Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

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Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299652 | francandrade | 13 mar 2012 06:48

Encontro esta página no site da Família Real Portuguesa: http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/2010/10/reconhecimento-do-casamento-de-dona.html

O conteúdo desta página é extraordinário e revela o reconhecimento, por parte de D. Duarte Pio de que os seus direitos dinásticos ao Trono de Portugal foram herdados de Sua Mãe, a Rainha D. Maria Francisca de Orleães e Bragança. Revela também esta página que tanto a Rainha D. Amélia como o Prof. Salazar nunca tiveram dúvidas de que D. Maria Francisca era a verdadeira Rainha de Portugal enquanto que D. Duarte Nuno era apenas o Príncipe consorte. Revela ainda esta página que foi afinal a teimosia de D. Duarte Nuno em fazer prevalecer os seus pretensos direitos que impediu a restauração da Monarquia em Portugal !

Presumo que D. Duarte Pio estará de acordo com o conteúdo desta página, dado que a mesma se encontra alojada no site da Família Real ! Assim sendo, passará a ser esta a linha de continuidade do Trono Português:

D. Manuel II

D. Pedro de Alcântara de Orleães e Bragança

D. Maria Francisca de Orleães e Bragança

D: Duarte Pio de Orleães e Bragança


Cumprimentos
Francisco Andrade

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RE: Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299657 | Mavasc | 13 mar 2012 09:44 | In reply to: #299652

Caro Francisco Andrade

Este estranho artigo vem assinado por Eduardo André Chaves Nedehf - Marquês de Viana.
Sabe dizer-me alguma coisa sobre este título?

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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RE: Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299661 | aeiou2 | 13 mar 2012 10:19 | In reply to: #299652

Mas só agora é que é apresentado este documento?
Cumprimentos
Maria

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RE: Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299663 | francandrade | 13 mar 2012 10:33 | In reply to: #299661

Eu também estranho este documento e que só agora seja divulgado. Mas na verdade encontrei-o no site da Família Real Portuguesa. O que quer dizer isto? Terá sido motivado pelo casamento da Princesa Diana de Cadaval com o Príncipe Charles Philippe de Orleães (e agora pelo nascimento de uma filha portuguesa deste casal, descendente legítima da linha pedrista?). Será apenas, como é sugerido no final do documento, uma resposta ao Duque de Loulé, ou é intenção precaver o aparecimento de outros possíveis pretendentes do ramo Orleães Bragança ?

Quanto a este Marquês de Viana, desconheço quem seja. Um nobre brasileiro da confiança de D. Maria Francisca (ou da Rainha D. Amélia) que terá acompanhado a Família quando esta veio para Portugal ? Desconheço...

Será que existe algum relato do episódio da recepção dada por Salazar no livro "Salazar e a Rainha D. Amélia!??

Agradeço quaisquer elementos que possam ser encontrados sobre este episódio.

Cumpts
Francisco Andrade

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RE: Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299664 | Mavasc | 13 mar 2012 10:57 | In reply to: #299663

Caro Francisco Andrade

Tudo isto me cheira a esturro, desde o tal "Marquês de Viana"aos direitos sucessórios da Senhora Dona Maria Francisca, princesa brasileira, filha de brasileiro e....naturalizada portuguesa.
Nada disto é dito no livro "Salazar e a Rainha", e, em "Salazar e o Rei", do mesmo autor, Dr. Fernando Amaro Monteiro. Muito pelo contrário, é bem explícito que Salazar nunca se encontrou com D. Duarte Nuno, quanto mais com a Senhora Dona Maria Francisca.
Por outro lado este "Marquês" é questionado pelo Conde de Vianna em tópico deste Fórum que não consigo encontrar.
Muito francamente, e sem crítica republicana, creio que os monárquicos deviam rever os sites da Casa Real pois não é o primeiro erro que lá encontro, e erro grave, nomeadamente no que se refere ao parecer interno e não apoiado superiormente pelo MNE , que nem sequer teria competência para isso, que reconhece D. Duarte Pio como Duque de Bragança.

Cpts

Maria Benedita

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RE: Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299665 | francandrade | 13 mar 2012 11:01 | In reply to: #299663

Penso que o referido Marquês de Viana será João Luís Maria Berquó de Faria Manoel de Menezes, 3º Marquês de Viana, http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=29578 , neto de João Maria da Gama Berquó Manoel de Menezes http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=29550 que foi Professor do Imperador D. Pedro II, Vice-Consul e Chanceler do Brasil em Lisboa. Parece claro que estes Marqueses de Viana eram pessoas da confiança da Família Imperial Brasileira. É muito provável que o Marquês de Viana tenha realmente presenciado o episódio que refere.

Cumpts
Francisco Andrade

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#299666 | JC | 13 mar 2012 11:05 | In reply to: #299652

Bom dia,

Apesar do blog que refere se chamar Família Real Portuguesa não me parece que seja um blog oficial. A administradora do blog, como se verifica, é:
Maria Menezes
Lisboa, Oeiras, Portugal

Pelo que me parece que as notícias e informações do blog terão a credibilidade que lhes quisermos dar.

Claro que os direitos dinásticos de SAR o Senhor Dom Duarte não vêm da Senhora Dona Maria Francisca, apesar de descendente de D. Pedro IV!

Cumprimentos,

José de Castro Canelas

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#299667 | Mavasc | 13 mar 2012 11:15 | In reply to: #299665

Caro Francisco Andrade

João Luís Maria Berquó de Faria Manoel de Menezes Lisboa, falece em São Jorge de Arroios 11.06.1937. O casamento de D. Duarte Pio foi em 1942, pelo que não se pode tratar da mesma pessoa.
Para além do mais a descendência do referido Marquês de Viana é bem conhecida, http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=367499 http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=209899

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299668 | francandrade | 13 mar 2012 11:26 | In reply to: #299667

Cara Maria Benedita,

Tem toda a razão relativamente a este Marquês de Viana. Não se pode tratar da mesma pessoa.

Melhores cumprimentos
Francisco Andrade

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#299671 | Mavasc | 13 mar 2012 11:41 | In reply to: #299668

Caro Francisco Andrade

Cá está o tópico de que lhe falei, da autoria do confrade José Berquó de Seabra de Meneses http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=297816#lista

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299672 | francandrade | 13 mar 2012 11:44 | In reply to: #299666

Independentemente da credibilidade ou não da informação (estranho que apareça no Blog da Família Real Portuguesa - este Blog não é do conhecimento / aprovação da Família Real ???? ) há uma questão suscitada que me merece o maior interesse e que se prende com o intuito da Rainha D. Amélia ao promover o casamento de D. Maria Francisca com D. Duarte Nuno: era intenção de D. Amélia reconhecer D. Duarte Nuno como Herdeiro do Trono ???? Ou era intenção da Rainha D. Amélia conseguir o reconhecimento de D. Maria Francisca como Rainha de Portugal e, através do seu casamento com D. Duarte Nuno conseguir unir as duas facções monárquicas, já que voltaria, por esse meio, a colocar a descendência miguelista (os filhos do casal) como herdeiros do Trono? Será que a Rainha D. Amélia terá tentado fazer com D. Maria Francisca algo de parecido com o que D. Pedro IV tentou fazer com D. Maria II quando a tentou casar com D. Miguel?

O que me suscita mais interesse neste documento (que não podemos ter a certeza que é verdadeiro, mas também não podemos ter a certeza de que será falso...) é que parece explicar com toda a razoabilidade os intuitos que terão presidido quer à actuação da Rainha D. Amélia quer do Prof. Salazar. A explicação dada parece realmente explicar tudo o que se passou de um modo muito racional e muito compreensível... Será verdade?

Aguardo outros comentários,
Com os meus cumprimentos
Francisco Andrade

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#299675 | tmacedo | 13 mar 2012 12:22 | In reply to: #299671

Cara Maria Benedita,

Para além do blog cheirar a esturro por todo o lado e não ser óbviamente da responsabilidade de D. Duarte Pio, nem da Família Real, a certa altura lá aparece:

... "Para isso, D. Francisca Viana Nedehf Marquesa de Viana, cidadã portuguesa naturalizada brasileira, mãe de Jorge Viana Nedehf, Marquês de Viana funcionário jornalista dos Diários Associados na Radio Tupí e amigo de Assis Chateaubriant, seria nomeada bastante procuradora do Presidente da República para testemunhar o evento religioso para constar no Alvará presidencial de 20 de Outubro de 1942."

Por lá andam os falsos Maqueses de Viana [entre Salazar, a rainha D. Amélia, a família real brasileira e o governo do Brasil] já referidos em tópico do forum...

Cumprimentos,
António Taveira

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#299677 | Mavasc | 13 mar 2012 12:47 | In reply to: #299675

Caro António Taveira

Tem toda a razão, mas estes Blogs acabam por induzir em erro muita gente, e, no caso, talvez por falta de informação já que a autora é monárquica assumida e creio que foi uma das intervenientes numa arruada monárquica aqui em Lisboa.
Quanto ao blog oficial , julgo que deveriam corrigir algumas coisas , até porque há processos disciplinares em curso no MNE .....e este Ministério nada assumiu, nem podia assumir por não ter competência para tal.

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299678 | JBdeS | 13 mar 2012 12:59 | In reply to: #299672

Caros Confrades

O Sr. Eduardo Nedehf não só não é marquês de Vianna como não descende de nenhum marquês de Vianna. Tenho em meu poder as certidões falsas e o referido senhor enfrenta um processo do verdadeiro marquês de Vianna. Personagem conhecida no Brasil, nenhuma instituição a que pertenca o reconhece como tal, uma delas à qual eu mesmo pertenço. Os ramos brasileiros da família Vianna eram Berquó, filhos de José Maria da Gama Dias Berquó e D. Maria Domingas Manoel de Menezes. O filho primogénito de ambos, João Maria da Gama Berquó Manoel de Menezes, teve os títulos da família reconhecidos por D. ManueII, por carta do conde de Sabugosa; tendo morrido dias antes da chegada da carta, o Rei reconheceu o neto, João Luis Maria Berquó de Faria Manoel de Menezes aos três anos de idade, afilhado de Sua Majestade, como marquês de Vianna.
Não vou revelar aqui, e penso que entendem a razão, a opinião que no Brasil têm desse cidadão, nem as suas actividades. Reafirmo que esse senhor não é nada do que afirma e acrescento que essa pretensão ridícula começou no final dos anos 60, segundo a falsa árvore genealógica em meu poder.

José Berquó de Menezes, conde de Vianna

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#299680 | Mavasc | 13 mar 2012 13:24 | In reply to: #299672

Caro Francisco Andrade

De acordo com a informação, absolutamente fidedigna, do Dr. Fernando Amaro Monteiro, a Rainha D. Amélia nada teve a ver com o casamento de D. Duarte Pio com a senhora Dona Maria Francisca. Foi madrinha do primeiro filho de ambos, fazendo-se representar, e fez testamento dos seus bens em Portugal a D. Duarte Pio a pedido de Salazar, frisando-o bem em carta a este último.
As razões de Salazar para tal actuação foram claras: os Braganças não terem que depender economicamente do Estado e, ao mesmo tempo, agradar aos monárquicos, que queria a seu lado e tentava convencer de um regresso da monarquia, dando uma no cravo outra na ferradura.
Salazar não era monárquico nem republicano...era salazarista e nada mais!

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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RE: Reconhecimento por D. Duarte Pio dos direitos dinásticos de Sua Mãe

#299683 | francandrade | 13 mar 2012 13:48 | In reply to: #299680

Cara Maria Benedita ,
Obrigado pelo seu esclarecimento. Na verdade, tanto a mitologia salazarista como a mitologia miguelista nos fizeram sempre crer que o casamento entre D. Maria Francisca e D. Duarte Nuno teria sido resultado de uma combinação havida entre a Rainha D. Amélia e Salazar para conciliar os dois ramos dinásticos desavindos. Mas havia um aspecto que para mim não fazia qualquer sentido: o Rei D. Carlos era Bragança do ramo pedrista, a Rainha D. Amélia era Orleães, os príncipes do Brasil eram Orleãs Bragança (aliás, o Conde d'Eu, marido da Princesa Isabel, a Redentora, era primo direito do pai da Rainha D. Amélia), porque razão haveria D. Amélia de "combinar" tal arranjo de casamento sem salvaguardar a posição dos herdeiros do ramo Orleães Bragança ???

Preciosa a indicação de que a Raainha D. Amélia apenas fez testamento dos seus bens em Portugal a favor de D. Duarte Pio a pedido de Salazar....

Ou seja, parece-me claro (ao contrário do que muitos nos têm querido fazer crer) que a Rainha D. Amélia e a Rainha D. Augusta Victória Nunca reconheceram a legitimidade das pretensões de D. Duarte Nuno.....

Quanto a Salazar, a sua posição também me causa alguma perplexidade. Por tradição familiar ( um Tio Avô meu foi professor em Coimbra ao mesmo tempo que Salazar e ambos foram saneados no seguimento do episódio da Monarquia do Norte... tendo depois esse meu Tio acompanhado Salazar num dos Governos do Estado Novo) sempre ouvi dizer que Salazar era monárquico... mas não quis colocar D. Duarte Nuno no Trono... Daí o meu interesse pelo documento referido. Que, para além do mais, apareceu num site supostamente ligado à Família Real Portuguesa ....

Com os meus melhores cumprimentos,
Francisco Andrade

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#299693 | AQF | 13 mar 2012 15:47 | In reply to: #299683

Caro Francisco de Andrade,

Embora sem conhecer qual era o posicionamento do Dr. Salazar, admito que em dada altura pudesse ter equacionado uma solução como a que Espanha seguiu, pois terá influenciado a admissão de D. Duarte Pio no Colégio Militar, mesmo tardiamente, talvez a pensar numa preparação mais adequada a eventuais cenários futuros. Só ele o saberia, mas talvez as guerras no Ultramar, a queda da cadeira e o 25 de Abril tenham mudado um possível curso da história.

Com os melhores cumprimentos,

Ângelo da Fonseca

PS: o Caro Confrade tem alguma ligação ao Confrade homónimo NFA ?

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#299696 | francandrade | 13 mar 2012 16:14 | In reply to: #299693

Caro Ângelo da Fonseca,

A História podia realmente ter sido diferente, mas quem o pode dizer? Talvez se a Monarquia tivesse sido restabelecida se tivessem evitado algumas confusões, talvez a Primavera Marcelista tivesse tido outro sucesso, talvez a transição tivesse sido mais pacífica... ou talvez a queda do regime tivesse implicdo novo derrube da monarquia. Quem o pode dizer?

Devo confessar que fico com pena se o artigo do Blog da Família Real for uma fraude. Para além de dar resposta cabal a algumas dúvidas com que sempre me confrontei, confesso que que me dava ânimo... e quase que me deu vontade de me tornar monárquico empenhado !

Quanto à sua pergunta final, não faço ideia quem seja o Confrade NFA ...

Com os meus melhores cumprimentos
Francisco Andrade

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#299697 | Mavasc | 13 mar 2012 16:33 | In reply to: #299693

Caro Ângelo da Fonseca

Acredito que, nos inícios da sua carreira de estadista, no seguimento da sua actuação coimbrã no CADC, Salazar tenha tido pendor monárquico. Mas depois disso, caro confrade, em nada o demonstrou. A sua relação era com a Infanta D. Filipa, nunca quiz conhecer D. Duarte nem seus filhos e... serviu-se bem dos monárquicos!
A atestá-lo há o depoimento de Fernando Amaro Monteiro nos seus 2 magníficos livros " Salazar e a Rainha" e " Salazar e o Rei"e a recente biografia de Salazar de Filipe Ribeiro de Meneses. Claro que mais indícios apontam neste sentido, mas cito estes 3 por completamente isentos. O Dr. Amaro Monteiro é monárquico assumido desde a juventude e Ribeiro de Meneses faz a história fria e distante do regime.

Com os meus melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299700 | JBdeS | 13 mar 2012 16:58 | In reply to: #299696

Caro Francisco Andrade,

Se escrever "familia real portuguesa", o site verdadeiro, verá o mesmo layout, com notícias comuns, mas um texto completamente diferente. O outro é um blog de uma senhora portuguesa.
Com os meus cumprimentos

José Berquó de Seabra de Menezes

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#299707 | Da Vide | 13 mar 2012 18:14 | In reply to: #299697

Caros Confrades
Alguns esclarecimentos e algumas opiniões:
1. O blogue Família Real Portuguesa é de uma senhora monárquica, mas completamente independente da Casa Real Portuguesa, que tem o seu próprio site oficial e onde consta o texto do Dr. Augusto Ferreira do Amaral sobre a legitimidade dinástica do Senhor Dom Duarte. É um blogue que visa dar notícias sobrea Família Real, mas onde aparecem posts que não têm nada a ver com coisa nenhuma e são da responsabilidfade da autora.
2. Pelo que se conhece da História do Estado Novo, nunca houve nehuma démarche de Salazar e muito menos da Rainha Dona Amélia, relativamente ao casamente do Senhor Dom Duarte Nuno. A única atitude conhecida foi a de tentar controlar o Senhor Dom Duarte Nuno durante a sua permanência no Brasil, onde casou, para além do controlo que exerceu através dos monárquicos estado-novistas, nomeadamente dos dirigentes da Causa Monárquica, e das nomeações para o cargo de Lugar- Tenente, como muito bem relatam o Dr. Amaro Monteiro, nos livros já citados e o Dr. João Amaral no livro "O roubo do Príncipe- Salazar e o casamento do duque de Bragança". Ver sobre este controlo o livro "Dom Duarte Nuno, o rei que não treinou", onde é transcrito um Manifesto que os salazaristas monárquicios impediram que visse a luz do dia.
3. Salazar era, como muito bem disse a nossa confreira Maria Benedita, salazarista antes de mais nada. E não gostava do Senhor Dom Duarte Nuno, e isto é uma opinião minha, não só porque lhe parecia, até na forma de falar português, demasiado "estrangeiro" e pró- Aliados na 2ª Guerra, como cedo percebeu que lhe seria difícil dominá-lo completamente como se percebe lendo João Amaral e o referido episódio do Manifesto.
4. Ao contrário do que parece ler-se em algumas intervenções acima, Salazar reconheceu o Senhor Dom Duarte Nuno como representante dos Reis de Portugal e chefe da Família Real (vide a sua intervneção junto da Fundação da Casa de Bragança para lhe ser cedido o Palácio de S. Marcos) como em cerimónias públicas lhe mandou reservar lugar compatível com essa representação, como por exemplo na trnasladação dos restos de D. Miguel I onde ficou destacado em relação aos outros descendentes.
5. Na gestão da relação de forças políticas que apoiavam o Estado Novo e sobretudo das Forças Armadas, Salazar foi fazendo jogos com os monárquicos para os convencer de a solução monárquica era uma hipótese - há uma carta dele a Marcelo Caetano, que está publicada, em que lhe recomenda que vá mantendo os monáqruicos nessa ilusão.
5. O texto citado, publicado no blogue Família Real Portuguesa é um total disparate porque bastava o facto de a Senhora Dona Maria Francisca ser estrangeira, violando o disposto nas leis sucessórias da Carta Constitucional, para não ter quaisquer direitos ao trono português.
João de Mattos e Silva

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#299723 | AQF | 13 mar 2012 19:48 | In reply to: #299697

Cara Maria Benedita,

"Quem não sabe é como quem não vê", que é seguramente o meu caso neste assunto.

Uma coisa parece certa, no Colégio Militar, que bem conhece pelo que terá ouvido ao seu pai, era obrigatória a entrada nos dois primeiros anos e a primeira vez que a regra foi quebrada terá sido no caso do Sr. D. Duarte Pio por "influência" do Dr. Salazar, como constou, internamente, na altura.

Vivi de perto o episódio e recordo-me de se ter dito que a excepção era uma questão de justiça por, anos antes, lhe ter sido "negada" a entrada no CM quando os pais o pretenderam fazer. Nunca mais ouvi falar no assunto, e por isso não sei quais as verdadeiras razões para a mudança de atitude, mas o Dr. Salazar de certeza que as conhecia :-).

Com os melhores cumprimentos,

Ângelo da Fonseca

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#299750 | Mavasc | 13 mar 2012 22:20 | In reply to: #299707

Caro confrade João de Mattos e Silva

Estou inteiramente de acordo consigo.
Salazar reconheceu o Senhor D. Duarte Nuno como representante dos Reis de Portugal e chefe da Família Real , deu -lhe a nacionalidade portuguesa antes do seu casamento ( retroagindo á data do seu nascimento) mas não queria gastar dinheiro com a Família Real , nem tê-la muito por perto. Daí S. Marcos, sem o menor dos confortos e com móveis etiquetados com a respectiva proveniência. Ao que parece Salazar não gostava do Senhor D. Duarte Nuno e nunca se quiz encontrar com ele, deu-me agora uma razão para esta atitude, deve ter percebido que não o conseguiria controlar completamente. É patente ,nas cartas de D. Filipa ,o empenho que esta tinha de lhe arranjar um encontro com o irmão ou os sobrinhos , empenho este que nunca encontrou o menor eco em Salazar.

Com os meus melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299752 | Mavasc | 13 mar 2012 22:42 | In reply to: #299723

Caro Ângelo da Fonseca

Esse caso do Colégio Militar, que já conhecia, é mais uma no cravo e outra na ferradura!
Realmente Salazar obrigou a ultrapassar a regra exigida pelo Colégio Militar no caso de D. Duarte Pio, mas repare que, pior ainda, por mero despacho do Ministro da Justiça contrariou uma lei quando deu a nacionalidade portuguesa ao Senhor D. Duarte em 1942.
Por outro lado nunca os quiz conhecer e "exilou-os" em S. Marcos , sem a menor comodidade e longinho de Lisboa!
Queria agradar aos monárquicos situacionistas, mas não se queria comprometer com a Família Real.

Com os melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299758 | Vínculo | 13 mar 2012 23:03 | In reply to: #299752

Cara Benedita
Apenas para informar que o meu irmão,salvo erro em 1950 entrou no CM para o 3º ano, tendo sido colega de SAR D. Miguel.
Tenho acompanhado as suas "dissertações".

Com os meus respeitosos cumprimentos

Amiel Bragança

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#299762 | Mavasc | 13 mar 2012 23:13 | In reply to: #299758

E informa muito bem, caro Amiel! Só posso falar do C. M. do tempo de meu Pai e Tios, entrava-se no 1º ano do liceu, e lembro-me de ouvir falar do caso de D. Duarte Pio ter dado burburinho, mas....

Com ainda mais respeitosos cumprimentos e vénias

Benedita

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#299769 | Vínculo | 14 mar 2012 00:02 | In reply to: #299762

Cara Benedita
Apenas uma correcção. Quem entrou nessa época para o 3º ano foi o meu cunhado. O meu irmão só entrou perto dos anos 60, como é óbvio pela idade..
Peço desculpa pela má informação.
De qualquer forma o meu cunhado entrou antes de SAR D. Duarte.
De joelho no chão humildemente lhe peço perdão e lhe beijo as mãos.
"Adeus e até ao meu regress".
Amiel

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#299774 | JBdeS | 14 mar 2012 01:59 | In reply to: #299769

Caros Confrades

Como pode um brasileiro ter opiniões acerca da Família Real Portuguesa usando um título português de uma família à qual não pertence nem tem qualquer relação?
Usar um blog da nossa Família Real é uma ofensa aos monárquicos portugueses.
O Presidente da Real Associação de Lisboa foi claro na sua intervenção. Cabe agora a nós, monárquicos, dizer ao cidadão brasileiro quem é Chefe da nossa Casa Real e por que razão.
E denunciar um homem ridículo que pretende ser o que não é possível ser, um impostor.

José Berquó de Seabra de Menezes

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Vale tanto quanto nota de R$ 32,75!

#299776 | Hirão | 14 mar 2012 03:16 | In reply to: #299652

Mais um para a lista de megalômanos tupiniquins...! Pelas minhas contas - contas conservadoras, diga-se - o Brasil possui pelo menos 7 centenas de "titulares" desse naipe do "marquês": um bando de vigaristas e doentes.

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#299790 | Da Vide | 14 mar 2012 11:38 | In reply to: #299707

Como referiu a confreira Maria Benedita, Salazar queria a Família Real bem longe dos centros do Poder e "arranjou-lhe" S. Marcos, um palácio, para morar, deu instruções para a Fundação da Casa de Bragança lhe dar anualmente em géneros das suas propriedades uma certa quantia e pensou primeiro, como morada, o Paço dos Duques em Guimarães -que não tinha condições nenhumas - por ser ainda mais distante. Mas, com o seu fascínio pela realeza (veja-se como era referente com a Rainha Dona Améla e Dom Manuel II), não deixlou de dar sinais ambíguos de deferência que alguns interpretaram como monarquismo. Apenas dois exemplos: quando da transladação dos restos de Dom Miguel, estando em Portugal os príncipes descendentes, de toda a Europa, ficaram estes alojados pelo Estado no Palácio de Seteais. Entre eles a Imperatriz Zita de Áustria, que pediu uma audiência ao Presidente do Conselho. Este deslocou-se a Seteais para cumprimentar e aos outros príncipes, porque" ele é que deveria ser recebido pela imperatriz e não o contrário". Outro: quando em Janeiro de 1968 morreu a Senhora Dona Maria Francisca, assistiu com muitos membros do governo à Missa de Corpo presente, obviamente em lugares reservados do lado do Evangelho, para marcar quem tinha precedência sobre quem. Eu estava lá, rodeando o caixão em guarda de honra, fardado do éxército porque partia no dia seguinte para a Guiné e vi o olhar interrogador do "velho abutre", no dizer de Sophia de Mello Breyner. Por essas e por muitas outras razões é que quando me quiseram nomear para um cargo no Comamndo -Chefe das Forças Armadas da Guiné, a Pide disse que" não dava garantias de ser vir os superiores interesses da Nação"...Convém reler o discurso que fez em 1932, quando da morte de Dom Manuel II, em que claramente encerra o capítulo das pretensôes monárquicas, dizendo que se não se pode continura agarrado a cadáveres.
Caro José Berquó, já não sou presidente da Real Associação de Lisboa, mas obrigado pela referência.

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#299808 | Mavasc | 14 mar 2012 17:21 | In reply to: #299790

Creio que há alguns pontos cruciais que revelam o pensamento de Salazar face á restauração da monarquia.

1- "“ levou-o ( A d. Manuel II) a morte sem descendentes nem sucessor” discurso de 1932
2- Fundação da Casa de Bragança em que se considera , de acordo com anteriores pareceres da Procuradoria Geral da República, é certo, que o morgadio de Bragança tinha sido extinto pela legislação de 15 de Outubro de 1910 e, como tal, os bens que o constituiam eram bens privados do Senhor D. Manuel II , livres e alodiais, e as herdeiras as Senhoras D. Amélia e D. Augusta Victória. E legisla-se criando uma nova figura jurídica: o repúdio parcial de uma herança.
3-O "discurso de Coimbra" de 1951, encomendado a Marcello Caetano.
4- A posição imediatamente tomada por Santos Costa em nome das Forças Armadas que não estariam preparadas para quaisquer mudanças de regime.

Se estas atitudes são de um monárquico , um fervoroso republicano não faria melhor!

Cpts

Maria Benedita

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#299820 | francandrade | 14 mar 2012 19:08 | In reply to: #299808

Concordo com esta afirmação que surge na página http://monarquia.webnode.pt/news/salazar%20e%20a%20quest%C3%A3o%20monarquica/ ( Salazar e a questão monárquica ) : "É correcto analisar que Salazar se incluíria no lote daqueles monárquicos, que com a morte de D. manuel II, se desvínculariam da fidelidade tida ao regime.Veria sempre SAR D. Duarte Nuno como um miguelista ou agente estranho à solução da Pátria." Na verdade, foi sempre a Salazar mais fácil o entendimento com os Braganças do ramo legítimo (constitucional) do que com os Braganças do ramo miguelista (talvez com excepção da Infanta D. Filipa). Por outro lado, parece que teria dúvidas quanto à aceitação que teria D. Duarte Nuno (vindo da Áustria e com uma pronúncia pouco portuguesa). Idealmente, creio que Salazar se terá mantido sempre monárquico. Mas considerou que, no seu tempo, não havia Rei que pudesse congregar a Nação. E, para Salazar, era preferível assegurar a unidade e estabilidade da Nação, ainda que adiando sine die a possibilidade de uma restauração monárquica. E é evidente que as posições que Salazar sentia na instituição militar (recordemo-nos de Humberto Delgado e Botelho Moniz, entre outros) também não ajudaram nada.
Esta é uma polémica interminável. Estou em crer que Salazar era monárquico. Mas creio que terá considerado que não haveria ambiente político para uma Restauração miguelista. Sem querer defender Salazar, não posso dizer que não compreenda esta posição. Esta é uma questão que ainda hoje se coloca e que afecta seriamente o movimento monárquico. Na verdade, a maioria dos monárquicos portugueses não deseja a Restauração da monarquia derrubada em 1910. Apenas deseja a recuperação da monarquia que não vingou em 1828...
De todo o modo, tenho que reconhecer que a notícia que deu origem a este debate (ainda que falsa e proveniente de um burlão) está a motivar um debate bem interessante...
Cpts
Francisco Andrade

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#299831 | Mavasc | 14 mar 2012 20:29 | In reply to: #299820

Caro Francisco Andrade

Isto são mais opiniões que outra coisa já que cada um de nós pode interpretar os factos ocorridos á sua maneira, mas:

Até á morte do Senhor D. Manuel, em 1932, Salazar não manteve qualquer relação com os Braganças do ramo constitucional.
Posteriormente sim, mas com uma deferência que toca as raias da subserviência! Um Presidente do Conselho de uma República que nunca se esquece dos ramos de flores a enviar em datas festivas á Senhora Dona Amélia e que lhe escreve cartões cheios de vénias a propósito de tudo e de nada...só faz sentido se for um "Amelista", mas aí não será propriamente monárquico. Direi antes que um fascinado pela áurea de uma Família Real , lembrando que esta já não pode reinar, não constitui perigo nenhum e eleva o filho do caseiro ( que nunca esqueceu "os tamancos que seu pai usou", frase que o marcou sempre por muito longínquos que fossem já os seus primeiros devaneios com a filha da patroa) a esferas onde nunca sonhou entrar.

"Veria sempre SAR D. Duarte Nuno como um miguelista ou agente estranho à solução da Pátria."

Porquê? Ele nunca se encontrou com o Senhor D. Duarte nem lhe sofreu o sotaque! Muito mais sofreria o Senhor D. Duarte com a voz de velha roufenha a carregar nos xxxx de Salazar! E não esqueça a Aclamação de D. Duarte, com todos os monárquicos unidos á sua volta. Onde estavam os dissidentes que os não vi???

E a perseguição a Paiva Couceiro , que explicação tem para um homem que quer restabelecer a monarquia?

Congregar a Nação? Mas para isso, se Salazar tivesse sido um patriota, teria escolhido um "delfim", monárquico ou republicano, ou até ex-monárquico republicanado como Marcello Caetano. Ele sabia que não era eterno, se acreditasse que o caminho político que traçara era único defensável arranjaria alguém que o podesse substituir num futuro mais ou menos longínquo.
Não o fez porque a sua obcessão era o poder, e não se conseguia separar dele!
Há quem goste de dinheiro e se venda por ele, há que se sujeite a tudo por paixão e há quem tenha paixão pelo poder. E esse foi, sem a menor dúvida, o caso de Salazar.

Desculpe este desabafo, caro Francisco Andrade, e receba os melhores cumprimentos da

Maria Benedita

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#299845 | AQF | 14 mar 2012 23:54 | In reply to: #299752

Cara Maria Benedita,

Só mais um esclarecimento a finalizar.

Estive sempre a falar de memória e já lá vão mais de 50 anos, mas recorrendo aos "Meninos da Luz - Quem é Quem", AAACM, 2006, contata-se que quer o Sr. D. Duarte Pio quer o irmão Sr. D. Miguel entraram ambos no CM em 1960. Salvo erro o Sr. D. Duarte entrou para o 4º ou mesmo 5º ano. Eu que sou 1 ano mais novo, entrei em 1957 para o 2º ano, e mais tarde fomos colegas, lembrando-me bem das nossas aulas de Latim, porque o professor de apelido Pinto de Menezes era um monárquico ferrenho que tratava com bastante deferência o Sr. D. Duarte, e nós miúdos fixávamos bem todas as diferenças :-).

Embora eu pense que na altura o limite de entrada fosse o 2º ano, admito que pudesse ir até ao 3º ano, porque era mudança de ciclo no CM ao contrário do liceu que mudaria no 2º ano.

Quanto à questão de fundo do pensamento monárquico ou não de Salazar, recorrendo à "Googliência" não posso deixar de lhe dar razão (ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Oliveira_Salazar), embora, se a história tivesse sido outra, sem guerras no Ultramar e com a Espanha a adiantar-se com a solução do rei D. Carlos, talvez o comportamento de Salazar mudasse ligeiramente.

Com os melhores cumprimentos,

Ângelo da Fonseca

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#299884 | tmacedo | 15 mar 2012 17:44 | In reply to: #299845

Caro Ângelo,

Tenho evitado entrar neste tópico mas não resisto a chamar a atenção para a oposição de largos sectores monárquicos, próximos de Francisco Rolão Preto e do Integralismo Lusitano, contra Salazar desde a década de 30. A partir daí, o Estado Novo seguiu um caminho [absorvendo alguns sectores monárquicos] e a "inteligentzia" monárquica outro. A ruptura definitiva com Salazar nasceu ali.

Um abraço,
António

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#299927 | jsequeira | 15 mar 2012 23:21 | In reply to: #299884

Bem interessante esta discussão. Como é evidente a relação de Salazar com os monárquicos está já suficientemente dissecada para, como diz a confrada Maria Benedita, podermos encadear uma linha de actuação, coerente e sistemática, por parte do governante que, como sabemos, não deixava nada ao acaso e “sabia o que queria e para onde ía”.

Sou muito mais generoso para com Salazar que a maioria dos intervenientes, uns por não esquecerem que ele podia ter restaurado a monarquia e não o fez (e manterem essa “pedra no sapato”), outros por oposição à ditadura que ele efectivamente protagonizou. Quanto à questão da nomeação de um príncipe como delfim (ou de um sucessor republicano) acho que isso nunca foi feito porque Salazar, mesmo sendo um senhor todo-poderoso, nunca achou que fosse dono de Portugal; tinha aquela noção, meio “padreca”, de que cumpria uma missão, outorgada por mão mais poderosa (muito evidenciada e suportada pelo amigo Cerejeira) e que, quando a sua hora chegasse, quem cá ficasse que resolvesse a questão. Além disso, mantendo a expectativa (e a competição), entre os putativos herdeiros, mantinha-os sob controlo e não apoucava uns para fazer sobressair outros. É conhecido que as coisas nem sempre foram como ele previu, como atesta a quase separação de Marcelo Caetano e a eclosão de vários acontecimentos internacionais que, como hoje acontece, não deixaram de alterar ou influenciar o destino de Portugal e, consequentemente, as opções de regime (continuidade ou mudança).
Salazar sabia ser desprezado pela aristocracia monárquica. Apesar de alguma aproximação, nomeadamente a algumas Senhoras da Família Real (o imaginário feminino como mote para a vida oculta do chefe do governo), todos sabiam estar a usar e a ser usados, num equilíbrio muito instável. Neste aspecto, o papel de D. Filipa, ainda pouco estudado, é sintomático: Solteira, com menos 16 anos que Salazar, a “amizade” (a cores ou a preto-e-branco) consubstanciaria interesse pelo homem, pelo estadista ou ponta de lança, digamos, mais sedutor, com outros “argumentos”, para a defesa dos interesses, primeiro do irmão e, depois, do sobrinho? E da parte de Salazar? O gosto pela mulher, ainda por cima da “alta”, ou uma interlocutora que o poderia colocar a par das intrigas palacianas dos monárquicos? A aristocracia monárquica precisava de Salazar e este precisava de manter essa gente expectante e pouco disposta a “estragar tudo” com atitudes mais exigentes e menos pacientes.
Além disso, comparado com o brilhantismo de Salazar, académico prestigiado, com obra publicada desde há muitos anos, com obra económica e política feita e um rumo, incensado como salvador da Pátria, quem era o “estrangeiro” D. Duarte Nuno, além de parente longínquo do último monarca? Só se fosse parvo é que Salazar se arriscaria a trocar (e a trair) o dócil Carmona (e a instituição militar que este representava) por alguém imprevisível, vindo de fora, provavelmente permeável às investidas da oposição e a quem certamente seria lembrado, pelos seus pares, ser o chefe do governo filho de um caseiro. Morto este (Carmona), ao colocar-se a questão do regime, o equilíbrio (nos próximos de Salazar) entre monárquicos e republicanos era já nitidamente desfeito em favor dos últimos, até porque, nos anos 50, já havia bastante gente, na esfera do poder, que nunca tinha conhecido, na idade da razão, outro regime.
Ao contrário de Franco, Caudilho, Chefe, Regente, com o rosto cunhado em moedas, Salazar manteve uma estrutura constitucional que o colocava (apenas em teoria, é certo, mas não deixando de ser um risco, como o demonstra o susto Humberto Delgado) na dependência do Chefe de Estado, fosse ele Presidente ou Rei. Portanto, na minha modesta opinião, a solução “espanhola” nunca poderia sair de um homem como o Doutor Salazar, sobretudo pela concepção que tinha do seu papel ao serviço da Pátria e pela certeza de que, após ele, sobreviveria o caos.

José Sequeira

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#299936 | Mavasc | 16 mar 2012 00:07 | In reply to: #299927

Caro confrade José Sequeira

Morto Carmona, não tão dócil como isso e casado com mulher ainda menos dócil, seguiu-se Craveiro Lopes, em 1951, um ano após a abolição da Lei do Banimento. Craveiro Lopes foi tão dócil que andou pelos meandros de um golpe militar para derrubar Salazar...e não foi reeleito.
Confesso não conseguir ser isenta a analisar Salazar, mas acha que um homem que quer servir a Pátria toma a decisão de não escolher ninguém para lhe suceder porque " Après moi le déluge"?
E o que me diz ás jogadas salazaristas com os possíveis delfins Duarte Pacheco, Armindo Monteiro, Marcello Caetano?Muito especialmente com Duarte Pacheco que admirava mas queria domar e temia?
A solução espanhola nunca poderia sair de um homem tão agarrado ao poder como Salazar, como nunca poderia saír outra solução que lhe tirasse a mais pequena réstea de poder.

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

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#299939 | jsequeira | 16 mar 2012 00:57 | In reply to: #299936

Cara confrada Maria Benedita
Carmona, mentor e mantedor do Salazar inicial, foi, com o passar dos anos, efectivamente um joguete nas mãos do Chefe do Governo. Já Craveiro Lopes fez parte dos "precalços" que, como escrevi anteriormente, Salazar (que não era Deus, nem infalível) não pode prever. Imagine agora que, em vez de Craveiro Lopes, o Chefe de Estado era D. Duarte Nuno? Como é que Salazar podia impedi-lo de ser reeleito,uma vez que era Rei?
Quanto aos jogos com delfins (falta,entre outros falados e soprados, o Adriano Moreira) é típico de homens como Salazar: Para quê designá-los? Para serem desilusões, começarem a "sair da casca" e ser obrigado (dolorosamente) a separar-se deles,atirando-os para os braços da oposição? Pretendo ser um analista isento de Salazar,admirador q.b., mas sem palas nos olhos.
Acredito no seu patriotismo,no desapego (não tanto,no entanto, como foi propalado) aos bens materiais que a sua condição de senhor todo-poderoso lhe permitiriam obter e penso sinceramente que o facto de não nomear um sucessor teve todas as características de,por um lado,um espírito calculista, apegado ao poder (ou missão,não vou discutir) e, por outro, a consciência de que a Pátria não lhe pertencia. Agora isso não apaga o odioso, a repressão, a censura, as prisões, etc...

Cumprimentos.
josé sequeira

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#353221 | Benas | 28 dic 2014 18:35 | In reply to: #299750

Cara Maria Benedita

A figura de Salazar constitui um enigma para muitos e ele bem deixou cultivar esse nebuloso enigma.

Como muitos da sua geração, e com sólida formação católica e proveniente de um meio rural, não duvido que Salazar tivesse ideais monárquicos.

Ideais que nunca negou e, pelo contrário, bem aproveitou para ir mantendo uma esperança entre os monárquicos portugueses que se agrupavam na Causa Monárquica e tinham um certo peso social e político.

É bem verdade que Franco o aconselhou a procurar uma solução "à espanhola" como o caudilho tinha preconizado.

Enquanto Franco tinha à sua disposição uma paleta de candidatos - desde o conde de Barcelona ao escolhido Juan Carlos (criado príncipe de Espanha por oposição a príncipe de Astúrias), ao primo Alfonso, futuro duque de Cádiz, até um certo Arquiduque Carlos de Habsburgo (Toscânia), completamente desconhecido em Espanha, mas que se apressou a proclamar-se duque de Madrid..., havia muito por onde escolher e o caudilho "jogava ao gato e ao rato" com todos, escapando-lhe apenas neste jogo o conde de Barcelona e o ramo carlista que nunca mereceu a Franco qualquer simpatia.

Já Salazar estava reduzido a D.Duarte Nuno, atenta a posição da casa Loulé de então face à Casa de Bragança.

Sempre tive a ideia de que D.Duarte Nuno era um personagem algo apagado, introvertido, destituído de carisma e de difícil contacto com o povo, mas admito que a censura salazarista possa ter tido algo a ver com esta imagem, não publicitando eventuais tomadas de posição do então Duque de Bragança.

Sei também que D.Duarte Nuno se mostrou grato a Salazar pela abolição da Lei do Banimento que lhe permitiu regressar finalmente a Portugal, o que não o impediu de criticar vigorosamente o "roubo" do vínculo da Casa de Bragança, integrado por Salazar na Fundação da C.B., sem dúvida para prevenir que a Casa Real tivesse meios avultados e pudesse mais facilmente dar-se a conhecer - é conhecido o estado de penúria em que os Duques de Bragança viviam.firmação de que

Registei a afirmação de que Salazar nunca conheceu pessoalmente D.Duarte Nuno.

Algo tanto mais estranho quando, em 1967, quando do repatriamento dos restos mortais do Rei D.Miguel I, Salazar (e Américo Thomaz) esteve presente.

Procurei reportagens e fotografias da época e vi que quem esteve presente foi o Príncipe da Beira, D.Duarte Pio.

Terá Salazar feito saber a D.Duarte Nuno que a sua presença no repatriamento do Avô era inoportuna ???

Acho inacreditável !

Voltando ao início e ao pretenso sentimento monárquico de Salazar, é dos livros a sentença que "lavrou" em 1932, à morte de D.Manuel II de que "a questão monárquica estava encerrada".

Pouco tempo depois, dá-se a Guerra Civil espanhola e a 2ª Grande Guerra, fases nada propícias a alterações de regime, algo que, de resto, contava com a irredutível oposição do Marechal Carmona.

No entanto, à morte deste em 1951, a questão do regime voltou a estar em cima da mesa, tendo esbarrado com a feroz oposição de Marcello Caetano, para quem, as Forças Armadas, não aceitariam tal mudança.

Tanto quanto sei, a Rainha D.Amélia não teve qualquer influência no casamento entre D.Duarte e D.Maria Francisca de Orléans-Bragança.

Volta na volta surge a questão da "legitimação" do ramo miguelista pelo casamento de D.Duarte Nuno com uma descendente de D.Pedro, o que é uma rematada tontice dado que, nem os Bragança "de cá" eram herdeiros do trono brasileiro, nem os Bragança "de lá" tinham quaisquer direitos ao trono português.

O testamento de D.Amélia a favor de D.Duarte Pio (que julgo que nunca conheceu pessoalmente) deu-se por intervenção directa de Salazar que, desta forma, encontrava um meio de financiamento da Casa Real sem quaisquer encargos para o Estado.

... Algumas ideias para somar a este tópico.

Boas Festas e um Feliz Ano Novo
Bernardo

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#354223 | Benas | 28 gen 2015 22:00 | In reply to: #353221

A teoria de que o casamento entre D.Duarte Nuno e D.Maria Francisca veio restabelecer os direitos dinásticos ao ramo miguelista é completamente infundada.

Como é sabido, nem os Braganças "de cá" eram herdeiros da coroa "de lá" - o que ficou bem claro com a declaração de independência do Brasil de forma a que a coroa não voltasse a poder ser usada por principe português- nem os Braganças "de lá" eram herdeiros da coroa de "cá".

E, se o tivessem sido, nunca seria D.Maria Francisca a herdeira de tais títulos.

D.Maria Francisca teve 2 irmãos e uma irmã mais velha (a condessa de Paris).

A haver sucessão, ela transmitir-se-ia primeiro àqueles e só depois a D. Maria Francisca.

E não consta que os irmãos e a Condessa de Paris alguma vez tenham renunciado "os seus direitos" a favor da irmã...

Bernardo

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