O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
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O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caros Confrades:
Os muitos livros publicados sobre o poeta Fernando Pessoa e a sua família, referem todos que a Mãe casara segunda vez na igreja de São Mamede em Lisboa a 30-12-1895.
Por ser um tema de meu interesse e para saber algo sobre a família do padrasto, de quem descendem os familiares mais próximos do Poeta na actualidade, decidi investigar.
Esta pesquisa já dura há alguns anos e, embora todos os biógrafos sejam unânimes naquela afirmação, o certo é que nunca encontrei o registo respectivo.
Como poderia haver confusão na data, fiz uma pesquisa alargada, embora o casamento não possa ter sido muito mais tarde, pois foi feito por procuração e a noiva foi reunir-se ao marido no princípio do ano seguinte. Por outro lado, também não seria possível antecipar muito a data, pois a viuvez não durara sequer ano e meio.
Restava, pois, encarar a hipótese de o casamento se ter realizado noutra igreja. Mas qual? Escolha difícil numa cidade com cerca de meia centena de paróquias.
Para começar, interroguei-me sobre a razão para se supor que o casamento tinha sido em São Mamede.
Como se sabe, Fernando Pessoa nasceu numa casa fronteira ao Teatro Real de São Carlos. Igualmente se conhece que, após a morte do Pai, a família se mudara, por razões económicas, para a rua de São Marçal. Ora, esta rua pertence maioritariamente à freguesia de São Mamede, mas o apartamento que foram habitar era no n.º 8, próximo da Praça das Flores, e o primeiro quarteirão da artéria está integrado na paróquia das Mercês.
E foi aí que encontrei o registo n.º 80 de casamento, o último do livro 18 C., a folhas 39 (imagem 456).
E foi realmente no dia 30-12-1895, que aí se casaram D. Madalena Nogueira, vúva, e João Miguel Rosa, capitão-de-fragata, nascido 37 anos antes na paróquia do Sacramento, filho de João dos Santos Rosa e de D. Henriqueta Margarida Alves Ribeiro. O noivo, por se encontrar ausente em Moçambique, foi representado no acto por seu irmão e padrinho de baptismo, o futuro general Henrique dos Santos Rosa.
Está descoberto o mistério.
Eu ia dizer que era estranho que durante os últimos 77 anos ninguém se tenha dado ao trabalho de confirmar a notícia e todos se tenham limitado a copiá-la.
Mas, pensando melhor, não é nada estranho e possivelmente, nos próximos 77 anos, continuarão a mencionar a igreja de São Mamede.
Por mim, fiz a minha obrigação.
Cumprimentos,
José Caldeira
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caro José Caldeira
Muitos parabéns e obrigado por mais este serviço à genealogia do poeta.
Um abraço
Lourenço
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Olá José Caldeira,
Muitos parabéns pelo achado e pela persistência na busca.
Este mês há jantar? Não fui ao último pois estava na Irlanda.
Parece que a minha dor neuropática está a desaparecer.Bjs
Maria
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caríssimo José:
Os meus parabéns pela persistência e sucesso nesta pesquisa.
Assim tivesse feito o autor José Paulo Cavalcanti Filho quanto à sua "Quase uma Biografia". De facto "quase" é o termo correcto para descrever esta obra...
Obrigada em nome de todos quantos prezam um trabalho bem feito.
Um abraço,
Maria João
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caro José Caldeira
Parabéns pela sua rectificação, infelizmente acontece repetirem-se sistematicamente os mesmos erros durante anos ou décadas.
Quando me debrucei sobre a recolha de dados biográficos e obra do arquitecto Álvaro Augusto Machado e o pintor José António Jorge Pinto encontrei várias falhas, não só biográficas (datas erradas etc) como na sua obra.
Encontro-me a desenvolver um estudo alargado sobre vários arquitectos e artistas do início do século XX e encontro sempre datas erradas e locais.
Cumprimentos
António Francisco Cota Fevereiro
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caríssimo José Caldeira
Muitos parabéns por mais um valioso contributo que dá à genealogia, repondo a verdade dos factos. Assim fossem todos! Constatei já que muitas publicações enfermam de erros devido à "colagem" de dados, sem se averiguar a verdade, "copiando-se", sistematicamente, o que foi passando de obra em obra.
Sei do seu interesse e do seu trabalho sobre os ancestrais de Fernando Pessoa e esta sua última investigação irá, sem dúvida, preencher uma lacuna de informação que é importante. Iremos aguardar para ver se certos dados de outros investigadores serão, FINALMENTE, corrigidos, não só por mais esta achega mas por outras situações que ainda não foram emendadas/corrigidas.
Aproveito para lhe desejar umas óptimas férias e, se não for antes, até Setembro!
Com um forte abraço
Maria
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
António,
Como estas ? Estas pelo continente ou Açores?
Tens o meu número de telefone? perdi o teu contacto e gostaria de falar contigo!
Abraço amigo
João
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caro Lourenço Correia de Matos:
Fico-lhe muito obrigado pelas suas sempre amáveis palavras.
Abraço,
José
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Cara Maria:
Agradeço as suas amáveis palavras.
O jantar deste mês foi na última sexta-feira. Agora, só em Setembro.
Fico contente com as suas melhoras. Mais uma vez se confirma que não há tratamento melhor para estas doenças que o calor do Verão.
Bjs,
José
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Minha Cara Maria João:
Agradeço as suas palavras. Peço-lhe o favor de transmitir a «descoberta» às suas Primas Manuela e Isabel, que são parte interessada.
Quanto ao brasileiro pouco mais havia a esperar de um «quase Autor».
Um abraço,
José
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caro António Francisco Cota Fevereiro:
Muito obrigado.
Tem toda a razão quanto às deficiências biográficas nas obras de consulta a partir do século dezanove.
Não sei se por preconceito ou por falta de visão, os dicionaristas limitam-se à data de nascimento, às vezes só ao ano, quando condescendem em colocar o local fazem-no insuficientemente, e raramente declaram a filiação.
Ora, quando sobre uma personalidade do século dezanove se limitam a referir que nasceu num determinado ano em Lisboa, torna-se necessário percorrer 46 livros de baptismos, durante 2 anos pois o baptizado pode ser tardio.
Se a isto acrescentarmos o facto bastante comum de pais e filho não usarem os mesmos apelidos, torna-se uma tarefa impossível.
Cabe aqui enaltecer uma honrosa excepção. O Dicionário Parlamentar, na sua primeira parte (parlamento do período da monarquia constitucional), dirigido por Maria Filomena Mónica. Os deputados vêm muito bem identificados, com local e data de nascimento completos, filiação, casamento, etc. São raras as excepções.
Cumprimentos,
José Caldeira
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Cara Maria:
Muito obrigado pelas suas amáveis palavras.
Até Setembro. Beijinhos à Margarida.
Um abraço do
José
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caro primo Zé Caldeira
Também eu lhe quero dar os parabéns por esta importante e interessante descoberta...Grande trabalho de pesquisa...!
Também aproveito para dizer que descobri há pouco tempo que a célebre Ofélia, do mesmo Fernando Pessoa, morreu relativamente próximo do local onde vivo, aqui para as bandas de Camarate. Há tempos atrás, vi que uma casa por onde costumo passar de carro tinha feito umas obras e lhe tinham colocado uma placa onde pude ler, de passagem, (pois não tivemos tempo na altura para parar) que ali tinha morrido a referida Ofélia. O que me chamou na altura a atenção foi ver também um retrato de Fernando Pessoa na placa. Com mais tempo pretendo ali parar e ver em pormenor a data de seu falecimento...
Um grande abraço da prima e confreira
Maria José Borges
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Meu Caro José Caldeira,
Andando eu algo retirado (embora atento...) destas "lides" é com enorme regozijo que leio esta sua intervenção. O meu Anigo e Confrade está de parabéns. O seu contributo para o aprofundamento da genealogia de Fernando Pessoa, e de seus parentes, tem sido de primordial importância!!!
Aceite um Abraço Amigo do,
Artur Camisão Soares
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RE: O 2.º casamento da Mãe de Fernando Pessoa
Caro José
Esta é a diferença entre fazer genealogia e copiar o que outros escreveram.
A ciência de que gostamos não de pode compadecer com investigações e conclusões apressadas. E não apresentar as fontes é, logo à partida, razão para se duvidar.
Ainda bem que a sua persistência foi recompensada. Agora é preciso publicar a conclusão e tentar que se corrijam os erros propalados.
Grande abraço
João Cordovil Cardoso
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