Escravos brancos em Portugal?
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Escravos brancos em Portugal?
Boa tarde,
Recentemente deparei-me com uma novidade na minha genalogia, visto ter encontrado um assento de baptismo, referente a um 7º Avô, que consistia no seguinte: " João, filho de Anna Martins e escrava de Cristovão de Abreu, de quem se diz ser filha de Fernando Martins..."
Este Assento localiza-se em 1707 - Alter do Chão -Portalegre.
Agora a minha curiosidade refere-se á etnia de Anna Martins, seria branca ou negra?
Queiram desculpar a pergunta, mas certamente a minha ignorância estará relacionada com a minha parca experiência nesta área. Agradecia a vossa opinião.
Cumprimentos
Luis Baço
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Boa tarde Sr. Luis Baço
A maioria dos registos de escravos que tenho visto não refere se estes são brancos ou negros. Já vi referências a "escravo preto" ou "escravo mulato", em assentos paroquiais e notariais, mas foram pouquíssimos os casos. Pessoalmente, assumo como negros ou mulatos os escravos que vejo referidos nos assentos pois é bem conhecida a relação de Portugal com o tráfico de escravos da África Negra e a presença de muitos escravos em Portugal, que acabaram por se ir "diluíndo" e que fazem hoje parte do material genético de muitos de nós.
No caso do seu registo, Anna Martins seria, alegada e provavelmente, filha de um branco, Fernando Martins.
Se tiver interesse, veja o artigo “África em Portugal”: devoções, irmandades e escravidão no Reino de Portugal, século XVIII" de Lucilene Reginaldo, que encontará facilmente online.
Cumprimentos
Susana Gama
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Sra Susana,
Obrigado pela sua atenção.
Irei consultar aquilo que indicou.
Nos Assentos de Baptismo dos filhos de João, filho de Anna Martins, aparece como Avô Paterno Fernando Martins, aqui entronca a minha segunda dúvida, não seria o próprio Fernando Martins o pai de João?
E se o pai de Anna seria branco, a mãe seria negra ou mulata?
Desculpe a ousadia da insistência.
Cumprimentos
Luis Baço
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Caro Luís
Aparece como avô paterno ou quer dizer materno?
Normalmente nos assentos de filhos de escravas não aparece o nome do pai do neófito, logo não se pode saber quem era o pai. Poderia ser o próprio Cristovão que aparece no registo. Por vezes, surgem mais dados nos notariais, já vi casos de escravos deixados em testamento.
Sendo filha de branco, Anna seria mulata, no mínimo. Poderia ser já filha de mulata escrava e aí seria "cabrita". Só podemos especular, infelizmente ...
Cumprimentos
Susana Gama
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Caro Luis Baço,
A partir da segunda metade do século XV, à medida do avanço dos Descobrimentos, começam a predominar os escravos negros. Até aí eram essencialmente do norte de África. Depois, já no século XVI, começam também a vir do Oriente. Não é possível aferir a cor da pele (e a raça) pela simples designação de escravo.
Cumprimentos,
António Taveira
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RE: Escravos brancos em Portugal?
http://digitarq.adptg.dgarq.gov.pt/ImageFullScreen.aspx?DigitalObjectID=1275&FileID=_52695
http://digitarq.adptg.dgarq.gov.pt/ImageFullScreen.aspx?DigitalObjectID=1275&FileID=_52672
Boa tarde,
Aqui estão os dois Assentos referentes a dois filhos (joão e Maria) de Anna Martins ,escrava de Cristovão de Abreu.
Obrigado pela vossa atenção.
Cumprimentos
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Se encontrar o baptismo da dita Ana Martins, e' possivel ficar a saber origem dela. Muitas vezes nos baptismos dos escravos refere a area de onde vieram (exemplo: "filha de pais gentios do Sertao de Mocambique.") Ela podera' ja ter nascido em Portugal, mas talvez encontre a origem da mae ou avo dela.
-Luis Ramos
P.S. Ha milhares e milhares de assentos de escravos. Ja os vi em freguesias de Lisboa, Evora, Porto, Guarda, Aveiro, etc. Em muitos casos depois destes serem libertos deixa de mencionar a cor ou origem destes.
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Reparou que no assento do baptismo de Maria diz "Ana Martins escrava que foi de...." pelo que o mais provavel e' ja' ter sido libertada.
Luis Ramos
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Neste caso menciona que a Ana Martins disse que a crianca era filha de "Francisco Martins". Nao diz nada sobre os pais da Ana Martins, mas apenas sobre o pai da crianca baptizada. o Francisco Martins poderia ser negro ou mulato ou branco, mas devia ser uma pessoa nascida de condicao livre.
Luis Ramos
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Escravos em Portugal
Caro Luís Baço
O que consta nos assentos que indica não parece oferecer dúvidas.
1º assento:
22.10.1707 - Maria filha de Ana Martins molher solteira escrava que foi de Cristóvão da Silva, e que dizem ser filha de Francisco Martins Alcaide
Deste assento conclui-se que:
- Francisco Martins Alcaide é, (diz-se), o pai da criança. sem dúvida homem livre, muito provavelmente europeu.
-"escrava que foi" - ou Ana Martins é livre à relativamente pouco tempo, ou Cristóvão da Silva faleceu à pouco tempo (e Ana Martins continua a ser escrava, mas de outro dono não mencionado) - ver assento seguinte.
-Ana Martins, sendo escrava, muito provavelmente é de origem africana. negra ou mulata, importada de áfrica ou nascida escrava em Portugal, impossível saber.
2º assento:
1.8.1709 - João, filho de Ana Martins, escrava de Cristóvão da Silva de Abreu e de pai incógnito.
- Neste assento Ana ainda é escrava. Parece portanto concluir-se que Cristóvão da Silva e Cristóvão da Silva de Abreu são pessoas distintas - arriscaria pai e filho, a partir da semelhança de nomes; neste caso, o Cristóvão mais velho teria falecido pouco antes de 22.10.1707, tendo a o seu filho Cristóvão da Silva de Abreu herdado Ana.
- Não se sabe quem é o pai de João. Pode ser Francisco Martins, ou outra pessoa.
Escravos em Portugal, houve milhares entre o séc XV e o sec XVIII, embora com concentrações muito variáveis a nível geográfico. O Alentejo seria a provincia onde teriam mais pêso na população - numa freguesia do termo de Évora, por exemplo, quase 15% dos nascimentos num dado período do secXVII são de filhos de escravas - e é provável que haja exemplos mais marcantes.
Em relação à sua origem "racial", não há dúvida que a grande maioria dos escravos eram africanos.
Espero ter ajudado.
Cmpts
E.Simões
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RE: Escravos em Portugal
Boa noite,
Caro Sr. E.Simões,
Melhor interpretação destes Assentos seria dificil, aliás nem tinha reparado no apelido "Alcaide", e a possibilidade dos dois Cristovãos serem pai e filho é bem real. São por estes pormenores, que vale a pena perguntar a quem sabe.
No Assento de casamento de João Martins, vem como pai incógnito, mas nos Assentos de Baptismo dos filhos vem mencionado Avós Paternos Anna e Francisco Martins, talvez Francisco seja também o pai de João.
Provavelmente todos os filhos seriam também escuros, certamente viriam a "branquear "com casamentos mestiços.
O estatuto social dos filhos de Anna seriam iguais aos dela ou seriam diferentes?
Deduzo do que disse, que está fora de questão Francisco Martins ser Pai de Anna.
O curioso é que sempre tive curiosidade com a origem do meu apelido Paterno (Baço). Já pesquisei muita informção sobre "os homens Baços, tez escura", mas no ramo deste apelido ainda não encontrei nada referente a escravos ou algo parecido.
Meus sinceros agradecimentos pela atenção.
Cumprimentos
Luis Baço
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Escravos em Portugal
Caro Luís Baço
"O estatuto social dos filhos de Anna seriam iguais aos dela ou seriam diferentes?"
Esta é uma questão muito interessante e certamente mais complexa do que parece. Em relação ao seu caso directo, a resposta provavelmente será sim - deduzo pelas suas mensagens que nada nos assentos posteriores relacionados com os filhos de Ana Martins indica alguma situação anómala, portanto, quando estes se casaram, eram livres. No entanto, sabemos que um filho de escravo, nasce escravo, sendo que o verdadeiro problema será- quando, e como, os filhos de Ana Martins, escrava, se tornaram livres.
Ou, por outras palavras, o que aconteceu aos escravos em Portugal, no séc XVIII?
Não tenho de modo algum conhecimentos suficientes para concluir de forma definitiva sobre este assunto, mas posso tentar traçar o seguinte quadro geral:
-a escravatura em Portugal era muito diferente da praticada nas colónias.
- a escravatura no Antigo Regime em Portugal Continental não se encontra espalhada homógenamente pelo território - depende da geografia e do tamanho dos aglomerados populacionais.
-Encontram-se escravos em grande quantidade nos grandes centros urbanos- Lisboa, Porto
-Nas zonas rurais, o peso demográfico dos escravos é praticamente nulo, EXceptuando o Sul -Alentejo (?)
-nas zonas rurais do resto do país raramente se "vêem" escravos nos r.p.
Penso que se pode concluir aqui que a única região onde se deu a importação de escravos para fins económicos, ou seja, para a agricultura, foi o Sul.
Nas cidades, a presença de escravos é explicada pelo seu uso no serviço doméstico. Aqui, como por ex. em Lisboa, a "grande" concentração de escravos é justificada pela concentração de grandes casas e de pessoas que possuiam o capital necessário a fazer este tipo de investimento.
- Nas zonas rurais, com excepção do Sul, a presença de indíviduos escravos, embora residual, também é explicada pelo seu uso como serviçais domésticos, de alguma família rica local. Não esqueçamos que ter um escravo seria também um simbolo de "status".
- Nas zonas rurais em que se verificam maiores porporções de escravos (alentejo), a grande maioria dos registos referentes a estes situa-se, aparentemente, no início do séc XVII. já referi que numa dada freguesia do termo de évora esta percentagem chega a atingir os 15%. a partir de meados desse século esse pêso diminui progressivamente, sendo que no início do séc XVIII esta população é residual. baseio esta afirmação na análise das listas de baptismos de uma única freguesia, pelo que não estará insenta de erros, mas penso que a situação não seria muito diferente nas freguesias da área.
- Portanto, parece concluir-se que no Alentejo houve uma tentativa de investimento no uso de escravos na agricultura, de meados do séc XVI a meados do séc XVII. Em 1650 esta prática estava já em abandono.
-É sabido, que, a longo prazo, a escravatura na produção agrícola não é economicamente viável. Ou seja, faz mais sentido colocar rendeiros numa terra, do que ter de importar, alimentar, vestir, e guardar um escravo, (não só durante os meses das sementeiras e colheitas) que para alem de produzir menos que um rendeiro (alguem que fique com pedaço do que produz irá sempre estar mais motivado do que o um escravo que faz só porque lhe mandam), ainda é o proprietário que tem de arcar com todos os custos inerentes à produção agricola (investimentos em melhorias, etc), algo que é evitado no caso do uso de rendeiros.
- A partir do que se disse acima, talvez se possa concluir que o uso de escravos só é verdadeiramente viável quando não se encontra disponível mão-de-obra local. o que seria a situação do Alentejo semi-desertificado do séc XVI.
Eventualmente, à medida que outras formas de uso de uso de trabalhadores se tornaram disponíveis, a escravatura em grande escala deixou de existir. Ao deixarem de representar fonte de rendimento, os antigos escravos foram sendo libertados, juntando-se então à classe mais baixa da população local (jornaleiros).
Voltando agora à sua Ana Martins; O facto de estarmos no início do séc XVII, faz com que seja muito possível ela ter sido empregue no serviço doméstico de uma família rica. Arrisco dizer que tenha sido libertada juntamente com os filhos - talvez mesmo devido a estes, pelas mesmas razões explicitadas atrás - a certa altura, deixa de ser economicamente viável ao dono sustentar uma família inteira de escravos.
Mesmo assim, e para terminar, para tentar perceber melhor a vida desta gente terá de continuar a pesquisar. registos de óbito- quando morreu a Ana Martins? Era escrava quando morreu? baptismos - Qual é a percentagem de escravos nesta freguesia por esta altura? Se forem muito poucos, a hipótese de "serviço doméstico" para a Ana fica mais forte. casamentos- os filhos de escravos eram livres? casam livres? tudo isto serve para fortalecer, ou desacreditar o que se disse atrás.
Este é deveras um assunto interessante, e gostava de ler os comentários de confrades melhor informados. Sem deixar a discussão cair em julgamentos morais, como já vi suceder em tópicos semelhantes.
Cmpts,
Edmundo Simões
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RE: Escravos em Portugal
Caro E. Simões e Luís Baço
Existe um pormenor importante que ainda não foi mencionado: os baptismos foram feitos por padres diferentes;
Eventualmente tinham informações distintas da situação da mãe e, como é perfeitamente normal, do nome de Critóvão da Silva (de Abreu).
Cpts.
joão mamede
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RE: Escravos em Portugal
Caro Luis Baço
Por simples curiosidade, em Benavila, é baptizado em 14.05.1595 um Domingos filho de Domingos Baço.
Cumprimentos
Margarida de Abreu
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RE: Escravos em Portugal
Srs e Sras,
Primeiro que um sincero agradecimento pela vossa ajuda a elucidar-me sobre este assunto.
Sr Eduardo Simões, sem querer massacrar com Assentos, ficam mais dois, apenas por mera curiosidade, talvez na hipótese de desvendarem algo que aos meus ohos passe despercebido. Só apenas um pesquisador em causa própria.
Assento de Baptismo de Elias Daniel(1742), filho de Maria Garcia e João Martins, e o tal Fernando Martins como Avô Paterno:
http://digitarq.adptg.dgarq.gov.pt/ImageFullScreen.aspx?DigitalObjectID=1281&FileID=_53579
Assento de Casamento de João Martins e Maria Garcia (1734):
http://digitarq.adptg.dgarq.gov.pt/ImageFullScreen.aspx?DigitalObjectID=1367&FileID=_60484
Uma conclusão retiro, nenhuma referência á condição de escrava de Anna Martins nestes Assentos e em outros Baptismos de netos. Aliás como disse já pesquisei outros Assentos, mas realmente ainda não encontrei o Baptismo e Óbito de Anna. Parece-me que Anna será mesmo natural desta Freguesia de Alter do Chão.
Fernando Martins será natural da região de Évora, não consigo decifrar a freguesia, ora como assinalou existir um grande Nº de negros á época nesta zona, talvez possa especular a cor de Fernando Martins.
Em relação ao nº de escravos ainda não encontrei nenhum nesta freguesia exceptuando a já mencionada Anna, mas talvez seja porque só agora chego ao SecXVII.
Também tenho antepasados das freguesia de Alfama em Lisboa, e aí sim encontram -se bastantes referências a escravos.
Cumprimentos
Luis Baço
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RE: Escravos em Portugal
Cara Sra Margarida Abreu,
Agradeço a sua deixa, se souber de mais Baços...
Cumprimentos
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Brancos, no séc XVIII, duvido.
Mas podia ser «chin», «jao» (e já os vi em Registos Paroquiais), etc., e não apenas africano.
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RE: Escravos em Portugal
Caro Luis Baço
Quantos aos seus registos:
“Elias – Aos vinte e sinco dias do mês de Abril de mil sette centos quarenta / e dois annos baptizei, e pus os santos óleos a Elias, que nasceu a / doze do presente mês, filho legitimo e primeiro ma/trimonio de Joao Martins e de Maria Garcia naturais / desta villa, neto pela parte paterna de Francisco / Martins Serrao natural de Pavia, Arcebispado / de Evora, e de Anna Martins natural desta villa / e pela materna netta de Manuel Garcia Vallente / e de Maria Barretta naturais desta villa e todos / desta mesmesma (sic) moradores, foi padrinho de mão / posta Luis da Costa Fragoso e Sequeira de que fis este termo e que assinei dia mês e anno ut supra” (Assinaturas)
“Francisco Martins e Maria Garçia – Aos dezoito dias do mês de janeiro de mil / e setecentos e trinta e quatro annos depois de feitas / as diligencias do estillo (…) a joao martins solteiro na/tural desta villa filho de anna martins e de / pai incognito Com maria garçia solteira filha / de manuel garçia valente e de maria barretta / naturais desta villa (…) testemunhas christovao / da Silva de Abreu e antonio martins (?) (…) (Assinaturas) “
Nestes últimos dias tenho dado "uma vista de olhos" pelos assentos da freguesia de Alter do Chão e encontrei o seguinte:
"Anna, filha de Catarina Martins, escrava de Pedro Freme da Silva (...) foi padrinho Álvaro Lourenço, filho de Pedro de Campos (da Silva)"*
Recuando à procura do baptismo de uma Catarina, filha de escrava apenas encontrei uma Catarina, baptizada em 02.04.1664, filha de Brízida Rodrigues e pai incógnito, foi padrinho Pedro Freme! (sem referência a condição de escrava). Esta Catarina teve uma irmã, Mónica, nascida em 1667 (baptismos 1667, p.60)
Encontrei ainda uma Antónia Martins, filha de Catarina Martins, esta já defunta em 1701, a casar com Álvaro Garcia (casamentos 1701 p. 49) Sem referência à condição de escravas. Seria interessante procurar o baptismo de Antónia visto que o assento refere que é natural de Alter do Chão.
Em relação ao seu Francisco Martins Serrão, era filho de Francisco Serrão e de Maria Serrão. Era natural da freguesia de S. Paulo, termo da vila de Pavia**. Foi morador na Vila da Seixeira, freguesia de N. Sra. da Purificação, Arcediago de Santarém. Casou com Maria Rodrigues em Alter do Chão em 1699 (casamentos 1699, p. 42v).
*Este padrinho surge a casar em 1696 como Álvaro Lourenço da Silva, filho de Pedro Campos da Silva, já defunto e de Maria Garcia. (Casamentos 1696, p. 13)
** Concelho de Mora
(cont.)
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RE: Escravos em Portugal
(cont)
A recorrência dos sobrenomes Rodrigues, Garcia, Campos, Silva, Freme, Martins e as ligações que estabelecem entre si são muito interessantes:
1692 (p. 215)
Diogo Martins, viúvo de Maria Rodrigues com Maria Garcia, filha de Marta Rodrigues, já defunta e de pai não sabido, natural da freguesia de Santo António de Aiamonte, termo da Vila de Monforte, escrava que foi de Duarte Vaz Castelo Branco.
1685 (p. 157v)
Casamento de Isabel de Campos da Silva, filha de Pedro de Campos da Silva, viúvo de Maria Garcia
1685 (p. 160v)
Casamento de Pedro Fernandes (Rico) com Maria Garcia, filha de Manuel Vaz e Maria Garcia.
Testemunhas: Pe Manuel Garcia Gil e Pedro Freme de Campos
09.06.1689 (p. 27)
Baptismo de Manuel, filho de Pedro Fernandes Rico e Maria Garcia, a pretinha, sua legítima mulher.
Padrinho: Pedro Freme de Campos
29.09.1689 (p. 30)
Baptismo de Pedro, filho de Afonso Garcia Freme e Maria Martins, sua legítima mulher.
Padrinho: Revº Pe Manuel Garcia
13.11.1689 (p.31)
Baptismo de Manuel. Padrinho: Vasco Martins de Campos
04.12.1689
Baptismo de João. Padrinho: Cristovão da Silva, mancebo, solteiro.
1695 (p.4)
Casamento de João Martins com Maria Martins.
Testemunhas: Pe Cristovão da Silva e Manuel de Campos da Silva
1702 (p. 57v)
Casamento de Catarina da Rocha Freme, filha de Pedro Freme de Campos, já defunto e de Cecília de Ataíde com
Domingos Rodrigues de Carvalho, natural da Vila de Pavia, freguesia de S. Paulo, Arcebispado de Évora.
27.01.1712 (p.109v)
Casamento de Manuel Garcia Freme, filho de Isabel Rodrigues e de pai incógnito.
03.09.1716 (p. 136v)
Matias de Abreu da Silva, escravo de Cristovão da Silva, solteiro, filho de pai incógnito e de Anna Alves, escrava com
Maria Rodrigues, solteira, filha de manuel Dias Cabeça e de Beatriz Rodrigues, ambos naturais e moradores desta vila.
Sempre que tenha um tempinho vou continuar a procurar, é mesmo muito interessante !
Cumprimentos
Susana Gama
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RE: Escravos em Portugal
Boa noite.
Também encontrei baptismos de escravos indianos,em Sª Engrácia,Lx.
Na paróquia de S.Domingos de Rana encontrei imensos baptismos de escravos com filiação, e até casamentos entre escravos.
No que vi, constava sempre o proprietário dos mesmos
cumprimentos
luis
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Nos meus ascendentes já tinha estranhado haver uma 5ª avó em que os seus ascendentes eram todos (filhos e netos) filhos de pais incógnitos. Quando cheguei à pesquisa dos filhos mais novos fiquei surpreso por a mãe ser escrava de José Guerreiro. Depois de ler este foro é que compreendi a situação daquela minha avó. Teve os primeiros filhos como escrava e os últimos como mulher livre. Mas muitos netos ainda foram , muitos deles, filhos de pais incógnitos. Chamava-se Brízida Rita e vivia na freguesia da Salvada-Beja em meados do século dezoito.
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RE: Escravos brancos em Portugal?
Nos meus ascendentes já tinha estranhado haver uma 5ª avó em que os seus ascendentes eram todos (filhos e netos) filhos de pais incógnitos. Quando cheguei à pesquisa dos filhos mais novos fiquei surpreso por a mãe ser escrava de José Guerreiro. Depois de ler este foro é que compreendi a situação daquela minha avó. Teve os primeiros filhos como escrava e os últimos como mulher livre. Mas muitos netos ainda foram , muitos deles, filhos de pais incógnitos. Chamava-se Brízida Rita e vivia na freguesia da Salvada-Beja em meados do século dezoito.
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RE: Escravos em Portugal
Nos registos paroquiais, ao nome do escravo e à sua origem étnica, associa-se habitualmente o nome do proprietário. As designações 'preto', 'pardo', 'baço', 'mestiço', 'mouro', 'mourinho' e 'de nação' referem-se a escravos propriamente ditos e a escravos forros ou a seus descendentes. Não se encontram escravos de étnia europeia em Portugal, mas entre os 'mouros' e 'mourinhos' alguns haveria das raças brancas predominantes no Norte de África, sendo as demais designações referentes a escravos originários das raças negras a sul do Sahara e respectivas miscigenações.
Para encontrar exemplos do uso do termo 'baço', por vezes grafado 'basso', queira consultar os links seguintes, em especial o último:
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3881171
http://www.aatt.org/site/index.php? tipo=0&status=0&arq_id=0&orderby=homem_ind&submit=Procurar+%BB&homem=ba%E7o&mulher=&pai_homem=&mae_homem=&pai_mulher=&mae_mulher=&search=1&P=51&op=RP
Existe uma povoação denominada A-do-Baço (ou, também, Lugar do Baço) na freguesia de Arranhó do concelho de Arruda dos Vinhos, localidade onde se terá fixado um indivíduo, assim conhecido localmente devido à pigmentação da pele.
Um teste de ADN seria mais uma achega para se averiguar a relação entre o sobrenome Baço e a origem do primeiro membro da família assim designado.
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RE: Escravos em Portugal
Estimado Edmundo Simões,
Neste momento estou a investigar as freguesias da Sertã, Vila de Rei e Ferreira do Zêzere... Como sempre o Zêzere como fio condutor e de vida genealógica. Todavia, na actualização sobre o que se discute no nosso fórum encontrei este tópico e lembrei-me de um registo de casamento de 1574, que na altura achei bastante estranho, nos RP de Janeiro de Baixo:
http://193.137.201.198/vaultimage/?id=13EC5DCC6F192B66D6471AC7CDE63261&r=0
A frase "... Simão Álvares seu dono dela Guiomar Martins..." é bastante sugestiva... Serva da gleba? Pagamento de dividas? O que acha?
Abraços,
José Fernandes Rodríguez
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dono
Caro José Fernandes Rodriguez,
Como tem passado? espero que se encontre bem!
O assento que nos traz é muito curioso. É a primeira vez que leio tal expressão num assento de casamento. Ao princípio não tinha opinião (escrava não seria de certeza), mas lembrei-me de alguns assentos de óbito da mesma época onde já tinha lido expressão semelhante - tutor e dona, quando aplicado a orfãos (embora "dono" -masculino nunca).
Exemplo real: "faleceu x filho de y e z já defuntos, menor de 20 anos. o seu tutor é A do lugar B e suas donas moram no lugar C. hão-de cumprir sua alma com as soldadas que têm por pagar e conforme estao nomeados pelo juiz dos orfãos .." etc
Seria Simão Álvares o tutor de Guiomar Martins? Ou será que as donas no exemplo que dei significam apenas que X era criado em casa delas ? Vi vários assentos que se referem a "criados" mas confesso que desconheço qual o termo da época para o "patrão". Seria "dono"? Se assim for, Guiomar seria criada de Simão Álvares. Creio que são estas as melhores hipoteses para o estatuto dos noivos antes de se casarem: ou tutor e orfã, ou "patrão" e "criada"- no sentido da época, claro.
Há outra expressão da mesma época, mas parece referir-se a uma situação distinta - "administrado". Aparece em óbitos quando se trata de menores: faleceu X filho de Y não fez testamento por ser administrado de Y.. nesse caso há uma diferença entre o "administrador" e o tutor ou dona, pois aquele parece ser da família (pai ou mãe) e este parece ser o que foi nomeado pelo juiz dos orfãos. Nota que adminsitrado tem um sentido bastante diferente para assentos brasileiros no séc.18, referindo-se neste caso a indigenas com um significado semelhante a escravo.
O que acha?
Um abraço!
Edmundo
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dono (2)
Caro José Fernandes Rodriguez,
Depois de enviar a mensagem fui ler a trancrição que tinha feito do assento a que me referi de memória. Efectivamente, aí a referencia à nomeação pelo juiz dos orfãos refere-se apenas ao tutor, e as soldadas por pagar referem-se às "donas". Não parece haver dúvidas que neste caso o falecido era criado em casa das suas donas, que lhe deviam soldadas quando morreu.
Estatuto semelhante ao de Guiomar Martins, provavelmente. Parece ter o seu caso resolvido!
Abraço,
Edmundo
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RE: dono (2)
Caro Edmundo Simões,
Muito obrigado pela atenção e desculpas pela demora em responder.
A explicação de dono/criadagem é bastante provável, mas é no minímo estranha, pois este é o único caso que encontrei em que na referência à criadagem se utiliza o terno "dono". Não conheço outro caso nas minhas leituras dos registos na Beira Serra, Sul e Norte, e no Vale do Zêzere.
A referida estranheza é ainda maior quando nos registos de JB, na imagem 151, Mistos 001, 1558/1597, encontramos o casamento de um irmão da Guiomar, Francisco Martins, que casa em 28.04.1566, com Isabel Simão, filha de Simão Álvares, do Souto, JB. A coincidência de nomes entre o Pai de Isabel Simão e o "Dono" de Guiomar é surprendente e dá para brincar com a hipóteses de o referido Francisco ter casado com a filha do "Dono" da irmã!? :)
A falta de informação dá para especular... :)
Ver: http://193.137.201.198/vaultimage/?id=BD61D760A9C48C8EE49A597DC16C736C&r=0
Abraços,
José Fernandes Rodríguez
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