alguém tem que estar a mentir. A isso não consigo fugir.

Infelizmente não entendo holandês e não posso seguir a recomendação de um amigo que me recomendou o livro do dr. van de Kamp que, além de agradável de ler, teria 12 páginas de fontes (provavelmente na maioria não pertinentes neste caso e, nas pertinentes, possivelmente com "wishfull thinking" associado).

Mas ignorando por agora a hipótese de deliberada falsificação, parece coincidência inusitada o nome de Pero Gomes, constante de documentação familiar, aparecer igual em transcrição do séc. XVIII em Portugal. Se Pero Gomes era conhecido, porque nunca apareceu referido? Parece-me que teria muito mais peso identificar um Pero Gomes, sei lá, almocreve, sapateiro, tratante...

O António Taveira, educada mas implicitamente, acusa-me de incoerência? (ou desonestidade?) por ter afirmado algo que não estava no documento citado. Entendo que não deverá escusar-se a comentar os restantes pontos que referi, em particular a questão heráldica. Considera possível que D. António nunca tenha tido armas? Também errei e essas são conhecidas? Faltarão tantas armas de filhos de infantes na chancelaria que isso não tem qualquer significado?

Eu acusei-o de falha lógica quando estabeleceu uma equivalência biunívoca entre o secretismo do casamento e a condição de judia de Violante Gomes. Detecto a mesma falha lógica na parte final da sua mensagem, isto é, D. João III nunca consentiria no casamento de D. Luís com a filha de um judeu de Évora e por isso, o casamento teria de permanecer secreto aos olhos do mundo.
Isto é o mesmo prato, servido com outro molho. Que Pero Gomes fosse um judeu de Évora e apenas isso, parece-me artigo de fé.

Se bem entendo a sua objecção, qualquer intercasamento com cristãos-novos violaria as leis de pureza de sangue mas aceitaria que, a ter acontecido, teria de ter permanecido secreto aos olhos do mundo. Com a ressalva de não o ter bem entendido, parece-me bem que cai em contradição: se o casamento existiu e foi mantido secreto para que D. Luís continuasse administrador da Ordem, isso em nada alteraria a mentira do cardeal D. Henrique e do rei D. Filipe quanto à legitimidade de D. António.

De resto, em pura lógica, se quiser manter alguma coerência e contrariar-me com a veemência já exibida, deverá começar por recusar o nome de Pero Gomes. Este - corrija-me se for o caso - apenas é conhecido por referências familiares dos Países Baixos e pela transcrição vista por São Payo e AMBAS o dizem sogro de D. Luís. Acho que aceitando Pero Gomes, tem de aceitar o "sogro de D. Luís", isto é, o casamento de D. Luís; e D. António, mesmo na pior hipótese, "legitimatio per matrimonium subsequens"; e D. Henrique e D. Filipe, mentirosos em qualquer hipótese.

A. Luciano

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#253342 | tmacedo | 18 apr 2010 23:25 | In reply to: #253327

Caro A. Luciano:

Começo por lhe responder às duas questões que coloca para que não suspeite que me furto seja ao que for:

"1ª Acredita ou admite que essa transcrição possa ser uma falsificação?"

É evidente que pode ser uma falsificação! Sempre um nacionalismo mais "fanático" pôs em causa a legitimidade dos Filipes e a união das Coroas. Ainda para mais na Évora de 1728 (terá sido mesmo esse o ano da suposta transcrição?). Tão próximo da Guerra de Sucessão de Espanha que trouxera o conflito à Beira Baixa e ao Alentejo.
Não sei se é uma falsificação, mas lá que pode ser, pode. Terei de ver o documento que está no Arquivo Distrital de Évora para dizer mais alguma coisa.

"2ª Abstraindo de deliberada falsificação alguém defende que o estatuto de "judeu de Évora, pai da Pelicana" é compatível com a propriedade de um escravo?"

O Pedro Gomes de 1544 (é esse o ano presumido do assento) não tinha o estatuto de "judeu de Évora". Seria um cristão descendente de uma família de origem judia. Pouco anos antes teria começado a ser feita a distinção entre cristão velhos e cristãos novos que dividiria o mundo cristão em bons e maus cristãos, ortodoxos e heterodoxos. Certamente que Pedro Gomes e muitos outros cristãos de origem judia tinham escravos.

Respostas dadas aos quesitos, acrescentarei ainda que D. João III não queria o casamento do infante D. Luis. Estava-lhe destinado o controlo da Ordem de Malta que era objectivo do rei passar para a esfera da família real. Mas nunca seria possível o rei aceitar um casamento com alguém do povo, da pequena nobreza ou de origem judia, negra ou mulata, ou maometana. Esse casamento a ter tido lugar (Luis Vaz de S. Paio interroga-se nesse artigo: "seria D. António legítimo ?") só podia ter sido aos olhos de Deus e escondido do mundo.

O nome do Pero Gomes de Évora, pai da Violante Gomes, devia ser bem conhecido, podendo até ter deixado abundante rasto nos paroquiais de Évora. Inclusivamente figurando como pai da Violante Gomes que, ela própria, pode ter intervido em vários actos. Será o Pedro Gomes o tabelião de Évora homónimo nomeado por D. João III ? É possível....

É "muito conveniente" que o livro que deveria ser especialmente salvaguardado "existente em 1728 no Cabido de Évora" tenha desaparecido. E que um insignificante translado parcial de alguns assentos, feito na altura, seja "miraculosamente" salvo até aos dias de hoje.

Não conheço nenhumas armas dadas por D. João III a D. António. Certamente que D. António, a partir do momento que afirma ser filho legítimo de seu pai e legítimo herdeiro do reino, só pode usar armas sem quebra de bastardia. Mas em que documento anterior estão referidas as que ele usava antes ? Não conheço.

E só por isso ter sido assim, é que o apoio que ele teve foi tão escasso ao contrário do que acontecera dois séculos antes...O apoio da casa de Vimioso (tão ligada a Évora), de meia dúzia de fidalgotes de província, outra meia dúzia de aventureiros e a desconfiança popular...

Digo isto sem qualquer acinte e sem me armar em qualquer Joãs das Regras de pacotilha. Não me movem interesses políticos nem partidários.

Cumprimentos,

António Taveira

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253343 | tmacedo | 18 apr 2010 23:46 | In reply to: #253327

-----------CORRECÇÃO À MENSAGEM ANTERIOR--------

Caro A. Luciano:

Onde digo:
"...O Pedro Gomes de 1544 (é esse o ano presumido do assento) não tinha o estatuto de "judeu de Évora". Seria um cristão descendente de uma família de origem judia...."

Devia dizer:
...O Pedro Gomes de 1544 (é esse o ano presumido do assento) não tinha o estatuto de "judeu de Évora". Seria um cristão, embora tendo nascido judeu...,

Cumprimentos,

António Taveira

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#253351 | A. Luciano | 19 apr 2010 01:33 | In reply to: #253342

Caro António Taveira,

O assunto perdeu o interesse que para mim poderia ter.
Agradeço-lhe a correcção quanto a São Payo mas quanto ao resto, .... é "déjà vu".

Se, como expuz - e claramente - de um lado temos uma mulher solteira de suspeitosa respeitabilidade filha de um judeu de baixa extracção, e do outro, uma mulher casada, visitada pela rainha e de estatuto nobre, as alternativas são preto ou branco e a falsidade de uma das asserções permite deduzir a falsidade das restantes em cada cor.

Posta em causa a questão do casamento - porque não posso excluir a falsidade ou natureza fraudulenta do traslado - entramos na discussão de cinzentos e por isso não sinto apetência.
Tenho pena, repito, de não entender holandês e de não existir tradução francesa ou inglesa mas, realmente, não é possível "ir a todas".

Por desfastio, despeço-me com duas observação e um desabafo.

1ª Pero Gomes, desconhecido em Portugal até 1917, excepto pelo autor do traslado, afinal "...devia ser bem conhecido, podendo até ter deixado abundante rasto nos paroquiais de Évora.": podia mesmo ser o tabelião homónimo.
Não me lembrando - falha minha, estou certo - de tabeliães proprietários de escravos, seria um tabelião bem herdado que trabalhava por gosto.

2ª "É "muito conveniente" que o livro que deveria ser especialmente salvaguardado "existente em 1728 no Cabido de Évora" tenha desaparecido. E que um insignificante translado parcial de alguns assentos, feito na altura, seja "miraculosamente" salvo até aos dias de hoje.
Temos portanto uma fraude conspirativa ou uma conspiração fraudulenta.
Se bem entendo - e se mal entendo será defeito meu - um nacionalista fanático, exarcebado pelos eventos de 1728, executou um "traslado" à medida e fez desaparecer o livro para que não se descobrisse a fraude. E depois?
Bom, ... depois foi para casa descansar e ficou cerca de três séculos à espera que São Payo encontrasse o traslado.

As semelhanças com o "genovês" são já excessivas, e por isso me vou.

A. Luciano

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#253357 | AIRMID | 19 apr 2010 05:07 | In reply to: #253351

Exmo Sr A. Luciano


Embora compreenda perfeitamente que o assunto lhe tenha deixado de interessar, ainda assim lhe deixo dois ou três esclarecimentos:

"Em15 de Julho de 1544, baptizou o Bacharel della (Paróquia) O Padre Diogo Vidal, a Luiz, filho de uma escrava de Pero Gomes, sogro do Infante D. Luis, foram padrinhos, digo compadres Estevam Rodrigues e Affonso Rodrigues, comadre Gracia Rodrigues, e por verdade assigney.
Diogo Vidal, Cura"

Segundo informação que António Francisco Vidal presta ao fervoroso adepto de Filipe II de Castela, Camilo Castelo Branco, o referido Assento, encontra-se não só no Livro competente da Paróquia, mas também se encontra copiado, na Biblioteca de Évora: Códice CIII/1-7 a folhas 56.

O Genealogista D. Joseph Pellicier de Oser e Tovar, refere que a mãe de Dom António, Prior do Crato, se chamava Violante da Cunha.

O primo de Dom António, Frei Diogo Carlos, que o acompanha no exílio, era filho de Clara Gomes da Cunha e de Francisco Carlos, e sendo Frade Franciscano, nunca Violante e Clara, poderiam ser filhas de um Judeu, ou de um Cristão Novo, porque as inquirições sobre a família dos Frades, abangiam várias Gerações.

Há ainda a salientar, em toda esta História de corruptos, de vendidos a preços de saldo a Castela, de criminosos e traidores:

O Diamante do Rei de Portugal, Dom António, hoje propriedade da Coroa Britânica.

Um outro Diamante, não tão valioso, que fora de Dom António, conhecido por Diamante de Sancy, que foi pertença da Coroa de França, e porteriormente roubado e vendido por uma Bonaparte, de nome Demidoff.

E um Anel com Dois Diamantes.

Existem uns quantos pormenores, que de momento não referirei, porque a leitura do Livro "Dom Luis de Portugal, Neto do Prior do Crato, escrito em 1883 por Camilo Castelo Branco, homem de elevada estatura Moral, Impoluto e Imparcial, como se sabe, me deixou profundamente nauseada, e incapaz de escrever mais uma linha, que seja.

Airmid

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253362 | tmacedo | 19 apr 2010 11:05 | In reply to: #253351

Caro A. Luciano:

As coisas nem sempre são pretas ou brancas. Cada um dos lados pode dizer a verdade, ainda que a sua verdade parcial.

1.º Se o casamento existiu ele foi secreto, não podendo pois ser conhecido senão do celebrante (Luis Vaz de S.Paio sugere que poderia ser o padre Luis Vidal que aparece no translado do assento de 1544) e talvez de uma ou duas testemunhas. Mas não certamente assente em livro paroquial como obrigou mais tarde o Concílio de Trento. Daí uns dizerem que o casamento existiu e outros o negarem. Para estes, Violante Gomes, mãe solteira, seria certamente de duvidosa respeitabilidade.

2.º A origem familiar de Violante Gomes, judia (pelo lado paterno?) não exclui a possibilidade de ser da nobeza local (pelo lado materno?). Citar-lhe-ei o caso dos Plazuelas, baptizados de pé, radicados em Vila Real, que casaram nas principais famílias da nobreza local. Para uns de baixa extracção (de origem cristã-nova perseguida no final do século XVI). Para outros de origem nobre, Mas, a ser verdade, certamente da pequena nobreza local. Não me parece impossível que a rainha visitasse a mãe do prior do Crato, seu sobinho, recolhida num convento.

Cada lado em confronto carregava de cores mais fortes os traços que lhes convinham, segundo as respectivas conveniências. Numa questão não há possibilidade de ambos terem razão. Filho legítimo ou bastardo ? Sucessor de D. Sebastião ou completamente afastado da linha de sucessão. Aqui não há meio termo. E o casamento dos pais a ter existido foi secreto. Se na altura, após Alcacer Quibir, o casamento não foi comprovado, dificilmete o poderá ser agora.

Não faço a mínima ideia se o Pero Gomes ("sogro" de D. Luis) será o Pero Gomes tabelião de Évora. Havia tabeliães proprietários que às vezes nem exerciam o ofício entregues a serventuários. Certos cartórios tinham rendimentos muito superiores a outros. Os tabeliães, além dos emolumentos do seu ofício geriam outros bens de que tiravam rendimentos. Não é verdade que não pudessem ter escravos, bem antes pelo contrário. No entanto a hipótese de Pero Gomes ser o tabelião, não é mais do que uma (remota ?) hipótese a carecer de investigação. A posse de escravos era muito mais frequente do que imagina, ainda mais no sul do país. O que sabemos, pelo tal assento, é que o presuntivo sogro do infante D. Luis possuia uma escrava. Já encontrei registos em que oficiais mecânicos tinham um escravo, não sei se até para o ajudarem no ofício.

Não faço ideia se o livro de assentos original desapareceu propositadamente. Não entro em "ficção científica". Falei nessa possibilidade para não haver uma aceitação do translado como uma verdade insofismável, que não é... D. António não conseguiu demonstrar o casamento do pai a seu tio o cardeal D. Henrique. Como se demonstra que um casamento (a ter existido) secreto existiu cinquenta anos depois ? Certamente falecido o padre que os casou.

Cumprimentos,

António Taveira



Cumprimentos,

António Taveira

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#253392 | josemariaferreira | 19 apr 2010 22:18 | In reply to: #253362

Caros confrades

Melhor que tudo é deixar falar o Infante D. Luís, o filho do Rei D. Manuel de Portugal, que arranjou uma mulher para casar que não tinha mãe!!!

«Dom Joham de Castro, amigo. O ifante dom luís vos envio muito saudar. Hua vossa carta receby do porto de moçambique, feita a cinco dagosto do anno passado, com que ouve gramde prazer pelas boas novas, que nela vejo de vossa pessoa, e asy do visorey, e bõa viagem, que nosso senhor lhe deu a toda sua frota, a qual espero que com seu bõo governo, e deceplina fará todo bõo efeito de serviço de deus,[ SERVIÇO A DEUS] e del-rei; meu senhor. O que me dizees que tendes escrito, que vos a esperiencia nesta viagem mostrou, estou eu muy contente, e espero com grande alvoroço pera ver o fruito de nossos instrumentos, e mais principalmente de vosso bõo engenho, e segundo vossa Carta promete, he muy gramde; por que de vossas premisas se emferem cousas muy proveitosas, e necessárias a esta navegação, e até agora huas nom comprendidas, e outras nom consideradas, e todas o seram muyto de mi. quando vir vossa escritura pera vos ajudar, em parte, a levar o peso de tam gramde, e delicada filosofia, em que deve aver muy altos mistérios[E DELICADA FILOSOFIA, EM QUE DEVE AVER MUY ALTOS MISTÉRIOS] E pois a natural asy se vos oferece, e se poem em vossas mãos, pera com ella dardes caminhos e regra aos que por esses mares navegão a seus proveitos; nom menos devees tratar.e conversar a moral com que segundo o que de vós vos conheço, sey que darêes exemplo, por omde os que nessas terras amdão, poderam alcançar honrra e gloria: e o que deestes nesta viagem foi asas dino de louvar, segurado os bõos costumes e doutrina, que em vossa companhia se praticou, como acho pela emfurmaçao, que de tudo quiz tomar, de que elrey meu senhor se ouve por muyto servido. Eu espero em nosso senhor que o seja sempre de todas vossas cousas : e taes novas, como estas, me tragam de vos, em quanto lá andardes : e escrevême as que poderdes, por que com ellas,e com vossas cartas receberei muyto contentamento. De Lixboa, a xix de marco do 1539. Infante Dom Luis.»


Saudações fraternas

Zé Maria

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253433 | abivar | 20 apr 2010 17:34 | In reply to: #253351

Caro A. Luciano:

Embora não disponha de conhecimentos relevantes que me permitam intervir nesta interessante discussão, quanto ao fundo da questão, permito-me comentar uma sua afirmação, nomeadamente quando afirma com alguma ironia:

"Não me lembrando - falha minha, estou certro - de tabeliães proprietários de escravos, seria um tabelião bem herdado que trabalhava por gosto"

Quanto a esta questão, ao longo de muitos anos de investigação genealógica, julgo que encontrei exemplos em número suficiente para poder ter uma opinião com algum fundamento. Parece-me hoje claro que, no antigo regime, em muitos locais da nossa província, os diversos cargos de tabelião (escrivães da Câmara, dos orfãos, etc.) pertenciam muitas vezes a título hereditário (pelo menos na prática) a famílias pertencentes à nobreza, constituindo parte dos rendimentos dessas famílias. Verifiquei que muitas vezes os documentos não eram efectivamente escritos pelos titulares desses cargos, existindo para esse efeito "serventuários", e os titulares, por vezes , completavam os documentos com uma fórmula do tipo "e eu fulano de tal, tabelião, etc., o fiz escrever" limitando-se a assinar no fim. Deste modo eu diria que grande número de tabeliães pertenceriam à nobreza ou principalidade locais possuindo sem dúvida, em muitos casos, escravos e sendo também por vezes dos maiores proprietários rurais. Aliás encontrei também "oficiais mecânicos" possuindo escravos, mas muitos tabeliães estavam socialmente bem acima desses outros por vezes também possuidores de escravos.

Não pretendo, com esta observação, dar ou retirar força aos argumentos relativos à questão essencial que aqui está em discussão, mas apenas contribuir para clarificar esta questão muito particular, pois por vezes somos levados a formar uma imagem desfocada da realidade dos séculos que nos precederam por uma acumulação de pequenos "erros de paralaxe" que só se podem ir corrigindo coligindo muitas observações e trocando experiências.

Com os melhores cumprimentos,

António Bivar

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253441 | AIRMID | 20 apr 2010 19:47 | In reply to: #253392

Caro José Maria

Toda a História de Portugal é um Mito.
E nestes tempos críticos que atravessamos, eu só queria que Dom João II, estivesse conosco.
Que fosse possível quebrar a barreira do Espaço e do Tempo, e pedir-lhe ajuda.

Ele saberia como proceder, como o fez, na difícil conjuntura Política que se instalou em 1494, durante a qual a França invadiu a Península da Itália, que Espanha e França, dividem mais tarde entre si.

Vasco da Gama em 1497, na sua Viagem para a Índia, parou em Cabo Verde, na hoje chamada Cidade Velha, a escassos Kilómetros da Praia.

Cristóvão Colombo, também aportou na Cidade Velha, antigamente chamada Ribeira Grande, na sua 3ª Viagem para a América, em 1498.

Duarte Pacheco Pereira, conhecia bem as Ilhas de Cabo Verde, já que escreve, que eram estéreis, já que só chovia em Julho. Agosto e Setembro, e ainda que sejam pouco conhecidos detalhes da sua viagem, é natural que também aí tenha parado em 1498, na sua viagem para o Brasil.

Vasco da Gama, quando regressa a Portugal, da Viagem à India, não regressa a Lisboa, pára na Ilha Terceira, nos Açores, justificando o facto com a doença do Irmão, e é Nicolau Coelho, quem chega a Lisboa em 12 de Julho, para dar a notícia a D. Manuel.

Vasco da Gama, só regressa em final de Agosto a Lisboa.

Em Outubro, Dom João II, é transladado para o Mosteiro da Batalha.

A Rainha D. Leonor, manda nessa altura construír o Convento da Madre de Deus, onde passa o resto da vida.

E os partidários de Dom João II, passam a tratar D. Manuel por Rei.


A Cidade Velha, foi mais tarde destruída pelas forças francesas, decerto iluminadas pela luz dos faróis que os portugueses construiram, e que eles se encarregaram de apagar.


Saudações

Airmid

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RE: D.António Prior do Crato

#253445 | A. Luciano | 20 apr 2010 20:02 | In reply to: #253433

Caro António Bivar,

Permita-me que faça um pouco de história.
De Domenico Columbo sabe-se que foi tecelão, que vendeu a parte significativa do dote de sua mulher para poder sair da prisão em que se encontrava por dívidas, que arrendou e depois vendeu a sua casa de Genova - adquirida muito provavelmente com dinheiro da herança do pai e que acabou de pagar em prestações com incidentes vários - para se mudar para um lugarejo dos arredores onde foi também taberneiro; e na fase final da vida vendeu o terreno que adquirira e recolheu-se a casa da filha.
Isto é claramente uma história de insucesso mas, como estará lembrado, pessoas com títulos académicos, não hesitaram em defender que seria um médio industrial que também seria homem de negócio, etc., etc..
Não estava em causa saber se existiram tecelões que gosaram de prosperidade, embora como é óbvio, se tinham um negócio próspero, não iriam dedicar-se a taberneiros até por uma questão de gestão de tempo; nem se haviam igualmente tecelões que pudessem assegurar uma boa educação de base a pelo menos dois filhos - embora como é óvio, se tivessem dinheiro para isso não se atrasariam nos pagamentos ao Convento arriscando a encontrar-se na rua com toda a família e, sobretudo, não deixariam o outro filho ir para aprendiz fora do negócio familiar aos 10/11 anos de idade.

Assim estamos nós com este Pero Gomes.
A propaganda, que se não foi inspirada por D. Henrique e D. Filipe foi por eles consentida é que se tratava de um judeu de Évora - sem qualquer indicação de profissão ou estado - e pai da Pandeireta (escolhi de propósito a alcunha que me soa pior das 3 mais divulgadas).
Não estamos a tratar de quaisquer conhecidos ou menos conhecidos detentores de ofícios mas de um judeu convertido, pai da Pandeireta (desculpe a insistência).
Perguntava-lhe agora, quantos desses tabeliães que encontrou na sua pesquisa e eram proprietários de escravos eram cristãos-novos de primeira geração?
Também encontrei na minha pesquisa proprietários de escravos mas devemos de situar a questão no tempo e circunstâncias próprias. Conheço, na minha ancestralidade um cristão-novo, aliás mais de meio cristão-novo, administrador de um vínculo baseado numa propriedade em Lisboa que levava de 70 a 80 homens de cava, administrador de uma capela com alguns prédios urbanos no centro de Lisboa e que se desobrigou cerca de 1750 com a família, 10 criados e 3 escravos. Na ascendência deste, muito bem documentada através dos inventários dos processos da inquisição, nunca encontrei nenhum proprietário de escravos e alguns eram ricos. De facto o primeiro proprietário de um escravo que encontrei foi um cristão velho-que casou com uma cristã-nova de família que vivia de sua fazenda, isto por 1670 e em meio rural.
A minha percepção é que em 1544 um proprietário de um escravo em ambiente urbano tinha no mínimo, desafogo económico. Não seria concerteza o pai da Pandeireta.

Também a questão do ofício de tabelião tem que se lhe diga. Antes do mais começo por afastar que Pero Gomes fosse de família detentora do cargo, primeiro porque a família seria naturalmente conhecida, segundo porque há uma mercê de D. João III a provê-lo no cargo. Desconhecendo a mercê em causa, admito contudo que não o identifique senão isso seria conhecido, isto é se a mercê fosse por via de herança seria normal que fosse conhecida a origem, "que fora de seo pae" ou tio, ou sogro, ou o que fosse. E concerteza que haveriam cartórios prósperos mas, mais uma vez, se Pero Gomes fosse tabelião de um cartório próspero, seria conhecido pois Évora era nessa época uma das principais cidades do reino e conhecer-se-iam escrituras do seu cartório.
Detesto estar a escrever sober este tipo de questões que não são mais do que árvores que só têm a utilidade prática de fazer esquecer a floresta.
O António Bivar sabe muito melhor do que eu que um tabelião era normalmente assim identificado: fulano de tal, tabeliam de notas e quantas vezes apenas o tabelião de X (lugar) sem referência de nome. Qual a probabilidade do convertido judeu de Évora, ser tabelião?

Comecei por acreditar de boa fé que São Payo se teria referido a um documento existente e não a um traslado do séc. XVIII - depois de perder horas a procurar a referência de que já mal me lembrava, fiquei convencido que o autor apenas se debruçava sobre a questão do cura de Évora poder ou não referir-se ao pai da concubina como sogro e a questão da autenticidade do traslado ou nem foi considerada ou estaria ultrapassada em fase anterior que desconheço.
Pessoalmente tenho cautelas com todos os traslados e sem me querer "por em bicos dos pés", tenho suficiente experiência de genealogia medieval para saber o que pode acontecer em reformas de documentos. Se o original desapareceu, as cautelas são redobradas. Se a questão envolve história, política ou interesse materias, já não são cautelas mas semáforos entre o amarelo e o vermelho mas nunca verde. Assim o que tinha tomado como certo voltou a estar em aberto.
E, para falar com absoluta franqueza, fiquei algo sentido com os "pontos de exclamação" do António Taveira e daí a ironia que detectou, aliás constante igualmente da parte final da mesma mensagem. Por regra não aprecio e não uso sarcasmo.

Continuando a usar de extrema franqueza - má educação q.b. como já disse uma vez - essa minha mensagem tinha uma terceira observação que depois eliminei e se referia à questão heráldica porquanto interroguei António Taveira sobre as armas que teriam sido concedidas a D. António e ele entendeu responder-se sobre as armas que este usara já pretendente.
"Posso mesmo dar a certeza de haver sido pintado o tecto entre os anos de 1515 e 1520, porque lá se encontravam as armas do infante D. Duarte, nascido em 7 de Setembro do primeiro daqueles anos, e não se encontram as do infante D. Carlos, nascido a 18 de Fevereiro de 1520, ..."
Esta citação de Braamcamp Freire demonstra bem a importância que a heráldica da família real, no seguimento do casamento inglês de D. João I, assumira desde D. Manuel. É claro que será teoricamente possível que o que se aplicava aos infantes, já não se aplicaria aos seus filhos, mas não o considero provável. De resto, se isto não der em "discussão columbina" em que vale tudo, acho que ninguém acredita que D. António assumiu o grão-priorado do Crato sem nunca ter rebido armas ou que foi governador de Tânger igualmente sem armas.
Por isso a questão das ignoradas armas de D. António me parece importante para aferir a afirmação de origem familiar - gratuita até ver - que D. João III concedera armas sem filete de bastardia a D. António, ao contrário das que concedera ao seu próprio filho, que foi arcebispo de Braga aos 19 anos. Incidentalmente, desconheço se algo de substancial se alterou do séc. XIV para o XVI mas a idade mínima para um bispo na lei canónica eram 30 anos.
Será possível que tenha desaparecido por causas fortuitas qualquer documentação dessas armas? Sou apenas eu - e mais alguns - que desconhecem essas armas? Estas as questões para que gostaria de ter respostas.

Termino lamentando que nenhum interessado em investigação histórica, tenha achado alguma utilidade em avaliar a informação do livro do dr. van de Kamp. E, a propósito, não deixei de achar curioso que São Payo tenha escrito um artigo em que também especula sobre a possibilidade do casamento ter sido celebrado pelo cura Diogo Vidal quando o livro dr. van de Kamp afirma claramente que não houve qualquer padre na cerimónia e os noivos trocaram as promessas na presença de convidados.

A. Luciano

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RE: D.António Prior do Crato

#253451 | tmacedo | 20 apr 2010 22:06 | In reply to: #253445

Caro A. Luciano:

Lamento os pontos de admiração (era este o nome que lhes dava o meu professor da 4.ª classe) que coloquei na minha mensagem em resposta à sua. Mas concorde que a minha admiração pela interpretação que deu ao artigo de Luis Vaz de S. Paio era natural - nunca me passou pela cabeça que não conhecesse directamente o artigo em causa.

Nunca coloquei em causa a sua boa-fé e, se outra impressão dei, peço que mo desculpe.

Em relação à matéria dos “autos” nada tenho a acrescentar.

Cumprimentos,

António Taveira

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RE: D.António Prior do Crato

#253461 | abivar | 21 apr 2010 00:39 | In reply to: #253445

Caro A. Luciano:

Muito obrigado pela sua resposta que me traz diversas novas informações acerca deste assunto que, como antes disse, acho bastante interessante e acerca do qual sei muito pouco. Como referi na minha mensagem, não pretendi intervir quanto ao fundo da questão aqui em discussão e o que escrevi acerca de tabeliães não visava esclarecer o caso específico de Pero Gomes; apenas me pareceu que a referência geral que fez à "posse de escravos por tabeliães" merecia um comentário "rectificativo", passe a presunção... Mais uma pequena achega: quando referi o carácter "hereditário na prática", julgo que esse facto não dispensava a nomeação real e nem sempre haveria referência à "herança" de algum antecessor familiar, como pude verificar em alguns casos, mesmo que na prática o cargo ficasse no mesmo grupo familiar; mais uma vez não pretendo com isso analisar o que se terá passado no caso concreto desse tabelião Pero Gomes, fosse ele ou não judeu convertido ou descendente de judeus. Não sou capaz de avaliar a probabilidade de um judeu convertido poder ser nomeado tabelião, embora não me pareça à partida impossível.

Tem toda a razão quanto ao cuidado a ter com os treslados, mesmo os que têm intenção de ser fidedignos; ainda recentemente examinando os livros do mosteiro de Paderne encontrei arquivado no mesmo livro um documento original do século XVI e mais adiante o respectivo treslado em letra do século XVIII; lendo os dois encontrei um erro de transcrição no treslado do século XVIII que tem alguma importância pois transcrevia-se "protonotário" por "padre reverendo" o que eliminava uma informação importante acerca de um dos comendatários desse mosteiro.

Com os melhores cumprimentos,

António Bivar

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RE: D.António Prior do Crato

#253472 | tmacedo | 21 apr 2010 08:55 | In reply to: #253461

Caro António Bivar:

No início do século XX foi publicado o traslado do assento de Évora referido e redescoberto por Luis Vaz de S. Paio nos anos oitenta. A primeira referência que conheço a Pedro Gomes, pai da Pelicana, é de Camilo Castelo Branco que diz que ela era natural de Moncorvo, em Trás-os-Montes. Certamente que ao longo dos tempos o nome do avô do prior do Crato sempre por aí andou em documentação avulsa tendo alguma dela chegado às mãos de Camilo. Podendo até essa informação vir do traslado de Évora, certamente visto e compulsado por largas dezenas de pessoas ao longo de dois séculos, que não deixariam de o relevar.

Não sabendo, óbviamente, se o Pero Gomes, tabelião de Èvora, seria o avô materno de D. António, teria tendência, num arriscado cálculo de probabilidades, a não valorizar a sua condição de judeu converso como factor a pesar na balança. Se, continuando a senda especulatória, existissem dez Peros Gomes, contemporâneos, na Évora da primeira metade do século XVI, a probabilidade do pai da Pelicana ser o tabelião seria capaz de rondar os 10%. Com isto também não valorizo especialmente o facto de, sendo judeu converso, a probabilidade de ser alfabetizado (condição necessária para o exercício do cargo) será certamente muito superior do que seria no universo das famílias de origem cristã.

Ainda em relação à inserção de judeu converso gostava de salientar dois casos por demais conhecidos que me parece relevante salientar.

--O dos Plaçuelas:
O primeiro, Fernão de Plaçuela, baptizado em pé em Castela, veio com o filho Garcia Fernandes, este ainda nascido judeu, para Portugal. Garcia Fernandes recebeu ordens menores em 1492 tendo casado com Briolanja Cão, de família nobre de Vila Real. Foi cavaleiro fidalgo, tendo tido do seu casamento: 1. Fernando (nome próprio do avô paterno) que recebeu ordens menores em 1514, 2. Gaspar que recebeu ordens menores em 1519, 3. Sebastião que recebeu ordens menores em 1527 e 4. Pedro que recebeu ordens menores em 1527.

--O dos descendente de Diogo Dias, o cheira dinheiro, referido por José de Campos e Sousa no Processo Genealógico de Camilio Castelo Branco com dados retirados dos processoa da Inquisição;
Diogo Dias, mercador rico, terá nascido em finais do século XV tendo vivido com sua mulher na rua nova em Vila Real. Foram seu filhos:
1 Filipa Dias, x.n., nascida cerca de 1520 (tinha 50 anos em 1570) casada com Pedro Álvares, x.n., o Galego, natural de Vila Real.
2. Rui Dias, x.n., almoxarife de D. Duarte de Menezes, viúvo de Genebra Correia, x.v., mr. Vilar de Maçada.
3. Manuel Lourenço, x.n, reitor de S. Martinho de Bornes.
4. Jorge Gago, x.n., casada com Juana de Baiona, x.v., morador em Vila Real.
5. Martim Soares, clérigo de missa, confirmado na igreja de Torgueda.
6. Branca Dias, moradora em Vila Real, casada com Cristovão Roiz, mercador, morador em Vila Real.
6. Inês Lourenço, moradora em Vila Real, casada com Fernão de Faria, x.n, tratante.
7. Beatriz Lourenço, moradora em Vila Real, casada com João Luis, x.n., tratante.
8. Leonor Dias , moradora em Vila Real, casada com João Gonçalves, x.v.
9. Violante Dias, moradora em Alfarela casada com Luis Álvares , x.n., tabelião.
10. Cecília Dias casada com Gonçalo Monteiro, x.v.

A Violante Dias casou com um Luis Álvares de Sousa, x.n., natural de Alpendurada que foi tabelião em Alfarela de Jales no reinado de D. João III e D. Sebastião, tendo, segundo testemunhas nos diversos processos consultados, vivido abastadamente naquele concelho onde construiram uma capela.

Cumprimentos,

António Taveira

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RE: D.António Prior do Crato

#253473 | tmacedo | 21 apr 2010 09:24 | In reply to: #253461

Caro António Bivar:

Só para acrescentar uma precisão que é devida. Camilo Castelo Branco transcreve o traslado do assento de Évora referido por Luis Vaz de S. Paio. Refere ainda o nome de seu informador (António Francisco Barata) que atesta que para além do traslado o mesmo assento consta do livro competente de baptizados. A ser verdade, o desaparecimento do livro datará de época posterior.

Cumprimentos,

António Taveira

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#253492 | josemariaferreira | 21 apr 2010 20:33 | In reply to: #253441

Cara AIRMID e restantes confrandes


O Convento de Santa Maria de Almoster foi fundado em 1289 por D. Berengária Aires, aia da Rainha Santa Isabel e mulher de D. Rodrigo Garcia, em cumprimento do desejo testamental da sua mãe, D. Sancha Pires, devota do culto do Espírito Santo simbolizado pela Pomba.
“Imprimeiramente mando que m.ha filha D. Beringueira, faça fazer hum Moesteiro de Monjas da Ordim de Cistel, ou d’outra Ordim, que seja a serviço de Deus, qual mha Filha tiver por bem, no meu logar d’Almoster”.
De entre as várias religiosas que aqui professaram, há a destacar D. Violante Gomes, mãe de D. António, Prior do Crato, que ficou conhecida pela Pelicana, nome de ave tão famoso como o de Pomba em Castela. Pelicana que foi mãe do Infante D Luís e avó, de D. António, Prior do Crato que lutou contra Filipe II, pela independência de Portugal.


A Capela de S. João Evangelista (Evangelho), possui uma guarnição em silhar de três painéis de azulejo figurativo do século XVIII, com cenas da vida de S. João Evangelista: martírio (caldeira fervente); envenenamento (cálice com uma serpente) e revelação (escritura do Apocalipse em Patmos).

O altar, de talha dourada, tem quatro colunas em espiral (salomónicas), suportadas por uma Fénix (ou um pelicano) e decoradas com motivos de uvas e parras. Ao centro, um nicho com remate em concha, alberga a imagem do patrono.

O Altar de Santa Ana e S. Joaquim, em madeira de talha dourada, possui colunas em espiral (salomónicas), sendo rematado por baldaquino com sanefa. Da gramática decorativa constam anjos suspensos (nos capitéis) e fénix ou pelicanos (nas pilastras).

O Pelicano também está representado na Igreja do antigo Convento de S. Francisco em Évora, neste convento viveram D. João II e também D. Diogo, Duque de Viseu e Beja. O Pelicano também estava representado na Igreja de S. Francisco em Santarém, na capela das Almas que albergava o túmulo de Dom Duarte de Menezes, pai do bispo de Évora que fez parte da “conspiração” contra D. João II, apoiando D. Diogo, Duque de Viseu e Beja. De notar que esta capela foi mandada fazer por D. Vataça para se sepultar o seu marido D. Martim Anes, que fazia parte dos “exércitos celestiais” de Portugal.
• Tema: Pelicano (Temática Profana, Representação Animal)
• Título: Túmulo com jacente de Dom Duarte de Meneses
• Artista: Mestre Gil (?)
• Localização geográfica: Santarém; Santarém: Museu de São João de Alporão
• Proveniência: Igreja de São Francisco de Santarém. Capela das Almas.
• Datação: Século XV (1477, cerca de?)
• Localização no túmulo: arcossólio. pormenor
• Dimensão: 435X100X650 cm
• Material: Calcário
• Estado de conservação: Bom
• Descrição: Sarcófago inserido numa estrutura arquitectónica. Arca paralelepipédica, decorada num facial, com jacente sobre a tampa. Decoração da arca: sobre um fundo vegetalista (ramos de azinheira), ao centro, o emblema de Dom Duarte de Meneses, ladeado pelo seu brasão e pelo de Dona Isabel de Castro, sua segunda mulher. Sobre eles, uma faixa desenvolvida ao longo de todo o facial e sustentada por um anjo em cada extremidade, com inscrição comemorativa. Jacente de Dom Duarte de Meneses, governador de Ceuta e de Alcácer Ceguer, criado conde de Viana de Caminha, em 1460. Morreu em Marrocos em 1464, protegendo a retirada do rei Dom Afonso V, tendo sido impossível recuperar o seu corpo, desfeito pelos mouros. Como num combate havia quebrado um dente, foi este guardado por sua segunda mulher, Dona Isabel de Castro, num cofre e colocado no túmulo que lhe fez construir. O jacente, deitado de costas sobre uma base autónoma completamente revestida de folhagem de azinheira e que na cabeça lhe serve de almofada, veste armadura completa. A cabeça cobre-se com um bacinete coroado de louros. Os pés assentam numa mísula formada pela mesma vegetação. Estrutura arquitectónica constituída por um rectângulo enquadrado nos ângulos por dois pináculos decorados com cogulhos; sob eles duas imagens: do lado da cabeça do jacente, a Virgem, do lado dos pés, São João Evangelista (com uma original cabeça bifronte). Ambas as imagens estão assentes em mísulas com decoração zoomórfica e coroadas por baldaquinos de complexa feitura. O centro da composição está organizado por um grande arco contracurvado subdividido em dois arcos quebrados que se intersectam, estando a intersecção assinalada por uma mísula decorada com três anjos assentes sobre o escudo de Dona Isabel de Castro. As bandeiras dos dois arcos quebrados estão preenchidas com decoração flamejante, rematada por arco segmentar decorado com cairéis. Sobre a mísula central, no espaço deixado livre entre os dois aros quebrados e o desenho do arco contracurvado, inscreve-se a representação de Cristo na cruz, com quatro anjos, cada um com seu cálice, recolhendo o sangue das chagas do crucificado. Na base da cruz e servindo-lhe de suporte, encontra-se uma caveira; sobre a cruz, um desenvolvido baldaquino coroa a composição. Assinala-se ainda a presença de elementos decorativos quer geometrizantes quer fitomórficos, salientando-se o uso do emblema do tumulado na parte superior da estrutura tumular. Na borda da tampa da arca, sob a cabeça do jacente, vêem-se, em caracteres góticos, as letras g e m ; no lado esquerdo da estrutura arquitectónica, também em caracteres góticos, o nome gil (?).
• Heráldica: Armas de Meneses: cortado de um traço, partido de dois: o 1º, 3º e 5º de oiro, dois lobos passantes, sotopostos, de púrpura, armados de vermelho; o 2º, 4º e 6º, de oiro, quatro palas de vermelho; sobre o todo de oiro liso. (1º Vilalobos, 2º Limas. Meneses) (Anselmo Braamcamp Freire, Brasões da Sala de Sintra, vol. 3, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1996, p. 283)
• Inscrição: “MEMORIA DE D. DUARTE DE MENEZES. TERCEIRO CONDE DE VIANA. TRONCO DOS CONDES DE TA // ROUCA. PRIMEIRO CAPITAO DE ALCAÇAR SEGUER EM AFRICA. Q(UE) COM QUINHENTOS SOLDADOS DEFEN // DEO ESTA PRAÇA CONTRA CEM MIL MOUROS. COM OS QUAES TEVE MUITOS ENCONTROS. FICANDO DEL // LES SEMPRE VENCEDOR. MORREO COM GRANDE HONRA. E GLORIA NA SERRA DE BENACOFU POR SAL // VAR A VIDA DE SEU REY D. AFFONSO V. Histor(ia) Seraph(ica) da Prov(incia) de Portug(al). tom. I, liv. 4. cap. 30”


El-rei D. João II também como devisa o Pelicano:
El-rey [D. João II] faleceo sem pay, nem mãy, sem filho nem filha, sem yrmão nem yrmaã e ainda com muito poucos, fora de Portugal no reyno do Algarve em Alvor muyto pequeno lugar. E sendo assi na morte tam soo, foy de todos tam sentido, tam chorado, com tamanhos doridos e pubricos prantos, que mais nam podera ser sendo muy acompanhado. E todo o reyno foy vestido de burel, almafega, e vaso, com tamanho nojo e tristeza, que ha cidade de Lisboa alem dos grandes e solemnes saymentos que polla sua alma fez, mandou apregoar que nenhum barbeiro fizesse barba nem cabello dahi a seis meses sob muy graves penas e assi se comprio muy inteiramente o que nunca se vio nem leo que por outro rey se fizesse. E tambem em outras cidades se fez ysso muito bem com muy grande sentimento, que aynda que el-rey fosse só de parentes o acompanhavam muitas e grandes vertudes, grandezas, e grande esforço, e muitas perfeyções que nelle avia.
E porque Nosso Senhor Jesu Christo sempre dá seus galardões e grandissimas merces e acostumadas misericordias conformes aos serviços que lhe fezeram, e aos corações, vontades, e tenções com que forem feytos, manifestamente ho quis agora manifestar naquesta morte d' el-rey como elle em sua vida per desejo, per devisa, per obras manifestava. E PORQUE SEMPRE SEUS PENSAMENTOS E CUIDADOS ERAM EM SERVIR A DEOS E COMPRIR SEUS MANDAMENTOS COM GRANDE FERVOR DE FEE ESPERANÇA E CARIDADE EM AMAR MUITO SEUS POVOS, que pola ley e pollos seus dezia que derramaria seu sangue como pelicano por seus filhos, Jesu Christo Nosso Senhor verdadeyro pelicano lho quis altamente pagar naquesa mesma moeda; que pola grande devaçam e contriçam que el-rey tinha se lembrou tanto de sua alma a ora de sua morte que ACABOU TAM SANTAMENTE QUE HE AVIDO POR SANTO. E pollo muyto grande bem que a seus povos queria, ficou a todos em geral hum tam grandissimo amor a sua alma, e sua memoria, sua vida, e seus feitos que pera sempre sera desejado, louvado, muyto bem quisto, e de muy honrrada fama." (Garcia Resende)

Dom Jorge de Alencastre também tinha o Pelicano como devisa:
Já D. Jorge de Alencastre, o homem que herdou o Pelicano de seu pai, muito devoto das relíquias de D. Vataça, na visitação que fez à Vila no ínicio de 1500, referindo-se ás ditas relíquias de São Romão e de São Fabião, mandou que "As quaes relliquias sam de muita devoção e de mujtos mjlagres e amdam pellas maãos de leigos o que nam deuemos consentir E portanto que estejam no dito sacrario e daly se tiraram e amostrarão quando for necessário.. e nos asy ho lavramos e aprovamos e mandamos que se guarde para sempre" porque aquelas relíquias tinham sido doadas por uma “Senhora da Grécia”. Senhora da Grécia que foi casada com Martim Anes, comandante dos “exércitos celestiais de Portugal”, que foi sepultado na capela das Almas do Convento de Santarém decorada com um Pelicano.

Esta é a família Gomes de Figueiredo no seio da qual D. João II, casou a Infanta Marta de Évora, filha de D. Diogo de Viseu e Beja, de cujo casamento nasceu Violante Gomes, a Pelicana, que casou com o Infante Dom Luís, casamento esse que o seu filho D. António, Prior do Crato viu reconhecido por Bula Papal de Gregório XII.

II - D. GONÇALO DE FIGUEIREDO, (c. 1340 – 1402) o outro filho de Gonçalo Garcia de Figueiredo, nasceu também em Alcácer do Sal, e seguiu a vida eclesiástica. Foi Deão da Sé de Silves, e mais tarde Bispo de Viseu. Teve descendência, entre outros nos FIGUEIREDO DA OTA, interessando-nos aqui:

III – BEATRIZ GONÇALVES DE FIGUEIREDO, a filha mais nova, que casou com um incógnito N… GOMES, de onde surgirão variados GOMES DE FIGUEREDO na sua descendência, a começar em seu filho:

IV – LUIS GOMES DE FIGUEIREDO, que nasceu em Setúbal c. 1383, e foi “homem mui principal”, segundo Alão. Desconhece-se com quem casou, mas registam-se dois filhos seus:

V- SENHORINHA GOMES DE FIGUEIREDO, de Setúbal (e. 1403); casou com um galego, JOÃO LOURENÇO DE SAN PAYO, que foi alcaide da Covilhã por D. Fernando de Castro. Tiveram vários filhos:

VI – HENRIQUE DE FIGUEIREDO, poetou, e foi recolhido no Cancioneiro de Garcia de Resende. Foi Escrivão da Fazenda Real (1464), e juiz dos Direitos Reais de Santarém (1475). Casou com Catarina Álvares, daquela cidade, e sua filha Filipa de Figueiredo foi 2ª mulher de Simão de Faria, irmão de Antão de Faria, o Camareiro, Escrivão da Puridade de D. João II, e Alcaide-mor de Palmela. Não tiveram geração, mas da 1ª mulher de Simão de Faria, Filipa de Sousa, nasceu António de Faria e Sousa, o célebre personagem da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto.
Deixo também a nota de Túlio Espanca, no Inventário Artístico do Distrito de Évora, vol. I , pg. 369b, acerca do Monte do Paicão, que terá pertencido a este HENRIQUE DE FIGUEIREDO, a quem aponta uma filha D. ISABEL DE FIGUEIREDO, que terá casado com RUI GIL MAGRO DE ALMEIDA, anadel-mor dos besteiros de D. João II, e de quem parece ter havido descendência; mas não tenho mais dados sobre este tópico.

VI - JOÃO DE FIGUEIREDO, juiz das sisas da Covilhã, mais tarde seu alcaide-mor; esteve na conquista de Tânger e de Arzila. Pode ser o que foi da casa do Infante D. Henrique (que era senhor da Covilhã) e que em 1466 foi requeredor das rendas e direitos reais de Faro, talvez dando depois alguém por ele.

VI – GOMES DE FIGUEIREDO, comendador de Horta Lagoa na Ordem de Santiago, camareiro-mor de D. Afonso V, contador e arrendador da Comarca de Évora, Estremoz e Portalegre 1481, provedor de Évora, Estremoz e Portalegre 1490, e mais variados cargos ligados à fazenda real. Viveu em Évora. Casou com D. Leonor de Mello, filha de João de Mello, alcaide-mor de Serpa e copeiro-mor. Teve uma filha chamada D. Isabel de Mello, que casou com o 3º conde de Vimioso, D. Fernando de Noronha, filho dos Condes de Odemira e Faro. Tiveram:

•D. Francisco de Faro, 4º senhor de Vimieiro * c. 1520 Mécia Henriques de Albuquerque, 3ª senhora de Barbacena Guiomar de Castro Maria de Mendonça
•D. Dinis de Faro * c. 1530 Luisa Cabral
•D. Afonso Henriques de Faro
•D. Sancho de Faro, bispo de Leiria * c. 1520
•D. António de Faro , clérigo
•D. Maria de Noronha * c. 1525 D. João de Menezes, senhor de Tarouca
•D. Guiomar de Noronha , freira bernardina e abadessa do Mosteiro de Odivelas
•D. Constança de Noronha , freira beneditina e abadessa do Mosteiro de Semide
•D. Ana de Noronha , freira seráfica no Mosteiro de Santa Clara de Coimbra
•D. Gregória de Noronha , freira dominicana no Mosteiro do paraíso de Évora
•D. Antónia de Noronha , freira dominicana no Mosteiro do paraíso de Évora

V – LUIS GOMES DE FIGUEIREDO, filho homónimo de seu pai, n. em Setúbal, serviu o Infante D. Pedro, de quem foi Caçador-mor, e com quem esteve em Alfarrobeira. Casou com Francisca de Almeida e tiveram:

•Sebastião Gomes de Figueiredo, senhor do Aveloso casou com D. Antónia Fernandes de Vasconcellos. Tiveram:

• Duarte de Figueiredo e Vasconcellos Francisca de Tovar e Vilhena, que possuía o prazo de Veloso que lhe dera o avô sendo bispo de Lamego. Esse prazo foi aumentado, porque Duarte de Figueiredo e Vasconcelos, irmão do corregedor da ilha Terceira, serviu Filipe II de Espanha. D. João IV não tirou também aos Figueiredos os seus direitos em favor de outros que o aclamaram; um filho daquele Duarte serviu D. João IV, como seu pai servira Filipe II.

•Rui Gomes de Figueiredo Joana da Fonseca

•Ciprião Gomes de Figueiredo Vasconcelos, natural de Alcochete, filho de Sebastião Gomes de Figueiredo e de D. Antónia Fernandes de Vasconcelos, filha do arcebispo de Lisboa D. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos. Por este lado descendia dos Meneses da rainha Leonor Teles.
Em 1576 foi nomeado por D. Sebastião para o cargo de corregedor dos Açores.
A divisa dos Açores, que reza Antes morrer livres que em paz sujeitos, é retirada de uma carta escrita a 13 de Fevereiro de 1582 por Ciprião de Figueiredo, então corregedor dos Açores, a Filipe II de Espanha. Naquela missiva recusa a sujeição da ilha Terceira em troca de mercês várias, dizendo: ... As couzas que padecem os moradores desse afligido reyno, bastarão para vos desenganar que os que estão fora desse pezado jugo, quererião antes morrer livres, que em paz sujeitos. Nem eu darei aos moradores desta ilha outro conselho... porque um morrer bem é viver perpetuamente...
D. António em prémio da fidelidade do corregedor, quando o chamou a Paris, agraciou-o com o condado da vila de São Sebastião, localidade em cujos arrabaldes se travou a batalha da Salga.

•Geneveva Gomes de Vasconcelos, sobrinha de Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, um dos principais apoiantes de D. António, Prior do Crato, casou em Paris com Pierre Gillot, senhor de Doncourt, e de Saintonge, um reputado jurista do parlamento francês, teve uma filha Louise-Geneviéve Gillot de Saintonge (Paris, 1650 – Paris, 24 de Março de 1718), que ficou mais conhecida sob o nome literário de Madame de Saintonge, foi uma escritora e libertista francesa, de ascendência portuguesa, autora de diversas obras publicadas em Paris e Dijon, incluindo uma biografia do rei D. António I de Portugal “Vie de Don Antoine, roi de Portugal” uma pouco menos de fantástica genealogia de seu tio-avô Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos

VI – SEBASTIÃO GOMES DE FIGUEIREDO, tabelião e escrivão das sisas em Seia; foi senhor do prazo e dos direitos reais em Aveloso, [que foram depois de de DUARTE DE FIGUEIREDO, seu herdeiro], e avô do Dr. SEBASTIÃO DE FIGUEIREDO, Corregedor de Miranda e de Lagos, e que, de N… de RUÃO PERESTRELO teve uma filha, ANA DE RUÃO PERESTRELO, que casaria com JORGE FREIRE DE ANDRADE, capitão-mor de Besteiros, que depois viria para o Algarve, onde seu filho ANTÓNIO FREIRE DE ANDRADE foi Capitão e Vereador de Faro, onde casou com D. JOANA MASCARENHAS, 4º neta de MANUEL MASCARENHAS acima citado, também com bastante descendência.
Aqui vale acrescentar, depois de revistos os vários ramos dos FIGUEIREDO, que aqueles com grande probabilidade de terem gerado essa filha seriam os GOMES DE FIGUEIREDO, não só por alguns dos ramos terem descendências bem conhecidas, como pelo enfático ponto de Sanches de Baena, que deu essa senhora como filha de GOMES DE FIGUEIREDO, seguindo o que foi tradição na família e a onomástica respectiva não desmente.
Ora é já bem sabido que tal pai não é aceitável, por razões claras. O que coloca a hipótese de o pai ter sido apenas “um dos” GOMES DE FIGUEIREDO, que acima já descrevemos em genérico. Na prática, portanto, essa senhora, esposa de Manuel Mascarenhas, deve ter sido descendente de SENHORINHA GOMES DE FIGUEIREDO, pela cronologia provavelmente neta de um de seus filhos, HENRIQUE DE FIGUEIREDO ou JOÃO DE FIGUEIREDO, visto que GOMES DE FIGUEIREDO já está excluído à partida, embora, em teoria, possa ter existido uma sua hipotética filha bastarda, que em nenhum lado se documenta.

Vejamos agora a descendência de

I - JOÃO DE FIGUEIREDO, que casou com MARIA FEIO, da Covilhã:

II - ANTÃO DE FIGUEIREDO, n. c. 1453. Foi Camareiro de D. João II e homem de sua total confiança; esteve para casar com a Infanta Marta, filha de D. Diogo, Duque de Viseu, esteve também presente na morte do Rei, em Alvor. Mais tarde passou a Camareiro-mor do Mestre D. Jorge, filho de D. João II. Casou ele com FRANCISCA TEIXEIRA, Moça de Câmara da Rainha, mas não tiveram geração.

II - HENRIQUE DE FIGUEIREDO, n. c. 1450, viveu em Évora. Casou com D. LEONOR DA GAMA, donzela da Rainha D. Leonor, e “parenta de António da Gama, vedor do senhor D. Duarte”. Deste casal aponta Manuel Abranches de Soveral quatro filhos (Gerações Viseeenses, I, pg, 146):

III – GASPAR DE ALMEIDA
III - HENRIQUE DE FIGUEIREDO
Ambos morreram na Índia, solteiros e sem geração
III - ISABEL PEREIRA, smn
III - Filha [MÉCIA DA GAMA], “que foi mãe de MÉCIA DA GAMA DE FIGUEIREDO, freira no Mosteiro de Évora que “fez sua tia Maria da Gama””

Entretanto, conviria saber mais alguma coisa sobre este ramo da família e o ambiente em que viveu. Vejamos estes GAMAS, para entender quem são os ascendentes maternos.
ANTÓNIO DA GAMA viveu na região de Alcochete-Montijo, onde os Mascarenhas detinham o Morgado dos Cerveiras. O solar de António da Gama foi no actual Montijo, na hoje chamada Quinta do Saldanha, que tomou este nome por ter passado por herança dos Gama aos Saldanha. O edifício está muito bem conservado, tem pedra de armas de Gama do Almirante pleno, e foi recentemente restaurado pela Câmara Municipal do Montijo, ficando perto do Tejo. Vale a pena a deslocação para o ver, nem que seja só por fora.
Foi António da Gama vedor do Príncipe D. Duarte, pai do Rei D. Sebastião. De facto ele era descendente directo de Paulo da Gama, tio do Almirante. Leonor da Gama era sua parente, 4ª prima, pois descendia de Estevão Vaz da Gama, de Elvas, casado com Catarina Mendes, que mandou fazer a Capela de N.S. da Graça do Forte de Elvas, quando ainda lá não havia forte, e que foram bisavôs do Almirante D. Vasco da Gama. Leonor da Gama foi irmã de Maria da Gama, que fundou um mosteiro em Évora, onde jaz, mas ainda não consegui achar qual foi.

Em termos práticos, a descendente conhecida e documentada dos GOMES DE FIGUEIREDO, “casável” com MANUEL MASCARENHAS, quase repousa apenas agora, em termos práticos, nesta ISABEL PEREIRA, de que nada mais se sabe, de momento. A não ser que algures surja o “tal” documento decisivo, o que sempre pode acontecer.

Admitindo ainda que HENRIQUE DE FIGUEIREDO talvez não tenha tido netos, a hipótese de quem foi pai de N…. GOMES DE FIGUEIREDO, esposa de MANUEL MASCARENHAS, cada vez mais se circunscreve aos descendentes de JOÃO DE FIGUEIREDO, como, com todo o rigor, já foi por si apontado, baseado em premissas talvez pouco diferentes
Sucede que me aparece uma certa Maria da Fonseca, ligada a uma família Figueiredo, de Seia, presa pelo Santo Ofício a 12-03-1634 com 31 anos de idade, acusada de judaísmo, com sentença e auto de fé a 07-05 do mesmo ano (ANTT – Inquisição de Coimbra, Processo nº 8955), que casou duas vezes, a 1ª vez com Silvestre Vaz Pestana, Escrivão do Judicial de Seia, e era casada nessa altura com um Dr. Lourenço Madeira, n. de Moimenta da Serra, médico – irmão de Brás Duarte de Figueiredo e do DR. DUARTE MADEIRA ARRAIS, também médico.
Está finalmente esclarecida a procedência do DR. DUARTE MADEIRA ARRAIS, natural de Moimenta da Serra onde nasceu cerca de 1600, cristão-novo, médico e Físico-mor de D. João IV, assim como o seu apelido, ligado aos Madeiras Arrais, de Avô.

Um assento de casamento em Avô refere que a 19 de Janeiro de 1593 casaram BRÁS DUARTE, filho de Mestre Duarte e de Catarina Gomes, já defuntos, moradores em Moimenta, termo de Gouveia, com MARIA MADEIRA, filha de João Fernandes e de Ana Madeira, moradores em Avô.

Deste casal sabe-se agora que foram filhos três irmãos, documentados como tais mas sem pais conhecidos: Brás Duarte de Figueiredo, o Dr. Lourenço Madeira, médico, que casou com Maria da Fonseca, n. de Seia, cristão-nova, e o Dr. Duarte Madeira Arrais acima referido.

Acerca do avô Mestre Duarte, é um velho companheiro de todos os que estudam inquirições «de genere» desta região, tido incessantemente como judeu ou cristão-novo (...) «que da cidade de Constantinopla há muitos anos viera para o lugar de Moimenta da Serra, termo de Gouveia». Parece ter tido larga geração, legítima (de sua mulher Catarina Gomes) e natural.


Saudações fraternas

Zé Maria

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RE: D.António Prior do Crato

#253508 | abivar | 22 apr 2010 00:34 | In reply to: #253473

Caro António Taveira:

Muito obrigado por estes interessantes dados. Os exemplos que refere confirmam a ideia de que, desde a primeira geração de cristãos-novos posterior à expulsão dos judeus, houve inúmeros exemplos de integração destes na sociedade cristã-velha com ocupação de diversos cargos mais ou menos prestigiados e rentáveis; a descendência por varonia de Fernão de La Plaçuela é um conhecido caso "de sucesso", constituindo uma parte desta descendência, desde o século XIX, o ramo primogénito da família dos Marqueses de Castelo Melhor.

Com os melhores cumprimentos,

António Bivar

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RE: D.António Prior do Crato

#253510 | A. Luciano | 22 apr 2010 01:23 | In reply to: #253357

Cara Airmid,

Ter regressado ao tópico - o que não previa e de que foi "culpado" António Bivar - sem ter agradecido a sua mensagem não terá sido muito elegante.
Agradeço-lhe as informações que, como é patente, de todo desconhecia, desde o treslado integral à publicação por Camilo Castelo Branco.

Como terá compreendido tenho a minha opção feita em termos do que me parece mais provável pois, tentando observar a floresta no todo, encontro um relato coerente na versão da Flandres e inconsistências várias nas versões portuguesas. É certo que sou suspeito de parcialidade porque nunca gostei da figura do cardeal D. Henrique mas também não encontro linha de coerência nas suas atitudes excepto se, por minha ordem de probabilidades:
a) era ávido de poder pessoal;
b) tinha tal ódio a D. António por este o ter contrariado que tudo subordinou para o prejudicar;
c) pretendia ver Felipe II no trono de Portugal, sem coragem de o assumir claramente.

Esta última hipótese, que poderá parecer inverosímil a muitos, pode ter uma componente positiva porquanto após Alcácer-Quibir muitos portugueses pensaram - erradíssimos como se viu - que o poderio de Espanha seria a melhor maneira de defender o império de além-mar; eu sinto-me mais inclinado a que o cardeal estaria mais a pensar como Inquisidor-Geral. De qualquer forma, mesmo que não tivesse activamente conspirado para entregar o trono a Felipe, das suas tergiversações pode-se concluir sem receio de errar que, no mínimo, considerava Felipe um mal menor. A este respeito achava salutar que nas escolas fosse obrigatória a intervenção de Febo Moniz, já trazida a este fórum pelo visconde de Serpa Pinto e cuja leitura recomendo.

Foi-me muito útil o conhecimento da publicação por Camilo pois, tendo afastado a hipótese - sempre em termos de probabilidade - de qualquer falsificação por nationalistas fanáticos, não podia afastar a de o ter sido por motivos meramente venais, por exemplo para ajudar a vender livros (o livro do visconde de Faria, foi publicado na Suiça em 1917 e, tendo muitas fragilidades, denotava já uma consulta a documentos familiares inéditos (isto sem qualquer apreciação minha da confiabilidade desse documentos). A publicação duas décadas antes, eliminou essa hipótese e explicou satisfatoriamente algo que me causava algum incómodo: o meu amigo holandês dissera-me que o livro do dr. van de Kamp referia esse assento de 1544 o que eu não percebia como seria possível se desconhecido até São Payo.
Por outro lado, sendo o treslado de 1728? (hipótese de António Taveira) também o informador de Camilo fica insuspeito. Parece assim não haver motivo plausível para falsificação, o que reforça a probabilidade do assento ter existido.
Apesar de tudo, gostaria de saber em que termos António Francisco Barata comunicou pois neste complexo processo de avaliação, seria diferente ele ter dito "TEXTO da Biblioteca de Évora, que também se encontra no competente livro" ou "TEXTO que se encontra na Biblioteca de Évora e no competente livro". E, com o máximo de franqueza, também preferia que o texto dissesse "Luiz, filho de Maria, escrava de ..." ou até "filho da escrava de ... " do que apenas como está sem identificar o nome da mãe.
De qualquer forma, a maior probabilidade aponta para a veracidade do treslado e posterior desaparecimento do original nas ocorrências tumultuárias imediatamente subsequentes à implantação da República quando ocorreram roubos de livros contando-se o caso - bem sei que em Lisboa - de um barbeiro que limpava a espuma das lâminas das navalhas a páginas de um livro paroquial.
Apetecia alinhar numa teoria de conspiração e fazer o livro roubado por um fanático. Aí o livro ainda existiria, possivelmente num arcaz da mesma alfurja onde estará o processo do regicídio mas, de facto, roubar o original e esquecer um treslado já publicado parece trapalhice... e a viúva costuma ser eficiente.

O "nosso" Zé Maria continua imparável mas, se nada tenho a dizer à hipótese Gomes de Figueiredo depois da hipótese Gomes Baracho, mesmo sendo lapso evidente Gregório XII e que será bem XIII tinha que ver essa Bula publicada. Gregório XIII é bem conhecido como grande "implementador" do concílio de Trento e grande inimigo dos protestantes. Apoiou Filipe II instigando-o contra Isabel de Inglaterra e se algum sentimento teria para com Portugal, seria provavelmente negativo depois de D. Sebastião ter "desviado" para Alcácer-Quibir Blakeley que Gregório XIII tinha enviado à Irlanda para combater contra Isabel. Se houve uma Bula a reconhecer o casamento de D. Luís a pedido de D. António isso tem que aparecer indiscutivelmente documentado pois parece contra-corrente e tanto mais que não se vê como poderia ter D. António "advogados" em Roma que se opusessem com vantagem aos de Felipe II e D. Henrique.

Não abordei o restante da sua apreciada mensagem e vou terminar sem o fazer mas, incidentalmente, não creio que a princesa Matilde tenha roubado o diamante de Sancy. Quem parece tê-lo roubado foi o Jerôme que o entregou a Demidoff como pagamento das suas enormes dívidas. Quando muito Mathilde roubou o marido quando fugiu para Paris com as jóias mas isso foi depois sancionado por sentença de um tribunal de Moscovo que não só negou a pretensão de Demidoff de devolução das jóias como decretou o divórcio e o obrigou a pagar uma pensão escandalosa a Mathilde, o que prova que a desvairada cultura americana já tinha antecedentes franco-russos.

A. Luciano

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RE: D.António Prior do Crato

#253525 | josemariaferreira | 22 apr 2010 13:39 | In reply to: #253510

Caro A. Luciano

Eu não continuo imparável, os outros é que nunca fizeram nada para ver esclarecido este grande imbróglio que os castelhanos e a Igreja criaram, para que se concretizasse o desaparecimento de uma grande figura humanista, como foi Cristóvão Colombo.

Já D. António, Prior do Crato, também ele foi uma grande figura humanista que seguia evidentemente essa linha humanista de Cristóvão Colombo, de tal maneira, que o Infante D. Luís, seu pai, lhe vaticinou que ele seria uma grande figura na Europa!!!

E eu não mudei absolutamente nada em relação à ascendência de D. António, Prior de Crato, continuo a defender a hipótese que sempre defendi, que é a seguinte:

" É conhecida uma filha natural de D. Diogo, Duque de Viseu e Beja, que ficou conhecida por Marta de Évora, que casou naquela cidade com um Pedro Gomes do qual nasceu uma filha que teve o nome de Violante Gomes (Baracho?) ligada aos Barachos e que casou secretamente em Évora com D. Luís, Duque de Beja, filho do Rei D. Manuel.

Esta Violante Gomes, ficou conhecida por a Pelicana, a Pandeireta e Pomba entre muitas outras alcunhas difamantes.

Portanto D. António Prior do Crato era descendente de D. Diogo, Duque de Viseu e também estaria ligado aos Barachos de Santarém por parte de sua mãe que também era conhecida por Pomba seria conotação ligada com o brasão da família Baracho? http://heraldica-portuguesa.blogspot.com/2008/07/baracho.html "

A ligação aos judeus da família Baracho vem evidentemente do relacionamento de D. Diogo, Duque de Viseu e Beja com uma N…Baracho, do qual nasceu Marta, uma filha natural, ou melhor, uma filha cujo nascimento foi encoberto pelo Rei D. João II, tal e qual como o fez relação a Afonso, outro filho do Duque, D. Diogo e da condessa de Villahermosa http://geneall.net/H/per_page.php?id=2095 . Família Baracho de quem o próprio Rei D. João segundo, também deixou geração da ligação que teve com Brites Anes, a Boa Dama. http://geneall.net/P/per_page.php?id=40423

A Infanta Marta de Évora, é que vai depois casar no seio da família Gomes Figueiredo, pois essa era já a vontade de D. João II, quando primeiramente a teve indicada para casar com o fidalgo Antão de (Gomes) Figueiredo, um dos seus homens de confiança!!!

Portanto, D. Diogo, antes de ser “apunhalado” em Setúbal, por D. João II, já teria pelo menos dois sucessores, sucessores esses, que foram misteriosamente encobertos a mando do Rei de Portugal!!!

E se não fosse assim não teria D. Brites, a duquesa de Viseu e Beja, intercedido junto de seu cunhado Dom Afonso V!!!

" e por que tall he nossa tençam e vontade, nos agora compraz e comsentimento do primceepe meu filho declaramos outorgamos que ssegundo esta nossa declaraçam que assy sse guardaram [as vilas de Serpa e Moura] a dom diogo meu soobrinho e a seus ssoçessores e sse lhe quer todo ssem embarguo de quallquer cousa que...seja e por firmeza dello lhe mando dar esta minha carta per nos assjnada e assellada do nosso ssello pendente dada em a Villa Vicossa xxx dias de maio Joam d espanha a fez de mjll iiij lxxx

Na carta de D. Afonso V, está escrito: "a seus SSOÇESSORES e sse lhe quer todo ssem embarguo de quallquer cousa que seja ..."

Legalmente não se conheciam filhos ao Duque de Viseu. Então porque fazer uma carta outorgando-lhe o direito a seus sucessores???

Esta carta veio mais tarde provar a existência destes ditos sucessores, já nascidos, mas desconhecidos publicamente!!!

E mais ainda, depois da morte de D. Afonso de Viseu,(filho de D. Diogo, Duque de Viseu e Beja) seria a sua filha D. Brites Lara, a única herdeira universal do filho de D. Diogo, mas isso não veio a suceder, essas terras passaram para D. Luís através de Violante Gomes, a Pelicana que era a outra herdeira de D. Diogo, Duque de Viseu e Beja.

Portanto, o Infante D. Luís teria de casar sempre secretamente com a sua prima, para que ninguém descobrisse qual era a ascendência da Pelicana, para que ninguém soubesse quem era Cristóvão Colombo!!!

Saudações fraternas

Zé Maria

P.S. Sobre a Bula, obviamente seria a de Gregório XIII, e sobre essa Bula ou Breve, também não há dúvidas porque ela foi traduzida em três línguas e correu a Europa!!!

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RE: D.António Prior do Crato

#253561 | AIRMID | 23 apr 2010 07:02 | In reply to: #253525

Caro José Maria

Desculpe o reparo, mas se quem escreveu a Genealogia de Dom Diogo, seguiu os mesmos Princípios de Isenção, que Camilo Castelo Branco, à época o Moralista Mór do Reino, cargo brilhantemente ocupado na actualidade pelo Dr Anacleto Louçã, então melhor será fazer tábua rasa, de tudo o que foi por eles escrito.
E esta regra deve aplicar-se, à descendência do Rei Dom João II, no que concerne a sua filha Brites Anes.

O facto de se ser devoto de uma determinada Teoria, não confere a ninguém o direito de faltar ao respeito a todos os que se lhe opõem, mas lamantávelmente é a isso que assistimos diáriamente.
Todos têm o mesmo direito a viver sobre a Terra, e para bem de todos nós, essa coexistência deveria ser pacífica.
O que é manifestamente impossível, quando um sector assume a posição arrogante, prepotente e falsamente moralista, de Camilo Castelo Branco.

Impressiona, sinceramente, o ódio que ele sente, por pessoas que nunca viu, com quem nunca falou, que nem se deu ao incómodo de procurar entender.
Odeia apenas, por isso o livro O Infante Don Luís, Neto do Prior do Crato, é um insulto permanente a toda a família de Dom António.

Sempre me espanto, com este tipo de pessoas que pretendendo dar lições ao Mundo, nada mais faz que espalhar veneno à sua volta.

Por isso, pensei talvez o nome Gomes, existisse na família da pessoa com quem a Infanta Marta, se casou, e por isso seja escrito, que o pai de Violante Gomes era Pedro Gomes, embora o seu nome pudesse ser outro.

A verdade é que é um quebra-cabeças, a maneira como os nomes de família são atribuidos. Por vezes parece que o foram ao acaso.

Já curiosamente, os nomes próprios repetem-ce frequentemente na mesma família.
E é na Família Távora, que se encontram Martas e Violantes, e Carlos como segundo nome.

Procurei o Brasão dos Távoras, que está pintado no Palácio de Sintra, e o do Marquês de Távora, que partilham apenas aquele estranho dragãozinho, mas não consegui vizualizar o Brasão de Frei Luís Álvares de Távora, que era o que eu pretendia vêr.

Não vou descrever, nem discutir Brasões, porque é um assunto que me ultrapassa, mas confesso que o Brazão do Marquês de Távora, encerra práticamente toda a História da Família.

Por isso andei por aí à procura de uns antepassados de apelido Gomes, e encontrei Dom Rui Gomes da Silva, Alcaide Mór de Campo Maior, pai de Dona Branca da Silva, que foi por sua vez mãe de Dona Violante de Menezes e de Dona Catarina da Silva de Vasconcelos, que casa com o célebre Duarte Galvão.
Dona Catarina teve vários filhos, e a última chamou-se Violante Galvão da Silva e casou com Pedro Anes do Canto.

Dos filhos consta no Geneall, apenas um de nome João da Silva do Canto, que nasce em Castanheira, na Quinta dos Fidalgos e morre na Ilha Terceira. Uma das suas filhas tem o nome de Violante da Silva Galvão e casa com D. Simão de Sousa, Comendador de Torrados, filho de Dona Francisca de Távora e de D. Álvaro de Sousa 1º Morgado do Alcube, e irmão de Frei Luis Álvares de Távora, o Bailio de Leça.


É certo, que não vemos nenhuma Marta, nem nenhum Dom António, mas Violante Galvão da Silva, poderia ser a Infanta Marta, que seria filha de Dona Catarina e Dom Diogo.


Sendo uma Genealogia adultereda, penso que valeria a pena investigar todas as possibilidades.

E muito sinceramente, esta explicaria todos os acontecimentos que no futuro irão acontecer em Portugal.


Saudações

Airmid

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RE: D.António Prior do Crato

#253562 | AIRMID | 23 apr 2010 07:07 | In reply to: #253561

Errata:

Deve lêr-se:..... repetem-se....


Airmid

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RE: D.António Prior do Crato

#253575 | josemariaferreira | 23 apr 2010 12:49 | In reply to: #253561

Cara AIRMID

Eu baseio-me nos poucos documentos que abordam de uma maneira superficial o assunto, no entanto não é estranhar que perante a conjuntura político e religiosa do fim da Idade Média, não possa ter havido alteração e desaparecimento de documentos afim de ocultar a verdade. A realidade é que D. Diogo tinha já dois filhos, pelo menos, antes de ser “apunhalado” a quem foi reconhecido pelo seu tio e Rei de Portugal, D. Afonso V, o direito a sucessão!!!

Naqueles documentos que me baseio, diz que Marta, filha de D. Diogo, foi entregue a Violante Henriques, da família dos Miranda Henriques de Álcaçovas, a mesma terra onde casou o Infante D. Fernando e D. Brites, pais do nosso D. Diogo, o que teve dois filhos que foram encobertos por D. João II.

Tanto esta família Miranda Henriques, Senhores de Álcaçovas, e comendadores de Panoyas, como a família Galvão, Senhores do Torrão, eram duas grandes Casas no Alentejo, sedeadas em Évora, cidade na qual durante a maior parte do tempo residiu então o Rei D. João II.

Em alternativa à minha tese você põe a hipótese que Violante Galvão http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=43267 será então a filha natural de D. Diogo, que teria sido “aperfilhada” na casa de D. Duarte Galvão, Senhores do Torrão e com Casa na cidade de Évora.

De facto D. Duarte Galvão além de ser um grande diplomata, também foi um grande cronista, adepto dos ideiais de Joaquim da Flora, um abade italiano ligado ao culto do Espírito Santo e da ideia do Quinto Império, está bastante ligado aos ideais de mistificação do império português. A sua única obra conhecida é a Chronica do Muito Alto e Muito Esclarecido Príncipe D. Afonso Henriques, Primeiro Rey de Portugal.

Sendo assim como você diz, Violante Galvão seria então a mãe de Violante Gomes, a Pelicana, que casou com D. António, Prior do Crato, e de João da Silva do Canto que casou com D. Isabel Correia. Deste último casal teria então nascido Violante do Canto, baptizada em Angra do Heroísmo“em cinco dias do mês de Agosto da era de 1556 anos,”.
Violante do Canto que foi depois uma grande figura mítica da história dos Açores, quando no contexto da crise de sucessão de 1580, se distinguiu entre os principais apoiantes de António I de Portugal na luta contra Filipe II de Espanha. Recorrendo à sua grande fortuna e prestígio social, financiou o partido Antonino em Angra, proporcionando-lhe os recursos e a credibilidade necessários para o manter dominante na fase mais adversa da resistência angrense à união com a Espanha.

Sendo assim como você diz, Violante do Canto não só era sobrinha de Violante Gomes, a Pelicana, como era ainda também prima do próprio D. António, Prior do Crato!!!

Tanto na Casa dos Miranda Henriques ou na Casa dos Galvões, uma coisa é certa, D. João II, e D. Diogo tinham ambos a confiança que Marta ficava bem entregue, porque ambas as Casas eram abençoadas pelo Espírito Santo. E foi assim que embebida pelo mesmo Espírito Santo, Violante Gomes casou com D. António, Prior do Crato, e Violante do Canto, transformou-se numa grande figura mítica de apoio nos Açores a D. António do Crato.

Para mim, não é admiração nenhuma, porque as coisas têm um caminho certo e aqui convergiram para os Açores, convergiram para a defesa de Portugal , do culto do Espírito Santo e da ideia do Quinto Império!!!

O Quinto Império de Jacob de Portugal!!!

Saudações fraternas

Zé Maria

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RE: D.António Prior do Crato

#253582 | josemariaferreira | 23 apr 2010 15:00 | In reply to: #253575

Cara AIRMID

Era só para rectificar o nome da Dama a quem D. João II entregou Marta, a filha de D. Diogo, Infante de Portugal (Jacob de Portugal).

Trata-se de Briolanja Henriques, aquela mesma dama que saíu a bailar com um pandeiro na mão, no casamento do Príncipe D. Afonso; e El-Rei D. João II a tomou nas ancas do seu cavalo e a levou com muita honra onde a Rainha estava. http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=19842


Eu baseio-me nos poucos documentos que abordam de uma maneira superficial o assunto, no entanto não é estranhar que perante a conjuntura político e religiosa do fim da Idade Média, não possa ter havido alteração e desaparecimento de documentos afim de ocultar a verdade. A realidade é que D. Diogo tinha já dois filhos, pelo menos, antes de ser “apunhalado” a quem foi reconhecido pelo seu tio e Rei de Portugal, D. Afonso V, o direito a sucessão!!!

Naqueles documentos que me baseio, diz que Marta, filha de D. Diogo, foi entregue a Briolanja Henriques (e não Violante Henriques, como escrevi na minha primeira mensagem) da família dos Miranda Henriques de Álcaçovas, a mesma terra onde casou o Infante D. Fernando e D. Brites, pais do nosso D. Diogo, o que teve dois filhos que foram encobertos por D. João II.

Tanto esta família Miranda Henriques, Senhores de Álcaçovas, e comendadores de Panoyas, como a família Galvão, Senhores do Torrão, eram duas grandes Casas no Alentejo, sedeadas em Évora, cidade na qual durante a maior parte do tempo residiu então o Rei D. João II.

Em alternativa à minha tese você põe a hipótese que Violante Galvão http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=43267 será então a filha natural de D. Diogo, que teria sido “aperfilhada” na casa de D. Duarte Galvão, Senhores do Torrão e com Casa na cidade de Évora.

De facto D. Duarte Galvão além de ser um grande diplomata, também foi um grande cronista, adepto dos ideiais de Joaquim da Flora, um abade italiano ligado ao culto do Espírito Santo e da ideia do Quinto Império, está bastante ligado aos ideais de mistificação do império português. A sua única obra conhecida é a Chronica do Muito Alto e Muito Esclarecido Príncipe D. Afonso Henriques, Primeiro Rey de Portugal.

Sendo assim como você diz, Violante Galvão seria então a mãe de Violante Gomes, a Pelicana, que casou com D. António, Prior do Crato, e de João da Silva do Canto que casou com D. Isabel Correia. Deste último casal teria então nascido Violante do Canto, baptizada em Angra do Heroísmo“em cinco dias do mês de Agosto da era de 1556 anos,”.
Violante do Canto que foi depois uma grande figura mítica da história dos Açores, quando no contexto da crise de sucessão de 1580, se distinguiu entre os principais apoiantes de António I de Portugal na luta contra Filipe II de Espanha. Recorrendo à sua grande fortuna e prestígio social, financiou o partido Antonino em Angra, proporcionando-lhe os recursos e a credibilidade necessários para o manter dominante na fase mais adversa da resistência angrense à união com a Espanha.

Sendo assim como você diz, Violante do Canto não só era sobrinha de Violante Gomes, a Pelicana, como era ainda também prima do próprio D. António, Prior do Crato!!!

Tanto na Casa dos Miranda Henriques ou na Casa dos Galvões, uma coisa é certa, D. João II, e D. Diogo tinham ambos a confiança que Marta ficava bem entregue, porque ambas as Casas eram abençoadas pelo Espírito Santo. E foi assim que embebida pelo mesmo Espírito Santo, Violante Gomes casou com D. António, Prior do Crato, e Violante do Canto, transformou-se numa grande figura mítica de apoio nos Açores a D. António do Crato.

Para mim, não é admiração nenhuma, porque as coisas têm um caminho certo e aqui convergiram para os Açores, convergiram para a defesa de Portugal , do culto do Espírito Santo e da ideia do Quinto Império!!!

O Quinto Império de Jacob de Portugal!!!

Saudações fraternas

Zé Maria

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RE: D.António Prior do Crato

#253614 | AIRMID | 24 apr 2010 02:38 | In reply to: #253582

caro José Maria
`

Foi só uma hipótese. Não tenho possibilidade alguma da a confirmar.

Dona Violante do Canto, é dada como ter casado com D. Simão de Sousa irmão de Frei Luis Álvares de Távora, o Bailio de Leça.
A Casa Miranda Henriques vai mais tarde ligar-se aos Távoras, quando D. João Gomes da Silva, Alcaide de Seia, filho D. Luís da Silva e Dona Mariana de Lencastre, da casa de Bragança, casa com Dona Joana de Távora.

Por outro lado, uma neta de Duarte Galvão, Dona Antónia de Albuquerque casa com Duarte Pacheco Pereira.
E Dona Catarina da Silva Vasconcelos, é neta de D. Rui Gomes da Silva, 1º Alcaide de Campo Maior, que foi pai de Santa Beatriz da Silva, e de D. João Menezes da Silva, o Beato Amadeu.

Provávelmente até estou enganada.
E o mais certo, é que no meio de tanta confusão, a verdade nunca se saiba.

A não ser que o Padre António Vieira, que não consta fosse Judeu, mas sim, segundo alguns filho de um negro, segundo outros, filho de uma negra, mas pálido, frágil e de grandes olhos...., possa ajudar-nos

Saudações

Airmid

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RE: D.António Prior do Crato

#253633 | josemariaferreira | 24 apr 2010 16:49 | In reply to: #253614

Cara AIRMID

Não está nada enganada. Você está certa. Estas famílias eram do Culto da Espírito Santo, isto é da Ordem de S. João Baptista, também eram conhecidos por “Maltezes”. Frei Luís Álvares de Távora http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=206151 foi administrador do Priorado do Crato depois de D. António ter ido para o exílio, e foi enterrado na Igreja dos Grilos no Porto e o seu filho Álvaro Pires de Távora http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=66306 na Igreja de Santo António em Panoyas!!! São os seus descendentes os condes de S. Miguel, que partindo de Panoyas, vão depois inaugurar o Convento de Mafra, aquele mesmo Convento que na Sala dos Heróis tem pintado um Cristóvão Colombo, acorrentado!!!
Foram os únicos Távoras a quem o Marquês de Pombal não mandou picar as suas armas!!!


D. Briolanja Henriques, http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=19842 a quem D. João II entregou a filha de D. Diogo para criar secretamente, era comadre de Diogo da Azambuja, o mesmo que andava a "passear" Cristóvão Colombo, na costa de Africa e da Mina!!!

Cristóvão Colombo que tinha casado com Filipa, da Casa de D. Diogo!!!

D. António, Prior do Crato, aquele grande patriota que teve de fugir de Portugal e que passou as “passas do Algarve” para fugir às mãos de Filipe II de Espanha!!!

D. António, Prior do Crato, sobrinho de D. Guiomar Gomes que morreu presa no Limoeiro, primo de D. João de Lencastre que foi preso numa Torre do Castelo de S. Jorge; primo de Joana a Louca que foi presa no Castelo de Tordesilhas; primo de D. Catarina que foi presa no Castelo de Tordesilhas, que depois foi Rainha de Portugal, e lhe deu a mão para juntos lutarem por Portugal, para juntos lutarem pelos ideais de Colombo e do Quinto Império!!!

D. António, Prior do Crato, filho de Violante Gomes, a Pelicano, neto da Infanta Marta, bisneto de D. Diogo, Duque de Viseu e Beja!!!

D. António, Prior do Crato, que casou secretamente com D. Filipa de Portugal (Colón) uma bisneta de Cristóvão Colombo.

Quanto aos nomes próprios que pudessem usar, eram muito variados. D, Diogo mudou o seu para Cristóvão Colón e D. João de Castro até assinava o seu em árabe!!!

De facto, o Padre António Vieira tinha uns grandes olhos...


Saudações fraternas

Zé Maria

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RE: mitos genealógicos?Pe. António Vieira e D.António Prior do Crato

#265671 | Joao Acabado | 21 nov 2010 17:50 | In reply to: #253266

Caríssimo evieira
Antes de mais devo esclarecer que não sou investigador de genealogia nem de coisa nenhuma, mas achei a sua questão interessante e isto são coisas que fazem parte das tradições orais da minha Família, pelo lado dos Bernardos Ravasco. O que lhe vou transmitir são exactamente isso e apenas isso mesmo, tradições orais de Famílias muito antigas.
O pai do Padre era mesmo mestiço, filho de uma escrava "cabrita" e de um Vieira Ravasco de Moura, que por causa da sua teimosia foi "afastado" para Santarém Diz a tradição que até a Rainha intercedeu para tentar afastar o teimoso do seu propósito. Pelos vistos o não terá conseguido... O que foi sem dúvida a sorte de toda a descendência actual e das letras e pensamento Portugueses pela figura do Padre Ant.Vieira. A "linha" dos Vieira Ravasco é muito anterior a isto tudo, de modo algum começa com o Padre e os irmãos.
No caso dos Bernardos Ravasco estes dois nomes aparecem juntos ou mesmo só Bernardos ou Bernardas, exactamente para marcar a ascendência directa de Bernardo Vieira Ravasco.
Não percebo de modo algum que desgraça possa ser o facto de haver uma mestiça na Família ou de o pai e o avô, caído em desgraça pela sua ligação, do Padre terem estado ao serviço do Conde de Unhões.
Os "Ravasco" são uma das linhas mais seguras da descendência de Vasco Martins, como o são os "de Moura" ( não os Moura), os "Serrões", os Vasques, os Rodrigues, os Martins... Toda esta gente são mais ou menos meios espanhóis meios portugueses penso que ainda hoje.
"De Moura" ou "Serrões, de Moura" eram inicialmente apenas designações que rápidamente se tornaram nomes de família pois D.Vasco foi chamado o "serrão de Moura" por, como senhor de Moura em nome da sua prima D.Brites, se ter distinguido nas lutas aqui nas serras de Gerês de los Caballeros(nada tem que ver com a Serra do Gerês) onde ajudou, como antes o seu pai e avós, tanto os Reis de Portugal como de Espanha.
Isto é o que na Família se tem como certo e vem passando sempre, pois sempre toda esta gente se casou dentro da sua vasta parentela. Ainda hoje quando se quer frizar bem a origem da família se diz que somos "Ravascos, de Moura".

Espero que lhe seja de utilidade
Atentamente

João Santana Fialho Acabado

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RE: D.António Prior do Crato

#279625 | Samuel C O Castro | 27 giu 2011 20:32 | In reply to: #253633

Prezado José Maria Ferreira,

Tenho em minha base:

"D. João de Castro – Participou na jornada dos Açores. Do Conselho de Estado de D. Antônio, Prior do Crato, de quem testemunhou o Testamento de 10.7.1595, e com quem foi junto para a França e lá casou" e que teria escrito:

a) Paraphrase et concordancia das Trovas de Bandarra

b) Tratado dos Portugueses de Veneza ..........

Por acaso tens informações se realmente este D. João de Castro teria casado na França e se deixou descendentes?

Agradeço sua atenção. Abraço fraterno.

Samuel de Castro

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RE: D.António Prior do Crato

#279669 | josemariaferreira | 28 giu 2011 13:14 | In reply to: #279625

Caro Samuel de Castro

Sobre o casamento e descendentes de D. João de Castro, lamento informá-lo mas não tenho quaisquer informações. O que não é nada de admirar, porque nem da parte da sua mãe ele próprio revelou a sua ascendência. D. João de Castro era um homem do culto do Espírito Santo e não se importava de ressuscitar um morto na sua mão, para Salvar Portugal!!! Há quem diga que era D. Sebastião, que ele queria que ressuscitasse, mas poderia muito bem ser outro incógnito Infante de Portugal que partiu clandestino para Espanha e que tal como D. João de Castro, também escondeu sua ascendência e a sua descendência!!!

Os melhores cumprimentos

Zé Maria

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RE: D.António Prior do Crato

#279670 | Samuel C O Castro | 28 giu 2011 14:06 | In reply to: #279669

Prezado José Maria,

Muitíssimo obrigado pelos esclarecimentos.

Tenho achado no Google algumas referências sobre os escritos que D. João de Castro deixou, e que autores mais contemporâneos escreveram sobre eles, mas infelizmente não cita nada se ele casou e se deixou descendência.

Em alguns desses trabalhos, também vi referências a um José de Castro e um Estevão de Castro, que também deixaram escritos referindo-se a D. João de Castro. Pensei na possibilidade de algum desses dois descender dele.

Ratifico meus agradecimentos. Abraço fraterno.

Samuel de Castro

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