documentando Lopo Machado de Gois
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documentando Lopo Machado de Gois
Documentando Lopo Machado e Brites Vaz
Caros colegas,
Trata-se de Lopo Machado, geralmente chamado pelos autores Lopo Machado de Gois, [Alao de Moraes : Machados de Guimaraes §1 N10, Felgueiras Gaio : Machados §1 N18, Sousa da Silva : Machados §7 N10] de S. Clemente de Sande (Guimaraes)
Da sua mulher Brites Vasques (da Maia) teve filhos que estao na origem dos Machados de Miranda, de Guimaraes e de bastante mais gente.
Tem sempre interesse documentar individuos das genealogias transmitidas pelos autores, para qualquer época, e para o periodo medieval ainda mais talvez.
Neste caso parece contudo contrariar as genealogias tradicionais.
Sabemos que no dia 13 de março de 1462 recebeu ordens menores Rui Lopes Machado, filho de Lopo Machado e mulher, Beatriz Vaaz, moradores em S. Clemente.
Do mesmo modo, podemos pensar que a ele faz referência José Marques na sua obra “A arquidiocese de Braga no sec. XV” quando diz que a 16 de março de 1470 recebeu ordens menores Pero Lopes Machado filho do escudeiro Lopo Machado. E se assim for trata-se do conhecido "Pedro Machado da Maia" tronco de varias familias vimaranenses.
Pela mesma época deve ser ele o Lopo Machado, « escudeiro que foi de Rui da Cunha que deus haja », que testemunhou no dia 17 de agosto de 1464 um emprazamento a Diogo Alvares Leite e mulher Maria Alvares.
E sendo escudeiro de Rui da Cunha, deve ser o mesmo que vem referido em 1439-07-21 na chancelaria de D. Afonso V: Perdoa a justiça régia a Lopo Machado e a Álvaro Machado, escudeiros de Rui da Cunha, prior de Santa Maria de Guimarães, pelos serviços prestados em Ceuta e Tânger, acusados de vários arroídos e mortes, ficando reservado às partes o poder de os demandarem civilmente.
Luis Miguel Duarte e Maria Conceiçao Falcao Ferreira estudaram o caso no sua obra : "Dependentes das elites vimaranenses face à justiça no reinado de D. Afonso V".
Trata-se de acontecimentos que tiveram lugar em 1431-1433, que opuseram os homens do prior Rui da Cunha aos homens do arcebispo de braga : ferimentos, pancadas, cutiladas e mortes.
Rui da Cunha, seus escudeiros Lopo e Alvaro Machado, serviram depois mais de um ano em Ceuta, e na campanha de Tanger até à retirada final, e assim obtiveram seu perdao.
Razao pela qual qual Lopo e Alvaro Machado mereceram atençào do Historiador Hugo Moreira na sua tese de mestrado “A campanha militar de Tânger (1433-1437)”. De notar que na dita obra, se Alvaro Machado aparece ligado a Rui da Cunha, Lopo Machado aparece quanto a ele ligado a outro fidalgo, Fernao Martins Alcoforado.
Tem seu interesse, nao apenas porque Fernao Martins Alcoforado era um parente dos Cunhas, mas antes de mais porque tanto o prior Rui da Cunha como Fernao Martins Alcoforado foram ambos dos mais fieis partidarios do Infante D. Pedro, duque de Coimbra, até ao desfecho de Alfarrobeira (1449).
Ora os nobiliarios dizem que Diogo Pires Machado, que costuma ser apresentado como sendo o pai de Lopo Machado foi tambem foi um dos partidarios do regente, e que por isso perdeu os bens (e talvez a vida em Alfarrobeira) com a derrota do seu partido. Nào sei se é verdade. Contudo estamos claramente em meio homogeneo favoravel ao regente.
Nao sei se Lopo Machado (de Gois) foi o Lopo Machado que foi vereador de Guimaraes em 1449.
Tambem Alao de Moraes adverte que viveu em Guimaraes um Lopo Machado, escudeiro, casado com Leonor Esteves, ama do Conde de Arraiolos, a qual parece fora primeiro casada com Gil Pires de quem tinha filha Beringeira Gil (Colaço). Segundo o autor, consta de um contrato que està no cartorio de S. Bento das freiras do Porto, feito no ano de 1449.
Nao sei se é o mesmo casado duas vezes.
Contudo um Lopo Machado documentado entre 1430 e 1470, por coerente que seja nao deixa de trazer um problema. De facto sua mulher Beatriz Vaz era segundo todos os linhagistas referidos filha de Vasco Gonçalves da Maia e Catarina Ferreira, e neta paterna de Fernao Vasques da Maia e mulher Guiomar de sà (um casal bem conhecido e bem documentado).
Acontece contudo que o sobretidos Fernao Vaz e Guiomar vem amplamente documentados para o periodo 1449-1469, e nesta ultima data conjuntamente com Gonçalo de Sà, pai de Guiomar de Sà (entao nada menos que «bisavo» da mulher de Lopo Machado).
Cronologicamente nao parece ser possivel.
Ja Manuel Abranches Soveral no seu estudo sobre os Ferreiras tinha salientado que o marido de Catarina Ferreira, sogra de Lopo Machado nao podia ser filho do conhecido Fernao Vasques da Maia. Para este autor chamava-se Martim Vasques da Maia (e nao Gonçalo Vasques da Maia) e seria, talvez, irmào de Fernao Vasques da Maia.
Agradeço mais dados biograficos a confirmar (ou nao) os dados relativos a Lopo Machado e a seus proximos.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: documentando Lopo Machado de Gois
Prezado Senhor Carlos Silva
Despertou a minha curiosidade e interesse esta sua msg, pois também pretendia aprofundar as referencias documentais de LOPO MACHADO DE GOES.
De uma CARTA DE ARMAS do ano de 1734 ( Reinado de Dom João V) , consta que, para a concessão da mesma, foi mandada tirar inquirição de testemunhas e dela resultar, além de outra ascendencia, que era o suplicante:
"Quinto Neto de Lopo Machado de Goes, q.e foy fidalgo rico, e honrado, e se vê ainda hoje a sua sepultura na Igreja Matriz da Villa de Barcelos, donde viveo, e foy casado com Brites Vasques da Maya filha de Vasco Gonçalves da Maya" e que o referido Lopo era filho de Diogo Pires Machado, que "se achou com o Infante D. Pedro na batalha de Alfarrobeira, no ano de 1449".
A semelhança de nomes parce indiciar que se trata da mesma pessoa que refere na sua msg.
Desconheço, porém, a ligação que possa ter com os outros personagens que refere, a não ser que seria pai de:
"Fernão Machado da Maya, q.e foi possuidor do lugar de S. Clemente de Basto, e de sua primeira m.er Constança Dias de Villasboas filha de Diogo Aney de Villasboas, possuidor de Aro".
Desde já me confesso grato por qualquer contributo que possa ter a amabilidade de me facultar.
Com os melhores cumprimentos,
Manuel Araújo
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RE: documentando Lopo Machado de Gois
Caro Manuel Araújo,
O dados da carta de 1734 concordam plenamente e de forma pormenorizada com o que dizem os autores acima referidos.
Contudo nao tenho quanto a mim a sorte de ver documentado por enquanto Diogo Pires Machado, ao contrario do seu presumido filho Lopo Machado, de forma que é este Lopo que tenho por enquanto como progenitor dos Machados de Guimaraes. Claro que gostava de documentar Diogo tambem.
Deveria talvez tambem ter referido as duas cartas de armas de 1537 de Diogo Machado, de Guimaraes, e de Lopo Machado, da Madeira, ambos filhos de Pedro Machado e netos de Lopo Machado.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: documentando Lopo Machado de Gois
Prezado Senhor Carlos Silva
Agradeço a resposta à minha msg e confirmação dos elementos constantes da carta de armas que citei.
Se não estou em erro, o Lopo Machado de Gois, além do filho Fernão Machado da Maia ( que citei na minha anterior msg e cuja descendencia é a referida na mesma carta de Armas, teria, ainda outros filhos:
Pero Machado da Maia
Diogo Machado
Leonor Machado
Brites Machado, todos c.g.
Num Manuscrito do Padre Marcelino Pereira, feito a paido do Arcebispo de Braga, Dom Gaspar, em 1763, refere o autor do Manuscrito:
VARONIA DOS MACHADOS DE VALADARES
SENHORES DE VALDEPROLDO, E CAMPELO, ETC.
"
- A Varonia de F.X.M.de A., e de seus Irmãos, conforme se acha nos Nobiliários do Reino, é a dos Machados de Guimarães, da Ilustre e antiga Casa de Castro, e em algum tempo Senhores também das Vilas de Lousã, Vilarinho de Pedrogal, que, quebrada a Varonia, possuíram depois por aliança os dois Marqueses de Montebelo, pai e filho, e este também com o título de Cande de Amares, e de cuja Casa, de entre outros muitos Fidalgos, procederam os Condes de Amarante em Galiza, hoje Grandes de Espanha.. Alguns com o erudito José Freire de Monterroyo, fazem a MARTIM MACHADO descendente por Varonia da Ilustre Casa de Gondarey, e por conseguinte dos antigos Condes de Lugo; outros, com o primeiro Marquês de Montebelo, e o comum dos Autores, dão a Varonia da Real Casa Portuguesa a este Martim Machado, fazendo-o filho bastardo do Senhor Rei Dom Sancho o Primeiro, e todos conspiram, com o Conde Dom Pedro no seu Nobiliário, que são os MACHADOS descendentes certos de Dona Maria Moniz, filha do Conde Dom Moninho Osores de Cabreira ( que foi do Conde Dom Osório) e de sua mulher Dona Maria Nunes, filha de Dom Nuno Soares, o que fundou o Mosteiro de Grijó".
Consta ainda desse Manuscrito:
"Quartos netos de GASPAR PIRES MACHADO, que teve o mesmo Foro de Moço Fidalgo, e serviu ao Senhor Duque Dom Teodósio, e de sua mulher DONA MARIA DO AMARAL, filha de Cristóvão do Amaral de Castelo Branco;
Quintos netos de FERNANDO MACHADO DA MAIA, Senhor do Lugar de S. Clemente ( a quem Dom Francisco de Menezes fez sem razão, contra o confim(?) filho de Dom Diogo Machado, que foi irmão de Dom Pedro Machado, Fidalgo da Casa do Senhor Infante Dom Fernando, e do Senhor Rei Dom Afonso o Quinto, Senhor de Entre Homem e Cavado, e Senhor das Vilas de Lousã, Vilarinho, e Pedrogal, e Trinchante Mor do Senhor Infante Dom Fernando) e de sua mulher CONSTANÇA DIAS DE VILAS BOAS, a quem alguns Autores atribuem prodigiosas virtudes,, que foi filha de Diogo Anes de Vilas Boas, Senhor desta Casa, e de sua mulher Leonor de Faria, filha de Vasco Afonso de Faria e de sua mulher Dona Tareja de Meira.
Sextos Netos de LOPO MACHADO DE GOIS, progenitor dos Machados de Guimarães, e outras partes, e de sua mulher BRITES ALVARES VASQUES DA MAIA"
Apesar de algumas diferenças notadas no confronto deste Manuscrito de 1763 e a carta de armas de 1734, embora, certamente conheça este Manuscrito, gostava, e agradecia, qualquer comentário esclarecedor dos referidos documentos.
Com os melhores cumprimentos,
Manuel Araújo
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RE: documentando Lopo Machado de Gois
Caro Manuel Araújo,
Trata-se de um ramo que nao estudei. A parte inicial deixa referência às origens, alias varias vezes debatidas neste forum, da linhagem medieval dos Machados.
Caso interesse a linhagem medieval veja a obra de José Augusto de Sotto Mayor Pizarro "Os patronos do Mosteiro de Grijó : evolução e estrutura da família nobre - séculos XI e XIV" que pode consultar julgo no repositorio aberto da Universidade do Porto.
Mas antes de aprofundar esta questao sinto, digo abertamente, a necessidade de confirmar que Lopo Machado é mesmo descendente (e por que via) dos Machados medievais.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: documentando Lopo Machado de Gois
Prezado Carlos Silva
Depois de uns dias ausente, pude ler a sua amável msg, que agradeço.
Fui reler" Os Patronos do Mosteiro de Grijó" de J-A. de Sotto Mayor Pizarro, , obra que, também com amabilidade, me sugeriu.
Infelizmente encontro-me envolvido com as mesmas dificuldades de ligação entre os " Machados"referidos no " Livro das Campaínhas" e os "Machados" mais recente, embora, a fazer fé nos dois documentos que referi em anteriores msgs, tal ligação se operasse pela linha de Pedro Martins Machado cc Dona Filipa Afonso Leitão, ou do pai Martim Machado que foi possuidor da Torre e Solar de Vasconcelos, do Solar de Pinho etc, ou do avô Martim Martins Machado, possuidor da casa de seu pai e que viveu no " Valle de Geraz".
Não tenho, porém, outra base documental e é conhecida a " fantasia" de que eram dotados os linhagistas, nas suas construções genealógicas.
Prefiro, pois, até mais ver, manter-me na " santa" ignorancia, que me preserva de pruridos de consciencia de, por antepassados, ter contribuido para a difícil situação em que se encontravam " os virtuosos " monges do Mosteiro de Grijó, em 1365, nem de curar da, certamente, não menos dificil situação dos " caseiros" do mesmo Mosteiro possuidor de numerosíssimos casais, nos quais repercutiriam as suas dificuldades.
Tive muito gosto nesta troca de msgs, mormente porque, apesar de todas as dificuldades, sempre me ajudaram a compreender que não estou só, nesta preocupação de tentar um melhor conhecimento do nosso passado.
Grato e com os melhores cumprimentos,
Manuel Araújo.
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RE: documentando Lopo Machado de Gois
Sobre Lopo Machado em Tanger (1437) vejo mais "A nobreza portuguesa em Marrocos (1415-1464)" de Abel dos Santos Cruz
no repositorio aberto da Universidade do Porto:
http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/27423
Carlos Silva
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